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quarta-feira, 10 de novembro de 2004

Cinema Review - Edição XIX

O Macaco ★★★
Algumas histórias só poderiam sair da mente doentia de Stephen King. Sim, doentia e de certo modo dono de uma criatividade sem fim, se bem que devo ser sincero nessas linhas, dessa vez o King não foi tão criativo como poderíamos esperar. Até porque essa coisa de brinquedos amaldiçoados já foi bem explorada pelo cinema de terror. Nos anos 80 já era uma coisa batida! Então realmente não tem tanta novidade nesse conto, mas vamos lá... A história gira em torno de um brinquedo, um macaco que toca tambor. E todas as vezes que ele desce suas baquetas uma desgraça acontece. As mais bizarras mortes acontecem. Superficialmente eles são designadas por acidentes mesmo, mas não se engane sobre isso, são maquiavélicas mortes promovidas pelo Macaco. 

Então surge esses dois irmãos que cruzam com o brinquedo do Macaco. Eles são gêmeos, mas com personalidades bem opostos. Enquanto um é mais sensível, o outro é um babaca irritante. E não demora muito para que eles entendam que o Macaco causa mortes por onde passa. Depois de várias delas, inclusive de sua mãe, eles decidem jogar o velho brinquedo em um poço. O tempo passa, os garotos se tornam adultos, viram pais e as mortes recomeçam. E fica a dúvida pois o Macaco foi jogado dentro do poço. Provavelmente alguém tirou o brinquedo de lá, abrindo de novo as portas do inferno. Salve-se quem puder...

Eu até me diverti com o filme, mas bem sabendo e com a consciência de esse novo filme é na verdade um prato requentado. Nada de muito novo. Como é uma obra do Stephen King despertou interesse, mas nada de muito especial você encontrará por aqui. De bom mesmo temos um humor negro que muitas vezes funciona bem. Acontece nas mortes, já que a maioria delas são bem bizarras, algumas feitas pra rir mesmo, por mais estranho que isso possa parecer. Pois é, como eu já escrevi, a mente do King tem dessas coisas. É bem doentia! 

Hypnotic - Ameaça Invisível ★★
Não gostei muito. Tem muitos clichês que o roteiro cai muitas vezes em suas próprias armadilhas. Na história temos um sujeito que lamenta a morte de sua filha e o fim de seu casamento. Essas são coisas colocadas como verdadeiras desde a primeira cena, mas calma lá, estamos na presença de uma daquelas histórias em que nada é realmente da forma que se passa na tela. O protagonista interpretado por um pouco envolvido Ben Affleck está na verdade lidando com uma agência do governo americano que usa grandes hipnotizadores para criarem novas realidades ao seu interesse. Então já deu para entender que o personagem do Affleck pode estar muito bem preso dentro de sua mente, pensando que sua realidade existe, mas que na verdade não passa de uma hipnose. 

E aqui está o maior problema dessa história. Em determinado ponto o espectador vai perder o chão embaixo dos seus pés. Nada mais vai parecer realidade. É uma reviravolta atrás da outra. Na quinta ou sexta vez que isso acontece a tendência de quem está assistindo ao filme é desistir de tudo, da história, dos personagens, de tudo. Cansei! É algo que se torna muito cansativo e até mesmo irritante. Afinal de roteiradas estamos cheios, não é verdade? Então o roteiro curte mesmo essa coisa de jogar na cara do espectador de que tudo que ele viu não existe, é hipnose. Então se levantar da cadeira e ir embora do cinema acaba virando uma grande tentação. Quem aguentar até o final saiba que a surpresa final (depois de tantas outras) nem é tão bem bolada assim. Eu até achei decepcionante! Ficamos com aquela sensação de que no fundo, no fundo, só perdemos um bom tempo vendo esse filme esquecível. Enfim, uma história desastrada e desastrosa. Não vale a pena. 

Contato Visceral ★★★
Vou logo colocando as cartas na mesa. Só vi esse filme por causa da Dakota Johnson. Além de ser bem bonita, é boa atriz. Gosto dela e de seu trabalho. Então me deparei casualmente com esse terror na Netflix e resolvi dar uma olhada. Não é nada muito marcante, mas dá um caldo, como se diz na gíria. Ela interpreta a namorada do protagonista. Esse é um barman em New Orleans. Trabalha em um daqueles bares que os americanos gostam, com sinucas e tudo mais. Um dia uma briga começa no estabelecimento. Um grupo de jovens universitários deixa o lugar, assustados com a briga, e deixam para trás um celular. O barman, interpretado pelo ator Armie Hammer, pega o celular caído no chão e leva pra casa. Sua intenção é obviamente devolver para o seu verdadeiro dono no dia seguinte.

Só que o tal celular tem um conteúdo bizarro, com fotos de rituais de magia negra, cabeças decepadas e tudo aquilo que já vimos em outros filmes de terror. Aquilo parece perturbar o barman e sua namorada (a beleza da Dakota). Em pouco tempo os dois começam a surtar um com o outro, adotando comportamentos bizarros, fora do padrão. Ele vai percebendo que seu emprego no bar está por um fio e seu relacionamento com a sua gata vai de mal a pior. De carta maneira passa a entender que ficou amaldiçoado ao ter contato com todo aquele tipo de magia negra, tão típica de New Orleans. 

Pois é, não espere por grande coisa, mas devo dizer que o filme é bem desenvolvido. Eu fiquei interessado até o fim. Fim esse que achei muito abrupto! É um daqueles roteiros que no final não vai perder tempo explicando nada para você. O espectador que tire suas próprias conclusões. No meu caso fiquei com a clara impressão que os produtores deixaram a porta aberta para futuras continuações (que até aqui ainda não aconteceram). Então é isso, um filme até bacaninha. Não vá assistir se você não curte terror de magia negra e nem tiver paciência com o horror cotidiano de um relacionamento falido. Ah, e se não gostar de baratas também não recomendo! Elas estão por todas as partes e fecham a cortina dessa história pouco usual e comum. Sim, o filme fede a baratas negras. Lamento...

Pablo Aluísio. 

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