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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Batman

Será que ainda havia espaço para os heróis em quadrinhos no cinema? Tentando responder a essa pergunta a Warner iniciou no final da década de 1980 a mais ousada e cara adaptação de um personagem de gibis até então. O escolhido foi o cavaleiro das trevas, Batman, da DC Comics. Claro que o personagem já tinha surgido nas telas antes mas aquelas estavam longe de serem produções classe A. Na verdade eram meros episódios de seriados na décadas de 50 ou então telefilmes adaptados ao cinema como o Batman super colorido da TV americana da década de 1960 com Adam West vestindo o uniforme do personagem. Todos sabiam que não seria uma adaptação fácil. O diretor escolhido, Tim Burton, tampouco agradou aos fãs. Ele tinha um estilo muito próprio, com direção de arte muito personalizada. Corria-se o risco de descaracterizar o famoso herói. Outro problema seria a escolha do ator para viver Batman. Os mais consagrados não queriam vestir a capa e os mais desconhecidos não tinham força suficiente nas bilheterias a ponto da Warner investir neles. O pior aconteceu quando o nome de Michael Keaton foi anunciado! Ele era basicamente um comediante de filmes engraçadinhos, meio careca e nada condizente com o perfil de Batman. Era uma escolha improvável e inadequada para praticamente todos os fãs. A situação melhorou um pouco logo depois quando Jack Nicholson aceitou viver o vilão Coringa. Era o que faltava ao filme, um grande ator, de enorme prestígio, para dar credibilidade à produção. Para ele seria mais do que interessante interpretar um personagem tão pop como aquele naquela altura de sua carreira! Nicholson arriscou de certa forma seu prestigio de ator dramático ao fazer um personagem de cartoon, mas para isso foi muito bem recompensado ganhando milhões em cima de uma porcentagem nas bilheterias estipulada em seu contrato. Sua atuação é muito fiel aos quadrinhos, diria até cartunesca, o que não deixa de ser conveniente para o personagem.

Como todos sabem Tim Burton sempre deixa sua assinatura impressa em seus filmes. O lado mais característico de seus filmes surge justamente na direção de arte, sempre inspirada e muito particular. A Gotham City que surge em cena é soturna, pessimista, sombria. Em certos aspectos procura de forma proposital imitar os próprios quadrinhos pois nada foi criado para o filme para aparentar realidade ou um ambiente real. Pelo contrário, a estética é obviamente inspirada na arte original da DC Comics  Quando chegou aos cinemas a bilheteria foi fenomenal, a curiosidade era imensa e Batman mostrava que tinha forças de atrair grandes multidões aos cinemas. A Warner também investiu pesado no licenciamento de produtos o que fez as lojas receberem uma enxurrada de mercadorias com a marca do personagem. Eram brinquedos, cadernos, álbuns de figurinhas, revistas, roupas, tênis e tudo mais que se possa imaginar. A receita multiplicou, mostrando a força do marketing agressivo que seria usada em produções posteriores. Visto hoje em dia o filme envelheceu um pouco e não pode ser comparado aos filmes de Christopher Nolan que são muito superiores, mesmo assim deve-se reconhecer que Batman 1989 é um marco nesse tipo de produção. Um filme que deu origem a toda essa moda de adaptações de quadrinhos que persiste até os dias de hoje.

Batman (Batman, Estados Unidos, 1989) Direção: Tim Burton / Roteiro: Sam Hamm, Tom Mankiewicz, Lorenzo Semple Jr., Warren Skaaren / Elenco: Jack Nicholson, Michael Keaton, Kim Basinger, Pat Hingle, Billy Dee Williams, Jack Palance, Robert Wuhl, Michael Gough, Lee Wallace, Tracey Walter, Wayne Michaels, Bruce McGuire / Sinopse: Após presenciar a morte de seus pais o jovem milionário Bruce Wayne (Michael Keaton) resolve combater o crime nas ruas de sua cidade, Gotham City.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Abraham Lincoln Caçador de Vampiros

A primeira impressão que tive ao tomar conhecimento da existência desse filme foi de hilaridade. Afinal a idéia era nitidamente absurda e nonsense, unir uma figura histórica como Abraham Lincoln com a mitologia dos vampiros. De fato poucas coisas soam tão bizarras como essa. Imediatamente me lembrei também de um antigo filme trash que tinha a mesma base de argumento chamado "Jesus Cristo Caçador de Vampiros". Como se pode ver a idéia não era tão original assim. Obviamente para evitar problemas religiosos se trocou Jesus por Lincoln e mudou-se a tônica do filme. Se o anterior era um lixo completo, um filme classe Z sem nenhuma importância, que se apoiava apenas no humor da situação absurda, essa é uma produção classe A, com o melhor que o cinema americano pode oferecer em termos técnicos. São dois filmes que partem do mesmo tipo de idéia sem sentido mas que são diametralmente opostos em seus resultados. "Abraham Lincoln Caçador de Vampiros" se leva muito à sério também. Não há lugar para piadinhas e nonsense, pelo contrário, o espectador é levado para um universo de realismo fantástico onde todos os personagens se levam completamente à sério, sem qualquer ironia ou humor presentes. Essa tônica de seriedade acaba contribuindo muito para seu resultado final que temos que reconhecer é muito bom, desde que você tenha consciência que esse é um produto pop para ser consumido como puro e simples entretenimento.

Como a moda dos vampiros não parece passar agora a mesclaram com a biografia de um dos mais queridos presidentes americanos da história, Abraham Lincoln (1809 - 1865). Ele se tornou um dos mais amados líderes daquele país porque conseguiu manter a União intacta. Foi durante seu governo que explodiu a guerra civil americana onde estados do sul lutaram para se separar da federação. Também é muito lembrado por ter sido o presidente que libertou os escravos de forma definitiva. Esse é o Lincoln da história, um  homem de origens humildes, filho de pobres trabalhadores rurais analfabetos, que persistiu e lutou em sua vida para aprender a ler e estudar, se tornado depois advogado e político bem sucedido. Já no filme o que temos é o uso de passagens da biografia de Lincoln misturadas com a mitologia vampiresca. A morte de sua mãe e de seu pequeno filho quando era presidente, são fatos históricos, mas no roteiro são atribuídas ao ataque de vampiros. Sua habilidade com machados, fruto de seu passado camponês, também é um fato histórico, mas aqui é usado para atacar seres da noite. O espectador deve se deixar levar pela diversão pura e simples e nesse aspecto o filme se torna muito interessante. Há ótimas cenas de aventura e ação como a perseguição no meio de  uma manada de cavalos em disparada ou a luta em cima de um trem de carga em movimento. O filme tem o dedo de Tim Burton na produção e isso se nota bem durante seu desenvolvimento. No final das contas é uma película divertida, movimentada e bem produzida. Embora o roteiro se leve bem à sério o espectador não deve levar o filme com seriedade, pelo contrário, tudo deve ser encarado como um grande filme pipoca. Agindo assim certamente você vai se divertir.

Abraham Lincoln Caçador de Vampiros (Abraham Lincoln: Vampire Hunter, Estados Unidos, 2012) Direção: Timur Bekmambetov / Roteiro: Seth Grahame-Smith, Simon Kinberg / Elenco: Dominic Cooper, Mary Elizabeth Winstead, Alan Tudyk, Rufus Sewell, Benjamin Walker, Anthony Mackie, Jimmi Simpson, Laura Cayouette, Robin McLeavy, Jaqueline Fleming, Erin Wasson / Sinopse: Após ver sua mãe ser morta por vampiros o jovem Abraham Lincoln decide se tornar um verdadeiro caçador de vampiros. Enquanto estuda para se tornar um advogado ele vai enfrentando os seres da noite em combate épicos. Sua vontade é encontrar e matar de uma vez por todas os responsáveis pela morte de sua querida mãe.

Pablo Aluísio.

sábado, 27 de outubro de 2012

Arena dos Sonhos

Produção pequena, diria até simples, mas muito simpática em sua proposta. Em "Arena dos Sonhos" acompanhamos a estória da garotinha Ida Clayton (interpretada pela talentosa atriz mirim Bailee Madison). Ela é criada por uma mãe solteira bastante ausente e seu maior desejo é encontrar seu pai perdido. Tudo o que ela sabe dele é que era um cowboy de rodeios de nome Walker. Procurando encontrá-lo ela acaba entrando na trupe de Terence Parker (James Cromwell). Ele é um velho peão de rodeios que agora ganha a vida liderando um grupo de jovens garotas que fazem acrobacias em seus cavalos conhecidas como "As Queridinhas do Rodeio" (do original "Sweethearts of the Rodeo"). Após entrar para o show, Ida começa a enfim procurar pelo paradeiro desconhecido de seu pai. "Arena dos Sonhos" é uma diversão inofensiva, soft, bem família. De fato é o típico filme recomendado para assistir com toda a família em um domingo preguiçoso após o almoço com todos reunidos em casa. Mesmo com nuances dramáticas em seu roteiro nada é potencializado nesse sentido, tudo é bem amenizado para não desagradar ninguém.

