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domingo, 31 de março de 2024

Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 3

Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 3
E então o velho disco de vinil toca "Patch It Up". Essa faixa só se justificava mesmo no palco. Em termos gerais é uma canção bem fraca, principalmente se formos levar em conta que Elvis gravou alguns dos maiores rocks da história. Claro, não estou dizendo com isso que a canção seja um rock genuíno, nada disso. Na verdade era um pop pegajoso ao estilo Las Vegas que soava desconfortável na discografia de Elvis. Esses autores praticamente nunca tinham sido gravados por Elvis antes. A sugestão partiu de Felton Jarvis que convenceu Elvis que a música tinha potencial, principalmente durante os concertos ao vivo. Elvis não se mostrou em um primeiro momento muito convencido, mas depois resolveu gravar a canção - mais do que isso decidiu que iria interpretá-la para as câmeras da MGM que estavam prestes a filmar suas performances em Las Vegas para um filme documentário que seria lançado em breve nos cinemas. Para o fã da época deve ter sido chato perceber que a RCA Victor chegou a acreditar que a gravação seria mesmo um sucesso, a ponto inclusive de lançar duas versões diferentes da música (algo que raramente acontecia na discografia oficial), uma gravada ao vivo e outra em estúdio. 

A primeira fez parte da trilha sonora, do álbum "That´s The Way It Is". É a versão que todos conhecemos muito bem. A outra chegou no mercado em compacto, como lado B da canção "You Don't Have To Say You Love Me". Nenhuma das versões se tornou sucesso. Também pudera, não tinha qualidade para tanto. A letra, que se repetia em demasia, rodando e rodando sem ir para lugar nenhum, se resumia a usar a expressão "Patch It Up" (algo como "vamos consertar" no caso o relacionamento amoroso) para grudar na mente do ouvinte e de lá não sair nunca mais. Não deu certo. O curioso é que pelo menos a faixa serviu para proporcionar uma boa cena coreografada para o filme. O próprio Elvis porém não levava muita fé, tanto que a descartou para nunca mais usar. Um fato curioso é que em países de língua alemã (Alemanha e Áustria) o single saiu com as versões trocadas, com "Patch It Up" no lado A. A capa também foi modificada - para melhor, com uma ótima foto de Elvis no palco. Esse mesmo compacto foi lançado na Holanda e Suécia dois meses depois e também conseguiu ótimas vendas. Pelo visto os germânicos estavam mais afinados com o marketing certo de vendas. Coisas de mercado.

A versão original de "Mary In The Morning" se tornou conhecida em 1967 na voz do cantor e ator ítalo-americano Al Martino. Para quem gosta de cinema é interessante lembrar que foi Martino quem interpretou uma paródia de Frank Sinatra no filme "O Poderoso Chefão". Ele interpretava um cantor em decadência que pedia ajuda ao chefão Corleone (Marlon Brando) para levantar sua carreira, chantageando e ameaçando o dono de um poderoso estúdio de cinema em Hollywood para lhe dar o papel em um importante filme que iria ser realizado. Dizem que foi assim que Sinatra ganhou o personagem do sargento americano no clássico "A Um Passo da Eternidade" que acabou lhe valendo o Oscar, dando um novo pulso para sua carreira, que naquele momento andava em baixa. Mario Puzo aproveitou esse fato e o usou em seu livro. Verdade ou mito? As conexões de Sinatra com a máfia sempre foram alvos de boatos. A verdade porém nunca saberemos... 

Deixando um pouco isso de lado o fato é que Elvis sempre parecia ter uma grande ligação com a música italiana. Basta lembrar de "It´s Now Or Never" e "Surrender". É interessante notar também que em seu lançamento original "Mary in The Morning" não foi um grande sucesso, um hit absoluto. Lançada discretamente por Martino em single pouco chamou atenção, mas Elvis a conhecia muito bem pois tinha comprado o compacto. Havia um lirismo em sua letra que lhe chamava a atenção. Esse tipo de romantismo sempre tocava o cantor. Pena que após ter gravado a canção em estúdio Elvis não a tenha trabalhado mais, inclusive no palco. No filme "That´s The Way It Is" o cantor surge em um ensaio tentando cantar a música, porém mais interessado nas brincadeiras com a Máfia de Memphis não chegava a se concentrar no que estava ensaiando. A cena diverte, mas também decepciona para quem gostaria de vê-lo cantando essa bela canção romântica. Na temporada em Las Vegas não chegou a usar a canção. Afinal havia tantas outras do álbum que acabou esquecendo de Mary, da manhã e do arco-íris... Coisas da vida!

Pablo Aluísio.

sábado, 30 de março de 2024

The Beatles - With The Beatles - Parte 3

The Beatles - With The Beatles - Parte 3
"Little Child" era uma composição de Paul McCartney, ou como gostava de dizer John Lennon era "Uma filha de Paul". O tema romântico, com temática adolescente, era bem a marca registrada do baixista dos Beatles por essa época. Inicialmente Paul pensou em dar a música para Ringo cantar, mas depois desistiu. A letra começa simples, com o autor em primeira pessoa pedindo para dançar com uma garota. Letra simples, bem derivativa dos temas da época. Poderia ter contado com alguma contribuição de John, mas para falar a verdade ele era cínico demais para temas tão pueris como esse.

"Hold Me Tight" tinha uma pegada bem mais forte. Outra faixa que muitos autores atribuem ao próprio Paul McCartney, muito embora aqui John Lennon também tenha contribuído mais intensamente. Nessa época os Beatles estavam preocupados mesmo em escrever sucessos de rádio, por isso as músicas seguiam uma certa fórmula. Nessa faixa em particular eles repetiram o uso de palmas pontuando o ritmo da canção. O vocal de Paul intercala com John, dividindo o mesmo microfone. Uma música que sempre me agradou, tendo inclusive feito parte também do raro disco "Beatles Again".

"You Really Got a Hold on Me" era um cover. Nesses primeiros álbuns do grupo havia mesmo a necessidade de cantar canções de outros artistas já que os Beatles não tinham tantas músicas prontas para fazer parte do repertório. Paul e John eram até muito produtivos, o que significava que compunham muitas músicas juntos, mas também tinham um senso crítico muito forte o que deixavam muitas delas fora dos discos. Só entrava o que eles consideravam ter qualidade. 

A faixa começa com George solando sua guitarra. O ritmo é cadenciado, com toques mais românticos. Algo até esperado já que a música original dos Miracles vinha da safra de artistas negros da Motown, um verdadeiro celeiro de talentos de Detroit, uma gravadora que os Beatles particularmente gostavam muito. A letra é praticamente uma carta de amor de alguém apaixonado por uma garota que não corresponde a esse sentimento (bem adolescente). "Você realmente me pegou" é uma frase que resume. "Eu não deveria amar você por tudo o que aconteceu, mas quem controla as próprias emoções?" Pois é... complicada a situação.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 29 de março de 2024

Grease: Rise of the Pink Ladies

Título no Brasil: Grease: Rise of the Pink Ladies
Título Original: Grease: Rise of the Pink Ladies
Ano de Lançamento: 2023
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Plus
Direção: Alethea Jones, Benny Boom
Roteiro: Warren Casey, Samantha Cordero
Elenco: Marisa Davila, Cheyenne Isabel Wells, Ari Notartomaso, Tricia Fukuhara, Jason Schmidt, Madison Thompson

Sinopse:
Nos anos 1950, em uma escola secundária dos Estados Unidos, um grupo de amigas vive as incertezas da idade adolescente, com os amores, a tentativa de ser popular e também as lutas tão típicas da vida escolar. Série musical baseada no sucesso de bilheteria do cinema nos anos 1970, o musical "Grease - nos Tempos da Brilhantina".

Comentários:
Durante muitos anos houve esse projeto de se produzir um remake do sucesso "Grease - Nos Tempos da Brilhantina" no cinema. A ideia não foi em frente, mas no mundo das séries de televisão, ela virou uma realidade. O streaming exige uma produção absurda de conteúdo para as plataformas, então finalmente se produziu essa série, justamente para preencher essa demanda das produtoras e distribuidoras. Antes de qualquer coisa é bom saber que essa série tem mais a ver com "Glee" do que com "Grease". O formato tenta mesmo imitar aquela popular série musical de alguns anos atrás. De Grease mesmo só sobrou a ambientação dos anos 50. O resultado me soou interessante, mas nada excepcional. Tem muita música (com apenas duas aproveitadas da trilha sonora original do filme de 1978), mas confesso que em termos de qualidade as canções passam longe de ser memoráveis. O saldo final é muito colorido, com muito chiclete, coca-cola e carrões dos anos dourados. Fora isso não achei nada espetacular, para ser bem sincero. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 28 de março de 2024

Segunda Guerra em Cores

Título no Brasil: Segunda Guerra em Cores
Título Original:  WWII in Color: Road to Victory
Ano de Lançamento: 2021
País: Reino Unido
Estúdio: Netflix
Direção: Lou Westlake, Kim Lask
Roteiro: Lou Westlake, Kim Lask
Elenco: Trish Bertram, James Holland, Craig L. Symonds

Sinopse:
A minissérie documental "Segunda Guerra em Cores: Caminho para a Vitória" resgata imagens raras filmadas durante o maior conflito armado da história. Muitas dessas filmagens foram realizadas na época com o inovador sistema colorido, uma novidade absoluta naqueles tempos onde imperavam as câmeras preto e branco. 

