domingo, 15 de fevereiro de 2015

Dois é Bom, Três é Demais

Comédia romântica de costumes. Esse estilo de filme era muito popular na década de 1960 e teve seu auge nas produções estreladas pelo casal “modelo” Rock Hudson e Doris Day. Aqui em “Dois é Bom, Três é Demais” temos uma fórmula requentada desses antigos filmes. No enredo um casal de caretinhas, interpretado pela atriz Kate Hudson e pelo ator Matt Dillon, acaba tendo que lidar com uma situação no mínimo constrangedora. Após o casamento o padrinho e grande amigo do marido, o cabeça fria Dupree (Owen Wilson), perde o emprego e sem ter onde morar acaba ficando morando na casa com o casal de pombinhos. No começo Dupree deixa claro que sua estadia ali será temporária, até ele arranjar um novo emprego, mas ele simplesmente não consegue trabalho mais! Na verdade o personagem adota um estilo de vida simplório, sem ligar muito para coisas materiais, o que acaba lhe atrapalhando pois sem formação e sem profissão fica mais do que complicado achar um emprego que se encaixe ao seu perfil. A situação completamente constrangedora então se cria pois a presença de Dupree na casa tira a intimidade do casal que também não pode simplesmente expulsar o sujeito pois ele invariavelmente iria parar na rua.

O roteiro não traz absolutamente nada demais. Como se trata de um texto de costumes as situações engraçadas surgem da complicada convivência de Dupree com o casal. A boa notícia é que o texto surge “limpo” sem as baixarias costumeiras que andam invadindo as comédias americanas nos últimos tempos. Como não poderia deixar de ser o filme se apóia quase que completamente na presença carismática de Owen Wilson, que construiu toda a sua carreira em cima de apenas um tipo de personagem, a do adolescente tardio, um sujeito que passa da idade, se torna trintão, mas segue se comportando como um adolescente qualquer, levando a vida na flauta. Kate Hudson segue também na mesma, fazendo a eterna “namoradinha da América” de sempre. Em termos de curiosidade temos em cena um Michael Douglas completamente deslocado, aqui representando uma espécie de símbolo da ganância do americano médio. Dupree, ao contrário disso, não tem grandes ambições na vida, apenas ser feliz da melhor maneira que puder. Deixando um pouco de lado o filme em si é interessante relembrar o terrível acontecimento que se abateu sobre o ator Owen Wilson nos bastidores. Após seu rompimento com Kate Hudson (eles sempre tiveram um relacionamento amoroso dos mais complicados), Owen parece ter perdido todo o seu bom humor ao tentar se suicidar! Quando soube da notícia fiquei perplexo porque afinal de contas o ator sempre cultivou aquela imagem de sujeito boa praça e cabeça fria nas telas. De repente vê-lo ali no noticiário, entre a vida e a morte, realmente me surpreendeu. Nesse caso a arte não imitou a vida.

Dois é Bom, Três é Demais (You, Me and Dupree, Estados Unidos, 2006) Direção: Anthony Russo, Joe Russo / Roteiro: Mike LeSieur / Elenco: Owen Wilson, Matt Dillon, Kate Hudson, Michael Douglas, Seth Rogen, Amanda Detmer / Sinopse: Após seu casamento um casal se vê numa situação complicada: o amigo e padrinho do noivo, sem emprego e sem dinheiro, começa a morar com eles.

Pablo Aluísio.

Para Sempre Alice

Título no Brasil: Para Sempre Alice
Título Original: Still Alice
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: BSM Studio
Direção: Richard Glatzer, Wash Westmoreland
Roteiro: Lisa Genova, Richard Glatzer
Elenco: Julianne Moore, Alec Baldwin, Kristen Stewart, Kate Bosworth

Sinopse:
A Dra. Alice Howland (Julianne Moore) está vivendo um dos melhores momentos de sua carreira. Pesquisadora e professora aclamada pela Academia, ela finalmente é contratada pela prestigiada Universidade de Columbia. Infelizmente para Alice pequenos esquecimentos e lapsos de memória começam a lhe prejudicar na profissão. Preocupada com esses pequenos eventos recorrentes em seu cotidiano, ela resolve consultar um neurologista. Após vários exames vem a terrível notícia: ela está com Mal de Alzheimer. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Julianne Moore). Filme vencedor do Oscar 2015 na categoria Melhor Atriz (Julianne Moore).

Comentários:
Todos os anos cresce o número de pessoas diagnosticadas com o Mal de Alzheimer. Essa é uma doença devastadora que atinge a capacidade dos doentes em reter memórias, novas e antigas, além de prejudicar as funções de cognição e comunicação do cérebro. Agora imagine uma brilhante professora atingida em cheio por essa síndrome. A personagem de Julianne Moore é uma autora de livros, uma professora muito respeitada no meio acadêmico, que sempre se destacou por sua inteligência e capacidade intelectual. Assim que a doença começa a se manifestar ela vai perdendo gradualmente não apenas sua saúde, mas também sua carreira, pois fica incapacitada de trabalhar, de dar aulas. Sua família então se une para enfrentar essa batalha terrível. O filme é muito bem dirigido e conta com um roteiro muito sutil que procura tocar o tema sem sensacionalismos ou exageros, obviamente adotando uma postura de grande respeito para com os doentes. O tom discreto e elegante também é seguido por todo o elenco, em especial Julianne Moore, que desde já é uma das mais fortes candidatas ao Oscar. Alec Baldwin também encontrou o tom ideal, não procurando ofuscar sua parceira em cena, interpretando o marido compreensivo e presente no definhamento do estado de saúde da esposa. Para os mais jovens o grande atrativo virá da presença da atriz Kristen Stewart (a Bella Swan da Saga Crepúsculo). Ela dá vida à caçula de Alice, uma garota que quer ser atriz, mesmo contra a vontade de sua mãe, que deseja que ela vá para a universidade cursar algo mais tradicional como Medicina ou Direito. No final das contas "Still Alice" se destaca por tratar de um tema muito triste e trágico de uma maneira muito delicada e adequada.

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

The Doors

Uma das melhores cinebiografias já feitas sobre um astro de Rock. Além de contar com o genial Oliver Stone na direção o filme traz a melhor interpretação de toda a carreira de Val Kilmer. É impressionante, só quem conhece e assistiu as cenas do verdadeiro Jim Morrison entende como Kilmer foi simplesmente perfeito em sua encarnação do King Lizard, o mais alucinado dos cantores que já pisou na face da terra. Sua entrega ao personagem é comovente e sendo muito sincero Kilmer deveria ter levado o Oscar por sua personificação. O filme só não é nota 10 no quesito atuação por causa de Meg Ryan. O problema principal é que ela continuou fazendo novamente o seu eterno papel de namoradinha da América, caracterização completamente inadequada de Pamela, a namorada de Jim. O que vemos em cena com Ryan é um personagem totalmente diferente da verdadeira namorada de Morrison.. Na vida real ela era uma mulher de sua época, que usava muitas drogas, praticava sexo livre e tinha problemas com sua família. No filme nada disso é mostrado e ela virou uma menininha boazinha. Oliver Stone com medo de ser processado pelos pais da Pamela real suavizou demais a figura. Assim até não culpo muito Oliver Stone. Um processo nos EUA é coisa séria. Quando o filme começou a ser rodado a família dela se reuniu com o estúdio e deixou claro que qualquer "afronta" à memória de sua filha resultaria em um pesado processo judicial. Com receio eles recuaram e Meg Ryan interpretou mais uma de suas inúmeras "garotas boazinhas". O interessante é que Morrison foi retratado com veracidade, mesmo sendo seu pai um militar linha dura da Marinha. A produção não teve problemas nesse aspecto com a família Morrison.

Ray Manzareck, o tecladista dos Doors, também criticou o filme em relação ao próprio Jim Morrison. Ele disse que sua caracterização no filme saiu muito soturna e fechada. Para Manzareck Jim também era uma pessoa bem humorada, divertida e alegre (quando estava sóbrio, é claro). Oliver Stone respondeu a crítica e disse que Manzareck estava apenas chateado pois ele é que gostaria de ter dirigido o filme (o músico também é formado em cinema pela UCLA). O roteiro não se preocupa em avançar além da morte de Jim. Como se sabe existe toda uma teoria da conspiração afirmando que ele não teria realmente morrido como alega a versão oficial. O problema é que Jim morreu em Paris e foi enterrado rapidamente. Em pouco tempo surgiram inúmeros boatos de que ele não teria morrido (pelo jeito não é apenas Elvis que não morreu). Mas analisando bem percebemos que é tudo uma grande bobagem. O cantor era um junkie extremo, usou em excesso todos os tipos de drogas imagináveis. Esse é o grande pecado da geração anos 60: em busca de total liberdade acabaram presos no mundo dos narcóticos e afins.. Jim Morrison realmente morreu no dia 3 de julho de 1971 - em Paris. Sua namorada Pamela morreu três anos depois, também por overdose de drogas. O filme não cita essa última informação. No saldo geral não há como não gostar de The Doors, mesmo com todos esses pequenos deslizes. É um excelente retrato de um dos mais carismáticos artistas da história do rock americano.

The Doors (The Doors, Estados Unidos, 1991) Direção: Oliver Stone / Roteiro: Randall Jahnson, Oliver Stone / Elenco: Val Kilmer, Meg Ryan, Kyle MacLachlan, Frank Whaley e Kevin Dillon / Sinopse: Durante a década de 1960 um grupo de amigos da faculdade resolvem formar uma banda de rock psicodélico. Inspirada na famosa obra sobre as portas da percepção resolvem denominar o novo grupo de "The Doors". Cineobiografia do cantor e compositor Jim Morrison (Val Kilmer), vocalista da banda que mudou a face do rock americano na segunda metade dos anos 60.

Pablo Aluísio.

Será Que?

Título no Brasil: Será Que?
Título Original: What If
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: CBS Films
Direção: Michael Dowse
Roteiro: Elan Mastai, T.J. Dawe
Elenco: Daniel Radcliffe, Zoe Kazan, Megan Park
  
Sinopse:
Depois de ter sido traído por sua namorada o jovem estudante de medicina Wallace (Daniel Radcliffe) decide mudar completamente de vida. Larga a faculdade e entra uma depressão que dura todo um ano. Para curtir sua melancolia ele passa as noites no teto de seu apartamento, fitando a lua ao longe. Ainda machucado e ferido decide aceitar o convite de um amigo para ir numa festa em sua casa. Lá acaba conhecendo casualmente a doce e interessante Chantry (Zoe Kazan). Ele fica imediatamente interessado nela, mas como o mundo não é perfeito ela já tem um namorado. Assim Wallace resolve ficar na complicada situação de se tornar amigo dela - mas até quando conseguirá esconder o que realmente sente por ela?

Comentários:
Amor platônico é aquele tipo de sentimento que nasce quando você se apaixona por alguém e não é correspondido ou então não cria coragem para se declarar para sua pessoa amada. Claro que isso acaba causando uma grande angústia e sofrimento. Para piorar é uma situação que pode durar por anos e anos, persistindo mesmo quando se chega a namorar ou se casar com outra pessoa. O amor platônico é duradouro porque para muitos especialistas é o mais puro amor que existe, e o mais idealizado também. Um sentimento muito forte que bate firme no peito e pode ficar escondidinho no coração por décadas! Agora imagine duas pessoas se amando platonicamente mutuamente sem que nenhuma delas tenha coragem de assumir para o outra seus sentimentos. É basicamente isso que temos aqui nesse bom romance intitulado "What If". 

