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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Perfume de Mulher

A década de 90 foi bem generosa para Al Pacino. Na verdade foi justamente nesses anos que ele colecionou sucessos de público e crítica, uma situação bem diferente da que viveu na década de 80 quando estrelou o mega fracasso "Revolução". A repercussão desse filme foi tão ruim que muitos se apressaram para decretar o fim da carreira de Al Pacino em Hollywood. Um completo exagero certamente. Depois de ficar três anos longe das telas ele foi voltando à velha forma. Estrelou o bom policial "Vítimas de  uma Paixão" que deu bom retorno de bilheteria e a partir daí não parou mais. Sua carreira foi retomando fôlego e depois de sucessos como "Dick Tracy" e "O Poderoso Chefão III" ele finalmente havia retornado ao grupo seleto dos grandes astros. Até que em 1992 caiu em suas mãos a chance de estrelar esse "Perfume de Mulher", produção americana que na realidade seria remake do excelente filme italiano Profumo di donna, de 1974, dirigido por Dino Risi e com elenco liderado pelo talentoso Vittorio Gassman. Pacino já tinha em mente há anos tentar novamente concorrer ao Oscar de Melhor ator uma vez que esse prêmio da Academia seria a concretização definitiva de sua volta ao topo em Hollywood.

O papel ajudava certamente. Pacino interpretaria um militar linha dura, o tenente-coronel Frank Slade, que agora enfrentava o maior desafio de sua vida, a cegueira. Muitos podem dizer que Pacino escolheu um personagem com deficiência para amolecer o coração dos membros da Academia e assim levantar seu tão cobiçado Oscar. Acho essa visão muito simplista e até mesmo cínica. Não basta apenas estar na pele de um personagem como esse mas também é necessário mostrar um talento nato em cena. Pacino certamente está grandioso em cada momento. Sua intensidade geralmente é confundida com exagero ou maneirismos mas não aqui - considero sem favor algum uma de suas mais brilhantes atuações. Mesmo atuando ao lado de um parceiro relativamente fraco em cena (o inexperiente Chris O´Donnell), Pacino consegue superar todas as adversidades, proporcionando ao público mais um momento inesquecível de sua carreira. O filme foi indicado ao Oscar de melhor filme, roteiro adaptado e diretor mas perdeu essas estatuetas. O reconhecimento porém veio com o prêmio de melhor ator para Al Pacino. Foi sua redenção pessoal, o momento em que deixou tudo o que havia acontecido de ruim em sua carreira para iniciar um novo recomeço em sua vida artística. Um renascimento que os cinéfilos agradecem até os dias de hoje.

Perfume de Mulher  (Scent of a Woman, Estados Unidos, 1992) Direção: Martin Brest / Roteiro: Bo Goldman baseado na obra de Giovanni Arpino / Elenco: Al Pacino, Chris O'Donnell, James Rebhorn, Philip Seymour Hoffman,  Gabrielle Anwar / Sinopse: Durante um feriado de dia de ação de graças um velho militar cego, o tenente coronel Frank Slade (Al Pacino) contrata os serviços de um jovem para lhe ajudar em Nova Iorque. Ele resolve ir a bons restaurantes, encontrar seus familiares e depois tomar uma decisão crucial sobre sua vida e seu destino. Filme premiado com o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor ator para Al Pacino.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Désirée - O Amor de Napoleão

Napoleão Bonaparte (Marlon Brando) é um general francês que em sucessivas batalhas acaba conquistando vastas terras e países. Feroz no campo de batalha, ele se rende ao amor de Désirée Clary (Jean Simmons), uma linda jovem que encanta o grande conquistador.  Marlon Brando fez esse filme com literalmente uma espada sobre sua cabeça. Acontece que ele abandonou o set de "O Egipcio" depois de discutir com o produtor e sair falando aos quatro ventos que o filme "era uma tremenda porcaria com péssimo roteiro, um dos piores que já tinha visto na vida". O estúdio então o processou em algumas centenas milhares de dólares. Na audiência inaugural perante o juiz Marlon acabou entrando no seguinte acordo: ele filmaria Desirée do mesmo estúdio e se livraria do processo em que estava envolvido.

