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terça-feira, 30 de junho de 2020

Adorável Pecadora

Esse foi o penúltimo filme de Marilyn Monroe. Ela já caminhava para seu trágico fim. Apenas dois anos depois ela seria encontrada morta em sua casa. Também foi um dos mais complicados de se produzir pois Marilyn já demonstrava todos os seus problemas emocionais durante as filmagens. Ela sempre chegava atrasada, faltava dias e dias ao trabalho e quando aparecia não conseguia decorar seu texto. Havia muito abuso no consumo de pílulas e bebidas, o que tornava impossível para ela atuar ou aparecer saudável em cena. Isso obviamente trouxe muita tensão entre ela e os produtores e foi mais um dos inúmeros problemas que foram se acumulando, o que acabaria resultando em sua demissão dos estúdios Fox, que não conseguiam mais lidar com tanto caos em seus filmes. O curioso é que quando o filme finalmente ficou pronto, acabou se revelando um bom entretenimento. No simpático enredo, Marilyn Monroe interpretava Amanda Dell, uma cantora e dançarina que acabava caindo nas graças de um francês extremamente rico, chamado Jean Marck Clement (Yves Montand). Confundido com um aspirante, a ator acabava entrando na peça onde Amanda se apresentava e começava a investir romanticamente na colega, mas sem conseguir muito sucesso. A personagem de Marilyn parecia estar apaixonada mesmo por Tony Danton (Frankie Vaughan), o protagonista da peça. Sem contar a ela que seria um milionário, ele começa então um novo plano para conquistar a linda loira de olhos azuis.

“Adorável Pecadora” é uma comédia romântica que investe bastante nas tomadas musicais e nos relacionamentos divertidos e complicados dos personagens principais. Seu resultado nas bilheterias foi apenas mediano, mas o filme se notabilizou mesmo por causa das deliciosas histórias de bastidores. O casamento entre Marilyn Monroe e Arthur Miller estava em frangalhos e assim que começaram as filmagens Marilyn se apaixonou por Yves Montand. Era uma atração muito previsível. Montand, como todo bom francês, era também um conquistador nato. Para Marilyn ele era antes de tudo um europeu exótico. Como não perdia a chance de ter uma nova aventura sempre que ela surgisse pela frente, nem pensou duas vezes antes de cair nos braços do ator. O problema era que o colega e companheiro de cena também era casado com Simone Signoret, que se considerava amiga de Marilyn, o que acabou resultando em um incômodo e complicado triângulo amoroso tão ou mais problemático do que o próprio roteiro do filme! Marilyn também passava por um momento muito conturbado em sua saúde, com abuso constante de medicamentos e álcool. Ela quase sempre misturava suas pílulas para dormir com champagne francês a qualquer hora do dia ou da noite, uma combinação perigosa e potencialmente fatal que atrapalhava muito também em seu desempenho. No filme ela aparenta estar meio desnorteada, muito pálida e com o semblante perdido. Mesmo assim ainda consegue encantar, inclusive ao cantar muito bem a divertida “My Heart Belongs To Daddy”.

Assistindo a atriz soltando a voz em cena não podemos deixar de elogiar seu estilo sensual e diria até mesmo seu bonito timbre vocal. Ela certamente não era uma cantora profissional, mas sempre se saía muito bem nos números musicais de seus filmes. Isso era resultado e fruto de muitos anos de aulas de canto pagos pelos estúdios Fox. Marilyn também passava dias ouvindo em seu quarto a sua cantora preferida, Ella Fitzgerald. O próprio estilo vocal que desenvolveu inclusive é uma bonita variação dessa fabulosa diva do jazz. Assim “Adorável Pecadora” foi salvo pela bonita voz de Marilyn Monroe, pelos talentosos números musicais e pelas ótimas histórias de alcova de sua produção. Um bom momento na carreira da musa Marilyn Monroe que merece ser redescoberto por fãs e amantes de musicais da década de 1960. Não deixe de conhecer.

Adorável Pecadora (Let´s Make Love, Estados Unidos, 1960) Direção: George Cukor / Roteiro: Norman Krasna, Hal Kanter / Elenco: Marilyn Monroe, Yves Montand, Tony Randall / Sinopse: Bilionário francês (Yves Montand) se apaixona por linda corista (Marilyn Monroe) que não se mostra muito interessada em seus avanços românticos. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Música Original. Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Musical ou Comédia.

Pablo Aluísio.  

Cargo

Título no Brasil: Cargo
Título Original: Cargo
Ano de Produção: 2017
País: Austrália
Estúdio: Netflix
Direção: Ben Howling, Yolanda Ramke
Roteiro: Yolanda Ramke
Elenco: Martin Freeman, Simone Landers, Marlee Jane McPherson, Susie Porter, Bruce R. Carter, Kris McQuade

Sinopse:
Um pai, sua esposa e a pequena filha, uma criança de colo, tentam sobreviver no interior da Austrália. Há pouca comida e zumbis por todos os lados. Sair vivo daquela situação aflitiva vai ser o maior desafio já enfrentado por aquela família. Filme premiado no Australian Writers' Guild.

Comentários:
Fui assistir a esse filme sem maiores informações. Estava no catalogo da Netflix. Era um filme australiano. Parecia ser interessante, afinal é sempre bom assistir filmografias de outros países fora do eixo Europa-Estados Unidos. E o filme começa bem, mostrando um casal e sua filhinha (uma bebezinha) navegando por rios do interior da Austrália. Eles estão ficando sem comida. Acabam encontrando um veleiro afundando. Nenhum sinal de sobreviventes. No local encontram comida, mas também algo os ataca e aí... bom, e aí o filme vira uma típica produção de apocalipse zumbi! Não era o que eu estava procurando. Estou cansando desse tipo de filme. Porém como já havia passado quase 30 minutos de filme resolvi seguir em frente. OK, não me aborreceu. Os elementos de filmes de morto-vivo estão presentes. Os seres humanos ainda não contaminados tentam sobreviver, enquanto explodem os miolos dos monstros. De novidade mesmo apenas a presença de aborígenes nativos como coadjuvantes e o próprio cenário natural da Austrália, uma grande ilha no Pacífico Sul, com seu interior todo coberto por desertos. Então é isso. Fica a dica se você estiver em um busca de uma espécie de "Walking Dead" Made in Australia. Caso contrário, não vale tanto a pena assim.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 29 de junho de 2020

A Insustentável Leveza do Ser

Título no Brasil: A Insustentável Leveza do Ser
Título Original: The Unbearable Lightness of Being
Ano de Produção: 1988
País: Estados Unidos
Estúdio: The Saul Zaentz Company
Direção: Philip Kaufman
Roteiro: Jean-Claude Carrière, Philip Kaufman
Elenco: Daniel Day-Lewis, Juliette Binoche, Lena Olin, Derek de Lint, Erland Josephson, Pavel Landovský

Sinopse:
Baseado no romance escrito por Milan Kundera, o filme "A Insustentável Leveza do Ser" conta uma história que se passa em Praga, durante a década de 1960. O médico Tomas (Daniel Day-Lewis) acaba se relacionando com duas mulheres ao mesmo tempo, em um tempo politicamente conturbado da história de seu pais. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor roteiro adaptado (Philip Kaufman e Jean-Claude Carrière) e melhor direção de fotografia (Sven Nykvist).

Comentários:
O cineasta Philip Kaufman encontrou muitas dificuldades para levar para o cinema o famoso livro de Milan Kundera. Hpuve inúmeros problemas de adaptação, pois inegavelmente o cinema e a literatura são artes diferentes, com nuances próprias. E muitos roteiristas disseram ao diretor que aquele romance era um daqueles textos quase inadaptáveis para as telas. Outra barreira foi que embora o filme fosse bancado com capital americano, essa seria uma produção rodada na Europa, com profissionais europeus. E como todos sabemos o cinema europeu tem um ritmo próprio, bem diferente do cinema produzido nos Estados Unidos. Será que o público americano iria gostar desse tipo de filme? De qualquer maneira, superados todos os obstáculos, temos que louvar o resultado final. Philip Kaufman não fez uma adaptação perfeita das páginas do livro, mas chegou bem perto. E ajudou muito ter o elenco certo. Daniel Day-Lewis mais uma vez provou ser um grande ator, muito provavelmente o maior de sua geração, mas devo dizer que Juliette Binoche não ficou muito atrás. Ela está perfeita em sua atuação. Em suma, um belo filme feito a partir de um belo livro. Arte pura, para pessoas mais sofisticadas. 

Pablo Aluísio.

M.A.S.H.

Título no Brasil: M.A.S.H.
Título Original: M.A.S.H.
Ano de Produção: 1970
País: Estados Unidos
Estúdio: Aspen Productions
Direção: Robert Altman
Roteiro: Ring Lardner Jr.
Elenco: Donald Sutherland, Elliott Gould, Tom Skerritt, Robert Duvall, Sally Kellerman, Roger Bowen

Sinopse:
Roteiro escrito a partir do livro escrito por Richard Hooker. Os funcionários de um hospital de campanha na Guerra da Coréia, entre eles três cirurgiões, usam do bom humor e da ironia para manterem sua sanidade mental diante do horror da guerra. Filme premiado com o Oscar na categoria de melhor roteiro adaptado (Ring Lardner Jr).

Comentários:
Fazer comédias em filmes de guerra não era exatamente uma novidade em Hollywood. Só que esse filme aqui foi produzido em uma época particularmente complicada. Os Estados Unidos ainda estavam atolados na guerra do Vietnã e muitos jovens perdiam a vida nas florestas úmidas daquele país asiático. Por isso vários diretores recusaram o convite para dirigir esse filme. Acabou sobrando para Robert Altman, que sempre foi considerado um cineasta independente dentro do cinema americano. E ele fez um filme muito bom mesmo. Esse tipo de roteiro nunca foi a especialidade de Altman, mas ele se saiu muito bem. A crítica gostou muito e o filme acabou ganhando uma boa bilheteria, algo que poucos esperavam. Ninguém acusou o filme de ser inconveniente ou desrespeitoso com os combatentes do Vietnã, pelo contrário, todos pareceram gostar - até mesmo os soldados que lutavam naquela guerra sem sentido. O sucesso comercial foi tão bom que rendeu até mesmo uma série de TV. Ainda me lembro de ter assistido alguns episódios na TV aberta, na Rede Bandeirantes, durante as décadas de 1970 e 1980. Um belo resultado para um filme que ninguém acreditava que iria dar certo.

