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sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

Elvis Presley - Os Anos Finais - Parte 31

Joe Esposito, em recente entrevista, procurou desfazer essa imagem de um Elvis Presley completamente submisso ao tirânico Tom Parker. Perguntado sobre a recusa de Parker para Elvis fazer a refilmagem de "Nasce uma estrela" (com Barba Streisand), um dos símbolos máximos da teoria "Elvis, marionete de Tom", ele explicou: "As pessoas esquecem que Elvis e o Coronel formavam um time. Elvis não era uma pessoa fácil de manipular. Ele era uma pessoa muito obstinada com as coisas. Todos não percebem que quando ele colocava sua mente contra alguma coisa, você não conseguia mais conversar com ele sobre isso. Ele fazia o que queria. Definitivamente não foi o Coronel que recusou o convite para filmar "Nasce uma estrela". Elvis é que não queria mais fazê-lo após uma conversa. Eu estava lá com Elvis, Barbra Streisand, Jon Peters e o Coronel. A idéia era fabulosa, era a chance de Elvis retomar com estilo sua carreira de ator, que muitos considerava morta e enterrada. Mas depois Elvis pensou e percebeu que o diretor iria ser Jon Peters, namorado de Barbra. Ele percebeu com isso que não teria nenhum controle sobre o resultado final. Ele definitivamente não queria Peters na direção do filme, mas alguém com talento e que não fosse tão íntimo assim da atriz principal. Para Elvis isso iria prejudicar o resultado final, porém ele não tinha como falar isso pessoalmente e abertamente para Barbra. Além disso Elvis estava certo que Barbra, de personalidade extremamente forte e dominadora, iria tomar o controle absoluto sobre isso. O ego de Elvis era muito grande, assim como o de Barbra. Elvis achou que iria perder o controle durante as filmagens. Elvis sentiu que iria entrar em algo que não teria controle. Então ele disse a Parker que ele fizesse uma proposta inaceitável, como pedir uma fabulosa soma de dinheiro que não poderia ser bancada pelo estúdio. E assim Parker o fez. Depois Elvis comentou comigo: 'Deixei o Coronel levar a culpa, ele não se importa com isso'. O Coronel errou muitas vezes durante a carreira de Elvis, ele não era perfeito.

Joe Esposito então desmistifica uma das grandes histórias mal contadas da carreira de Elvis. Com isso ele quer deixar claro que não apenas o Coronel dava suas notas desafinadas na carreira do cantor, mas que ele, Elvis Presley, também era o autor de muitas e muitas notas dissonantes produzidas ao longo dos anos... Joe Esposito foi, durante grande parte da carreira de Elvis Presley, uma das pessoas mais próximas a ele. Além de confidente, amigo e ajudante, Esposito também conseguiu um feito que poucos caras da Máfia de Memphis conseguiram: ser também reconhecido como uma pessoa de valor por ninguém menos do que Tom Parker e a esposa de Elvis, Priscilla Presley. Com essa vantagem em especial Esposito transitou livremente pelos dois pólos da carreira do cantor, tanto compartilhando de sua vida pessoal como profissional, aonde chegou a trabalhar por longo tempo com o Coronel, participando inclusive de muitas decisões que foram tomadas ao longo dos anos envolvendo os rumos que Elvis tomaria dali pra frente. Nada mais natural do que considerá-lo como uma das grandes testemunhas oculares do que efetivamente aconteceu com Elvis em seus anos finais. Ele não apenas ouviu dizer ou leu sobra a história de Elvis, ele a vivenciou. Em vista disso qualquer de seus comentários ou observações é extremamente relevante. Para Joe Esposito o grande problema envolvendo Elvis Presley em seus derradeiros anos não se resumia aos aspectos puramente profissionais ou aos caminhos, muitas vezes equivocados, que ele trilhou.

O grande problema sobre Elvis era estritamente pessoal. Para Esposito chegou um ponto em que ninguém mais poderia ajudá-lo, apenas Elvis poderia se salvar das armadilhas em que havia se enroscado. Questionado hoje, muitos anos após a morte do cantor, se a família ou os amigos poderiam ter salvo a vida de Elvis, o internando em uma clínica de reabilitação para viciados em drogas, por exemplo, numa verdadeira intervenção pessoal sobre ele, Esposito dá sua conclusão sobre o assunto: "Bem, naqueles tempos não pensávamos sequer nessa possibilidade. Fazer uma intervenção em Elvis?! Naquele tempo você não poderia fazer isso. Estamos falando de muitos anos atrás. Estamos falando de um tempo em que apenas seu pai teria os meios legais de fazer algo desse tipo. Certamente Vernon tentou de algum modo, penso inclusive que ele deveria ter sido um pouco mais firme e incisivo sobre essa questão, mas na realidade ninguém tinha controle sobre Elvis e não podíamos fazer nada nesse sentido. Teríamos sido presos e jogados na cadeia por rapto, para falar a verdade. Hoje, esse tipo de coisa é bem mais comum, de qualquer forma nunca ouvi falar em fazer algo desse tipo em alguém tão famoso quanto Elvis".

Para Esposito a grande questão envolvendo Elvis em seus anos finais passa necessariamente por seu uso e abuso de remédios, algo que o limitava, que o inibia a tentar novos caminhos e promover mudanças artísticas no que vinha apresentando em seus momentos finais. Como alguém iria promover algum tipo de mudança significativa se toda sua atenção era desviada para tantos problemas pessoais?! Não havia brecha para que Elvis pensasse seriamente sobre nada, no que diz respeito aos erros e acertos que Tom Parker ia promovendo ao longo do tempo. Com a palavra Esposito: "Certamente havia um sério problema. Ele certamente não engolia tantas pílulas quanto o que vemos em livros e revistas. Mas havia um sério problema envolvido certamente. Elvis tinha uma forte constituição física e era o tipo de pessoa que tomaria algumas pílulas para dormir, só que elas não fariam o mesmo efeito após um certo tempo. Então certamente, duas horas mais tarde, ele tomaria mais algumas. E ele fazia isso com todos os remédios que ingeria. Tomando um monte deles ele acabou imune aos seus efeitos. Para promover os mesmos efeitos ele teria que necessariamente aumentar as doses gradativamente e isso virava um círculo vicioso. Daqui a
pouco a mesma quantidade já não faria mais efeito e então ele aumentaria mais ainda as doses uma segunda vez e assim sucessivamente...

Pablo Aluísio.

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