Páginas

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Um Corpo Que Cai

Outro filme que gostei muito de rever recentemente foi "Vertigo" (no Brasil, "Um Corpo Que Cai") também do mestre Alfred Hitchcock. Certa vez durante uma entrevista o cineasta explicou a tênue tese que permeava todo o enredo do filme. Tudo era uma metáfora sobre a diferença entre a realidade e a fantasia, o mundo concreto e o mundo idealizado.

Na estória um detetive aposentado chamado John 'Scottie' Ferguson (interpretado pelo sempre ótimo James Stewart) aceita a proposta de fazer um último serviço de investigação para um velho amigo. O sujeito é um daqueles homens bem sucedidos casados com mulheres bem mais jovens. Ela ultimamente vem apresentando um comportamento estranho, o que acende o alerta na cabeça do maridão. Todas as tardes ela sai por San Francisco, sem rumo certo, com comportamento fora do normal. Ele contrata assim Scottie para seguir seus passos, descobrir onde ela vai, o que faz e com quem anda nesses momentos...

Traição? Nem tanto. A jovem (na pele de Kim Novak, no auge da juventude e beleza) parece ter desenvolvido algum tipo de obsessão em relação a uma parente distante, sua trisavô, que teria se matado. Ela vai até seu túmulo, visita sua antiga casa, passeia por lugares onde ela viveu e por fim tenta se matar nas águas geladas da baía de San Francisco. Para salvá-la Scottie acaba se aproximando dela, nascendo daí uma paixão avassaladora. Tudo parece seguir numa certa normalidade, porém o que o velho detetive nem desconfia é que tudo o que surge na sua frente não é a realidade, mas um mundo de manipulação, onde ele é apenas um instrumento de ilusão numa teia criminosa.

A tese de Alfred Alfred Hitchcock era justamente essa. A diferença entre o que pensamos ser a realidade e aquilo que realmente é. De um lado o mundo real, concreto. Do outro a fantasia, a imaginação, a mentira. Uma metáfora sobre o próprio cinema no final das contas. O roteiro de "Vertigo" tem várias reviravoltas, algumas delas bem intrigantes e surpreendentes, mas o que mais deixa o espectador surpreso mesmo é ver como uma atriz de talento trivial como Kim Novak conseguiu ter um trabalho de atuação tão bom.

Ela no filme interpreta duas personagens, o seu eu real e a máscara que se apresenta para o velho policial de James Stewart. Uma de suas personalidades tem classe, finesse e por ter um comportamento reservado apresenta um ar misterioso e sedutor que se revela irresistível ao tira aposentado. A outra é uma mulher completamente ordinária (no sentido de ser comum), nada sofisticada, chegando ao ponto de ser simplesmente vulgar. Pura decepção. Uma trabalhadora tentando sobreviver em um emprego meramente medíocre. Certa vez Hitchcock disse que atores eram como gado e deveriam ser tratados como gado. Embora seja uma opinião forte, diria até ofensiva, quando vemos atuações como a de Kim Novak nesse filme acabamos entendendo que apesar de ser um jeito bem heterodoxo de direção a coisa parecia mesmo funcionar perfeitamente...

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Janela Indiscreta

Nessa última semana decidi rever dois filmes do mestre Alfred Hitchcock. Fazia bastante tempo desde que os havia assistido pela última vez (alguns deles há mais de vinte anos!) e por essa razão achei uma boa ideia revê-los. Afinal de contas qualquer filme assinado por Hitchcock vale muito a pena rever, sob qualquer ponto de vista. Os dois que escolhi  foram os clássicos absolutos "Um Corpo Que Cai" e "Janela Indiscreta". Em minha memória havia gostado muito mais do primeiro do que do segundo. A impressão que tinha de "Vertigo" era muito mais sólida, mais forte, mais consistente.

Nessa revisão tardia acabei me surpreendendo pois adorei muito mais rever "Rear Window"! Embora "Um Corpo Que Cai" tenha um roteiro bem mais complexo e coeso, com ótimas tomadas externas e variedade maior de situações e cenários (com um ótimo final), "Janela Indiscreta" nos pega por sua extrema criatividade e originalidade. Para quem nunca viu ou não se lembra o filme conta a estória (simples) de um fotógrafo profissional (interpretado pelo grande James Stewart) que fica preso numa cadeira de rodas em seu apartamento após quebrar sua perna. Sem ter o que fazer para passar o tédio ele começa a espiar com uma câmera seus vizinhos de prédio (em uma maravilhosa recriação em estúdio de um típico condomínio de apartamentos residencial de Nova Iorque). Sim, ele se torna um voyeur da vida alheia!

E assim ele vai conhecendo os tipos mais variados. Há uma senhorita muito solitária e deprimida que passa os seus dias a idealizar o encontro romântico de seus sonhos, o jovem casal em lua de mel, a dançarina bonitona que é cortejada por um batalhão de pretendentes, um estranho casal que dorme na sacada de seu apê, usando uma cesta para descer seu cachorrinho de estimação até o pátio lá embaixo e por fim um velho casal que aparenta toda a saturação de um casamento em frangalhos que vai se arrastando por anos e anos. A esposa está inválida sobre uma cama e seu marido, um vendedor cansado da vida, não parece ter mais paciência para cuidar dela. É a massacrante rotina de uma vida ordinária cobrando seu preço.

É justamente sobre eles que as lentes de Stewart começam a prestar mais a atenção pois durante uma noite chuvosa ele acaba se convencendo que o homem matou sua esposa, a cortou em pedaços e colocou seus restos mortais em várias malas que ele vai tirando de seu apartamento aos poucos, durante as madrugadas! Chocante demais para você? Não para o mestre do suspense... Claro que o assassinato deixa alarmado o personagem de Stewart, mas nem seu velho amigo da guerra acredita em sua versão dos fatos. Para o velho tira seu colega está apenas entediado, inventando estórias em sua própria cabeça! Assim o roteiro joga o tempo todo com a dualidade sobre o que de fato estaria acontecendo... Teria havido realmente um crime ou tudo não passaria de uma maluquice na mente entediada do protagonista? Perceba que com tão pouco em mãos o grande Hitchcock acabou criando uma verdadeira obra prima do suspense, inclusive com toques de fino humor negro! E como se isso tudo ainda não bastasse o filme ainda traz a beleza eterna de Grace Kelly no auge de sua juventude e carisma! Dizem que o velho diretor ficou caidinho por ela - completamente apaixonado! Quem poderia condená-lo? Absolutamente ninguém...

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 26 de julho de 2016

Sua Majestade, o Aventureiro

O ator Burt Lancaster começou sua carreira no circo, como malabarista. Quando foi para Hollywood os produtores o viram como se fosse um novo Douglas Fairbanks, o acrobata dos filmes de piratas durante o auge do cinema mudo. Claro que o tempo iria provar que Lancaster não era apenas um atlético homem de circo, mas sim um ator realmente muito bom, que conseguia se sair bem tanto em filmes de pura ação, como essa aventura, como àqueles em que tinha que atuar muito mais dramaticamente (como o sempre lembrado "O Homem de Alcatraz").

Em 1954 porém a imagem de Burt Lancaster ainda não tinha evoluído muito. O que havia sido posto sobre a mesa dos grandes chefões era a de que ele poderia se sair muito bem em aventuras dos sete mares. Assim o ator foi escalado para esse filme sobre um capitão que no Pacífico Sul tentava tirar a sorte grande ao explorar uma ilha remota povoada por nativos ainda bem primitivos. O lugar, cheio de coqueiros, era um manancial de riquezas. O óleo da casca do coco era fartamente usado na época pela indústria recém nascida. Levar aquele óleo para a distante Europa seria a sua salvação. Certamente ele ficaria rico. Só faltava saber como...

O protagonista interpretado por Burt Lancaster porém teria que antes disso vencer uma série de desafios. O principal deles era arranjar uma nova embarcação pois seu último navio havia sido tomado pela própria tripulação em um motim violento. Preso e jogado no mar em um pequeno bote o capitão só conseguiu sobreviver por causa das marés que o levaram até uma paradisíaca ilha em Fiji (um dos cartões postais mais bonitos do planeta, com suas águas límpidas, cristalinas e azuis). E é justamente nesse lugar que o velho capitão vivido por Lancaster começa novos planos de exploração. É claro que sob um ponto de vista atual tudo soará meio indigesto. O homem branco americano de Lancaster nem pensa duas vezes em colocar todos aqueles nativos morenos e primitivos para trabalharem em seu proveito pessoal, quase numa relação de escravismo. E olha que o personagem era visto como um herói naqueles distantes anos 50.

Deixando essas questões puramente ideológicas de lado o fato é que o filme como diversão funciona muito bem. O roteiro é redondinho, bem articulado e só derrapa mesmo na cena final, na conclusão do enredo que soa meio forçado. A ilha de Lancaster acaba virando um barril de pólvora, com disputas internas envolvendo o poder entre os selvagens. Alguns decidem apoiar Lancaster e outros ficam do lado de colonizadores franceses e belgas (que também querem explorar comercialmente a ilha). Qual seria a conclusão óbvia de uma situação assim? Claro que no mínimo uma sangrenta guerra civil, mas o roteiro parece ignorar a natureza humana, tudo terminando em um improvável Happy Ending, com todos de braços dados, felizes e sorridentes. De qualquer forma, levando-se em consideração a época em que o filme foi produzido, até que isso não incomoda muito. Embargue em sua proposta aventuresca e procure se divertir o máximo possível. Agindo assim esse "Sua Majestade o Aventureiro" vai servir bem aos seus objetivos.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

A Ponte do Rior Kwai

Muito bem, se você gosta de cinema eu aconselho conhecer a filmografia de alguns maravilhosos diretores do passado, entre eles David Lean que em 1957 realizou essa obra prima chamada "The Bridge on the River Kwai" (A Ponte do Rio Kwai, no Brasil). O roteiro foi baseado no livro de Pierre Boulle, que por sua vez usou como fonte a história real do tenente coronel inglês Philip Toosey. Ele se tornou prisioneiro do exército japonês durante a II Guerra Mundial. Ao seu lado de seus subordinados foi enviado para as florestas tropicais da Birmânia, um dos lugares mais hostis do mundo por causa de sua natureza implacável.