Pablo Aluísio.

domingo, 28 de junho de 2020

Bohemian Rhapsody

Título no Brasil: Bohemian Rhapsody
Título Original: Bohemian Rhapsody
Ano de Produção: 2018
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: GK Films, New Regency Pictures
Direção: Bryan Singer
Roteiro: Anthony McCarten, Peter Morgan
Elenco: Rami Malek, Lucy Boynton, Gwilym Lee, Ben Hardy, Joseph Mazzello, Aidan Gillen

Sinopse:
Esse filme conta a história do cantor e compositor Freddie Mercury (Rami Malek) e sua banda Queen. Sucesso absoluto nas décadas de 1970 e 1980 ele viu sua brilhante carreira ser interrompida após ser diagnosticado HIV positivo. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor ator (Rami Malek), melhor edição (John Ottman), melhor edição de som e melhor mixagem de som. Filme indicado ainda ao Oscar na categoria de melhor filme.

Comentários:
A AIDS encerrou a vida de muitos artistas famosos durante a década de 1980. Um das vítimas mais conhecidas foi o cantor Freddie Mercury. Quando surgiu a ideia de trazer sua história para o cinema os produtores tiveram que escolher um caminho. Ou iam pelo lado do drama, mostrando os últimos dias de vida do artista ou então optavam por celebrar a obra musical do Queen. Felizmente para os fãs venceu a segunda opção. E esse filme é justamente isso. O roteiro sofreu algumas críticas, por eventuais erros históricos, mas isso, pensando bem, é um pequeno deslize que não comprometeu em nada o espetáculo cinematográfico em si. Apesar disso o filme se tornou um dos grandes sucessos comerciais de Hollywood em 2018. Somando-se as bilheterias americanas com a do resto do mundo, essa produção faturou mais de um bilhão e duzentos milhões de dólares - um excelente resultado, mesmo para grandes produções, ainda mais se tratando de um musical. E para coroar todo o êxito do filme o ator Rami Malek ainda levou para casa o merecido Oscar por sua atuação. Uma premiação mais do que justa, pois depois da música do Queen ele realmente é a melhor coisa do filme. Deixo meus aplausos para sua performance na tela. Além disso o filme conseguiu uma honrosa indicação ao Oscar de melhor filme. Fazia anos que um musical não conseguia tal feito. Enfim, uma bela homenagem da sétima arte para um dos grandes nomes da história do rock mundial.

Pablo Aluísio.

sábado, 27 de junho de 2020

Leaving Neverland

Em termos de mundo da música o evento mais comentado dos últimos meses foi o lançamento desse documentário de Dan Reed. O tema é explosivo. Traz os depoimentos de Jimmy Safechuck e Wade Robson. Quem são eles? Hoje homens adultos, casados e pais de família, eles foram no passado "garotos de Michael Jackson". Como se sabe o cantor vivia ao redor de dezenas de crianças. A versão oficial dizia que ele estava apenas em busca de uma infância perdida que não teve. Já a versão dos bastidores dizia que o maior astro musical de sua época era na verdade um pedófilo. Foi processado por isso e inocentado em vida. Dez anos depois de sua morte tudo voltou com muita força através justamente desse documentário.

Ele conta, em quatro horas de duração, exibida em duas partes pela canal HBO, a suposta verdadeira história desses homens. Eles resgatam o passado, deixando claro que foram abusados por Michael enquanto eram apenas crianças. Um tinha sete anos de idade, o outro pouco mais de oito. São testemunhos arrasadores para a imagem de Michael Jackson. Claro, os fãs saíram em defesa de Michael, alegando que tudo teria sido mentira, uma maneira dos dois ganharem dinheiro. Só que nem a tenacidade dos fãs conseguiu controlar o estrago. Rádios baniram Michael Jackson e até mesmo eventos esportivos que usavam a música do astro cancelaram tudo. A coisa realmente fedeu. Fedeu porque sendo sincero o depoimento desses homens é muito crível, soando verdadeiro. Cada um faz seu próprio juízo de valor, no meu caso acreditei nas alegações. Michael já era considerado uma pessoa bem esquisita em seu tempo, agora com esse documentário sua imagem fica ainda mais manchada. Assista e tire suas próprias conclusões.

Leaving Neverland (Estados Unidos, 2019) Direção: Dan Reed / Roteiro: Dan Reed / Elenco: Jimmy Safechuck, Wade Robson, Michael Jackson / Sinopse: Documentário do canal HBO que procura desvendar denúncias de duas pessoas que conviveram com Michael Jackson quando eram crianças Hoje adultos eles falam sobre os supostos abusos sexuais infantis que sofreram nas mãos do cantor Michael Jackson

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Dominados Pelo Ódio

Apenas quatro anos após a morte do verdadeiro Machine Gun' Kelly, o diretor Roger Corman resolveu contar sua história no cinema. E quem foi esse criminoso? Ele foi um dos mais conhecidos gângsters dos Estados Unidos. Conhecido por sempre portar uma metralhadora Thompson, ele espalhou terror durante as décadas de 1930 e 1940. Era uma figura brutal, com ares de psicopata, que cometia crimes sem se importar com as consequências de seus atos. Começou contrabandeando bebida ilegal durante a lei seca. Depois partiu para uma série de roubos a banca com sua quadrilha e sua namorada, a também violenta Kathryn Thorne.

Kelly era nascido em Memphis, Tennessee, mas cometeu crimes em diversos estados americanos. Ele entrou para a lista dos mais procurados do FBI depois que resolveu atuar em um tipo de crime mais barra pesada. Ele começou a sequestrar figurões e pessoas ricas. No filme há uma adaptação do roteiro. Na vida real Machine Gun' Kelly sequestrou um magnata do mundo do petróleo. No filme ele sequestra a filha desse ricaço, juntamente com sua babá. Aliás o filme tem várias "adaptações" do que efetivamente aconteceu na vida do criminoso. São pequenos detalhes, mas que fazem diferença. No filme ele pede o resgate de 100 mil dólares (na vida real foram 200 mil dólares). O curioso é que apesar de ser um bandido, ele tinha traumas com símbolos que representavam a morte. O roteiro do filme explora esse aspecto. Numa determinada cena ele fica paralisado durante um assalto a banco. O motivo? Ele avista um caixão na rua onde iria cometer o crime. Esse trauma era real e foi colocado em sua ficha psiquiátrica, quando ficou longos anos preso em Alcatraz.

"Dominados Pelo Ódio" tem um clima noir que não nega suas origens. Particularmente gostei bastante da atuação do ator Charles Bronson. Ele não trouxe carisma ou tentou romancear seu personagem. Pelo contrário, ele é todo o tempo um sujeito perigoso, violento, que não liga para absolutamente ninguém, apenas para o dinheiro que seus crimes podem render. Bronson assim interpretou o bandido sem romancear sua figura. Uma decisão acertada. Em vários momentos seu personagem criminoso enfia a mão na cara da namorada, isso sem nem pensar duas vezes. O próprio Machine Gun' Kelly gostava mesmo de bater em suas mulheres. Assim o filme acabou se tornando bem mais realista. No final gostei bastante desse filme de gângster. Apesar de algumas liberdades que o roteiro tomou com a vida real do criminoso, ainda é um excelente filme de ação e força bruta. Afinal assim viviam os criminosos da época.

Dominados Pelo Ódio (Machine-Gun Kelly, Estados Unidos, 1958) Direção: Roger Corman / Roteiro: R. Wright Campbell / Elenco: Charles Bronson, Susan Cabot, Morey Amsterdam / Sinopse: Filme baseado em fatos reais. Durante a década de 1930 o gângster George R. 'Machine Gun' Kelly (Charles Bronson), conhecido assaltante de bancos, decide partir para um novo tipo de crime: o sequestro. Ele rapta a jovem filha de um industrial e pede 100 mil dólares de resgate. Com isso entra na lista dos 10 mais procurados pelo FBI, algo que vai lhe trazer muitos problemas.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Uma Loira Por Um Milhão

Longe da grandiosidade de um “Crepúsculo dos Deuses”, o cineasta Billy Wilder também se dedicou a realizar pequenos filmes, obras primas de simplicidade e do bom humor. Um dos mais interessantes deles é justamente essa comédia de costumes muito bem realizada chamada “Uma Loira Por Um Milhão”. Realizada na década de 1960, quando as comédias românticas despontavam nas bilheterias, o filme foi quase uma brincadeira pessoal por parte de Wilder. Unindo-se a um elenco de amigos pessoais (como Jack Lemmon e Walter Matthau) ele acabou realizando um de seus filmes mais despretensiosos.

“Uma Loira Por Um Milhão” é assim uma comédia de humor negro muito bem estruturada recheada de ótimos diálogos. De certo modo lá esperava por isso uma vez que o cineasta sempre foi reconhecido pelos excelentes textos utilizados em suas produções. Não é seu momento mais engraçado na carreira, já que esse posto pertence obviamente a "Quanto Mais Quente Melhor", mas diverte bastante. A linguagem é quase teatral pois a maior parte do filme se passa dentro de um apartamento, onde Jack Lemmon finge estar seriamente ferido para receber uma bolada de uma seguradora.

