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sábado, 30 de novembro de 2019

O Homem do Prego

Filme intenso. Se eu fosse definir esse filme clássico dos anos 60 eu diria que ele é um soco no estômago. Um forte, concentrado e bem dado soco no estômago. O título nacional ficou estranho, mas tem sua razão de ser. Antigamente se dizia que aquele que deixava uma conta a pagar ou então que desse em garantia algum objeto estava na verdade colocando sua conta "no prego". É uma expressão antiga mesmo, mas que ainda se usa em certos lugares do Brasil. O termo jurídico certo seria colocar algo em penhor. E por falar em penhor o principal personagem do filme é um velho dono de uma loja de penhores em Nova Iorque.

Ele sobreviveu ao campo de concentração de Auschwitz. Sua tragédia pessoal é que foi o único de sua família que conseguiu escapar do inferno. Sua esposa e seus dois filhos, ainda crianças, foram executados pelos nazistas. Como ele próprio resume em um diálogo: "A minha desgraça foi que consegui viver. Tudo o que amava nesse mundo morreu, mas eu não! Eu sobrevivi... para minha tragédia!". Assim, como era de esperar, ele volta arrasado psicologicamente do holocausto. Para tentar sobreviver ele se torna uma pessoa fria, sem emoções, beirando a psicopatia. É uma forma de se defender do mundo. Judeu, não acredita em Deus! (suprema contradição). Revoltado, diz ao seu empregado que a única coisa que vale a pena no mundo é o dinheiro. "O dinheiro é tudo!" - resume, mostrando sua visão da vida.

Só que tanta amargura acaba pesando demais. Ele começa a ter recaídas psicológicas. Qualquer frase, palavra ou imagem, traz as lembranças terríveis de Auschwitz. Sua vida perde sentido e ele simplesmente rasteja em sua existência. O cotidiano vira um inferno a mais. Esse personagem é bem complexo e apenas um grande ator poderia lhe dar vida com convicção. Rod Steiger está particularmente brilhante nesse papel. Ele não consegue esconder mais seu estado depressivo, sua tortura na alma. Numa cena muito simbólica ele abre a boca em desespero, mas não consegue sequer gritar. É um grito surdo, que vem de dentro da alma. O espectador não fica menos do que boquiaberto com sua atuação. É coisa de mestre mesmo. Acabou sendo indicado ao Oscar, mas não venceu. Mais um injustiça histórica da Academia. De qualquer forma não vá perder esse filme. Ele não é fácil, não é entretenimento de rápida digestão e não se enquadra no gosto de quem vê cinema apenas como diversão  Muito pelo contrário. É um filme pesado, melancólico e em certos aspectos bem triste. E tudo embalado com uma ótima trilha sonora de puro jazz organizada por Quincy Jones. Ninguém em busca de grande cinema poderia esperar por algo melhor do que isso.

O Homem do Prego (The Pawnbroker, Estados Unidos, 1964) Direção: Sidney Lumet / Roteiro: Morton S. Fine, David Friedkin / Elenco: Rod Steiger, Geraldine Fitzgerald, Brock Peters / Sinopse: Sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz, um velho judeu solitário e amargurado, tenta viver um dia de cada vez na sua loja de penhores. Só que conforme o tempo vai passando ele vai sucumbindo aos traumas que adquiriu durante o terrível holocausto nazista. A vida vai se tornando pesada demais para ele suportar tudo sozinho.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Mogambo

Esse é um clássico do gênero "Aventura na África". Uma produção com um elenco estelar da era de ouro do cinema clássico de Hollywood. No enredo um caçador americano no continente africano, Victor Marswell (Clark Gable), é contratado pelo pesquisador Donald Nordley (Donald Sinden) para comandar um safári nas montanhas remotas onde vivem gorilas selvagens. Donald quer registrar o comportamento desses animais em seu habitat natural, os filmando na natureza. Victor inicialmente não acha uma boa ideia pois poucos homens estiverem naquele lugar distante, porém acaba aceitando a generosa oferta. O que o cientista Donald nem desconfia é que sua própria esposa, Linda Nordley (Grace Kelly), está se apaixonado cada vez mais por Victor. Para concretizar seu romance porém ela terá que passar por cima de Eloise Y. Kelly (Ava Gardner), uma dançarina de night club, que também está perdidamente apaixonada por Victor.

John Ford deu um tempo em seus clássicos de western para se arriscar no gênero aventura nessa produção. O resultado foi esse "Mogambo", certamente um bom filme, mas que jamais pode ser comparado com obras primas como "Rastros de Ódio" ou "Rio Bravo". O enredo se passa numa África ainda colonial e praticamente inexplorada. É lá que vive o personagem de Clark Gable, um veterano caçador branco que captura animais exóticos para vendê-los a circos e zoológicos de todo o mundo. Sua rotina de trabalho acaba mudando completamente com a chegada de uma dançarina americana chamada Eloise (Ava Gardner) que realizou uma longa viagem dos Estados Unidos até a África pensando que iria encontrar um milionário indiano, mas acaba se dando mal ao saber que ele foi embora uma semana antes de sua chegada.

Imediatamente Eloise se apaixona por Victor, porém as coisas não saem como ela queria. Victor torce o nariz ao saber que ela era uma dançarina de boates. Pior do que isso, começa a tratar a garota com um certo desdém (a ponto de dizer a um de seus amigos que ela na verdade seria uma "mulher de todos os homens!"). Nada aliás poderia sair mais diferente de Eloise do que a também recém chegada Linda (Grace Kelly). Loira, linda, recatada e educada, com extrema finesse, ela sim se mostra a mulher que Victor gostaria de ter ao seu lado. Infelizmente para o velho caçador há um problema: Linda já é casada, justamente com o homem que o contratou para um safári rumo às montanhas, em busca de gorilas selvagens.

É verdade que o roteiro acaba se rendendo ao moralismo da época em seus momentos finais, mas nem isso estraga "Mogambo". Ford já havia demonstrado em seus faroestes que ele conseguia com muito brilho tanto dirigir um bom filme de entretenimento como também desenvolver psicologicamente bem todos os seus personagens. Não havia espaço para papéis rasos e sem sentido em seus filmes. Não é à toa que até hoje ele é considerado um mestre, um verdadeiro gênio da sétima arte. "Mogambo" tem um elenco maravilhoso, com três grandes estrelas da época, e um roteiro extremamente bem escrito. Dito isso também temos que reconhecer que o tempo também cobrou seu preço. O tempo, como diria o provérbio, é o senhor da razão. O que era normal há 60 anos hoje já não soa tão comum.

O filme mistura cenas rodadas em estúdio com filmagens reais realizadas por Ford e sua equipe de segunda unidade no continente africano. Não poucas vezes as duas filmagens são mescladas em edição. Nem sempre isso funciona. As imagens capturadas na África não possuem, por exemplo, a mesma qualidade das cenas que foram realizadas em estúdio com os atores. Por isso a diferença de uma para outra se torna muito perceptível ao espectador. Tecnicamente o filme envelheceu mal. Pode parecer que algo assim seria um excesso de zelo, porém é um fator que envelheceu dramaticamente, tornando o filme de Ford menor do que ele realmente era. De qualquer forma o que temos aqui é certamente um clássico do gênero aventura nas selvas. Com a genialidade de John Ford não era de se esperar nada muito diferente disso.

Mogambo (Mogambo, Estados Unidos, 1953) Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) / Direção: John Ford / Roteiro: John Lee Mahin, Wilson Collison / Elenco: Clark Gable, Grace Kelly, Ava Gardner, Donald Sinden / Sinopse: Pesquisador da vida selvagem contrata um caçador para levá-lo a uma montanha onde vivem gorilas selvagens. No meio da expedição sua esposa acaba se apaixonando pelo caçador. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Ava Gardner) e Melhor Atriz Coadjuvante (Grace Kelly). Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Grace Kelly).

Pablo Aluísio.

A Lenda dos Desaparecidos

O diretor Henry Hathaway teve uma ideia interessante. Que tal colocar o eterno cowboy John Wayne bem no meio do deserto do Sahara? Pois esse é justamente o principal atrativo desse filme bem diferente da filmografia do ator. Ele interpreta um americano chamado Joe January que vive numa cidade do norte da África. Entre bebedeiras e brigas de bar, ele acaba sendo contratado por um estrangeiro, um homem refinado, que o contrata para atravessar o deserto ao seu lado. O objetivo é achar o seu pai, desaparecido nas areias do mais hostil deserto do planeta.

Não é uma viagem fácil de fazer, pois além da falta de água, do sol incandescente e dos ataques de tribos violentas como os Tuaregs, ele precisa ainda localizar no meio daquela imensidão o paradeiro de um homem desaparecido há meses. Completando o trio de personagens principais surge uma mulher, uma meretriz e ladra interpretada por uma jovem e sensual Sophia Loren. Símbolo sexual na época, o diretor soube muito bem utilizar sua beleza, a colocando em roupas provocantes, criando, como era de se esperar, uma tensão sexual no trio, envolvendo John Wayne e o francês que o contratou para atravessar o deserto.

O filme foi todo rodado em locações na Líbia. Na região existem ruínas milenares de uma antiga cidade romana que serviu de cenário perfeito para as cenas finais do filme. John Wayne não precisou se esforçar muito, interpretando novamente o papel de cowboy durão que sempre o caracterizou no cinema. Era sucesso de bilheteria certo. O diferencial vem mesmo do lugar onde a história se passa. A fotografia do filme ficou belíssima por causa das areias e das dunas do deserto do Sahara. Ali o diretor Henry Hathaway conseguiu tomadas maravilhosas da natureza local. Só não espere grandes inovações em termos de roteiro, já que o filme segue de perto a cartilha das produções de aventuras da época, mesmo que desenvolva bem o lado psicológico de cada personagem. Dessa maneira se torna mesmo um ótimo momento das carreiras de Sophia Loren e John Wayne, dupla que aliás só trabalharia uma vez juntos, justamente nessa produção.

A Lenda dos Desaparecidos (Legend of the Lost, Estados Unidos, 1957) Direção: Henry Hathaway / Roteiro: Robert Presnell Jr / Elenco: John Wayne, Sophia Loren, Rossano Brazzi / Sinopse: O americano Joe January (John Wayne) é contratado por um francês chamado Paul Bonnard (Rossano Brazzi) para uma viagem ao deserto do Sahara. Ele quer localizar seu pai, desaparecido há vários meses. A jovem garota Dita (Sophia Loren), apaixonada por Paul, decide também se unir a eles, dando origem a várias aventuras e desafios nas areias do deserto sem fim.

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

O Rio das Almas Perdidas

Esse foi um raro filme de western estrelado pela atriz Marilyn Monroe. È curioso que mesmo no auge dos filmes de faroeste ela tenha ficado tão distante desse gênero cinematográfico em sua carreira. O roteiro é bem interessante. No enredo Matt Calder (Robert Mitchum) chega em um acampamento de mineradores atrás de seu filho, um garoto de apenas nove anos que não vê há muito tempo. Após encontrar o menino em saloon onde também se apresenta a bela Kay Weston (Marilyn Monroe) ele segue viagem para o campo aberto. Pretende recomeçar a vida como fazendeiro numa bonita região a beira de um rio de forte correnteza. Para sua surpresa tempos depois vê uma pequena balsa com um casal descendo as corredeiras. Como estão em perigo, resolve ajudar.