No filme o roteiro parte da mesma premissa, só que a figura de Toosey foi transformado no personagem do Coronel Nicholson (em ótima interpretação do grande Alec Guinness). Oficial britânico orgulhoso e determinado ele resolve enfrentar os abusos do comandante japonês Saito (Sessue Hayakawa), A convenção de Genebra é um tratado internacional que rege as relações entre prisioneiros de guerra e é baseado nesse documento jurídico que Nicholson resolve se apoiar para enfrentar as arbitrariedades de Saito. Claro que isso dá origem a uma série de atritos entre eles, levando Nicholson a pagar caro por suas opiniões, porém com uma fibra absoluta ele resolve não ceder às torturas e pressões que sofre.

No começo da produção o produtor Sam Spiegel queria que uma maquete fosse usada para reproduzir a famosa ponte do Rio Kwai, mas o diretor David Lean, extremamente perfeccionista, recusou a sugestão. Assim uma ponte real, tal como a que realmente existiu, foi erguida de verdade a um custo recorde na época de 250 mil dólares. E tudo para depois ser destruída na apoteótica cena final quando ela finalmente é dinamitada por ingleses. O tempo mostrou que Lean estava totalmente certo em suas decisões já que a cena ainda hoje surpreende e o faz simplesmente por ser real, com um trem de verdade despencando nas águas do Rio Kwai.

Um fato histórico interessante é que a construção da ponte real durante a II Guerra Mundial foi mais trágica do que os acontecimentos vistos no filme. No total morreram 12 mil prisioneiros de guerra em sua construção. Ela levou não dois meses para ser erguida, como vemos no filme, mas oito meses. As doenças tropicais mataram muitos homens, além da conhecida brutalidade do exército japonês. Um verdadeiro inferno na Terra que foi recriado com raro brilhantismo por David Lean, um diretor que sempre mereceu ser chamado de mestre da sétima arte. É certamente um dos filmes clássicos de guerra mais imperdíveis da história. Por essa razão se ainda não viu, não deixe de completar essa lacuna em sua cultura cinematográfica.

Pablo Aluísio. 

Mister Roberts

Em 1955 o mestre John Ford rodou uma de suas poucas comédias na carreira. Ford se celebrizou na história do cinema por causa de seus faroestes clássicos, grandes produções que louvavam a coragem do pioneiro colonizador americano que foi para o oeste selvagem com o objetivo de construir uma nação. Quando os Estados Unidos entraram na II Guerra Mundial Ford se alistou para trabalhar no esforço de guerra. São suas as imagens mais impressionantes das grandes batalhas desse conflito, como as que mostram o desembargue das forças aliadas na Normandia no Dia D.

Esse filme "Mister Roberts" foi realizado dez anos após o fim da guerra. Nesse tempo já havia uma certa tranquilidade em tratar aquele conflito, onde muitos americanos morreram, de uma forma mais bem humorada, sem tanto heroísmo como era comum em filmes do gênero na época. Assim as câmeras de Ford se concentram na história de marinheiros que poderiam ser tudo, menos heróis de guerra ao velho estilo. Enquanto seus companheiros de farda lutavam em grandes e decisivas batalhas épicas contra as forças japonesas a tripulação desse velho cargueiro caindo aos pedaços (chamado de "banheira" por seus próprios marinheiros) se limitava a transportar papel higiênico, frutas e utensílios para as tropas que lutavam no front.

Essa aliás passa a ser a grande frustração do Tenente Doug Roberts (Henry Fonda). Ele se alistou para ser um herói, não para transportar papel higiênico. Pior do que isso é estar sob o comando de um louco varrido, o Capitão Morton (James Cagney), um oficial que só pensa em subir na carreira, tratando mal todos os seus subordinados, com uma estranha obsessão por uma palmeira que ele mantém a bordo do navio, longe do alcance de todos os seus homens. Essa obsessão maluca dá origem a uma das melhores (e mais divertidas) cenas do filme quando Doug em um ato de revolta joga a planta no mar! O que pode parecer um ato sem maiores consequências acaba virando o fim do mundo para seu capitão!

"Mister Roberts" foi a adaptação para o cinema de uma peça de teatro da Broadway que fez muito sucesso na década de 1940. Isso também trouxe certas características teatrais ao filme, principalmente em relação aos diálogos e a própria forma da dramaturgia do roteiro pois tudo se passa dentro do navio, sem muitas cenas externas. Melhor para Jack Lemmon que levou o Oscar. Percebam como ele manteve a postura teatral em sua atuação. Esse foi o segredo do prêmio que acabou levando para casa. No fim de tudo o grande interesse em assistir "Mister Roberts" é conferir como um grupo de atores não acostumados ao gênero comédia (com exceção do próprio Lemmon, é claro), dirigido por um diretor de épicos do velho oeste (John Ford) conseguiu realizar um filme tão bom e divertido como esse. Quem diria que tantos veteranos dramáticos teriam tanto êxito assim em uma produção como "Mister Roberts"...

Pablo Aluísio.

domingo, 24 de julho de 2016

A Feiticeira

Fracasso de público e crítica essa comédia "A Feiticeira" é na realidade um remake camuflado para o cinema de uma série que foi muito popular na década de 1960. Durante oito temporadas o público acompanhou as aventuras de Samantha (interpretada na série por Elizabeth Montgomery), uma típica dona de casa americana que também tinha poderes mágicos. Era uma sitcom com uma pitadinha de fantasia que cativou a audiência. Era divertido, engraçado e carismático. Bom, infelizmente nada se repete nesse remake. Estrelado pela linda Nicole Kidman o estúdio tinha esperanças que se tornasse uma nova franquia com a atriz, mas tudo foi mesmo por água abaixo. 

A crítica malhou impiedosamente e o público deixou os cinemas vazios. Hoje, por uma ironia do destino, a Rede Globo está exibindo o filme na Sessão da Tarde. Pois bem, na época de lançamento do filme foi dito que ele seria ao estilo Sessão da Tarde, o que acabou se confirmando. Embora conte também em seu elenco com um dos comediantes mais insuportáveis de todos os tempos (o sem graça Will Ferrell) o filme tem pelo menos um presente para os cinéfilos de plantão: a presença da sempre exuberante Shirley MacLaine. Mito do cinema clássico não merecia ter um abacaxi desses listado em sua maravilhosa filmografia. Mostra que infelizmente nem as deusas da sétima arte estão livres de pagar grandes micos na carreira.

A Feiticeira (Bewitched, Estados Unidos, 2005) Direção: Nora Ephron / Roteiro: Nora Ephron, Delia Ephron / Elenco: Nicole Kidman, Will Ferrell, Shirley MacLaine / Sinopse: Jack Wyatt (Ferrell) é um ator fracassado que decide jogar todas as suas fichas na produção de uma nova versão da conhecida série "A Feiticeira". O que ele nem desconfia é que a atriz que contrata tem um poder real, sendo uma verdadeira feiticeira.

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de julho de 2016

O Exorcista

Considerado por muitos como o melhor filme de terror de todos os tempos o clássico "The Exorcist" de 1973 foi baseado em fatos reais. O roteiro foi escrito em cima do romance de William Peter Blatty, porém esse autor usou como fonte um caso real acontecido em 1949 na cidade de Cottagy City, no estado americano de Maryland. O diferencial básico era que o caso real aconteceu com um menino de 13 anos e não uma jovem garota como vemos no filme. Naquela ocasião o garoto teria tentado entrar em contato com uma tia que havia falecido. Usando uma tábua Ouija ele acabou abrindo o portal para algo mais sinistro. Em pouco tempo começou a ter um comportamento enlouquecido, falando línguas mortas, causando vários ferimentos em si mesmo. Após médicos não conseguirem chegar a uma solução para seus problemas seus pais resolveram entrar em contato com a Igreja Católica, que acabou tendo que lidar com um dos casos mais complicados de possessão demoníaca de sua história recente (os documentos originais sobre esse exorcismo seguem guardados em segredo dentro dos arquivos do Vaticano). A coisa foi tão séria do ponto de vista religioso que a Igreja comprou a casa onde teria sido realizado o exorcismo, a demoliu e construiu uma praça pública onde padres e seminaristas se revezam até hoje para rezar.

Provavelmente por ter esse pé na realidade o filme "O Exorcista" segue sendo imbatível no aspecto aterrorizante. O enredo é dos mais simples possíveis. Uma garotinha é possuída por uma antiga entidade do mal, dois padres são enviados para exorcizá-la e o drama realmente começa. Existem filmes que se tornam tão marcantes que acabam sendo considerados verdadeiros ícones inspirativos para todo um subgênero cinematográfico que surge. Por exemplo, todos os filmes pós apocalipse se inspiraram de uma forma ou outra em "Mad Max". No caso de "O Exorcista" não existe um só filme sobre possessões que não se utilize de elementos desse clássico absoluto do terror. O diretor William Friedkin assim não realizou apenas a grande obra prima de toda a sua carreira, mas na verdade aquele que é considerado a obra prima insuperável do terror em todos os tempos. Um filme que marcou (e ainda marca) dentro da história do cinema.

Pablo Aluísio.

Nascido em 4 de Julho

Outro excelente drama de guerra que foi lançado nesse ciclo de filmes sobre a intervenção americana no Vietnã foi esse "Born on the Fourth of July" (Nascido em 4 de Julho, no Brasil). Dirigido também por Oliver Stone esse filme procurava dar voz para os milhares de veteranos que voltaram da guerra com problemas físicos e psicológicos, o que de certa maneira acabou destruindo o resto de suas vidas. O roteiro foi baseado na história real do soldado Ron Kovic. Quando a guerra do Vietnã se tornou um fato consumado, Kovic, empedernido por um sentimento patriótico, resolveu se alistar no exército americano. Ele era jovem, promissor, tinha uma bela vida pela frente. Mesmo assim resolveu assumir os riscos em nome da bandeira de seu país. O destino porém lhe reservava um momento trágico. Durante uma operação ele foi atingido por um tiro que lhe custaria os movimentos de suas pernas para sempre. Paralítico, teve que encarar a volta para os Estados Unidos. Inicialmente foi recebido como um herói de guerra, mas o tempo pode ser cruel nesse tipo de situação. Abandonado pela garota que ele considerava o grande amor de sua vida (pois são poucas que aceitam o desafio de enfrentar uma situação como essa), o que antes era orgulho começou a virar desespero.