O melhor do filme é seu cinismo. Na pele de um advogado pilantra o ator Walter Matthau dá aula de nonsense e falta de escrúpulos, mas tudo com bom humor. Sabe aquele sujeito que faz de tudo para ganhar um dinheiro fácil? Pois é justamente esse o estilo de seu personagem, simplesmente impagável. O ator foi premiado com o Oscar de melhor ator coadjuvante por esse trabalho. Um grande reconhecimento para um profissional realmente talentoso. O título nacional é totalmente equivocado (como sempre), pois o título original "The Fortune Cookie" (Biscoito da Sorte) é bem mais de acordo com o que acontece durante o enredo. A tal "loira" do filme não tem grande destaque dentro da trama. Já a ironia do biscoito chinês sim. Só assistindo para entender.

A dupla formada por Jack Lemmon e Walter Matthau está simplesmente perfeita em cena. Eles combinavam tão bem como a dupla O Gordo e o Magro ou Jerry Lewis e Dean Martin. Depois de tantos anos assistindo aos seus trabalhos posso afirmar sem receios que juntos nunca fizeram um filme ruim. É impressionante o nível de qualidade e elegância que conseguiam alcançar quando trabalhavam juntos. Simbiose perfeita de bom humor e diversão. Enfim fica a dica dessa pequena obra do genial e muito eclético Billy Walter. Assistir ao filme logo se torna uma bela oportunidade para rever um dos mais inteligentes diretores que já surgiram na história, aqui brincando de fazer cinema.

Uma Loira Por Um Milhão (The Fortune Cookie, Estados Unidos, 1966) Direção: Billy Wilder / Roteiro: Billy Wilder, I.A.L. Diamond / Elenco: Jack Lemmon, Walter Matthau, Ron Rich, Judi West, Cliff Osmond  / Sinopse: Após sofrer um pequeno acidente, Harry Hinkle (Jack Lemmon) é persuadido por seu cunhado, um advogado cara de pau chamado Willie Gingrich (Walter Matthau), a exagerar nos danos que sofreu para promover um milionário processo que provavelmente os tornará ricos! Filme premiado com o Oscar na categoria de melhor ator coadjuvante (Walter Matthau). Também indicado nas categorias de melhor roteiro original (Billy Wilder, I.A.L. Diamond), melhor direção de fotografia (Joseph LaShelle) e melhor direção de arte (Robert Luthardt, Edward G. Boyle). Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor ator - musical ou comédia (Walter Matthau).

Pablo Aluísio. 

O Drama de William Holden

William Holden foi um dos mais populares atores da chamada Era de Ouro de Hollywood. Elegante, charmoso, ele se enquadrava muito bem no tipo galã de filmes românticos da época. Era o sonho de muitas mulheres que suspiravam ao vê-lo nas telas dos cinemas mundo afora! Mesmo sendo um dos astros mais famosos dos grandes romances em celuloide ele conseguiu atuar nos mais diversos gêneros, sempre sendo muito bem sucedido. O auge de sua carreira aconteceu com o clássico eterno “Crepúsculo dos Deuses” onde interpretou um roteirista desempregado que casualmente iria parar numa mansão decadente de uma diva do cinema mudo. Vivendo de glórias passadas ela ainda se imaginava uma estrela no céu de Hollywood.

O curioso é que muitas vezes a vida imita a arte. A ironia do destino viria na própria vida de William Holden, que estrelou esse grande filme. Ele era considerado um bom profissional, amigo e correto em suas relações com diretores, colegas atores e produtores. Porém até os mitos eternos de Hollywood passam por grandes problemas em suas vidas pessoais, tais como os meros mortais que vão ao trabalho todos os dias. O grande drama de Holden veio com o álcool. Nas festas nos tempos áureos do cinema americano não havia limites para as bebidas. Tudo do bom e do melhor era colocado à disposição dos convidados. Holden não foi sempre um alcoólatra. Inicialmente bebia socialmente, dentro do padrão dos demais profissionais da indústria do cinema. Aliás participar de grandes festas era um pré-requisito para conhecer donos de estúdios e produtores importantes e assim ser escalado para o elenco de alguma produção em andamento. Para isso o aspirante a ator tinha que se mostrar social e agradável e beber fazia parte desse jogo.

Foi durante um desses eventos festivos que Holden se tornou amigo da estrela Barbara Stanwyck. Ela simpatizou muito com o jeito daquele jovem de Illinois e o escalou para o filme “Conflito de Duas Almas” de 1939. Seu estilo viril e masculino logo chamou a atenção do público feminino e Holden começou a ser escalado para grandes papéis de galãs em filmes no mesmo estilo. A partir de dado momento sua popularidade estourou e ele se tornou um verdadeiro astro. Na década de 40 ele estrelou filmes dos mais diversos estilos, que iam dos dramas, romances, filmes de guerra, até os faroestes da MGM. Seu nome era chamariz de público e nessa ótima fase de sua carreira não estrelou nenhum filme que não fosse um belo sucesso de bilheteria. Em todos eles se destacava pela bela voz e excelente presença de cena. Em 1950 realizou seu grande filme, “Crepúsculo dos Deuses” e três anos depois venceu o Oscar de Melhor Ator por Inferno 17. Era o seu auge definitivo. William Holden estava no topo do mundo!

Depois da consagração da Academia o ator continuou a participar de uma sucessão de sucessos românticos como “Férias do Amor”, onde bailava graciosamente com Kim Novak, e “Suplício de uma Saudade”, um dos filmes de amor mais famosos da história do cinema americano. O problema é que galãs geralmente possuem prazo de validade e no começo da década de 1960 a carreira de William Holden começou a declinar, como era natural acontecer.

Foi justamente nessa época que começou a beber de forma descontrolada. Passava semanas embriagado, muitas vezes caído pelo chão em sua fina e elegante mansão em Beverly Hills. Para manter o alto padrão de vida começou a aceitar qualquer papel que lhe oferecessem. Isso acabou abalando seu prestígio. Já amanhecia bebendo, geralmente um grande copo de whisky sem gelo e não parava mais durante todo o dia. Sua vida sentimental também se tornou caótica. Ele se casou várias vezes, e se apaixonou perdidamente por uma exótica atriz francesa que não parecia gostar verdadeiramente dele. A desilusão amorosa agravava ainda mais seu alcoolismo pois para esquecer as decepções no campo sentimental bebia cada vez mais. Para piorar começou a ser esquecido para as grandes festas justamente por causa de seu alcoolismo. Afinal ninguém queria expulsar um astro de Hollywood decadente por ele estar completamente bêbado. Sem ir nas festas certas começou a ser esquecido por produtores e diretores de elenco.

Seu último grande filme foi “Rede de Intrigas”, um oásis no meio das produções medíocres que vinha estrelando. Suas bebedeiras em Hollywood se tornaram homéricas e por causa delas sua aparência começou a alarmar seus amigos mais próximos – geralmente surgia envelhecido demais, em péssimo estado aparentando ter mais idade do que realmente tinha. O velho galã que arrancava suspiros das moças das décadas de 40 e 50, surgia abatido, cansado, sem energia.

A fonte de todos os seus problemas era o alcoolismo sem controle. Parecia que Holden havia incorporado de forma definitiva seu personagem playboy e irresponsável do clássico “Sabrina” da década de 50. Comprou uma grande propriedade na África e passava meses por lá, caçando e se embriagando em eventos decadentes e espalhafatosos.

Um dia a festa tinha realmente que acabar e acabou para William Holden de uma forma nada condizente com seu passado glorioso. Ele havia comprado um apartamento em Santa Mônica, onde geralmente tomava seus porres de forma solitária e isolada. Hostilizado sempre que ficava bêbado demais ele começou a beber sozinho e às escondidas das pessoas mais próximas. Havia se cansado das lições de moral e dos conselhos para parar de beber. Ele queria beber até não agüentar mais, em paz, sem ninguém por perto lhe perturbando ou lhe chamando a atenção pelo seu estado lamentável. Ele costumava brincar dizendo que era um bebum convicto!

Foi justamente nesse apartamento, até modesto para um grande astro do cinema como ele, que aconteceu a fatalidade. Holden passou dias em bebedeira descontrolada. Após mais um dia de muitos abusos ele foi caminhar da sala para a cozinha mas embriagado demais se desequilibrou e bateu com a cabeça de forma violenta numa grande e dura mesa de mármore da sala de jantar! A pancada foi tão forte que teve morte instantânea. O pior é que Holden havia se afastado de todas as pessoas próximas a ele e por isso ninguém mais sentia sua falta em suas longas ausências etílicas. Ele só foi encontrado mesmo porque os vizinhos alarmados com o mau cheiro vindo de seu apartamento, chamaram a polícia. Quando os policiais entraram finalmente no imóvel encontraram Holden caído no chão já em avançado estado de decomposição. Era novembro de 1981 e William Holden, um dos grandes atores da era clássica de Hollywood estava morto. Havia perdido a luta contra a bebida. Tinha apenas 63 anos, uma idade bem abaixo da expectativa de vida média do homem americano. Terminava assim um drama da vida real, algo tão triste e melancólico quanto o fim de seu personagem que interpretou no inesquecível “Crepúsculo dos Deuses”. Infelizmente até as estrelas caem do céu um dia.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

A Revolução em Paris

Título no Brasil: A Revolução em Paris
Título Original: Un Peuple et Son Roi
Ano de Produção: 2018
País: França, Bélgica
Estúdio: Archipel 35, StudioCanal
Direção: Pierre Schoeller
Roteiro: Pierre Schoeller
Elenco: Gaspard Ulliel, Adèle Haenel, Olivier Gourmet, Louis Garrel, Laurent Lafitte, Louis-Do de Lencquesaing

Sinopse:
Filme com roteiro baseado em fatos históricos reais. No reinado de Louis XVI, o povo de Paris toma as ruas pedindo por direitos, pão e comida. A crise econômica chega ao seu auge e a monarquia absolutista passa a ser alvo de violentos protestos por toda a nação. A Revolução Francesa estava começando.