A garota é a mesma corista Kay que havia conhecido no saloon onde encontrara seu filho, só que agora acompanhada de um jogador, Harry Weston (Rory Calhoun), que pretende tomar posse de uma mina de ouro que ganhou em um jogo de cartas. Como ambos não possuem experiência com corredeiras logo são aconselhados por Matt a desistirem de descer rio abaixo. Weston porém ignora o conselho e o pior, decide roubar Matt, levando sua arma, provisões e o único cavalo da fazenda para chegar mais rápido em seu destino. Kay porém decide ficar no rancho ao lado de Matt e seu filho pois não concorda com os atos violentos de Weston. Depois de recuperado Matt decide finalmente ir no encalço de Weston para reaver tudo o que lhe foi roubado.
   
“O Rio das Almas Perdidas” foi o único western da carreira de Marilyn Monroe. Um fato que chama a atenção mesmo, já que o gênero estava no auge e as atrizes da época geralmente participavam de vários filmes do estilo. Aqui temos uma produção lindamente fotografada em uma das regiões mais belas do Canadá (dois parques nacionais de preservação do país situados próximos da cidade de Alberta). Impossível não ficar impressionado com a beleza do lugar onde o filme foi realizado. As cenas misturam imagens reais captadas no local com back projection (onde os atores atuavam em frente a uma grande tela ao fundo que projetava imagens do rio). Felizmente há um maior número de cenas feitas em locação, captando a maravilhosa paisagem natural. Como sempre acontecia com filmes com Marilyn Monroe esse aqui também está recheado de histórias de bastidores tão interessantes quanto o próprio filme. Marilyn inclusive quase morreu afogada ao cair no rio. Suas botas ficaram inundadas e ela afundou literalmente, sendo salva pela equipe técnica. Depois fingiu ter quebrado a perna para ganhar alguns dias de descanso – fato que deixou o diretor Otto Preminger furioso. A atriz porém não se importou preferindo aproveitar um pouco do lindo lugar, quase como se estivesse de férias.

Também desenvolveu uma grande amizade com Robert Mitchum, que muito bem humorado costumava fazer provocações a ela, contando piadas sujas ou então disputando para ver quem bebia mais vinho no barracão da produção. Esse clima ameno passou para as telas. Enciumado Joe DiMaggio resolveu ir para as distantes locações com receios de que Marilyn o traísse com Mitchum. O personagem de Marilyn é bem mais interessante do que algumas loiras burras que interpretou. É uma garota durona, de fala firme que não aceita levar desaforos para casa, embora fique muitas vezes cega por causa de seus sentimentos. Marilyn Monroe canta várias canções no filme e mostra que era de fato uma cantora talentosa. A trilha sonora incidental também é das mais belas que já ouvi em um western (executada por um lindo coral feminino). O resultado final é muito positivo. Não tenho receio de escrever que esse é sem dúvida um dos melhores filmes de western da Fox e certamente o mais bonito de se assistir. Se ainda não viu não perca mais tempo, pois é um excelente filme.
 
O Rio das Almas Perdidas (River of No Return. Estados Unidos, 1954) Direção: Otto Preminger / Roteiro: Frank Fenton, Louis Lantz / Elenco: Robert Mitchum, Marilyn Monroe, Rory Calhoun / Sinopse: Fazendeiro sai no encalço do ladrão que lhe roubou sua arma, seu cavalo e provisões de alimentos. Para chegar mais rápido na cidade para onde o ladrão se dirige resolve enfrentar as corredeiras do rio, tendo que superar pelo caminho todos os desafios da natureza.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Moscou Contra 007

Provavelmente seja o melhor filme de James Bond com Sean Connery. Tudo parece se encaixar muito bem em uma trama excelente em ótima adaptação do texto de Ian Fleming. Na estória Bond acaba ficando na incomoda posição de marionete da organização Spectre. Acontece que o grupo criminoso internacional deseja colocar as mãos em uma máquina decifradora de códigos secretos (algo considerado vital no mundo da espionagem durante a guerra fria).

Fazendo-se passar por uma autoridade do serviço secreto russo uma agente da Spectre convence uma espiã russa a roubar o objeto do consulado soviético em Istambul. Ao mesmo tempo engana o serviço secreto inglês que manda Bond numa missão especial na milenar cidade para também colocar as mãos na decodificadora. A agente soviética se faz passar por traidora e promete entregar a cobiçada máquina nas mãos do agente inglês. Só que no final quem planeja mesmo tomar posse dela é a própria Spectre que deseja ainda em uma só tacada eliminar o famoso agente britânico como ato de vingança pela morte do Dr. No. Por essa razão também é recomendável que o espectador assista ao filme anterior, para que todas as peças fiquem bem encaixadas.

Para os fãs de James Bond o filme é um prato cheio. Tem bom roteiro, excelente cenas de ação e uma bondgirl belíssima – a atriz Daniela Bianchi interpretando a agente russa Tatiana Romanova. Sean Connery também está empenhado em trabalhar bem seu papel, sempre concentrado e envolvido, algo que se perderia no passar dos anos pois Connery logo deixaria de ter o interesse em interpretar 007, indo atrás de outros desafios em sua carreira. Durante o filme o espectador ainda é presenteado com ótimas cenas filmadas dentro da famosa Basílica de Santa Sofia em Istambul, monumento erguido pelo imperador romano Justiniano em honra à glória do império Bizantino.

Há ainda belas cenas rodadas em Veneza e no leste europeu. Na trama o escritor Ian Fleming presta também uma singela e pequena homenagem à autora Agatha Christie ao ter parte da trama passada dentro do famoso Expresso do Oriente. Em suma, belo filme da franquia do mais famoso agente inglês do cinema. Um exemplo perfeito de tudo o que não pode faltar em uma película com 007: ação, espionagem, lindas mulheres e cenários de cartão postal. “Moscou contra 007” é de fato um James Bond com pedigree.

Moscou Contra 007 (From Russia with Love, Inglaterra, 1963) Direção: Terence Young / Roteiro: Richard Maibaum, Johanna Harwood, baseados no livro de Ian Fleming / Elenco: Sean Connery, Daniela Bianchi, Lotte Lenya / Sinopse: O espião inglês James Bond (Sean Connery) se vê envolvido numa complicada rede de espionagem envolvendo agentes russos e a Spectre, onde o objetivo final é colocar as mãos em uma cobiçada máquina de decodificação de códigos do serviço secreto soviético.

Pablo Aluísio. 

Assassinato no Expresso do Oriente

Em 1930 um terrível seqüestro envolvendo uma garotinha da família Armstrong vira manchete nacional. Seu paradeiro é desconhecido e um resgate é exigido de seu pai, um militar condecorado. Após o pagamento ser efetuado a pequena Daisy Armstrong é encontrada morta em um milharal. Cinco anos depois um rico homem de negócios, o sr. Ratchett (Richard Widmark), é morto a punhaladas dentro do Expresso do Oriente. Tudo aconteceu na calada da noite e por isso não se sabe quem cometeu o crime.

Por uma estranha coincidência do destino o famoso detetive Hercule Poirot (Albert Finney) se encontra viajando no mesmo trem. Como esse se encontra parado por causa de uma nevasca que assola os trilhos a conclusão é óbvia: o assassino ainda se encontra entre os passageiros do vagão onde o homicídio foi cometido. Para descobrir sua identidade o velho investigador belga usará de todo o seu poder de dedução. Não demora para ele descobrir que todos os passageiros são suspeitos em potencial. Haveria ainda alguma ligação entre a morte da garota Daisy e o crime no Expresso Oriente?

Provavelmente “Assassinato no Expresso Oriente” seja o mais conhecido e popular livro de Agatha Christie. A autora se notabilizou por suas tramas de mistério onde o ponto principal era descobrir quem era o assassino. Aqui a fórmula de Christie se mostra bem nítida. Há um grupo de passageiros do Expresso do Oriente que possuem uma ligação de uma forma ou outra com a vítima. O roteiro segue à risca o enredo do livro e traz como brinde ao espectador um elenco simplesmente magnífico, com vários mitos da história do cinema. Só para se ter uma ideia surgem em cena atrizes como Ingrid Bergman (de Casablanca, aqui interpretando uma missionária), Lauren Bacall (a eterna musa da era de ouro de Hollywood dando vida a uma mulher que fala pelos cotovelos) e Jacqueline Bisset (elegante, linda e no auge da beleza).

Na ala masculina temos Sean Connery (como um oficial escocês), Anthony Perkins (como sempre fazendo um personagem perturbado) e John Gielgud (um dos maiores atores shakesperianos que faz o mordomo, obviamente sempre um grande suspeito). Como se vê o elenco é grandioso, seu único deslize talvez seja a escolha de Albert Finney como Poirot pois sempre preferi Peter Ustinov nesse papel. Uma versão bem mais recente foi lançada nos últimos anos, mas não possui o carisma desse clássico original. Não é um filme perfeito, mas só pela ambientação e elenco já valem a pena, principalmente se você aprecia esses atores mais veteranos. Assim fica a recomendação dessa produção muito charmosa, repleta de mistério, estrelas e diversão.  


Assassinato no Expresso do Oriente (Murder on the Orient Express, Estados Unidos, 1974) Direção: Sidney Lumet / Roteiro: Paul Dehn baseado na obra de Agatha Christie / Elenco: Albert Finney, Richard Widmark, Jacqueline Bisset, Lauren Bacall, Anthony Perkins, John Gielgud, Sean Connery, Ingrid Bergman / Sinopse: Doze passageiros do Expresso do Oriente se tornam suspeitos após um rico homem de negócios aparecer morto em seu vagão. Para solucionar o mistério o detetive Hercule Poirot tentará decifrar o enigma do assassinato. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Ingrid Bergman). Também indicado nas categorias de Melhor Figurino, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Ator (Albert Finney).

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Era Uma Vez em... Hollywood

Quando eu soube que o novo filme de Quentin Tarantino iria ter como tema o assassinato da atriz Sharon Tate naquele trágico crime envolvendo membros da seita de Charles Manson, fiquei completamente desanimado. Não acredito que coisas assim devem ser resgatados do passado pelo cinema. Algumas histórias são tão horríveis que os mortos devem ser deixados em paz. Porém o que não levei em conta é que Tarantino não deve ser subestimado. Ele realmente nunca faria um filme banal sobre aquilo tudo que aconteceu. Ele encontraria uma maneira original de explorar esse tema tão espinhoso. E eis que fui surpreendido completamente por esse filme quando o assisti. De fato é algo muito bem desenvolvido. Em seu roteiro Tarantino misturou pessoas reais, que existiram mesmo, com personagens puramente de ficção. E criativo como ele é, não poderia dar em outra coisa. Os personagens de Leonardo DiCaprio e Brad Pitt são referências da cultura pop. Uma miscelânea de tipos que eram bem comuns na Hollywood dos anos 60. O ator de seriados de faroeste interpretado por DiCaprio é uma ótima criação. Com ecos de Clint Eastwood e outros atores de segundo escalão da época, ele retrata bem aquele tipo de ator que nunca conseguiu se tornar um astro em Hollywood. Vivendo de seriados popularescos, o que lhe sobra em determinado momento é ir para Roma filmar faroestes do tipo Western Spaghetti. Produções B, bem ruins e mal feitas.

