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segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Globo de Ouro: A Vitória de Fernanda Torres

Que maravilha! Ontem a talentosa Fernanda Torres venceu o Globo de Ouro de Melhor atriz em uma noite histórica do cinema brasileiro. Não foi pouca coisa! O Globo de Ouro é uma das premiações mais importantes do cinema mundial. Vencer um prêmio como esse, com um filme falado em língua portuguesa, em uma história muito brasileira, embora com temas universais, realmente é algo que será lembrado nos próximos anos, pode ter certeza disso. 

E não foi a importância apenas do prêmio dado a Fernanda Torres. Um prêmio mais do que merecido, mas também pela história que o filme conta e a sua importância para o momento em que vivemos hoje. A história de uma mãe tentando levar sua família em frente, após o marido ser morto pela ditadura militar brasieira, tem contornos simbólicos que não podem ser ignorados!

Existe, ainda hoje, pessoas que defendem uma ditadura violenta, sanguinária, criminosa e repleta de brutalidades como a que vemos na história desse filme. Esse grupo asqueroso, seja por ignorância histórica, seja por perversidade ou por psicopatia mesmo, acampou em volta de quartéis pedindo a volta da Ditadura. Gente que simplesmente não presta! Felizmente estão presos, embora os principais mentores ainda não estejam condenados. Espero que em breve todos sejam punidos com o rigor da lei que merecem. 

Assim temos um filme importante, simbólico da luta contra regimes violentos e autoritários, com um elenco maravilhoso em cena, sendo premiado. O prêmio de Fernada Torres não se limita a ela, como grande profissional que sempre foi, mas também a todos os brasileiros que lutam por nossa democracia e liberdade. E essa é uma luta que ainda não terminou. Parabéns Fernada Torres, você nos representa e muito nesse momento de vitória! 

Pablo Aluísio. 

Os Filmes de Marlon Brando - Parte 1

Espíritos Indômitos
Ken Wilocek (Marlon Brando) é um jovem que se alista no exército dos Estados Unidos. Uma vez no front é seriamente ferido com um tiro. Quando é tratado descobre a terrível realidade, pois o tiro fez com que perdesse os movimentos de sua pernas. Nessa nova condição tenta recomeçar sua vida, apesar de todas as dificuldades físicas e psicológicas que precisará enfrentar. 

Esse foi o primeiro filme da carreira do ator Marlon Brando no cinema. E sua estreia se deu em grande estilo. Dirigido pelo ótimo cineasta Fred Zinnemann, o personagem de Brando dava voz a milhares de de veteranos que iam para a guerra e voltavam para sua pátria com problemas físicos graves. Alguns ficavam presos em cadeiras de rodas pelo resto de suas vidas. Era sem dúvida um tema muito humano, importante e relevante, em uma época em que Hollywood retratava os soldados apenas como heróis de guerra em filmes que muitas vezes fantasiava o que acontecia de verdade em um campo de batalha. 

E muitos desses homens que voltavam com sequelas eram abandonados pelo próprio governo e pelo exército. Brando, que sempre teve grande sensibilidade social, conviveu e contracenou com veteranos reais, que estavam vivendo em cadeiras de rodas. Uma experiência que o marcou por toda a vida. E o filme em si é considerado até hoje uma obra-prima da sétima arte. Um retrato visceral dos danos que uma guerra poderia causar em jovens com toda uma vida pela frente, agora limitados por ferimentos de combate.

Espíritos Indômitos (The Men, Estados Unidos, 1950) Estúdio: United Artists / Direção: Fred Zinnemann / Roteiro: Carl Foreman / Elenco: Marlon Brando, Teresa Wright, Everett Sloane, Jack Webb, Richard Erdman, Arthur Jurado  / Sinopse: O filme mostra o drama de jovens soldados que retornam mutiliados de guerra. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor roteiro (Carl Foreman).
 
Uma Rua Chamada Pecado
Passados mais de setenta anos, o longa "Uma Rua Chamada Pecado" (A Streetcar Named Desire - 1951) ainda mantém no ar e intactos, alguns dos sentimentos mais básicos e primários do Homem: sexo, violência e desejo. Mesmo na época de seu lançamento, e a pedido da Warner - que se via pressionada pela censura - o filme sofreu cortes generosos, para desespero de seu diretor, Elia Kazan, que lutou até o fim para que sua obra-prima não sofresse os cortes já determinados pelos "abutres da censura". Não teve jeito, Kazan foi derrotado. Durante muitos anos (até 1993), o filme foi exibido e comercializado com cinco minutos a menos que faziam total diferença no conjunto da obra. No Brasil não foi diferente. O que poderia ser literalmente traduzido para o português, como: "Um Bonde Chamado Desejo", de repente transformou-se em, "Uma Rua Chamada Pecado". Ou seja: a censura não via com bons olhos a palavra DESEJO. Realmente inacreditável, além de lamentável.