Comentários:
Esse filme se propõe a contar os eventos revolucionários sob o ponto de vista do povo e da assembleia nacional que foi convocada após a tomada da Bastilha, fato que se tornou símbolo do começo da Revolução Francesa. O interessante desse roteiro é que ele não traz um protagonista individual, mas sim coletivo. Não há basicamente personagens centrais, mas sim pessoas diversas que participaram de um jeito ou de outro da Revolução. Há a camada popular, com as mulheres marchando em direção ao Palácio de Versalhes e os deputados da Assembleia que é reunida para se tomar as decisões mais importantes daquele reino em dissolução. Outro aspecto a se notar é que o roteiro tem dois marcos bem precisos. O marco inicial se dá na tomada da Bastilha e o ato final na subida do Rei Louis XVI até a Guilhotina. Para quem é da área jurídica há um interessante mosaico trazendo trechos dos principais discursos que foram realizados, em espcial os que foram proferidos por Robespierre e Jean-Paul Marat. Só deixa a desejar o pouco espaço que o filme deu para Maria Antonieta. Tem no máximo uma ou duas falas, muito pouco para uma pessoa que tanto simbolizou na época. De qualquer maneira o filme é válido por trazer um panorama geral dos acontecimentos históricos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de junho de 2020

Assassinato Sob Custódia

Título no Brasil: Assassinato Sob Custódia
Título Original: A Dry White Season
Ano de Produção: 1989
País: Estados Unidos
Estúdio: Davros Films, Star Partners
Direção: Euzhan Palcy
Roteiro: Colin Welland
Elenco: Donald Sutherland, Marlon Brando, Susan Sarandon, Janet Suzman, Gerard Thoolen, Susannah Harker

Sinopse:
Baseado no livro escrito por André P. Brink, o filme "Assassinato Sob Custódia" conta a história de um homem comum que decide ajudar seu ajudante negro a encontrar seu filho desaparecido. Isso serve para lhe mostrar os horrores do regime racista da África do Sul, seu sistema político e as atrocidades cometidas em nome de uma ideologia de segregação racial. Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de melhor ator (Marlon Brando).

Comentários:
Em um momento que se fala tanto em racismo estrutural, um filme como esse, que retrata o racismo como política de Estado, é mais do que providencial. Esse foi um dos últimos filmes da carreira de Marlon Brando. Ele só aceitou o convite para participar do filme por causa de seu tema. Não é segredo para ninguém que Marlon Brando defendeu ao longo de toda a sua vida uma agenda progressista. O tema do racismo lhe era muito caro. Ele participou de inúmeros movimentos em favor dos direitos sociais dos negros americanos durante a década de 1960 e não ia deixar passar em brancas nuvens um roteiro como esse. Para Brando não havia nada de mais infame do que o regime do Apartheid na África do Sul, onde negros e brancos eram separados por leis do próprio Estado. Havia áreas nobres que eram exclusivas para brancos, as melhores terras, as melhores plantações. Nenhum negro africano poderia colocar os pés nessas regiões pois seriam mortos. Caso um nativo entrasse nessas fazendas sem autorização levaria um tiro sem piedade. E ninguém seria preso por isso. Era direito dos brancos matar negros que entrassem em sua propriedade sem aviso ou autorização. Para os negros sobravam as favelas, as regiões sem condições de habitação, sem saneamento básico, segurança, nada! Para o branco colonizador vindo da Europa havia o melhor do país. Para os negros nativos, apenas a escória. Então, mesmo que esse filme seja considerado não tão bom por muitos, sua mensagem já prova o valor de sua existência. Em tempos atuais, quando o racismo volta a ganhar força, não deixa de ser relevante rever uma produção como essa.

Pablo Aluísio.

Meu Nome é Ninguém

Não há como viver no auge da carreira para sempre. Mais cedo ou mais tarde, algum dia, mesmo os grandes atores e mitos do cinema precisam fazer grandes concessões em sua carreira. Mudar os rumos, ir atrás de algo diferente. Um caso bem exemplificativo disso é esse “Meu Nome é Ninguém”. Produção italiana cujo nome original, “Il mio nome è Nessuno”, foi traduzido ao pé da letra. O grande mito Henry Fonda, já com idade avançada, foi até a Europa para rodar esse western spaguetti ao lado de um dos mais populares atores do estilo, o carismático Terence Hill, que apesar do nome americano era na realidade de nacionalidade italiana. Seu nome real era Mario Girotti. Ele havia nascido na linda e histórica Veneza! Sua imagem de "gringo" se explicava porque ele descendia de alemães. Não era o tipo italiano padrão, mas sim parecia mais um estrangeiro.

Os mais jovens hoje em dia talvez não mais conheçam Terence Hill, mas quem tem mais de 40 anos sabe muito bem quem foi ele. Estrelou comédias e filmes de western muito populares, inclusive no Brasil. Como esquecer de Trinity, personagem imortal do cinema italiano de western Spaguetti? Ao lado do companheiro e amigo Bud Spencer também rodou inúmeros filmes pastelões que fizeram a alegria da garotada nas décadas de 1960, 70 e 80. Aqui Mario interpreta um verdadeiro “genérico” de Trinity, um personagem chamado “Nessuno” ou em bom português, “Ninguém”. Pegando nuances e características dos pistoleiros sem nome interpretados por Clint Eastwood, o ator faz na verdade uma grande paródia em cima desse tipo de personagem, que era muito popular nos filmes da época.

Aqui acompanhamos a estória de Jack Beauregard (Henry Fonda), um lendário pistoleiro do velho oeste que na velhice resolve ir para a Europa em busca de paz e tranqüilidade. Chegando lá começa a ser importunado por “Ninguém” (Terence Hill), um jovem pistoleiro que idolatra o passado glorioso de Jack. Sem muita noção, acaba colocando o americano em diversas situações complicadas, que vão do constrangedor ao perigo completo, ao ter que enfrentar um grupo de malfeitores, uma gangue de criminosos chamada The Wild Bunch. Apesar da sinopse bem ao velho estilo do faroeste, esse não é um filme para ser levado muito à sério, pois como não poderia deixar de ser em produções desse tipo, há também um acentuado tom cômico nas cenas. O humor sempre se mostra presente. Devo confessar que ver o grande mito Henry Fonda em filmes assim não me agradou completamente. Na verdade ele só fez o filme por pedido do amigo Sergio Leone (que assinou o roteiro). O interessante é que Fonda ficou doente logo no começo das filmagens na Espanha e o filme teve que ser terminado nos Estados Unidos, usando locações na Louisiana, Colorado e Novo México.

Isso até que foi bom pois tirou um pouco daquelas ambientações mais manjadas do cinema de western spaguetti. Além disso abriu portas para Terence Hill no cinema americano, que era o sonho de todo ator europeu da época. De qualquer modo o filme conseguiu virar um sucesso de bilheteria na Europa e no Brasil, talvez pelas forças dos nomes de Leone e Fonda. Também foi um dos últimos faroestes de Henry Fonda, pois naquela época já se sentia velho demais para o gênero. Então fica a dica desse western temporão com os mitos Fonda e Sergio Leone. Não é algo excepcional e nem uma obra-prima, mas pelos nomes envolvidos certamente merece ser redescoberto pelos admiradores do gênero. 

Meu Nome é Ninguém (Il mio nome è Nessuno, Itália, 1973) Direção: Tonino Valerii / Roteiro: Sergio Leone, Fulvio Morsella / Elenco: Terence Hill, Henry Fonda, Jean Martin / Sinopse: Jack Beauregard (Henry Fonda), um lendário pistoleiro do velho oeste decide mudar de ares agora que está chegando na sua velhice. Só que seu descanso acaba sendo interrompida por um sujeito que se chama "Ninguém" (Terence Hill). E isso vai acabar lhe trazendo muitos problemas.

Pablo Aluísio.

O Soldado de Cristo

Esse filme de orçamento modesto se propõe a contar a história do legionário romano Longinus. E quem foi ele? Segundo a tradição oral dos primeiros cristãos ele teria sido o soldado romano que na crucificação de Jesus teria dado o chamado "golpe de misericórdia" contra o peito do Messias. Com sua lança ele teria matado definitivamente o líder daquele movimento religioso que crescia em Jerusalém no ano I. O evangelho cita esse momento, cita o soldado romano, mas nada vai muito além disso. Seu nome real nunca é citado. Esse termo Longinus é equivocado. Esse nome se refere a um tipo de arma usada pelos soldados romanos, a própria lança, mas não era um nome próprio para um romano daqueles tempos.

Pois bem, feita essa pequena introdução histórica, vamos ao filme em si. Praticamente tudo o que se vê nesse roteiro é meramente ficcional. Tirando a morte de Cristo na cruz, a lança do soldado, nada mais existe em termos de escritura. A partir daí criou-se todo um romance, vamos colocar nesses termos. O Longinus desse filme é cego. Naturalmente ele nunca poderia ser um legionário se fosse cego, mas o roteiro tenta explicar isso o colocando como o filho de um importante político romano. Ele participa da crucificação de Jesus e depois desiste do exército romano. Decide voltar para a terra de sua mãe e no meio do caminho conhece um homem que se diz chamar João.

João não é quem diz ser. Na verdade esse João é nada mais, nada menos, do que o próprio Jesus ressuscitado. Ele vem para trazer perdão e graça ao homem que o perfurou com uma lança de guerra na cruz. Esse filme, é bom frisar, é um filme com roteiro feito para pessoas religiosas. É um filme religioso por definição. Só achei que apesar de tudo ser meramente ficcional os roteiristas deveriam ter caprichado um pouco mais nas falas do Cristo. Deveriam ter usado inclusive suas mensagens que estão no Novo Testamento. Seria instrutivo, ideal para um espectador de crença cristã. De qualquer forma o núcleo duro da mensagem cristã é válida. É a mensagem do perdão de Deus, acima de tudo. Nesse aspecto o roteiro acaba sendo bem adequado.