Comentários:
Eu sempre gostei muito de história em geral. E para quem aprecia esse tipo de material, a Segunda Grande Guerra Mundial tem um espaço sempre reservado em especial. Esse documentário em episódios, que pode ser assistido na Netflix, se destaca pelas ótimas imagens raras que especialistas e historiadores resgataram de arquivos oficiais dos governos dos Estados Unidos, Inglaterra e França. Material que estava arquivado em bibliotecas públicas e acervos particulares e que agora chega ao grande público. Então é sem dúvida um documentário precioso do ponto de vista histórico. Em termos de narração e a forma como os eventos são mostrados, não há maiores novidades ou revelações históricas. Tudo segue uma determinada cartilha oficial que já bem conhecemos. E isso não é um defeito, é igualmente uma qualidade. Assim esse documentário servirá não apenas aos que apreciam história, mas também aos estudantes. Afinal o tom didático é bem presente em todos os episódios. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 27 de março de 2024

A Queda da Casa de Usher

Título no Brasil: A Queda da Casa de Usher
Título Original: The Fall of the House of Usher
Ano de Lançamento: 2023
País: Estados Unidos
Estúdio: Netflix
Direção: Michael Fimognari, Mike Flanagan
Roteiro: Mike Flanagan, Justina Ireland
Elenco: Bruce Greenwood, Mary McDonnell, Henry Thomas, Samantha Sloyan, Willa Fitzgerald, Zach Gilford

Sinopse:
Um a um, os jovens herdeiros do rico e poderoso clã Usher, encontram a morte, das maneiras mais inusitadas. A família parece estar definitivamente amaldiçoada, mas qual seria a origem dessa maldição fatal? Apenas um retorno ao passado do patriarca da família poderia explicar todos os trágicos acontecimentos. A Queda da Casa de Usher é uma série baseada na obra do escritor Edgar Allan Poe. 

Comentários:
Essa série foi muito criticada. Em meu ponto de vista foram críticas injustas. Pessoalmente gostei bastante. Tudo bem que os episódios seguem uma linha narrativa básica, com a morte dos membros do clã Usher. Entretanto ninguém pode negar a extrema qualidade do episódio final. Achei esse episódio um verdadeiro primor. Explica tudo o que se viu nos episódios anteriores, valorizando inclusive o texto original do mestre Edgar Allan Poe. Muitas das críticas inclusive diziam que o texto original não era adaptável para as telas. Bobagem. A essência está na série. Pode sim ter problemas de ritmo, com alguns episódios funcionando melhor do que outros, mas nada disso tira a qualidade desse material. Só é exigido, e isso devo reconhecer, uma certa paciência do espectador. Os episódios são longos, acima da média do que se vê por aí. O episódio final, por exemplo, tem duração de um longa-metragem para o cinema. De qualquer forma não desanime, persista na série. Vai valer muito a pena. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 26 de março de 2024

Caminho Fatal

Título no Brasil: Caminho Fatal
Título Original: In Old California
Ano de Lançamento: 1942
País: Estados Unidos
Estúdio: Republic Pictures
Direção: William C. McGann
Roteiro: Gertrude Purcell, Frances Hyland
Elenco: John Wayne, Binnie Barnes, Albert Dekker, Helen Parrish, Patsy Kelly, Edgar Kennedy

Sinopse:
Durante a corrida do ouro na Califórnia, no século XIX, um farmacêutico de Boston chamado Tom Craig (Wayne), chega a Sacramento para começar uma nova vida, mas logo enfrenta problemas. Ele entra em conflito com o chefe político local Britt Dawson, que exige pagamento de proteção dos cidadãos. No fundo essa seria uma extorsão em cima de comerciantes locais. 

Comentários:
Antes de qualquer coisa eu não gosto desse título nacional. Muito ruim e genérico. O título original do filme é mais adequado ao que se vê na tela pois esse filme se propõe a contar um pouco sobre a vida dos primeiros  pioneiros a chegarem na Califórnia, na velha Califórnia, durante a corrida do ouro nas montanhas daquele estado norte-americano. Um bom drama faroeste da Republic que inclusive chegou a arrancar elogios dos críticos mais ácidos da época. Um deles chegou a ironizar em seu texto dizendo que sim, John Wayne podia atuar! Dizem que o velho Duke levou aquela crítica como um insulto pessoal! Não tiro suas razões. Mas enfim, eis aqui um western até diferente na filmografia de John Wayne a começar pelo roteiro, que foi escrito por duas mulheres! O mais machista de todos os gêneros cinematográficos finalmente se rendia ao talento dessas damas escritoras. Nada mal. 

Pablo Aluísio.

Domador de Motins

Título no Brasil: Domador de Motins
Título Original: Fort Worth
Ano de Produção: 1951
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Edwin L. Marin
Roteiro: John Twist
Elenco: Randolph Scott, David Brian, Phyllis Thaxter

Sinopse:
Após o fim da guerra civil americana o veterano confederado Ned Britt (Randolph Scott) volta para sua terra natal com a convicção de retomar os rumos de sua vida. Pretende participar da reconstrução de sua cidade para quem sabe tornar o lugar uma metrópole próspera e moderna. Seus planos porém esbarram na mentalidade atrasada de certas pessoas da região. Além disso tem que enfrentar um bando criminoso liderado pelo pistoleiro Gabe Clevenger (Ray Teal). Ele domina a região e não está disposto a abrir mão disso em prol de um maior desenvolvimento para aquele lugar. Afinal quem vencerá esse duelo mortal?

Comentários:
Ah, como eram bons os filmes de faroeste estrelados pelo mito Randolph Scott! Não havia tempo a perder com abobrinhas e os roteiros, extremamente eficientes, traziam por pouco mais de uma hora e meia de duração, todos os mais caros valores do velho oeste americano. Honra, bravura e honestidade eram particularmente valorizados e respeitados nessas estórias. O personagem de Scott aqui é um sujeito extremamente bem intencionado que quer sobretudo o desenvolvimento de sua cidade natal. O problema é que nem sempre isso é almejado por todos, principalmente por aqueles que prosperam e vivem da miséria alheia (nós, brasileiros, entendemos muito bem essa situação). O que se sobressai nesse ótimo faroeste é o tour de fource entre a velha maneira de entender os problemas de uma cidade e a nova mentalidade de avançar em frente, rumo à modernidade. Acho esse roteiro (de autoria de John Twist) muito bem escrito pois consegue passar através de um enredo relativamente simples uma mensagem muito edificadora. Um western socialmente consciente que nos ajuda a abrir os olhos sobre os males que nos atingem como sociedade e como nação.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de março de 2024

Anjo do Mal

Título no Brasil: Anjo do Mal
Título Original: Pickup on South Street
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Samuel Fuller
Roteiro: Samuel Fuller, Dwight Taylor
Elenco: Richard Widmark, Jean Peters, Thelma Ritter

Sinopse:
Skip McCoy (Richard Widmark) é um larápio profissional que ganha a vida batendo carteiras e roubando bolsas de damas no metrô de Nova Iorque. É um criminoso pé de chinelo que vê sua vida ser mudada radicalmente quando rouba a bolsa da jovem Candy (Jean Peters). Do fruto desse furto ele acaba levando para casa sem saber um microfilme muito importante que ia ser passado para espiões russos. Agora todos querem colocar as mãos em Skip, inclusive a inteligência americana. Em jogo está uma fórmula extremamente importante para a construção de armas nucleares que está no filme roubado.

Comentários:
Pequeno clássico do cinema noir que conta com uma trama muito bem escrita e um elenco acima da média. Richard Widmark interpreta um ladrão de pequeno porte que acaba se envolvendo sem querer numa rede de espionagem internacional. Seu estilo canalha é um dos grandes achados do filme. Outra estrela que brilha no elenco é a atriz Jean Peters, provavelmente uma das mulheres mais bonitas da época de ouro do cinema americano. Sua personagem é visceral, muito passional, e que no final leva a pior pois acaba apanhando de praticamente todos no enredo (e isso, acredite, não é uma brincadeira!). Curiosamente no meio de um elenco tão afinado quem acabou levando a melhor foi a velhinha Thelma Ritter. Ela interpreta Moe Williams, uma senhora que vende gravatas para sobreviver e de vez em quando passa informações valiosas para a polícia como informante. Sua última cena é tão comovente que ela acabou arrancando uma surpreendente indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Certamente merecida. A direção do genial cineasta Samuel Fuller também é muito marcante e digna de nota. Ele tem uma estória policial para contar e o faz de forma brilhante, sem excessos, na medida certa. Em conclusão, "Pickup on South Street" é sem dúvida uma pequena obra de arte do noir, realmente imperdível.