Seguramente esse filme explora um dos aspectos mais tristes na vida de um veterano que retorna ao lar aleijado. Ele que era um atleta, que tinha um verdadeiro sonho americano pela frente, acaba encontrando apenas um futuro sombrio, um verdadeiro pesadelo. Depois que a ficha cai o que sobra é o alcoolismo, a desilusão e em muitos casos até mesmo o suicídio, pois muitos desses jovens não suportam o peso que agora precisam carregar pelo resto de suas vidas. O diferencial de Ron Kovic foi que ele resolveu adotar uma postura ativa e militante, transformando sua vida numa eterna busca pelo fim de guerras injustificadas como foi a Guerra do Vietnã. Ele acabou assim se tornando um dos mais conhecidos pacifistas veteranos, sempre na mídia denunciando tudo o que estava acontecendo. Já indo para o campo puramente cinematográfico temos aqui aquela que talvez seja a melhor atuação da carreira de Tom Cruise. Ele deixou o estigma de galã de lado para interpretar Kovic com uma dedicação fora dos padrões. Por essa época Cruise ainda lutava para ser reconhecido pela academia, procurando ganhar seu próprio Oscar, algo que até agora não aconteceu. Indicado três vezes ao prêmio (sendo uma delas por esse filme), Cruise foi deixando o cinema mais artístico de lado para se esbaldar em filmes puramente comerciais como "Missão Impossível". Pena, acredito que ele teria sido premiado mais cedo ou mais tarde se continuasse a investir em produções como essa.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Taxi Driver

Ontem assisti, completamente por acaso, um pequeno resumo biográfico da carreira do ator Robert De Niro. Em canais a cabo existe uma variedade desses programas. Nenhum deles é grande coisa, na verdade eles se limitam a comentar os principais filmes do astro enfocado e nada muito além disso. A verdade é que nada mesmo é muito bem desenvolvido ou aprofundado, mas pelo menos servem para nos lembrar como alguns nomes do cinema eram interessantes no passado. O caso mais notório é justamente o de Bobby Milk (seu apelido de juventude). Basta você passar os olhos na filmografia de De Niro na década de 1970 para ficar impressionado como sua carreira começou de forma fulminante. É uma obra prima atrás da outra. Depois de se formar no Actors Studio com o apoio de seus pais (que também eram artistas), ele ficou um pouco à deriva, em busca de trabalho em Nova Iorque. Algo normal de acontecer com alguém ainda sem experiência. Havia algumas oportunidades no meio teatral e em busca de papéis ele chegou até mesmo a atuar como o leão medroso de "O Mágico de Oz". Peças de teatro infantil porém não eram o seu caminho. Assim De Niro aceitou até mesmo trabalhar de graça em alguns filmes, só pela chance de se tornar mais conhecido. O sucesso porém não tardou muito para esse talentoso jovem aspirante a ator.

Algumas dessas produções de começo de carreira até que são bem interessantes como "Festa de Casamento" de 1969, mas apenas com "Taxi Driver" é que Robert De Niro se tornou realmente grande em termos de atuação e talento. Claro que ninguém pode ignorar suas boas atuações em "A Última Batalha de um Jogador", "Caminhos Perigosos" e "O Poderoso Chefão II", mas o fato é que apenas com essa obra prima de Martin Scorsese o jovem De Niro conseguiu provar que poderia levar um filme sozinho em frente, causar impacto apenas com seu trabalho, sem ser apenas parte de uma engrenagem bem maior. O tema é a insanidade. A loucura de se viver em um mundo caótico. O personagem de De Niro no filme sabe muito bem o que é isso. Veterano no Vietnã ele volta para os Estados Unidos vivo, mas com muitos problemas psicológicos a superar. De volta a uma vidinha banal e maçante, vivendo como motorista de táxi pelas ruas da grande e infecta cidade, eles aos poucos vai perdendo a sanidade por causa do mundo ao seu redor. Todos os valores parecem que estão mortos e enterrados. Ninguém mais se importa com eles ou os respeita. A cidade de Nova Iorque assim surge como uma selva ou uma lata de lixo. Jodie Foster acaba sendo o alvo de suas mais intensas pretensões de tentar construir uma vida normal, mas há problemas. Ela é uma garota menor de idade e... prostituta. Ele não consegue lidar direito com seus sentimentos. E nem ela parece se importar com eles. Pior do que isso, ela não faz o tipo garotinha indefesa, pelo contrário, é cheio de personalidade, mesmo que construída nas ruas imundas da grande maçã (que aliás é uma boa alegoria para o roteiro do filme). Hoje em dia muitos ainda lembram de De Niro completamente enlouquecido, com as mãos cheias de sangue, cabelo moicano ao estilo punk, com olhar de quem já deixou a sanidade para trás após promover atos de barbárie e violência. Ele no fundo é apenas fruto da loucura ao seu redor. O próprio Martin Scorsese (um gênio do cinema em minha opinião), explicou que quando realizou o filme também estava insano, não pela violência da guerra ou das ruas, mas sim pelo vício em cocaína que o acompanharia por anos a fio. Pois é, no fundo, dentro desse mundo surtado de "Taxi Driver" o único que parecia ter alguma ligação com o mundo normal era justamente, quem diria, o próprio Robert De Niro...

Pablo Aluísio.

Conan, O Bárbaro

Mesmo após tantos anos de seu lançamento original (o filme chegou nas telas de cinema em 1982) esse segue sendo considerado o melhor filme sobre o personagem bárbaro Conan. É curioso porque Conan é uma criação antiga. Criado por Robert E. Howard na década de 1930 ele levou anos para se tornar popular entre o grande público. Com ares de Tarzan e outros ícones da literatura de aventura, Howard resolveu criar um mundo mais brutal, violento, sem espaço para bom mocismos. O que valia no universo de Conan era a força bruta. Nada muito além disso. Durante décadas os estúdios flertaram com a ideia de levar o guerreiro para as telas de cinema, mas isso nunca parecia dar certo por causa de problemas jurídicos envolvendo os direitos autorais do personagem. Apenas no final da década de 1970 foi que o produtor Dino de Laurentiis conseguiu ter o controle pleno para transformar em realidade uma adaptação cinematográfica. O halterofilista, fisiculturista, brutamontes e troglodita Arnold Schwarzenegger foi contratado e essa foi o primeiro grande acerto do estúdio. Ele não convencia ninguém como ator, mas como Conan era basicamente um personagem físico e brutal, isso acabava combinando muito bem com suas precárias capacidades dramáticas. 

Ninguém iria mesmo contratar um ator shakesperiano para encarnar Conan, mas sim um monte de músculos que soubesse usar uma espada. Se pudesse declamar algumas frases básicas também seria bem-vindo. O ator nunca havia ouvido falar de Conan até aquele momento até que o produtor lhe deu uma pilha de revistas em quadrinhos. Pesquisando Arnold também descobriu que Conan era popular entre os jovens que curtiam aquele tipo de literatura e comics ao estilo Pulp Fiction. O que pesou porém para ele foi o fato de assinar um contrato de longa duração com a empresa de Dina de Laurentiis no incrível valor de 10 milhões de dólares! Em compensação ele teria que se comprometer a fazer quatro filmes com o bárbaro (no final ele faria dois e um derivado chamado "Os Guerreiros de Fogo"). O resultado foi o melhor do que esperado. Em certo sentido o filme chegava até mesmo a superar o material original. Arnold Schwarzenegger que era praticamente um desconhecido colocou seu nome entre os mais promissores em termos de bilheteria. Logo após ele faria um clássico sci-fi chamado "O Exterminador do Futuro" e a partir daí não haveria mais obstáculos para sua subido ao topo de Hollywood.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Deuses do Egito

Na falta de novas ideias em Hollywood vale tudo para tentar inovar de alguma forma. Assim os roteiristas de Gods of Egypt (Deuses do Egito, no Brasil) resolveram transformar uma religião antiga, que predominava nos tempos dos faraós, adaptando tudo em uma espécie de Fúria de Titãs do Rio Nilo. Dirigido pelo cineasta Alex Proyas o filme comete todos os tipos de excessos visuais possíveis, indo na mesma trilha de projetos como John Carter ou Battleship e tais como esses exemplos citados caindo no mesmo problema: a falta de um bom roteiro. Isso porque com poucos minutos de filme você já estará cansado e farto de tantos deuses, num aglomerado desnecessário de personagens secundários que mais atrapalham do que ajudam na diversão (que é a única coisa que essa produção poderia almejar entregar ao seu espectador). Havia um dualismo nessa religião egípcia antiga. Como acontecia quase sempre em crenças com muitos deuses (politeístas) existia uma infinidade de divindades que controlavam praticamente todos os aspectos das vidas dos pobres mortais. Assim existiam divindades que cuidavam da sabedoria, outras do amor, da honra, das forças da natureza e por aí vai. Na base desse roteiro temos dois adversários bem delimitados. O primeiro é Hórus (Waldau), filho de Osíris (Brown) que lhe dá de presente o trono de todo o Egito. Essa sucessão causa fúria e inveja em Set (Butler) que logo parte para a tomada do poder pela força. Deus dos desertos, de personalidade perversa e traidora, ele não aceita ser colocado de lado em relação ao trono. Após matar Osíris, seu próprio irmão, arranca os olhos de Hórus e o joga numa prisão distante.