Apesar de ter feito o filme por acordo judicial Brando resolveu causar o maior número de problemas possíveis no set de Desirée. Errava as cenas de propósito e fazia sotaques inadequados ao imperador francês, como um inglês arcaico ou um caipira do sul dos EUA; Claro que tudo resultou em muita dor de cabeça para a produção, sempre refilmando as cenas em que Brando propositalmente destruía. O auge de sua rebeldia foi ter levado uma mangueira de bombeiro para o luxuoso set e molhar todo o cenário, estragando inclusive as luxuosas roupas da produção. Ele estava se vingando do processo que sofreu. Apesar das confusões o filme foi terminado e se tornou um grande sucesso da carreira de Brando que depois disse em tom irônico: "O público americano não é dos mais inteligentes que existem do mundo".

Desirée - O Amor de Napoleão (Désirée, Estados Unidos, 1954) Direção: Henry Koster / Roteiro: Annemarie Selinko, Daniel Taradash / Elenco: Marlon Brando, Jean Simmons,  Merle Oberon, Michael Rennie, Cameron Mitchell / Sinopse: Napoleão Bonaparte (Marlon Brando) é um general francês que em sucessivas batalhas acaba conquistando vastas terras e países. Feroz no campo de batalha, ele se rende ao amor de Désirée Clary (Jean Simmons), uma linda jovem que encanta o grande conquistador.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Hancock

Dividiu opiniões, alguns gostaram outros detestaram. Fico no meio termo. Nunca espero muito dos filmes de Will Smith, sei que ele é na essência um ator de blockbusters, então não espero muito e por isso não me decepciono. Esse Hancock pega carona na moda de filmes de super heróis mas apresenta algumas poucas novidades: A mais nítida delas é o próprio personagem central, Hancock. Ao invés de ser um sujeito valoroso, íntegro, dotado de responsabilidades para o bem comum da população ele é na verdade um beberrão, irresponsável e que não está nem aí para nada. É um super anti-herói, vamos dizer assim. A grande surpresa do filme é a presença de Charlize Theron, uma atriz talentosa demais para servir de mera escada para Smith. Confesso que ver Charlize em produções como essa me deixam desanimado e frustrado. Prefiro que ela faça mais filmes sérios e com temáticas mais profundas do que esse chiclete de verão. No começo de sua carreira ainda era aceitável ela estar em um produto como esse apenas como meio de viabilizar sua escalada ao estrelado mas agora?! Depois de vencer o Oscar e ser reconhecida como uma atriz de talento e conteúdo?! Até hoje não consegui entender porque ela aceitou participar de um filme assim - com um personagem tão derivativo, vazio, sem importância!

Já Will Smith segue na dele! O ator surgiu como comediante de TV e conseguiu realizar uma bem sucedida transição para o mundo do cinema aonde conseguiu emplacar um grande sucesso de bilheteria atrás do outro. Ele se tornou o rei do verão norte-americano. "Hancock", por exemplo, conseguiu uma excelente bilheteria mesmo sendo um filme muito fraco em termos artísticos. O fato é que o ator começa a se segurar nas fórmulas fáceis, ou seja, filmes com muito marketing e efeitos digitais, além das inevitáveis continuações sem fim. Depois de Homens de Preto 3 ele agora aposta na sequência de Hancock, prevista para chegar aos cinemas em 2014. Será que o repertório do ator finalmente chegou ao fim? Ao que tudo indica, sim. Basta ver seus futuros projetos já anunciados por seu agente: "Eu Robô 2", "Bad Boys 3", "Hancock 2"... pelo visto o ator vai se segurar agora em seus antigos sucessos para levar a carreira em frente. De resto fica o conselho: se estiver realmente a fim de ver algum blockbuster com personagens em quadrinhos procure pelos originais da Marvel ou da DC Comics. "Hancock" nada mais é que uma paródia - e nem das mais inteligentes. Entre um whisky falsificado do Paraguai e um original escocês de fábrica você nunca vai escolher o primeiro não é mesmo?

Hancock (Hancock, Estados Unidos, 2008) Direção: Peter Berg / Roteiro: Vincent Ngo, Vince Gilligan / Elenco: Will Smith, Charlize Theron, Jason Bateman,  Jae Head / Sinopse: John Hancock (Will Smith) tem superpoderes tais como aqueles que vemos nos grandes personagens de quadrinhos. O problema é que Hancock passa muito longe do bom mocismo. Ele bebe, arranjar confusões, promove bagunças e arruaças e demonstra ser um grande irresponsável. Seus modos porém irão mudar com a chegada de um novo desafio em sua vida.

Pablo Aluísio.

