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domingo, 4 de dezembro de 2005

Elvis Presley - Os Anos Finais - Parte 7

A verdade era que Elvis estava tão absorvido em seu próprio mundo que nem sequer tomou conhecimento desses fatos. Na verdade ele não dava mais a mínima importância a isso. Provavelmente se não fosse pela questão econômica nem mesmo seria ainda artista nessa altura de sua vida. O prazer de cantar havia ficado em um passado muito, mais muito distante mesmo... A única coisa mesmo que impulsionava Elvis a seguir adiante era sua necessidade de ganhar dinheiro para pagar suas enormes dívidas, entre elas a compra de dois aviões num impulso consumidor típico de adolescentes imaturos. Mas nem isso, às vezes, conseguia tirar Elvis de sua cama.

Foi nessa altura que o Coronel resolveu ir à Memphis. Ultimamente ele não viajava mais para os domínios pessoais do Rei com tanta freqüência como antigamente, a não ser quando as coisas começavam a ficar realmente sérias. Com Elvis totalmente entorpecido em suas fronhas, sem nem ao mesmo conseguir atender aos insistentes telefonemas de Parker, o velho empresário resolveu ir à Graceland pessoalmente para ver o que estava afinal acontecendo. Parker andava preocupado com os rumos que as coisas estavam tomando ultimamente. O Coronel tinha inclusive recebido nos últimos dias um furioso telefonema dos executivos da RCA Victor avisando que, caso Elvis não cumprisse seus contratos de gravação nos próximos dias, seria processado pela gravadora por quebra de contrato!

Não era culpa da multinacional e nem de Parker, na verdade a paciência estava esgotada pois Já faziam nove meses que Elvis adiava ou cancelava sistematicamente qualquer sessão marcada pelo produtor Felton Jarvis em Nashville ou Memphis. Mal era marcado um dia que Elvis logo se apressava a informar que não poderia comparecer porque estava muito doente, exausto ou com problemas de garganta. A única coisa que sobrava para a gravadora era gravar seus shows, mas essa fórmula já estava esgotada, principalmente por Elvis insistir muito em repetir ad nauseam o mesmo repertório, concerto após concerto! Seu último disco ao vivo gravado em Memphis não tinha se saído bem nas paradas e era hora de tentar um novo caminho. Mesmo com tudo isso em jogo Elvis havia decidido que não iria entrar tão cedo em um estúdio. Sempre haveria uma desculpa para dar para os produtores e ninguém teria coragem de enfrentá-lo mesmo (pelo menos essa era a visão de Elvis)

A gota d’água aconteceu quando Elvis desmarcou uma sessão em cima da hora alegando estar doente, para depois se saber que, na mesma noite, ele havia comparecido a uma animada festa, onde não fez a menor questão de esconder que não estava nada doente (pois é, as três únicas coisas que despertavam ainda interesse em Elvis eram mesmo seus remédios, dormir e encontrar e conhecer mulheres bonitas, não necessariamente nessa ordem!). Depois da farra as coisas ficaram feias para Elvis e o Coronel foi colocado contra a parede pelos produtores. Sem saída ele pegou o primeiro avião para o Tenneessee para se encontrar com Elvis pessoalmente. Só Tom Parker mesmo para colocar Elvis nos eixos nessas situações.

“Pois então que me processem!” - estourou Elvis quando soube que a RCA exigia a gravação de novas músicas. O Coronel tentou amenizar ao máximo a situação e sugeriu uma solução um tanto quanto absurda, mas viável diante das circunstâncias. Se Maomé não vai a Montanha, então a montanha que venha a Maomé! Parker sugeriu a transferência do estúdio para dentro de Graceland, assim tudo o que Elvis tinha que fazer era descer as escadas de seu quarto (coisa que todos descobririam depois não ser tão fácil assim em se tratando de Elvis Presley!). Totalmente pressionado Elvis aceitou. No íntimo estava disposto a causar muita dor de cabeça para os executivos da RCA. A ameaça de um processo em cima logo dele, que tanto lucro e dinheiro trouxe à companhia durante sua inigualável carreira, seria devolvida na mesma moeda. Aquele ato dos executivos não iria sair barato. Elvis iria entrar em “estúdio” com a intenção de causar o maior número de problemas possíveis. Seus atos durante essas sessões iriam se tornar lendários e seriam lembrados nos anos seguintes em muitos livros e artigos. O que Elvis iria aprontar nos próximos dias certamente iria fazer inveja em muitas Divas dos dias de hoje. A “jungle Session” ainda iria dar muito o que falar!...

Pablo Aluísio.

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