Baseado na obra premiada do dramaturgo americano Thomas Lanier Williams ou simplesmente, Tennessee Williams, a obra trata de um redemoinho alucinante de sentimentos. Tudo começa quando Blanche Du Bois (Vivien Leigh), uma professorinha de alma delicada e decadente do Mississipi, vai passar alguns dias com sua irmã Stella (Kim Hunter), e o cunhado Stanley Kowalski (Marlon Brando) em Nova Orleans. Frágil e sedutora, seu comportamento contrasta com os modos rudes e animalescos de Kowalski. A visita de poucos dias parece não ter mais fim, pois o esforço de Blanche, forçando uma convivência pacífica, irrita profundamente Kowalski que aos poucos vai se transformando numa fera. O pequeno apartamento parece ficar menor a cada minuto, sufocante, claustrofóbico. Uma panela de pressão a ponto de explodir. É justamente toda essa atmosfera, que pôs Marlon Brando em evidência para o mundo. Mal ele podia imaginar que sua atuação como Stanley Kowalski, o tornaria uma espécie de marco fundamental. Um divisor de águas entre o cinema pré e pós Marlon Brando. Ou seja: o cinema, mas, principalmente, os atores que vieram posteriormente, não seriam mais os mesmos.

A influência dos chamados "monstros sagrados" do Actor's Studios, entraria como um vírus, para sempre em suas veias. Brando, na pele do animalesco Kowalski, consegue manifestar toda a sua capacidade interpretativa e criativa. Numa completa desambiguidade o organismo Brando-Kowalski é um corpo incandescente que se move lentamente, com olhos injetados de um animal, transpirando suor, ódio e testosterona, quase sempre na mesma medida. Em uma leitura personalíssima e explosiva da obra, Brando se entrega de corpo e alma a um personagem de maldade e furor acachapantes. Sua atuação majestosa é o que Roland Barthes chamava de "quantificação da qualidade" - "pouco interessa o que se fala, o que interessa mesmo é o suor, o grito, o medo e o ódio". Parece que Uma Rua Chamada Pecado foi feita na medida certa para transformar-se depois num réquiem eterno para o genial Marlon Brando. Nota 10.

Uma Rua Chamada Pecado (A Streetcar Named Desire, EUA, 1951) Direção: Elia Kazan / Roteiro: Oscar Saul baseado na peça de Tennessee Williams / Elenco: Vivien Leigh, Marlon Brando, Kim Hunter,Karl Malden / Sinopse: Blanche (Vivien Leigh) uma problemática mulher resolve ir visitar sua irmã Stella (Kim Hunter) em New Orleans. Lá conhece Stanley (Marlon Brando) o rude e provocativo cunhado. Não tarda a se instalar um clima de tensão entre todos os moradores daquele pequeno apartamento. Texto escrito por Telmo Jr e Pablo Aluísio. 
 
Viva Zapata!
Cinebiografia do revolucionário mexicano  Emiliano Zapata (1879 - 1919). Filho de uma família rica no México, Zapata liderou a nação na revolução mexicana de 1910 que tencionava devolver o poder ao povo daquele país. Com o descontentamento crescente da população com sua classe política e corrupta, Zapata de posse de uma retórica populista conseguiu formar um grande exército que lutou ao seu lado. Filmar a vida de Zapata era um velho projeto de Elia Kazan. Ele próprio era uma pessoa com uma visão de esquerda (que seria manchada após ser acusado de entregar seus amigos do Partido Comunista). Assim era natural que Kazan quisesse fazer o filme definitivo sobre o revolucionário. Não foi nada fácil. Poucos produtores tinham coragem de filmar a vida desse personagem histórico mexicano com receio de ser acusado de ser socialista, o que poderia transformar em um inferno a vida de qualquer um em Hollywood na década de 1950. Kazan porém não desistia fácil e realizou um belo filme.

