quinta-feira, 15 de setembro de 2011

The Beatles - Edição I

The Beatles - Love Me Do / P.S. I Love You - O primeiro single da história dos Beatles foi um pequeno compacto gravado na Alemanha com as faixas "My Bonnie" no Lado A e "The Saints" no Lado B. Esse single não era creditado aos Beatles, mas sim aos "Beat Brothers". Foi o nome usado por eles para servir como grupo musical que acompanhou Tony Sheridan, que na época era uma espécie de genérico de Elvis Presley. Foi uma boa performance, mas não era um lançamento de verdade dos Beatles. Estava mais para um trabalho freelancer que eles fizeram na época.

O primeiro single realmente do grupo foi esse "Love Me Do / P.S. I Love You", gravado e lançado em 1962 pela EMI. Na época os Beatles eram apenas quatro jovens desconhecidos que tentavam um lugar ao sol no concorrido mundo da música. Duas pessoas foram bem importantes nesse lançamento pioneiro. Primeiro Brian Epstein que lutou muito para que uma gravadora aceitasse seus jovens músicos. Era o empresário da banda. O outro nome que jamais pode ser deixado de lado foi o do produtor George Martin. Quando ele encontrou os Beatles pela primeira vez o som do grupo ainda estava muito cru e amador. Foi Martin quem sentou com eles para melhorar aquelas canções.

O resultado dessa união de talentos todos sabemos. Reza a lenda que a primeira vez que os Beatles tocaram "Love Me Do" para Martin ele não gostou muito do que ouviu. Era uma composição muito simples, que precisava de muito trabalho para melhorar. E desse trabalho conjunto finalmente chegaram em um bom resultado. Muitos anos depois John Lennon iria explicar que a canção foi inspirada na obra de Roy Orbison. Realmente o sentimento é bem parecido, evocando aquele tipo de sentimento mais juvenil de um amor romântico, embora Paul e John também tenham inserido ali, de forma praticamente camuflada, um pouco de picardia juvenil. No geral é um excelente trabalho, tanto de composição como de performance. É a página 1, do capítulo 1 da história da discografia dos Beatles tal como a conhecemos.

The Beatles - I Want to Hold Your Hand - Em fevereiro de 1964, há exatamente 50 anos, os Beatles, uma banda inglesa que poucos conheciam nos Estados Unidos chegou ao primeiro lugar da principal parada de sucessos americana, a Billboard, com o single "I Want To Hold Your Hand". Desde então o mundo musical jamais seria o mesmo. Nos anos seguintes os Beatles e outros conjuntos britânicos como os Rolling Stones tomariam de assalto todas as listas de mais vendidos, começando uma nova era que seria conhecida anos depois como "A Invasão Britânica"

I Want To Hold Your Hand (Lennon - McCartney) - Oh, yeah, I'll tell you something / I think you'll understand / When I say that something / I wanna hold your hand / I wanna hold your hand / I wanna hold your hand / Oh, please, say to me / You'll let me be your man / And, please, say to me / You'll let me hold your hand / Now let me hold your hand / I wanna hold your hand / And when I touch you I feel happy inside / It's such a feeling that my love / I can't hide, I can't hide, I can't hide / Yeah, you've got that something / I think you'll understand / When I'll say that something / I wanna hold your hand / I wanna hold your hand / I wanna hold your hand / And when I touch you I feel happy inside / It's such a feeling that my love / I can't hide, I can't hide, I can't hide / Yeah, you've got that something / I think you'll understand / When I'll feel that something / I wanna hold your hand / I wanna hold your hand / I wanna hold your hand.