Brad Pitt é o dublê desempregado que mora em um trailer. Para sobreviver ele se torna uma espécie de assistente pessoal e "faz-tudo" para o ator decadente de DiCaprio. As melhores cenas do filme inclusive estão com ele. Na visita ao rancho onde a "família Manson" vivia e no clímax final que é puro nonsense criativo. Margot Robbie está um pouco em segundo plano, apesar de interpretar Sharon Tate. Isso foi consequência do próprio roteiro que vai girando ao largo, na periferia dos acontecimentos. E sua Sharon é bem retratada no roteiro. Uma mocinha bonita, mas meio cabeça de vento, que passava o dia ouvindo música. Não tinha mesmo muita coisa na cabeça. Era uma starlet dos anos 60, nada mais.

Por fim tenho que tecer breves comentários sobre o final do filme, mas isso sem entregar nenhuma surpresa, que afinal de contas é o grande trunfo desse novo Tarantino. Conforme o filme foi se desenvolvendo eu fui gostando de praticamente tudo. Dos personagens, da ambientação anos 60, de tudo. Acontece que na meia hora final chega o momento da verdade. Eu não queria ver de novo a matança de Sharon Tate e seus amigos. Aí Tarantino foi mesmo um mestre. Saiu completamente do lugar comum, criou sua própria realidade paralela. Genial. Não é à toa que o filme é quase uma fábula, um faz de conta. A realidade foi tão trágica... por que não ir por outro caminho? Ao fazer isso Tarantino acabou criando uma pequena obra-prima. Palmas para ele.

Era Uma Vez em... Hollywood (Once Upon a Time... in Hollywood, Estados Unidos, Inglaterra, China, 2019) Direção: Quentin Tarantino / Roteiro: Quentin Tarantino / Elenco: Leonardo DiCaprio, Brad Pitt, Margot Robbie, Emile Hirsch, Al Pacino, Dakota Fanning, Timothy Olyphant, Bruce Dern, Luke Perry / Sinopse: Rick Dalton (Leonardo DiCaprio) é um ator de segundo escalão em Hollywood. Decadente, ele aceita ir para Roma filmar filmes de western spaghetti. Cliff Booth (Brad Pitt) é um dublê desempregado que trabalha para Dalton como seu assistente pessoal. Eles não sabem, mas vão fazer parte de um dos eventos mais trágicos da história de Hollywood... ou quase isso!

Pablo Aluísio. 

 

Rápida e Mortal

Lady (Sharon Stone) chega numa cidade perdida do velho oeste para participar de uma competição de duelos para saber quem é o mais rápido do gatilho na região. A competição é organizada por Herod (Gene Hackman), um facínora que aterroriza todos os habitantes honestos da cidadezinha. Em troca de uma suposta “proteção” ele cobra valores absurdos de comerciantes e cidadãos que pagam na verdade para não serem mortos por ele e seus capangas armados até os dentes. O que Herod não sabe é que Lady vem em busca de vingança pela morte de seu pai, um xerife que cruzou com o caminho dele em um passado remoto. “Rápida e Mortal” é de certa forma uma homenagem do cineasta Sam Raimi aos antigos filmes clássicos do chamado western spaguetti. Tudo ecoa ao estilo dessas produções – a trilha sonora, os enquadramentos de câmera, a violência e o enredo, que novamente constrói toda uma trama em cima de um ato de vingança, tentando trazer justiça a um evento do passado (tema que era bem recorrente nos faroestes italianos). As cenas de duelos que permeiam toda a estória reforçam ainda mais esse aspecto. A estilização das mortes e os personagens em si são os aspectos mais visíveis da produção nesse sentido.

Muitos podem torcer o nariz pelo fato do filme ser estrelado pela atriz Sharon Stone (no auge de sua carreira) mas o fã de filmes de western deve ignorar esse detalhe. O que não faltam aqui são atores talentosos em cena. O elenco aliás é um dos maiores trunfos do filme pois é recheado de grandes nomes. Além de Sharon Stone (linda e mostrando que ficava muito bonita de figurino country) temos ainda o maravilhoso Gene Hackman (como o vilão, ótimo como sempre), Leonard DiCaprio (Como Kid, filho de Herod, um jovem falastrão e fanfarrão que pensa ser melhor no gatilho do que realmente é na verdade) e Russel Crowe (como um pistoleiro arrependido e convertido que agora só pensa em servir como missionário de Deus, rejeitando a violência). De quebra Cary Sinise surge em flashbacks como o pai da personagem de Sharon Stone, um xerife morto em serviço. Confesso que na época em que assisti pela primeira vez o filme não me marcou muito. Achei apenas um western eficiente e nada mais. Agora em uma nova revisão revi minha antiga opinião pois o achei realmente divertido, com boa fluência e ritmo. O roteiro que gira quase que totalmente em torno do torneio de duelos poderia desenvolver melhor os personagens mas do jeito que está não compromete. No final das contas o tempo acabou fazendo bem a “Rápida e Mortal”, quem diria.

Rápida e Mortal (The Quick and the Dead, Estados Unidos, 1995) Direção: Sam Raimi / Roteiro: Simon Moore / Elenco: Sharon Stone, Gene Hackman, Russell Crowe, Leonardo DiCaprio, Lance Henriksen / Sinopse: Em busca de vingança uma cowgirl conhecida apenas como Lady (Sharon Stone) chega numa cidadezinha aterrorizada pelo bandido Herod (Gene Hackman). Ele está organizando um torneio de duelos para determinar quem é o gatilho mais rápido da região. Não demora para que ela também entre na disputa!

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Butch Cassidy

Título no Brasil: Butch Cassidy
Título Original: Butch Cassidy and the Sundance Kid
Ano de Produção: 1969
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: George Roy Hill
Roteiro: William Goldman
Elenco: Paul Newman, Robert Redford, Katharine Ross, Strother Martin, Henry Jones, Jeff Corey

Sinopse:
O criminoso Butch Cassidy (Paul Newman) decide se unir a outro bandoleiro chamado Sundance Kid (Robert Redford) para formar uma quadrilha de assaltantes de bancos. Quando um desses assaltos dá errado, eles decidem que chegou a hora de irem embora dos Estados Unidos e fogem para a América do Sul, em busca de liberdade. Filme baseado em fatos reais.

Comentários:
Butch Cassidy e Sundance Kid foram dois criminosos. Assassinos, ladrões, gente da pior espécie. Esse filme porém não está preocupado em contar de forma realista a história deles dois. No fundo apenas os nomes reais foram usados em personagens bem carismáticos. Não podemos esquecer que esse faroeste foi produzido nos anos 60. O clima de contracultura estava no ar. Os bandidos do passado poderiam se passar muito bem como os heróis da resistência do presente. Assim o que vemos aqui é uma alegoria romanceada. A criminalidade da dupla é vista até sob um ponto de vista otimista, positivo, de ser livre, fora das normas, fora dos padrões. E quem disse que isso também não resultaria em ótimo cinema? Pois foi justamente isso que aconteceu. Se tivessem optado por contar a história desses bandidos da forma mais fiel aos fatos históricos, não teríamos seguramente uma obra-prima do cinema em mãos. Aqui os pistoleiros são gentis, educados e acima de tudo espertos. Eles não querem o confronto, apenas querem lutar por sua liberdade. É uma visão tão lírica que o roteiro se dá até mesmo ao luxo de colocar esses dois bandoleiros em momentos de puro prazer, dando voltinhas de bicicleta pela vizinhança. É um grande filme, não me entendam mal, porém no final das contas tem pouca coisa a ver com a trajetória de crimes, roubos e sangue derramado que marcou a vida dos reais Butch Cassidy e Sundance Kid. Vai agradar e muito a quem adora cinema e histórias romanceadas. Para quem estiver em busca da história real, da poeira dos fatos, vai entender que essa produção passa muito longe de ser fidedigna. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado (William Goldman), Melhor Direção de Fotografia (Conrad L. Hall) e Melhor Música ("Raindrops Keep Fallin' on My Head" de Burt Bacharach e Hal David).

Pablo Aluísio.

Casa de Chá do Luar de Agosto

Esse filme é bem curioso. Primeiro é uma comédia leve e divertida estrelada por dois atores, Marlon Brando e Glenn Ford, que nunca foram tecnicamente comediantes. Segundo por trazer uma das caracterizações mais esquisitas da história do cinema: Brando interpretando um japonês chamado Sakini. Confesso que foi até complicado se acostumar com a pesada maquiagem do ator no filme, além de sua atuação, um tanto quanto estereotipada. De qualquer forma conforme o filme avança essa estranheza vai cedendo lugar à pura diversão, pois se o filme não chega a ser hilariante pelo menos tem cenas realmente divertidas e bem escritas. Glenn Ford está muito à vontade no papel, fazendo sem problemas várias cenas que beiram o cinema pastelão. Ele e Marlon inclusive tiveram alguns atritos de ego nas filmagens mas isso não passou ao filme pois tudo soa despretensiosamente leve e bom astral.

De uma maneira em geral o filme foi bem melhor do que eu esperava. Brando fala tão mal do filme em sua autobiografia que pensei que seria uma bomba completa. Não é. O diretor Daniel Mann procura ser bem sutil, até porque a cultura japonesa que mostra no filme já é conhecida por sua sutileza. O roteiro obviamente explora o choque cultural existente entre os moradores de uma pequena vila japonesa em Okinawa e os militares que a ocupam logo após a II Guerra. Os americanos tentam impor sua visão de progresso, com o plano de construir uma escola que ensine democracia no local enquanto os japoneses sonham com a construção de uma casa de chá onde possam se confraternizar e ver o pôr do sol. Desse confronto todo o argumento é construído, com momentos ora divertidos, ora banais, mas nunca chatos. Enfim, o filme nada mais é do que um bom passatempo, leve e ligeiro, e se for encarado dessa forma pode ser uma grata surpresa ao espectador.

Casa de Chá do Luar de Agosto (The Teahouse of the August Moon, EUA, 1958) Direção: David Mann / Roteiro: John Patrick baseado no livro de Vern J. Sneider / Elenco: Marlon Brando, Glenn Ford, Machiko Kyô, Eddie Albert / Sinopse: Após a II Guerra Mundial militares americanos planejam construir uma escola numa isolada vila japonesa em Okinawa, mas terão que convencer a população a local que prefere que seja construída uma casa de chá para que todos possam assistir ao por do sol juntos, em harmonia com a natureza.

Pablo Aluísio.