Também recomendo a produção para os que tem interesse de conhecer um pouco o mundo dos rodeios nos Estados Unidos. Tudo é muito profissional, organizado e para um grupo como as "Queridinhas do Rodeio" não falta trabalho e apresentações a fazer. Claro que as garotas tem uma vida puxada, sempre em excursão, vivendo na estrada. A vida emocional delas também não é nada fácil pois fica complicado até mesmo para elas terem um relacionamento mais estável e duradouro. Entre as Cowgirls a que mais tem destaque é aquela chamada de Kansas (tal como o Estado americano) que sonha em largar a estrada para se firmar com um cowboy do qual está apaixonada. Enfim, se você gosta do universo country, dos rodeios, dos cavalos e de Cowgirls, então está mais do que recomendado esse "Arena dos Sonhos", um filme doce, leve e divertido para todas as idades.

Arena dos Sonhos (Cowgirls n' Angels, Estados Unidos, 2012) Direção: Timothy Armstrong / Roteiro: Stephan Blinn, Timothy Armstrong / Elenco: Bailee Madison, James Cromwell, Jackson Rathbone,  Frankie Faison,  Kathleen Rose Perkins / Sinopse: Garotinha sonha um dia conhecer seu pai, um cowboy de rodeios que desapareceu de sua vida. Para tentar encontrá-lo ela entra em um grupo de Cowgirls de rodeio chamado "As Queridinhas do Rodeio". A partir daí sua vida na estrada será cheia de surpresas e aventuras.

Pablo Aluísio.

The Borgias

A fórmula deu certo com The Tudors então era apenas questão de tempo para que outro personagem da história voltasse às telas para uma nova série. Antes de mais nada é importante esclarecer que esse tipo de programa não tem maiores preocupações em ser historicamente correto. Eventos, datas e até mesmo aspectos dos próprios protagonistas são modificados em prol do puro entretenimento. O mesmo ocorre aqui com um dos papas mais infames da história, Alexandre VI (1431 – 1503). Nascido Rodrigo Borgia ele ficou muito mais conhecido do que outros papas por causa de sua biografia sui generis. Alexandre VI tinha filhos, três para ser mais exato, estava sempre se envolvendo em guerras, subornos e até assassinatos. Seu papado foi o apogeu do que depois ficou conhecido como “O Reinado das Prostitutas”. A denominação terrível foi reservada para uma linhagem de papas devassos, corruptos e sanguinários que não tinham nada ou quase nada a ver com a essência da doutrina cristã. Muitos deles só chegaram ao trono de São Pedro após corromperem, roubarem e até mesmo comprarem seu lugar no posto de líder máximo da religião mais popular do mundo ocidental. A morte de Alexandre VI aliás não foi nada digna. Como se sabe o Papa em vida foi acusado de envenenar vários dos Cardeais da cúpula da Igreja que lhe faziam oposição. Pois bem, há evidências fortes que o próprio Alexandre VI teria sido envenenado por seu filho, César Borgia, o que mostra bem a forma de agir e pensar dos Bórgias da história. Era realmente um ninho de cobras. E pensar que a Igreja Católica esteve nas mãos de pessoas tão infames como essas.

Na série Rodrigo Borgia é interpretado com maestria pelo sempre bom Jeremy Irons. Eis um ator de que particularmente gosto muito. O curioso é que os aspectos mais condenáveis de Alexandre VI estão em sua caracterização mas ao mesmo tempo há uma leve sensação de arrependimento e tristeza pelos rumos que sua tão amada Igreja tomou. Seus dois filhos não eram exemplos de absolutamente nenhuma conduta cristã e o Papa se aproveitava disso para os usarem no complicado jogo de xadrez da política da época. Embora o Papa Borgia tenha tido em vida uma infinidade de inimigos, na série eles são reduzidos a poucos, com o firme propósito de não saturar o espectador. Algo assim já havia acontecido em The Tudors e agora é repetido novamente. Embora não seja o ideal do ponto de vista histórico não há como negar que ajuda e muito na dramaturgia dos episódios, tornando tudo mais fluido e descomplicado. Na trama da série ganha destaque sua filha, Lucrecia Borgia, interpretada pela linda atriz  Holliday Grainger . A Lucrecia da história era uma devassa que colecionou amantes e desafetos na mesma proporção. Em The Borgias sua personalidade é mais amenizada e sutil. O bom gosto da produção conta ainda com o talento do diretor Neil Jordan. Seu auge criativo aconteceu na década de 90 quando dirigiu os excelentes Traídos pelo Desejo, Entrevista Com o Vampiro e Michael Collins - O Preço da Liberdade. Depois de um período afastado do cinema ele agora finalmente retorna com essa nova série histórica. Espero que essa parceria renda ainda mais frutos pois Jordan é um artesão de grande talento.


The Borgias (The Borgias, Estados Unidos, 2011 – 2012) Criado por Neil Jordan / Roteiros de Neil Jordan / Elenco: Jeremy Irons, François Arnaud, Holliday Grainger,  Peter Sullivan,  Sean Harris,  David Oakes / Sinopse: A saga da família Borgia que se tornou uma das mais poderosas de seu tempo após Rodrigo Borgia se tornar o Papa Alexandre VI. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Recém Casados

Recém Casados começa onde 99% das comédias românticas terminam: no casamento dos protagonistas. Como se pode perceber essa é a única diferença maior desse filme bem Sessão da Tarde para todos os outros que seguem nessa mesma linha de produção. É curioso porque apesar do argumento bem cafona (case-se e morra de tédio com seu marido boboca) esse tipo de película ainda insiste em fazer sucesso. Certamente é o tipo de coisa indicada para as mulheres, de preferência muito românticas, porque para os marmanjos vai ser complicado aguentar a canastrice sem limites de Ashton Kutcher, um ator muito, mas muito fraco mesmo que se repete sempre, fazendo o mesmo tipo de personagem filme após filme, série após série. Ele deveria mesmo era levar um prêmio de sobrevivência pois é de se admirar que alguém tão ruim consiga emplacar uma carreira tão longa!

Já a falecida Brittany Murphy também está limitada, mas por culpa do papel é claro. Ao contrário do idiota do Ashton ela tinha realmente talento e mostrou bem isso em filmes melhores como "A Garota Morta". Infelizmente morreu precocemente logo quando começara a despontar por personagens e atuações melhores. O mundo certamente é cruel, pois ela que tinha talento se foi e o Ashton continua por ai esbanjando saúde e enchendo nossa paciência com seu estilo ruim de atuação. No mais ainda se salva a boa fotografia de Veneza, uma cidade que é melhor vista por fotos do que ao vivo pois seus bonitos canais são bem fedorentos. Enfim é isso, Recém Casados, um filme descartável que só é recomendado para as moças mais ingênuas que ainda conseguem acreditar naquela velha lorota que o casamento traz felicidade e é a apoteose da vida das pessoas. 

Recém Casados (Just Married, Estados Unidos, 2003) Direção: Shawn Levy / Roteiro: Sam Harper / Elenco: Ashton Kutcher, Brittany Murphy, Christian Kane, David Moscow, Monet Mazur, David Rasche./ Sinopse: Casal de pombinhos vai passar a lua de mel em Veneza. Chegando lá a esposa descobre que: A) se casou com um  idiota e B)  talvez tenha feito uma grande besteira em sua vida!

Pablo Aluísio.

Rambo IV

Será que é válido ressuscitar um personagem após tantos anos? Sylvester Stallone parece acreditar que sim. Ao lado de Rocky Balboa, Rambo foi o maior ícone da carreira cinematográfica de Sly. Baseado em um livro único no qual morria no final, os produtores mudaram tudo deixando Rambo vivo para ressurgir em Rambo II e Rambo III. Quando todos já tinham dado por encerrado a franquia eis que o ator resolveu trazer o velho veterano de guerra de volta para o front de batalha. Penso que teria sido melhor ter deixado a trilogia original em paz. Se quisessem trazer Rambo de volta que o fizessem porém como um novo filme, com novos atores, tentando inaugurar uma nova franquia. Até um remake sendo fiel ao livro original seria bem vindo. Falando francamente Stallone não tem mais idade para interpretar Rambo. Aqui ele se esconde sob um pesado figurino negro e tenta reviver os anos de glória. Não deu muito certo. Rambo é essencialmente um herói de ação que exige muito de seu intérprete. Se Stallone já está com uma idade mais avançada para o papel que abrisse espaço para um novo ator.

