segunda-feira, 2 de maio de 2022

O Golpe de John Anderson

Título no Brasil: O Golpe de John Anderson
Título Original: The Anderson Tapes
Ano de Produção: 1971
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Sidney Lumet
Roteiro: Lawrence Sanders
Elenco: Sean Connery, Christopher Walken, Dyan Cannon, Martin Balsam, Alan King, Garrett Morris

Sinopse:
Após ficar anos numa prisão por roubo de bancos, Duke Anderson (Sean Connery) está de volta às ruas. Não demora muito e ele começa a reunir uma nova quadrilha de ladrões. O alvo passa a ser um prédio de ricaços. O que ele nem desconfia é que os tiras estão na sua cola, filmando e gravando todos os seus passos.

Comentários:
Sean Connery foi um excelente ator. Depois de ser James Bond ele procurou por novos desafios na carreira. Esse filme dos anos 70 nem é tão lembrado, mas é um dos melhores dessa fase. Ele interpreta um velho ladrão que logo volta aos golpes quando coloca os pés fora da prisão. O roteiro do filme procura enfocar a tecnologia usada pelos policiais na época para pegar grandes golpes. Hoje em dia todas aquelas fitas, gravadores de rolo, vão parecer peças de museu, mas servem como elemento de nostalgia. E por falar em nostalgia a trilha sonora é pura discoteca, com muitos efeitos sonoros que hoje em dia vão parecer até mesmo bizarros. Ignore, o que o filme tem de melhor é o seu roteiro e, claro, a atuação do sempre ótimo Connery.

Pablo Aluísio.

O Vale dos Canibais

Título no Brasil: O Vale dos Canibais
Título Original: Valley of Head Hunters
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Sam Katzman Productions
Direção: William Berke
Roteiro: Samuel Newman
Elenco: Johnny Weissmuller, Christine Larson, Robert Foulk, Steven Ritch, Nelson Leigh, George Eldredge

Sinopse:
Um grupo de exploradores inescrupulosos embarcam em uma expedição ao continente africano. O objetivo é encontrar ouro nas regiões mais remotas do continente. E eles estão dispostos a tudo para isso, inclusive matar nativos que se coloquem em seu caminho.

Comentários:
Johnny Weissmuller ficou famoso no cinema interpretando o Rei da Selva Tarzan. Quando ficou mais velho já não conseguia interpretar o mesmo papel. A solução foi ir atrás de outro personagem. Acabou encontrando o ideal em Jim das Selvas, um homem branco vivendo na África, sempre lutando contra criminosos e bandidos em geral. Esse filme foi mais um da franquia Jungle Jim. Ao contrário dos filmes de Tarzan que eram produzidos por grandes estúdios de Hollywood esses filmes do Jim das Selvas eram feitos a toque de caixa. O produtor desse aqui foi o conhecido Sam Katzman que tinha a fama de ser o "Rei dos Filmes B". Outro de seus apelidos era "O Rei dos Rápidos" pois seus filmes eram feitos rapidamente para economizar. Apesar de tudo ainda é uma boa aventura da velha escola. Os nostálgicos certamente sentirão saudades.

Pablo Aluísio. 

domingo, 1 de maio de 2022

A Filha Perdida

Mais um filme da lista do Oscar 2022. O filme conta dois momentos da vida da professora universitária Leda, um no passado, outro no presente. Quando tinha apenas vinte e poucos anos o seu sonho era entrar no mundo acadêmico, se tornar professora em uma boa universidade no norte dos Estados Unidos. Ela segue estudando e escrevendo artigos e fica muito feliz quando recebe uma oferta de emprego. Só que ela tem marido, duas filhas e tudo fica mais complicado. No passado a protagonista é interpretada pela atriz Jessie Buckley. Já no tempo presente encontramos Leda como uma mulher madura que vai até a Grécia passar um mês de férias. Divorciada, sozinha, ela só quer um tempo para escrever alguns artigos e esfriar a cabeça. Só que viajar para outro país de férias sozinha também traz seus riscos.