O Soldado de Cristo (The Christ Slayer, Estados Unidos, 2019) Direção: Nathaniel Nose / Roteiro: DJ Perry / Elenco: Carl Weyant, Josh Perry, DJ Perry / Sinopse: Depois de morrer na cruz, Jesus decide andar ao lado do legionário romano Longinus, que participou de sua crucificação. Ele quer levar o perdão de Deus ao soldado.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Vidas à Deriva

A ex-estrelinha teen Shailene Woodley (agora já não mais adolescente) interpreta essa personagem Tami Oldham, que inclusive é baseada em uma escritora americana. Após terminar o ensino médio ela decidiu pegar sua mochila e ganhar o mundo. Planejou que iria viajar pelos países ao estilo mochilão. Arranjava um emprego aqui e outro acolá, apenas para bancar suas despesas pessoais. Assim vai parar longe, mais precisamente na Polinésia Francesa, no Pacífico Sul. Numa das ilhas dessa região remota acabou conhecendo outro americano aventureiro como ela. O tal sujeito tinha um veleiro e após um breve namoro com Tami decidiu convidá-la para uma viagem especial.

Péssima ideia. Veleiros como aquele nunca foram adequados para longas jornadas, ainda mais no Pacífico, um oceano conturbado, dado a tempestades ferozes. E foi justamente o que aconteceu. Enquanto viajavam pelos mares do sul foram pegos em cheio por uma tempestade enorme. O pequeno barco, claro, não conseguiu superar essa adversidade da natureza. Uma onda gigante acabou pegando o veleiro de Tami e seu namorado em cheio, quebrando os mastros, rasgando as velas e destruindo os equipamento de navegação. A partir desse ponto o filme então passa a mostrar a luta pela sobrevivência dos jovens namorados, em uma embarcação completamente à deriva, longe de rotas de outros navios, perdidos no oceano sem fim.

Pois é, meus caros. Não foi o primeiro filme com veleiros perdidos no oceano que assisti. Em certos aspectos me lembrou de um filme recente com Robert Redford que conta uma história bem parecida. Embora eu não seja um especialista em navegação, já sei depois de assistir a esses filmes que entrar em alto-mar com veleiro, esperando fazer longas viagens, é algo estúpido de se fazer. E com a popularização na venda desse tipo de embarcação a coisa só piora a cada ano. Todos que compram um veleiro pensam que já podem ir até o Havaí de barco. Nada mais imprudente do que isso. Esse filme é bom, bem interessante. A Shailene Woodley, praticamente sem maquiagem, com o rosto muito queimado de sol, me pareceu bem envelhecida. isso apesar de ter apenas 28 anos. Ela tentou recuperar o mesmo sucesso do hit de sua carreira, "A Culpa é das Estrelas", com um roteiro que repete romances maravilhosos interrompidos por grandes tragédias. No caso desse filme, apesar de quase naufragar, até que ainda funcionou bem, para minha surpresa.

Vidas à Deriva (Adrift, Estados Unidos, Irlanda, Islândia, Hong Kong, 2018) Direção: Baltasar Kormákur / Roteiro: Aaron Kandell, Jordan Kandell / Elenco: Shailene Woodley, Sam Claflin, Jeffrey Thomas / Sinopse: Jovem garota americana que vive como mochileira, viajando pelo mundo, embarca com o namorado para uma viagem de veleiro no Pacífico Sul, mas acaba sendo atingida por uma enorme tempestade em alto-mar, ficando à deriva, tentando sobreviver até a chegada de um resgate. Filme indicado ao Teen Choice Awards.

Pablo Aluísio.

domingo, 21 de junho de 2020

O Último Reino

Outra série da BBC que merece menção. A história se passa no ano de 866, na Inglaterra da Idade Média. Naqueles tempos distantes a grande ilha era dividida politicamente em vários reinos e feudos independentes, sendo a maioria deles pertencentes ao povo chamado Saxão. Viviam basicamente da terra em uma cultura de subsistência. Embora houvesse rivalidades entre os clãs, essas não eram tão sérias e graves a ponto de colocar em risco aquela civilização. As coisas começaram a mudar com a chegada dos povos vikings, vindos das terras do norte. Eram guerreiros cujo objetivo máximo era a conquista, pilhagem e domínio dos povos invadidos.

O roteiro dessa série assim acompanha a vida de Uhtred de Bebbanburg (Alexander Dreymon), o jovem filho de um Rei Saxão que é morto durante uma dessas invasões. Levado ainda criança para ser criado pelos inimigos como escravo, ele acaba se adaptando ao novo mundo, se tornando muito querido na família que o acolheu. Enquanto isso seu tio usurpa seu trono, impondo uma tirania que deseja eliminar o único herdeiro de direito ao poder, ou seja, ele mesmo. O primeiro episódio tem mais de uma hora de duração e me pareceu muito bom, embora tenha também achado um pouco expansivo demais por contar muito em um tempo relativamente curto. Para bem entender isso é interessante escrever que a história contada nesse piloto agrega mais de vinte anos na vida do protagonista.

O elenco é muito bom e dois nomes de destacam. O primeiro é o de Matthew Macfadyen, que os fãs de séries inglesas reconhecerão de imediato pois ele é bem conhecido por interpretar o inspetor Edmund Reid da série "Ripper Street". Macfadyen tem esse jeito todo próprio de trabalho que nos remete aos antigos atores britânicos, com aquela postura impecável e dicção perfeita. O segundo nome que chama a atenção no elenco é o do veterano Rutger Hauer (de "Blade Runner, o Caçador de Androides", "O Feitiço de Áquila" e tantos outros filmes conhecidos). Ele interpreta um velho monarca normando chamado Ravn, cego e incapacitado para o campo de batalha, o que o deixa em segundo plano dentro de seu clã. A lamentar apenas o fato de que esses dois atores não vão seguir na série nos próximos episódios em decorrência do que acontece com seus personagens dentro da história. De qualquer maneira deixo a dica desse "The Last Kingdom". São quatro temporadas que certamente vão agradar aos fãs de séries medievais como essa.

O Último Reino (The Last Kingdom, Inglaterra, 2015) Direção: Edward Bazalgette, Peter Hoar, entre outros / Roteiro: Stephen Butchard, Bernard Cornwell, entre outros / Elenco:Alexander Dreymon, Matthew Macfadyen, Ian Hart, Rutger Hauer / Sinopse: A série "O Ùltimo Reino" conta a história de um clã poderoso e guerreira em uma Inglaterra medieval, assolada por invasões de navios do grupo Viking, em um momento histórico de violência e barbárie.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Tempo de Glória

A guerra civil americana foi uma das mais devastadoras da história daquele país. Mais americanos morreram nessa guerra do que na I e na II Guerra Mundial juntas. Como se cantava numa famosa canção da época,aquele era um conflito onde irmão matava irmão, sem perdão. “Tempo de Glória” é um dos melhores filmes que retrataram aquele momento histórico. Como se sabe, um dos motivos que levaram o Sul a se rebelar contra a federação americana foi a abolição da escravidão. Naquela época os Estados Unidos estavam divididos não apenas politicamente, mas ideologicamente também. Havia o norte urbano e industrial, baseado na mão de obra operária livre e o sul rural, atrasado, dependente das extensas plantações de algodão, onde imperava a mão de obra escrava negra. Quando a abolição da escravidão foi proclamada, o sul procurou romper com a federação para a formação de estados independentes, confederados, que tivessem a liberdade de continuar ou não unidos de acordo com seus interesses políticos. Com a recusa do norte em aceitar essa situação, a guerra explodiu. “Tempo de Glória” se passa durante a Guerra Civil e mostra um dos primeiros batalhões formados exclusivamente por soldados negros, comandados por oficiais brancos. É a história daqueles que lutavam não apenas pela União, mas também por sua própria liberdade. É um filme historicamente bastante correto e humano que merece ser revisto sempre que possível. Além disso traz uma história real que merece ser conhecida pelas novas gerações.

O elenco é surpreendentemente excepcional. Matthew Broderick abandona seus personagens adolescentes em comédias juvenis (como "Curtindo a vida adoidado") para viver o primeiro grande papel adulto de sua carreira. Aqui ele interpreta o Coronel Robert Gould Shaw, o comandante do primeiro regimento formado por homens negros na Guerra da Secessão. O curioso em sua personalidade é que Shaw se sente bastante confuso com a incumbência de liderar os negros, sem se definir se isso era uma grande honra ou um tipo de punição por algo que tenha desagradado seus superiores. Porém conforme a guerra avança, ele vai descobrindo o real valor de todos aqueles homens que eram tão bravos quanto os melhores soldados brancos. Percebe-se nitidamente sua luta interna contra seus próprios preconceitos. E o fato dele superar isso e crescer como ser humano é um dos grandes méritos desse roteiro.

Outro destaque de peso do elenco é a presença do sempre competente e talentoso Denzel Washington. Esse faz parte daquele seleto grupo de atores que conseguem passar uma dignidade acima da média. Basta adentrar o set para percebermos que ali está um homem de valor, acima de tudo. É isso é basicamente o que seu personagem pede dentro do roteiro. Seu trabalho foi devidamente reconhecido e ele foi premiado com o Oscar de melhor ator coadjuvante. Morgan Freeman é outro ator excepcional em cena. Só o fato de termos esses dois grandes talentos já justificaria a importância do filme em si. Dois grandes profissionais da arte de representar. No final a conclusão que chegamos sobre tudo o que aconteceu durante a Guerra Civil americana é a de que não se pode parar os progressos da humanidade. A roda da história gira para frente e esse movimento não pode ser detido. A escravidão era um absurdo dentro daquele momento histórico em que os Estados Unidos viviam e qualquer um que a defendesse seria derrotado. “Tempo de Glória” mostra esse aspecto excepcionalmente bem. Um filme histórico que entretém e ensina ao mesmo tempo. Simplesmente obrigatório a todos que queiram entender os mecanismos e os preconceitos de todos aqueles homens que lutaram dentro daquela terrível guerra.

