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terça-feira, 13 de julho de 2010

A República Brasileira - Edição II

Prudente de Morais
A República brasileira nasceu de um golpe militar e seus dois primeiros presidentes foram militares. O resultado foi pífio. Deodoro da Fonseca renunciou e Floriano Peixoto conduziu um governo de crises, agravado pelo fato de sua legitimidade para ser presidente ser bastante contestável. Assim para muitos o primeiro presidente de fato do Brasil foi Prudente de Moraes. Ele foi o terceiro presidente da república do ponto de vista histórico e o primeiro civil a ser eleito, com mais de 200 mil votos. Era advogado, formado na prestigiosa faculdade de direito do largo de São Francisco. Uma figura importante da política nacional, sendo senador e presidente do senado republicano. Era o homem certo para aquele momento da história do Brasil.

Seu governo porém não foi isento de problemas. Os seguidores de Floriano Peixoto eram bem fanáticos e sempre havia uma ameaça de novo golpe militar no horizonte. Além disso seu vice (que era de outra chapa, essa florianista) era conspirador e segundo alguns historiadores planejou o assassinato de Prudente. Felizmente ele sobreviveu a esse atentado à sua vida.

Prudente de Morais também pode ser considerado o primeiro presidente da República Velha a dar começo à chamada política café com leite, que iria promover uma alternância de poder de presidentes de São Paulo e Minas Gerais, todos comprometidos com os interesses dos grandes fazendeiros desses dois estados. Era o começa de uma era na política brasileira que só chegaria ao fim com a revolução promovida por Getúlio Vargas, décadas após o fim da presidência de Prudente de Morais, que foi presidente de 1891 a 1894.

Memórias de um Sargento de Milícias
Esse romance é um dos clássicos da literatura brasileira. Escrito por Manuel Antônio de Almeida e publicado pela primeira vez em 1854, inicialmente em estilo de folhetim, esse livro logo chamou a atenção por sua singularidade. Não é uma obra de fácil classificação. Não pode ser considerado um livro clássico da era romântica e nem tampouco um livro com características do realismo literário brasileiro. Então onde se enquadra? Basicamente em nenhuma escola da literatura.

O autor Manuel Antônio de Almeida morreu muito jovem, de um naufrágio na costa do Rio de Janeiro. Com isso ele ficou imortalizado basicamente por um único livro que foi justamente esse "Memórias de um Sargento de Milícias". O enredo se passava na época de Dom João VI, mas o escritor não estava preocupado em trazer em detalhes o Rio de Janeiro da era colonial. Nada disso, ele só queria mesmo era contar uma boa história, de preferência com muita diversão.

Por essa razão muitos críticos afirmam que "Memórias de um Sargento de Milícias" é uma obra picaresca, com um protagonista que foge totalmente do estereótipo do herói romântica mais tradicional. As personagens femininas também não eram mocinhas românticas em busca do grande amor de suas vidas, nada disso, era mulheres fortes, forjadas na dureza da vida. Enfim, se você não leu nos tempos de colégio, não deixe de dar uma segunda chance a esse livro singular dentro da história da literatura de nosso país. 

Dom Pedro II e a Rainha Vitória
As relações diplomáticas entre Brasil e Inglaterra não iam muito bem no século XIX. A chamada questão Christie havia criada uma tensão entre os dois países. Mas o que deu origem a tudo isso? Um navio inglês foi saqueado na costa do Rio Grande do Sul. A carga foi roubada e a tripulação agredida. Pouco tempo depois três marinheiros ingleses no Rio de Janeiro foram presos e também agredidos por policiais. O embaixador inglês no Brasil, chamado Christie, culpou o império brasileiro.

Só com a mediação do imperador Belga é que a situação se resolveu. Ele decidiu a questão Christie em favor do Brasil, o que gerou um pedido de desculpas formais por parte da Rainha Vitória da Inglaterra. Então um encontro entre os dois monarcas foi marcado. Na realidade ao longo de sua vida Dom Pedro II iria se encontrar com a rainha Vitória por três vezes, em momentos diferentes de suas vidas.

A Rainha Vitória mantinha um diário pessoal onde escrevia todos os aspectos de seu dia a dia. E ela também escreveu sobre seus encontros com o imperador do Brasil. Segundo seus próprios escritos ela teve uma boa impressão de Dom Pedro II. Escreveu que ele era um homem alto e robusto, de traços finos, que não gostava da vida da alta sociedade. O imperador passou para a Rainha Vitória uma impressão de ser um homem simples, de bons hábitos.

A Rainha Vitória escreveu que ele acordava cedo e era um homem bem ativo. Acordava às seis e às sete já estava cuidando de seus negócios, de seus afazeres. Vitória também apreciou os elogios que Pedro deu ao seu Palácio e depois à sua residência pessoal. Foi um bom e agradável encontro entre os dois monarcas que juntos governaram suas nações por décadas durante o século XIX. 

Getúlio Vargas
O presidente Getúlio Vargas foi um dos líderes políticos mais importantes da história do Brasil. Sua trajetória política foi muito rica em termos de detalhes históricos e todos os estudantes de história a conhecem nas fileiras escolares, por isso não vou aqui repetir tudo. Escrevo esse texto com outro objetivo, apenas de trazer minhas impressões pessoais sobre esse presidente.

Como sou um profissional do direito que lida com os direitos trabalhistas, tenho uma ligação com esse nome da nossa história. Getúlio Vargas foi um homem extremamente inteligente e organizado que planejou elevar o Brasil a um novo patamar. Criou estatais importantes e deu vida ao conjunto de leis trabalhistas que evitou a exploração de trabalhadores por todos esses anos, a CLT - Consolidação das Leis Trabalhistas.

Getúlio Vargas apenas errou quando flertou com o autoritarismo e a ditadura. O Estado Novo foi uma mancha negra em nossa história. Ele voltaria pelo voto popular ao poder, como deveria ter sido desde o começo, mas não suportou as pressões que sofreu. Acabou se matando, saindo da vida para entrar na história. Seu maior legado foi justamente a legislação do trabalho, a mesma que hoje em dia tentam destruir. Nos tempos de Getúlio os presidentes lutavam pelo povo trabalhador, hoje em dia luta pelo capital financeiro. È a nova realidade dos novos tempos de exploração.

Pablo Aluísio.

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