O grande tema desse roteiro é a discussão entre maternidade e vida profissional. Algumas mulheres sofrem muito para conciliar esses dois aspectos da vida. No caso de Leda ela tem duas filhas e ao mesmo tempo tenta entrar em um mercado de trabalho muito competitivo que é o mundo acadêmico e universitário. Tem que se esforçar muito, estudar muito, mas como fazer isso com duas filhas pequenas? Outro tema em discussão é que muitas mulheres simplesmente não possuem vocação para serem mães. A sociedade muitas vezes impõe isso a elas, como pressão social, gerando mulheres infelizes e frustradas. A personagem interpretada pela atriz Dakota Johnson vem para reforçar que isso atravessa gerações, não apenas no passado, mas no presente também. Ela é uma jovem mãe e não está nada satisfeita com esse papel.

Um filme que gostei, tanto do ponto de vista da proposta do roteiro como também pela bela interpretação de todo o elenco feminino. Aliás duas das atrizes que atuam no filme foram indicadas ao Oscar, algo raro de acontecer. Jessie Buckley, que interpreta a personagem principal em sua época de juventude, foi indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante. Já a velha Leda, interpretada por uma ótima Olivia Colman, rendeu uma indicação ao Oscar de melhor atriz. Nada mal para um filme que discute a mulher, em fases diferentes da vida e os desafios que surgem pela frente.

A Filha Perdida (The Lost Daughter, Estados Unidos, 2021) Direção: Maggie Gyllenhaal / Roteiro: Maggie Gyllenhaal / Elenco: Olivia Colman, Jessie Buckley, Dakota Johnson, Ed Harris, Peter Sarsgaard / Sinopse: A vida de uma mulher, uma professora universitária, em dois momentos distintos de sua vida. Quando jovem e mãe de duas crianças pequenas e na fase da maturidade quando tenta encontrar paz e tranquilidade numa viagem de férias na Grécia.  Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor atriz (Olivia Colman), melhor atriz coadjuvante (Jessie Buckley) e melhor roteiro adaptado (Maggie Gyllenhaal).

Pablo Aluísio.

Fonte da Vida

Título no Brasil: Fonte da Vida
Título Original: The Fountain
Ano de Produção: 2006
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Darren Aronofsky
Roteiro: Darren Aronofsky
Elenco: Hugh Jackman, Rachel Weisz, Sean Patrick Thomas, Mark Margolis, Stephen McHattie, Donna Murphy

Sinopse:
Três linhas narrativas correm em paralelo na tela. Na primeira, durante o descobrimento das Américas, um explorador tenta achar a fonte da vida. Na outra, no presente, um homem tenta salvar a vida de sua mulher que está morrendo de câncer. Na terceira e última, no futuro, um astronauta entra em crise existencial.

Comentários:
Consultando meus arquivos pude constatar que assisti a esse filme no cinema em 2006. Não era para tanto. É um filme com muita pretensão, mas com resultados bem modestos ao meu ver. O diretor Darren Aronofsky faz um cinema para poucos, aquele tipo de filme que já é lançado com pretensões altas de se tornar um cult movie. Então os roteiros são interligados com muitos diálogos existencialistas e coisas do tipo. Para alguns soa como cinema de grande e alta cultura, mas para outros apenas torna o filme bem chato e arrastado. De minha parte apreciei em termos, muito embora tenha achado bem errado a escalação do ator Hugh Jackman para esse elenco. Nada contra, gosto de seu trabalho, mas essa não é sua praia. Já sua colega  Rachel Weisz está em seu tipo habitual de filme.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 29 de abril de 2022

Os Olhos de Tammy Faye

O filme conta a história real da pastora Tammy Faye (Jessica Chastain). Começa na década de 1960 quando ela começa a viajar ao lado do marido Jim (Andrew Garfield). Eram jovens, desempregados e pobres. Mesmo assim seguem com seus planos, pregando onde eram aceitos. A Tammy criou um número com fantoches, para ensinar o evangelho para crianças. Um pastor de uma cidade do sul achou interessante a ideia e acabou dando a eles um espaço em seu programa de TV. O sucesso se tornou imediato. Logo Tammy e o marido ganharam cada vez mais audiência, ao ponto de em pouco tempo conseguirem seu próprio programa. Essa história mostra como o mundo evangélico funciona nos Estados Unidos. Esse casal foi um dos primeiros a espalhar a teologia da prosperidade, que pregava que quanto mais o fiel doasse para a igreja mais seria abençoado com riqueza material. Se não doasse dinheiro, ficaria na miséria. Claro que Tammy e o marido acabaram muito ricos nesse processo.