Essa parte do roteiro é bem fiel ao que fazia parte da tradição da religião do antigo Egito. O problema é que tudo se resume nesse ponto de partida. A partir disso tudo é reconstruído como se fosse um novo filme de super-heróis. Os deuses ganham asas e superpoderes, seu sangue jorra como se fosse ouro líquido e eles nunca parecem estar dispostos ao diálogo, indo logo para a força bruta. São deuses bem violentos mesmo e nada sofisticados. Eles me lembraram inclusive dos personagens da mitologia de Thor (que é bom lembrar também era um deus dos povos que habitavam o norte da Europa). Pelo visto quanto mais antigo é uma divindade dentro do imaginário humano, mais violento ela seria. Está aí uma boa tese de discussão para historiadores de religião em geral. Em épocas brutais os deuses refletiam as próprias sociedades que acreditavam neles. Não havia espaço para misericórdia, perdão ou paz. Em todas as divindades de civilizações antigas o que imperava era o poder e a força. Penso que esse filme se tornará uma espécie de Simbad no futuro, sendo constantemente reprisado nas TVs, conquistando toda uma nova geração de crianças e adolescentes por causa de seu visual bem realizado, monstros e deuses alados, mas que no final das contas não conseguirá marcar muito do ponto de vista cinematográfico. O que fica mesmo na mente depois de uma exibição de Deuses do Egito é sua excelente direção de arte. Se o estúdio tivesse caprichado um pouquinho mais no roteiro, com tanto dinheiro disponível no orçamento, poderíamos realmente ter algo melhor, talvez um novo Stargate ou algo nesse nível. O problema é que muitas vezes a ganância fala mais alto e o que era para ser ao menos promissor acaba se perdendo em fórmulas vazias, clichês, visando unicamente atrair o público mais mediano que frequenta cinemas hoje em dia. Quando se valoriza demais o comercial em detrimento do artístico acontece justamente isso o que vemos nesse filme: uma obra visualmente deslumbrante, mas sem conteúdo nenhum.

Pablo Aluísio:.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Guia de Episódios - Sons of Anarchy

Gostaria de tecer alguns comentários sobre essa ótima série “Sons of Anarchy” (Filhos da Anarquia) que é estrelada por ele. O enredo gira em torno de um moto clube, algo bem comum nos Estados Unidos, bastando lembrar do motoqueiros mais famosos que existe por lá – os Hell´s Angels. O SAMCRO (denominação que os próprios membros usam para se referir ao “Sons of Anarchy”) é formado por um grupo  de amigos que desejam viver a vida sobre duas rodas. Foi fundado por um grupo de veteranos do Vietnã que de volta ao lar e cansados da disciplina militar resolvem fazer o extremo oposto do que tinha vivido nas selvas asiáticas, onde tudo que o membro teria que fazer era beber, ouvir rock e sair por aí pilotando pela noite as potentes motos Harley-Davidson. O trama da série é criada justamente quando o Sons deixa de ser apenas um grupo de amantes de motocicleta para virar uma perigosa gangue de criminosos envolvidos em tráfico de drogas e armas, além de assassinatos e contrabando. Deixando de lado a bela mensagem de liberdade que ajudou a criar o grupo tudo o que é resta é muita violência e caos. Alguns aspectos dessa série do canal FX são bem interessantes. Muitos dos episódios giram em torno da luta pela liderança do clube. De um lado o veterano Clay (interpretado pelo excelente Ron Perlman, sim ele mesmo de “Hellboy”). Do outro lado representando os mais jovens surge Jax (Charlie Hunnam de “A Tentação” que comentamos ontem). Ele é filho de um dos fundadores do Sons, que ao que tudo indica foi morto por Clay anos antes. Fora isso acompanhamos os tramas familiares dos personagens, sua tentativa de conviver com a policia e políticos corruptos da região e as incríveis manobras criminosas em que se envolvem com cartéis colombianos de tráfico de drogas e grupo paramilitares de irlandeses (com conexões com o IRA, famoso grupo terrorista daquele país). Tudo muito bem roteirizado, produzido e atuado. “Sons of Anarchy” é aquele tipo de série que merece ser acompanhado do primeiro ao último episódio. / Sons of Anarchy (Idem, EUA, 2008 - 2013) Criado por Kurt Sutter / Elenco: Charlie Hunnam, Ron Perlman, Katey Sagal, Mark Boone Junior / Sinopse: Numa pequena cidade dos EUA um grupo de motoqueiros chamados “Sons of Anarchy” tenta sobreviver às lutas e artimanhas envolvendo policiais corruptos, cartéis de drogas e contrabandistas de armas.

Episódios Comentados: 

Sons of Anarchy 6.05 - The Mad King
Na sexta temporada a principal preocupação de Jackson 'Jax' Teller (Charlie Hunnam) é livrar SAMCRO do esquema de tráfico de armas que eles mantém com o IRA, grupo terrorista irlandês. Não é um acordo criminoso fácil de romper como bem tem sido demonstrado nos últimos episódios. Há uma clara resistência dos irlandeses em romper o trato, até porque foi firmado com o antigo presidente dos Sons, Clay (Ron Perlman), que está na cadeia. Esse episódio tem uma hora de duração e é considerado um dos mais importantes para quem vem acompanhado "Sons of Anarchy". O cerco vai se fechando contra o grupo que se vê acuado de todos os lados, pelos irlandeses, pela polícia e o xerife local, pelo FBI e finalmente pelo grupo negro liderado por Pope. Aliás quando Jax propõe um acordo entre a gangue afro-americana e os irlandeses isso soa quase como uma ofensa para eles, pois os membros do IRA são extremamente racistas e não admitem firmar um acordo de distribuição de armas traficadas nos Estados Unidos com um grupo formado basicamente por negros. Há uma cena nesse episódio que me incomodou bastante quando Gemma (Katey Sagal) vai visitar Clay na cadeia. Quem acompanha a série desde o seu começo bem sabe de antemão que todas as sequências rodadas na prisão costumam ser bem barra pesada, extremamente violentas, mas aqui exageraram um pouco no tom. Enfim, um episódio imperdível da série, com alto teor explosivo, onde tudo parece ir literalmente pelos ares. / Sons of Anarchy - The Mad King (EUA, 2013) Direção: Gwyneth Horder-Payton / Roteiro: Kurt Sutter, Chris Collins/ Elenco: Charlie Hunnam, Katey Sagal, Mark Boone Junior.

Sons of Anarchy 6.06 - Salvage
Mais um episódio de longa duração da série "Sons of Anarchy". Não sei exatamente a razão, mas os dois últimos episódios tiveram 1 hora de duração, o que considero excessivo em termos de séries. O ideal é de 40 a 45 minutos, no máximo. No episódio anterior tudo acabou indo pelos ares. A sede do clube foi destruída por uma bomba implantada sorrateiramente. Há muito tempo Jackson 'Jax' Teller (Charlie Hunnam) tenta tirar o clube do negócio de armas contrabandeadas com o IRA, mas é complicado romper com um sócio que é uma das mais perigosas organizações terroristas da Europa. Assim, antes de romper definitivamente o IRA resolve mandar um recado, explodindo a sede de SAMCRO. Após o susto Jax resolve viajar com seus companheiros para uma reunião geral de todas as filiais do grupo e lá se decide que eles realmente vão deixar o contrabando de armas, custe o que custar. Para que o episódio tenha um pouco mais de ação e diversão os roteiristas colocaram dois tiras corruptos tentando extorquir os membros de SAMCRO pelas estradas. Claro que algo assim jamais daria certo. Nessa sequência em particular há uma ótima cena envolvendo 'Juice' Ortiz (Theo Rossi) quando ele pula de sua motocicleta em direção ao furgão do grupo de apoio. Outro elemento chave desse episódio vem quando o IRA exige que Clay (Ron Perlman), mesmo preso, comande todas as operações envolvendo transporte, armazenamento e a venda das armas na Califórnia. Como Jax vai operacionalizar algo assim? Bem, vamos assistir os próximos episódios para descobrir. / Sons of Anarchy 6.06 - Salvage (EUA, 2013) Direção: Adam Arkin / Roteiro: Kurt Sutter, Mike Daniels/ Elenco: Charlie Hunnam, Katey Sagal, Mark Boone Junior, Theo Rossi, Ron Perlman.

Sons of Anarchy 6.09 - John 8:32
Já sendo exibida a sétima (e última) temporada nos Estados Unidos, mas ainda estou na reta final da sexta. "Sons of Anarchy" é aquele tipo de série com história sequencial que exige dedicação extra do espectador, ainda mais agora que os episódios em média estão com duração de uma hora (algo que sinceramente falando considero excessivo). Como se vem desenrolado desde as últimas duas temporadas o presidente de SAMCRO Jackson 'Jax' Teller (Charlie Hunnam) está tentando tirar seu grupo do contrabando de armas irlandesas para o seu país. Não é algo fácil. Ameaças e atentados estão em seu caminho. Para piorar sua própria vida pessoal parece caminhar para uma encruzilhada. Nesse episódio em particular Jax descobre que sua esposa, a médica Tara Knowles (Maggie Siff) planeja ir embora com os seus filhos, tudo para fugir do mundo da criminalidade onde ele vive. Para enrolar ainda mais o meio de campo, Jax descobre tudo após colocar uma arma na cabeça da advogada de sua mulher, um modo nada sutil de obter informações. E o seu grande rival, 'Clay' Morrow (Ron Perlman), continua conspirando contra sua liderança, mesmo estando atrás das grades. Aqui ele literalmente surta durante um ato religioso na prisão, tudo para ser levado até a enfermaria onde receberá um celular para entrar em contato com seus parceiros lá fora. Um outro acontecimento digno de nota vem quando Gemma (Katey Sagal) decide confessar que realmente planejou a morte do próprio marido no passado para ficar com Clay. Pelo visto SAMCRO virou mesmo um ninho de víboras. / Sons of Anarchy 6.09 - John 8:32 (EUA, 2013) Direção: Guy Ferland / Roteiro: Kurt Sutter, Kem Nunn/ Elenco: Charlie Hunnam, Katey Sagal, Ron Perlman, Mark Boone Junior.