Pablo Aluísio.

A Cena do Crime

Título no Brasil: A Cena do Crime
Título Original: Scene of the Crime
Ano de Produção: 1949
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer
Direção: Roy Rowland
Roteiro: John Bartlow Martin, Charles Schnee
Elenco: Van Johnson, Arlene Dahl, Gloria DeHaven, Tom Drake, Leon Ames, John McIntire 

Sinopse:
O investigador Mike Conovan (Van Johnson) recebe a missão de descobrir o que estaria por trás da morte de vários detetives particulares da cidade. Entre os profissionais assassinados está o ex-parceiro Monigan, morto em circunstâncias misteriosas desde que decidiu sair da polícia para ganhar a vida como detetive na iniciativa privada. As pistas acabam levando Mike a um esquema de corrupção envolvendo apostas no submundo do crime. Agora ele terá que lutar para descobrir quem foi o autor dos crimes ao mesmo tempo em que tentará se manter vivo no meio daquele jogo perigoso e sórdido.

Comentários:
Nada como um bom noir B dos anos 1940 para lembrar como era interessante o cinema americano em sua era de ouro. Aqui temos o cardápio inteiro, sem faltar nenhum elemento: a trama complicada e de difícil solução, os investigadores e detetives cínicos, as mulheres fatais e os vilões indigestos, tudo filmado em tons escuros, em maravilhosa fotografia preto e branco. Naqueles distantes anos havia uma concorrência saudável entre os roteiristas para descobrir quem escreveria a trama criminosa mais complexa. Bom, isso levava muitas vezes alguns filmes a terem soluções completamente forçadas e sem sentido. Isso felizmente não acontece aqui pois "Scene of the Crime" tem uma rede de crimes que se fecha bem em si, além de trazer uma solução para o mistério que não deixa o espectador ainda mais confuso (e com impressão que o roteirista quis lhe passar a perna). Van Johnson está ótimo em seu personagem. Confesso que o achei extremamente parecido com Robert Mitchum, inclusive nos maneirismos, mas isso, não se preocupem, é um elogio e não uma crítica sobre sua atuação. No final tudo me deixou com gostinho de quero mais, fiquei realmente interessado em assistir mais filmes policiais nessa linha, prova maior que é uma boa película de mistério não há. Aproveite pois vale demais conhecer esse noir, hoje pouco lembrado.

Pablo Aluísio.

domingo, 24 de março de 2024

Led Zeppelin - Led Zeppelin (1969)

Led Zeppelin - Led Zeppelin (1969)
Eu tenho uma relação musical de amor e ódio com o Led Zeppelin. Gosto muito de alguns de seus álbuns e odeio, na mesma proporção, alguns outros trabalhos do grupo. Dito isso, jamais subestimaria a importância dessa banda na história do rock mundial. Eles foram mesmo extremamente marcantes e pelos motivos certos. Um deles ouvimos aqui em seu disco de estreia. Quando comprei esse álbum e o ouvi pela primeira vez, há muitos anos, fiquei com a primeira impressão de que se tratava de um disco de rock dos anos 70. Não era, o disco era dos anos 60!

A conclusão é óbvia. O grupo antecipou a sonoridade que iria prevalecer na década seguinte, se tornando pioneiros nesse estilo de fazer rock. Aliás aqui vai uma verdade que não se pode negar, o Led Zeppelin é uma das bandas de rock mais influentes de seu tempo. Depois que seus discos começaram a chegar no mercado os outros roqueiros foram seguindo seus passos. Eles foram mesmo inovadores nessa que eu costumo chamar de terceira geração do rock. E nessa fase de transição também preservaram os antigos estilos musicais que deram origem ao próprio rock, como o blues que nesse primeiro álbum é muito valorizado. Enfim, fica mais do que bem explicado porque eles marcaram tanto o seu tempo. Estavam mesmo na frente de sua época. 

Led Zeppelin - Led Zeppelin (1969)
Good Times Bad Times
Babe I'm Gonna Leave You
You Shook Me
Your Time Is Gonna Come
Black Mountain Side
Communication Breakdown
I Can't Quit You Baby
How Many More Times

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de março de 2024

Alemão

Título no Brasil: Alemão
Título Original: Alemão
Ano de Lançamento: 2014
País: Brasil
Estúdio: RT Features
Direção: José Eduardo Belmonte
Roteiro: Leonardo Levis, Gabriel Martins
Elenco: Antônio Fagundes, Cauã Reymond, Caio Blat

Sinopse:
A identidade de um grupo de militares infiltrados no complexo do Alemão cai nas mãos do chefe do tráfico da região. Logo é dado a ordem aos criminosos para que se encontre e mate os policiais e esses, para sobreviverem, se escondem em uma pizzaria. E o cerco aos poucos vai se fechando sobre eles. 

Comentários:
Gostei do filme, embora reconheça que existem furos de lógica na história contada. Não penso que os policiais iriam ficar entocados esperando os traficantes chegarem para matar eles. Com o treinamento que possuíam penso que iriam tentar fugir do complexo do Alemão. O pior entretanto acontece. Outro aspecto digno de nota é que o filme usa uma história real, com a invasão do complexo do Alemão pelas forças armadas, como mero pano de fundo para uma história de ficção, que é justamente aquela que acontece quando os policiais cariocas ficam escondidos naquela pizzaria. De qualquer modo uma coisa é inegável, a história funciona e o filme também. É um dos bons filmes brasileiros produzidos nesses últimos anos. Vale a pena conhecer e assistir. 

Pablo Aluísio.

Querida, Encolhi as Crianças

Título no Brasil: Querida, Encolhi as Crianças
Título Original: Honey, I Shrunk the Kids
Ano de Lançamento: 1989
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney Pictures
Direção: Joe Johnston
Roteiro: Stuart Gordon, Brian Yuzna
Elenco: Rick Moranis, Matt Frewer, Marcia Strassman

Sinopse:
Um cientista tenta há anos inventar um processo em que se diminui o tamanho das coisas. E depois de tanto esforço ele consegue, diminuindo seus próprios filhos que se perdem no jardim de sua casa. Agora o desespero se torna completo, pois o cientista precisa encontrar seus filhos para reverter esse processo.

Comentários:
O filme nasceu naquele momento em que os efeitos especiais tinham atingido um patamar de sofisticação que não existia antes. O próprio Spielberg diria que o roteiro circulava há anos nos estúdios, mas que o filme nunca havia sido produzido porque não havia tecnologia para isso. Então com a chegada da computação gráfica, tudo mudou. E essse filme finalmente foi realizado. E foi muito bem produzido, temos que admitir. Tecnicamente falando é um filme excelente, perfeito mesmo. Todo o processo que passa para a tela é realmente de primeira qualidade. Os insetos gigantes, as cenas com os seres humanos menores que formigas, tudo é de encher os olhos. O Rick Moranis que havia feito sucesso em "Os Caça-Fantasmas" também ficou perfeito nesse personagem. Enfim, um filme que marcou o cinema pelo menos do ponto de vista técnico. E que gerou várias continuações (inferiores) nos anos seguintes. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de março de 2024

Madame Teia

Título no Brasil: Madame Teia
Título Original: Madame Web
Ano de Lançamento: 2024
País: Estados Unidos
Estúdio: Marvel Studios
Direção: S.J. Clarkson
Roteiro: Matt Sazama, Burk Sharpless
Elenco: Dakota Johnson, Sydney Sweeney, Isabela Merced

Sinopse:
Cassandra Webb (Dakota Johnson) é uma jovem plantonista de uma ambulância em Nova Iorque que descobre ter estranhas sensações que lhe dão o poder de prever o futuro breve. Agora ela precisa sobreviver pois alguns estranhos seres querem sua morte, assim como a de adolescentes que ela recentemente conheceu. E tudo parece ter ligação com a morte de sua mãe, ocorrida muitos anos antes, em plena floresta Amazônica. 

Comentários:
OK, admito que não é um bom filme, mas sinceramente falando, não é tão ruim como disseram por aí. A Marvel atualmente conta com uma legião de fãs que agem como seres absolutamente bestificados e cretinos, que aceitam qualquer coisa com o selo da produtora. Por isso os filmes estão ficando cada vez mais ruins, como aquela porcaria das Marvels. Não tem jeito, é um filme ruim atrás do outro, com personagens de quarto ou quinto escalão. Só a xepa da galeria da editora de quadrinhos. Mas esse aqui ainda se salva um pouquinho. Curiosamente o filme consegue se sustentar até o momento em que as personagens usam seus uniformes de super-heróis. Quando isso acontece, a coisa toda fica super brega, chegando nas raias do constrangimento total. Felizmente isso só vem a acontecer mesmo no finalzinho do filme, quando o jogo já estava ganho. Se houver continuações já sei que serão puro lixo tóxico, porque agora elas já vestiram seus uniformes e não tem mais volta. Esse aqui, por ser de origens, até que balança, mas não cai. E a bela Dakota Johnson também é um bom pretexto para assistir até o final, que como já antecipei, é sim muito bregoso e imbecil. Nessa hora só resta mesmo aos Marvetes chorarem na cama, porque não tem mais salvação.

Pablo Aluísio.

Ursinho Pooh: Sangue e Mel

Título no Brasil: Ursinho Pooh: Sangue e Mel
Título Original: Winnie the Pooh: Blood and Honey
Ano de Lançamento: 2023
País: Estados Unidos
Estúdio: Jagged Edge Productions
Direção: Rhys Frake-Waterfield
Roteiro: Rhys Frake-Waterfield
Elenco: Nikolai Leon, Maria Taylor, Natasha Rose Mills

Sinopse:
Um grupo de jovens vai parar numa floresta distante. Para seu azar o lugar é habitado por aberrações, como o ursinho Pooh e seu amigo de atrocidades, o Leitão. Eles querem se vingar de qualquer ser humano que chegue naquelas paisagens e vão começar a matar alucinadamente os pobres desavisados que entraram em seus domínios. 

Comentários:
Alguns personagens infantis muito famosos entraram em domínio público recentemente, entre eles o próprio Mickey Moue e esse ursinho Pooh que é muito mais popular no exterior do que no Brasil. Então a partir de agora qualquer um pode fazer filmes, desenhos animados e séries com eles, sem pagamentos de direitos autorais e nem de autorização de ninguém. Isso foi o bastante para alguns produtores dementes de Hollywood providenciarem filmes de terror sangrentos com esses mesmos personagens. É um escracho, claramente, mas eles jogam justamente com esse tipo de reação para trazer audiência. No caso aqui temos um filme extremamente violento e sem propósito algum, a não ser chocar com a imagem desses personagens do universo infantil. Retratados no filme como psicopatas violentos, nada mais. Como se fosse um filme com Jason ou Leatherface, apenas substituindo esses pelos ursinhos e leitões dos contos infantis. Ficou bizarro e nada boa essa mistura indigesta. No final de tudo, pura demência sádica mesmo. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 21 de março de 2024

Voluntários da Fuzarca

Título no Brasil: Voluntários da Fuzarca
Título Original:  Volunteers
Ano de Lançamento: 1985
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures
Direção: Nicholas Meyer
Roteiro: Ken Levine, David Isaacs
Elenco: Tom Hanks, John Candy, Rita Wilson

Sinopse:
Após se formar na prestigiada universidade de Yale, um jovem norte-americano se manda para o sudeste asiático para fugir de credores que querem sua cabeça. O pai rico não lhe ajudou, então ele se mandou para o lugar mais longe possível de seus problemas. E lá acaba entrando em um grupo de voluntários para a construção de uma ponte, o que vai criar inúmeras confusões. 

Comentários:
Essa é uma daquelas comédias dos anos 80 que ninguém se lembra, que não fez muito sucesso e tampouco era muito boa. Pra falar a verdade o filme era meio sem graça. O único atrativo era o bom elenco. Para Tom Hanks o filme até hoje é apreciado, mas por motivos pessoais. Ele conheceu a atriz Rita Wilson nas filmagens, se apaixonou por ela, começaram a namorar e se casaram algum tempo depois. Estão juntos até hoje! Coisa rara de acontecer em termos de comunidade de Hollywood. Já o comediante gordinho John Candy sempre foi uma simpatia de pessoa. Um daqueles atores que sempre tive muita boa vontade, desde os seus primeiros filmes. Era talentooso, mas morreu precocemente. Uma pena. Então é isso, um filme pequeno, atualmente esquecido, com um título que já naquela época soava como nome de filme velho. Mas enfim, vale o registro. 

Pablo Aluísio.

Recrutas da Pesada

Título no Brasil: Recrutas da Pesada
Título Original: Stripes
Ano de Lançamento: 1981
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Ivan Reitman
Roteiro: Daniel Goldberg, Harold Ramis
Elenco: Bill Murray, John Candy, Harold Ramis

Sinopse:
Amigos desbaratados, duros e desempregados, decidem entrar no exército dos Estados Unidos! Uma decisão mais do que complicada, uma vez que eles não possuem o menor jeito para a vida militar e a disciplina dos quartéis. 

Comentários:
O Bill Murray ficou conhecido pela televisão, pelo programa Saturday Night Night. Só depois é que tentou uma carreira no cinema. E em seus primeiros filmes as coisas não foram tão bem. Eram pequenas comédias, de produções bem fracas e roteiros idem. Muitos desses primeiros filmes não fizeram sucesso nenhum no circuito dos cinemas, só encontrando um pouco de público mesmo nas locadoras VHS. Esse se enquadra perfeitamente nessa categoria. De bom mesmo o Bill Murray teve a oportunidade de conhecer o diretor Ivan Reitman e o roteirista e ator Harold Ramis. Ficaria grande amigo deles. Era o começo de uma amizade que iria render grandes sucessos de bilheteria no futuro, como "Os Caça-Fantasmas". Por essa razão Murray sempre teve grande afeto por essa comédia dos anos 80. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 20 de março de 2024

Êxito Fugaz

Título no Brasil: Êxito Fugaz
Título Original: Young Man with a Horn
Ano de Lançamento: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Michael Curtiz
Roteiro: Carl Foreman, Edmund H. North
Elenco: Kirk Douglas, Lauren Bacall, Doris Day

Sinopse:
O jovem Rick Martin (Kirk Douglas) descobre que tem um dom para a música e se apaixona pelo trompete. O lendário trompetista Art Hazzard coloca Rick sob sua proteção e lhe ensina tudo o que sabe sobre como tocar. Rick acaba se tornando um trompetista famoso, mas sua personalidade volátil e seu desejo de tocar jazz em vez das músicas mais convencionais das bandas para as quais trabalha o colocam em uma situação complicada.

Comentários:
O jazz quando surgiu tinha o mesmo aspecto de som revolucionário que o rock iria ter alguns anos depois. Era considerado uma sonoridade da parcela negra e marginal da sociedade, então havia todo aquele preconceito e perseguição que bem conhecemos. Esse filme aqui tenta trazer um retrato desse tempo, focando no personagem de Kirk Douglas que não sabia tocar nenhum instrumento, mas como bom ator que era, passava de forma convincente nas telas de cinema como um músico talentoso. E ele precisa também se decidir entre duas mulheres fortes em sua vida, sendo uma delas a Doris Day quer era naquela época um símbolo de boa moça da sociedade. Enfim, um bom filme cujo roteiro até hoje se mostra bem interessante por causa do contexto cultural em que a história do filme se desenvolve. 

Pablo Aluísio.

A Mensagem dos Renegados

Título no Brasil: A Mensagem dos Renegados
Título Original: The Redhead and the Cowboy
Ano de Lançamento: 1951
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Leslie Fenton
Roteiro: Jonathan Latimer, Liam O'Brien
Elenco: Glenn Ford, Edmond O'Brien, Rhonda Fleming

Sinopse:
Gil Kyle (Ford) se vê envolvido na política e na agitação da Guerra Civil Americana e logo é acusado de assassinato. Seu único álibi é Candace Bronson (Fleming), que está ajudando a causa confederada. Ela deixou o território para entregar uma mensagem vital sobre um carregamento de ouro ianque. Assim Kyle se vê forçado em sair em busca de seu paradeiro, encontrando bandidos, agentes do governo e guerrilheiros, que estão mais interessados ​​no lucro do que nos ideais de justiça.

Comentários:. 
Um faroeste B clássico, todo rodado no deserto de poeira e calor do Arizona. Um aspecto que vai de certa maneira incomodar nos dias atuais é a forma como o personagem de Glenn Ford lida com sua amante, interpretada pela ruiva Rhonda Fleming. É uma forma de se lidar com uma mulher que hoje em dia poderíamos qualificar como rude e agressivo. O sujeito, nada romântico, só falta pegar a bela mulher pelos cabelos para levar para seu quarto, mas enfim, eram outros tempos. Talvez o roteiro quisesse mostrar o lado macho do cowboy interpretado por Ford. No mais, esse filme é um típico bang-bang dos anos 1950, com muitas perseguições, cavalos em disparada, tiroteios no meio do deserto e uma muito bem filmada sequência da caravana fugindo de um bando de assassinos e ladrões, todos atrás do ouro dos nortistas, dos ianques. No quadro geral, temos aqui uma boa diversão para os fãs de western. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 19 de março de 2024

Os Pistoleiros de Casa Grande

Título no Brasil: Os Pistoleiros de Casa Grande
Título Original: Gunfighters of Casa Grande
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos
Estúdio: Gregor Production
Direção: Roy Rowland
Roteiro: Borden Chase, Borden Chase
Elenco: Alex Nicol, Jorge Mistral, Dick Bentley

Sinopse:
Joe Daylight (Alex Nico) é um pistoleiro errante que se sente cansado dos perigos de se roubar bancos nas grandes cidades. Ele está disposto a procurar por algo mais simples e menos perigoso. Assim resolve formar um novo bando de criminosos com o objetivo de roubar gado nas vastas fazendas de criação do Texas. Ele só não contava com a traição de um de seus comparsas.

