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terça-feira, 9 de novembro de 2004

Cinema Review - Edição XVII

O Conde de Monte Cristo
★★★
Dessa clássica história do livro de Dumas eu já assisti diversas versões. E nenhuma delas foi medíocre. Essa nova versão do cinema francês também não decepciona e de certa maneira traz um dos roteiros mais completos em termos de adaptação que já tive acesso, se dando o luxo de desenvolver melhor os personagens, mostrando detalhes do enredo, do contexto político e tudo mais. A produção também é luxuosa, com figurinos perfeitos e reconstituição de época acima de críticas. 

Claro que ao se optar por trazer muito mais do que as demais versões, isso iria resultar numa maior metragem do filme. Prepare-se pois são quase 3 horas de duração! Só que isso seria cansativo apenas numa sala de cinema. Em tempos de screaming o próprio espectador pode decidir ver tudo como se fosse uma minissérie, resultando em 3 episódios de 1 hora cada um. Assim o filme se torna muito mais palatável e interessante. 

Por fim, como referencial, eu nem pensaria duas vezes em dizer que essa foi uma das melhores versões que assisti do livro do Dumas. Está tudo aqui. Realmente não falta nada nesse roteiro muito bem escrito! Por isso se quiser mesmo conhecer esse romance e está com falta de tempo para ler o livro, nenhum outro filme seria mais indicado. Assista sem maiores receios. 

Lobos ★★★
O Homem é o Lobo do próprio Homem, já dizia o pensador Thomas Hobbes. E é mesmo! Não tenha dúvida disso! Se formos pensar bem, de modo reflexivo, apenas o ser humano é capaz de matar por puro prazer, cometendo atrocidades contra outros de sua própria espécie! E psicopatas matam desde cedo, ainda crianças e adolescentes. Seus alvos nessa fase da vida geralmente são pequenos animais. Basta ler a biografia de vários serial killers para entender bem esse aspecto. 

Na história desse filme temos uma boa amostra disso. Um homem meio estranho, um tanto antissocial e esquisito, levemente desonesto, acaba sendo demitido por roubar pequenas bijuterias de um caminhão baú onde faz mudanças. Seu patrão nem pensa duas vezes e o demite. Sem trabalho, ele acaba se interessando na história de animais que foram mortos nas redondezas onde mora. Então ele começa, por conta própria uma investigação. 

Nem preciso dizer que sua "caçada" ao assassino de animais o levará a bater de frente com um assassino em série muito real! Pois é, meus caros, ele termina na toca do lobo, literalmente. Nesse filme, apesar do título, você não encontrará lobos de verdade, apenas seres humanos que se comportam como as mais famintas e irracionais bestas assassinas das florestas. 

Rasputin - O Monge Louco ★★★
Christopher Lee interpretando o louco Rasputin?! Ora, meu caro, não precisava falar mais nada para que eu prontamente fosse assistir a esse clássico da Hammer. Você, prezado cinéfilo, aliás pode falar qualquer coisa sobre esse estúdio de cinema inglês, menos que os profissionais que lá trabalhavam não tinham classe. Isso eles tinham de sobra e isso fica claro em cada cena desse filme. Claro que não haveria como contar a história de Rasputin, com tantas nuances históricas, em um filme curto, feito nos anos 60 e que tinha a proposta singela apenas de ser mais uma fita de terror da Hammer. Só que, a despeito disso, o que temos aqui é um filme muito, mas muito bom! Diria até surpreendemente muito acima da média, inclusive do que a Hammer produzia naquela década. 

O Rasputin de Lee é um insano, um bruto, que diz curar as pessoas. Usando de técnicas de hipnose ele sai controlando quem cai em sua teia de charlatanismo e misticismo barato! E quando a própria imperatriz da Rússia cai em sua lábia, ele começa a abusar do poder conquistado. Na história real a presença de Rasputin na monarquia representou sua desgraça. No filme, sem tempo para entrar nesses detalhes históricos, o que vemos é um roteiro que consegue até mesmo ser bem respeitoso com a história real. 

Não é historicamente preciso em detalhes, afinal essa é uma fita de terror da Hammer, mas mesmo em sua singeleza conseguiu preservar o mais essencial dessa estranha e bizarra figura histórica. E Christopher Lee como Rasputin é um show á parte. Quando interpretava Drácula ele realmente não tinha muito o que dizer. Era apenas um monstro, praticamente mudo! Com Rasputin esse ator teve a oportunidade de declamar com a maior convicção seus diálogos. O Lee realmente era um ator diferenciado e sua presença faz todo o diferencial. Então é isso. Gosta de clássicos do terror da Hammer com pitadas de história? Então não deixe de conhecer esse Rasputin do Christopher Lee. 

Pablo Aluísio. 

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