Eles ficaram tão ricos com as doações dos que assistiam seus programas que logo compraram sua própria emissora de televisão. O problema é que com dinheiro demais, vem também os excessos. A Tammy usava um estilo que eu só poderia qualificar como "brega evangélica americana". Sempre com roupas luxuosas, maquiagem excessiva e muita ostentação de riquezas, com os dedos lotados de diamantes. Além disso havia mansões, carros luxuosos e tudo o que dinheiro podia comprar. Mensagem de Jesus? Esqueça, o negócio era ter muita grana mesmo! Com uma personagem tão extravagante assim a atriz Jessica Chastain conseguiu realizar aquele que talvez seja a melhor interpretação de sua carreira. Acabou sendo premiada com o Oscar de melhor atriz. Prêmio mais do que merecido.

Voltemos aos fatos. O fisco americano começou a ficar de olho no casal e aí já sabe. Descobriu-se que eles pediam dinheiro para construir casas para os mais pobres, mas que no fundo usavam o dinheiro em benefício próprio. A grana era gasta mesmo em suas vidas de luxos. O FBI bateu em cima e aí o império começou a ruir. A Tammy ainda conseguiu uma sobrevida porque era cantora gospel (daquelas bem bregas) e sempre teria como se sustentar. O problema é que o marido, que posava de senhor da moralidade, eram também um homossexual por trás das cortinas. A Tammy Faye já faleceu, mas deixou um legado bem negativo no mundo religioso dos EUA. Seu único aspecto positivo, pelo que vi no filme, foi que ela tentou combater o preconceito contra homossexuais dentro do mundo evangélico americano. Fora isso deixou discos bregas gospel e muita teologia da prosperidade na cabeça dos seguidores, algo que se repete à todo vapor no Brasil dos dias atuais. Que legado ruim, hein Tammy...

Os Olhos de Tammy Faye (The Eyes of Tammy Faye, Estados Unidos, 2021) Direção: Michael Showalter / Roteiro: Abe Sylvia / Elenco: Jessica Chastain, Andrew Garfield, Vincent D'Onofrio, Mark Wystrach / Sinopse: O filme conta a história da vida da pastora Tammy Faye; De origem humilde, ela se tornou fabulosamente rica ao lado do marido ao espalhar a teologia da prosperidade em programas de TV nos Estados Unidos. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor maquiagem e cabelo e melhor atriz (Jessica Chastain).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 28 de abril de 2022

Clean

Depois de uma vida no mundo do crime, que resultou inclusive na morte da própria filha, Clean (Adrien Brody) ganha a vida como lixeiro. Todas as noites, pela madrugada adentro, ele recolhe lixo da cidade dirigindo um velho caminhão. Só que o passado volta para lhe atormentar. Ele começa a ajudar uma pequena garotinha que se parece muito com sua filha falecida. Ela mora na vizinhança. Tentando ser simpático ele até mesmo dá presentas para a menina, como uma bicicleta. Clean conhece a região, infestada de gangues de jovens criminosos. Ele teme pelo futuro daquela garota. As coisas começam a ficar violentas de novo quando o líder de uma dessas gangues decide levar a jovem para uma casa cheia de drogas e sexo. Clean vai até lá para resgatá-la e na pancadaria geral acerta o filho de um mafioso italiano que atua naquele bairro. Isso basta para funcionar como gatilho de uma violência sem fim.

Bom filme de ação. O clima é soturno, sombrio. Não há sorrisos nesse "Clean". Ninguém é feliz. A direção de fotografia do filme escolheu tonalidades cinzentas, justamente para combinar com o estado espiritual do protagonista, um sujeito que tenta uma redenção na vida depois de muitos crimes cometidos no passado. Ele agora leva uma vida de trabalhador pobre, um lixeiro, que de vez em quando recolhe pedaços de coisas que usa para consertar, vendendo tudo em uma loja de penhores de um amigo, também ex criminoso, que vai tentando viver uma vida honesta, pero no mucho. Um filme bom, cru e por isso até mesmo visceral. Vale a pena assistir.