Comentários:
Faroeste B, co-produzido entre Espanha e Estados Unidos e dirigido pelo veterano diretor da MGM Roy Rowland. Até que começa interessante pois a boa premissa envolvendo uma quadrilha de pistoleiros consegue atrair a atenção do espectador. Os problemas de roteiro porém logo se mostram claros. Os personagens não são bem desenvolvidos e a tensão entre eles por isso se dilui. Some-se a isso alguns problemas de continuidade e cenas francamente mal realizadas. Numa delas a personagem interpretada por Diana Lorys sofre uma punição com chicote mas esse não lhe deixam marcas nas costas. Ela se levanta, sobe a camisa e sai andando com a pele lisinha. Tudo assim bem mal feito realmente. No final o espectador fica sem entender direito quais eram as reais intenções do cineasta Roy Rowland! Ele queria realizar um filme americano com sabor de western spaghetti ou o filme é apenas mal realizado mesmo? Assim tirando um ou outro momento "Gunfighters of Casa Grande" é realmente um grande desapontamento. Pode dispensar sem maiores problemas.

Pablo Aluísio.

Punho Contra Revólver

Título no Brasil: Punho Contra Revólver
Título Original: The Fargo Kid
Ano de Produção: 1940
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: Edward Killy
Roteiro: Morton Grant, Arthur V. Jones
Elenco: Tim Holt, Ray Whitley, Emmett Lynn

Sinopse:
Fargo Kid (Tim Holt) é um cowboy das pradarias que é confundido com um famoso pistoleiro. Um rico fazendeiro da região tenta contratar seus serviços de matador para liquidar um inimigo seu. O jovem porém não aceita a proposta, obviamente por não ser quem todos pensam que ele é. Ao recusar acaba caindo na mira do xerife e dos outros envolvidos na encomenda do crime. Agora Fargo Kid precisa lutar por sua vida ao mesmo tempo em que tenta conquistar o coração da garota de seus sonhos.

Comentários:
O sucesso de personagens como Durango Kid deram origem a paródias ou sátiras mais bem humoradas e leves que os filmes originais. "The Fargo Kid" vai por esse caminho. A fita foi obviamente realizada para o público jovem e adolescente que frequentava as matinês. Os mocinhos usam roupas impecáveis, coloridas e os vilões são caricaturais. No meio de tudo, música e diversão. A trilha sonora é cantada pelo cantor Ray Whitely e seu trio country e para surpresa geral essas cenas musicais chegam a ser a melhor coisa do filme, que se assume como uma comédia leve, com muito romance e alguns tiroteios porque afinal se trata de um western também. Quem interpreta Fargo Kid é o ator Tim Holt (1919 - 1973) que na época em que o filme foi lançado era um herói juvenil da garotada dos anos 1940. O curioso de tudo é que Fargo Kid fez tanto sucesso que acabou indo para outros formatos, entre eles uma bem sucedida série de revistas em quadrinhos. O velho oeste, já naqueles tempos, era muito pop, como se pode perceber.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de março de 2024

Queimada

Queimada
Muitas pessoas foram surpreendidas quando a autobiografia de Marlon Brando foi lançada e nela o ator considerava esse o seu melhor filme! Ninguém tinha a menor ideia de que ele gostava tanto desse filme, até porque comercialmente não foi uma produção bem sucedida, muito pelo contrário. E essa sensação de exagero por parte do ator fica ainda mais evidenciado quando assistimos a esse filme nos dias de hoje. Está mais para a linguagem do cinema italiano da época do que da forma de se produzir filmes em Hollywood. Há claramente uma sensação, ao assistirmos ao filme, de que estamos vendo uma obra cinematográfica quase amadora, tanto no aspecto de cenários, figurinos, edição e direção de arte de uma forma em geral, como também do próprio roteiro, que me pareceu bem truncado. 

Penso que Brando gostou mais de fazer o filme do que propriamente do que viu na tela. E tiro essa conclusão do próprio texto escrito pelo ator em seu livro. Ele não parece dizer, em momento algum, que foi um grande filme, mas que sim, certamente se lembrou de todas as histórias inusitadas que viveu no set de filmagens. Brando tinha uma relação muito conturbada com esse diretor italiano e quando descobriu que ele tinha várias superstições resolveu brincar no set, o que quase levou esse diretor à loucura. Só lendo sua autobiografia para conferir. De minha parte penso que é apenas um filme regular, bem mediano mesmo. Hoje em dia não seria nada bem recebido pela crítica mundial (como na época também não foi, diga-se de passagem). Vale como curiosidade e nada mais.

Queimada (Burn!, Itália, França, Estados Unidos, 1969) Direção: Gillo Pontecorvo / Roteiro: Franco Solinas, Giorgio Arlorio / Elenco: Marlon Brando, Evaristo Márquez, Renato Salvatori / Sinopse: Em 1844, um mercenário britânico ajuda os escravos revoltados de uma colónia insular das Antilhas a conquistar a independência de Portugal, mas depois regressa para caçar um líder rebelde local e antigo protegido.

Pablo Aluísio. 

Quem Era Aquela Pequena?

Título no Brasil: Quem Era Aquela Pequena?
Título Original: Who Was That Lady?
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: George Sidney
Roteiro: Norman Krasna
Elenco: Tony Curtis, Dean Martin, Janet Leigh, James Whitmore, John McIntire, Barbara Nichols

Sinopse:
Mal aconselhado por um amigo, um professor de química afirma falsamente que ele é um agente secreto do FBI, a fim de encobrir sua infidelidade conjugal, mas sua mentira, embora engolida por sua esposa, o coloca em apuros com o verdadeiro FBI, a CIA e a KGB.

Comentários:
No total Dean Martin realizou 66 filmes em sua carreira. Seus maiores sucessos no cinema foram as comédias que rodou ao lado de Jerry Lewis. Depois do film da parceria, ele ainda reencontrou o caminho do sucesso ao lado do amigo Frank Sinatra nos filmes do Rat Pack. Aqui temos um filme diferente nessa filmografia. Uma rara parceria entre Dean Martin e Tony Curtis. Como se sabe Dean Martin havia rompido com Jerry Lewis. Ele considerava que não era valorizado o suficiente pelo sucesso da dupla. Assim partiu para seguir seu próprio caminho. Acabou recebendo convites para filmes bem interessantes. Tony Curtis, um dos grandes galãs da época, contracenou aqui com aquela que iria se tornar sua futura esposa, a bela loirinha Janet Leigh (a mesma atriz da famosa cena do chuveiro de "Psicose"). O filme é bem água com açúcar, como era comum em comédias românticas desse período, mas acabou se destacando entre os críticos, a ponto de levar duas honrosas indicações ao Globo de Ouro! Concorreu ao prêmio na categoria de melhor comédia do ano e para surpresa de muitos o próprio Dean Martin também foi indicado, como melhor ator - categoria comédia ou musical! Quem diria... logo ele que era considerado apenas uma "escada" para o humor escrachado de Jerry Lewis! Pois é, durante toda a sua carreira o Dino foi subestimado... Pelo menos aqui, por um breve período, ele ganhou o reconhecimento que merecia.

Pablo Aluísio.
 

domingo, 17 de março de 2024

South Park (Não Recomendado para Menores)

Título no Brasil: South Park (Não Recomendado para Menores)
Título Original: South Park (Not Suitable for Children)
Ano de Lançamento: 2023
País: Estados Unidos
Estúdio: Comedy Partners
Direção: Trey Parker
Roteiro: Trey Parker, Matt StoneA
Elenco: Trey Parker, Matt Stone, April Stewart

Sinopse:
Os pais ficam chocados ao descobrirem que uma das professoras do ensino fundamental onde estudam seus filhos criou uma conta adulta no Onlyfans! Pior do que isso, apenas a loucura que toma conta dos garotos em relação a uma nova bebida que surge no mercado. Eles ficam completamente obcecados pela marca. Vira quase uma seita de adoração impulsionada pelo marketing digital. 

Comentários:
Antes de mais nada é bom saber que South Park não é uma animação para crianças. E essa aqui ainda é mais proibida do que os episódios normais da série. Uma vez afastadas as crianças da sala, só resta aos adultos rirem muito com a ironia que existe em cada cena. O foco aqui é atirar contra a hipocrisia da sociedade americana, tão falsamente puritana. Em um lance de hilaridade os pais ficam chocados em saberem que a professorinha posa nua na internet e que ganha uma grana com isso. Logo alguns dos velhos tentam abrir também uma conta no Onlyfans! Nonsense total. Agora, inteligente mesmo, é a sátira em cima da loucura que toma conta das crianças em relação a uma nova bebida que só faz mal para elas. Puro açúcar, nada saudável. Mostra como um marketing agressivo detona mesmo a mente dos pequenos, mas claro, tudo feito sob um ângulo da galhofa e do humor. 