Muita gente reclamou da falta de roteiro em Rambo III. Pois bem, Rambo IV é ainda pior nesse aspecto. A impressão que se passa é que Stallone já não tem mais nenhuma ideia nova para o personagem. Ele como roteirista falha feio nessa nova produção. Na verdade é um prato requentado dos dois filmes anteriores, sem tirar nem colocar muita coisa nova. A ação obviamente ganha o primeiro plano e Stallone recria uma daquelas sequências que eram tão populares nos anos 80 quando um só homem com uma metralhadora matava um exército inteiro. O exagero hoje em dia incomoda a não ser que o espectador veja tudo sob os olhos de uma doce nostalgia. E foi justamente esse sentimento que acabou salvando o filme do desastre completo. Ao longo dos anos as pessoas criaram carinho pelo personagem Rambo. O carisma de Stallone também se mantém intacto. Olhando friamente foram essas as colunas que sustentaram Rambo IV. Tirando isso o que sobra realmente é um filme muito derivativo, com roteiro rasteiro e atuações abaixo da crítica. No fundo o filme serve apenas como lembrança de uma era passada quando Rambo era um ícone supremo dos filmes de ação. Espero que uma vez saciado esse tipo de sentimento deixem o velho boina verde em paz ou então que recriem a franquia do zero, em um novo recomeço. Para Stallone restam os agradecimentos por ele ter feito o personagem por tantos anos. A partir de agora porém é melhor ele pendurar a farda porque senão tudo ficará embaraçoso demais

Rambo IV (Rambo IV, Estados Unidos, 2008) Direção: Sylvester Stallone / Roteiro: Sylvester Stallone, Art Monterastelli / Elenco: Sylvester Stallone, Julie Benz, Matthew Marsden, Graham McTavish, Reynaldo Gallegos, Jake La Botz, Tim Kang, Maung Maung Khin, Ken Howard, Linden Ashby, Sai Mawng, Paul Schulze./ Sinopse: John Rambo (Sylvester Stallone) vive isolado numa região remota da Tailândia. Ele então é contratado para levar um grupo de missionários que querem levar ajuda humanitária a um campo de refugiados na região. O que parecia ser apenas uma expedição de rotina logo vira um terrível pesadelo.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Star Trek

Essa história é muito longa. Começou há muitos anos na TV norte-americana. Depois de um cancelamento precoce renasceu no cinema, deu origem a muitos filmes, livros, fãs clubes, franquias, etc. Se existe um produto cultural que mereça ser chamado de universo, esse é o de Jornada nas Estrelas porque realmente é um universo próprio de produtos dos mais variados tipos. Além disso Star Trek conta com a legião de fãs mais devota que existe dentro da cultura pop. Seus fãs clubes são extremamente bem organizados e sempre são realizadas convenções, encontros e tudo o mais que você possa imaginar. Mexer com algo assim é mais do que melindroso. Assim quando a Paramount anunciou a intenção de recriar as estórias da tripulação original da nave Enterprise o rebuliço foi generalizado. Poderia um outro grupo de atores jovens dar vida aos famosos personagens da série original como Capitão Kirk, Spock e cia? Mesmo com alguns protestos o estúdio resolveu levar em frente o projeto. Entregou o filme nas mãos do conhecido J.J. Abrams (De Lost e muitas outras séries de TV) e pagou para ver o resultado dessa aventura.

Quando o resultado chegou nas telas a grande maioria dos fãs respirou aliviada. No tempos atuais, quando a tecnologia digital torna possível qualquer cena, o estúdio investiu a bagatela de 140 milhões de dólares naquele filme que prometia se tornar um novo começo, uma nova série de filmes de sucesso. Esse novo Star Trek realmente é um bom filme, tem excelente produção e como não poderia deixar de ser um roteiro bem escrito. Aliás é bom ter em mente que a longevidade de Jornada nas Estrelas se deve muito aos seus textos, pois os roteiros da série sempre foram extremamente originais e inovadores. Para o fã da velha guarda deve realmente ter sido um enorme prazer ver todas as naves de sua infância e juventude sob uma nova roupagem, extremamente high tech, proporcionada pela tecnologia de nossos dias. O elenco era certamente o ponto mais delicado desse novo filme. Certamente atores como William Shatner e Leonard Nimoy serão sempre  insubstituíveis mas até que a moçada aqui não decepciona. O filme fez bonito nas bilheterias mas a Paramount esperava por um resultado mais expressivo. Não faz mal, o caminho está aberto e novos filmes virão nos próximos anos. Os trekkers certamente agradecem.


Star Trek (Star Trek, Estados Unidos, 2009) Direção: J. J. Abrams / Roteiro: Alex Kurtzman, Roberto Orci baseados nos personagens criados por Gene Roddenberry / Elenco: Chris Pine, Zachary Quinto, Eric Bana, Winona Ryder, Zoe Saldana, Karl Urban, Bruce Greenwood, John Cho, Leonard Nimoy, Simon Pegg, Anton Yelchin. / Sinopse:  Décimo primeiro filme da franquia Jornada Nas Estrelas o filme traz de volta os personagens da série original da TV. No enredo acompanhamos os primeiros passos de James T. Kirk (Chris Pine) na Academia da Frota Estelar. Lá conhece o estranho vulcano Spock (Zachary Quinto). Juntos partirão para grandes aventuras indo onde nenhum homem jamais esteve.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Constantine

O personagem Constantine dos quadrinhos é muito diferente desse que vemos nessa adaptação para o cinema. Nos gibis Constantine é um verdadeiro anti-herói, um fumante inveterado, loiro, magro e nada atraente. Ele é o protagonista do grande sucesso Hellblazer, que mistura ecos do cinema noir com misticismo e magia. O clima é sombrio, de total desesperança. Como toda criação de Alan Moore, Constantine é um outsider, um sujeito á margem da sociedade, que pouco está ligando para as convenções sociais. Já no cinema Constantine é um sujeito bonitão, interpretado pelo canastrão e galã Keanu Reeves, com jeitão de surfista havaiano, fazendo o estilo mauricinho bem vestido. Seu cabelo é impecável e ele passa o tempo todo fazendo biquinhos. Assim o que temos em essência é uma equivocada releitura Hollywoodiana pouco fiel à obra original. Não adianta, Alan Moore definitivamente não tem sorte no cinema. Ele é um sujeito recluso que não dá entrevistas mas nas poucas e raras vezes que resolveu falar foi justamente para amaldiçoar os produtores de Hollywood e reclamar das bisonhas adaptações que suas obras geralmente ganham no cinema americano. Ele tem toda a razão.

Essa produção é um exemplo claro disso. O clima soturno de Hellblazer desaparece. Constantine na pele de Keanu Reeves vira um herói clássico sempre lutando ao lado do bem contra o mal. Seu cinismo desaparece completamente e o pior é que ele acaba ficando sem personalidade em cena, fruto da canastrice de Reeves que não consegue passar qualquer emoção ou expressão com veracidade. Para piorar o espectador ainda tem que engolir a presença medíocre de Shia LaBeouf, seguramente um dos piores atores já surgidos nos últimos anos. O projeto foi desenvolvido pelo estúdio para ser estrelado por Nicolas Cage, uma escolha bem mais adequada, mas depois por diferenças criativas com o diretor, ele resolveu cair fora. Provavelmente Cage pressentiu a bomba que vinha por aí. Por razões puramente comerciais então foi escalado o Keanu Reeves que com sua atuação obtusa jogou a última pá de cal na esperança dos fãs de quadrinhos. Seguramente uma escolha muito equivocada. O que sobrou de todo esse processo foi apenas um filme sem alma, sem identidade mas com centenas de tomadas de efeitos digitais. Uma produção vazia que não diz a que veio.

Constantine (Constantine, Estados Unidos, 2003) Direção: Francis Lawrence / Roteiro: Frank A. Capello, Kevin Brodbin, Mark Bomback / Elenco: Keanu Reeves, Rachel Weisz, Shia LaBeouf, Max Baker, Tilda Swinton, Gavin Rossdale / Sinopse: Constantine (Keanu Reeves) é um exorcista e ocultista que terá que enfrentar terríveis forças do mal.

Pablo Aluísio. 

A Ilha do Tubarão Gigante

Título no Brasil: A Ilha do Tubarão Gigante
Título Original: Lair of the Mega Shark
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Discovery Channel
Direção: Jeff Kurr, Andy Casagrande
Roteiro: Jeff Kurr, Andy Casagrande
Elenco: Jeff Kurr, Andy Casagrande, Dickie Chivell, Clayton Mitchell, Winston Peters, Richard Squires
  
Sinopse:
Documentário feito para a TV mostrando uma equipe de especialistas e mergulhadores em busca do covil dos mega tubarões brancos. Eles viajam até a distante e isolada ilha de Guadalupe localizada no Oceano Pacífico, em torno da costa do México, para registrar em filmagens esses imensos predadores em seu habitat natural. O objetivo é capturar em imagens aquele que é considerado o maior tubarão branco jamais visto.

Comentários:
No ano passado foi filmado o maior tubarão branco dos oceanos. Chamado pelos pesquisadores de "Deep Blue", esse animal tinha mais de sete metros. Um predador magnífico. Esse documentário foi realizado um pouco antes das filmagens do "Deep Blue", porém capturou em cena animais de seis, cinco metros, todos da espécie tubarão branco, nas costas da ilha mexicana de Guadalupe. Como tudo o que se trata com o selo Discovery, esse documentário é muito bem realizado, com cenas de alto impacto. Uma das novidades é uma gaiola transparente, feita de acrílico reforçado, que um dos mergulhadores usa para as filmagens. Ele fica ali, bem no meio de uma dezena de tubarões brancos o cercando. Como se trata de uma armação transparente, apelidada de jaula fantasma, a sensação que o espectador tem é a de que o mergulhador está completamente à mercê dos ataques dos tubarões. Uma excelente cena, captada com a devida emoção, principalmente quando uma das portas se quebra e um desses animais tenta entrar na gaiola para devorar o mergulhador. Em outra cena ainda mais arriscada um dos pesquisadores mergulha sem gaiola de proteção ou armas. Ele fica completamente indefeso enquanto um enorme tubarão branco vai chegando perto de onde ele está. Não é à toa que de vez em quando somos informados que pessoas que trabalham nesse tipo de documentário foram mortas por animais selvagens. Muitas vezes a falta de segurança coloca esses profissionais em situações de perigo, tudo para causar sensação no espectador. A cena final mostra uma grande fêmea, provavelmente grávida, subindo para perto do barco dos pesquisadores. Era justamente isso que todos eles queriam. Não é o tão famoso "Deep Blue", mas não fica muito a dever a ele em termos de tamanho e opulência. Enfim, mais um bom documentário do canal Discovery. Está mais do que recomendado.