Mais Forte Que a Vingança

Um western bem peculiar que foca muito mais em momentos reflexivos (principalmente nas cenas passadas no alto das montanhas, em gélida desolação, praticamente sem diálogos ou script) do que em cenas de ação e violência. Essa é a grande impressão que fica no espectador após assistir a esse diferente "Jeremiah Johnson", filme que procurou trazer uma nova perspectiva para os filmes de faroeste. A trama é das mais interessantes. Um veterano de guerra resolve partir para viver nas regiões mais inóspitas e geladas do distante território americano de Utah. Lá começa uma nova vida, completamente sozinho e afastado da civilização. Vivendo basicamente do que consegue caçar, seu isolamento é quebrado quando finalmente entra em contato com nativos americanos que ousam atravessar a região. Toma contato com uma indígena e acaba se tornando responsável por seu pequeno filho, bem no meio entre novos conflitos entre brancos e indígenas. A trama foi baseada em fatos reais, na vida de um montanhês desconhecido que viveu na mesma região no século XIX.

Uma excelente produção, com direção inspirada e corajosa de Sydney Pollack que encarou uma filmagem muito complicada, com equipe técnica e elenco trabalhando sob condições climáticas adversas. Inicialmente o projeto foi desenvolvido para ser estrelado por Clint Eastwood e dirigido pelo mestre Sam Peckinpah. Com a saída deles assumiu Pollack que procurou trazer a maior veracidade possível ao filme, indo para as locações distantes e desoladas. O curioso é que o ator Robert Redford acabou se apaixonando pelo local, chegando ao ponto de comprar uma vasta propriedade na região, onde mantém a natureza praticamente intacta, como forma de preservação ambiental. O argumento do roteiro é bem simples de entender pois mostra um homem branco inserido dentro do vasto território do oeste onde os próprios índios tentam também sobreviver, mostrando que tantos brancos como indígenas não deveriam lutar entre si mas sim unir forças para construir aquela nova nação que nascia naquele momento. Nesse aspecto foi um dos primeiros filmes de western socialmente conscientes do cinema americano, mostrando a insanidade da guerra e as consequências negativas da intolerância entre as raças.

Mais Forte Que a Vingança (Jeremiah Johnson, EUA, 1972) Direção: Sydney Pollack / Roteiro: Raymond W. Thorp, baseado no livro escrito por Vardis Fisher / Elenco: Robert Redford, Will Geer, Delle Bolton / Sinopse: Homem branco, Jeremiah Johnson (Robert Redford), decide ir para o alto das montanhas para viver isolado da civilização e lá entra em contato com povos nativos americanos. Filme indicado no Cannes Festival na categoria de Melhor Direção (Sydney Pollack).

Pablo Aluísio.

domingo, 24 de novembro de 2019

Sangue & Vinho

Título no Brasil: Sangue & Vinho
Título Original: Blood and Wine
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Fox Searchlight Pictures
Direção: Bob Rafelson
Roteiro: Nick Villiers, Bob Rafelson
Elenco: Jack Nicholson, Michael Caine, Stephen Dorff, Judy Davis, Harold Perrineau, Mike Starr

Sinopse:
Alex (Jack Nicholson) tem um casamento horrível. Sua vida profissional também acabou. Ele vende vinhos, alguns de péssima qualidade. Nesse momento crucial de sua vida ele decide radicalizar. Se une a um amigo e a sua amante cubana para roubar um colar de diamantes que custa uma verdadeira fortuna.

Comentários:
Eu sempre gostei muito do Jack Nicholson. Ele é seguramente um dos meus atores preferidos de todos os tempos. Porém é fato que conforme sua carreira ia chegando ao fim ele meio que deixou de se importar com os filmes que fazia. Simplesmente ligou o controle remoto. Não se importou mais. Jack se aposentou há quase 10 anos. Antes disso ele faz alguns filmes bem mais ou menos. Esse "Blood and Wine" foi um deles. Não causou nenhuma repercussão dentro da mídia e de certa maneira passou em brancas nuvens. Não chegou sequer a ser lançado nos cinemas brasileiros, indo direto para o mercado de vídeo. Perguntado por um jornalista porque havia trabalhado nesse filme, o bom e irônico Jack simplesmente respondeu: "Eu queria dar um trabalho para meu velho amigo Bob Rafelson". Pois é, Jack entrou no projeto apenas para que o diretor finalmente conseguisse financiamento para esse roteiro que estava há anos engavetado. Eu considero um filme sem brilho, apagado. Custou pouco e rendeu muito menos nas bilheterias. Jack Nicholson deu de ombros, acendeu o cigarro e se foi. Ele sabe que já fez praticamente tudo o que um grande ator como ele poderia ter feito. Por que se importar ainda? Tudo bem, é um ponto de vista. O problema é alguém no público também se importar em ver o filme. Por que alguém iria assistir ao filme? Aí é o grande X da questão.

Pablo Aluísio.

Acerto Final

Título no Brasil: Acerto Final
Título Original: The Crossing Guard
Ano de Produção: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax
Direção: Sean Penn
Roteiro: Sean Penn
Elenco: Jack Nicholson, David Morse, Anjelica Huston, Robin Wright, Piper Laurie, Richard Bradford 

Sinopse:
Freddy Gale (Jack Nicholson) descobre que após seis anos na prisão seu antigo desafeto John Booth (David Morse) ganhou a liberdade. Gale tem contas a acertar com ele e não esconde o que fará, dando 72 horas até seu encontro fatal com John. E o tempo começa a correr para ambos, criando tensão e suspense.

Comentários:
Existem casos em que o elenco não está à altura do diretor de um filme. E há situações em que o elenco é que supera em muito os talentos do diretor. Esse "Acerto Final" se enquadra nessa última hipótese. Sean Penn ainda era muito inexperiente para lidar com um ator do porte de Jack Nicholson. Dirigir Nicholson é algo complexo e apenas grandes cineastas conseguiram tirar dele todo o potencial de seu enorme talento. Sean Penn fez um filme meramente mediano tendo em mãos um gênio da arte de atuar como Nicholson. Nesse tipo de situação a coisa se torna mesmo imperdoável para qualquer cinéfilo. A outra coisa que chama atenção em termos de elenco é que pela primeira vez em anos Jack contracenou com Anjelica Huston. No passado tiveram um longo e conturbado caso amoroso. Ficaram sem se falar por anos. Até que Jack a convidou para participar dessa produção. Foi uma espécie de reaproximação pacífica, uma maneira de se fazer as pazes. Pelo menos para isso esse thriller mediano serviu. Além disso Anjelica Huston conseguiu ser indicada ao Globo de Ouro naquele ano, justamente por esse seu trabalho. Foi um bem-vindo reconhecimento para ela, que estava mesmo precisando de algo assim. Em termos cinematográficos porém o resultado do filme de uma maneira em geral veio bem abaixo do que era esperado.

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de novembro de 2019

O Ano que Vivemos em Perigo

Título no Brasil: O Ano que Vivemos em Perigo
Título Original: The Year of Living Dangerously
Ano de Produção: 1982
País: Estados Unidos, Austrália
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Peter Weir
Roteiro: David Williamson, Peter Weir
Elenco: Mel Gibson, Sigourney Weaver, Linda Hunt, Michael Murphy, Paul Sonkkila, Bill Kerr

Sinopse:

Durante uma revolução na Indonésia, na década de 1960, um jornalista acaba se apaixonando por uma mulher americana. No meio do caos e da guerra eles tentam construir uma história de amor. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Linda Hunt).

Comentários:
Esse filme é puro anos 80! Imagine unir em um mesmo elenco dois ícones cinematográficos daquela época (Mel Gibson e Sigourney Weaver) e com eles ainda bem jovens, no auge do sex appeal. A temperatura só poderia ficar alta mesmo. Palmas para o cineasta Peter Weir, um diretor que sempre admirei. Ele foi seguramente um dos diretores mais subestimados dos anos 80, pois fez excelentes filmes, com lindas fotografias, mas nunca conseguiu o reconhecimento que lhe era devido. O roteiro desse filme (também de autoria de Weir) tinha um subtexto político bem elaborado, ético e muito interessante, porém o que se sobressaía mesmo era o casal principal, soltando faíscas em cada cena. Dizem que Gibson e Weaver tiveram um caso durante as filmagens porém tudo foi devidamente abafado porque eles eram comprometidos. Que pena, deveriam ter assumido tudo publicamente, as revistas de fofoca iriam se divertir bastante. Deixando tudo isso de lado é bom reconhecer os méritos do filme como cinema. Um dos destaques mais lembrados veio da marcante atuação da atriz Linda Hunt, aqui interpretando um personagem masculino chamado Billy Kwan. Ela estava plenamente convincente como um homem em cena. Chega a impressionar. Não é a toa que levou o Oscar para casa!. Enfim, um filme bem indicado, com excelentes cenas e bela direção de fotografia. É sem favor algum  uma das produções mais marcantes daquela década. Coisa fina.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

MI-5

O que significa MI-5? Essa é a sigla que designa o serviço de inteligência britânico. Sim, é o equivalente a CIA, só que no Reino Unido. O interessante é que inicialmente esse filme ganhou o péssimo título nacional de "Spooks: O Mestre Espião", sendo que depois a distribuidora nacional voltou atrás. Atualmente o filme é exibido nos canais Telecine apenas como "MI-5". Em minha opinião é bem melhor assim. Bom, com um título desses o tema do filme não poderia ser outro. Sim, é mais um filme de espionagem.

A trama começa quando um terrorista internacional é libertado em plena ponte de Londres. Claro, o MI-5 fica completamente desmoralizado perante a opinião pública. Como poderia algo assim acontecer? A solução então passa a ser montar uma intrigada e complexa operação para se chegar nos culpados. Há suspeitas que agentes de dentro da própria agência se corromperam e libertaram o criminoso.

O veterano agente inglês Harry Pearce (Peter Firth) forja sua própria morte. Ele quer que todos pensem que ele pulou de uma ponte londrina para a morte. Pura cortina de fumaça. Uma vez dado como morto ele recruta um ex-agente chamado Will Holloway (Kit Harington). Ele havia sido expulso do MI-5 pelo próprio Harry! A partir daí eles começam a trabalhar juntos para descobrir todos os podres da agência de espionagem, ao mesmo tempo em que armam uma armadilha para o terrorista que foi solto. Como se pode ver o filme traz até um roteiro interessante. Com boa fotografia e um roteiro cheio de reviravoltas é uma produção que no final das contas não decepciona, principalmente para os que gostam desse tipo de filme. Uma renovada, modernização dos antigos filmes de James Bond, só que numa levada bem mais realista.

MI-5 / Spooks: O Mestre Espião (Spooks: The Greater Good, Inglaterra, 2015) Direção: Bharat Nalluri / Roteiro: Jonathan Brackley, Sam Vincent / Elenco: Kit Harington, Peter Firth, Jennifer Ehle, David Harewood / Sinopse: Um veterano agente do serviço secreto inglês chamado Harry Pearce (Peter Firth) se une a um ex-agente, Will Holloway (Kit Harington), para desbaratar uma rede de corrupção dentro da agência que ajudou a libertar um perigoso terrorista internacional. Filme indicado ao Golden Trailer Awards.

Pablo Aluísio.