O Beatle George - Relendo algumas antigas entrevistas de John Lennon eu pude constatar como ele, Lennon, via seu colega de banda, George Harrison. Para quem não sabe foi Paul que trouxe George para os Beatles. Eles moravam perto em Liverpool e o fato de que ambos gostavam muito de música os aproximou. Quando Paul entrou para o grupo de John esse lhe perguntou se ele não tinha ninguém para entrar na banda, já que os antigos membros tinham ido embora. Paul então levou George para conhecer John. A questão era que Harrison não passava de um adolescente ou nas palavras de John, "Um fedelho".

Harrison tinha pouco mais de quinze anos de idade e isso era demais para John que já havia terminado o ensino médio e estava frequentando uma escola de arte na cidade, onde obviamente todos eram bem mais velhos, fumavam, bebiam e se envolviam em confusões pelos bares da cidade. John de certo modo teria vergonha de ser visto ao lado de um garoto como George, que mal havia saído debaixo das saias da mãe. No primeiro encontro, por essas e outras razões, John recusou George no que viria a se tornar no futuro os Beatles. Paul porém tinha suas próprias ideias sobre Harrison. Achava que ele tocava bem, muito mais aliás do que Stu, o grande amigo de John, que apenas fingia tocar baixo. Assim depois de muita insistência, meio constrangido e quase sem ninguém para tocar em seu grupo musical, John acabou colocando aquele garoto para dentro de seu conjunto.

Essa postura de certa insegurança e subordinação dentro dos Beatles acabou acompanhando George pelo resto da carreira. Só quando os Beatles estavam prestes a se separar é que George finalmente desabrochou como grande compositor e criador de belas músicas como "Something" e "Here Comes The Sun". Na parte do tempo ele apenas se mostrava dentro dos estúdios Abbey Road como um competente guitarrista solo do grupo. Numa das entrevistas John Lennon, chateado com a biografia que George havia escrito, desabafou dizendo: "George vivia me seguindo por aí, como um garotinho que segue seu ídolo. Assim quando ele escreveu seu livro pensei que ele iria reconhecer tudo isso, mas não, ele praticamente não falou da minha influência sobre ele! Eu tinha muito trabalho com as minhas músicas e as de Paul, mas sempre achei espaço para ajudar nas canções de George como Taxman. Nunca pedi reconhecimento, mas ele parece que esqueceu tudo o que eu fiz por ele!"

Excessos de zelo por parte de John Lennon? Certamente. O fato é que George Harrison seguiu seu próprio caminho na carreira solo, sempre com dois gênios à sombra, tentando se firmar como artista completo, longe de Lennon e McCartney. Não foi algo fácil de alcançar. Todos os seus álbuns acabavam sendo comparados com os de John e Paul, algo que o irritava profundamente. Isso também fez com que George mantivesse um relacionamento conturbado com a imprensa de um modo em geral. Sua esquiva de dar entrevistas ou colaborar com os jornalistas lhe trouxe uma fama de tímido e introspectivo, culminando com o título de "O Beatle Quieto", algo que nem sempre lhe agradou.

Os Instrumentos dos Beatles - Essa excelente foto dos Beatles capturou para sempre a época em que eles, ainda jovens, conquistaram o mercado americano com sua música. Nesse tempo cada membro do conjunto tocava um instrumento específico. Paul McCartney era o mais eclético de todos. Além de tocar baixo, seu instrumento básico dentro dos Beatles, Paul ainda tocava piano, violão, guitarra e quando preciso, bateria. Dá para se ter uma ideia de como ele era mesmo  o multi instrumentista do quarteto de Liverpoo.

John Lennon, por outro, lado se concentrava em sua guitarra. Na capa do Please Please Me John era creditado como guitarrista líder, uma denominação de pouca importância. Na verdade ele tocava mesmo guitarra ritimica, ou seja, ele fazia a banda "pulsar" como ele afirmaria anos depois em uma entrevista. Raramente John tocava outros instrumentos, mas em várias ocasiões arriscava algumas notas no piano e órgão, esse último levado aos palcos algumas vezes (como no show do Shea Stadium). 