Invasão USA

Mais uma produção da Cannon estrelado por Chuck Norris. Esse aqui é bem mais violento que a média dos filmes do ator, que já eram conhecidos por sua violência extrema. Em plena década de 80, onde os filmes de ação eram qualificados pelo número de mortes em cena, Invasão USA se destacou pela quantidade enorme de mortes que o personagem de Norris produz. O curioso é que o roteiro foi co-assinado pelo próprio ator que parece ter perdido a paciência com nuances psicológicas de seus papéis anteriores. Aqui ele queria mesmo era ação pura, violência acima de tudo. Nada de conteúdo psicológico envolvido, apenas violência extrema, tão extrema que se torna até cartunesca. Aqui Norris interpreta o ex- agente da CIA  Matt Hunter. Aposentado ele vive no meio dos pântanos da Louisiana onde tem como diversão sair no braço com os crocodilos locais. Seu hobby é interrompido quando o governo dos Estados Unidos começa a sofrer uma série de golpes vindos de atos terroristas que possuem como objetivo confundir a opinião pública. espalhando desordem e caos social dentro da sociedade, levando a população a se revoltar contra o governo. A situação vai se deteriorando a cada momento e as forças de segurança do país já não conseguem controlar o caos implantado. Sem outra alternativa o Estado resolve recrutar novamente a única pessoa que pode resolver com tudo de forma rápida e eficaz: Chuck Norris!

Assim Chuck Norris entra em cena. Mais sisudo e carrancudo do que nunca não demora muito para começar a distribuir sopapos e  kick roundhouses nos vilões que surgem na sua frente. Na época o filme era levado à sério mas revisto hoje em dia é impossível não notar que muitas das exageradas cenas de Norris acabaram virando uma comédia involuntária. Em uma das cenas mais absurdas, por exemplo, Norris participa de um duelo ao estilo do velho oeste só que ao invés de pistolas ele e seu inimigo usam bazucas!!! Isso mesmo, um duelo de bazucas!!! Em outra cena que ficou muito divertida Norris abre dois buracos enormes nas paredes ao lado de uma porta pois desconfia que há bandidos o esperando de dentro da sala. Após explodir praticamente tudo ele acaba entrando pela única porta que ficou de pé no local. Por isso "Invasão USA" é um filme de ação da década de 80 com 100% de pedigree, violento, exagerado e nada politicamente correto. Há quem afirme inclusive que Norris estava procurando com toda essa violência animalesca seguir os passos de Stallone em Cobra mas essa informação está completamente equivocada uma vez que Cobra só seria feito um ano após Invasão USA, que é anterior. Assim se alguém imitou alguém foi Stallone e não Chuck Norris, até porque Chuck Norris jamais imitaria alguém como diz uma das suas piadinhas que rolam na internet! Reavaliado hoje em dia o saldo final é no mínimo muito divertido. Tudo o que caracterizou a década de 80 está presente nesse filme. As cenas inverossímeis, o herói durão que sozinho mata todo um exército inimigo e claro o estilo ímpar das produções da Cannon, que queiram ou não, também fez escola nesse tipo de produção. Assista e entenda porque jamais os Estados Unidos serão invadidos.

Invasão USA (Invasion U.S.A, Estados Unidos, 1985) Direção: Joseph Zito / Roteiro: James Bruner, Chuck Norris / Elenco: Chuck Norris, Richard Lynch, Melissa Prophet, Alexander Zale / Sinopse: Terroristas internacionais promovem uma série de atentados terroristas nos EUA tentando com isso causar caos e desordem social. Para acabar com o caos implantado o governo americano chama a única pessoa que poderá resolver tudo: Chuck Norris!

Pablo Aluísio.

Chloe - O Preço da Traição

Que os americanos são uns dos povos mais moralistas do planeta isso não resta a menor dúvida. Talvez tenha sido sua origem puritana, calvinista, não sei, o que sei é que "Chloe - O Preço da Traição" é uma das maiores provas disso. O enredo gira em torno de uma médica, interpretada por Juliane Moore, que resolve colocar o marido (Liam Neeson) à prova. Ela contrata uma prostituta de luxo, Chloe (Amanda Seyfried) para seduzir o esposo e com isso ter finalmente a prova de sua traição. Não precisa ir muito longe para saber no que isso tudo vai dar. Pois bem, é justamente nos minutos finais que todo o conservadorismo da mentalidade americana vem à tona. Na cabeça dos conservadores qualquer tipo de atitude fora do normal, do convencionalismo (até bobo) da monogamia deve ser punida de forma austera (já tínhamos visto algo parecido com "Atração Fatal" é bom frisar). "Chloe" também tem pretensões de ser um thriller soft erótico mas nesse aspecto não consegui ver nada sensual ou caliente. Até as cenas lésbicas mostradas no filme são assépticas, sem calor, sem tesão. 