Daniel Radcliffe interpreta esse jovem que deseja ter uma segunda chance no amor. Ele foi destroçado pela noiva que ele considerava ser o grande amor de sua vida. Agora vai atrás de outra oportunidade, mas acaba se apaixonando por uma garota que já tem namorado e está seriamente comprometida. Curiosamente ela também começa a nutrir um amor platônico por ele, já que seu noivo é definitivamente um sujeito chato e enfadonho (um daqueles caras tão certinhos como xaropes). Entre idas e vindas, encontros e desencontros, Wallace e Chantry acabam descobrindo que se amam, mesmo contra todas as convenções sociais. Por fim, e não menos importante, o elo que acaba ligando os apaixonados é um exótico pão chamado "Ouro de Tolo", que aliás era o preferido de Elvis Presley (o enredo inclusive explora muito bem esse detalhe e os fãs do cantor vão curtir as referências). Assim o que temos aqui é uma bela história de amor para se assistir a dois, abraçadinhos debaixo do cobertor. Se algum dia você se apaixonou platonicamente por alguém certamente irá se identificar. Afinal de contas o amor sempre será lindo!

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Sociedade dos Poetas Mortos

Depois de muitos anos tive a oportunidade de rever “Sociedade dos Poetas Mortos”. Esse filme eu tive o privilégio de ver no cinema, ainda na época de seu lançamento, em um dos mais tradicionais cinemas da minha cidade que infelizmente nem existe mais. Na época causou bastante repercussão pois colocava como tema central aquele velho choque de gerações que geralmente acontece na vida de todos nós. Os pais desejam que os filhos sigam por um determinado caminho na vida, abraçando certas profissões, se esquecendo ou ignorando que nesse processo eles estão na verdade soterrando as verdadeiras vocações dos jovens. No filme acompanhamos a rotina de um grupo de estudantes de uma tradicional escola americana. 

A disciplina é rígida e o tempo dos alunos é completamente preenchido com atividades escolares. Quem estudou em instituições de ensino parecidas certamente vai se identificar. No meio de tanto conservadorismo eis que surge um novo professor de inglês e literatura, o nada convencional Sr. Keating (Robin Williams) que logo no primeiro dia de aula incentiva seus alunos a rasgarem as primeiras páginas de um livro de poesia que tenta explicar através de fórmulas tediosas as regras que um bom poeta e escritor deve seguir. O ato extremamente ousado e inovador tenta demonstrar aos estudantes que o mais importante ao se escrever não é seguir velhas fórmulas moribundas mas sim seguir a emoção e o sentimento, acima de tudo. 

A partir desse momento o professor vira uma espécie de mentor de todos aqueles jovens, os incentivando a procurarem por novas experiências, ousarem mais em suas vidas, tanto na escola como fora dela. Um dos alunos, por exemplo, nutre o sonho de se tornar ator, abraçar a carreira de teatro mas isso é completamente reprimido por seus pais que consideram aquilo extremamente indigno de sua família. “Sociedade dos Poetas Mortos” ainda é um belo filme, com mensagem muito relevante e extremamente bem realizada. Provavelmente seja o melhor momento do ator Robin Williams no cinema. Aqui ele deixa o lado mais cômico de lado para abraçar o humanismo, a sensibilidade e o apego às paixões da vida. A expressão “Carpe Diem” (aproveite o dia) acabou virando um lema a ser seguido por todos. Jovens que sonham em realizar seus sonhos, fora do ambiente castrador da escola. Eu me recordo que gostei bastante quando assisti pela primeira vez, ainda na década de 1980 e nessa revisão pude perceber que a produção não envelheceu, ainda continua bastante boa e cativante. No final de tudo a mais importante lição que esse filme deixa é a de que cada um deve seguir seu próprio sonho, sem ligar para a opinião dos outros, até porque sonhos são para serem vividos por quem sonha e não pelos demais. Pais geralmente tentam se realizar através de seus filhos e para isso acabam soterrando os planos de vida dos garotos. Não caia nessa armadilha, trilhe o seu próprio caminho na vida. 

Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poets Society, Estados Unidos, 1989) Direção: Peter Weir / Roteiro: Tom Schulman / Elenco: Robin Williams, Robert Sean Leonard, Ethan Hawke, Josh Charles, Gale Hansen, Dylan Kussman, Allelon Ruggiero, James Waterson, Norman Lloyd, Kurtwood Smith / Sinopse: Numa rígida escola tradicional, um professor de inglês tenta incentivar seus alunos a se auto descobrirem, os encorajando a realizarem seus próprios sonhos e projetos de vida. Não tarda para que os métodos pouco convencionais do mestre sejam colocados em dúvida por pais e demais mestres conservadores da escola. Vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original. Indicado aos Oscars de Mlehor Filme, Direção e Ator (Robin Williams).

Pablo Aluísio.

Cinzas da Guerra

Título no Brasil: Cinzas da Guerra
Título Original: The Grey Zone
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: Lions Gate Entertainment
Direção: Tim Blake Nelson
Roteiro: Tim Blake Nelson
Elenco: David Arquette, Harvey Keitel, Steve Buscemi, Allan Corduner, David Chandler
  
Sinopse:
O filme narra a história real do Dr. Miklos Nyiszli (Allan Corduner), um judeu húngaro enviado para Auschwitz. Uma vez lá acaba sendo escolhido por Josef Mengele para lhe auxiliar no setor de patologia do campo de concentração mais infame da história. Em troca de mais algum tempo de vida ele acabou aceitando participar do que os nazistas chamavam de Sonderkommandos - judeus prisioneiros usados pelos nazistas na execução de outros judeus nos campos de execução. Filme indicado ao National Board of Review, Political Film Society e San Sebastián International Film Festival.

Comentários:
Mais um bom filme que explora os horrores que aconteceram nos campos de concentração da Alemanha Nazista. Historicamente é muito interessante porque explora o cotidiano macabro que acontecia em Auschwitz durante o holocausto. Um médico judeu é enviado para lá, mas por suas qualificações profissionais é poupado pelo próprio Mengele de morrer nas câmaras de gás. Assim acaba presenciando em primeira mão a morte de milhares de judeus como ele, nessa verdadeira indústria da morte do Terceiro Reich. Inicialmente fica feliz em pelo menos sobreviver, mas depois a indignação e o dilema moral se tornam tão pesados que resolve se tornar um dos membros de uma conspiração de prisioneiros para tentar fugir daquele verdadeiro inferno na Terra. O filme tem excelente reconstituição histórica e momentos realmente tocantes como na cena em que uma jovem garota de apenas 14 anos consegue sobreviver ao gaseamento de uma das câmaras de gás do campo. Todo o roteiro foi escrito em cima do livro de memórias do próprio Miklos Nyiszli intitulado "Auschwitz - testemunho de um médico" (uma leitura mais do que recomendada). Um triste retrato de um dos períodos históricos mais lamentáveis da humanidade.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Magia ao Luar

Título no Brasil: Magia ao Luar
Título Original: Magic in the Moonlight
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Colin Firth, Emma Stone, Marcia Gay Harden, Eileen Atkins
  
Sinopse:
Stanley (Colin Firth) é um mágico inglês que ganha a vida interpretando um mago oriental nos palcos do mundo. Procurado por um amigo, ele é convidado a desmascarar uma suposta charlatã chamada Sophie (Emma Stone). Usando de seus supostos poderes mediúnicos ela acabou encantando uma família de ricaços americanos que vivem no Sul da França. Stanley porém está determinado a revelar todos os seus truques. O que ele não esperava era se apaixonar por ela após a conhecer melhor. Filme indicado ao Lumiere Awards.

