Páginas

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

A Maldição do Sangue da Pantera

Título no Brasil: A Maldição do Sangue da Pantera
Título Original: The Curse of the Cat People
Ano de Produção: 1944
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: Gunther von Fritsch, Robert Wise
Roteiro: DeWitt Bodeen
Elenco: Simone Simon, Kent Smith, Jane Randolph
  
Sinopse:
Amy Reed (Ann Carter) aparenta ser uma garota normal, mas isso não corresponde a realidade dos fatos. Ela tem uma mente mais imaginativa do que as demais meninas de sua idade, a ponto de suas coleguinhas de escola dizerem que ela vive sonhando. Após receber um anel de uma senhora que mora numa grande casa sombria na vizinhança ela começa a ter visões de uma bela dama em seu quintal. Mal sabe ela que Irena (Simone Simon), sua suposta amiga imaginária, é na realidade o fantasma da ex-esposa de seu pai, uma mulher estranha que tinha o poder de se transformar em uma pantera negra.

Comentários:
Que filme surpreendentemente bom! Inicialmente você pensa que vai assistir apenas a uma sequência caça-niqueis de "Sangue de Pantera". Ledo engano. Em certos aspectos essa continuação consegue ser melhor do que o filme original! Falando sinceramente poderia ser um roteiro até mesmo isolado da trama do primeiro filme. O clima mais espiritualista e a proposta diferenciada realmente fazem com que essa produção tenha um estilo bem próprio e singular. O enredo gira praticamente todo em torno de Amy Reed (Ann Carter). Ela é a filha do casal formado por 'Ollie' Reed (Kent Smith) e sua esposa Alice (Jane Randolph). Em "Sangue de Pantera" acompanhamos como se conheceram e se apaixonaram. Apesar de Ollie ser casado com Irena (Simone Simon), sua personalidade difícil e suas crenças fora do comum foram minando aos poucos o conturbado relacionamento. Ela tinha certeza que havia sido amaldiçoada em sua vila na Sérvia e que por isso se transformaria em uma pantera em noites escuras e sombrias. Depois dos trágicos acontecimentos do primeiro filme com a morte de Irena, finalmente Ollie e Alice ficaram livres para se casar. O problema é que Amy, sua filha, não age como uma garotinha normal de sua idade. Ela não tem amigos e cultiva uma imaginação fora do comum, onde realidade e fantasia geralmente se confundem. Quando ela começa a ter visões de Irena no jardim de sua casa as coisa complicam ainda mais. Ela surge em sua forma espiritual, como se fosse sua amiga imaginária. A fronteira que separa fantasia e realidade vai ficando cada vez mais estreita, para desespero de seus pais. 

O roteiro ainda apresenta outros personagens interessantes, como uma veterana atriz de teatro que vive em sua sombria casa ao lado da filha, ao qual não mais reconhece. O clima de sombras e medo atravessa todo o filme, mas tudo é realizado com tanto bom gosto que não podemos ficar menos do que surpresos. Para quem gostou das mulheres que se transformam em panteras fica o aviso que o roteiro agora apresenta outro foco, a ponto inclusive de não haver mais feras em cena. O terror é mais psicológico. Como eu já escrevi, apesar de haver uma pequena ligação com a trama do primeiro filme essa sequência é tão própria e particular que poderia até mesmo ser assistida sem ver o filme anterior. Por fim vale a menção da presença do grande Robert Wise na direção. Um dos mestres em sua especialidade, a presença do talentoso cineasta explica muita coisa, inclusive sua qualidade fora do comum. Esse foi o primeiro trabalho creditado de Wise como diretor e ele resolveu caprichar bastante, tanto no aspecto puramente técnico (há ótima utilização de luz e sombras) como de roteiro (a trama é de fato bem surpreendente). Seu talento que iria despontar no clássico "O Dia em que a Terra Parou" já dá sinais bem claros aqui. É de fato uma pequena obra prima clássica, não se enganem sobre isso. É aquele tipo de filme que se revela muito melhor do que aparenta ser.

Pablo Aluísio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário