quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Kings

O filme se passa durante aqueles tumultos que se espalharam em Los Angeles quando os policiais agressores de Rodney King foram inocentados pela justiça americana. Isso aconteceu no começo dos anos 90. Rodney era um taxista negro e foi violentamente espancado por policiais brancos. A tensão racial dentro da sociedade americana sempre foi latente e nesse dia tudo explodiu numa reação em cadeia da comunidade negra da cidade. Lojas e asas foram roubadas, prédios incendiados e pessoas baleadas a esmo pelas ruas. O caos urbano em sua mais nítida caracterização virou realidade. A personagem principal desse filme é interpretada pela atriz Halle Berry. Uma mulher negra de bom coração que acolhe todas as crianças perdidas e abandonadas de seu bairro, o que acaba dando à sua casa a impressão de ser um verdadeiro orfanato não oficial. Ela tem um vizinho branco, espalhafatoso e muitas vezes raivoso, interpretado pelo "James Bond" Daniel Craig. Apesar das diferenças ela tem uma quedinha por ele.

Quando a violência explode na cidade ela e seu vizinho vão para as ruas resgatar as crianças, que acabam se envolvendo em tudo, até mesmo nos saques das lojas. É um filme curto, com não muito mais do que 70 minutos de duração. O roteiro não tem grande profundidade, nunca entrando de vez na questão racial que deu origem a todos os tumultos. No máximo a TV ligada o tempo todo vai informando ao espectador o que estaria acontecendo (na realidade dando o contexto histórico dos acontecimentos). Acima da média mesmo apenas a primeira cena, do assassinato irracional de uma adolescente negra, que foi um fato real acontecido na época. Fora isso vale apenas para relembrar que uma simples faísca social pode colocar tudo a perder em uma sociedade em constante tensão racial.

Kings - Los Angeles em Chamas (Kings, Estados Unidos, 2017) Direção: Deniz Gamze Ergüven / Roteiro: Deniz Gamze Ergüven / Elenco: Halle Berry, Daniel Craig, Lamar Johnson / Sinopse: O filme mistura realidade e ficção ao mostrar um grupo de personagens fictícios que vivem em uma Los Angeles sob fogo cerrado e tensão causados por tumultos durante o caos que se instalou na cidade durante o começo dos anos 90, após a absolvição dos policiais brancos que agrediram o taxista negro Rodney King.

Pablo Aluísio.

O Refúgio Secreto

Filme baseado em fatos reais, na história da holandesa Corrie Ten Boom. Ela morava ao lado do pai e da irmã em uma pequena cidade holandesa quando o país foi invadido pelas tropas nazistas de Hitler. Assim que os alemães chegaram começaram as perseguições contra os judeus. Eles deveriam ser localizados e embarcados em trens que iam direto para os diversos campos de concentração espalhados por toda a Europa. Corrie Ten Boom era uma mulher religiosa, cristã, que não concordava com o que estava acontecendo. Assim ela decidiu que iria começar a esconder judeus em sua casa, localizada em cima do pequeno negócio da família, uma relojoaria. Aos poucos começam a chegar famílias e mais famílias para ela ajudar. Eles começam então a construir um esconderijo judeu no andar de cima, algo parecido com o que também aconteceu com Anne Frank.

No começo tudo ia dando certo, mas quando o cerco se fechou os nazistas finalmente descobriram que ela e sua família estava escondendo judeus. A punição foi severa. Corrie, sua irmã e seu idoso pai foram enviados para o campo de concentração de Ravensbruck. O filme a partir daí explora todas as atrocidades cometidas pelos nazistas, os guardas sádicos, a fome, as doenças e o trabalho escravo do qual nem as mulheres eram poupadas. Elas foram presas como prisioneiras políticas, pois sendo holandesas cristãs (não judias) não deveriam ser enviadas para campos de extermínio de judeus.

Tudo o que se vê na tela foi baseado no livro de memórias de Corrie Ten Boom. Depois da II Guerra Mundial ela virou uma missionária cristã que visitou dezenas de países para contar sua história. Seu livro obviamente se tornou um best-seller e ela um símbolo contra o holocausto. Inclusive a própria faz uma aparição muito tocante nos momentos finais do filme, já bem idosa, mas completamente lúcida sobre tudo o que viveu, sobre os crimes que sofreu ao longo de sua vida. Esse filme é um belo exemplo de vida de algo que historicamente jamais poderá voltar a acontecer.

O Refúgio Secreto (The Hiding Place, Estados Unidos, 1975) Direção: James F. Collier / Roteiro: Allan Sloane, Lawrence Holben, baseados no livro escrito por Corrie Ten Boom e John Sherrill / Elenco: Julie Harris, Jeannette Clift, Arthur O'Connell, Robert Rietty / Sinopse: Filme baseado na história pessoal da holandesa Corrie Ten Boom. Durante a ocupação nazista ao seu país durante a II Guerra Mundial, ela é acusada junto de sua família de esconder judeus. Presa, é enviada para um campo de concentração onde passa a sofrer todos os horrores do holocausto.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

A Descoberta

O ator Robert Redford anunciou recentemente que está se aposentando do cinema, que não fará mais filmes, se concentrando agora apenas na direção, quem sabe. Uma pena porque Redford foi um dos atores mais relevantes da história do cinema. Dupla pena também porque esse "A Descoberta" será sempre lembrado como um dos seus últimos filmes. Sinceramente ele não merecia estar aqui. Produzido pelo Netflix essa é outra decepção da empresa, um filme que tem uma boa premissa, mas que no final das contas não vai para lugar nenhum, enchendo nossa paciência com um roteiro capenga que mal consegue chegar ao final.

O único interesse vem justamente da presença de Robert Redford. Ele interpreta esse cientista que consegue provar que há vida após a morte (não se preocupe, o roteiro não vai lhe explicar nada, nem trazer nada muito profundo nesse aspecto). Pois bem, a reação à descoberta é a pior possível. O índice de suicídios aumenta em todo o mundo e o cientista precisa se mudar para uma região mais isolada, longe de tudo. Ele quer continuar suas pesquisas, mas sem o assédio da imprensa sobre si. Como eu escrevi o enredo parece interessante, mas tudo é pessimamente desenvolvido. É bem decepcionante saber que Redford se envolveu em algo assim... Afinal o que será que teria lhe atraído para esse projeto? Provavelmente apenas a curiosidade de atuar em um filme da plataforma Netflix. Apenas é lamentável que todo o resto não faça a menor diferença.

A Descoberta (The Discovery, Estados Unidos, 2017) Direção: Charlie McDowell / Roteiro: Justin Lader, Charlie McDowell / Elenco:Robert Redford, Mary Steenburgen, Brian McCarthy / Sinopse: Cientista renomado (Redford) consegue provar que a consciência sobrevive à morte, ou seja, que há ainda vida após a morte do corpo físico. A descoberta gera uma série de reações dentro da sociedade. O autor da façanha científica porém não se intimida, desejando ir além em suas descobertas sobre o tema.

Pablo Aluísio.

A Isca

Após cumprir pena tudo o que Alvin Sanders (Jamie Foxx) quer é desfrutar da liberdade recém reconquistada, mas seus planos vão por água abaixo quando ele descobre que está sendo usado como isca pelo FBI para pegar perigosos hackers internacionais. Ok, o diretor Antoine Fuqua tem bons filmes, alguns com roteiros bem acima da média. Esse filme aqui porém não faz parte de seus melhores momentos no cinema. Essa coisa toda de supervalorizar os poderes que um hacker bem treinado pode fazer, inclusive levando o mundo à beira do abismo, ainda fazia algum sentido nos primórdios da era da informática. Hoje em dia porém sabemos que tudo é fruto de muita fantasia e imaginação, apenas isso.

Jamie Foxx mantém o interesse. Sempre o achei muito talentoso e versátil, se dando bem tanto em dramas mais tensos, que exigem muito de seu lado mais dramático de ator, como igualmente em filmes de ação como esse, onde isso não é exigido. No máximo para se sair bem em filmes como esse aqui o ator tem que estar em boa forma física e basicamente é só. Se fosse classificar o filme de uma maneira bem taxativa e cabal, diria que é uma fita genérica de ação que usa o background dos criminosos digitais. Nada mais do que isso. É pouco? Sim, para ser memorável é bem pouco.

A Isca (Bait, Estados Unidos, 2000) Direção: Antoine Fuqua / Roteiro: Andrew Scheinman, Adam Scheinman / Elenco: Jamie Foxx, David Morse, Robert Pastorelli / Sinopse: Detento que cumpriu sua pena acaba se tornando uma isca humana para prender hackers internacionais perigosos. A ele só resta tentar sobreviver a esse intenso e perigoso jogo e gato e rato.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Max Steel

Max Steel é um brinquedo dos anos 90. Depois do sucesso de vendas nas lojas ele virou desenho animado e agora ganha sua primeira versão para o cinema. O enredo vai agradar toda a garotada. O protagonista é um garoto chamado Max McGrath (Ben Winchell). Adolescente normal como muitos outros de sua idade. A diferença é que ele vai percebendo que tem um poder surreal de manipular energias. Para complicar tudo surge ainda um pequeno robozinho cheio de personalidade chamado Steel. Juntos eles vão tentar enfrentar um vilão que ele pensava ser antes apenas um amigo da família.

O filme não tem um grande orçamento - custou apenas 10 milhões de dólares, um valor bem pequeno em termos de Hollywood - mas essa falta de recursos não atrapalha o resultado final. Em termos de elenco muitos atores desconhecidos, com exceção de Andy Garcia, que defende bem seu cachê. Como se trata de um filme feito para jovens, adolescentes ali na faixa entre 12 a 16 anos, não espere por algo nada muito fantástico ou maravilhoso. O personagem tem potencial para esse mundo audiovisual. Vamos ver se o estúdio segue em frente com essa nova franquia de filmes de ficção para o público jovem que apenas agora está descobrindo as maravilhas da sétima arte.

Max Steel (Estados Unidos, 2016) Estúdio: Mattel Entertainment / Direção: Stewart Hendler / Roteiro: Christopher Yost / Elenco: Ben Winchell, Andy Garcia, Josh Brener, Maria Bello / Sinopse: Adolescente descobre que tem poderes especiais. Isso pode estar ligado ao seu passado, envolvendo a figura de seu pai, desaparecido há muitos anos após se envolver em uma pesquisa secreta, top secret, envolvendo figurões da indústria e do governo.

Pablo Aluísio.

Os Maiorais

Esse filme tem uma proposta muito interessante para quem gosta da história do cinema e da música dos Estados Unidos. Ele tenta contar a história do "Rat Pack"! E o que diabos seria isso? Para quem não sabe esse era o nome dado para a turminha de artistas, atores e cantores que gravitavam em torno de Frank Sinatra quando ele estava em Las Vegas realizando suas turnês na cidade. Além do próprio Sinatra, o criador do grupo, a trupe ainda era formada por Dean Martin, Sammy Davis Jr., Peter Lawford e Joey Bishop. Eram amigos e ao mesmo tempo usaram esse amizade para fazer filmes e shows durante os anos 60.

Claro que contar a história dessa trupe não seria tão fácil, ainda mais com o orçamento limitado dessa produção  - que foi exibida diretamente na TV a cabo no Brasil e nos Estados Unidos. O elenco traz até um grupo de atores talentosos, mas nenhum deles muito parecidos com os artistas originais do Rat Pack. Para se ter uma ideia quem interpreta Frank Sinatra é o ator Ray Liotta! Nada a ver, não é mesmo? Ainda assim temos que admitir que muitos deles incorporaram bem as personalidades e os trejeitos dos membros originais da turma. Só não diria que ficou perfeito porque alguns exageraram nos maneirismos, caindo na caricatura. De uma forma ou outra ainda recomendo o filme. É uma boa apresentação do que significou o bando de ratos dentro da cultura americana.

Os Maiorais (The Rat Pack, Estados Unidos, 1998) Direção: Rob Cohen / Roteiro: Kario Salem / Elenco: Ray Liotta, Joe Mantegna, Don Cheadle / Sinopse: Durante os anos 60 o cantor e ator Frank Sinatra decide juntar seus amigos mais próximos para uma série de projetos artísticos envolvendo shows em Las Vegas e filmes em Hollywood. O grupo acabaria sendo conhecido como The Rat Pack!

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Oito Mulheres e um Segredo

Esse filme foi prejudicado por uma discussão estéril e boboca envolvendo o fato do elenco ser todo formado por mulheres, numa espécie de versão Luluzinha de "Onze Homens e um Segredo". Bobagem, o filme vale por seus próprios méritos. Na história temos a saída de Debbie Ocean (Sandra Bullock) da prisão. Ela cumpriu sua pena e está livre para recomeçar sua vida. No começo somos até convencidos que ela quer uma vida normal e tudo o mais, porém não demora muito para vermos que ela está mesmo interessada em colocar seu plano de um grande assalto em movimento. O alvo são joias milionárias da realeza europeia que estará em exposição em um museu de Nova Iorque. Além disso a equipe formada por Debbie vai focar sua atenção numa joia que vale 150 milhões de dólares que será usada pela estrelinha de cinema boba e afetada Daphne Kluger (interpretada por uma divertida Anne Hathaway). A ideia é trocar a peça no banheiro durante um jantar. Depois sair de lá com ela fragmentada em diversas peças menores.

O plano, claro, sai quase perfeito. Problemas vão surgindo durante sua execução e isso também faz parte da diversão. O roteiro é bem esperto, mas não tanto como no filme original. Ao contrário de "Caça-Fantasmas" que também fez sua versão só com mulheres e foi uma bomba, esse aqui é um bom filme, com tudo nos lugares certos, boa trama, desenvolvimento adequado e um timing impecável durante todo o desenrolar do enredo. Só não é melhor porque o final de certo modo é meio previsível. Quando chegou ao fim a conclusão foi que curti o filme pelo que ele é, não pela polêmica idiota que foi criada em torno de seu lançamento. Vá esperando por uma diversão agradável e não terá maiores surpresas.

Oito Mulheres e um Segredo (Ocean's Eight, Estados Unidos, 2018) Direção: Gary Ross / Roteiro: Gary Ross, Olivia Milch / Elenco: Sandra Bullock, Cate Blanchett, Anne Hathaway, Helena Bonham Carter, Rihanna, Dakota Fanning / Sinopse: Debbie Ocean (Sandra Bullock) forma uma equipe de ladras para roubar joias em exposição em um museu de Nova Iorque. A ideia é seguir um plano onde uma joia de 150 milhões de dólares será trocada por uma peça igual, mas sem valor, feita por um scanner de última geração.

Pablo Aluísio.

O Genro dos Meus Sonhos

Uma garota do interior vai para a faculdade. Quando retorna traz a tiracolo um sujeito esquisito, com maneiras completamente estranhas para os novos sogros. É esse o mote principal dessa comédia bem fraquinha chamada "O Genro dos Meus Sonhos". Como toda comédia é necessário ter um elenco afiado e obviamente engraçado. Não espere por muito nesse quesito. As situações são repetitivas e nem a tentativa de fazer um humor mais nonsense funciona muito bem. Na verdade é aquele tipo de comédia que você vai acompanhando na TV a cabo ou na Sessão da Tarde sem muito interesse. Apenas matando o tempo.

Pauly Shore não é o que eu chamaria de sujeito hilário ou algo do tipo. Ele apenas passeia pelo filme sem muito interesse. O roteiro também ronda, vira e mexe, voltando sempre para a mesma piada envolvendo a dobradinha "rapaz da cidade grande x vida no campo". Chatinho seria uma boa palavra para descrever. Enfim, já não se fazem comédias românticas engraçadas como antigamente.

O Genro dos Meus Sonhos (Son in Law, Estados Unidos, 1993) Direção: Steve Rash / Roteiro: Patrick J. Clifton / Elenco: Pauly Shore, Carla Gugino, Lane Smith / Sinopse: Garota do interior que vai para a universidade retorna com um genro pra lá de estranho para a antiga fazenda onde nasceu.

Pablo Aluísio.