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de março de 2024

Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 2

 Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 2
"Twenty days and Twenty Nights" é mais uma bela balada romântica gravada por Elvis. Curiosamente essa canção nunca teve um espaço maior dentro da discografia oficial de Elvis. Ao que me consta ela nunca foi devidamente trabalhada ao vivo por Elvis e banda e nem tampouco ganhou maior cuidado por parte da RCA Victor. Em 2010 um CD foi lançado com o mesmo título da canção, trazendo uma rara versão ao vivo cantada por Elvis em agosto de 1970. Era um bootleg do selo Audionics com excelente qualidade sonora. Mesmo assim continuou sendo uma música coadjuvante dentro da vasta obra musical do cantor. De qualquer forma, como foi dito, embora Elvis tenha cantado a canção em raras ocasiões em Las Vegas a RCA Victor no álbum original "That´s The Way It Is" resolveu usar a versão de estúdio, bem mais conhecida entre os fãs. Sua linha melódica mais triste (e diria até mesmo melancólica) realmente combinava melhor com o cuidado e o clima mais intimista de um estúdio de gravação do que um palco, onde ela muitas vezes a canção caia em um clima de tédio e falta de empolgação por parte do público, afinal de contas em concertos ao vivo nem sempre a música funcionava muito bem (e talvez por isso tenha sido deixada de lado por Elvis muito rapidamente). 

Uma das coisas mais interessantes sobre essa música, que fala sobre solidão e arrependimento, é o salto de qualidade do compositor Ben Weisman. Autor de algumas das mais bobas, maçantes e infantis canções da fase de Elvis em Hollywood, Ben se superou de forma surpreendente nessa composição, escrevendo finalmente um tema de relevância, adulto, falando de dramas reais, de pessoas reais, tudo com muita sobriedade e maturidade. Nada mais longe das bobagens que ele costumava escrever para Elvis em suas piores trilhas sonoras. Talvez a má qualidade desse material nem tenha sido sua culpa, talvez os próprios argumentos ridículos de alguns filmes de Elvis o tenha levado a escrever tantas bobagens, mas o que é importante destacar mesmo é que dessa vez ele finalmente apresentou um material digno e à altura de um astro como Elvis gravar. Em resumo: ótima canção, belíssimo arranjo e o mais importante de tudo, uma letra relevante com uma mensagem realmente importante a se passar adiante.

"How The Web Was Woven" é outra canção desse disco que considero apenas mediana. A letra até tem um refrão e um verso que considero bem escritos, fazendo uma analogia entre o ato de se apaixonar e a prisão em uma teia de aranha da qual não se consegue mais se desvencilhar. Mesmo assim, tirando isso, considero uma canção marcada por uma melodia que não avança, não vai para lugar nenhum. O acompanhamento de cordas ajuda a passar o tempo, mas o saldo final é de tédio. O próprio Elvis também não parecia levar muita fé na canção, tanto que nunca a trabalhou muito ao vivo, nunca ajudou em sua promoção e tampouco mostrou ter algum apreço especial por ela. Costumo rotular esse tipo de estilo de country melancólico de Nashville. 

Por essa época Elvis estava muito mergulhado no universo country da capital mundial desse gênero musical. A RCA Victor também enviou um grande leque de opções de músicas como essa para Elvis gravar durante a chamada Maratona de Nashville. Assim não me soa como surpresa a presença de faixas como essa durante essas produtivas sessões de gravação. Curiosamente muitos dizem perceber um certo cansaço físico por parte de Elvis na música. Sua performance seria quase no controle remoto. Não concordo muito com essa visão. No meu ponto de vista a própria canção demanda esse tipo de performance mais intimista, quase depressiva. Nesse aspecto Elvis apenas foi fiel ao que seu compositor queria passar em sua letra. O que ouvimos é uma voz de melancolia, não de cansaço.

Pablo Aluísio.

The Beatles - With The Beatles - Parte 2

The Beatles - With The Beatles - Parte 2
Desde o primeiro álbum os Beatles sempre deixavam uma música, geralmente a mais simples, para o baterista Ringo Starr cantar. Virou uma tradição que foi sendo seguida até o último disco. Embora Ringo não tivesse um grande talento vocal, seu timbre de voz era interessante, ideal para rocks mais agitados ou então músicas com sabor country and western. No caso do "With The Beatles" Paul e John reservaram para ele a agitada "I Wanna Be Your Man" que inclusive acabou virando um ponto alto também nos concertos ao vivo do grupo. Ringo sempre muito animado criava um verdadeiro frisson entre as fãs quando mandava ver na apresentação dessa canção. O interessante é que os Beatles não foram os primeiros a gravarem a canção. John Lennon havia dado de presente aos Rolling Stones a música. Eles a gravaram e a lançaram em fins de 1963.

O single com "Not Fade Away" no Lado A foi um dos primeiros sucessos do grupo de Mick Jagger. Talvez esse sucesso todo tenha incomodado um pouco John que resolveu que os Beatles iriam colocá-la em seu novo álbum, algo que os Stones não esperavam. Em entrevistas feitas anos depois John Lennon deixou escapar um certo ressentimento pelo fato dos Rolling Stones terem feito sucesso com uma canção escrita por ele. Chegou até mesmo a desmerecer a música, dizendo que nunca daria algo realmente bom para os Stones gravarem. Foi algo meio rude de sua parte.

"Roll Over Beethoven" era um cover dos Beatles para um velho sucesso de Chuck Berry. Não era surpresa para ninguém que os Beatles adoravam a primeira geração do rock americano, com destaque para Elvis Presley, Little Richard, Buddy Holly e claro o próprio Chuck Berry. A letra era uma gozação de Berry para com os críticos da época que diziam que o Rock ´n´ Roll era um tipo de música muito simples, com letras fracas e melodias primárias. Tudo isso era compensado com a vibração da canção. 

O interessante é que os Beatles poderiam ter incluído nas faixas do disco dois dos maiores sucessos da banda na época como "She Loves You" e "I Want To Hold Your Hand". O problema é que as gravadoras não incluíam músicas lançadas em singles nos álbuns, nos LPs. Um erro que atingiu a discografia não apenas dos Beatles, mas de outros grandes artistas do rock também. Uma forma de pensar equivocada. Sem ter músicas originais inéditas para tantos lançamentos o jeito foi mesmo gravar esse cover, que aliás ficou excelente, recebendo elogios do próprio Chuck Berry.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de março de 2024

Contos Macabros Para Quem Ama O Dia Das Bruxas

Título no Brasil: Contos Macabros Para Quem Ama O Dia Das Bruxas 
Título Original: Tales from the Other Side
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: JCB Pictures
Direção: Scotty Baker, Jamaal Burden
Roteiro: Scotty Baker, Gordon Bressack
Elenco: Roslyn Gentle, James Duval, Vernon Wells

Sinopse:
Uma senhora idosa, moradora solitária de uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos, é vista pela população como um bruxa. E no Dia das Bruxas, três crianças decidem bater na sua porta atrás de doces. A velha senhora os recebe, parece ser muito gentil e bondosa. E as convida para entrar em sua casa, onde vai contar diversas histórias de terror para elas. 

Comentários:
Eu sempre gostei, desde os anos 80, desse tipo de filme onde diversas pequenas histórias de terror (verdadeiros contos cinematográficos) são contados enquanto o filme se desenrola. Esse filme atual tenta seguir nessa linha, mas sinceramente falando, naufraga completamente em suas pretensões. A produção é fraca, mas esse não é o maior problema dessa fita. As histórias são ruins, mal escritas, muitas delas terminando de forma bem fraca. As que ainda conseguem funcionar um pouco mostram sempre o mesmo problema. Até começam interessantes, mas logo desabam em finais extremamente mal escritos, sem criatividade, sem imaginação. Assim não dá para gostar mesmo do filme. Meu veredito é um só: Filme fraco mesmo, não vá estragar seu Dia das Bruxas assistindo a algo tão ruinzão como essa fita B de terror. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de março de 2024

Mergulho Noturno

Título no Brasil: Mergulho Noturno
Título Original: Night Swim
Ano de Lançamento: 2024
País: Estados Unidos
Estúdio: Atomic Monster
Direção: Bryce McGuire
Roteiro: Bryce McGuire
Elenco: Wyatt Russell, Kerry Condon, Amélie Hoeferle

Sinopse:
Ex-jogador de beisebol, agora aposentado e sofrendo de uma doença grave, se muda com esposa e filhos para uma nova casa, muito bonita, com uma bela piscina. Aos poucos eventos sobrenaturais começam a acontecer, o que pode levar ao retorno de um passado trágico ocorrido naquele mesmo lugar. 