Sons of Anarchy 6.11 - Aon Rud Persanta 
Antepenúltimo episódio da temporada. Olhando para trás vejo que fui longe em se tratando de "Filhos da Anarquia". Essa série chegou ao final em 2014, na sétima temporada, mas como estou sempre atrasado, ainda sigo tentando chegar ao final da sexta. "Sons of Anarchy" foi excepcional em suas três primeiras temporadas. Havia toda uma rivalidade entre os dois personagens principais, Jackson 'Jax' Teller (Charlie Hunnam) e Clarence 'Clay' Morrow (Ron Perlman) pelo controle de SAMCRO. Depois disso, como acontece com muitas séries que viram vítimas de seu próprio sucesso, os roteiros começaram a saturar. Depois que Jax venceu a disputa interna e Clay foi preso nada de muito interessante aconteceu... pelo menos até esse episódio. Aqui temos finalmente um fato marcante. Se ainda não assistiu a série pare de ler por aqui pois lá vem spoiler pela frente... Pois bem, nesse episódio Clay é finalmente morto por Jax, após ele o libertar da prisão durante o ataque ao comboio que o trazia preso. A morte de Clay foi bem decepcionante. Ele não lutou pela vida e nem enfrentou Jax. Apenas aceitou seu destino. Será que depois de tudo o que aconteceu na série algo assim seria realmente convincente? Acredito que não! Os roteiristas erraram a mão. E agora para onde ir? Provavelmente para lugar nenhum. "Sons of Anarchy" deveria ter sido encerrado por aqui, já que alguns dos núcleos dramáticos mais importantes da série já foram finalizados. Porém a Fox achou por bem esticar um pouco mais, dando uma nova temporada para "Sons" - temporada essa que tenho sérias dúvidas se encararei... Ah e antes que me esqueça: esse episódio foi dirigido pelo ator Peter Weller, sim ele mesmo, o RoboCop da franquia original dos anos 80. / Sons of Anarchy 6.11 - Aon Rud Persanta (EUA, 2013) Direção: Peter Weller / Roteiro: Kurt Sutter, Chris Collins / Elenco: Charlie Hunnam, Ron Perlman, Katey Sagal, Mark Boone Junior .

Sons of Anarchy 6.12 - You Are My Sunshine
Penúltimo episódio da sexta temporada. Como eu já havia escrito antes a série vem se arrastando já há algum tempo. Deveria terminar por aqui, mas o canal FX ainda conseguiu emplacar uma sétima temporada. Saturou, essa é a verdade. Vou até o fim dessa sexta apenas para fechar um ciclo, mas provavelmente não assistirei a temporada final. Pois bem, como já estamos acompanhando há tempos (e coloca tempo nisso), a esposa de Jax (Charlie Hunnam), Tara Knowles (Maggie Siff), resolveu fazer um acordo de delação com a promotoria. Ela entregaria todos os crimes de SAMCRO em troca de sua própria liberdade ao lado dos filhos. Entrando no serviço de proteção às testemunhas ela conseguiria finalmente sair do mundo do crime que havia entrado ao se envolver com Jax e os Sons Of Anarchy. Uma tentativa de recomeçar a vida do zero. Jax por sua vez também tenta se livrar dos problemas em que se envolveu por todos esses anos, tentando aproximar os irlandeses (traficantes de armas) com os negros (compradores, ligados às gangues criminosas da Califórnia). Com isso ele tiraria o motoclube desse tipo de tráfico considerado um sério crime nos Estados Unidos, geralmente punido com penas bem pesadas, sempre em regime fechado. É a tal coisa, os roteiristas já não sabem mais o que criar. Espero que no último episódio todos sejam delatados e presos. Assim se fechará definitivamente o ciclo da série, abrindo espaço até mesmo a uma mensagem final positiva, afinal pelo menos em programas como esse o crime deve ser punido até como exemplo. A mensagem de que o crime não compensa não pode ser deixada de lado. / Sons of Anarchy 6.12 - You Are My Sunshine (EUA, 2014) Direção: Paris Barclay / Roteiro: Kurt Sutter, Kem Nunn / Elenco: Charlie Hunnam, Katey Sagal, Mark Boone Junior.

Sons of Anarchy 6.13 - A Mother's Work
Esse é o episódio final da sexta temporada. Eu já tinha largado mão de acompanhar a série, mas resolvi fechar a temporada. Esse episódio tem 80 minutos de duração, é um especial na verdade, e vale muito a pena. Como vimos no anterior a esposa de Jax (Charlie Hunnam), Tara (Maggie Siff), resolveu entregar todo o motoclube para as autoridades em troca de proteção. Além da imunidade ela entraria no serviço de proteção às testemunhas, algo bem usado na justiça americana. Uma espécie de delação premiada do direito americano. Assim o episódio começa a toda, com Jax destruído emocionalmente por essa traição. Ele precisa encontrar a esposa caso contrário todo mundo vai rodar. Antes porém dela dar o passo final os dois se reencontram em um parque. Tara expõe seus sentimentos e Jax fica arrasado. Ela não deseja o mesmo destino dele para seus filhos, não quer que eles sejam criminosos. Muito justo. Em um ato de arrependimento e até mesmo altruísmo ele, Jax, resolve se entregar para a promotoria. Antes que isso aconteça porém a matrona Gemma (Katey Sagal) resolve acertar as contas com a nora com extrema brutalidade. Tudo após fumar um baseado. Atenção spoiler a seguir: O que mais me impressionou nesse episódio foi o assassinato de Tara por Gemma, algo que eu jamais esperava acontecer! Pior do que isso, foi uma das cenas mais marcantes da série, com uma das mortes mais violentas e brutais dentro todas que já vi em "Sons Of Anarchy". Com esse desfecho surpreendente ficou complicado agora não acompanhar a sétima temporada, a final! É justamente o que farei. / Sons of Anarchy 6.13 - A Mother's Work (EUA, 2013) Direção: Kurt Sutter / Roteiro: Kurt Sutter / Elenco: Charlie Hunnam, Katey Sagal, Mark Boone Junior.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 19 de julho de 2016

Brigada 49

Título no Brasil: Brigada 49
Título Original: Ladder 49
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Jay Russell
Roteiro: Lewis Colick
Elenco: Joaquin Phoenix, John Travolta, Jacinda Barrett
  
Sinopse:
Jack Morrison (Phoenix) é um jovem bombeiro que precisa lidar com a sua conturbada vida pessoal, pois é casado com uma mulher problemática, e sua nova profissão, salvando vidas em situações excepcionalmente perigosas. Sob a supervisão do Capitão Mike Kennedy (Travolta) ele precisa colocar tudo em sua vida nos eixos. Filme indicado ao BMI Film & TV Awards.

Comentários:
Assisti ainda nos tempos do VHS. A recordação, embora um pouco apagada pelo tempo, é a de que gostei do filme. Essa produção foi realizada três anos após os atentados de 11 de setembro quando os bombeiros ganharam definitivamente a pecha de heróis. Eles obviamente já eram vistos assim pela sociedade, mas depois daquele trágico ataque terrorista ficaram ainda mais consagrados dentro do imaginário popular. O filme também faz parte de uma boa fase nas carreiras tanto de Travolta como de Phoenix. O primeiro ainda não tinha engordado e perdido de certo modo o prazer pelo cinema (a morte de um de seus filhos parece ter sido devastador nesse aspecto). O outro ainda era uma grata revelação do cinema americano (e de fato Phoenix se tornaria no mínimo um dos atores mais interessantes nos anos que viriam). O roteiro explora tanto o aspecto pessoal de seus personagens (suas vidas pessoais, relacionamentos, etc) como cenas de ação explorando o combate a incêndios e tragédias. Bem balanceado, é realmente um bom programa para uma tarde sem nada melhor para ver. Recomendaria sem receios, até porque os bombeiros merecem sempre a homenagem, principalmente partindo de bons filmes como esse. Confira se por acaso ainda não assistiu. Vai valer a pena.

Pablo Aluísio.

James Dean

Título no Brasil: James Dean
Título Original: James Dean
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: CBS Studios
Direção: Mark Rydell
Roteiro: Israel Horovitz
Elenco: James Franco, Valentina Cervi, Michael Moriarty
  
Sinopse:
Nos anos 1950 um jovem ator chamado James Dean (James Franco) começa a se tornar sensação em Hollywood. Com jeito rebelde e fora dos padrões ele estrela três filmes de grande sucesso de público e crítica (Vidas Amargas, Juventude Transviada e Assim Caminha a Humanidade). O que Dean nem desconfiaria é que sua vida seria breve. Em poucas semanas ele morreria de um terrível acidente na estrada de Salinas. Filme baseado em fatos reais. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator - Telefilme ou Minissérie (James Franco).

Comentários:
Nunca achei grande coisa. Certamente a história de James Dean é bem interessante e daria um belo filme, mas não da forma como tudo aqui foi realizado. Os erros começam pelo ator principal. James Franco não tem cacife para interpretar Dean. Há uma distância muito grande entre sua imagem pública e o mito de James Dean. Além disso ele exagera nos maneirismos e isso estraga em parte sua atuação. Toda caracterização que abraça o cartunesco, o burlesco, cai no vazio. O roteiro também não me agradou muito porque tudo surge de forma muito corrida. Talvez pelo fato de eu ter lido biografias de Dean, onde tudo acontece no seu devido tempo, com detalhes e minúcias, tenha criado em minha mente algo que não correspondeu ao filme. Isso geralmente acontece quando a literatura é adaptada para o cinema. Mesmo assim temos que admitir que em vários aspectos o filme realmente deixa a desejar, seja na produção (tudo bem, é um telefilme, mas era de se esperar um pouco mais de capricho), seja no elenco, figurinos e reconstituição de época, histórica. Sabe aquele tipo de produção que você nunca consegue imergir completamente porque algo soa falso, sem veracidade? Pois é justamente disso que estou escrevendo. O mito James Dean certamente merecia coisa melhor.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Caninos Brancos

Título no Brasil: Caninos Brancos
Título Original: White Fang
Ano de Produção: 1991
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney Pictures
Direção: Randal Kleiser
Roteiro: David Fallon, Jeanne Rosenberg, Nick Thiel
Elenco: Ethan Hawke, James Remar, Klaus Maria Brandauer, Seymour Cassel

Sinopse:
Jack Conroy (Ethan Hawke) sonha em ficar rico e para isso resolve subir às montanhas geladas do Alasca em busca de locais onde possa achar ouro. No caminho acaba se tornando amigo de um lobo selvagem que parece se afeiçoar a ele. Jack resolve chamar o novo amigo de "Caninos Brancos". Juntos viverão muitas aventuras no meio da neve e do clima hostil da região.