George Harrison também era guitarrista, mas cabia a ele fazer os solos das canções. Era considerado por John um instrumentista bem talentoso nesse aspecto. Assim se você ouvir um belo solo nos primeiros discos dos Beatles saiba que é George o responsável por eles. Por fim Ringo Starr se responsabilizava não apenas pela bateria, mas também por qualquer outro instrumento de percussão. Se era precisa qualquer tipo de tambor nos discos dos Beatles, lá estava Ringo para providenciar esse tipo de som.

John Lennon 1965
Foto tirada durante as filmagens de "Help" nos alpes. Como relembraria anos depois essa foi uma fase complicada na vida de John. Ele se sentia perdido, sem saber que rumo tomaria. Os Beatles, como grupo e como ideia, já não o atraía mais como antes. John pensava em tomar novos rumos em sua carreira como artista, mas ainda não sabia para onde ir. Ele tinha formação em artes, queria criar algo mais nesse sentido, porém os Beatles absorviam todo o seu tempo e toda a sua criatividade.

Também havia o problema das drogas. Em entrevista a uma revista americana durante os anos 70, John disse que os Beatles estavam usando muita droga nessa fase. "Mal tínhamos acordado e já estávamos fumando maconha. Na verdade o café da manhã dos Beatles era cocaína". Para Lennon todos estavam fora do controle, mas ele era o que mais parecia perdido. Engordando muito, usando muitas drogas, John confessou que a letra de "Help!" era bem coerente com o que ele estava passando na época. John estava literalmente pedindo socorro!

O Baixo de Paul McCartney
O primeiro instrumento musical da vida de Paul McCartney foi um piston dado por seu pai. Paul porém logo chegou na conclusão que até aprender a tocar o instrumento ele iria sofrer um bocado pois teria que passar por um período de endurecimento dos lábios. O pai de Paul tinha uma pequena banda de jazz. Não era algo profissional, mas sempre estavam se apresentando nos finais de semana em parques e pubs de Liverpool. Assim a música era algo tradicional dentro da família McCartney.

O Jazz porém era a música dos mais velhos. A moda entre os jovens era aprender violão e depois a guitarra. O rock americano estava nascendo e por essa razão o legal mesmo era ser guitarrista. Tocar rock! Paul não teve muitas dificuldades em aprender a tocar seu novo instrumento e com uma perseverança fora do normal se tornou um ótimo instrumentista. Nunca foi dos planos de Paul em se tornar o baixista dos Beatles. No começo ele era ao lado de John e George um dos guitarristas da banda. O problema é que Stuart Stutcliff, o baixista, simplesmente não sabia tocar direito. Assim quando ele foi embora sobrou para Paul tocar seu baixo Hoffner. E assim ele se tornou o baixista dos Beatles, muito embora fosse um ótimo guitarrista. 

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Mais Pesado que o Céu

Kurt Cobain teve uma vida curta. Ele sempre será lembrado por ter sido o criador do Nirvana, o grupo de punk que provavelmente foi o último suspiro do rock. Como artista sempre o considerei um ótimo músico, embora também tivesse reservas sobre algumas letras que escreveu. Deixa pra lá, isso não tem mais importância. Fazia parte de sua imagem de rebeldia juvenil. Como ser humano, aí sim havia uma situação bem complicada. Kurt sucumbiu ao mundo das drogas. Ele foi criado meio largado, com problemas em casa, pais se divorciando e se odiando, família disfuncional e todas aquelas coisas que seus fãs bem conhecem. Isso criou traumas e gatilhos emocionais em Cobain. Para superar essa carga pesada psicológica ele se refugiu nas drogas, em especial na heroína, que não perdoa, escraviza e mata todos os seus amantes.

De homeless, sem-teto, morador das ruas na cidade onde havia nascido, ele se tornou um milionário, rico e famoso com o Nirvana. Mas nada disso parece ter virado a chave de sua mente. Ele continuou, dentro de sua forma de pensar, como aquele garotinho que não conseguia aguentar ver os pais brigando o dia todo. E sua carga genética, seu DNA, com muitos antepassados que se mataram, não contribuía de forma positiva em nada para essa situação.