Clean (Estados Unidos, 2021) Direção: Paul Solet / Roteiro: Paul Solet, Adrien Brody / Elenco: Adrien Brody, Glenn Fleshler, Richie Merritt, Chandler DuPont / Sinopse: Sujeito com passado criminoso tenta levar uma nova vida de honestidade, trabalhando como lixeiro de uma grande cidade. Só que os velhos tempos parecem estar de volta após uma briga violenta com uma gangue de adolescentes marginais.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Halo

Essa é uma franquia milionária do mundo dos games que agora ganha adaptação em forma de série. Por algum tempo houve uma certa dúvida por parte dos produtores se haveria um filme para o cinema ou uma série para o mundo do streaming. Venceu a última opção. É uma produção em conjunto entre a Paramount e a Amblin, o estúdio de Steven Spielberg. Era algo aguardado pelos fãs do game. A pergunta que fica no ar é simples: Ficou boa a adaptação? Pelo primeiro episódio podemos dizer que pelo menos há uma bela produção envolvida.

O episódio já começa com um grande combate envolvendo aliens gigantescos e brutais e rebeldes em um campo distante, de um planeta desconhecido. Curiosamente para salvar os rebeldes surge, bem no meio da batalha, os soldados Spartans, que são inimigos na realidade da ala rebelde, mas que resolve se unir a eles contra o inimigo comum, a raça de aliens que deseja dominar o universo. O roteiro também explora a crise existencial que se instala na mente de um Spartan, um tipo de guerreiro meio homem, meio máquina, que tem seu passado como ser humano apagado. No caso aqui ele começa a recordar sua infância, o que pode se tornar um grande problema operacional. Ele é uma máquina de guerra, não uma pessoa cheia de sentimentos. Bom primeiro episódio, vamos ver se a série mantém essa qualidade nos episódios que estão por vir.

Halo (Estados Unidos, 2022) Episódio: Contact / Direção: Otto Bathurst / Roteiro: Kyle Killen. Steve kane / Elenco: Pablo Schreiber, Shabana Azmi, Natasha Culzac / Sinopse: No primeiro episódio um acampamento das força rebeldes é atacado por aliens fortemente armados. Para salvá-los da destruição uma tropa de Sparans entre no front de batalha. Série baseada na famosa linha de games.  

Pablo Aluísio. 

Guia de Episódios:

Halo 1.02 - Unbound
Nesse episódio o soldado Spartan Master Chief vai até um planeta onde vivem renegados e fugitivos da lei. Ele reencontra um velho conhecido, um sujeito que decidiu fugir do programa Spartan anos atrás. Ele quer respostas, sobre o que exatamente seria o artefato que pegou naquela caverna sombrio. Descobre que se trata de uma arma, um artefato que não é um mero objeto, mas um poderoso conector com mentes. E ele descobre isso ao consultar um sujeito com problemas mentais, que diz a ele que aquilo na verdade seria uma poderosa arma nas mãos dos inimigos. Se cair nas mãos erradas, quem poderá vencê-los? / Halo 1.02 - Unbound (Estados Unidos, 2022) Direção: Otto Bathurst / Roteiro: Kyle Kullen / Elenco: Pablo Schreiber, Shabana Azmi, Natasha Culzac.