Pablo Aluísio.

Profissão Surfista

A vida de Steve Addington (Matthew McConaughey) se resume em sempre ir atrás da onda perfeita. No entanto o verão eterno da vida de Steve pode ser encerrado mais rápido do que ele imaginava. Filme leve, divertido, bem relax com roteiro despretensioso e soft. "Surfer, Dude" me lembrou bastante de "O Grande Lebowsky" em sua estrutura, embora o personagem aqui, um surfista boa praça (Matthew McConaughey) que só quer saber de pegar onda, fumar maconha e namorar, seja menos noiado do que o personagem clássico de Jeff Bridges. Talvez o grande problema de "Surfer, Dude" seja a falta de um gancho melhor já que na realidade nada de muito importante acontece no filme inteiro. Basicamente tudo se resume no fato do surfista do título entrar em crise por causa de uma calmaria no mar (que acaba com as ondas) enquanto é assediado para entrar em um péssimo reality show com surfistas.

E é isso apenas. O filme é curtinho (não chega nem aos 70 minutos) e tem um bom elenco de apoio. Entre eles o ultra noiado Willie Nelson interpretando um criador de cabras e vendedor de erva nas horas vagas. A produção pega leve no estilo surfista de ser, fazendo com que o filme seja mais parecido com uma reunião de amigos na praia do que com um filme com mais ambição de mercado. Talvez seja mesmo uma vez que a produção é do próprio Matthew McConaughey ao lado do colega Tom Hanks. Será que ele também é bom em pegar onda? Não sei. De qualquer forma se você gosta do tema e quer uma diversão inofensiva, "Surfer, Dude", pode ser uma boa bro! 

Profissão Surfista (Surfer, Dude, Estados Unidos, 2008) Direção: S. R. Bindler / Roteiro: S. R. Bindler, Cory Van Dyke / Elenco: Matthew McConaughey, Alexie Gilmore, Jeffrey Nordling, Sarah Mason, Zachary Knighton, Todd Stashwick, Nathan Phillips, Ramon Rodriguez, Travis Fimmel, Sarah Wright / Sinopse: A vida de Steve Addington (Matthew McConaughey) se resume em sempre ir atrás da onda perfeita. No entanto o verão eterno da vida de Steve pode ser encerrado mais rápido do que ele imaginava.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

O Segredo de Berlim

Será possível reproduzir o charme e a elegância dos clássicos do passado? É justamente tentando responder a essa pergunta que os produtores de "O Segredo de Berlim" resolveram bancar essa produção atual que tenta captar o clima dos antigos filmes noir da década de 1940. Tudo soa como uma grande homenagem aos filmes de guerra e espionagem do passado. Há um bom uso de imagens reais mescladas com filmagens modernas mas envelhecidas propositalmente. O roteiro tenta seguir também o que era bem comum nos filmes daquela época: onde o argumento geralmente trazia muitas reviravoltas, com pistas falsas e contrapistas, mortes misteriosas, aparição de pessoas que se julgavam mortas e assim por diante  Eram roteiros tão bem trabalhados que deixavam o espectador literalmente atordoado e isso fazia parte da diversão. Para deixar ainda mais claro as suas intenções o diretor Steven Soderberg resolveu colocar um final ao estilo Casablanca com tudo a que tem direito o espectador mais saudosista, com muita neblina, chuva e a despedida do casal ao lado de um antigo avião! Só faltou mesmo a imortal música "As Time Goes By".

O problema é que apesar das boas intenções "O Segredo de Berlim" falha em seus objetivos. O filme tem sérios problemas de ritmo. Se a pessoa não estiver com muita disposição de assistir ao filme corre o risco de perder o fio da meada e achar tudo muito chato e cansativo. Outro problema é a postura dos atores em cena. Eles parecem querer interpretar tudo de forma muito estilizada, tentando imitar os trejeitos dos atores do passado. A questão é que existe o estilo que era usado na época e a caricatura que se fez depois para satirizar aquela forma de atuação. O elenco de "O Segredo de Berlim" erra muito ao abraçar a pura caricatura, colocando tudo a perder. George Clooney, por exemplo, jamais terá o estilo cool de um Humphrey Bogart ou um semblante de austeridade e dignidade moral de Gaty Cooper. Bogart, por exemplo, era cinicamente charmoso até quando acendia um cigarro. Clooney não tem esse tipo de sofisticação. Assim o que falta a "O Segredo de Berlim" não são as técnicas antigas, as fórmulas que eram usadas nos roteiros daquele tempo mas sim o material humano, os talentos que fizeram daquelas obras antigas filmes tão especiais e preciosos. Falta Cooper, Bogart, Muni, Lancaster, etc. Esses são realmente insubstituíveis para sempre. Por essa razão definitivamente não há mais como recriar aqueles maravilhosos filmes. Eis assim a resposta que os realizadores de "O Segredo de Berlim" tanto procuravam.

O Segredo de Berlim (The Good German, Estados Unidos, 2006) Direção: Steven Soderbergh / Roteiro: Paul Attanasio / Elenco: Cate Blanchett, Beau Bridges, George Clooney, Dominic Comperatore, Tony Curran, Brandon Keener, Tobey Maguire, Christian Oliver./ Sinopse:  Nos meses que sucederam o film da Segunda Guerra Mundial, um jornalista americano trabalhando como correspondente de guerra tenta reencontrar sua ex-amante Lena Brandt (Cate Blanchett), uma mulher que tenta reconstruir sua vida após o devastador conflito mundial.

Pablo Aluísio.

Hellboy

Nesse universo de adaptações de quadrinhos para o cinema há personagens extremamente famosos e conhecidos, verdadeiros ícones da cultura pop como Batman, Superman e Homem-Aranha e há aqueles considerados secundários, que são apenas conhecidos pelos leitores desse tipo de publicação. Curiosamente os do segundo tipo acabam dando origem a filmes bem mais interessantes como por exemplo Blade e esse Hellboy (o garoto do inferno numa tradução livre). O que difere de Hellboy desses demais personagens é sua personalidade muito cativante onde convivem em um só sujeito a força muscular de um monstro das trevas e a mentalidade de um jovem adolescente, que se apaixona pelas garotas, leva foras, gosta de roupas e acessórios de grife, etc. Na transposição para o cinema há outro grande atrativo: a ótima caracterização do ator Ron Perlman. Ele é aquele tipo de intérprete que você conhece automaticamente quando surge nas telas mas que nem sempre recorda seu nome. Durante anos ele fez personagens coadjuvantes em bons filmes e só recentemente tem tido maior chance de mostrar seu talento. Nos cinemas ele se firmou com essa franquia Hellboy e na TV tem desenvolvido um excelente trabalho na ótima série do FX, "Sons of Anarchy".

Na trama de Hellboy somos levados ao front da II Guerra Mundial. É lá no meio de escombros que os aliados descobrem essa estranha criatura, um misto de garoto com demônio. Acontece que no meio do conflito as forças nazistas não se furtaram a usar de magia negra para tentar vencer a guerra e nesse processo acabaram trazendo seres sobrenaturais ao nosso mundo. Hellboy é um desses monstros que ganham vida em nossa dimensão. Ele é levado pelos militares e acaba sendo treinado por uma agência especial do governo dos EUA para combater outros seres tais como ele que por ventura surjam nas grandes cidades do país. Apesar de sua  origem Hellboy é tipicamente um jovem americano, que gosta de música, cinema e cultura pop em geral. Tem sentimentos e passa por crises emocionais. Sua adaptação para o cinema como se vê deu muito certo. O filme é charmoso, tem ótimo timing de humor e um roteiro bem escrito, redondinho, onde tudo se encaixa. Para completar os efeitos digitais são de bom gosto e bem aplicados dentro da estória. Não me admira em nada que tenha ganho uma continuação, bem inferior é verdade, mas que mesmo assim não maculou o personagem. Em suma, fica a dica para os fãs de quadrinhos em geral e para os cinéfilos que gostam de uma boa aventura sci-fi. Hellboy, uma grata surpresa.

Hellboy (Hellboy, Estados Unidos, 2004) Direção: Guillermo del Toro / Roteiro: Guillermo del Toro / Elenco: Ron Perlman, Doug Jones, Selma Blair, John Hurt, Rupert Evans / Sinopse: Criatura descoberta no final da guerra é levada pelas forças aliadas para os EUA para combater as forças sobrenaturais do mal.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

247°F

Esse filme é literalmente um suadouro! Para entender a frase vamos para a sinopse: Dois casais de jovens resolvem passar o fim de semana numa cabana no meio de uma floresta. O local é muito bonito, arborizado e tudo leva a crer que terão ótimos momentos de diversão e namoro. A cabaninha tem como zelador um sujeito barbudo, com jeitão de hippie, chegado numa erva pesada mas que aparenta ser gente boa. Se você já viu algum filme de terror em sua vida já sabe que a fórmula mais manjada que existe no gênero é justamente essa: Jovens + cabana na floresta = Mortes em série. Realmente o enredo tinha tudo para ir por esse caminho, tanto que ficamos o tempo todo esperando que apareça um maluco no meio do mato com um machado para mandar aquela moçada para o buraco mas... Esqueça isso, não vai acontecer. Curiosamente o filme é baseado em fatos reais então não é bem disso que se trata. Jason não vai aparecer com um machado e nem Leatherface vai dar o ar de sua graça com uma serra elétrica. Não é sobre isso que se trata a produção.