A atriz Amanda Seyfield também não ajuda muito. Ela é bonita e tudo mais porém não tem o sex appeal adequado. Pena que Sharon Stone já passou da idade pois tenho certeza que se um personagem desses caísse em suas mãos na época em que era jovem e bonita, "Chloe" facilmente viraria um marco do gênero. Outro problema de "Chloe" é seu ritmo lento, quase parando. Faltou agilidade e esperteza para o diretor Atom Egoyam, pois tudo vai acontecendo em marcha lenta, tornando o filme muito paradão. A fotografia é bonita, o filme é bem realizado mas para o que se propunha faltou realmente sensualidade e erotismo. O que sobra no final das contas é justamente o moralismo de Tio Sam. 

 Chloe - O Preço da Traição (Chloe, Estados Unidos, 2009) Direção: Atom Egoyan / Roteiro: Erin Cressida Wilson, Anne Fontaine / Elenco: Julianne Moore, Amanda Seyfried and Liam Neeson / Sinopse: O enredo gira em torno de uma médica, interpretada por Juliane Moore, que resolve colocar o marido (Liam Neeson) à prova. Ela contrata uma prostituta de luxo, Chloe (Amanda Seyfried) para seduzir o esposo e com isso ter finalmente a prova de sua traição.  

Pablo Aluísio.

domingo, 27 de maio de 2012

Entrando Numa Fria Maior Ainda Com a Família

Enquanto Al Pacino coleciona prêmios nessa altura de sua carreira, Robert De Niro coleciona micos como esse muito fraco "Little Fockers". Não interessa que o filme renda bilheteria pois o prestigio de qualquer ator sério vai para o vaso sanitário ao participar de um produto tão raso e ruim como esse. O pior de tudo é que se trata realmente de um mico coletivo. Grandes nomes do passado como Dustin Hoffman e Barbara Streisand também estão embarcados nessa canoa furada. Como é que tanta gente boa topou fazer algo tão ridículo? Será que estão falidos ou algo parecido? Ver Streisand de tantas glórias no passado atuando aqui só traz vergonha alheia e pena. Nada funciona, o filme não tem uma estória para contar, as situações são sem graça e beiram o tédio (algo mortal para um filme que supostamente seria uma comédia). É um tipo de humor estúpido, rasteiro, debilóide, infame. O título original dessa pavorosa franquia já diz a que veio - um trocadilho idiota do nome da família com um palavrão bem conhecido da língua inglesa. De fato esse tipo de comédia só vá agradar a pessoas sem muito nível cultural ou educacional. O roteiro é completamente imbecilizado e o argumento sequer existe, de tão péssimo que é.

Ben Stiller continua péssimo, fazendo sempre o mesmo personagem, filme após filme. Novamente aqui ele entrega mais um personagem pamonha para acabar com nossa paciência. Comediante completamente sem graça ele se limita a fazer cara de paspalho por toda a sua filmografia. É especializado em vender lixo para um público idiota. Parece que os americanos gostam de seu tipo uma vez que ele está por ai já há um bom tempo. Bom, como diria Brando o público americano não é mesmo conhecido por sua inteligência e nem bom gosto. Ele é um tipo baixinho, franzino, sem expressão e só perde no quesito mediocridade para o também horrível Adam Sandler, esse campeão absoluto nessa categoria. Mas isso nem é o pior, o constrangedor mesmo é ver o grande Robert De Niro participando de cenas ridículas de flatulências e ereções involuntárias. Muito tosco. O que será que deu na cabeça dele para jogar seu prestígio assim pela latrina? Será que perdeu o prazer de atuar ou apenas virou um mercenário que aceita fazer qualquer tipo de filme apenas por causa do dinheiro? No meio de tanta coisa ruim apenas a gracinha Jessica Alba se salva. Voluntariosa ela tenta trazer alguma credibilidade à sua personagem, uma vendedora de remédios para disfunção erétil (um papel bem parecido já foi feito recentemente por Jake Gyllenhaal em "Amor e Outras Drogas"). Mesmo assim ganhou o Framboesa de Ouro de Pior atriz coadjuvante. Se ela é a melhor coisa do filme e levou o Framboesa imagine o resto! Aliás o filme foi fartamente indicado no Razzie Award concorrendo ainda nas categorias “Pior Roteiro” e novamente “Pior Atriz Coadjuvante” para Barbra Streisand, que poderia muito bem se aposentar sem passar por essa vergonha. Enfim, "Little Fockers" é chato como uma festa para crianças, só que no caso os palhaços sem graça são atores consagrados e você que pagou para ver esse abacaxi. Vai encarar?