O fim veio no cano de uma espingarda colocada na boca. Seus miolos ficaram escorrendo na parede. Em um vaso de plantas vazio uma caneta segurava uma carta de suicídio endereçada ao seu amigo imaginário da infância. Em um texto confuso ele tentava explicar o inexplicável. Essa boa biografia, a melhor que eu já li sobre o Kurt Cobain, conta sua história, do nascimento ao tiro de misericórdia. Texto bem escrito, a leitura flui muito facilmente. Um retrato muito bom de um músico que passou a vida toda se sentindo muito mal.

Mais pesado que o céu: Uma biografia de Kurt Cobain (Heavier than heaven, Estados Unidos, 2001) Autor: Charles R. Cross / Tradução: Cid Knipel / Editora: Globo / Sinopse: Livro que conta a história do cantor e compositor americano Kurt Cobain, líder do grupo de punk rock Nirvana, falecido em abril de 1994, após cometer suícidio.

Pablo Aluísio.

Madonna - True Blue

Na década de 80 a Madonna atingiu seu auge de sucesso. Naqueles anos a música mundial era dividida em dois feudos básicos na categoria pop: um era do Michael Jackson, o outro de Madonna. Os fãs obviamente queriam que seus ídolos superassem o concorrente / rival. Dessa forma cada novo lançamento nas lojas era um verdadeiro evento da mídia. Assim foi com esse True Blue, um álbum da Madonna lançado bem no auge de seu sucesso absoluto nas paradas. Por essa época ela desenvolveu uma paixão avassaladora pelo mito de Marilyn Monroe e começou a incorporar aspectos da imagem da deusa do cinema em sua carreira. Pintou seus cabelos na cor da famosa atriz e até reproduziu a pintinha de Monroe no rosto. Teria Madonna ficado louca? Para completar ela ainda insistia em levar adiante seu relacionamento com o troglodita e espancador de Paparazzis Sean Penn, um sujeito nada simpático que naqueles anos ainda era apenas um ator marrento e com ares de brigador de rua (anos depois ele viraria um excelente diretor mostrando que nada melhor do que a idade para melhorar certas pessoas).

Pois bem, a obsessão de Madonna com Marilyn Monroe não se resumiu à imagem. Ela procurou trazer o espírito vintage do passado para sua música também. O maior exemplo é esse álbum "True Blue" que traz em certas músicas aquele sabor deliciosamente inocente das músicas das décadas de 50 e 60. Claro que revisto hoje em dia o som soa datado. Há exagero nos arranjos de sintetizadores (marca registrada da sonoridade da década de 80). Mesmo assim em termos de melodia temos que admitir que canções como "True Blue" (a bonita canção título) e "Jimmy, Jimmy" parecem provenientes dos anos dourados. Nesses anos é bom entender também que a carreira de Madonna era movida a polêmica e controvérsia, tudo para emplacar mais espaço na mídia. Assim esse álbum, mesmo sendo leve como é, também teve sua cota de brigas.

Como sempre Madonna escolhia seu saco de pancadas preferido: a Igreja Católica. A polêmica foi sobre o aborto. A música "Papa Don´t Preach" era um libero sobre a gravidez na adolescência (uma praga do mundo moderno) e a possibilidade dessas jovens terem direito a abortar. Claro que uma mensagem assim criou um rebuliço geral. Será que Madonna chegou mesmo a defender tal causa ou tudo não passou de mero marketing? Complicado saber o que pensava a loira platinada. O que sabemos porém é que a estratégia deu muito certo e o disco vendeu horrores, alcançando o primeiro lugar em praticamente todos os países ocidentais. Singles acompanharam o sucesso, tornando Madonna um fenômeno de vendas novamente. E o mundo mudou alguma coisa? Não, a Igreja Católica continua firmemente contra o aborto e o Sean Penn continuou distribuindo sopapos, inclusive na própria Madonna, mas essa é uma outra história!