Tempo de Glória (Glory, Estados Unidos, 1989) Direção: Edward Zwick / Roteiro: Marshall Herskovitz, Kevin Jarre / Elenco: Matthew Broderick, Denzel Washington, Morgan Freeman, Cary Elwes, Cliff De Young, Jane Alexander./ Sinopse: "Tempo de Glória" conta a história real do 54º Regimento de Massachusets, o primeiro batalhão do exército americano formado apenas por soldados negros. Sob o comando do Coronel Robert Gould Shaw (Matthew Broderick) o regimento lutou na Guerra Civil americana. Filme premiado com o Oscar nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Denzel Washington), Melhor Direção de Fotografia (Freddie Francis) e Melhos Som (Donald O. Mitchell, Gregg Rudloff).

Pablo Aluísio. 

Gatilho Relâmpago

O longa "Gatilho Relâmpago" (The Fastest Gun Alive) foi construído em cima do excelente roteiro de Frank Gilroy e dirigido por Russell Rouse. O ótimo Glenn Ford encarna George Temple, um pistoleiro aposentado que leva uma vida pacata como comerciante ao lado de sua esposa, a bela Dora (Jeanne Crain). Tudo parece correr normalmente até o dia em que Temple fica sabendo da existência de Vinnie Harold (Broderick Crawford), um rápido pistoleiro, assassino e falastrão. Afetado emocionalmente pela incrível fama de Vinnie, o até então pacato Temple resolve beber demais e sair do anonimato. Mesmo contra a vontade de sua mulher, Temple pega sua velha pistola e diante de todos da cidade mostra uma incrível habilidade e rapidez, dando várias demonstrações dignas de um exímio pistoleiro. Depois do show diante de seus amigos ainda embevecidos e incrédulos, Temple, ciente de que sua fama de pistoleiro em breve se espalhará pelas cidades, resolve fugir com a mulher para evitar problemas maiores com a iminente chegada de Vinnie. Dora porém se nega a sair da cidade.

Num dos pontos altos do filme - Temple, já de partida - chega à igreja para despedir-se de sua mulher e de seus amigos. Diante de todos que o imploram para ficar, Temple resolve abrir o coração e mostrar que por trás do magnífico pistoleiro, existe um homem comum, complexado, atormentado e que carrega dentro de si uma enorme culpa ligada ao falecimento de seu pai e que pode ser decisiva no duelo final contra Vinnie. Aliás, um final fantástico e absolutamente surpreendente. Destaque também para a performance solo do ator e dançarino Russ Tamblyn que dois anos antes brilhara no clássico dos musicais: "Sete Noivas para Sete Irmãos" de 1954.

Gatilho Relâmpago (The Fastest Gun Alive, Estados Unidos, 1956) Direção: Russell Rouse / Roteiro: Frank D. Gilroy , Russell Rouse / Elenco: Glenn Ford, Jeanne Crain, Broderick Crawford / Sinopse: Após um falastrão se vangloriar de suas habilidades no gatilho, um pacato e modesto morador de uma cidade do velho oeste resolve mostrar, em um impulso impensado, o que é realmente ser bom no uso de armas de fogo. Sua façanha porém acaba revelando um lado de sua vida que ele preferia que ficasse em segredo. No passado ele tinha sido um habilidoso pistoleiro.

Telmo Vilela Jr.

O Capitão Corelli

Título no Brasil: O Capitão Corelli
Título Original: Captain Corelli's Mandolin
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: John Madden
Roteiro: Shawn Slovo, Louis de Bernières
Elenco: Nicolas Cage, Penélope Cruz, John Hurt, Christian Bale, Irene Papas, Gerasimos Skiadaressis

Sinopse:
Baseado na novela romântica escrita por Louis de Bernières, o filme conta a história de paixão vivida pela jovem Pelagia (Penélope Cruz) e um militar italiano, o Capitão Antonio Corelli (Nicolas Cage). Eles vivem um grande caso de amor nas ilhas gregas.

Comentários:
Esse filme até tem uma bonita fotografia, com cenas realmente aproveitando a beleza natural da Grécia (onde ele foi filmado), porém não posso deixar de dizer também que é uma daquelas produções históricas que nunca convencem muito o espectador. Em vários momentos fiquei com a impressão ruim de estar assistindo algo muito superficial e nada convincente. Isso é particularmente percebível na falta de química entre o casal  Nicolas Cage e Penélope Cruz. Aliás se tem um tipo de papel que o Cage não encaixa muito bem é o de galã romântico. Ele é ótimo para interpretar sujeitos esquisitos e valentões de filmes de ação, mas como parceiro romantizado, não dá certo. Pior se sai Penélope Cruz que "venceu" o Framboesa de Ouro naquele ano. Ela também não convence como mocinha apaixonada. Em termos de elenco o interessante mesmo é conferir um trabalho de Christian Bale,ainda bem jovem e distante alguns anos de se consagrar comercialmente no cinema com a trilogia do Nolan sobre o Batman. Curioso que o jogo virou com os anos. Aqui Bale era mero coadjuvante de Cage. Depois virou um astro em Hollywood, enquanto Nicolas Cage ia afundando numa sucessão de filmes ruins. Pois é meu caro, o mundo dá voltas.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Meu Pé Esquerdo

Título no Brasil: Meu Pé Esquerdo
Título Original: My Left Foot
Ano de Produção: 1989
País: Irlanda, Inglaterra
Estúdio: Ferndale Films
Direção: Jim Sheridan
Roteiro: Shane Connaughton, Jim Sheridan
Elenco: Daniel Day-Lewis, Brenda Fricker, Alison Whelan, Kirsten Sheridan, Declan Croghan, Eanna MacLiam

Sinopse:
Filme baseado em uma história real. Christy Brown (Daniel Day-Lewis) é um jovem com necessidades especiais. Ele é diagnosticado com paralisia cerebral, o que o torna cadeirante, mas sua mãe decide incentivar a inteligência e o talento para as artes do filho. Apesar de só poder usar o pé esquerdo para pintar e escrever, ele acaba se tornando um grande artista de seu tempo. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme e melhor roteiro adaptado.

Comentários:
Filme maravilhoso e uma grande lição de vida. Especialmente indicado para as pessoas que vivem reclamando da vida, se lamentando e se fazendo de vítimas. A história de Christy Brown mostra acima de tudo que não há limites para a grandeza da alma humana. O roteiro também segue na mesma linha, mostrando o protagonista como alguém de uma sensibilidade ímpar, que queria acima de tudo se expressar através da arte que produzia, mesmo com todas as limitações físicas a que era submetido. Além da bonita história que conta, o filme ainda tem um elenco excepcional. O que dizer da interpretação de Daniel Day-Lewis? Essa é uma daquelas atuações que faz o espectador bater palmas ao final do filme. Ele se transformou completamente, mostrando não apenas sua versatilidade como grande ator, mas também pela sensibilidade poética que dá vida ao seu personagem. Não foi por acaso que acabou vencendo o Oscar de melhor ator naquele ano. Inclusive foi uma daquelas premiações que todos já sabiam quem iria vencer. Não havia nenhum concorrente à altura. Brenda Fricker também foi premiada com o Oscar de melhor atriz coadjuvante. Uma atuação de puro coração, porém Daniel Day-Lewis foi mesmo o grande destaque. Uma performance realmente sobrenatural.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 17 de junho de 2020

O Siciliano

Título no Brasil: O Siciliano
Título Original: The Sicilian
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Michael Cimino
Roteiro: Steve Shagan, baseado na obra de Mario Puzo
Elenco: Christopher Lambert, Terence Stamp, John Turturro, Joss Ackland, Barbara Sukowa, Giulia Boschi

Sinopse:
O filme conta a história de Salvatore Giuliano (Christopher Lambert). Uma figura histórica real e controversa que fez parte da história italiana. Ele era considerado um criminoso, um bandido, pela elite, pela igreja e pelos donos de terras. Já para o povo ele era visto como  um herói revolucionário, um homem corajoso que se destacou na luta pela independência da Sicília

Comentários:
O roteiro desse filme foi inspirado no livro escrito por Mario Puzo, o mesmo autor de "O Poderoso Chefão". O talentoso cineasta Michael Cimino foi escolhido para dirigir a boa produção, que contou inclusive com um belo orçamento. Além disso o elenco trazia Christopher Lambert, um ator badalado na Europa por causa do sucesso de seus filmes recentes. Então por que com todos esses elementos o filme não deu certo como tantos esperavam? Em meu ponto de vista quem errou foi Michael Cimino. Ao longo de toda a sua carreira ele repetiu um erro em seus filmes. O corte final errado. Sempre Cimino se enrolava quando ia para a sala de edição para comandar o corte final de seus filmes. Geralmente ele deixava cenas desnecessárias e cortava momentos mais importantes do filme. E o pior é que quase sempre seus filmes ficavam longos demais... e muitas vezes bem chatos. O mesmo aconteceu aqui. Ele brigou com o estúdio, tentou lançar sua versão (que durava mais de 3 horas!) e no final acabou tendo que ceder. O que chegou ao público da época foi um filme picotado, para ser comercial. Alguns momentos ficaram sem sentido... a edição se tornou um desatre. Por isso se for assistir agora prefira uma versão mais modesta que o próprio Cimino montou, denominada Director's Cut. Essa, de todas as que asssiti, foi certamente a mais equilibrada.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 16 de junho de 2020

Rejeitados pelo Diabo

Título no Brasil: Rejeitados pelo Diabo
Título Original: The Devil's Rejects
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos, Alemanha
Estúdio: Lions Gate Films
Direção: Rob Zombie
Roteiro: Rob Zombie
Elenco: Sid Haig, Sheri Moon Zombie, Bill Moseley, William Forsythe, Ken Foree, Matthew McGrory

Sinopse: 
Rob Zombie dirige e escreve esse "The Devil´s Rejects" que mostra a cruel realidade da família Firefly que são cercados pelo xerife da região em sua casa. Após um intenso tiroteio o saldo é trágico. Apenas dois membros sobrevivem, Otis e sua irmã Baby. Enfurecidos eles se reúnem ao Capitão Spaulding e partem para a vingança, espalhando terror e morte por onde passam, promovendo chacinas e espalhando pânico para quem se atreve a cruzar em seus caminhos.