007 Marcado para a Morte

Título no Brasil: 007 Marcado para a Morte
Título Original: The Living Daylights
Ano de Produção: 1987
País: Inglaterra
Estúdio: Eon Productions, MGM
Direção: John Glen
Roteiro: Richard Maibaum, Michael G. Wilson
Elenco: Timothy Dalton, Maryam d'Abo, Jeroen Krabbé, Joe Don Baker, John Rhys-Davies, Andreas Wisniewski

Sinopse:
James Bond (Timothy Dalton) ajuda um militar russo a deserdar para o Ocidente. Nesse meio tempo acaba descobrindo também um complexo plano de uma organização criminosa envolvida com traficantes internacionais da União Soviética, do bloco comunista. no Leste europeu.

Comentários:
Com a aposentadoria de Roger Moore os produtores foram atrás de um novo ator para a franquia de James Bond nos cinemas. O escolhido acabou sendo Timothy Dalton. Ele não era muito conhecido, poucas pessoas conseguiam se lembrar dele. Infelizmente Dalton acabou fazendo apenas dois filmes como o agente secreto 007. Esse seu primeiro filme até teve uma bilheteria razoável, mas os números do segundo filme não convenceram e ele acabou sendo demitido. Apenas George Lazenby, que havia feito apenas um filme como Bond durante os anos 60, conseguiu superar Dalton no quesito brevidade. Uma pena pois Dalton, em minha opinião, não deixava a desejar como Bond. Ele era bom ator. O que deu errado então? Acredito que Timothy Dalton não tenha agradado ao público que estava acostumado com Roger Moore. Sempre que havia uma troca de um ator que havia ficado por anos interpretando Bond acontecia esse tipo de coisa. Com Sean Connery aconteceu exatamente isso. É uma pena porque esse filme dos anos 80 tinha todos os elementos para agradar aos fãs do agente secreto. Até uma ótima trilha sonora (com o A-ha) encaixava bem com o espírito da época. Tive a oportunidade de assistir no cinema e não me decepcionei. Estava esperando pelo menos uns cinco filmes de Bond com Dalton, mas realmente não deu. Ele acabou sendo substituído por Pierce Brosnan em pouco tempo.

Pablo Aluísio.

O Esporte Favorito dos Homens

Na década de 1960 Rock Hudson descobriu um novo filão de sucesso: as comédias românticas. Para um ator que foi descoberto nos dramas de Douglas Sirk era uma mudança e tanto estrelar tantas produções cômicas como essa. A fórmula se mostrou muito bem sucedida nos três filmes que rodou ao lado de Doris Day e em alguns outros filmes esporádicos como por exemplo “Quando Setembro Vier”. O fato porém é que com o tempo as coisas foram se repetindo e o público lentamente foi perdendo o interesse. O desgaste foi natural. Esse “O Esporte Favorito dos Homens” é um exemplo disso. Dirigido pelo grande Howard Hawks o filme simplesmente não emplaca. As situações não são particularmente engraçadas e até mesmo Rock Hudson aparece apático, em um personagem completamente desinteressante. Para piorar sua atuação também deixa a desejar pois ele surge travado em cena, o que contrasta e muito com seus trabalhos ao lado da maravilhosas Doris Day. Aqui ele sequer consegue apresentar seu tão conhecido timing para humor. Talvez a culpa seja de sua parceira em cena, Paul Prentiss, que certamente não tem o talento de Doris e nem sua simpatia pessoal. Para falar a verdade ela sequer parece estar interessada em disponibilizar uma boa atuação. Não me admira em nada que não tenha conseguido fazer longa carreira em Hollywood, desaparecendo tão rapidamente como surgiu.

Esse é o tipo de filme que o cinéfilo acaba criando uma certa expectativa, até mesmo pelo pelos nomes envolvidos. Howard Hawks marcou a história do cinema americano, sendo um dos cineastas mais ecléticos que já passaram pelos grandes estúdios. Basta consultar sua filmografia para ver como ele conseguia realizar filmes de ótimo nível, seja nos gêneros aventura, western ou comédia. Aqui porém a magia não funcionou. A culpa muito provavelmente seja do roteiro que procura tirar humor em cima de um esporte muito popular nos EUA, a pesca com anzol. Algumas cenas são simples gags em cima dessa modalidade esportiva. O problema é que assim como o beisebol isso é algo muito americano, que não desperta o menor interesse do público de outros países.

Desse modo cenas com Rock pescando, pisando em baldes de iscas e outras coisas semelhantes não consegue criar muita afinidade. Sem identificação com as situações a coisa simplesmente não funciona. Outro problema bem visível é que o  filme foi totalmente rodado dentro dos estúdios e isso é um erro em se tratando de um tema como esse que certamente exigiam tomadas externas, de muitos rios e natureza em geral. As florestas falsas recriadas que surgem nas cenas simplesmente não convencem. A Universal parece ter previsto que o filme não seria bem sucedido pois o arquivou por longos dois anos antes de lança-lo nos cinemas americanos. No final a fita não conseguiu agradar nem à crítica e nem ao público se revelando apenas um grande desperdício de talento e dinheiro.

O Esporte Favorito dos Homens (Man's Favorite Sport? EUA, 1964) Direção: Howard Hawks / Roteiro: John Fenton Murray, Steve McNeil baseados no conto "The Girl Who Almost Got Away" de Pat Frank /  Elenco: Rock Hudson, Paula Prentiss, Maria Perschy, John McGiver / Sinopse: Roger Willoughby (Rock Hudson) é considerado um dos principais especialistas em pesca esportiva do mundo. Ele escreveu vários livros sobre o assunto e é amado por seus clientes no departamento de artigos esportivos em Abercrombie e Fitch, onde ele trabalha. Há apenas um problema que poucos conhecem: ele nunca foi a uma pesca em sua vida! Tudo o que sabe vem apenas de teoria pois sua prática no assunto é zero. Quando o dono da loja o inscreve em um concurso de pesca, o caos começa.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

John Wick 3: Parabellum

Eu sou de um tempo em que as cenas de ação serviam como elemento narrativo para os enredos dos filmes. Havia um certo desenvolvimento e durante a história os roteiristas sentiam a necessidade de escrever uma boa cena de ação. Funcionava muito bem assim. Agora, nesses novos tempos, franquias como essa do tal do John Wick invertem a lógica das coisas. Os roteiros agora é que servem para as cenas de ação. Não precisa de muita desculpa para que o protagonista entre em uma série infindável de lutas corporais contra seus oponentes. A linha narrativa só existe para jogar o personagem em uma sucessão de brigas, tiroteios e violência. Enredo? História? Argumento? Coisas dispensáveis. Não quero dizer que esse terceiro filme não tenha seus méritos. Ele tem, justamente na coreografia das cenas de lutas. É tudo muito bem feito e coreografado pelos atores e dublês. Lembram até cenas de balé, porém tirando a suavidade para dar espaço à violência brutal. Se formos juntar os diálogos ditos pelo ator Keanu Reeves durante todo o filme vai dar uma página e meia de texto. Ele não tem mesmo o que falar. Apenas sair na porrada contra todos. E como mata! Provavelmente o Wick mate umas duzentas pessoas durante o filme. Elas não significam nada no final das contas. O espírito é de game. De repente ele entra numa sala e há vinte assassinos tentando matá-lo. Ele nem faz muito esforço. Mata todos em menos de 2 minutos. Esse o ritmo desse filme. Se você gosta, pode se jogar, caso você ache tudo imbecil demais, melhor fugir desse tipo de coisa.

Dois únicos aspectos podem chamar a atenção de quem não está atrás apenas de porradaria. Há uma bonita direção de arte (hoje chamada de design de produção). Todos os cenários, ambientes, onde as lutas acontecem, são extremamente bem produzidos. Fica até aquela impressão no espectador de que é tudo em vão, um desperdício. Outro aspecto é a forma como a organização de assassinos é retratada no filme. Parece uma repertição pública, onde funcionários públicos entediados fazem cotação da cabeça dos que devem ser mortos! É surreal e beira o nonsense. Enfim, esse terceiro filme da franquia - que pelo visto terá mais continuações - apresenta todos os problemas, defeitos e qualidades dos outros filmes, sem tirar e nem colocar nada de novo. Só vai apreciar quem já gosta da proposta desse tipo de produção. Não é bem o meu caso.

John Wick 3: Parabellum (John Wick: Chapter 3 - Parabellum, Estados Unidos, 2019) Direção: Chad Stahelski / Roteiro: Derek Kolstad, Shay Hatten / Elenco: Keanu Reeves, Halle Berry, Ian McShane, Laurence Fishburne, Anjelica Huston, Mark Dacascos / Sinopse: John Wick (Reeves) quebrou as regras da organização de assassinos. Agora vai ter que pagar. Após ser "excomungado" pela organização sua cabeça vai a prêmio. 14 milhões de dólares para quem acabar com sua raça.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Com 007 Só Se Vive Duas Vezes

Para despistar velhos e novos inimigos o agente inglês James Bond (Sean Connery) forja sua própria morte. Com todos pensando que ele está morto se tornará bem mais fácil descobrir o que há por trás de um estranho acontecimento. Uma nave espacial americana acabou sendo literalmente engolida no espaço durante uma missão por outra nave de origem desconhecida. Os americanos desconfiam dos russos, afinal apenas eles poderiam ter acesso a tal tecnologia. Depois que uma nave soviética acaba sofrendo o mesmo destino a desconfiança então passa a ser dos russos em relação aos americanos, criando uma grave crise internacional. Caberá então a Bond desvendar esse mistério: Quem realmente estaria por trás desses atos de sabotagem espacial?

Seguindo pistas o famoso agente britânico acaba indo parar no Japão para onde parece ter sido enviadas as espaçonaves - mas em que lugar exatamente será preciso começar as investigações? Com a ajuda do serviço secreto nipônico, James finalmente chega em um rico industrial que parece estar a serviço de uma organização maior, mais rica, poderosa e organizada. Estaria a Spectre por trás de tudo o que anda acontecendo? Muitas perguntas sem respostas. Apenas James Bond poderia desvendar essa rede de eventos inexplicáveis.

Quinto e penúltimo filme de James Bond com Sean Connery. Por essa época o ator já havia decidido abandonar o personagem - e só retornaria depois em 1971 no fraco "007 - Os Diamantes São Eternos" porque o cachê que lhe ofereceram era realmente irrecusável. Essa produção aqui tem algumas características bem próprias. Ao contrário dos filmes anteriores que apresentavam locações em diversas partes do mundo, em "Com 007 Só Se Vive Duas Vezes" a trama praticamente se passa toda apenas no Japão. Há maravilhosas tomadas aéreas de regiões vulcânicas onde a Spectre acaba montando um enorme quartel general sob comando de um dos vilões mais conhecidos da saga, o sinistro Blofeld (aqui interpretado pelo ator  Donald Pleasence). Esse antagonista de Bond, sempre com um gatinho branco no colo, foi inclusive o mesmo vilão usado no último filme lançado recentemente com Daniel Craig. É um megalomaníaco que sempre constrói instalações gigantescas em lugares remotos e isolados.