Halo 1.03 - Emergence - Esta série tem tomado contornos bem interessantes. Um dos aspectos que mais me chamou atenção no roteiro vem do personagem principal, o Spartan Master Chief, que passa por uma crise de identidade, relembrando aspectos de seu passado, algo que não deveria acontecer. Isso me lembrou até mesmo do roteiro do primeiro filme do Robocop de 1987. Aquela espécie de fusão entre homem e máquina que começa a entrar em parafuso por causa de lembranças do passado. Além disso, nesse episódio temos o surgimento de uma personagem virtual que foi criada para auxiliar e espionar o protagonista da série. Também destaco a personagem conhecida como "a abençoada". Ela é uma humana com poderes cinéticos especiais que está lutando ao lado do inimigo uma personagem muito curiosa. Inclusive o episódio traz um longo flashback contando sua história desde quando era uma garotinha que foi levada por essa espécie alienígena invasora. / Halo 1.03 - Emergence (Estados Unidos, 2022) Direção: Roel Reiné / Elenco: Pablo Schreiber, Natasha Culzac.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 26 de abril de 2022

Crepúsculo de Uma Raça

Quando o filme começa vemos um posto avançado da cavalaria do exército dos Estados Unidos em território demarcado como reserva indígena do povo Cheyenne. Aos poucos milhares de nativos chegam ali. Eles querem se encontrar com um senador que está chegando da capital. Querem mostrar para ele como as terras daquele lugar são desertas, sem água e nem comida. Que viver ali não seria possível. Os índios chegam pela manhã e ficam em pé esperando o senador que parece nunca chegar. Depois de horas de espera eles cansam de esperar e vão embora. Estão ofendidos e com razão. E decidem ir embora da reserva. O problema é que o comandante da tropa da cavalaria, o capitão Thomas Archer (Richard Widmark) tem ordens para evitar isso, usando de violência, se necessário for. Mas como ele vai atirar em crianças, idosos e mulheres indefesas?

Esse filme de John Ford foi uma espécie de pedidos de desculpas do cineasta para com o povo nativo dos Estados Unidos. Durante anos ele filmou filmes de western usando os indígenas como vilões e selvagens. Nesse filme ele decidiu que também iria mostrar o outro lado, o lado das nações nativas da América. O filme é assim dividido em três atos bem claros. No primeiro temos a fuga dos Cheyennes da reserva deserta e hostil para onde foram levados. No segundo ato, passado na cidade de Dodge City, há um pânico quando moradores descobrem que os índios estão chegando a na última parte vemos o desfecho, a conclusão da história.

Embora seja um filme muito bom ele se torna irregular por causa do segundo ato, em Dodge City. James Stewart aqui interpreta o xerife Wyatt Earp, mas tudo em tom de comédia, de humor, o que destoa do restante do filme. Quando eles saem em perseguição dos índios no deserto tudo parece um episódio de Corrida Maluca. Algo que quebra o ritmo sério e concentrado do restante do filme. O que diabos tinha John Ford na cabeça quando rodou esse segundo ato? Felizmente o filme retoma sua seriedade inicial na terceira e última parte, quando os indígenas chegam em um forte do exército americano. Ali eles esperam um tratamento adequado para seres humanos. Esperam que o governo americano encontre uma solução para eles. Quem se destaca nessa última parte é o veterano ator Edward G. Robinson. Ele interpreta o secretário do interior Carl Schurz, um homem justo e humano.

Então é isso. Temos aqui um filme que quase foi estragado pelo próprio John Ford na sua equivocada decisão de inserir humor em um filme com temática séria demais para esse tipo de coisa. O western assim se vale das duas partes (inicial e final) para se assumir como grande obra cinematográfica. Há elementos demais a se pensar nesse roteiro, de como o governo dos Estados Unidos foi injusto e cruel com os índios daquele país. Uma dívida história que pensando bem até hoje não foi devidamente paga!

Crepúsculo de Uma Raça (Cheyenne Autumn, Estados Unidos, 1964) Direção: John Ford / Roteiro: James R. Webb, Howard Fast / Elenco: Richard Widmark, James Stewart, Edward G. Robinson, Karl Malden, Ricardo Montalban, Carroll Baker, Sal Mineo, Dolores del Rio, Patrick Wayne, Gilbert Roland / Sinopse: O filme conta a história da fuga de um enorme grupo de índios da nação Cheyenne de uma reserva deserta dada pelo governo dos Estados Unidos. Assim que eles deixam a reserva passam a ser perseguidos pela cavalaria, dando origem a diversos confrontos e conflitos. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor direção de fotografia (William H. Clothier). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor ator coadjuvante (Gilbert Roland).

Pablo Aluísio.