"Viva Zapata" resistiu bem ao tempo, isso apesar de cometer alguns clichês em seu roteiro (fato que se pode perdoar porque afinal estamos falando de um filme que foi feito há mais de 60 anos). O Zapata de Marlon Brando é bem romantizado por isso, embora a caracterização do ator seja muito boa, mostrando um personagem bem verossímil e que ficou bem próximo da realidade: um homem de pouca cultura (era analfabeto), brutalizado e de poucas palavras, mas muita ação. Brando inclusive deixou crescer um enorme bigode ao estilo do verdadeiro Zapata, mas teve que aparar seu vasto bigodão por ordens do estúdio que o achou muito exagerado (o que poderia fazer a plateia rir dele, levando o filme ao ridículo). Mesmo sob protestos o bom senso prevaleceu e Brando fez o que foi determinado pelo estúdio. A atriz Jean Peters era fraca (só entrou no filme por influência de seu namorado, o milionário excêntrico Howard Hughes que literalmente a escalou no filme). Nas cenas mais dramáticas ao lado de Brando a situação fica um tanto constrangedora para o lado dela (que afinal só era uma starlet, bonita e nada mais). O filme também quase não saiu do papel. O produtor Zanuck não queria Brando para o papel e entrou com confronto direto com Kazan que não abria mão do ator. Zanuck ainda brigou com Kazan por causa da maquiagem "muito escura" que foi realizada em cima de Jean Peters. Como se vê ele era um produtor muito poderoso que procurava se meter em cada detalhe dos filmes que produzia o que irritava profundamente Kazan, sempre muito independente e cioso de seu trabalho.

Além disso o filme não pôde ser rodado no México por expressa proibição do governo daquele país que achou o roteiro "inaceitável". As filmagens então foram realizadas no Novo México, no Colorado e no Texas. As condições não eram as ideais e o custo de se "maquiar" essas localidades para parecerem o México inflaram o orçamento. Lá pelo meio do filme Brando também foi perdendo o interesse ao entender que "Viva Zapata!" faria várias concessões para se enquadrar no estilo de Hollywood. Mesmo com tantos problemas "Viva Zapata" resistiu e hoje em dia é considerado um clássico, sem a menor sombra de dúvidas. Além da direção de alto nível por parte de Kazan o filme acabou ganhando muito também com a presença de Anthony Quinn no papel do irmão de Zapata. Enfim é um dos mais interessantes filmes da carreira de Brando e Kazan, o que não é pouca coisa. "Viva Zapata!" assim se torna essencial para quem deseja conhecer a obra de Elias Kazan e Marlon Brando em sua plenitude criativa.

Viva Zapata! (Viva Zapata!, EUA, 1952) Direção: Elia Kazan / Roteiro: John Steinbeck / Elenco: Marlon Brando, Jean Peters, Anthony Quinn, Joseph Wiseman, Alan Reed / Sinopse: Cinebiografia do líder revolucionário Emiliano Zapata (Marlon Brando) que em 1910 promoveu uma grande revolução no Estado do México visando devolver o poder político ao povo daquele país, que estava cansado de sua classe política corrupta e inepta. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor ator coadjuvante (Anthony Quinn). Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Marlon Brando), melhor roteiro (John Steinbeck), melhor direção de arte, melhor música (Alex North).

Júlio César
Em sua autobiografia Marlon Brando tirou duas conclusões sobre o filme “Júlio César”. A primeira foi que ele era ainda muito jovem e inexperiente para assumir um papel tão complexo em um texto tão rico (e muito fiel ao original escrito por William Shakespeare). O ator ficou inseguro durante as filmagens, também pudera, rodeado de monstros da arte de interpretação, Brando teve que se esforçar muito mais do que o habitual para não só decorar o rebuscado texto como também compreender o que ele significava. A segunda conclusão que Brando chegou é a de que filmes assim não encontram muita recepção e ressonância entre a cultura americana que em essência é a cultura do chiclete e da Coca-Cola, uma cultura que nem chega perto da milenar cultura europeia do qual provém essa maravilhosa peça.

Durante a exibição do filme fiquei pensando na opinião do ator e cheguei na conclusão pessoal de que ele estava certo apenas em termos. Realmente o ator está muito jovem, até inexperiente, para recitar Shakespeare. Atores ingleses obviamente se saem melhor nesse aspecto. Porém é impossível não reconhecer seu talento em duas grandes cenas do filme. A primeira ocorre quando Marco Antônio (Brando) encontra o corpo esfaqueado de César no senado. Se nos primeiros minutos de filme ele está em segundo plano aqui nesse momento assume posição de destaque no desenrolar dos acontecimentos. A segunda grande cena do ator no filme surge depois quando ele discursa para a multidão. Levando o corpo de César nos braços ele joga com as palavras de forma maravilhosa. Essa segunda cena é seguramente um dos maiores momentos de Brando no cinema. Esqueça seus famosos resmungos, aqui ele surge com uma dicção perfeita e uma oratória ímpar (mostrando que sua passagem pelo Actors Studio não foi em vão). Com pleno domínio ele instiga o povo contra os senadores que mataram César. Brando está perfeito no discurso, em um momento realmente de arrepiar.