Nesse filme aqui ele deseja jogar russos contra americanos e vice versa, causando a terceira guerra mundial. A trama assim soa até meio juvenil para os dias de hoje (afinal quem ganharia algo com uma guerra nuclear entre Estados Unidos e Rússia que inexoravelmente levaria o planeta para uma destruição global?), mas mesmo assim diverte bastante. Como todo filme da série o filme também traz aspectos daquela velha fórmula que tanto conhecemos. Bond dorme com o maior número de mulheres possível (até as vilãs) e de quebra participa de cenas espetaculares de ação. Numa delas enfrenta quatro helicópteros inimigos pilotando uma pequena aeronave portátil, mas cheia de dispositivos de armas letais. Em outro momento Bond enfrenta um enorme grupo de inimigos no caís de Tóquio. Some-se a isso ninjas, uma trilha sonora cantada por Nancy Sinatra e você terá mais um dos mais populares filmes de 007 na década de 1960. Diversão garantida para todos os gostos.

Com 007 Só Se Vive Duas Vezes (You Only Live Twice, Inglaterra, Estados Unidos, 1967) Direção: Lewis Gilbert / Roteiro: Harold Jack Bloom, Roald Dahl, baseados na obra de Ian Fleming / Elenco: / Sinopse: Sean Connery, Donald Pleasence, Tetsurô Tanba, Akiko Wakabayashi, Teru Shimada, Mie Ham / Sinopse: O agente inglês James Bond (Sean Connery) é enviado para desvendar o mistério do sumiço de naves espaciais americanas e russas. O governo britânico precisa evitar que as tensões entre União Soviética e Estados Unidos se agravem ainda mais, porém para isso precisa descobrir antes o que realmente estaria acontecendo e que tipo de organização estaria por trás dos desaparecimentos.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Poderia Me Perdoar?

Você provavelmente conhece a atriz Melissa McCarthy daquelas comédias bem bobas e descartáveis que sempre estão em cartaz no circuito comercial. Aqui ela consegue mudar completamente essa imagem, assumindo um excelente papel e se saindo muito bem no filme. Embora tenha um certo humor ácido, diria uma ironia cortante, esse filme certamente não é uma comédia. Está mais para drama, com um tempero de cinismo. Isso porque sua história foi baseada em fatos reais, embora bem incomuns.

O filme conta a história da escritora Lee Israel (Melissa McCarthy). No passado ela teve uma certa projeção no meio literário de Nova Iorque, principalmente por escrever biografias de astros e estrelas do passado. Só que o tempo passou, ela começou a ficar sem trabalho, entrando numa crise de criatividade. Sem novos livros publicados, vieram as dificuldades financeiras. Vivendo em um pequeno apartamento ao lado de seu gato de estimação e precisando pagar o aluguel e as demais contas ela então resolveu tomar uma decisão nada usual.

Ao vender um manuscrito para uma pequena livraria de seu bairro ela foi descobrindo que havia todo um mercado de comercialização de cartas e documentos assinados por escritores do passado. Colecionadores pagavam bem por essas páginas. Então Lee decide ela mesma falsificar esse tipo de souvenir. Claro, o que ela estava fazendo era um crime, um crime de falsificação. Como era uma pessoa culta, que lia muitos livros, ficou fácil de certo modo reproduzir a forma de escrever de todos esses autores do passado. E seu público consumidor era formado por intelectuais ricaços de Nova Iorque, uma gente que pagaria bem para ter esse tipo de "pedaço" da história de seus autores preferidos. O filme é muito bom. Tem excelente clima e uma ótima trilha sonora. Além daquele clima de decadência, no caso intelectual, que vai agradar muita gente, em especial aos leitores habituais de grandes obras do passado.

Poderia Me Perdoar? (Can You Ever Forgive Me?, Estados Unidos, 2018) Direção: Marielle Heller / Roteiro: Nicole Holofcener, Jeff Whitty / Elenco: Melissa McCarthy, Richard E. Grant, Dolly Wells / Sinopse: Escritora sem trabalho e passando por dificuldades financeiras resolve produzir uma série de cartas e documentos falsos envolvendo grandes escritores do passado para vender a colecionadores. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Melissa McCarthy), Melhor Ator Coadjuvante (Richard E. Grant) e Melhor Roteiro Adaptado (Nicole Holofcener e Jeff Whitty).

Pablo Aluísio.

Rajadas de Ódio

Muitas vezes a paz é simplesmente impossível. Isso é o que tenta mostrar o excelente western "Rajadas de Ódio". Na trama somos apresentados a Johnny MacKay (Alan Ladd) que é enviado pelo presidente Grant para uma região remota do Oeste com o objetivo de pacificar o local. Para isso ele deve usar de todos os meios diplomáticos possíveis, inclusive procurando pessoalmente o chefe rebelde conhecido como "Capitão Jack" (Charles Bronson). Os problemas começam logo na viagem aonde sua diligência é atacada e uma das passageiras, uma senhora inocente, é morta covardemente por um dos homens de Jack.

A partir daí as coisas parecem ir de mal a pior. Embora com toda a boa vontade do mundo Johnny enfrentará muitas dificuldades em alcançar a paz simplesmente porque esse não é o desejo do Capitão Jack e seu bando de Apaches selvagens. Quando uma das partes não aceita e nem quer a paz ela se torna simplesmente impossível. Uma das coisas mais corajosas de "Rajadas de Ódio" é o fato de seu roteiro ser extremamente bem intencionado, pacifista, muito ideológico, algo que realmente chama a atenção em um faroeste da década de 1950.

O elenco é liderado pelo sempre correto Alan Ladd. Seu personagem, um delegado de paz, vem bem a calhar aos tipos que Ladd geralmente interpretava em seus filmes. Ele sempre aparecia em cena como o bom Cowboy, de boa índole e coração de ouro mas que na necessidade também sabia usar de suas armas para impor novamente a ordem no local. Esse tipo de personagem faz parte da mitologia do velho oeste em vários filmes, livros e histórias e Alan Ladd encarnava com perfeição esse tipo de "cavalheiro de esporas".

O filme foi dirigido pelo competente Delmer Daves, um diretor que sempre gostei. Fino e elegante fez vários faroestes para os estúdios Warner, todos com muita competência. Pouco tempo depois da realização desse "Rajadas de Ódio" encontraria em Glenn Ford uma grande parceria em westerns de sucesso. Em conclusão indico esse bem intencionado faroeste para os apreciadores de bons roteiros, principalmente os que trazem em seu conteúdo uma mensagem subliminar positiva e edificante. Nesse aspecto a mensagem de "Rajadas de Ódio" tocará fundo nos pacifistas por convicção.


Rajadas de Ódio (Drum Beat, Estados Unidos, 1954) Direção: Delmer Daves / Roteiro: Delmer Daves / Elenco: Alan Ladd, Charles Bronson, Audrey Dalton, Marisa Pavan / Sinopse: Na trama somos apresentados a Johnny MacKay (Alan Ladd) que é enviado pelo presidente Grant para uma região remota do Oeste com o objetivo de pacificar o local. Para isso ele deve usar de todos os meios diplomáticos possíveis, inclusive procurando pessoalmente o chefe rebelde conhecido como "Capitão Jack" (Charles Bronson).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Shameless - Nona Temporada

Passo a publicar nessa postagem os reviews da nona temporada de Shameless. Gosto muito dessa série, tanto que venho acompanhando com regularidade há anos. Apesar do escracho geral considero tudo bem roteirizado, produzido e o mais importante, com um humor (por vezes, negro) que faz rir com um pouco de culpa por trás. Enfim, "Shameless" venceu bem o teste do tempo. É uma das minhas séries preferidas até hoje. Segue abaixo as resenhas e resumos de cada episódio.

Shameless 9.02 - Mo White!
Mo White é o velho político que Frank quer ressuscitar. Aposentado, ele representou, pelo menos para Frank e seus amigos de bar, os velhos valores que foram deixados para trás. Os dois candidatos de Chicago são nada representativos para Frank. Uma é uma mulher negra. O outro é um latino. Onde está a representação do americano branco? Para Frank a solução é ir no passado e tirar o velho Mo da aposentadoria, mas claro, com Frank também levando o seu, óbvio! E o resto da meninada? Fiona tenta emplacar uma carreira de sucesso no ramo imobiliário. Lip tem receios de ser padrinho de um novo cara no AA. Carl, que precisa fazer trabalho voluntário, vai parar numa espelunca que sacrifica animais! E finalmente a ruivinha Debbie tenta levantar a bandeira da igualdade salarial no machista ramo da construção civil. Ou seja, tudo no caos rotineiro e peculiar da família Gallagher! Salvem-se quem puder! / Shameless 9.02 - Mo White! (Estados Unidos, 2018) Direção: Erin Feeley / Roteiro: John Wells / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White.

Shameless 9.03 - Weirdo Gallagher Vortex
Esse episódio tira várias ondas com os conservadores de direita dos Estados Unidos. Tem um sujeito candidato conservador ao parlamento, mas que esconde um problemão em seu passado: ele se envolveu com uma garota de 15 anos de idade e chegou a ser preso. Um hipócrita de direita, algo até bem comum, mas enfim. Só que Frank está mais interessado com o dinheiro arrecadado na campanha, que ele obviamente usa para pagar suas velhas contas de bar. Ian Gallagher quer encontrar Deus, por isso ele vai em várias religioões procurando por uma resposta, mas tudo em vão. Por fim Fiona compra um terreno para investir, só que ela pode estar entrando numa fria. Detalhe importante: o próximo episódio é o de número 100 da série! Caramba! / Shameless 9.03 - Weirdo Gallagher Vortex (Estados Unidos, 2018) Direção: Kat Coiro / Roteiro: John Wells / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White.

Shameless 9.04 - Do Right, Vote White!  
Mo White é um velho político corrupto, com sintomas de ser um pedófilo, além de ser racista e safado. Claro que Frank Gallagher vai fazer sua campanha. Tudo por dinheiro. E ele coloca uns criminosos velhos, todos racistas, para intimidar quem chegar para votar. Um absurdo! E a turma do "Jesus Gay" parte para a porrada, só vendo a loucura. Mas esse episódio não é epanas sobre campanhas eleitorais. Carl Gallagher recebe o desafio de um duelo, com outro jovem que queria ir para West Point. Ian Gallagher tem que correr de um grupo de homofóbicos, irados com sua campanha do "Jesus Gay". Debbie Gallagher começa um relacionamento gay, mas as coisas não parecem dar certo e Lip descobre, do pior jeito, que não dá para se meter na vida de uma mãe e sua filhia, mesmo que ela seja viciada em drogas e prostituta. / Shameless 9.04 - Do Right, Vote White! (Estados Unidos, 2018) Direção: Mark Mylod / Roteiro: John Wells / Elenco:  William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White. 