Pablo Aluísio.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

The Beatles - I Call Your Name

The Beatles - I Call Your Name
Os Beatles (em especial John Lennon e Paul McCartney) tinham também a intenção de compor músicas para outros artistas. O próprio Paul havia declarado em entrevistas que quando o sucesso dos Beatles acabasse, ele poderia viver de vender suas composições para outros astros do momento (pois é, conforme o próprio John certa vez declarou, eles acreditavam que o sucesso dos Beatles iria durar, no máximo, cinco anos!). Assim John e Paul comporam "I Call Your Name" em 1963 e a venderam para o grupo The Dakotas gravar.

Quando pintou a ideia de gravar o EP (compacto duplo) "Long Tall Sally", John e Paul decidiram que havia chegado a hora dos Beatles gravarem sua versão da canção. Havia a necessidade de completar o compacto com mais uma música e eles não queriam colocar nenhuma das inéditas, que tinham reservado para o álbum que viria no natal. Assim decidiram fazer essa boa gravação dessa canção original. Na era do vinil essa música ficou anos fora de catálogo. Até porque o disquinho logo virou peça de colecionador. A EMI a colocou então como quarta música do lado B do álbum "The Beatles Rarities" nos anos 70. Finalmente depois achou o lugar ideal para a faixa na coletânea (essa sim, excelente) "Past Masters". Foi um belo resgate de uma gravação que estava perdida dentro da discografia dos Beatles.

Grupo: The Beatles
Música: I Call Your Name
Compositores: John Lennon / Paul McCartney
EP: Long Tall Sally
Selo: EMI Odeon
Ano de Lançamento: 11 de maio de 1964
Produção: George Martin

I Call Your Name
(Lennon / McCartney)

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Paul McCartney - O Grupo Wings

A primeira formação dos Wings durou pouco tempo. No começo da banda Paul teria dito aos demais membros do conjunto que todos teriam o mesmo peso nas decisões finais, mas isso jamais aconteceu. Paul já era dominador na época dos Beatles e não seria diferente agora. Ele logo impôs sua opinião pessoal aos demais músicos que na verdade eram apenas pessoas contratadas por Paul e não tinham nenhum poder de decisão nos discos e nos shows do Wings. Era pura ilusão pensar que Paul iria abrir mão do poder de mandar em todo mundo.

O primeiro a ir embora foi o guitarrista Henry McCullough. Ele se irritou com Paul por causa de certas decisões, como a de gravar e lançar em compacto a música infantil "Mary Had a Little Lamb". Depois se irritou ainda mais quando Paul decidiu que os Wings iriam cantar a canção em um programa de TV. "O que nós éramos? Uma banda de rock? Cantando música para crianças no horário nobre?" - perguntou o irritado McCullough para Paul. "Os Wings serão o que eu decidir o que eles serão" - respondeu Paul, já com tons de autoridade sobre todos os músicos do grupo.

As desavenças só pioraram com o tempo. Henry queria encaixar várias músicas compostas por ele no próximo disco dos Wings, mas Paul sem cerimônia vetou todas elas. Depois McCartney começou a implicar com seus solos de guitarra. "Faça melhor - faça algo que você nunca tenha feito antes" - disse. Era algo que já havia acontecido entre Paul e George na época dos Beatles. Depois disso McCullough decidiu que era hora de ir embora. "Um dia eu simplesmente peguei minha guitarra, subi na minha moto e fui embora para nunca mais voltar".