Entrando Numa Fria Maior Ainda Com a Família (Little Fockers, Estados Unidos, 2010) Direção: Paul Weitz / Roteiro: John Hamburg, Larry Stuckey, Greg Glienna, Mary Ruth Clarke / Elenco: Robert De Niro, Ben Stiller, Owen Wilson, Dustin Hoffman, Barbra Streisand, Blythe Danner, Teri Polo, Jessica Alba, Laura Dern / Sinopse: Mais uma continuação da franquia sem graça Fockers. Aqui a família tem que lidar com bebezinhos chatinhos que puxaram aos pais nos quesitos aborrecimento e tédio.

Pablo Aluísio.

O Homem do Oeste

Link Jones (Gary Cooper) foi criado em uma família de ladrões, assassinos e bandidos. Após cometer alguns crimes ao lado de seu tio e mentor Dock Tobin (Lee J. Cobb) ele foge e tenta reconstruir sua vida numa distante e pequenina vila do velho oeste. Anos depois durante um assalto ao trem onde viajava Link acaba descobrindo que seu tenebroso passado está de volta para atormentar sua vida! "O Homem do Oeste" é seguramente um dos melhores faroestes psicológicos da história do cinema americano. O filme tem uma carga de tensão absurda durante toda sua duração. O espectador não consegue desgrudar os olhos dos acontecimentos e o roteiro escrito pelo expert Reginald Rose joga excepcionalmente bem com toda a situação. A trama toda se passa em menos de 24 horas - desde o momento em que o trem que leva Link é assaltado até sua chegada com o bando de Dock Tobin numa fantasmagórica e abandonada cidade no meio do deserto de Mojave (um dos locais mais hostis dos EUA).

Godard considerava "O Homem do Oeste" um dos melhores westerns já feitos. Não discordo em nada de sua opinião. Gary Cooper está excelente no papel de um homem que busca redenção mas que não consegue se livrar de uma vida de balas e mortes. Embora esteja excepcionalmente bem em cena temos que admitir que no quesito interpretação o filme pertence mesmo a Lee J. Cobb. No papel do malvado e cruel tio do personagem de Cooper, Cobb contrói uma magnífica caracterização. Um velho ladrão, pistoleiro, transpirando maldade e ruindade por todos os poros. Sua atuação realmente impressiona e fica marcada para os fãs de western. Perfeita. Por fim vale a pena lembrar que "O Homem do Oeste" não foi dirigido por qualquer um mas sim pelo genial cineasta Anthony Mann de tantos westerns excepcionais como "Winchester 73" e "Um Certo Capitão Lockhart". Um craque no estilo. Enfim recomendo "O Homem do Oeste", um faroeste brilhante que não deve faltar na coleção de nenhum cinéfilo fã do gênero.

O Homem do Oeste (Man Of The West, Estados Unidos, 1958) Direção: Anthony Mann / Roteiro: Reginald Rose baseado no livro de Will C. Brown / Elenco: Gary Cooper, Julie London, Lee J. Cobb / Sinopse: Link Jones (Gary Cooper) foi criado em uma família de ladrões, assassinos e bandidos. Após cometer alguns crimes ao lado de seu tio e mentor Dock Tobin (Lee J. Cobin) ele foge e tenta reconstruir sua vida numa distante e pequenina vila do velho oeste. Anos depois durante um assalto ao trem onde viajava Link acaba descobrindo que seu tenebroso passado está de volta para atormentar sua vida!