Sobre o segundo aspecto realmente devo dar razão à opinião do ator. O público americano provavelmente estranhou a forma do filme. A cultura americana (e a nossa, diga-se de passagem) não abre muitas brechas para um texto tão bem escrito e profundo como esse. Os diálogos são declamados com grande eloqüência, por maravilhosos atores. O texto obviamente é riquíssimo em todos os sentidos e ao final de cada grande diálogo o espectador mais atento certamente ficará impressionado pela grandeza que a palavra escrita alcançava nas mãos de Shakespeare. Por se tratar de tão culto autor o filme exige uma certa erudição do público.

O espectador deve entender principalmente o contexto histórico do que se passa na tela (o fim da República Romana e o surgimento do Império). Deve também entender que Brutus (brilhantemente interpretado por James Mason) não é um vilão em cena mas sim um cidadão romano que acreditava no sistema político de então. Aliás é bom frisar que o tempo acabaria de certa forma dando razão a ele e aos senadores que mataram César. Os ideais republicanos de Roma tiveram muito mais influência nos séculos seguintes do que o arcaico e corrupto sistema que foi implantado pelos imperadores que iriam suceder César no poder. O legado do Império acabou mas as fundações do republicanismo que tanto foram defendidas por Brutus seguem firme até os dias de hoje. Enfim, Júlio César é um excelente filme, uma aula de cultura em todos os aspectos. Brando não está menos do que magnífico, apesar de ter ficado inseguro no resultado final. Em tempos de baixa cultura em que vivemos “Júlio César” é não menos do que obrigatório.

Júlio César (Julius Caesar, Estados Unidos, 1953) Diretor: Joseph L. Mankiewicz / Roteiro: Joseph L. Mankiewicz baseado na obra de William Shakespeare / Elenco: Marlon Brando, James Mason, John Gielgud, Deborah Kerr, Alan Napier./ Sinopse: Júlio César (Louis Calhern) é um habilitoso político e general romano que é assassinado no senado nos idos de março. Após sua morte duas facções se formam, os que querem a morte dos assassinos liderados por Marco Antônio (Marlon Brando) e Otáviano e os que comemoram sua morte liderados por Brutus (James Mason) e Cícero (Alan Napier). O palco da guerra civil está armado.

O Selvagem
Se James Dean representava o jovem encucado e confuso em seus filmes, Marlon Brando em "O Selvagem" representou o outro lado da moeda, a do jovem que não se intimidava e junto aos amigos formava uma gangue de motocicletas para aterrorizar as pequenas cidades do meio oeste americano. O personagem dele nesse filme acabou gerando uma repercussão tão grande entre os jovens que espantou não só Brando como os próprios produtores do filme. Embora esse tipo de grupo fosse bastante comum em poucos lugares da Califórnia, após o filme ser exibido as gangues proliferaram por todo o país em um ritmo assombroso. A influência chegou até no Brasil quando também foram formados grupos como o do filme. De repente andar de moto em couro preto virou moda da noite para o dia. 

Algumas alterações de última hora acabaram irritando o ator, inclusive a inserção de um tedioso aviso advertindo aos jovens dos perigos de se envolver com tais grupos. Na realidade os produtores sofreram pressão por grupos conservadores e no meio do clima paranóico que existia na década de 1950 resolveram colocar a advertência fora de propósito. Marlon achou aquilo de uma caretice sem tamanho. Ele adorava motos e desde seus primeiros dias em Nova Iorque adotou o veículo como o seu preferido, conhecia vários motoqueiros e achava o cúmulo da moralidade e estupidez associar motos imediatamente à deliquência juvenil.

Isso não adiantou muito. Assim que o filme foi lançado Brando logo foi acusado de incentivador da delinquência juvenil, de servir de mal exemplo para os jovens americanos. Em sua autobiografia o ator dedicou alguns capítulos ao filme. Na realidade ele nem mesmo achou o filme grande coisa, o considerou curto demais, violento e sem muito propósito, mas se confessava totalmente surpreso com toda a repercussão que "O Selvagem" alcançou dentro da cultura pop nos anos seguintes. O fato é que sua imagem de "motoqueiro de jaqueta negra" invadiu o inconsciente coletivo e ainda hoje é marca registrada de qualquer jovem "rebelde" que se preze. Até mesmo o jovem aspirante a ator, James Dean, apareceu na frente de Brando completamente vestido de seu personagem nesse filme. 

Marlon obviamente ficou espantado pois compreendeu que Dean realmente associava o personagem do motoqueiro com o próprio estilo de vida dele, o que era uma grande bobagem pois Marlon nunca fez parte de gangue nenhuma durante toda a sua vida. Dean queria encontrar uma forma de identificação com seu maior ídolo e por isso se vestiu de Johnny, o motoqueiro, ao se encontrar com Marlon. Brando não gostou muito e o dispensou discretamente. Ao longo dos anos Brando se veria perseguido por essa imagem, jamais conseguindo se livrar dela. Ele deveria ter entendido que algumas imagens ganham vida própria e sobrevivem a tudo, até mesmo ao tempo. Brando em sua moto aterrorizando uma cidadezinha qualquer perdida dos EUA é uma dessas imagens que ficaram cravadas para sempre na mente dos cinéfilos. "O Selvagem" é realmente um filme apenas mediano mas como produto pop jamais poderá ser subestimado. É um marco absoluto dos chamados "anos dourados". Simplesmente definitivo.

O Selvagem (The Wild One, Estados Unidos, 1953) Direção. Laslo Benedek / Roteiro: John Paxton, Frank Rooney / Elenco: Marlon Brando, Mary Murphy, Robert Keith / Sinopse: Johnny (Marlon Brando) chega numa pacata cidadezinha com sua gangue de motoqueiros de couro preto. Na localidade conhece a linda Kathie (Mary Murphy) com quem simpatiza ao mesmo tempo em que tem que lidar com um grupo rival de rebeldes motorizados.

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de janeiro de 2025

Oasis - (What's the Story) Morning Glory?

Oasis - (What's the Story) Morning Glory?
O Oasis vai voltar! Essa semana os irmãos anunciaram oficialmente a volta da banda depois de muitos anos separada. Bem, como dizia ironicamente a Rita Lee, quando essas velhas bandas voltam só há duas coisas a explicar: Ou estavam sem dinheiro ou então tinham muita cara de pau. No caso do Oasis penso que foram as duas alternativas. Os irmãos passaram anos ofendendo uns aos outros, não havia qualquer possibilidade de volta, segundo eles, mas aí já sabe... Estão mais velhos, as carreiras solos nunca decolaram direito, então o jeito foi mesmo se curvar às circunstâncias. Engoliram o orgulho e decidiram voltar, só não se sabe até quando, porque ninguém nega que há muito ódio entre eles. 

Pois bem, voltando no tempo que o Oasis era de fato um dos melhore grupos de rock (ou de Britpop, como queira) de seu tempo, temos esse segundo álbum da banda. Para muitos foi o melhor e definitivo trabalho deles. Também foi o que mais alcançou sucesso nas paradas e isso definitivamente é algo inegável. O complexo de Beatles estava em cada faixa, mas eles já começavam a trilhar caminhos próprios. É um disco que gosto muito, embora tenha que reconhecer que de fato o excesso de sucesso o tenha deixado um tanto saturado com o passar dos anos. De qualquer forma, para muita gente, esse é o álbum definitivo do Oasis para se ter na coleção, de todo jeito. 

Oasis - (What's the Story) Morning Glory? (1999)
Hello
Roll with It
Wonderwall
Don't Look Back in Anger
Hey Now!
The Swamp Song, Excerpt 
Some Might Say
Cast No Shadow
She's Electric
Morning Glory
The Swamp Song, Excerpt 2
Champagne Supernova

Pablo Aluísio. 

Stereophonics - Performance and Cocktails

Stereophonics - Performance and Cocktails
Esse foi o segundo álbum da banda inglesa Stereophonics. Esse disco tem um sabor de nostalgia em meu caso particular porque quando ele foi lançado e estourou nas paradas de sucesso das ilhas britânicas, eu me encontrava em Londres por questões profissionais. Então era mesmo o som que estava no ar na época, tocando nas rádios, nos pubs, em todos os lugares. E o som do grupo estava mesmo alcançando uma maturidade incrível para músicos tão jovens, ainda tentando encontrar um caminho sonoro para se seguir. Eu atribuo esse profissionalismo de certo modo precoce aos produtores Steve Bush e Marshall Bird que sem dúvida fizeram um excelente trabalho. Basta ouvir a sonoridade do álbum para bem perceber isso. 

Outro aspecto digno de nota vem da capa. A foto usada mostra um casal se beijando no lado de fora de uma das prisões de segurança máxima da Inglaterra. É uma foto jornalística que realmente chama a atenção não apenas pela espontaneidade do momento, mas também pelo simbolismo. A garota parece ter o olhar perdido, um tanto melancólico. Na época eu interpretei esse beijo como o último dado antes de seu namorado entrar na prisão. O beijo de despedida de um relacionamento que parece fadado ao fracasso em pouco tempo. Enfim, mais um detalhe dentro desse que é um dos meus discos preferidos do Britpop. 

Stereophonics - Performance and Cocktails (1999)
Roll Up and Shine
The Bartender and the Thief
Hurry Up and Waitde
Pick a Part That's New
Just Looking
Half the Lies You Tell Ain't True
I Wouldn't Believe Your Radio
T-Shirt Sun Tan
Is Yesterday, Tomorrow, Today?
A Minute Longer
She Takes Her Clothes Off
Plastic California
I Stopped to Fill My Car Up

Pablo Aluísio.

sábado, 4 de janeiro de 2025

O Robô Selvagem

Título no Brasil: O Robô Selvagem 
Título Original: The Wild Robot
Ano de Lançamento: 2024
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks
Direção: Chris Sanders
Roteiro: Chris Sanders, Peter Brown
Elenco: Lupita Nyong'o, Pedro Pascal, Bill Nighy

Sinopse:
Roz, uma robô de alta tecnologia, acaba indo parar no meio de uma floresta. Seu programa a leva a tentar entrar em contato com sua companhia industrial, mas aos poucos, conhecendo os animais que ali vivem, ela vai desenvolvendo sentimentos muito humanos, inclusive em relação a um filhote perdido de uma ave. 
 
Comentários:
Essa animação me lembrou muito de Wall-E. E aqui eu deixo a indicação dessa animação pioneira que eu considero até hoje uma das melhores já feitas nos últimos anos. Claramente esse Robô Selvagem não é tão maravilhoso como Wall-E, mas tampouco é um filme ruim, muito pelo contrário. Eu particularmente gostei muito! Em temos tão desastrosos, onde as pessoas parecem que perderam a sensibilidade e a empatia com o próximo, um roteiro como esse, que valoriza os bons sentimentos do ser humano, deve ser elogiado sempre que possível. O que se sobrepõe na história é justamente esse humanismo que certamente fará essa animação ser lembrada nos anos que virão. Uma animação com coração, algo bem raro de encontrar nos dias de hoje. 

Pablo Aluísio.

Homem-Aranha: Através do Aranhaverso

Título no Brasil: Homem-Aranha: Através do Aranhaverso 
Título Original: Spider-Man: Across the Spider-Verse
Ano de Lançamento: 2023
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Joaquim Dos Santos, Kemp Powers
Roteiro: Phil Lord, Christopher Miller
Elenco: Shameik Moore, Hailee Steinfeld, Brian Tyree Henry

Sinopse:
O jovem Homem-Aranha latino Miles Morales tem um novo desafio quando sua amiga (e paixão platônica) Gwen Stacy retorna a Nova Iorque para lhe reencontrar. Há um novo e estranho vilão agindo, um tipo que passeia por mundos paralelos, causando caos e terror em todos eles! Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Animação. 

Comentários:
Tecnicamente essa animação é perfeita. Para quem aprecia os diversos estilos, traços e formas de animações, não haverá nada melhor para ver. Só que isso não basta. Eu vi vários problemas por aqui. Primeiro de tudo, é uma animação de duração muito longa. Será que uma criança vai manter o foco por mais de duas horas e meia? Nos tempos de mundo digital que vivemos, duvido muito! Para piorar, depois de tanto tempo a história é simplesmente inconclusiva! Isso mesmo, você ficará um tempão assistindo a essa animação para no final a história não terminar, passando a bola para o filme seguinte! Eu pessoalmente me senti enganado! Terminem a história, afinal o Homem-Aranha não é Shakespeare! Basta vencer o vilão e estamos quites, prontos para a próxima. Agora, deixar tudo sem terminar, aí já vejo pura má-fé dos produtores. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Alexandre - O Nascimento de um Deus

Alexandre - O Nascimento de um Deus 
Essa série esta disponível na Netflix. Sobre ela tenho algumas considerações. Não adianta fazer um filme ou uma série sobre um personagem tão grandioso como Alexandre da Macedônia se não tiver o devido orçamento. Fica feio fazer sem o dinheiro necessário para a produção. A história de Alexandre é a história de grandes batalhas, milhares de figurantes ou pelo menos o melhor que a computação gráfica tem a oferecer. E foi justamente esse o problema que vi aqui nessa minissérie documental. 