Comentários:
Produção Disney levemente inspirada em um filme antigo estrelado por Clark Gable chamado "O Grito da Selva". O que temos aqui é um filme muito agradável, com enredo louvando a amizade entre homem e animal que lutam juntos para sobreviver em um lugar onde a natureza se faz presente de forma hostil e severa. Ethan Hawke, que anos depois iria cultivar uma imagem cult aqui se mostra um bom ator de aventuras. Seu companheiro de cena, o tal lobo "Caninos Brancos" rouba o show, mostrando uma postura quase humana. Curiosamente, como sempre acontece em filmes assim com animais, o personagem animal na realidade é "interpretado" por vários lobos diferentes, cada um com sua especialidade (alguns em saltar, outros em correr e por aí vai). Bom entretenimento com o padrão de qualidade Walt Disney para a garotada em geral.

Pablo Aluísio.

O Guia do Mochileiro das Galáxias

Título no Brasil: O Guia do Mochileiro das Galáxias
Título Original: Hitchhiker's Guide to The Galaxy
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Garth Jennings
Roteiro: Douglas Adams
Elenco: Bill Nighy, Alan Rickman, Mos Def, Zooey Deschanel, Sam Rockwell, John Malkovich, Stephen Fry

Sinopse:
A Terra está prestes a ser destruída e varrida  do universo quando dois amigos chamados Arthur Dent e Ford Prefect, resolvem viajar pelo universo de carona. A odisséia será uma surpresa e tanto para todos.
                                                                   
Comentários:
A proposta é diferente e nem todos vão embarcar no humor singular do filme. No fundo o que temos aqui é uma crítica ao próprio sistema governamental inglês, com sua burocracia ineficiente e sem sentido. O livro que deu origem ao filme é muito popular na Europa, tendo ganho várias edições por causa de seu sucesso de vendas. A opinião dos leitores é a de que a literatura é de fato muito superior ao que se vê nas telas, até porque nem sempre é possível fazer uma adaptação eficiente do que está escrito no texto. Em relação aos espectadores brasileiros a situação é ainda mais complicada pois várias das gags ou trocadilhos só fazem sentido em língua inglesa e quando traduzidos perdem muito de seu fino humor. Não recomendo a todo mundo mas apenas aos que gostaram e leram o livro original. Para o resto do público a sensação vai ser estranha e até mesmo bizarra demais, Chegou tão badalado aos cinemas que até me empolguei para assistir. Chegando na sessão a decepção... não conhecia a obra que deu origem ao filme, achei tudo uma bobagem tão grande... tão chatinho. As piadas me fizeram dar os risinhos mais amarelos de toda a minha vida! Com meia hora de exibição pensei comigo mesmo: O que diabos estou fazendo aqui? Enfim, o filme é bem feito, tem boa produção, mas é uma bobageira sem fim. Bola fora.

Pablo Aluísio.

domingo, 17 de julho de 2016

Dois Caras Legais

Título no Brasil: Dois Caras Legais
Título Original: The Nice Guys
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Diamond Films
Direção: Shane Black
Roteiro: Shane Black, Anthony Bagarozzi
Elenco: Russell Crowe, Ryan Gosling, Kim Basinger, Angourie Rice, Margaret Qualley
  
Sinopse:
Jackson Healy (Russell Crowe) e Holland March (Ryan Gosling) são dois detetives particulares que na Los Angeles dos anos 70 tentam desvendar o mistério da morte de uma pornstar chamada Misty Mountains. Todas as pessoas que trabalharam ao seu lado em seu último filme de conteúdo adulto acabaram mortas, o que torna tudo ainda mais misterioso e complexo de se revelar. Por trás de tudo parece haver a mão da própria diretora do departamento de justiça da cidade, a procuradora Judith Kuttner (Kim Basinger). Qual seria a sua real participação em todos aqueles crimes?

Comentários:
Uma comédia estrelada por Russell Crowe?! Bem, isso já seria motivo suficiente para conferir esse "The Nice Guys". O fato dele contracenar com Ryan Gosling (bem mais à vontade fazendo humor) também é outro atrativo. O problema é que o filme não funciona muito bem. A produção passa longe de ser uma comédia realmente divertida e tampouco agrada como fita policial. Ficou assim no meio do caminho em ambos os gêneros cinematográficos, afundando em suas pretensões. Além disso o diretor Shane Black errou feio a mão no corte final do filme, o tornando longo demais para uma fita como essa, aliás longo e arrastado, muitas vezes bocejante e aborrecido. Se isso já não fosse uma sentença de morte para qualquer filme de humor some-se ainda a preguiçosa trama que não traz nenhuma grande surpresa, ficando aquela sensação desagradável de que tudo já foi visto antes - e bem melhor! Uma das poucas coisas interessantes vem do fato da estória se passar na década de 1970. Essa seria uma boa oportunidade para pelo menos rechear a trilha sonora com clássicos musicais da época, mas o diretor Black cochilou também nesse aspecto, só se salvando mesmo os figurinos e uma ou outra citação sobre a cultura pop (como, por exemplo, quando um cartaz de "Tubarão 2" surge em uma rodovia expressa). Em termos de elenco quem acabou se saindo melhor foi Crowe, o que não deixa de ser uma surpresa. Seu segredo para sair menos chamuscado dessa fraca comédia foi não ter bancado o engraçadinho, tentando fazer o espectador rir com caretas e coisas do tipo. Na verdade Crowe parece estar em um filme sério, sem gracinhas, atuando de cara fechada. Já Ryan Gosling tenta ser um pouco mais divertido, apostando até mesmo em uma interpretação mais caricatural. Afinal alguém tinha que bancar o engraçado. Pena que ele funcione melhor em outro tipo de filme, onde interpreta sujeitos esquisitos, bizarros e fora do comum. Aqui seu personagem não consegue cativar o espectador. Nem a curiosidade de rever a atriz Kim Basinger salva "The Nice Guys" de ser uma chatice! Enfim, diante de tudo isso o saldo é negativo. Com essa boa dupla de atores daria certamente para realizar um filme melhor... bem melhor do que isso.

Pablo Aluísio.

Os Cavaleiros da Sombra

Título no Brasil: Os Cavaleiros da Sombra
Título Original: The Shadow Riders
Ano de Produção: 1982
País: Estados Unidos
Estúdio: CBS Entertainment
Direção: Andrew V. McLaglen
Roteiro:  Louis L'Amour, Jim Byrnes
Elenco: Tom Selleck, Sam Elliott, Dominique Dunne, Ben Johnson, Geoffrey Lewis
  
Sinopse:
Dois irmãos, Mac (Tom Selleck) e Dal Traven (Sam Elliott) retornam da guerra civil após o seu fim. Eles pretendem retomar o trabalho no rancho de sua família, mas ao chegarem lá descobrem que suas irmãs foram levadas por bandoleiros e foras-da-lei que infestam a região. Sem pensar duas vezes os dois irmãos então resolvem partir para o acerto de contas, restabelecendo a justiça naquela terra esquecida por Deus.

Comentários:
Telefilme muito bom, acima da média, que chegou a ser lançado no mercado de vídeo no Brasil nos tempos do VHS. É curioso que nessa mesma época o ator Tom Selleck foi convidado pelos diretores Steven Spielberg e George Lucas para estrelar seu novo filme, nada mais, nada menos, do que "Os Caçadores da Arca Perdida"! Pois é, Selleck foi o primeiro ator a ser pensado para interpretar o famoso Indiana Jones. Infelizmente para todos os envolvidos ele não poderia fazer o filme pois havia assinado um contrato de exclusividade com o canal CBS, onde trabalhava atuando como o detetive Magnum na série de mesmo nome. Para amenizar um pouco a frustração de não ter feito uma das maiores bilheterias da história do cinema, Selleck acabou atuando nesse faroeste feito para a TV, para ser exibido na própria CBS. O resultado acabou sendo muito bom. O filme é bem realizado, tem uma produção muito boa (o que é de surpreender pelo fato de ser um telefilme) e ainda conta com um elenco realmente muito bom, com destaque para Sam Elliott, sempre uma excelente opção para esse tipo de filme ambientado no velho oeste americano.

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de julho de 2016

Deadpool

Título no Brasil: Deadpool
Título Original: Deadpool
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Marvel Studios
Direção: Tim Miller
Roteiro: Rhett Reese, Paul Wernick
Elenco: Ryan Reynolds, Morena Baccarin, Ed Skrein, T.J. Miller
  
Sinopse:
Wade Wilson (Ryan Reynolds) é um mercenário que, prestes a se casar com o amor de sua vida, é diagnosticado com um câncer extremamente agressivo. Com a morte certa batendo sua porta ele resolve participar de um "tratamento" que parece ser sua última esperança de vida. O que Wade não sabe é que tudo não passa de uma armadilha que a despeito disso tudo acaba despertando mudanças em seu corpo que o tornam praticamente um ser imune a morte e ferimentos, inclusive com capacidade de regeneração de órgãos de seu corpo. Nasce assim Deadpool, um "herói" diferente, que sequer deseja seguir os passos de outros super-heróis, pois ele definitivamente não se vê como um deles.

Comentários:
Quem diria que o ator Ryan Reynolds conseguiria dar a volta por cima nesse mundo de adaptações em quadrinhos depois do fracasso de "Lanterna Verde"? O fato porém é que ele conseguiu superar aquela péssima experiência, pois esse "Deadpool" é seguramente uma das mais divertidas transposições de personagens da Marvel para o cinema que já assisti. Gostei de praticamente tudo, embora não seja um leitor de quadrinhos achei o roteiro muito bem escrito, cheio de ironias e piadinhas que funcionam muito bem. O personagem Deadpool é bem conhecido por ser um sujeito que nunca se leva muito à sério e os roteiristas foram pelo mesmo caminho, inclusive usando de auto ironias em relação ao próprio filme em si. O protagonista, por exemplo, conversa com o público, olhando para a câmera, com várias sacadas divertidas. Numa delas ele brinca com o fato de que apesar de Deadpool fazer parte de certa forma do universo dos X-Men, praticamente nenhum deles surge no filme, a não ser o brutamontes Colossus e a adolescente Negasonic Teenage Warhead, dois personagens secundários. Por falar nessa última, as piadas de Deadpool em relação a ela (e de quebra em relação à própria adolescência em si) são as melhores coisas do filme. Há uma variedade de citações divertidas sobre o universo e a cultura pop que funcionam muito bem, inclusive na última cena, já depois dos créditos, em que Deadpool satiriza uma das cenas mais engraçadas do clássico juvenil "Curtindo a vida adoidado". Só vendo para crer. Em termos de elenco além da boa atuação de Ryan Reynolds ainda temos a brasileira Morena Baccarin como a namorada de Wade Wilson / Deadpool. Ela que já havia se destacado em tantas séries americanas como "Homeland" (onde interpretava Jessica Brody, esposa do militar enlouquecido e doutrinado Brody) traz para esse filme um elemento de identificação e familiaridade para todos nós, brasileiros. Enfim, temos aqui um filme que deu realmente muito certo, divertido e ótimo passatempo. Que venham mais filmes com esse herói sui generis e nada convencional.