Pablo Aluísio.

sábado, 26 de maio de 2012

Robin Hood - O Príncipe dos Ladrões

Robin Hood segue sendo um personagem controvertido. Até hoje os historiadores não chegaram a uma conclusão definitiva se ele foi uma pessoa real que viveu na Inglaterra durante a Idade Média ou se é apenas fruto da imaginação de trovadores, poetas e prosadores medievais. O máximo que se conseguiu chegar através de documentos históricos foi a confirmação da existência de não apenas um mas de dois criminosos famosos da época que lutavam contra o terrível Xerife de Nothingham. Muito provavelmente os escritores medievais resolveram fundir ambos em apenas um personagem apenas, surgindo daí a figura lendária de Robin Hood tal como a conhecemos. Inicialmente habitando as páginas da literatura Robin logo foi adotado nos primórdios do nascimento do cinema. Não é de se admirar pois esse é seguramente um personagem talhado para a sétima arte. Nas aventuras de Robin Hood temos emoção, romance e a eterna luta do bem contra o mal. Embora medieval Robin Hood parece mesmo ter sido criado para as telas. Essa aqui é uma das versões mais simpáticas e bem realizadas. Kevin Costner no auge de sua popularidade resolveu encarar esse projeto do amigo Kevin Reynolds que trazia para o público atual as irresistíveis estórias do príncipe dos ladrões, que roubava dos ricos para dar aos pobres. O curioso é que Costner não acreditava muito no filme, confessando inclusive que o fez mais por consideração ao amigo cineasta do que por qualquer outra razão. Mal sabia ele que esse iria se tornar um de seus grandes sucessos no cinema. (sua bilheteria ultrapassou os 400 milhões de dólares, um enorme êxito para a década de 90).

E qual afinal foi a razão de tanto sucesso? Simples, o filme respeita e mantém a essência e o espírito do personagem. Robin Hood é isso: aventura, paixão e muita ação. O resultado fica bem longe do mais recente filme feito que se tornou bem chato ao se preocupar em ser historicamente correto demais. Essa produção da Warner não nega as origens do herói e se assemelha bastante até mesmo ao clássico estrelado por Errol Flynn. A trama se passa na Inglaterra medieval do século XII. Robin Hood (Kevin Costner) é um veterano das cruzadas do Rei Ricardo Coração de Leão (Sean Connery) que volta para seu lar após muitos anos na terra santa. Ao retornar descobre que sua querida terra está sob as ordens do infame Xerife de Nothingham (Alan Rickman, sempre inspirado) que não hesita em explorar e humilhar os mais pobres e humildes da região. Acusado injustamente de um crime que não cometeu Robin encontra refúgio na floresta de Sherwood onde encontra uma comunidade de foras-da-lei. Decidido a lutar contra as injustiças acaba criando um verdadeiro mito em torno de seu nome, que representará pelos séculos afora a luta do homem comum contra o poder despótico dos poderosos. Destaque para o personagem mouro Azeem em carismática interpretação de Morgan Freeman e da participação especial de Sean Connery como o mitológico rei. Sua presença no filme inclusive foi escondido do grande público para criar surpresa no espectador na cena final quando finalmente surge na tela. Assim fica a dica para quem ainda não conhece: Robin Hood com Kevin Costner, uma aventura com o sabor das antigas matinês.

Robin Hood - O Príncipe dos Ladrões (Robin Hood: The Prince of Thieves, Estados Unidos, 1991) Direção: Kevin Reynolds / Roteiro: Pen Densham, John Watson / Elenco: Kevin Costner, Morgan Freeman, Mary Elizabeth Mastrantonio, Christian Slater, Alan Rickman, Geraldine McEwan, Michael McShane, Brian Blessed, Nick Brimble, Michael Wincott, Sean Connery / Sinopse: Nova versão para as aventuras do mitológico Robin Hood. Veterano das cruzadas ele é perseguido pelo Xerife de Nothingham tendo que fugir para a floresta onde começa a roubar dos ricos para dar aos pobres.

Pablo Aluísio.

Dirty Dancing

Baby (Jennifer Grey) é uma adolescente que vai com os pais passar férias em um resort no começo da década de 60. Lá conhece o dançarino e professor de dança Johnny Castle (Patrick Swayze) e fica completamente apaixonada por ele. "Dirty Dancing" segue sendo lembrado como um dos melhores musicais da década de 80. Com boa trilha sonora e roteiro romântico caiu no gosto das jovens da época e se tornou um tremendo sucesso de bilheteria rendendo uma fortuna em seu lançamento. Todos os ingredientes estavam lá: a jovem apaixonada pelo empregado bonitão e atraente, muita dança e músicas de sucesso. Quando foi lançado o filme foi severamente criticado por ser fútil e sem conteúdo. Bobagem. "Dirty Dancing" conseguiu muito bem dialogar com o universo juvenil, mostrando os primeiros amores das adolescentes, com seus ideais românticos, tudo em um clima de nostalgia muito bem reconstituído na tela. Até o fato da estória se passar na década de 60 caiu muito bem. No final a produção conseguiu agradar não só as jovens que iam ao cinema como também suas mães que ficaram com nostalgia de sua própria juventude.