Não tem orçamento. Essa é a verdade. As batalhas são muito pobres, mal feitas. Os atores que fazem as cenas - enquanto historiadores comentam - tampouco empolgam. Tudo parece feito meio ao acaso. Não tem aquele estilo épico que somos acostumados a ver. Claro que o roteiro é historicamente preciso, mas isso é o mínimo que se espera de um programa que tem historiadores na equipe. Na questão grandiosidade, infelizmente, esse Alexandre passou longe de ser grande!

Alexandre - O Nascimento de um Deus (Alexander: The Making of a God, Estados Unidos, 2024) Direção: Hugh Ballantyne / Roteiro: Christopher Bell / Elenco: Buck Braithwaite, Mido Hamada / Sinopse: Minissérie sobre o personagem histórico Alexandree, o Grande. Disponível na Netflix. 

Pablo Aluísio.

Raël: O Último Profeta

Raël: O Último Profeta
Essa minissérie que está na grade da Netflix mostra esse sujeito bem esquisito. Um francês malucão que fundou uma seita. Ele afirma que foi visitado por uma raça de ETs. Eles então lhe ensinaram a doutrina de sua nova religião. Raël logo escreveu o seu livro com esses ensinamentos e adivinha o que aconteceu... Pois é, o tal Raël ganhou um monte de seguidores fanáticos que passaram a lhe seguir pelo mundo afora. 

Ele mudou de países várias vezes porque o tal sujeito foi acusado de vários crimes por onde passou. Disseram que ele abusava das mulheres da seita e que ficava com os bens e dinheiro dos seguidores masculinos. Ora, e qual seria a surpresa de algo assim? Essa gente não conhece como funciona uma seita de verdade? E nessa linha mesmo, o líder fica com as bonitonas de seu rebanho e com o dinheiro dos homens que o seguem...

Como dizia o Bezerra da Silva, todo dia sai um Mané e um malandro de suas casas. Quando os dois se encontram sai negócio. E o negócio das seitas é muito lucrativo, como bem podemos ver por aqui. O Raël ganhou sexo grátis com várias mulheres bonitas de miolo mole e ainda pegou a grana toda dos maridões. Lembrou do Mané e do Malandro? Pois é meus caros... O mundo é dos espertos...

E não parou por aí. O tal Raël ganhou notoriedade mundial ao afirmar que havia criado um clone humano na sua seita. Claro, tudo mentira, mas ele faturou muito com a história. Mais gente passou a lhe seguir, mais gostosas para ele ter em sua cama, e mais bobões para dar o dinheiro para ele. Olha, depois de assistir a essa minissérie perdi a fé na inteligência da humanidade. Como tem gente burra nesse mundo...

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

SWAT - Segunda Temporada

SWAT - Segunda Temporada 
A segunda temporada dessa série policial segue as diretrizes básicas da primeira temporada. Essa é uma daquelas séries produzidas com temporadas de muitos episódios que são exibidos na TV aberta nos Estados Unidos e depois vão compor as grades de programação de canais a cabo por anos. Embora haja uma linha narrativa básica os episódios podem ser assistidos de forma independente e sem seguir uma ordem cronológica. É feito justamente para isso, para encher a programação dos canais da TV a cabo sem que o espectador fique preso a uma história central. 

Aqui na segunda temporada, temos que reconhecer, houve um capricho maior no desenvolvimento dos personagens. O Hondo, por exemplo, agora tem um sobrinho com quem se preocupar. A tenente assume sua bissexualidade, outros policiais estão passando por apertos financeiros e por aí vai. Tudo com o objetivo de não deixar os personagens rasos demais. Até que funcionou bem. 

SWAT - Segunda Temporada (S.W.A.T. - Season Two, Estados Unidos, 2018) Direção: Billy Gierhart, entre outros / Roteiro: Robert Hamner, Rick Husky / Elenco: Shemar Moore, Stephanie Sigman, Alex Russell/ Sinopse: Segunda temporada da série televisiva da CBS SWAT. Um remake moderno da clássica série dos anos 70. 

Pablo Aluísio.

Blue Bloods - Terceira Temporada

Blue Bloods - Terceira Temporada
Eu até gosto muito de Blue Bloods. Caso contrário eu não teria assistido as três primeiras temporadas. E olha que são temporadas longas, com quase 22 episódios cada uma. Então é aquele tipo de série que você precisa ter fôlego para ver porque parece nunca ter fim. Dito isso tenho que admitir também que os roteiristas me parecem meio preguiçosos. Isso porque a série realmente tem vários problemas. O pior deles é seguir uma determinada fórmula que se repete ad nauseam.