Pablo Aluísio.

Kill Command

Título Original: Kill Command
Título no Brasil: Ainda não definido
Ano de Produção: 2016
País: Inglaterra
Estúdio: Vertigo Films
Direção: Steven Gomez
Roteiro: Steven Gomez
Elenco: Vanessa Kirby, Thure Lindhardt, Tom McKay
  
Sinopse:
Em um futuro próximo um grupo de soldados são enviados para um planeta distante para completar seu treinamento. O lugar, uma selva fechada, está toda monitorada por drones observadores das operações, porém algo sai errado. As máquinas começam a desenvolver uma inteligência artificial, caçando e eliminando todos os humanos que encontram pela frente.

Comentários:
Produção inglesa B de ficção. Com o avanço da computação gráfica até mesmo filmes menores como esse, que possuem orçamento restrito, acaba dando ao espectador um bom resultado, isso em termos de efeitos especiais. É curioso como a tecnologia realmente está disponível a todos. No caso desse filme temos basicamente um roteiro que explora a luta entre seres humanos e máquinas assassinas. Tudo muito básico. Os militares chegam em um planeta e começam a ser caçados por máquinas cujo protocolo de programação saiu do que era esperado. Ao lado dos soldados se destaca a presença de uma mulher, ou quase isso. Mills (Vanessa Kirby) foi geneticamente modificada, tendo a capacidade de entrar em sistemas tecnológicos sem nenhum equipamento eletrônico. Ela tenta deter o avanço das máquinas, até porque participou de seu projeto inicial, enquanto seus colegas vão sendo mortos em série. Como diversão B até que esse filme diverte. De certa maneira tudo parece mais um game, onde o mais importante é sobreviver. O design das máquinas de guerra são bem interessantes e isso acaba sendo o maior atrativo desse filme que muito provavelmente não será lançado comercialmente no Brasil.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Contos Assombrosos

Título no Brasil: Contos Assombrosos
Título Original: Amazing Stories
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: Amblin Entertainment, Universal Television
Direção: Steven Spielberg, Joshua Brand, John Falsey
Roteiro: Joshua Brand, John Falsey
Elenco: Kevin Costner, Charles Durning, Dom DeLuise, Christopher Lloyd
  
Sinopse:
Fita com três episódios da série "Amazing Stories" entre elas "Pilot" onde Kevin Costner interpretava um piloto da Segunda Guerra Mundial e "Professor B.O. Beanes" onde o ator Christopher Lloyd interpretava um professor sádico que literalmente perdia sua cabeça. Por fim em "The Mummy" um dublê de filmes de terror passava por apuros ao ter que sair rapidamente do set de filmagens para encontrar sua esposa no hospital onde ela estava tendo seu filho. Muita diversão e humor com a marca registrada de Steven Spielberg, em seu auge na carreira.

Comentários:
Vamos voltar um pouquinho aos anos 80? Naquela década não existia internet, nem TV a cabo e nem muito menos o mundo digital que conhecemos hoje em dia. A maioria das séries americanas não passavam na TV aberta brasileira (que era a única que existia). Por isso algumas fitas VHS (lembra delas?) chegavam ao nosso mercado com episódios dessas mesmas séries. Uma delas era especialmente interessante porque era produzida pelo genial Steven Spielberg. Assim por volta de 1986 o selo CIC começou a lançar episódios de "Amazing Stories" com o título de "Contos Assombrosos". Na primeira fita tínhamos 3 deles. No primeiro o astro Kevin Costner interpretava um piloto da força aérea americana que se via numa situação absurda: o trem de pouso de seu avião era destruído pelos inimigos! Sem ter como pousar ele acaba sendo abençoado por uma solução mágica! (só vendo para crer). Outro episódio trazia Christopher Lloyd (o cientista maluco de "De Volta Para O Futuro") em outro conto com muito realismo (nem tanto) fantástico! Eram tempos muito complicados para quem era fã da sétima arte, porém havia também muita alegria em chegar numa locadora e alugar uma série americana que quase ninguém tinha visto. Bons tempos aqueles...

Pablo Aluísio.

O 13º Guerreiro

Título no Brasil: O 13º Guerreiro
Título Original: The 13th Warrior
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: John McTiernan
Roteiro: Michael Crichton, William Wisher Jr
Elenco: Antonio Banderas, Diane Venora, Dennis Storhø
  
Sinopse:
No século VIII o poeta Ahmed Ibn Fahdlan (Antonio Banderas) é enviado para terras distantes após se envolver com uma mulher errada, devidamente comprometida com outro homem, poderoso e influente. Nessa terra do norte acaba entrando em contato com os povos de origem Viking. Lá acaba sendo arrastado por uma velha profecia que dizia haver 13 homens guerreiros escolhidos para vencer um terrível mal que se abate sobre aquela comunidade. Filme indicado ao International Film Music Critics Award na categoria de Melhor Trilha Sonora incidental (Jerry Goldsmith).

Comentários:
O filme foi dirigido pelo competente diretor de ação John McTiernan, a estória é baseada em livro escrito por Michael Crichton e o elenco liderado pelo carismático ator Antonio Banderas, mas nada disso ajuda. O filme simplesmente não funciona. A culpa? Talvez tenha faltado uma melhor adaptação em termos de roteiro. Falando de maneira bem simples e direta: "The 13th Warrior" é simplesmente chato! Isso mesmo, parece óbvio, mas é a verdade. O espectador fica logo aborrecido com o roteiro que surge muito truncado, sem desenvolvimento, sem atração. Com isso tudo acaba ruindo. Os figurinos são interessantes, porém a fotografia - extremamente cinzenta e escura - mais atrapalha do que ajuda. A tese que o roteiro também tenta defender - a de que os povos do oriente eram superiores aos europeus brutos e selvagens da época também soa fora do bom senso. Pura propaganda ideológica moura (para usar uma expressão antiga). Em termos de bilheteria o filme naufragou. Todo filmado em belas paisagens do Canadá com orçamento generoso de 85 milhões de dólares não conseguiu recuperar o investimento nos cinemas e nem tampouco no mercado de vídeo depois. Assim não sobrou realmente muita coisa para celebrar. O filme é no final das contas apenas mal sucedido, tanto em termos de qualidade cinematográfica como comerciais. Bola fora medieval.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

As Aventuras de Tintim

Título no Brasil: As Aventuras de Tintim
Título Original: The Adventures of Tintin
Ano de Produção: 2011
País: Estados Unidos
Estúdio: Amblin Entertainment
Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Steven Moffat, Edgar Wright
Elenco: Jamie Bell, Andy Serkis, Daniel Craig
  
Sinopse:
O garoto Tintim acaba descobrindo o segredo de um tesouro maravilhoso ao mexer em um velho navio em forma de maquete. A descoberta abre as portas para uma grande aventura, onde ele, ao lado de seus amigos, parte para terras distantes com o objetivo de descobrir onde está localizado o tesouro! Adaptação para o cinema do famoso personagem dos quadrinhos Tintim, criado pelo cartunista Hergé em ""The Adventures of Tintin". Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Trilha Sonora (John Williams). Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Animação. 

Comentários:
Durante muitos anos se especulou quando o famoso personagem dos quadrinhos Tintim iria estrear nos cinemas. Quando Steven Spielberg comprou os direitos todos sabiam de antemão que viria algo muito bom pela frente. A decepção porém começou quando o diretor anunciou que o filme seria realizado de forma virtual, não com atores em carne e osso, mas sim em um processo moderno de captação de movimentos em estúdio para recriação em computação gráfica. Em minha opinião essa foi a pior das decisões. Até mesmo se Spielberg tivesse optado por uma versão em animação tradicional - que recriasse os traços imortais de Hergé - as coisas teriam sido melhores. Não que o filme seja mal realizado, muito longe disso, pois a produção é um primor técnico, mas o uso de uma forma que acabou não agradando aos velhos fãs de Tintim (basicamente os únicos que ainda existem, pois o personagem não é muito popular entre os mais jovens) acabou deixando todo mundo meio frustrado. Assim ficou-se com uma impressão ruim, de algo muito artificial, sem vida e sem carisma. O que era para ser o primeiro filme de uma franquia acabou ficando pelo meio do caminho, justamente pelo uso errado de uma linguagem cinematográfica que no fundo ninguém realmente queria ver.

Pablo Aluísio.

No Amor e na Guerra

Título no Brasil: No Amor e na Guerra
Título Original: In Love and War
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Richard Attenborough
Roteiro: Henry S. Villard, James Nagel
Elenco: Sandra Bullock, Chris O'Donnell, Mackenzie Astin
  
Sinopse:
O jovem jornalista americano Ernest Hemingway (Chris O'Donnell) é enviado para a Itália para trabalhar como motorista de ambulância durante a I Guerra Mundial. Lá acaba conhecendo a enfermeira Agnes von Kurowsky (Sandra Bullock) e fica apaixonado por sua coragem e doçura. O amor, que parece tão perfeito, porém terá que passar por um trágico destino. Filme indicado ao Urso de Ouro do festival de Berlim.