Outro que decidiu ir embora dos Wings foi o baterista Denny Seiwell, esse por motivos financeiros. Ele explicaria alguns meses depois o motivo de sua saída: "Paul pagava muito mal aos músicos. Eu não conseguia pagar meu aluguei e nem conseguia comprar um carro! Não dava mais para continuar. Como músico contratado de estúdio eu ganhava cinco vezes mais. Paul não tinha muitas noções das coisas. Ele achava que pagando poucas libras por mês nós conseguiríamos sobreviver em Londres! Nem pensar. Fui embora!". Assim os Wings ficaram restritos a um trio formado por Paul, sua esposa Linda e Denny Laine.

Pablo Aluísio.

George Harrison - Dark Horse

Por volta de 1974 George Harrison resolveu criar seu próprio selo ao qual chamou de Dark Horse. Ele não aguentava mais a Apple, seus problemas financeiros, seus processos judiciais sem fim e as brigas que giravam em torno do selo dos Beatles. Era demais para sua cabeça. A Apple era um desastre sem precedentes, mal administrada, mal gerida, com acusações de roubo para todos os lados, gastos com advogados, confusões jurídicas na Inglaterra e nos Estados Unidos. Nada poderia ser mais desastroso.

Com a Dark Horse George queria ter mais controle sobre suas músicas. Ele imediatamente gravou um disco, com o nome de seu novo selo musical, e saiu em turnê, fazendo vários shows ao vivo. O fantasma dos Beatles porém não pareciam deixar George em paz. Durante os concertos ele se recusou a cantar "Something" e outras canções do grupo e isso irritou os fãs e a crítica.

As coisas foram ficando mais tensas até que George perdeu a calma durante uma coletiva de imprensa. Cansado de tantas perguntas sobre a volta dos Beatles o sempre ponderado Harrison acabou perdendo sua paciência. Ele disse, em tom de raiva: "Eu não quero voltar a tocar com os Beatles. Eu nem acho que eles eram tão bons como dizem. Hoje em dia isso tudo é passado. Eu faria parte de qualquer grupo de rock com John Lennon, mas não com Paul McCartney. Não quero voltar a tocar com Paul! Os que querem a volta dos Beatles, por favor, comprem os discos dos Wings. Eu não quero voltar para o passado! Se vocês querem, o problema é de vocês!".

Paul reagiu às criticas de George e disse que não concordava com ele. "Os Beatles não eram ruins, como George quis dizer, eles não eram apenas muito bons, eles eram excelentes!". A turnê continuou e George foi alvo de novas críticas. Ele foi criticado por insistir demais na doutrinação de sua religião em suas apresentações, trocando as letras originais, colocando mensagens da religião oriental que seguia. As pessoas queriam se divertir, não ver um sujeito querendo impor sua visão religião aos outros. Ninguém queria ouvir sermões. George estava ficando chato demais para a maioria do público. Também colocava músicos indianos para abrir suas apresentações. Esses shows de abertura eram longos e aborrecidos para o público ocidental. A má receptividade irritou ainda mais George. Ele queria todos na sua onda de Hare Krishna, mas ninguém parecia disposto a embarcar em suas egotrips religiosas.

Pablo Aluísio.

domingo, 11 de setembro de 2011

David Bowie

Eu nunca gostei muito do David Bowie. Uma coisa é admitir a importância de um artista dentro da música internacional. Outra coisa é se tornar fã, comprar discos, etc. Pessoalmente eu não deixei de reconhecer a importância do Bowie, porém nunca consegui gostar de sua música. Nunca fui de entrar numa loja de discos atrás de algum álbum do Bowie para comprar...

Eu não sou da época do auge da carreira do Bowie. Quando fui saber de sua existência ele já estava em sua fase anos 80, que para muitos, é um momento pouco inspirado de sua carreira, onde ele se rendeu demais aos aspectos mais comerciais das gravadoras. Sobre isso não vou opinar, afinal nunca cheguei mesmo a acompanhar sua discografia. Aliás do pouco que ouvi (e não gostei muito) pouca coisa sobreviveu. Lembro do clip que ele fez ao lado do Mick Jagger e de sua peruca no filme "Labirinto". Acredito que sejam dois dos mais manjados momentos de sua vida artística dos 80´s.