Comentários:
Ao longo de todos esses anos eu já assisti a todo tipo de filme de terror, inclusive com as premissas mais esquisitas. Só que até agora nunca tinha assistido a um filme sobre uma piscina assombrada! Pois é, pode parecer bizarro, mas é disso do que se trata o roteiro desse filme. O foco principal do enredo gira em torno dessa piscina de fontes termais. No passado aquele mesmo lugar tinha sido usado por um grupo de pioneiros que acreditavam que aquelas águas atendiam pedidos. Algo no estilo poço dos desejos. Só que os pedidos eram concedidos, mas um sacrifício tinha que ser realizado em troca. Os séculos passaram, construíram uma piscina ali, mas o sobrenatural resistiu. Pois é, o mais estranho de tudo é que apesar de ser um filme de terror sobre uma piscina, o roteiro funciona! Isso é o que mais me deixou realmente surpreso. Uma premissa absurda dando origem a um bom filme. Complicado entender como isso se deu, mas conseguiram mesmo alcançar essa proeza! 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de março de 2024

A Noite Que Mudou o Pop

Título no Brasil: A Noite Que Mudou o Pop 
Título Original:  The Greatest Night in Pop
Ano de Lançamento: 2024
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Bao Nguyen
Roteiro: Bao Nguyen
Elenco: Michael Jackson, Lionel Ritchie, Quincy Jones, Stevie Wonder, Harry Belafonte, Bruce Springsteen, Cyndi Lauper, Kenny Loggins, Huey Lewis, Smokey Robinson, Dionne Warwick, Dan Aykroyd, Kim Carnes, Ray Charles, Bob Dylan, Bob Geldof, Al Jarreau, Billy Joel, Willie Nelson, Bette Midler, Diana Ross, Paul Simon, Tina Turner, Van Halen, Sarah Vaughan

Sinopse:
Esse documentário que está disponível na Netflix conta a história de gravação da música "We Are The World" do projeto USA For Africa que tinha como objetivo mandar apoio financeiro para o continente africano. Essa canção reuniu os melhores artistas do mundo da música nos anos 1980.  No filme acompanhamos os bastidores do planejamento, execução e finalmente gravação da música "We Are The World" que iria se tornar um grande sucesso em todo o mundo. 

Comentários: 
Assistir a esse bom documentário me trouxe muitas lembranças. Isso porque eu vivi aquela época, comprei o disco, acreditei mesmo nas boas intenções envolvidas em todo o projeto. Bom, conhecia bem o resultado final dos esforços de todos aqueles artistas, mas desconhecia completamente os bastidores de tudo. E isso me deixou bem surpreso. Foi uma iniciativa que começou meio desacreditada, que precisou mesmo contar com uma série de fatores, inclusive muita sorte, para dar certo. E não podemos também deixar de reconhecer os trabalhos decisivos de Harry Belafonte (que teve a ideia inicial), Michael Jackson, Lionel Ritchie e Quincy Jones (que abraçaram a ideia de forma decisiva). Sem eles realmente nada teria ido em frente. De certa maneira esse foi o primeiro de muitos outros projetos semelhantes, o que de certa forma engrandeceu ainda mais essa reunião de grandes astros e estrelas da música norte-americano. Enfim, se você gosta de música, esse documentário é mais do que recomendado. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de março de 2024

Caçada Humana

Caçada Humana
Existe críticos que classificam esse filme como um western. Bom, eu não concordaria com esse tipo de visão. Não é um filme passado nos séculos XVIII e XIX e nem conta uma história sobre a colonização do Oeste Selvagem. Na realidade é um filme passado nos anos 60, mostrando a ebulição social que ocorria dentro da sociedade norte-americana naquele período histórico. Marlon Brando está excelente como um xerife de uma pequena cidade do sul. O ator que sempre foi um liberal e um progressista de carteirinha, usou esse papel para de certa forma denunciar o racismo, a corrupção e até mesmo a mentalidade fascista de homens da lei que imperavam naquele momento. Brando usa seu papel para mostrar o tipo mais asqueroso possível. E nesse processo certamente sentiu um grande prazer em denunciar no cinema esse tipo de facínora fardado. 

Jane Fonda era jovem e linda quando realizou esse filme. Realmente ela estava na sua melhor forma, ainda colhendo os frutos de sua juventude. Já era, mesmo naquela idade, uma boa atriz, mas vamos convir que não conseguia fazer frente ao talento de Brando. Quando eles contracenam no filme isso fica bem claro. Brando parece uma força da natureza em sua atuação, já ela parece estar meio assustada e isso não era bem uma característica de sua personagem. Há claramente um desnível de atuação entre eles dois. O resto do elenco é excelente, contando inclusive com jovens atores que iriam virar astros em Hollywood como o próprio Robert Redford! Enfim, esse pode ser considerado um dos bons filmes de Brando naquela fase em que sua carreira estava em baixa em termos de bilheteria. Não fez o sucesso esperado e nem conseguiu dar um alívio para Brando no aspecto puramente comercial, mas é sem dúvida um grande filme de sua carreira. 

Caçada Humana (The Chase, Estados Unidos, 1966) Direção: Arthur Penn / Roteiro: Arthur Penn, Horton Foote / Elenco: Marlon Brando, Jane Fonda, Robert Redford, Angie Dickinson, Robert Duvall, James Fox, Jocelyn Brando / Sinopse: Numa pequena cidade sulista dos Estados Unidos, um xerife violento e brutal caça um fugitivo da justiça. E essa caçada se torna a maior de suas obsessões pessoais. 

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 11 de março de 2024

Sede de Viver

Esse é outro filme que considero essencial para se conhecer melhor o talento do ator Kirk Douglas. Ele deixou os filmes de faroeste, os grandes épicos, as aventuras submarinas de lado, para atuar em um projeto bem artístico, com um roteiro muito humano. O tema do filme era a vida do pintor Vincent van Gogh (1853 - 1890). Filho de um austero pastor protestante, ele sonhava seguir os passos do pai, mas acabava sendo rejeitado por sua congregação. O motivo? Ele não tinha aptidão para a oratória e a pregação nos cultos. Com isso seus sonhos acabaram ficando pelo meio do caminho. Porém o que lhe faltava como orador certamente lhe sobrava como pintor de quadros. Depois da rejeição, ele decidiu então se dedicar ao mundo da pintura. Era um velho sonho esse de se tornar artista, de viver de sua arte. Trabalhando freneticamente, almejava se tornar um sucesso no mundo das artes, mas só conseguiu em vida ser completamente ignorado. Seu irmão Theo, um comerciante de quadros em Paris, até se esforçou para vender suas pinturas, mas o sucesso definitivamente não parecia sorrir na vida de Van Gogh. Alguns grandes nomes da arte só conseguem mesmo o reconhecimento após a morte. Infelizmente para Van Gogh foi esse o caso.

Considerei um filme bem comovente. É bastante louvável que Hollywood tenha produzido algo assim, mostrando um dos maiores gênios da pintura de todos os tempos de uma forma respeitosa, mas também realista. O Vincent van Gogh que surge na tela é um homem que não consegue acertar na vida. Tenta ser pastor protestante, mas sua visão de mundo, de abraçar os mais pobres e humildes, o faz fracassar dentro de sua missão luterana. Seus superiores não querem esse tipo de atitude de abnegação. Depois sonha em se tornar um pintor, trabalha incansavelmente, mas novamente não consegue grande êxito (comercial, é bom frisar). Seus quadros não vendem nada e ele acaba sendo sustentado pelo irmão, um grande sujeito. A falta de um caminho de sucesso acaba destruindo a alma do grande artista. Atacado por uma crise nervosa, vai parar em um manicômio onde dá continuidade às suas crises existenciais. É um grande trabalho da carreira de Kirk Douglas que se entregou de corpo e alma ao papel. Poucas vezes vi o ator em uma interpretação tão intensa como essa. Kirk incorpora Van Gogh de uma forma sobrenatural. Podemos perceber facilmente seu apego ao papel. Foi uma atuação de coração mesmo, do fundo de sua alma. Ele foi indicado ao Oscar de melhor ator, mas por uma dessas injustiças da Academia não foi premiado. 

Anthony Quinn foi mais feliz e levantou a estatueta de Melhor Ator Coadjuvante. Ele interpretou o pintor Paul Gauguin, que era um dos únicos amigos que Van Gogh tinha no mundo das artes. Sua atuação quebrou um estigma na época, pois Quinn era visto como um grandalhão, um gigante amigo, mas não um excepcional ator de cinema. Depois que ganhou o Oscar ganhou o respeito dos críticos em geral. O personagem que interpretou era muito rico, um verdadeiro presente para qualquer ator. Sua amizade mercurial com Van Gogh arranca faíscas em cena. Outro ponto digno de elogios foi a preocupação dos produtores em mostrar os mais famosos quadros do pintor em momentos cruciais da trama, fundindo vida e arte de forma muito adequada e conveniente. Por uma ironia do destino Van Gogh morreu pobre e esquecido, mas hoje em dia seus quadros estão entre os mais valiosos do mundo das artes. Valem milhões! Um artista que mal conseguiu vender um quadro em vida, hoje é considerado um gênio absoluto dos pincéis. Sua arte foi valorizada, tardiamente, temos que reconhecer, mas pelo menos seu talento foi devidamente reconhecido. Esse filme mostra sua história, tudo realizado com grande qualidade. É um grande clássico sem final feliz, pelo menos sob o ponto de vista da existência desse ser humano que foi um artista genial.