A fórmula de todos os episódios é praticamente a mesma. Geralmente há dois crimes a se resolver. Um mais complexo é resolvido pela dupla de detetives da família. O mais simples geralmente envolve o caçula, que trabalha como policial de rua em Nova Iorque. E tem também aquelas chatas cenas de almoço ou jantar com os mesmos familiares de sempre. Familismo chato desses roteiros, mesmo que a série no final das contas seja  sobre uma família de policiais de Nova York.

Agora de bom mesmo temos o Tom Selleck no elenco. Claro que agora ele está bem mais velho. Para um ator veterano, na sua idade, essa série realmente foi um presente. Ele não precisa fazer muito esforço e como a série se manteve por longos anos em cartaz ele conseguiu seguir na mesma linha, mantendo sua carreira de ator viva, algo que nem sempre acontece. 

Então é isso. A terceira temporada segue no mesmo esquema das anteriores. Sem maiores novidades. essa é uma série padrão do canal CBS e é exibida na TV aberta nos Estados Unidos. Por essa razão ela é tão quadradinha e conservadora. Coisas muito ousadas você não encontrará, apenas o feijão com arroz de toda semana. 

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Terrifier 3

Título no Brasil: Terrifier 3
Título Original: Terrifier 3
Ano de Lançamento: 2024
País: Estados Unidos
Estúdio: Dark Age Cinema
Direção: Damien Leone
Roteiro: Damien Leone
Elenco: David Howard Thornton, Lauren LaVera, Elliott Fullam, Samantha Scaffidi

Sinopse:
Depois de ficar anos desaparecido, o palhaço assassino Art ressurge das cinzas. Seu corpo é encontrado por um grupo de trabalhadores da construção civil e isso acaba desencadeando uma nova matança desenfreada bem na época do Natal. 

Comentários:
Antes de mais nada é bom explicar que esse filme na realidade não é o terceiro dessa franquia, mas sim o sétimo! Pois é, temos aqui uma franquia de terror meio bagunçada e dispersa. A novidade veio no sucesso de bilheteria que esse filme alcançou nos cinemas norte-americanos. Coisa rara em termos de filmes slasher, do tipo sangue e tripas, essa produção chegou ao primeiro lugar na semana de sua estreia. Surpreendeu toda a indústria cinematográfica em Hollywood! Acredito que essa franquia foi sendo conhecida aos poucos, ao longo desses anos, então quando esse novo filme chegou nas salas de cinema atraiu todos esses fãs de nicho. Acabou sendo um hit de final de ano. Os americanos possuem esse medo irracional de palhaços e esse roteiro soube muito bem explorar esse aspecto. Além disso o próprio Palhaço Art é uma espécie de Grinch psicótico e assassino em série. Claro que os apreciadores desse estilo cinematográfico ficaram muito satisfeitos com o que viram. E eu recomendo esse terror apenas para eles, já que para um público, digamos, mais normal, o filme vai soar muito violento e insano. 

Pablo Aluísio.

Os Vampiros de Salem - O Retorno

Título no Brasil: Os Vampiros de Salem - O Retorno 
Título Original: A Return to Salem's Lot
Ano de Lançamento: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: Larco Productions
Direção: Larry Cohen
Roteiro: Larry Cohen
Elenco: Michael Moriarty, Samuel Fuller, Ricky Addison Reed

Sinopse:
Fotógrafo resolve ir até a pequena cidade de Salem's Lot pois herdou uma casa naquele lugar. Sua tia recém falecida lhe deixou essa herança. Ao chegar na cidade ele logo descobre, ao lado do filho, que aquela região está amaldiçoada. Todos os moradores parecem ser vampiros, criaturas da noite. 

Comentários:
Muito fraco! A primeira coisa que o cinéfilo deve saber é que a história contada aqui não foi escrita por Stephen King. Aliás nem sei como o escritor deixou usar o nome de seu livro nessa porcaria! Sim, porque o filme tenta continuar a história de "A Hora do Vampiro" e afunda totalmente. Não é para menos. A história do livro já estava fechada, não tinha para onde ir. Só que sempre tem um executivo de cinema picareta para lucrar de forma fácil e... desonesta! Então aqui está mais um produto nessa linha bem caça-níquel. Praticamente nada se salva. A história é fraca, os atores são bem ruins e até a maquiagem dos monstros causa constrangimento de tão mal feita. Enfim, nem o fato do filme ter sido realizado nos anos 80 o salva do desastre completo. Definitivamente esses vampiros não deveriam retornar de onde vieram. 

Pablo Aluísio.