Comentários:
Os personagens desse filme são pessoas tão ruins que nem o diabo os queria. Deu para sentir a proposta inicial do filme? Sim, é por aí. O diretor Rob Zombie é um sujeito estranho, uma dessas pessoas bizarras que só encontrariam trabalho mesmo em Hollywood, naquela seara de filmes mais esquisitos, esquizofrênicos mesmo. Aqui ele tentou ressuscitar a antiga estética dos filmes de terror dos anos 1970. Foi bem sucedido apenas em termos. Há um problema de estrutura nesse roteiro que se perde em inúmeros personagens sem importância. Isso atrapalha o desenvolvimento dos acontecimentos (sanguinários) que desfilam pela tela. ."Rejeitados pelo Diabo" pode até ser considerado uma espécie de continuação de "A Casa dos 1000 Corpos", mas sem muito foco e direção. Penso que Zombie até mesmo quis fazer o seu próprio filme ao estilo "Grindhouse", mas meio que ficou pelo meio do caminho empoeirado do deserto. Esse enredo de famílias de psicopatas que matam a esmo e são perseguidos pela polícia por estradas desertas já foi de certa maneira esgotada pelo cinema americano. Quantos filmes assim você já não assistiu? Pois é, falta maior originalidade. Pelo menos seus assassinos são mais realistas, feios, sujos e malvados. Porém será que apenas isso salva um filme de terror como esse?

Pablo Aluísio. 

Os Chacais do Oeste

Realizado na última fase da carreira de John Wayne, "Os Chacais do Oeste" é um de seus filmes de western mais criativos e saborosos. Na trama acompanhamos Lane (John Wayne) e seu grupo de companheiros veteranos da Guerra Civil. Eles são contratados pela linda Lowe (Ann-Margret) para uma missão extremamente perigosa: recuperar meio milhão de dólares em ouro que seu marido escondeu no México antes de morrer. Assaltante de trens o bandoleiro só contou o verdadeiro lugar onde escondeu todo o ouro para sua viúva que agora conta com o apoio de Lane e seu grupo para encontrá-lo. O problema é que tanto ouro assim acaba atraindo a atenção de todos os bandoleiros e bandidos da região, o que fará com que tudo fique muito mais complicado.

Liderando o grupo de renegados que saem em busca de Lane está um misterioso pistoleiro, interpretado pelo sempre marcante Ricardo Montalban. O roteiro se baseia justamente nessa caça ao tesouro onde todos tentam chegar primeiro ao prêmio máximo. Jonh Wayne, apesar da idade, aparece em grande forma. Corre, atira, monta, atravessa rios lamacentos e não deixa a desejar em absolutamente nada. Sua partner em cena é a maravilhosa Ann-Margret que tanto sucesso fez ao lado de Elvis Presley no musical "Amor a Toda Velocidade". Apesar de trintona ainda esbanja sensualidade e charme no meio das areias do deserto onde se passa quase toda a ação do filme. Inclusive temos aqui um diálogo memorável entre Wayne e ela quando Margret tenta seduzir o velho cowboy. Ele se vira e diz: "Eu tenho uma cadeira que tem mais idade do que você!". Hilário.

"Os Chacais do Oeste" foi produzido pelo filho de Wayne, Michael. Não é uma produção de encher os olhos mas tudo é muito bem realizado. Há ótimas cenas com muitas paisagens naturais e cenários bem elaborados - inclusive o local onde o ouro é finalmente encontrado. Há excelente uso de uma velha Maria Fumaça e uma sequência final com muitos tiros e pirotecnia - onde algumas construções voam literalmente pelos ares após Wayne se cansar de trocar tiros e decidir resolver tudo na base da dinamite! Ao seu lado velhos amigos de tantos anos como Ben Johnson e Christopher George. Na direção temos o cineasta Burt Kennedy com extensa experiência em faroestes. Anos depois ele se consagraria na TV dirigindo a extremamente bem sucedida série Magnum com Tom Selleck. Para finalizar é impossível não mencionar a saborosa cena final. É o único diálogo de Montalban com John Wayne mas é tão marcante que vale o filme inteiro. Fantástica cena que vai deixar muita gente surpresa. Enfim fica a dica de "Os Chacais do Oeste" mais um ótimo momento da filmografia do eterno Duke, John Wayne.

Os Chacais do Oeste (The Train Robbers, Estados Unidos, 1973) Direção: Burt Kennedy / Roteiro. Burt Kennedy / Elenco: John Wayne, Ann-Margret, Rod Taylor, Ben Johnson, Christopher George, Bobby Vinton, Ricardo Montalban / Sinopse: Uma jovem viúva contrata um grupo formado por veteranos da Guerra Civil para recuperar meio milhão de dólares em ouro provenientes de um grande roubo de trem cometido por seu marido morto. O problema é que o ouro também desperta a cobiça de todos os pistoleiros e renegados da região. Chegar a ele será um grande desafio.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Capone

O que aconteceu no último ano de vida de Al Capone? O que achei muito interessante nesse filme é que ele tem como ponto de partida justamente essa pergunta. De certa maneira ele começa onde todos os demais filmes de Capone terminavam. Aqui encontramos a ruína de um homem. Depois de passar muitos anos na cadeia, ele consegue sair da prisão por causa da doença que o destruía. Ele sofria de neurossífilis, ou seja, a Sífilis estava destruindo seus neurônios, o deixando praticamente demente. Um mal sem cura. De certo modo Capone, nos seus últimos dias, tinha apenas lampejos de quem era. Na maior parte do tempo ficava em uma cadeira, praticamente imóvel, perdido em seus delírios. E isso não significava que a máfia não estava por perto. Embora estivesse inválido, sendo cuidado pela esposa e filhos, havia um boato de que ele teria escondido dez milhões de dólares antes de ir para Alcatraz. Só que agora não conseguia mais lembrar onde havia deixado todo esse dinheiro. Claro que os demais gângsters queriam saber. E nesse meio termo ele ia sofrendo com alucinações, pesadelos e visões, inclusive daqueles que havia matado quando era o maior gângster de Chicago. De repente ele se via entrando em um grande salão de baile, com Louis Armstrong se apresentando, onde toda a plateia era formada por pessoas que ele havia assassinado em sua longa carreira de crimes no submundo.

Tom Hardy interpreta Capone. Fizeram uma maquiagem em seu rosto para se parecer mais com o famoso criminoso. Seus lábios ficaram bem grossos, como os de Capone. Gostei do resultado. Houve quem acusasse o ator de fazer uma interpretação que mais se parecia com uma caricatura, mas discordo dessa opinião. Afinal aquele Capone já era uma sombra. Estava demente e senil. O roteiro também ajudou bastante nessa caracterização. O foco vai de uma visão objetiva para uma subjetiva em questão de segundos. De repente estamos dentro da mente de Capone, vendo o que ele vê. Numa das melhores sequências ele pega sua metralhadora "Machine Gun", toda banhada a ouro, para metralhar todo mundo. Isso resulta numa das melhores sequências do filme. Enfim, bom filme, resgatando um lado da vida de Capone que ainda não havia sido explorada adequadamente pelo cinema.

Capone (Capone, Estados Unidos, 2020) Direção: Josh Trank / Roteiro: Josh Trank / Elenco: Tom Hardy, Linda Cardellini, Matt Dillon, Gino Cafarelli, Mason Guccione / Sinopse: Em 1946 o gângster Alphonse Gabriel Capone, também conhecido como Scarface ou Al Capone, é finalmente liberado da justiça para cumprir o resto de sua pena em casa. Ele sofre de uma doença sem cura. Em sua mansão na Flórida passa seus últimos dias, entre alucinações, delírios e pesadelos causadas pela sífilis.

Pablo Aluísio. 

domingo, 14 de junho de 2020

De Caso com a Máfia

Título no Brasil: De Caso com a Máfia
Título Original: Married to the Mob
Ano de Produção: 1988
País: Estados Unidos
Estúdio: Orion Pictures
Direção: Jonathan Demme
Roteiro: Barry Strugatz, Mark R. Burns
Elenco: Michelle Pfeiffer, Alec Baldwin, Dean Stockwell, Joan Cusack, Charles Napier, Paul Lazar

Sinopse:
Após a morte do marido mafioso, sua viúva Angela de Marco (Michelle Pfeiffer), vê a oportunidade de cair fora, de se desligar e se livrar dos amigos e familiares mafiosos dele. Só que isso não vai ser muito fácil, pois esse tipo de saída pode ser muito perigosa.

Comentários:

Uma comédia meramente regular dos anos 80. O que salvou aqui foi mesmo o elenco. A começar por Michelle Pfeiffer. Sempre foi uma atriz carismática que mantinha o interesse mesmo nos filmes mais banais. Seu visual está bem diferente nesse filme. Ao invés de surgir com aquele estilo loira bombhell, ela aqui surge com os cabelos curtinhos e de tonalidade mais escuro. O talento porém segue o mesmo. E o que dizer de um jovem Alec Baldwin, ainda em sua fase inicial de carreira, dando uma de galã? Revisto hoje em dia soa engraçado. Porém no elenco de apoio quem se destaca pra valer mesmo é Dean Stockwell. Ele interpreta o "Padrinho", o chefe da "Famiglia", termo usado geralmente para designar as castas mafiosas e sua organização. Stockwell conseguiu ser indicado ao Oscar na categoria de melhor ator coadjuvante. Uma surpresa e tanto. E o elenco parecia estar bem inspirado, tanto que Michelle Pfeiffer também foi indicada, mas ao Globo de Ouro de melhor atriz! Quem poderia imaginar? Atores atuando em uma comédia com tantas indicações em prêmios importantes como esse? Realmente foi um feito e tanto.