De uma coisa posso afirmar com certeza. Ele nunca foi muito popular no Brasil. Eventualmente (muito eventualmente) o Bowie emplacava algum hit nas rádios brasileiras. Seus discos também não vendiam muito por aqui. Sua imagem mais andrógina realmente não conquistou muitos admiradores na terra brasilis. Claro, sempre há o nicho de fãs, isso acontece com todos os grandes nomes da música, mas mesmo esse grupo penso ser bem minoritário aqui em nosso país.

De qualquer forma a principal razão de nunca ter gostado da música do David Bowie foi mesmo o tal gosto pessoal. Sim, já ouvi muitos de seus mais famosos discos, mas não dá liga, não criou empatia comigo. Geralmente chegava no fim do Lado B já com cansaço e tédio. Em muitos aspectos o Bowie dava muito mais valor ao aspecto estético de sua imagem do que à beleza de suas melodias. Como não consigo ser fã de um artista que muitas vezes tem mais pose do que notas musicais acabei me tornando um "não fã", alguém que olha de longe e diz "OK!" sobre algum LP que ouviu, mas sem nunca ter tido vontade de comprar um título com seu nome estampado na capa...

Pablo Aluísio.

Little Richard

Little Richard foi um nome importante no surgimento do rock ´n´roll. Alguns disseram agora, com sua morte, que ele foi um dos nomes fundamentais no surgimento nesse novo gênero musical, que o rock simplesmente não existiria sem ele. Littler Richard teria sido um dos criadores do rock tal como conhecemos.

Não desmerecendo a importância dele como artista, as coisas não são bem assim. O próprio Little Richard sequer considerava o rock como algo novo, que havia sido inventado. Ele costumava dizer que aquilo que passou a ser chamado de rock nada mais era do que o bom e velho conhecido Rhythm and blues. E de certa foram ele tinha uma dose de razão.Os novos artistas jovens apenas aceleraram ainda mais aquela vertente do Blues e nesse processo criaram uma nova linguagem musical. Porém ser considerado o inventor do rock era algo sem sentido, segundo a própria opinião de Richard.

Expulso de casa aos 14 anos, após ser acusado de ser homossexual pelo pai, Richard Wayne Penniman (seu nome real) pegou a estrada e foi viver por conta própria. Imagine ser um negro pobre, homossexual e sem trabalho naqueles anos. Pior ainda, ser uma pessoa nessa situação no sul, a região mais racista dos Estados Unidos. Ele porém era lutador e viveu de pequenos trabalhos (como lavador de pratos) por anos. Ganhando sua sobrevivência na luta do dia a dia foi melhorando na música, estudou piano e mais tarde conseguiu viver da arte.

O surgimento daquele novo estilo, que os radialistas associavam a uma rocha (rock), por causa da pegada forte do ritmo, foi sua salvação pessoal. Dono de um timbre de voz único, inimitável, Little Richard começou a fazer sucesso com músicas como "Tutti Frutti", “Long Tall Sally”, “Rip It Up” e “Good Golly Miss Molly”. Foi justamente nessa fase que ele encontrou o auge comercial de toda a sua carreira. Sua melhor fase foi na gravadora RCA, onde gravou seus maiores e mais lembrados hits. Curiosamente na virada da década de 1950 para 1960 ele passou por uma fase de fervor religioso, largando o rock para se dedicar completamente à religião. Virou um cantor de música religiosa e saiu do foco da parada de sucessos que ele vinha frequentando. Uma opção pessoal dele. De qualquer forma aqueles poucos anos de sucesso, entre 1956 a 1959 o imortalizaram para sempre na história da música, fazendo com que ele jamais seja esquecido.

Pablo Aluísio.