Comentários:
Esperava bem menos desse novo filme de Woody Allen. A produção nem foi tão badalada ou comentada entre os cinéfilos, passando até despercebida por muita gente boa. A verdade porém é que consegue ser tão boa quanto seus filmes mais celebrados. O enredo é simples e ao mesmo tempo cativante. Um romance ao velho estilo, passado nos anos 1920, onde a máxima de que os opostos se atraem funciona novamente. Eu sinceramente aprecio muito esse tipo de enredo mais lírico e sentimental. Coisas de um romântico incurável que não está disposto a ceder seu modo de ser ao mundo cínico em que vivemos. Stanley é um ateu, cético e materialista que não acredita em um mundo espiritual. Para ele apenas o que vemos de fato existe. Por essa razão Sophie (Stone) é logo encarada como uma impostora que vive de enganar ricos fingindo ser uma garota com poderes especiais, como o de entrar em contato com pessoas mortas. Para Stanley (Firth) tudo não passaria de um golpe grotesco. Ele já havia desmascarado inúmeros falsos médiuns ao longo de sua carreira no passado e Sophie parece apenas ser mais uma de sua lista. O problema é que ela realmente parece ter uma espiritualidade realmente especial, praticamente desconcertante. Da admiração para o amor é apenas um passo. A própria Sophie parece, com seus atos, desacreditar as posições de Stanley. Ela é cortejada por um ricaço, mas acaba gostando mesmo do mágico que está ali para desmascará-la, provando mais uma vez que o amor verdadeiro não se compra e nem se vende. Afinal de contas o que o dinheiro tem a ver com a verdadeira paixão e romance? Nada, e essa é uma verdade universal. Com bonita produção e fotografia, além da bela história de amor, "Magic in the Moonlight" é desde já um dos mais carismáticos filmes da carreira do genial Woody Allen. Coisa fina.

Pablo Aluísio.

1492 - A Conquista do Paraíso

Título no Brasil: 1492 - A Conquista do Paraíso
Título Original: 1492 - Conquest of Paradise
Ano de Produção: 1992
País: França, Espanha
Estúdio: Gaumont, Légende Entreprises, France 3 Cinéma
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Rose Bosch
Elenco: Gérard Depardieu, Armand Assante, Sigourney Weaver, Frank Langella
  
Sinopse:
Cristovão Colombo (Gérard Depardieu) é um aventureiro e navegador que tem uma ideia que ele considera genial. Para atingir as cobiçadas Índias orientais bastaria navegar na direção oposta, ou seja para o ocidente, pois Colombo tinha plena certeza e convicção que a Terra seria na realidade redonda e não plana como era acreditado em sua época. Para dar suporte a sua ousada expedição porém Colombo precisa antes convencer o casal de monarcas Isabel e Fernando para financiar sua volta ao mundo pelos oceanos.

Comentários:
Em 1992 o mundo celebrou os 500 anos da chegada de Cristovão Colombo no Novo Mundo. Sua visão à frente de seu tempo, sua coragem e determinação pessoal, certamente daria origem a um grande filme. "1492 - Conquest of Paradise" porém se mostra apenas razoável, o que me deixou realmente perplexo na época que o assisti pela primeira vez, uma vez que a direção havia sido entregue para o genial Ridley Scott. Mas afinal de contas o que deu errado? Olhando-se para trás podemos compreender que nem sempre um grande evento histórico dá origem a grandes filmes. O maior problema desse épico é justamente sua falta de vocação para ser um filme épico ao velho estilo, com cenas deslumbrantes e momentos impactantes. Scott não soube muito bem posicionar sua história. O clímax do enredo deveria ter sido a chegada de Colombo na América, ao colocar seus pés triunfantes numa praia selvagem de águas cristalinas, porém o cineasta perdeu uma boa oportunidade de ser conciso e eficiente e acabou se alongando demais na história, indo um pouco longe demais. Detalhes históricos demais envolvendo política e intrigas palacianas também prejudicaram o impacto que a obra deveria ter. Claro que Ridley Scott continuou com seu talento para realizar grandes imagens, porém até isso acabou sendo pulverizado por um texto que explora aspectos demais para apenas um filme (talvez se fosse uma série a coisa seria melhor digerida e desenvolvida). Do jeito que ficou a fita se tornou em muitos momentos entediante, o que é simplesmente inadmissível de acontecer em um enredo de aventuras como esse. Talvez em uma próxima ocasião acertem a mão, fazendo jus ao legado histórico dessa grande figura chamada Cristovão Colombo.

Pablo Aluísio.