Shameless 9.05 - Black-Haired Ginger
Frank Gallagher vai parar no hospital por problemas hepáticos, afinal está sempre enchendo a cara. Lá receitam para ele um medicamento genérico que lhe causa impotência! E o Frank fica pra lá de bolado com essa situação! Muito divertido. Lip Gallagher quase tem uma recaída quando entra em um pequeno mercadinho e vê brilhantes garrafas de vodka expostas à venda. Para segurar a vontade de beber ele compra um grande pacote de cigarros! Carl Gallagher se mete em confusão ao se envolver com a filha de um veterano, diretor de West Point. A garota é uma vadia que transa com qualquer um que lhe aparece pela frente. Ian Gallagher vai a julgamento por ter queimado uma van. Ele tem duas saídas, ou assume tudo e corre o risco de ficar 10 anos na prisão ou então alega que tem problemas de insanidade e se safa. Só que essa segunda opção iria também significar o fim do movimento Jesus Gay! / Shameless 9.05 - Black-Haired Ginger(Estados Unidos, 2018) Direção: William H. Macy / Roteiro: John Wells, Paul Abbott / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White. 

Shameless 9.06 - Face It, You're Gorgeous  
Esse episódio tem a participação especial da atriz Courteney Cox da série "Friends". Ela interpreta uma - ora vejam só! - atriz de séries e comerciais de TV que tem muitos problemas com bebidas. Caberá ao Lip impedir que ela corra até o bar mais próximo para encher a cara. Já Ian vai finalmente para a prisão cumprir sua pena. Um momento complicado para ele. Será que o ator vai se afastar da série? Por fim a Fiona, pobre Fiona, descobre que seu namorado na verdade é um homem casado, com um filho pequeno. Ela segue o GPS do seu celular e descobre tudo. Claro, fica arrasada e bate com o carro por causa da grande decepção. Foi confiar em homem casado e galinha, deu nisso! / Shameless 9.06 - Face It, You're Gorgeous (Estados Unidos, 2018) Direção: Allison Liddi-Brown / Roteiro: John Wells / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White, Courteney Cox.

Shameless 9.07 - Down Like the Titanic
Afundando feito o Titanic. Assim pode ser resumida a vida de Fiona depois que ela descobriu que o cara que namorava era casado e tinha filhos. Ela perdeu o controle, bateu o carro, se machucou e ficou numa fossa profunda. Só que como tudo na vida, o ruim nunca vem desacompanhado. Ela ainda perde o prédio de pequenos apartamentos que havia feito uma hipoteca. A coisa só vai de mal a pior. E Frank? Esse não tem jeito, acaba se envolvendo com uma psicoterapeuta com problemas mentais. Durante o dia tudo bem, mas quando a noite vai chegando ela fica uma vontade danada de esfaquear quem estiver por perto! E o Frank foi avisado sobre isso pelo ex-marido dela. Agora o risco é todo seu! / Shameless 9.07 - Down Like the Titanic (Estados Unidos, 2018) Direção: Silver Tree./ Roteiro: John Wells, Paul Abbott / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White. 

Shameless 9.08 - The Apple Doesn't Fall Far from the Alibi
Frank é um lixo, todos sabem disso. Então quando ele é envolvido numa doação de sêmen para sua namorada louca, não resta outra saída do que pedir que seu filho mais jovem se masturbe, para que ele possa enganar todo mundo. Já Fiona fica completamente perdida. Ela perde o prédio de apartamentos que tencionava transformar em seu sonho de sucesso pessoal. De volta à casa com seus irmãos só lhe resta beber para esconder o grande fracasso de seus planos para o futuro. E tudo segue caótico em sua casa paterna. A conta de luz é cortada por falta de pagamento, os irmãos são todos desorganizados, e Frank, bom, Frank continua desmaiado pelo chão da casa, em algum quarto ou no meio do corredor mesmo. / Shameless 9.08 - The Apple Doesn't Fall Far from the Alibi (Estados Unidos, 2019) Direção: Zetna Fuentes / Roteiro:  John Wells / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White. 

Shameless 9.09 - BOOOOOOOOOOOONE!
Nesse episódio os roteiristas aproveitaram para tirar uma onda contra os imigrantes latinos que vão para os Estados Unidos de forma ilegal. Episódio recomendado para brasileiro com complexo de vira-latas. E quem é esse tal de Boone? Ele foi namorado da loirinha que o Lip está namorando. O cara é do exército, meio metido, totalmente babaca. E a Fiona não supera suas perdas. Ela rouba as ferramentas do ex-namorado (que era casado) e joga todas elas nas janelas de sua casa, quebrando tudo, no meior barraco que se possa imaginar. Afinal ela é uma verdadeira Gallagher! Shameless 9.09 - BOOOOOOOOOOOONE! (Estados Unidos, 2019) Direção: Loren S. Yaconelli / Roteiro: Philip Buiser / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen.  

Shameless 9.10 - Los Diablos!
Uma marca de bebida barata resolve fazer uma espécie de concurso para escolher "o pobre" perfeito para ser o símbolo da marca. Claro que Frank entra na jogada. Logo agora que sua nova mulher está grávida de seis de uma vez só! Uma grande enrascada. E as confusões da família continuam. Fiona é demitida da lanchonete onde trabalhava. Ela há tempos vinha dando vexame, confrontando os demais empregados, constrangendo os clientes. Então se descobre que ela bebeu demais e fechou o estabelecimento à noite, sendo aquele um lugar 24 horas. Acaba no olho da rua. E pensa que esse é a única confusão que ela se mete? Que nada, ela também arranjar uma briga com uma nova vizinha do bairro, acusada de ter sido racista com seu irmão adotado. Acaba o episódio sendo levada para a cadeia. Não está fácil para ninguém mesmo! / Shameless 9.10 - Los Diablos! (Estados Unidos, 2019) Direção: Iain B. MacDonald / Roteiro: John Wells / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White. 

Shameless 9.11 - The Hobo Games
Frankie quer porque quer ganhar aquela competição para escolher o maior vagabundo, o melhor pobretão de Chicago. E ele é um forte candidato, só que na última hora, na competição do trem em movimento, em que o vagabundo tem que pular em um vagão aberto, ele perde o equilibrio e cai. Fim dos sonhos de Frankie. Fim também da paternidade de seus seis novos filhos. Ele aceita 10 mil dólares do ex-marido de sua mulher e cai fora. Nada diferente do que era esperado para Frankie. Já Lip e Fiona entram em guerra. Ela dá bebida para um dos caras que Lip ajuda no AA. A coisa toda pega muito mal. A discussão se torna feia e Lip diz que Fiona deve deixar a casa; Mas como? Ela está desempregada, sem grana, sem nada. O baixo astral é geral. / Shameless 9.11 - The Hobo Games (Estados Unidos, 2019) Direção: Iain B. MacDonald / Roteiro: John Wells / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White. 

Shameless 9.12 - You'll Know the Bottom When You Hit It
Fione vive seu inferno astral. Ela não está apenas desempregada, como também perdida na vida, bebendo muito. Acaba se "associando" com Frankie para vender produtos de necessidade em uma Chicago que sofre um blackout. Esse episódio tem um clima de total falta de esperança para ela, até a cena final quando finalmente decide ir para o AA pela primeira vez. Ela amanhece ao lado de Frankie, numa tremenda ressaca, cheirando a bebida e percebe que chegou a hora de dar a volta por cima. Afinal a Fiona já passou por tanta coisa nessa vida. Por fim vi pela primeira vez Frankie agindo e falando coisas bem importantes. Ele, pelo visto, tem mais consciência de si mesmo do que muita gente pensa. E é justamente por isso que o episódio se chama "Você conhecerá o fundo quando acertá-lo"!. É a mais pura verdade! / Shameless 9.12 - You'll Know the Bottom When You Hit It(Estados Unidos, 2019) Direção: Shari Springer Berman / Roteiro: John Wells / Elenco: William H. Macy; Emmy Rossum; Jeremy Allen White. 

Shameless 9.13 - Lost
O episódio se chama "Perdido". E quem está perdido? Bom, praticamente toda a família Gallagher. Fiona tenta se recuperar da fase de beber demais. Ela tem problemas com a lei. Para escapar da prisão passa a frequentar o AA, ao mesmo tempo em que arranja um emprego qualquer (péssimo por sinal). Só na última cena do episódio é que tudo parece mudar, para melhor! Já Frank acaba indo parar no hospital com uma fratura exposta na perna. Ele clama por drogas pesadas, claro! E a ruivinha Debbie tem uma decepção amorosa. Ela está afim da ex-namorada de seu irmão, tenta dar um beijo nela, mas é rejeitada! Tempos complicados... / Shameless 9.13 - Lost (Estados Unidos, 2018) Direção: Iain B. MacDonald / Roteiro: John Wells / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White. 

Shameless 9.14 - Found
E assim chegamos ao final da temporada. E o que acontece no final da série Shameless? Pelo menos nessa temporada, claro. O acontecimento mais marcante é a partida de Fiona. Ela decide ir embora. Cansou, está farta de tudo, de todas as confusões familiares. Ela visita o irmão na prisão e fala de seus planos de ir embora para longe, para morar em outro lugar. E ele dá todo o apoio para ela. Afinal Fiona praticamente criou aquela família caótica sozinha pois sua mãe tinha problemas com droga e Frank, bem é o Frank! O episódio assim termina em clima de despedida. Eu particularmente gostei de tudo. Será que a atriz Emmy Rossum que interpreta Fiona simplesmente cansou da série após nove temporadas e resolveu dar um tempo, deixando tudo para trás? Isso só veremos mais à frente. / Shameless 9.14 - Found (Estados Unidos, 2019) Direção: John Wells / Roteiro: John Wells / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White.

Pablo Aluísio.

The Rookie

The Rookie 1.01 - Pilot
Antes de qualquer coisa não vá confundir essa série "The Rookie" com outra série policial chamada "Rookie Blue". São programas diferentes. "Rookie Blue" inclusive já chegou ao seu final. "The Rookie" começou a ser exibido em 2018. O principal personagem aqui se chama John Nolan (Nathan Fillion). A idade certa para entrar na polícia de Los Angeles para ser um patrulheiro é por volta dos vinte e poucos anos. Só que John se alista no departamento beirando os 40 anos! Muitas das situações vem justamente daí, do fato de haver um policial novato (Rookie) com essa idade. O seu comandante, por exemplo, não parece gostar nada disso. Nesse primeiro episódio ele sai para seu primeiro dia como policial nas ruas. Logo de manhã atende uma chamado de violência doméstica. É a vida de cão dos moradores mais pobres de L.A. Uma chamada considerada de rotina por patrulheiros mais veteranos, mais experientes. O pior vem mais tarde. Na segunda chamada as coisas complicam e ele precisa enfrentar uma troca de tiros, bem no meio da rua, com traficantes de drogas. Achei a série bem mediana. Realmente não tem nada demais, nada acima da média. O canal ABC aliás é bem conhecido nos Estados Unidos por de forma geral produzir séries desse tipo. Apenas mais uma série para exibir na sua grade de programação./ The Rookie 1.01 - Pilot (Estados Unidos, 2018) Estúdio: ABC Studios / Direção: Liz Friedlander / Roteiro: Alexi Hawley / Elenco: Nathan Fillion, Alyssa Diaz, Richard T. Jones, Titus Makin Jr, Mercedes Mason, Melissa O'Neil
  
The Rookie 1.02 - Crash Course
A série segue nesse segundo episódio sem grandes novidades. O policial John Nolan (Nathan Fillion) tem uma nova parceira, uma mulher negra que estuda para se tornar detetive do departamento. Ela não gosta muito de Nolan, até porque uma série de azares e imprevistos vão acontecendo durante o dia. E nas chamadas eles são enviados para resolver diversos casos pela cidade. Um deles envolve um homem forte e surtado que começa a quebrar tudo dentro de uma igreja. Em outra situação precisa enfrentar a arrogância de uma dupla de detetives que se irrita com ele. E o pobre Nolan apenas ajudou a resolver um dos casos. Coisas da vida. Outro momento bem mais ou menos dessa série policial. Os personagens são pouco desenvolvidos e os roteiros passam longe de serem inovadores ou impressionantes. São apenas medianos, para sumir dentro da programação do canal ABC nos Estados Unidos. Um programa vespertino para fechar a grade, nada mais do que isso. / The Rookei 1.02 - Crash Course (Estados Unidos, 2018) Direção: Adam Davidson / Roteiro: Alexi Hawley / Elenco: Nathan Fillion, Alyssa Diaz, Richard T. Jones.