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de junho de 2020

Bird

Título no Brasil: Bird
Título Original: Bird
Ano de Produção: 1988
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Joel Oliansky
Elenco: Forest Whitaker, Diane Venora, Michael Zelniker, Samuel E. Wright, Keith David, Michael McGuire

Sinopse:
O filme conta a história real do músico Charlie 'Bird' Parker. Ele foi considerado por muitos como um dos maiores nomes da história do jazz. Criou um estilo próprio chamado bebop e na vida pessoal acabou sucumbindo para o alcoolismo e abuso de drogas. Filme vencedor do Oscar na categoria de melhor som (Les Fresholtz e Rick Alexander).

Comentários:
Clint Eastwood venceu o Globo de Ouro de melhor direção com essa cinebiografia do músico de jazz Charles Parker. Foi um prêmio mais do que justo. O filme, produzido em parte pelo próprio Clint Eastwood, é uma declaração de amor à música e aos artistas, aos músicos de jazz de todos os tempos. E filmar a história de "Bird" foi muito acertado. Ele personificou como poucos a jornada que muitos músicos de sua geração trilharam. Negro pobre nascido no Kansas, ele rivalizou em importância com gente como Louis Armstrong e Duke Ellington. Com seu sax demonstrou que nenhum instrumentista precisava ficar preso em suas performances. Pelo contrário, valorizava ao máximo a improvisação no palco. Gênio na arte, teve uma vida trágica. Ele tinha problemas com alcoolismo e se viu preso numa armadilha mortal ao se viciar em maconha e heroína. Essa última foi decisiva para sua morte em 1955. Morreu precocemente. Na tela ele foi brilhantemente interpretado por Forest Whitaker. Em minha opinião deveria ter sido no mínimo indicado ao Oscar de melhor ator. De qualquer forma esse filme é uma preciosidade para quem aprecia a história da música. Além disso é um perfeito exemplo do excepcional talento de Clint Eastwood como cineasta. Um grande filme.

Pablo Aluísio.

Asas da Liberdade

Título no Brasil: Asas da Liberdade
Título Original: Birdy
Ano de Produção: 1984
País: Estados Unidos
Estúdio: A&M Films, TriStar Pictures
Direção: Alan Parker
Roteiro: Sandy Kroopf
Elenco: Matthew Modine, Nicolas Cage, John Harkins, Sandy Baron, Karen Young, Nancy Fish

Sinopse:
Baseado no romance escrito por William Wharton, o filme "Asas da Liberdade" conta a história de um ex-combatente da guerra do Vietnã que volta aos Estados Unidos com problemas mentais. Em determinado momento ele se convence que é um pássaro. Para ajudar em sua recuperação um leal amigo tenta ajudá-lo de alguma forma. Filme premiado com a Palma de Ouro no Cannes Film Festival. 

Comentários:
Tenho uma admiração muito grande pela filmografia do diretor Alan Parker. Se há um cineasta que eu tiro o chapéu sem dúvida é ele. Grande artista da arte de fazer filmes, ele teve seu auge criativo justamente durante a década de 1980. Além do insuperável "Coração Satânico" ele ainda dirigiu esse excelente filme sobre os efeitos nefastos de uma guerra como a do Vietnã. Aqui Parker resolveu sondar o lado melancólico dos veteranos da guerra do Vietnã que voltaram com traumas e problemas mentais. Uma triste realidade que o cinema poucas vezes explorou já que sempre existiu um forte estigma com doentes mentais, principalmente se esses forem militares que foram ao Vietnã lutar naquela guerra insana e perderam completamente a razão no meio do inferno da selva asiática. Dentro do ciclo dos filmes de guerra do Vietnã essa seguramente foi uma das produções mais interessantes, humanas e verdadeiras. As cenas em que o ator Matthew Modine incorpora os modos de uma ave são impressionantes e até mesmo inesquecíveis. É o maior filme de sua carreira, muito superior em termos de atuação até mesmo ao clássico de Kubrick "Nascido Para Matar". Não deixe de conhecer. É uma obra-prima da história do cinema americano.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Corra que a Polícia vem Aí!

Título no Brasil: Corra que a Polícia vem Aí!
Título Original: The Naked Gun
Ano de Produção: 1988
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: David Zucker
Roteiro: Jerry Zucker, Jim Abrahams
Elenco: Leslie Nielsen, Priscilla Presley, Ricardo Montalban, O.J. Simpson, George Kennedy, Susan Beaubian

Sinopse:
A Rainha Elizabeth II visita Los Angeles. Para evitar que vossa majestada seja colocada em risco o departemento de polícia resolve escalar o inspetor Frank Drebin (Leslie Nielsen) para manter a segurança da monarca, mas claro tudo dá muito errado.

Comentários:
Esse filme na verdade é uma reciclagem de um projeto de série de TV (chamada Police Squad!) que não deu certo. Mesmo com o fracasso na televisão o trio ZAZ (David Zucker, Jim Abrahams e Jerry Zucker) resolveu não jogar fora a ideia. Eles foram até a direção da Paramount Pictures e conseguiu convencer os produtores de que no cinema iria dar certo. E deu mesmo! Incrível, mas esse acabou sendo uma das comédias mais populares e conhecidas do ZAZ, só sendo superado talvez por "Apertem os Cintos, O Piloto Sumiu". A base é a mesma. Uma grande paródia, com cenas malucas, que tem como fonte de gozação justamente os grandes filmes do cinema convencional. É um tipo de besteirol muito engraçado e cheio de ideias novas. No elenco além do Leslie Nielsen, que começou a carreira como ator sério para depois encontrar o sucesso em comédias amalucadas, temos a linda Priscilla Presley, a eterna viúva de Elvis, aqui sem medo de fazer humor. Enfim, um "clássico" do riso dos anos 80. Teve uma sequência, bem mais fraca, alguns anos depois. Mesmo assim vale rever sempre que possível.

Pablo Aluísio.

Duelo de Gigantes

Título no Brasil: Duelo de Gigantes
Título Original: The Missouri Breaks
Ano de Produção: 1976
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Arthur Penn
Roteiro: Thomas McGuane
Elenco: Marlon Brando, Jack Nicholson, Randy Quaid, Harry Dean Stanton, Kathleen Lloyd, Frederic Forrest

Sinopse:
Um rancheiro decide contratar o pistoleiro Lee Clayton (Marlon Brando) para proteger sua família e sua propriedade. A região está sendo assolada por um bandoleiro e bandido conhecido como Tom Logan (Jack Nicholson), um renegado que agora vive de seus crimes violentos.

Comentários:
Esse western entraria para a história do cinema mesmo que tivesse um fraco roteiro e uma produção ruim (o que definitivamente não é o caso aqui). O fato é que o filme entrou mesmo na história da sétima arte porque reuniu pela primeira e única vez dois monstros da atuação, Marlon Brando e Jack Nicholson. Eram amigos na vida real, se admiravam e eram vizinhos em um bairro nobre de Hollywood. Porém nunca tiveram a oportunidade de atuar juntos antes. Por isso Marlon Brando nem pensou duas vezes antes de aceitar o convite de atuar nesse filme. Ele nem tinha mais pretensões de trabalhar em um faroeste, pois considerava que já havia feito muito pelo gênero cinematográfico, porém a chance de atuar com Jack Nicholson era irecusável. Curiosamente Brando muitas vezes ignorou o roteiro original, trazendo elementos novos para seu personagem. Ele transformou seu pistoleiro em um tipo exótico, dado a bizarrices, como se vestir de mulher. Nada disso estava no roteiro original. Já Jack Nicholson optou por ir em um caminho mais convencional. Seguiu à risca o que pedia o texto. No final de tudo esse "duelo" de grandes atores só teve um vencedor, o próprio espectador, que conseguiu ver dois ícones do cinema no mesmo filme. Realmente um encontro memorável.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Atirando para Matar

Título no Brasil: Atirando para Matar
Título Original: Shoot to Kill
Ano de Produção: 1988
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Roger Spottiswoode
Roteiro: Harv Zimmel
Elenco: Sidney Poitier, Tom Berenger, Kirstie Alley, Clancy Brown, Richard Masur, Andrew Robinson

Sinopse:
Um agente do FBI se une a um rastreador para perseguir um assassino depois que ele desapareceu nas montanhas e se infiltrou em um grupo de turistas que estão conhecendo a região. Filme indicado ao Image Awards (NAACP) nas categorias de melhor direção (Roger Spottiswoode) e melhor ator (Sidney Poitier).

Comentários:
Hoje em dia a questão do combate ao racismo está novamente na ordem do dia. Algo importante, uma bandeira que sempre deve ser colocada no alto dentro da sociedade. Porém há uma pessoa que quase nunca é lembrada nesses momentos, mas que sempre foi um pioneiro nesse aspecto. Trata-se do ator Sidney Poitier, Em um tempo em que praticamente nao havia papéis principais dados a negros dentro do cinema americano, ele conseguiu romper essa barreira do preconceito, se tornando um verdadeiro astro em Hollywood. Esse "Atirando para Matar" jé é um filme pouco lembrado dele. Porém é uma ótima fita de ação e aventura, rodada nos picos gelados e montanhosos do Canadá. Seguindo uma certa cartilha de filmes de ação dos anos 80, esse filme se destacava pelo bom roteiro e pelo elenco. Além do talento sempre presente de Sidney Poitier, havia também o bom trabalho de atuação do subestimado Tom Berenger, que sempre considerei um ótimo ator. Assisti a esse filme pela primeira vez ainda na década de 1980, em VHS. Depois disso poucas vezes vi sendo reprisado. Hoje em dia é até raro de encontrar. Porém deixo a dica desse bom momento da carreira do grande Poitier.

Pablo Aluísio.