Sede de Viver (Lust for Life,  Estados Unidos, 1956) Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) / Direção: Vincente Minnelli, George Cukor (não creditado) / Roteiro: Norman Corwin, baseado no livro de Irving Stone / Elenco: Kirk Douglas, Anthony Quinn, James Donald, Pamela Brown / Sinopse: O filme conta a história real e trágica da vida do pintor Vincent Van Gogh. Suas lutas, seus fracassos e suas desilusões. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor ator coadjuvante (Anthony Quinn). Também indicado nas categorias de Melhor Ator (Kirk Douglas), Melhor Roteiro Adaptado (Norman Corwin) e Melhor Direção de Arte (Cedric Gibbons e Hans Peters). Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator (Kirk Douglas). Também indicado na categoria de Melhor Filme - Drama.

Pablo Aluísio.

As Três Faces de Eva

Joanne Woodward foi uma excelente atriz. Ela, em determinado momento da carreira, deixou um pouco seus filmes de lado para cuidar da família. Ela foi esposa de Paul Newman. Isso porém em nada atrapalhou seu talento, que era muito natural e espontâneo. Esse filme aqui deu a ela a consagração final que desejava. Ela foi premiada com o Oscar de melhor atriz, um prêmio que ninguém contestou na época. Seu trabalho em cena foi realmente excepcional, mostrando que ela tinha muito mais do que apenas três faces para mostrar na tela. De certa forma esse foi o filme da vida dela, aquele que a definiu como uma grande atriz até o fim de seus dias. 

O filme conta a história de uma jovem chamada Eve White (Joanne Woodward). Ela sofre de um distúrbio psiquiátrico desconcertante. Ela assume múltiplas personalidades, cada uma delas bem distinta da outra. Há uma Eve mais ousada, que logo recebe o codinome de Eve Black por ser muito extrovertida, sensual e sem amarras sociais. Uma outra personalidade apelidada de Jane surge mais como uma verdadeira dama da sociedade. O desafio passa a ser controlar todas essas personalidades e se possível encontrar uma cura para o transtorno. Assim os psiquiatras Curtis Luther (Lee J. Cobb) e Francis Day (Edwin Jerome) assumem seu tratamento.

Claro que um filme como esse exigiria uma grande atriz em cena. Joanne Woodward não apenas deu conta do recado, como também encantou o espectador. Ela estava simplesmente maravilhosa em cena, fazendo com que todos acreditassem que suas personalidades e faces eram realmente de pessoas diversas. Os diversos prêmios que recebeu pelo seu trabalho foram mais do que merecidos. Por fim um detalhe interessante: esse filme também é conhecido como "As Três Máscaras de Eva". No Brasil, nessa época, não era incomum um filme receber mais de um título nacional. Geralmente o filme recebia um nome quando era exibido nos cinemas e outro quando era exibido na televisão pela primeira vez.

As Três Faces de Eva (The Three Faces of Eve, Estados Unidos, 1957) Direção: Nunnaly Johnson / Roteiro: Nunnally Johnson baseado no livro de Corbett Thigpen / Elenco: Joanne Woodward, Lee J. Cobb, David Wayne, Vince Edwards, Nancy Kulp, Ken Scott, Edwin Jerome, Alena Murray / Sinopse: Eve (Joanne Woodward) é uma jovem que passsa a sofrer um estranho distúrbio mental que a faz desenvolver personalidades diferentes. Ela surge não apenas como Eve, mas também como uma outra mulher muito sedutora e uma dama da sociedade, bem racional. Filme vencedor do Oscar e do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Joanne Woodward). Também indicado ao BAFTA Awards na mesma categoria.

Pablo Aluísio.

domingo, 10 de março de 2024

Batman: A Perdição Chegou a Gotham

Título no Brasil: Batman: A Perdição Chegou a Gotham
Título Original: Batman: The Doom That Came to Gotham
Ano de Lançamento: 2023
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Christopher Berkeley, Sam Liu
Roteiro: Jase Ricci, Mike Mignola
Elenco: David Giuntoli, Tati Gabrielle, Gideon Adlon

Sinopse:
Na década de 1920 o jovem milionário Bruce Wayne precisa enfrentar uma aterrorizante ameaça contra Gotham City, um portal ligado a um universo paralelo é aberto e de lá começam a chegar estranhas criaturas que parecem ter saído da mente do escritor H. P. Lovecraft.

Comentários:
Achei muito surreal essa animação do Batman. Não é a primeira vez que vejo esse super-herói lidando com o mundo sobrenatural, embora isso nao seja muito comum em suas histórias. A questão é que o roteiro desse filme não se contenta apenas em colocar o Batman enfrentando demônios e outros seres do além, mas o próprio desenvolvimento do enredo é completamente fora dos padrões. Basta dizer que ao enfrentar esses monstros o próprio Batman também vai se transformando em um ser estranho, híbrido, entre o nosso mundo e o bizarro universo que ele enfrenta. Nesse aspecto achei tudo muito fora da rota mesmo do que se esperaria de uma animação como essa. É a tal coisa, se tivessem feito um filme live action com essa história teríamos realmente o filme mais corajoso do Batman jamais feito em todos esses anos. 

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de março de 2024

Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 1

Elvis Presley - That's the Way It Is - Parte 1
Esse foi o disco lançado pela RCA Victor trazendo a trilha sonora do filme "Elvis é Assim". O curioso é que as faixas, em sua maioria, não eram as mesmas mostradas no filme. Esse material foi gravado em Nashville, em estúdio, e não em Las Vegas, durante as apresentações do cantor na sua nova temporada na cidade. E nem todas as músicas apresentadas nesse álbum foram mostradas no filme. Assim o fã de certo modo se surpreendeu quando comprou o disco original na época. Tempos depois várias edições especiais tentariam compensar esse aspecto, colocando todas as músicas dos shows, mais vasto material extra. 

Sem dúvida esses CDs especiais eram bem mais completos, porém do ponto de vista histórico, dentro da discografia oficial de Elvis Presley, o disco que conta foi justamente essa primeira edição do ano de 1970. É um bom álbum, trazendo canções que iriam marcar a carreira de Elvis pelo resto de sua vida. Além disso era mais um a seguir nesse novo caminho de sua carreira, o mostrando como um artista diferente, cantando músicas mais maduras, falando de relacionamentos adultos. Os anos de juventude, da adolescência dos filmes dos anos 60, havia ficado definitivamente no passado. A seguir comento faixa a faixa desse disco importante dentro da discografia do cantor.  

A primeira faixa do álbum era a bela "I Just Can't Help Believin". Esse álbum "That's the Way It Is" sempre foi um dos mais queridos dos fãs de Elvis em sua fase anos 70. O disco original era basicamente a trilha sonora do novo filme de Elvis pelo estúdio MGM. Ao contrário das inúmeras trilhas do passado essa aqui não era a de uma comédia romântica musical, mas sim a de um documentário musical que trazia para as telas de cinema parte das apresentações de Elvis em Las Vegas durante o ano de 1970 (em sua terceira temporada na cidade). A canção que abriu o LP foi essa bela balada "I Just Can't Help Believing", sucesso na voz do cantor B.J. Thomas na época. É interessante notarmos que Elvis começava a flertar com uma outra geração de interpretes americanos. Cantores como B.J. Thomas e Neil Diamond nunca foram roqueiros em suas carreiras. Eram vocalistas que apostavam tudo em repertórios bem românticos - para alguns tangenciando até mesmo para o sentimentalismo mais meloso. Elvis porém não parecia se importar muito com isso. Ele estava certo nesse ponto de vista. O importante era interpretar boas músicas e sempre que encontrava uma bela composição no repertório dos colegas cantores não demorava muito para fazer a sua versão. 

Pois bem, quando "That's the Way It Is" foi anunciado pela RCA Victor muitos pensaram na época que o álbum seria mais um no estilo "Ao Vivo" em Las Vegas. O produtor Felton Jarvis porém não queria saturar o mercado com três discos consecutivos de Elvis gravados ao vivo em Vegas. Assim o cantor foi até Nashville para participar de uma verdadeira maratona de gravações, gravando dezenas de novas canções em estúdio. A intenção era gravar bastante material para ser lançado aos poucos, nos meses e anos seguintes. A primeira leva de canções dessa maratona surgiu justamente nesse álbum. Curiosamente a RCA acabou utilizando quase nenhuma gravação ao vivo da temporada que aparecia no filme. Uma exceção acabou sendo exatamente essa versão "Live" de "I Just Can't Help Believing". A letra é um dos pontos altos da música, retratando o sentimento de ternura e paixão que existe nos pequenos detalhes de um relacionamento amoroso, como as mãos dadas, os sorrisos e os aromas da amada. Praticamente apenas três estrofes, mas tudo muito bem escrito. A melodia também é excelente, calma, ponderada, completamente adequada para a mensagem de sua letra. Enfim, uma grande performance de Elvis que esteve bem à altura desse verdadeiro clássico da discografia do cantor. Simplesmente essencial.

Pablo Aluísio.