The Rookie 1.03 - The Good, the Bad and the Ugly
Durante uma abortagem no metrô um ladrão rouba 10 mil dólares. Algo que pega mal dentro do departamento, principalmente para o "rookie" (o novato quarentão). Por isso ele é colocado para escanteio. Na segunda chamada do dia ele e sua parceira são designados apenas para fazer o perímetro de uma operação maior, só que os os criminosos fortemente armados escapam do cerco, passando por eles, que vão atrás. O roteiro do episódio também brinca com os personagens, fazendo com que todos respondam a seguinte pergunta: se não fossem tiras, o que fariam de suas vidas? / The Rookie 1.03 - The Good, the Bad and the Ugly (Estados Unidos, 2018) Direção: Greg Beeman / Roteiro: Alexi Hawley, Ally Seibert / Elenco: Nathan Fillion, Alyssa Diaz, Richard T. Jones.  

The Rookie 1.04 - The Switch
O que poderia ser pior para um policial das ruas do que congelar sempre que houvesse uma troca de tiros? É justamente isso que acontece com um dos novatos, um jovem policial negro que não consegue reagir quando os bandidos mandam chumbo quente em sua direção. O veterano que compartilha a patrulha com ele sabe que assim o novato não terá futuro com a farda do policial e lhe dá um ultimato... ou deixa de ser covarde e enfrenta fogo contra fogo ou então ele colocará sua covardia no relatório, o que significará dispensa desonrosa em sua ficha. Fica a opção sobre a mesa. Ou fica e enfrenta a bandidagem ou então pede para sair. / The Rookie 1.04 - The Switch (Estados Unidos, 2018) Direção: Toa Fraser / Roteiro: Alexi Hawley, Vincent Angell / Elenco: Nathan Fillion, Alyssa Diaz, Richard T. Jones. 

The Rookie 1.05 - The Roundup
Essa série policial das mais convencionais já está na quarta temporada nos Estados Unidos? É de cair o queixo mesmo! De minha parte penso que não vou seguir em frente. No máximo verei mais alguns episódios dessa primeira temporada e já está de bom tamanho. A série não é ruim, longe disso, mas também não traz maiores surpresas. É bem quadradinha para falar a verdade! Nesse episódio aqui é feita uma espécie de competição entre os policiais de Los Angeles. Algo que me soou bem equivocado já que  o vencedor seria aquele que prendesse mais pessoas - olha que perigo uma coisa dessas! De qualquer maneira é até um bom passatempo, muito embora essa coisa de tira armado competindo com outros tiras para ver quem prende mais gente nas ruas é simplesmente absurdo em meu ponto de vista. / The Rookie 1.05 - The Roundup (Estados Unidos, 2018) Direção: Nelson McCormick / Roteiro: Alexi Hawley / Elenco:    Nathan Fillion, Alyssa Diaz, Richard T. Jones; 

The Rookie 1.06 - The Hawke
Pois é, apesar da série ser meio capenga, sigo assistindo. Nesse episódio temos um caso curioso. O que poderia acontecer quando um dos oficiais policiais da cidade se torna um criminoso fugitivo? E o pior é que ele foi instrutor na academia de vários daqueles policiais que saem em sua perseguição pelas ruas da cidade. Tudo começa com um caso de violência doméstica. O tal oficial descobre sua esposa na cama com outro homem. A partir daí surge uma escalada de violência. Ele pega seu filho e sai fugitivo de seus próprios ex-companheiros de farda. Mais do que complicado. O protagonista em particular tinha uma grande amizade com ele. Imagine a saia justa. É a tal coisa, apesar dessa série não ser grande coisa é a única que ainda não larguei mão. Algumas vezes os episódios funcionam bem, outras vezes não. Vou seguindo em frente, quero chegar pelo menos até o décimo episódio para decidir que sigo em frente ou não! Joguem os dados da sorte! / The Rookie 1.06 - The Hawke (Estados Unidos, 2018) Direção: Timothy Busfield / Roteiro: Alexi Hawley / Elenco: Nathan Fillion, Alyssa Diaz, Richard T. Jones.

The Rookie 1.07 - The Ride Along
O "novato mais velho do mundo" (péssima e preconceituosa essa frase usada no roteiro do episódio) precisa escoltar em sua patrulha diária, um diretor de cinema especializado em filmes policiais e de ação. O tal sujeito quer ver o mundo real, como são as operações policiais pelas ruas de Los Angeles. Péssima ideia. Ele se mete nas operações e na maioria das vezes se dá muito mal. O Rookie porém segue em frente, sendo o mais cordial e cuidadoso possível com sua presença, afinal ele não pode deixar o cineasta se machucar de jeito nenhum. Como pano de fundo temos a delicada questão envolvendo um tira e sua esposa, pega com quilos de cocaína para revender. Policial casado com traficante. Algo poderia ser pior do que isso? / The Rookie 1.07 - The Ride Along (Estados Unidos, 2018) Direção: Cherie Nowlan / Roteiro: Alexi Hawley / Elenco: Nathan Fillion, Alyssa Diaz, Richard T. Jones. 

The Rookie 1.08 - Time of Death
O tira John Nolan mata um criminoso durante uma perseguição policial pelas ruas de Los Angeles. Ele fica abalado. Nunca havia matado uma pessoa antes. Só que como policial de rua, patrulheiro, ele deveria lidar melhor com a situação, uma vez que faz parte do serviço de tiras. É um trabalho que muitas vezes pode colocar o profissional numa situação de vida ou morte. Só que Nolan precisa lidar também com outro problema. O bandido morto tinha um irmão, também criminoso, que logo avisa que vai se vingar. Na última cena desse episódio ele é atacado de surpresa e quando termina ele está sendo levado, inconsciente, pelo bandido. Será que vai ser morto? / The Rookie 1.08 - Time of Death (Estados Unidos, 2018) Direção: Michael Goi / Roteiro: Michael Goi / Elenco: Nathan Fillion, Alyssa Diaz, Richard T. Jones.

The Rookie 1.09 - Standoff 
O policial Nolan escapa da morte, mas não escapa da corregedoria, uma vez que se envolveu num caso de assassinato durante o serviço. Diante disso ele é transferido para o atendimento ao público e fica surpreso com a quantidade de pessoas malucas que vão até a delegacia de polícia em busca da solução dos mais diversos problemas aleatórios. Seus colegas de farda saem em busca de um sujeito, um traficante de drogas que tentou matar a mãe de um dos patrulheiros. Eles acabam encurralados em um edifício residencial debaixo de fogo pesado. O traficante usa armamento pesado contra eles, além disso utiliza um dispositivo de silenciamento do equipamento de comunicação dos policiais. Uma verdadeira cilada mortal. A série vem melhorando muito, começou meio capenga, mas tem me agradado ultimamente. / The Rookie 1.09 - Standoff (Estados Unidos, 2019) Direção: John Terlesky / Elenco: Nathan Fillion, Alyssa Diaz

The Rookie 1.10 - Flesh and Blood
O departamento de polícia te Los Angeles inicia um programa onde em patrulha saem em dupla um veterano e um novato. John Nolan acaba sendo escolhido para sair em dupla com seu próprio chefe,  o que não deixa de ser uma questão bem delicada e em algumas situações até a mesma constrangedora. Em uma chamada onde há vazamento de gás em uma casa, Nolan acaba salvando o chefe da morte, o que de certa forma muda a relação entre eles e olha que o veterano oficial sempre pegou em seu pé. O que mais me chamou atenção é esse episódio rompe com a história que estava sendo contada nos episódios anteriores, que eram muito mais dramáticos, já esse daqui tem até mesmo uma certa dose elevada de humor. / The Rookie 1.10 - Flesh and Blood (Estados Unidos, 2019) Direção: Jessica Yu / Elenco: Nathan Fillion, Alyssa Diaz, Richard T. Jones.

The Rookie 1.11 - Redwood
O vice presidente dos Estados Unidos decide visitar Los Angeles, o que cria serviço extra de todos os tipos para os policiais da cidade, eles precisam cuidar do trânsito e evitar que pessoas com histórico de ameaças ao político saiam nas ruas com artefatos perigosos ou armas. Um dos destaques deste episódio ocorre quando uma das policiais tenta apartar uma briga de duas mulheres que vivem nas ruas, são drogadas e uma delas acaba dando uma seringada na barriga da policial, algo muito perigoso, pois ela poderia se contaminar com várias doenças. / The Rookie 1.11 - Redwood (Estados Unidos, 2019) Direção: Sylvain White / Elenco: Nathan Fillion, Alyssa Diaz, Richard T. Jones.

The Rookie 1.12 - Heartbreak
Episódio do Dia dos Namorados. Você pode pensar que por essa razão, esse é um episódio romântico, mas esqueça isso. Para os policiais de Los Angeles, o Dia dos Namorados é um dia de muitos problemas a resolver na sociedade. Casais brigam, pessoas ficam revoltadas, crimes são cometidos. E o pior de tudo, é que há um aspecto de apreensão dentro da polícia de Los Angeles. Curiosamente, Nolan acaba atraindo a atenção de uma mulher que ele salvou da morte durante um acidente de trânsito. Ela fica meio obcecada por ele, se torna uma stalker. Pior do que isso, a mulher parece ter problemas psicológicos. Depois que perdeu o marido está com tendências suicidas. Um problema e tanto nas mãos do policial Nolan. / The Rookie 1.12 - Heartbreak (Estados Unidos, 2019) Direção: Carol Banker / Elenco: Nathan Fillion, Alyssa Diaz, Richard T. Jones.

The Rookie 1.16 
O novato mais velho da polícia de Los Angeles precisa ficar vivo após ser jurado de morte por um líder de gangue na cidade. Ele supostamente teria passado a mão indevidamente em sua mãe durante uma abordagem policial. É uma boa série embora seja enquadrada tranquilamente no feijão com arroz que a ABC produz em sua programação. 

Pablo Aluísio.