Na  verdade 247°F é um filme sobre acidentes domésticos. Isso mesmo. Claro que o evento que ocorre dentro da cabana é o extremo do extremo mas no fundo é justamente sobre pequenas bobeiras que podemos cometer em nossas casas que podem ocasionar eventos terríveis. No caso do filme três jovens ficam presos dentro de uma sauna sem que ninguém os possa tirar de lá. O nome original evoca justamente a temperatura a que são submetidos por longas horas. É um roteiro do tipo "filme de uma só situação". Em seus quase 90 minutos vamos acompanhar basicamente a agonia da moçada presa dentro de uma sauna dos infernos. E haja suadouro! Eles vão tentando cair fora do lugar antes que virem literalmente churrasquinho de carne humana. Do lado de fora as únicas pessoas que poderiam lhes ajudar estão fumando maconha, totalmente alheios ao que ocorre dentro da cabana. Com uma produção muito modesta (o filme foi realizado com 500 mil dólares, uma mixaria para os padrões americanos), esse terror diferente pode até despertar algum interesse. Depois de assistir fica apenas uma certeza: você nunca mais vai entrar em uma sauna como antigamente!

247°F (Estados Unidos, 2011) Direção: Levan Bakhia, Beqa Jguburia / Roteiro: Lloyd S. Wagner, Levan Bakhia / Elenco: Scout Taylor-Compton, Travis Van Winkle, Michael Copon / Sinopse: Grupo de jovens em férias numa cabana isolada fica preso na sauna do local. Sem ter onde pedir socorro eles lutarão para continuarem vivos sob um calor infernal.   

Pablo Aluísio.

Profissão de Risco

Baseado em fatos reais o filme "Profissão de Risco" capta o momento em que o tráfico de cocaína invadia o mercado americano, fazendo grande fortuna para os traficantes envolvidos. Entre eles se destaca George Jung (Johnny Depp), um sujeito que meio ao acaso começa a vender coca para amigos e conhecidos e de repente se vê envolvido numa extensa rede de narcotráfico envolvendo inclusive o envio da cocaína diretamente da fonte na distante Colômbia para os Estados Unidos. De fato Jung foi o principal elo de ligação entre o Cartel de Medelin de Pablo Escobar e os consumidores americanos, na maioria jovens, que entraram de cabeça no abuso da nova droga. George Jung foi assim durante anos o principal comerciante de cocaína no mercado americano a tal ponto que seu próprio nome acabou virando sinônimo de usuário. Depois de uma ascensão rápida e de ganhar uma verdadeira fortuna feita praticamente da noite para o dia o bandido acabou caindo nas garras dos órgãos policiais, sendo condenado a  uma pena dura que ele cumpre até os dias de hoje. 

Jung colaborou com o filme, encontrou-se pessoalmente com Depp e lhe deu dicas para interpretar bem seu papel. O filme é bem realizado do ponto de vista técnico, com excelente reconstituição de época mas toma um rumo perigoso em determinado momento. Não há como negar que o roteiro de certa forma simpatiza com a pessoa de Jung. Muitas vezes o argumento o coloca apenas como um comerciante bem sucedido, um homem de negócios que joga com a oferta e a procura por seu produto e por isso fica milionário em tempo recorde. O próprio Depp faz de tudo para transformar seu personagem em uma figura simpática, boa praça, que está envolvido com o narcotráfico meio sem querer, como se fosse possível o envolvimento em algo assim de forma meramente casual. Esse é seguramente o maior problema de "Profissão de Risco", pois a sua indisfarçável simpatia com um criminoso desse porte incomoda muito. Os realizadores passam assim uma mensagem um tanto quanto perigosa aos mais jovens, colocando o tráfico de drogas como uma forma até viável de subir na vida, na escala social. Enfim, "Profissão de Rico" é um bom filme apesar disso mas o roteiro deveria ter sido mais cauteloso e principalmente realista, mostrando o lado mais sórdido desse estilo de vida, até porque no mundo caótico em que vivemos a última coisa que se deseja é mais uma obra cinematográfica que faça, mesmo que indiretamente, algo próximo a uma apologia de traficantes.  

Profissão de Risco (Blow, Estados Unidos, 2001) Direção: Ted Demme / Roteiro: Bruce Porter, David McKenna / Elenco: Johnny Depp, Penélope Cruz, Ray Liotta, Franka Potente, Rachel Griffiths, Paul Reubens, Jordi Mollà./ Sinopse: O filme enfoca a história real do mega traficante George Jung (Johnny Depp), mostrando sua ascensão e queda no mundo do crime. 

Pablo Aluísio.

O Vencedor

Acabei de assistir. Foi o último dos dez indicados ao Oscar de melhor filme que faltava ver. Vou ser sincero, deixei esse por último por 3 razões: não gosto do Christian Bale, nunca vi uma atuação do Mark Wahlberg que valesse a pena e por último achava que o tema "boxeador na sarjeta" já estava esgotado. Pois bem, me enganei três vezes. O fato de não gostar do Bale não me impede de dizer que essa foi uma das grandes atuações que já assisti nos últimos anos. O Bale simplesmente desaparece em seu papel de Dicky Eklund. É um trabalho belíssimo de imersão no personagem. A grande atuação é justamente essa, quando esquecemos do ator em cena e só focalizamos no que é mostrado no filme. Bale some em sua atuação e por isso brilha. Não vemos mais Bale nas cenas e sim Dicky. Brilhante seu trabalho.

A atuação do Mark Wahlberg não me chamou muito atenção, mas pelo menos aqui ele não compromete, o que já é um ponto muito positivo. Em um filme com esse tipo de atuação com Bale ele realmente não poderia se destacar, seria algo impensado. Por fim gostei do argumento e do roteiro, que tenta fugir o máximo possível do estigma de filmes sobre lutadores de boxes. Claro que muitas coisas que já vimos em vários outros roteiros ainda estão lá (como o fracasso e a redenção numa luta gloriosa, por exemplo) mas isso não tira o brilho do filme já que o diretor foi inteligente o bastante para focar principalmente nos problemas familiares dos personagens. Enfim, é um filme muito bom e em tempos de dez indicados ao Oscar merece seu lugar no páreo, embora suas chances de levar o prêmio máximo fossem realmente pequenas.

O Vencedor (The Fighter, Estados Unidos, 2010) Direção: David O. Russell / Roteiro: Scott Silver, Paul Tamasy, Eric Johnson / Elenco: Christian Bale, Mark Wahlberg, Amy Adams, Melissa Leo, Robert Wahlberg, Dendrie Taylor, Jack McGee, Jenna Lamia, Salvatore Santone, Chanty Sok, Bianca Hunter, Sean Patrick Doherty, James Shalkoski Jr., Barry Ace, Caitlin Dwyer, Jeremiah Kissel./ Sinopse: A vida de um lutador de boxe que tenta vencer na vida e nos ringues.

Pablo Aluísio.

sábado, 20 de outubro de 2012

O Segredo de Brokeback Mountain

Sem dúvida um dos filmes mais polêmicos dos últimos anos. Na época me lembro claramente que criou-se toda uma polêmica pelo fato de se colocar na tela dois cowboys tendo um relacionamento gay. Como se sabe a figura mítica do cowboy é um dos símbolos máximos da virilidade do homem americano. Será que o chamado homem de Marlboro agora tinha virado a casaca? Bobagem. Infelizmente esse é um daqueles casos em que a polêmica acaba jogando uma fumaça sobre a verdadeira essência do filme, tornando tudo turvo e escuro. O filme não deve ser encarado dessa forma. Na realidade é a estória de duas pessoas que abrem mão de sua verdadeira felicidade por causa das pressões sociais que sofrem em seu meio. Certamente são apaixonados um pelo outro, seguramente gostariam de viver essa paixão em sua plenitude mas não fazem por mera pressão da sociedade. Não seriam aceitos por seus pares, sofreriam todo tipo de discriminação e ao final poderiam até se tornar vítimas de algum crime de homofobia. Dessa forma preferem viver uma mentira. O personagem de Jack (Jake Gyllenhaal ) é o mais perfeito retrato disso. Ele se casa para manter as aparências e segue tendo uma vida cheia de desencontros e infelicidades. Não foi feliz por ficar preocupado pelo que os outros pensariam dele. Deixou de viver sua própria vida para viver uma mentira de acordo com a mentalidade tacanha da sociedade.