Comentários:
Os livros do escritor Ernest Hemingway são considerados verdadeiras obras primas da literatura. Vários deles foram adaptados para o cinema. Nessa produção aqui o diretor Richard Attenborough (de "Gandhi", um cineasta de que gosto muito) resolveu contar não as estórias do livro de seu autor, mas sim parte de sua biografia. É interessante que se formos analisar bem veremos que a biografia de Ernest Hemingway está presente em praticamente todos os enredos de seus romances. De certa maneira todos os seus escritos eram autobiografias romanceadas. Aqui, por exemplo, o jornalista acaba se apaixonando por uma enfermeira durante um conflito militar. Ora, basta ler obras como "Adeus às Armas" para compreender que é justamente a mesma coisa, a mesma história. Já do ponto de vista cinematográfico o que posso dizer desse filme é que ele é sim interessante, tem boa produção e até mesmo uma boa dupla de protagonistas. Seu maior problema talvez seja seu ritmo que em determinados momentos se torna arrastado em demasia. Mesmo assim não precisa se preocupar pois o filme como um todo é no mínimo uma boa diversão romântica.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Crime na Casa Branca

Título no Brasil: Crime na Casa Branca
Título Original: Murder at 1600
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Dwight H. Little
Roteiro: Wayne Beach, David Hodgin
Elenco: Wesley Snipes, Diane Lane, Daniel Benzali
  
Sinopse:
Harlan Regis (Wesley Snipes) é um investigador que acaba descobrindo que algo muito sério aconteceu quando uma jovem mulher foi encontrada morta em um dos banheiros da Casa Branca. Regins tem quase certeza que o assassinato foi encoberto por agentes do serviço secreto. Contando com o apoio da agente Nina Chance (Diane Lane), ele descobre que a morte tem algo a ver com um figurão do alto escalão do governo.

Comentários:
Esse roteiro foi escrito originalmente para ser estrelado por Bruce Willis, que no último momento desistiu do projeto. Assim a Warner escalou Wesley Snipes. Algo que acabou dando certo pois a fita, como produto de ação, é bem interessante. Na época de lançamento original alguns críticos americanos chamaram a atenção para o fato do roteiro ser muito parecido com "Poder Absoluto" de Clint Eastwood, lançado no mesmo ano. De fato há semelhanças, mas o filme de Clint Eastwood tinha uma outra pegada, uma proposta diferente. Nesse "Crime na Casa Branca" a intenção é realmente investir na ação e na trama, colocando em primeiro plano a desconfiança sempre presente do homem comum para com políticos em geral (geralmente vistos como desonestos, corruptos e sempre escondendo alguma coisa do povo), uma visão que existe em todo o mundo (e não apenas no Brasil). O diretor Dwight H. Little (que havia dirigido filmes tão diferentes como "Rajada de Fogo" e "Free Willy 2 - A Aventura Continua" acabou realizando uma fita competente, sem muita pretensão, que acabou encontrando seu público no mercado de vídeo, uma vez que a carreira comercial do filme nos cinemas foi bem modesto. Lançado no Brasil ocupou poucas salas e acabou saindo rapidamente de cartaz. Já em VHS acabou se tornando finalmente um sucesso diante do público.

Pablo Aluísio.

Sexta-Feira 13 - Parte 9

Título no Brasil: Sexta-Feira 13 Parte 9 - Jason Vai Para O Inferno - A Última Sexta-Feira
Título Original: Jason Goes to Hell - The Final Friday
Ano de Produção: 1993
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Adam Marcus
Roteiro: Jay Huguely, Adam Marcus
Elenco: John D. LeMay, Kari Keegan, Kane Hodder
  
Sinopse:
O segredo sobre os poderes diábolicos de Jason é enfim revelado. Ele seria o último descendente de uma longa linhagem de familiares malditos, que nunca poderiam ser mortos, mesmo usando de todos os meios de matança possível. Agora tudo está preparado para o último grande duelo de sua existência macabra. Filme indicado ao Fangoria Chainsaw Awards nas categorias de Melhor Atriz (Kari Keegan) e Melhor Ator Coadjuvante (Steven Williams).

Comentários:
Como hoje é Sexta-Feira 13 vale a lembrança desse nono filme da franquia do psicopata Jason Voorhees. Todo mundo já sabia que lá pela sétima ou oitava fita tudo já havia virado uma mera caricatura sem muita noção. A Paramount tinha esse nome comercial de sucesso e assim lançava uma nova sequência de tempos em tempos. Os filmes eram baratos e lucrativos. O problema é que começaram a ser também constrangedores. De qualquer maneira, mesmo nos piores momentos, a Paramount conseguiu manter um padrão ao menos digno de qualidade, afinal não iria sujar seu nome em troca do lucro fácil. No começo dos anos 1990 a Paramount então decidiu passar os direitos da franquia em frente e a New Line comprou os direitos autorais sobre Jason. Era de se esperar que fosse realizado algo melhor porém o resultado do que vemos aqui é realmente de se lamentar. Usando das novas tecnologias digitais a New Line acabou produzindo um terror boboca, sem novidades e completamente derivativo. Uma sátira sobre si mesmo. Nem a presença de Sean S. Cunningham na produção salvou o filme do desastre completo. Para piorar nem sequer foi o último Sexta-Feira 13 como prometia o sub-título, pois resolveram avacalhar de vez com a franquia no pavoroso (no mal sentido) "Jason X". Em suma, esqueça esse momento menor e vergonhoso de um dos personagens mais conhecidos da mitologia do terror no cinema.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de julho de 2016

O Agente da U.N.C.L.E.

Título no Brasil: O Agente da U.N.C.L.E.
Título Original: The Man from U.N.C.L.E.
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Warner Bros
Direção: Guy Ritchie
Roteiro: Guy Ritchie, Lionel Wigram
Elenco: Henry Cavill, Hugh Grant, Armie Hammer, Alicia Vikander, Jared Harris
  
Sinopse:
Napoleon Solo (Henry Cavill) é um ladrão de joias internacional que acaba sendo pego pela CIA. Como ele parece ter uma aptidão incomum para certos "serviços" a agência de inteligência americana acaba o recrutando para trabalhar como agente. Uma de suas primeiras missões é atravessar a cortina de ferro para trazer até o lado ocidental uma peça chave no mundo da espionagem. Concluído o objetivo, ele então é designado para uma nova missão: rastrear um grupo que pretende construir uma arma nuclear. Ao seu lado ele conta com o apoio do agente da KGB, o russo Illya Kuryakin (Armie Hammer). Filme premiado pela San Diego Film Critics Society Awards e International Film Music Critics Award.

Comentários:
A série "O Agente da UNCLE." foi muito popular durante a década de 1960. O programa ficou no ar por quatro anos (de 1964 a 1968), durou quatro temporadas e conseguiu formar uma legião de fãs em seu lançamento. Também pudera, a série foi exibida no auge da guerra fria, quando russos e americanos disputavam um acirrado duelo de espionagem. De certa forma é um produto da época e por isso fez sucesso. Assim ficou um pouco fora de tempo essa nova adaptação para o cinema. O diretor Guy Ritchie obviamente realizou um filme bem feito, com ótima reconstituição de época e um roteiro até bem escrito. A trilha sonora incidental também é ótima. A questão é que os jovens de hoje em dia parecem pouco interessados no tema. Nem a tentativa de modernizar certos aspectos da produção - como o uso de bons efeitos especiais - conseguiu salvar o filme de ser muito mediano, sem novidades, com excesso de clichês cinematográficos em cada cena. Há o uso de uma fina ironia, uma tentativa de tornar tudo mais divertido (e que existia também na série original), mas o resultado é muito sem graça. As tais "piadinhas" só servem para tornar tudo ainda mais cansativo. Em termos de elenco o filme é estrelado pelo Superman, ou melhor dizendo, pelo ator Henry Cavill. Seu personagem no passado foi interpretado pelo ator Robert Vaughn que considerava esse o papel de sua vida (e era mesmo!). Com Cavill a coisa toda ficou meio chata, sem carisma, sem vida. Um Clark Kent antipático. Melhor se sai seu parceiro, Armie Hammer, que dá vida ao agente russo. Ele só não rouba o filme totalmente porque seu personagem é limitado pela própria trama. Então é isso. Um filme que não se destaca muito, que tenta ser comercial, moderno demais. Essa talvez seja a razão porque as coisas não deram tão certo como era esperado.

Pablo Aluísio.

Um Ato de Coragem

Título no Brasil: Um Ato de Coragem
Título Original: John Q
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Nick Cassavetes
Roteiro: James Kearns
Elenco: Denzel Washington, Robert Duvall, Ray Liotta, James Woods, Anne Heche, Gabriela Oltean
  
Sinopse:
Após a internação de seu filho com problemas cardíacos, John Q. Archibald (Denzel Washington) entra em desespero ao perceber que não tem condições financeiras de pagar por seu tratamento. O garoto precisa urgentemente de uma cirurgião de transplante de coração, mas o plano de saúde pago por John não cobre esse tipo de procedimento. Tampouco ele tem o dinheiro necessário para tanto. Sem pensar racionalmente ele então decide fazer todos de reféns no hospital, para que algo seja feito e seu filho seja salvo da morte. Filme indicado aos prêmios BET Awards, Black Reel Awards, BMI Film & TV Awards e Political Film Society.

Comentários:
Os fins justificam os meios? O roteiro desse filme retoma esse tipo de pergunta de uma maneira, digamos, inovadora. Qual seria o grau de culpa de um pai que comete um crime para salvar a vida de seu próprio filho? A questão também lida com os problemas relacionados à saúde nos Estados Unidos. Ao contrário de países europeus, onde há saúde pública bancada pelo Estado para os mais pobres, nos Estados Unidos ela praticamente inexiste. Ou você tem um bom plano de saúde para cobrir os gastos de alguma emergência médica ou então morrerá sem assistência alguma. Para piorar os procedimentos médicos são extremamente caros, deixando grande parte da população sem qualquer tipo de apoio nesse sentido. Denzel Washington que sempre foi um ator bem interessado em questões sociais fez o filme justamente para trazer à tona esse tipo de debate e questionamento. De quebra também deu aos espectadores de cinema que só queriam realmente se divertir um bom filme, com excelente timing de tensão e suspense. Realmente um bom momento na carreira de Denzel que ainda contou com dois ótimos atores como coadjuvantes: Robert Duvall (interpretando um veterano negociador da polícia) e Ray Liotta (como o chefe de polícia que deseja resolver tudo da forma mais rápida e violenta possível). Se ainda não viu não deixe de conferir.

Pablo Aluísio.