A dupla central de atores está excepcionalmente bem. Jake Gyllenhaal, por exemplo, tem a melhor atuação de sua carreira. Já Heath Ledger está novamente excepcional. Seu personagem tenta ser mais honesto com si mesmo do que seu companheiro mas novamente sucumbe ao conservadorismo extremo do lugar onde vive. O diretor Ang Lee comanda o filme sem pressa, sem atropelamentos. As situações surgem em seu devido tempo, tudo para mostrar o relacionamento ora conturbado, ora feliz, dos jovens amantes. Seu sensível trabalho lhe valeu o Oscar de melhor diretor daquele ano, o que foi mais do que merecido. Ledger e  Gyllenhaal também concorreram ao Oscar mas não levaram. A sempre sisuda Academia certamente pensou que ainda não seria o momento para premiar atores de personagens tão controversos como aqueles. No final das contas o filme se tornou sucesso de público e crítica. Também não podemos ignorar o fato de que filmes como esses também ajudam aos grupos GLS em sua luta contra o preconceito. É uma obra que abre caminhos e fortalece o respeito que todos devem ter pelo próximo, independente de sua opção sexual. Assim a grande mensagem do filme é a seguinte: viva a sua vida da melhor forma possível, de acordo com o seu modo de pensar. Nunca deixe de viver apenas porque tem receio do que as outras pessoas vão pensar de você. Seja feliz e ignore todo o resto. 

O Segredo de Brokeback Mountain (Brokeback Mountain, Estados Unidos, Canadá, 2005) Direção: Ang Lee / Roteiro: Diana Ossana, Larry McMurtry / Elenco: Heath Ledger, Jake Gyllenhaal, Michelle Williams, Anne Hathaway, Anna Faris / Sinopse: O filme acompanha o longo e turbulento relacionamento entre dois homens em uma das regiões mais conservadoras dos Estados Unidos. Vivendo vidas de fachada ambos acabam se tornando infelizes e incompletos em suas vidas afetivas.

Pablo Aluísio. 

Candy

Acho Candy tão injustamente subestimado. Todos sempre citam o brilhante trabalho de Heath Ledger em Batman mas muitos poucos lembram dessa sua inspirada atuação. Talvez pelo fato do filme ser pequeno, discreto, com jeito de cinema independente, muitos sequer tenham visto a produção. Bom, nunca é tarde para corrigir essa lacuna. Candy tem uma estrutura nada convencional e se baseia na vida de um casal formado por Candy (Abbie Cornish) e Dan (Heath Ledger). Ambos são jovens, promissores, vivendo a melhor fase de suas vidas. São amorosos e realmente se querem bem. O problema é que Dan tem um série problema com o abuso freqüento de drogas, em especial a famigerada cocaína. Cometendo um erro que é mais comum do que se pensa Candy, sua namorada, também resolve experimentar a droga. Não tarda para se viciar completamente. O que antes parecia um conto de fadas, um romance dos sonhos, rapidamente se torna uma roleta russa e um abismo é criado ao redor dos jovens namorados, agora transformados em meras sombras do que um dia foram.

O roteiro é marcante porque mostra as armadilhas que podem surgir na vida de pessoas que tentaram apenas levar uma vida fora dos padrões estabelecidos, levando uma existência mais boêmia, poética e livre das amarras sociais. Nada de errado há nisso. O problema é que saem de uma arapuca para caírem em outra. O usuário de drogas geralmente pensa que está livre, agindo por conta própria. A verdade dos fatos porém é que ele ao consumir drogas acaba se tornando mais prisioneiro do que era antes. Uma falsa sensação de liberdade que leva a pessoa para a mais terrível das prisões, a do vício e da dependência química. O filme joga muito bem com essa realidade que infelizmente atinge milhões de pessoas ao redor do mundo. O roteiro porém procura evitar discursos de moralidade ou falsas lições de moral. Ao invés disso se limite a mostrar o esfacelamento gradual do casal. Quando assisti Candy pela primeira vez o ator Heath Ledger ainda estava vivo e sua atuação, pela primeira vez, me chamou  realmente a atenção. Não deixa de ser tristemente irônico saber que o ator morreria justamente por uso de drogas. Uma ironia do destino que torna Candy ainda mais interessante. Não deixe de assistir e descubra como Ledger foi muito além do Coringa.

Candy (Candy, Estados Unidos, 2006) Direção: Neil Armfield / Roteiro: Neil Armfield / Elenco: Abbie Cornish, Heath Ledger, Geoffrey Rush, Tom Budge, Roberto Meza Mont, Tony Martin, Noni Hazlehurst, Holly Austin, Craig Moraghan./ Sinopse: Jovem casal vive feliz e em clima de harmonia em seu sólido e estável relacionamento. Tudo porém começa a ruir após ambos consumirem drogas de forma descontrolada.

Pablo Aluísio.

Lobisomem: A Besta Entre Nós

Produção da Universal de orçamento bem modesto que foi lançado diretamente no mercado de venda direta ao consumidor nos Estados Unidos. A primeira observação pertinente a se fazer é que o filme, sendo feito pelos estúdios Universal, está longe de apresentar uma produção medíocre. Pelo contrário, dentro de suas possibilidades o filme é até bem realizado nesse aspecto. O padrão de qualidade é mantido. Os monstros digitais, embora não sejam de encher os olhos tecnicamente falando, estão longe de parecerem vergonhosos ou mal feitos. O roteiro procura criar uma identificação entre as antigas produções de terror e o ritmo mais alucinante dos games atuais. É uma mistura meio complicada mas até que o filme não se sai tão mal nesse quesito. O argumento é simples: uma vila no século XIX é atacada por terríveis lobisomens. Sem alternativas o povo local resolve contratar os serviços de um grupo especializado justamente em caçar e matar bestas sobrenaturais como os licantropos que andam tirando o sossego dos moradores. Lida assim a sinopse até lembra um pouco Van Helsing. A direção de arte é até parecida mas há diferenças também. Helsing era muito mais pop, sem qualquer preocupação em ter o mínimo de sutileza. Aqui há pelo menos uma preocupação maior em se desenvolver com mais calma os eventos, criando um clima adequado para o surgimento das criaturas. Claro que tudo se desenvolve em um mesmo ambiente de realismo fantástico mas mesmo assim essa produção é bem mais pé no chão do que o filme do caçador de vampiros.

Há uma tentativa do texto em desenvolver um pouco mais os personagens, embora nada seja muito aprofundado nesse ponto. O garoto, que será peça chave no desfecho do filme, surge em cena mais bem contextualizado do que os demais caçadores. Como sempre há o mistério em se saber quem é exatamente essa nova besta assassina que parece ser bem diferente dos demais lobisomens pois não reage apenas por instinto tendo a capacidade de pensar e raciocinar durante os ataques, escolhendo inclusive a quem irá matar. É uma nova espécie de monstro. A produção usa e abusa do jogo de sombras e luzes, principalmente nas cenas rodadas dentro da floresta. No elenco há muitos desconhecidos com exceção de Stephen Rea, aqui em bom personagem, um médico com métodos pouco convencionais. No saldo final temos aqui um filme que se não chega a ser uma maravilha, tampouco é uma decepção completa, pois em momento algum chega a aborrecer o espectador. Assim Lobisomem: A Besta Entre Nós acaba funcionando como um bom passatempo caso o espectador não seja exigente demais.

Lobisomem: A Besta Entre Nós (Werewolf: The Beast Among Us, Estados Unidos, 2012) Direção: Louis Morneau / Roteiro: Michael Tabb, Catherine Cyran / Elenco: Nia Peeples, Steven Bauer,  Stephen Rea | Sinopse: Lobisomem ataca distante e isolada vila no leste europeu. Para acabar com a ameça os moradores locais contratam um grupo de caçadores especializados em caçar e matar esse tipo de besta assassina.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Miss Potter

Parece que após Bridget Jones a atriz Renée Zellweger tomou gosto em interpretar mulheres britânicas. Aqui ela repete a dose dando vida nas telas para a escritora Beatrix Potter (1866-1943), consagrada autora de livros infantis. Sua obra não é tão conhecida no Brasil quanto lá fora, mas sua história pessoal certamente vai criar identificação com muitas mulheres de nosso país. Miss Potter era, assim como a personagem Bridget Jones, uma mulher que fugia aos padrões da sociedade vitoriana de seu tempo. Era solteirona e mais do isso, não achava que o casamento fosse o segredo da felicidade na vida de uma mulher. Inteligente acreditava que cada mulher deveria ser dona de seu próprio destino, abrindo os caminhos de sua vida por conta própria. Depender, seja financeiramente, seja emocionalmente, de um marido era a última coisa que queria em sua vida. A solução de seus problemas veio na forma de livros infantis que começou a escrever. Como produzia algo de que gostava, o amor e a paixão que colocava em seus escritos acabavam passando para o seu pequeno leitor. O resultado veio no sucesso editorial de sua obra que a transformou numa mulher dona de seu próprio nariz, como aliás acontece na vida de todas as grandes mulheres.
 
Como sua biografia já é por si mesmo muito interessante o filme Miss Potter se transforma em uma grata surpresa. Dirigido pelo cineasta especialista em temas infantis, Chris Noonan (de Babe o Porquinho Atrapalhado), o filme tem um lirismo, um clima mágico que realmente encanta e cativa. Sua grande qualidade é discutir a posição da mulher dentro da sociedade britânica ao mesmo tempo em que resgata o imaginário infantil, com aquele ambiente de sonhos e magia que todos conhecemos tão bem. Renée Zellweger brilha novamente, embora o excesso de tratamentos estéticos a que se submeteu incomode em certos momentos. A magia fica comprometida quando vemos uma mulher do século XIX com aplicações de botox. Mesmo assim é algo que o espectador vai ter que ignorar para apreciar totalmente o filme em si. O elenco de apoio conta com as sempre marcantes presenças de Ewan McGregor e Emily Watson. Enfim,  Miss Potter é tão charmoso e fino que indico especilamente para o público feminino, que sempre apreciou bem mais filmes elaborados e esteticamente bonitos como esse.

Miss Potter (Miss Potter, Estados Unidos, 2008) Direção: Chris Noonan / Roteiro: Richard Maltby Jr. / Elenco: Renée Zellweger, Bill Paterson, Emily Watson, Ewan McGregor, Barbara Flynn./ Sinopse: O filme conta aspectos da vida da autora infantil de grande sucesso, Beatrix Potter (1866-1943). Considerada avançada demais para sua época ela enfrentou o preconceito e barreiras sociais para vencer na sua carreira de escritora.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Brando A Biografia Não-Autorizada

Já que o tema livros sobre grandes mitos do cinema veio à tona resolvi escrever algumas linhas sobre esse "Brando A Biografia Não-Autorizada", um livro que tenho há muitos anos em minha coleção particular. Em relação a Marlon Brando eu sempre recomendo sua autobiografia que é a melhor obra na extensa bibliografia escrita sobre o ator. Isso é bem simples de entender pois traz os pensamentos, a visão de mundo e as idéias do próprio Brando que fala sobre tudo menos de suas ex-mulheres e seus filhos (uma exigência que ele fez aos editores na época em que escreveu o livro). Ainda escreverei melhor sobre ele. Agora vamos focar nessa biografia não-autorizada. Se trata de um livro com aproximadamente 330 páginas que tenta jogar uma luz sobre a carreira e a vida pessoal de Marlon Brando. A primeira observação a se fazer é que o autor Charles Higham não é um escritor muito brilhante. Sua narrativa é muitas vezes chata e sem brilho. Ele se limita a contar aspectos da vida de Marlon Brando em sequência cronológica mas sem muito envolvimento. A escrita é objetiva e sem traços autorais. Particularmente achei seu estilo muito pesado e seco. Outro problema do livro é sua estrutura. O autor gasta dois terços de seu texto para se dedicar apenas aos primeiros anos de vida e carreira de Marlon Brando. Depois de um começo lento ele começa a acelerar para chegar ao fim e tudo acaba saindo no sobressalto. A fase do "Poderoso Chefão" por exemplo, é lacunosa e pequena. Logo um de seus filmes mais importantes não recebe a importância devida. A impressão que tive foi que o projeto inicial seria de um livro com aproximadamente  700 páginas mas que foi de certa forma editado quase a metade por fatores comerciais deixando uma obra final com muitos buracos em sua narrativa.

Outro problema é fruto da edição nacional pouco caprichosa. Os filmes aparecem com seus títulos originais em inglês - sem o nome nacional o que leva o leitor menos conhecedor da filmografia de Brando ficar perdido sem saber exatamente de que obra o texto está se referindo. Faltou também uma lista com todos os filmes de sua filmografia no final do livro. O único ponto positivo que vejo aqui é o lado mais pessoal e familiar do ator que surge sem rodeios e sem panos quentes. O autor expõe as brigas conjugais de Brando com suas ex-esposas, os problemas judiciais e as confusões em que se envolveu ao longo da vida. Como o livro foi escrito em 1990 obviamente os anos finais do ator ficaram de fora. Assim "Brando A Biografia Não-Autorizada" serve como complemento a outras leituras mais preciosas como "Canções Que Minha Mãe Me Ensinou". Se em sua autobiografia Brando se recusou a falar de seus casamentos e filhos esse aqui acaba completando a lacuna. Não é uma obra maravilhosa e nem bem escrita mas vale como referência de fatos que foram poucos explorados em outras obras. Vale a pena ter em sua coleção, apesar de suas falhas.

Brando: A Biografia Não-Autorizada
Autor: Charles Hhgham
Editora: Civilização Brasileira - Nal Penguin Inc
Categoria: Literatura Estrangeira / Biografias e Memórias

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Fragments Marilyn Monroe

Quando morreu Marilyn Monroe deixou todos os seus bens tais como roupas, livros e anotações pessoais para seu mentor e amigo no Actor´s Studio, Lee Strasberg. Durante décadas esse rico acervo ficou encaixotado e um tanto esquecido em um depósito de Nova Iorque. Provavelmente Strasberg não tenha compreendido as maravilhas que tinha em mãos. Há alguns anos finalmente parte do material foi levado para especialistas e historiadores. Foi então que descobriram um verdadeiro tesouro. No meio de pilhas de papéis avulsos encontraram muitas anotações de Marilyn. Pedaços de pensamentos, cartas, lembretes cotidianos, devaneios, delírios, sonhos e até agendas pessoais onde a musa escrevia sobre os mais diversos assuntos e temas, coisas que ela entendia ser importante registrar. Um registro ímpar que leva o leitor imediatamente para o mundo mais íntimo da estrela, permitindo que se possa compartilhar com ela muitas de suas impressões sobre as pessoas e o mundo ao seu redor. Assim como em sua vida cotidiana Marilyn se mostra uma pessoa bem bagunçada em seus registros. Não há uma sequência lógica, tudo vai surgindo ao acaso, o que acaba sendo um ponto positivo pois o leitor acaba se deparando com uma surpresa a cada página. Tudo finalmente foi reunido agora no ótimo livro "Fragments"!

O resultado é um livro de 272 páginas que mostra bastante da personalidade da atriz. A coleção de momentos é bem eclética. Há textos engraçados, assombrosos, confissões, medos, tudo junto em um grande mosaico. Em um deles ela diz que se acha homossexual, para  logo a seguir afirmar que tem pavor a lésbicas! Como se pode perceber era contraditória ao extremo, uma criançona mesmo. Cativante. Sua eterna insegurança como atriz e mulher surgem em vários textos como na frase que escreveu em data desconhecida:  "Tenho medo de fazer novos filmes porque talvez não tenha capacidade de fazê-los e as pessoas vão pensar que não sou uma boa atriz, vão rir ou, inclusive, vão pensar que não sei atuar." O curioso é que mesmo famosa e consagrada Marilyn jamais conseguiu se livrar completamente da pequenina Norma Jean que parecia não querer ir embora de sua vida. "Como posso interpretar uma menina tão feliz, juvenil e cheia de esperanças?" ela pergunta em certo momento! Ela se achava o exato oposto disso! Velhos traumas de infância que sempre pareciam lhe perseguir. O veredito pessoal sobre sua vida é de certa forma muito pessimista. Nesse ponto ela se mostra completamente quando escreve com grande sinceridade: "Só! Estou só. Sempre estou, aconteça o que acontecer". Mesmo com tantos amantes, namorados e maridos ela jamais conseguiu superar a terrível sensação de solidão que sempre a acompanhou. Assim em conclusão podemos afirmar sem receio que para os fãs de Marilyn Monroe o livro Fragments é simplesmente obrigatório. Um retrato dos pensamentos mais secretos de um dos maiores nomes da história do cinema americano. Não deixe de ler.

Marilyn Monroe Fragments
Autor: Marilyn Monroe
Editora: Harpercollins Uk
Categoria: Literatura Estrangeira / Biografias e Memórias

Pablo Aluísio.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Os Piratas do Rock

A minha impressão é de que um filme com um elenco tão bom poderia ter sido melhor. Do jeito que ficou deixou um pouco a desejar. Eu não tinha conhecimento dessas rádios piratas que transmitiam rock no meio do oceano para fugir das leis inglesas. Para mim foi tudo uma grande surpresa (e olha que procuro ler muito sobre música, principalmente dos anos 60). Depois irei procurar algo sobre o tema para me informar melhor. De qualquer forma o que temos aqui é quase uma fábula. Os personagens são variações de tipos que conhecemos daquela década (o hippie fumado, as garotinhas de mini saia, os intelectuais que odeiam o governo etc). Eu achei que há um excesso de personagens - são muitos e mesmo que o filme dure um pouco mais do que o normal não houve como desenvolver todos eles como deveria.

Do elenco enorme alguns se sobressaem. O Phillip Seymour Hoffman é um grande ator, todo mundo sabe disso mas sinceramente a comédia não é a praia dele. Embora seu personagem seja simpático e tenha a melhor cena do filme (em que eles escalam um dos mastros do barco), nada de muito significativo acontece com ele. Na verdade é só mais um personagem sem o desenvolvimento adequado. Aliás além dos personagens serem pouco desenvolvidos a própria trama do filme é dispersa demais. De bom mesmo apenas ótimos atores no elenco de apoio (o que diabos a Emma Thompson está fazendo aqui numa micro ponta?) E o Kenneth Branagh? Esse pelo menos tem um personagem melhor, divertidamente cartunesco. Enfim, não é uma perda de tempo assistir "Os Piratas do Rock" mas também não se trata de nenhuma maravilha da sétima arte. Na dúvida arrisque, quem sabe você não goste...

Piratas do Rock (The Boat That Rocked, Estados Unidos, 2009) Direção: Richard Curtis / Roteiro: Richard Curtis / Elenco: Philip Seymour Hoffman, Kenneth Branagh, Bill Nighy, January Jones, Gemma Arterton, Emma Thompson, Kenneth Branagh, Nick Frost. / Sinopse: Grupo de DJs nada convencionais transmite programa de Rock de um barco em alto mar.

Pablo Aluísio.

Tetro

Francis Ford Coppola sempre viveu seu trabalho intensamente no mundo do cinema. Via de regra bancava seus próprios filmes nas décadas de 70 e 80, isso lhe trouxe grandes prejuízos financeiros pois nem sempre suas idéias cinematográficas caíam no gosto do grande público. Após vários filmes mal recebidos o diretor resolveu aplicar seu dinheiro em outro tipo de negócio, uma vinícola. Sua incursão no mercado de vinho deu tão certo que o diretor voltou a novamente ser um homem rico e estabilizado. Claro que sua paixão pelo cinema não acabou. Agora ele procura realizar seus filmes com orçamentos mais modestos, em locações mais econômicas. Ele ainda banca suas produções mas agora com os pés no chão. É o caso desse pequeno filme chamado Tetro. Rodado na Argentina, por questões financeiras e incentivo do governo local, Tetro é um novo olhar desse velho cineasta que apesar da idade ainda continua intrigante e provocativo. Como disse em sua entrevista, Coppola agora só dirige projetos em que acredita totalmente. Claro que por se tratar de um grande diretor como esse eu não perderia a chance de ver seu novo trabalho. Tetro é um pouco acima da média dos filmes atuais mas bem abaixo do legado do mestre.

O maior problema de Tetro é seu roteiro truncado demais. A trama em si é simples e começa bem. Em certos momentos a complicada relação entre irmãos me lembrou muito "O Selvagem da Motocicleta" (ainda mais pelo uso da fotografia preto e branco) mas o filme é bem abaixo desse clássico juvenil dos anos 80. O filme não engrena e o desfecho final é muito decepcionante pois a solução encontrada para chocar o espectador lembra o estilo folhetinesco das novelas latinas. Será que o cineasta ficou encantado com a dramaturgia das novelas latino-americanas? É possível.  O elenco está bem porém não há nenhum grande talento em cena. Vincent Gallo não apresenta uma grande interpretação, na maioria das vezes ele se limita a ficar sorumbático em cena, para em outras tentar passar simpatia e paixão. Já Alden Ehrenreich, seu irmão mais novo, também não é muito convincente (eu achei ele parecidíssimo com Leonardo Di Caprio quando era mais jovem, principalmente em certas cenas do filme). O grande ator em cena é Klaus Maria Brandauer mas ele pouco aparece (apenas em flashbacks rápidos que não acrescentam muito). Enfim, Tetro não é bom a ponto de figurar entre os grandes filmes de Coppola. No fundo não passa de um dramalhão, só faltou o Carlos Gardel para cantar um tango no final.

Tetro (Argentina, Estados Unidos, 2009) Direção: Francis Ford Coppola / Roteiro: Francis Ford Copppla, Maurício Kandun / Elenco:  Vincent Gallo, Alden Ehrenreich, Maribel Verdú,  Silvia Pérez,  Rodrigo De la Serna, Erica Rivas / Sinopse: As lutas, brigas e eventos que ligam dois irmãos na Argentina de ontem e hoje.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Garota Infernal

Ninguém duvida que Megan Fox seja uma mulher linda, sensual, um símbolo sexual dos nossos dias. Isso não é motivo de controvérsia. O problema é que a moça deveria estar mesmo em uma profissão que explorasse apenas isso, como modelo. Quando ao quesito atuação realmente não há muito também o que discutir. Megan Fox é uma péssima atriz. Ela não consegue falar uma linha de diálogo com eficiência. Em produções como Transformers onde a ação e os efeitos especiais assumem o primeiro plano ninguém percebe muito isso, até porque todos acabam ficando atordoados com as bobeiras de Michael Bay, o problema é quando a moça tem que mostrar serviço em cenas que se apóiam exclusivamente nela e em seu talento. Aí a coisa fica realmente complicada. Esse "Garota Infernal" foi escrita pela roteirista badalada em Hollywood, a ex-stripper e especialista em auto promoção, Diablo Cody. Para quem escreveu roteiros inteligentes e espertos como "Juno" e "Jovens Adultos" esse "Garota Infernal" realmente é muito fraco, derivativo, sem graça.

A inspiração do filme é aquele tipo de produção que ficou muito popular na década de  80, quando uma moçada era colocada em situações extremas, geralmente com algum psicopata rondando dentro da floresta (se lembrou de Sexta Feira 13 e a Hora do Pesadelo, acertou em cheio). Aqui o argumento ainda apela um pouco para o sobrenatural, fazendo com que a bela Megan Fox seja possuída por uma entidade do mal mas analisando bem não há diferença nenhuma. Todos aqueles colegias estão ali apenas para morrer em cena. Amanda Seyfried divide a tela com Megan mas isso faz pouco diferença. A tentativa de fazer Megan Fox uma estrela com brilho próprio não deu certo. Nem mesmo o esforço da diretora oriental Karyn Kusama (a mesma de Aeon Flux) conseguiu salvar a produção do desastre completo.

Garota Infernal (Jennifer's Body, Estados Unidos, 2009) Direção: Karyn Kusama / Roteiro: Diablo Cody / Elenco: Megan Fox, Amanda Seyfried, Johnny Simmons, Adam Brody, J.K. Simmons, Amy Sedaris, Chris Pratt, Juno Ruddell, Kyle Gallner./ Sinopse: Animadora de torcida é possuída por um demônio secular. Sem entender direito o que se passa sua melhor amiga, Needy Lesnicky (Amanda Seyfried), tenta de todas as formas possíveis ajudar os colegiais a escaparem de suas garras demoníacas.

Pablo Aluísio.

Katy Perry: Part of Me

Em essência é um documentário musical mostrando a turnê mundial de Katy Perry, uma jovem cantora que tem feito muito sucesso nas paradas. Para se ter uma idéia a garota já conseguiu um feito e tanto – emplacar cinco canções consecutivas entre as dez mais da principal parada dos Estados Unidos. Nem os Beatles conseguiram tal proeza! Para quem quiser entender seu êxito comercial o filme traz boas pistas! Katy Perry é uma artista pop, do mesmo nicho de mercado em que estão inseridas outras cantoras de seu estilo como Avril Lavigne e Britney Spears. Como sempre acontece com artistas pop há muita produção envolvida em seus concertos, grupo de dançarinos, cenários elaborados e coreografias exaustivamente ensaiadas. A Perry surge tanto no palco como nos bastidores mostrando de forma até didática seus primeiros passos rumo à fama. Filha de pastores evangélicos itinerantes Katy surgiu inicialmente como cantora gospel e só depois, bem mais velha, abraçou o cenário pop. Com visual que lembra as antigas pin ups da década de 50, em especial Bettie Page, a moça desfila seu repertório enquanto esbanja simpatia e carinho entre os fãs que a visitam antes e após as apresentações. Aspectos de sua vida pessoal também são mostrados, inclusive o fim de seu relacionamento com o comediante Russel Brand. O filme consegue captar cenas interessantes dela bem antes do show em São Paulo quando abalada emocionalmente por sua separação ainda encontra forças para subir ao palco, sob lágrimas.

Em termos de méritos cinematográficos não há muito o que discutir. O filme é um produto feito para fãs e eventuais curiosos que queiram conhecer um pouco sobre essa cantora teen popular. A estrutura chega até mesmo a lembrar um reality show televisivo! No fundo ela demonstra algum descontrole emocional nos bastidores, agindo tal como uma adolescente que brigou com o namorado da escola! Por falar em teen uma das cenas mais curiosas é aquela em que a própria cantora admite que já não é mais nenhuma criança (ela tem na realidade 27 anos) mas que procura agir como uma garotinha adolescente de 16 anos, Pelo que vemos em cena isso é bem verdadeiro. Aliás agindo assim ela acaba criando uma grande identidade com seu público que é formado basicamente por uma garotada na faixa etária que vai dos 12 até no máximo 18 anos. De fato parece mesmo uma “meninona” e seu show reflete bem isso, com uso de muitos doces e chocolates no cenário, além de uma profusão de símbolos infantis por todos os lados (assim como Michael Jackson ela também parece ser obcecada por mundos de contos de fadas). O lado positivo é que ela tem uma música livre de apologias a drogas e outras barbaridades. É inofensiva, provavelmente fabricada, mas no mundo em que vivemos é bem melhor ter uma cantora como ela nas paradas do que um rapper raivoso vociferando versos incentivando os garotos dos guetos a dar tiros em policiais. A moça é simpática e sua música é não apenas chiclete mas algodão doce também. Em suma é um produto feito para ser consumido por um grupo específico de pessoas, no caso os fãs da cantora Katy Perry. Para os cinéfilos em geral não há grande interesse em conferir essa produção.


Katy Perry: Part of Me (Estados Unidos, 2012) Direção: Dan Cutforth, Jane Lipsitz / Roteiro: Dan Cutforth / Elenco: Katy Perry,  Adam Marcello, Rihanna, Justin Bieber, Lady Gaga, Ellen DeGeneres, Russell Brand, Angelica Baehler-Cob, Glen Ballard / Sinopse: Documentário que mostra os shows e bastidores da turnê mundial da cantora jovem Katy Perry.

Pablo Aluísio.