Em essência o filme é uma diversão descompromissada que deve ser encarada dessa forma. Patrick Swayze no auge do sucesso e juventude encontrou o papel síntese de toda sua carreira. Bom bailarino, carismático e boa pinta ele logo se transformou no modelo de namorado que toda garota gostaria de ter em 1987. Não demorou muito para virar ídolo jovem tendo seu rosto estampado em posters que as adolescentes colavam nas paredes de seus quartos. Depois do sucesso de "Dirty Dancing" ele teve uma carreira de altos e baixos até sua morte precoce em 2009. Já Jennifer Grey, a Baby, não conseguiu se firmar na carreira. Após o sucesso de "Dirty Dancing" fez uma cirurgia plástica desastrosa em seu rosto pois não gostava do formato de seu nariz. O problema é que a cirurgia acabou mudando sua imagem e quando tentou voltar ao cinema ninguém mais a reconhecia! Sem espaço no cinema acabou indo para a TV onde fez vários telefilmes. Em suma é isso, "Ditty Dancing" é nostálgico, romântico e até mesmo cativante. Certamente pode ser considerado bobinho e inofensivo mas isso não é demérito pois nem todo filme tem a obrigação de mudar o mundo, muitas vezes a mera diversão já é mais do que bem-vindo e nesse aspecto não há o que discutir, o filme é divertido e leve. Se ainda não assistiu dê uma chance ao Ritmo Quente.

Dirty Dancing - Ritmo Quente (Dirty Dancing, Estados Unidos, 1987) Direção: Emile Ardolino / Roteiro: Eleanor Bergstein / Elenco: Patrick Swayze, Jennifer Grey, Jerry Orbach, Cynthia Rhodes / Sinopse: Baby (Jennifer Grey) é uma adolescente que vai com os pais passar férias em um resort no começo da década de 60. Lá conhece o dançarino e professor de dança Johnny Castle (Patrick Swayze) e fica completamente apaixonada por ele.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

A Bela Adormecida

Após "A Dama e o Vagabundo" Walt Disney resolveu levar para as telas um conto de fadas da linha mais tradicional. A estória cheia de princesas, príncipes, fadas e rainhas do mal caiu como uma luva em suas pretensões. "A Bela Adormecida" foi compilada em 1812 pelos irmãos Grimm mas eles não são os autores originais. De fato esse é um conto de fadas de longa tradição oral dentro da cultura germânica e tem seus primeiros registros escritos datados do século XV. É o tipo de estorinha onde o bem vence o mal, criada para que as crianças recebam suas primeiras lições de virtude, beleza e moral. A animação de Disney é um primor. Como sempre ele se cercou dos melhores artistas e animadores em seu estúdio para criar mais uma pequena obra prima. O resultado é sublime, cada cena é extremamente bem trabalhada, com quadros que muitas vezes mais lembram quadros de arte. A trilha sonora com lindas canções (interpretadas ao velho estilo) engrandecem ainda mais o desenho. Todas as músicas foram adaptações do balê Sleeping Beauty, de Piotr Ilitch Tchaikovsky.

A trama? Aurora é uma linda princesa que nasce em um reino harmonioso e feliz. Logo no berço porém é amaldiçoada por uma Rainha má e feiticeira que lhe joga a seguinte maldição: aos 16 anos ela encontrará sua morte ao encostar num velho objeto medieval. Para salvá-la desse triste destino três fadinhas mudam o feitiço, evitando que morra, mas que sim entre em profundo sono até ser acordada por um lindo príncipe que a despertará através de um beijo apaixonado. O conto tem uma série de semelhanças com "Branca de Neve" o que é esperado uma vez que ambos os contos tiveram uma origem comum, na mesma cultura medieval alemã. Disney fez várias adaptações do conto original para tornar a animação mais fluente e dinâmica (no original, por exemplo, eram 12 fadas e não 3 como mostrado aqui). Em nenhum momento isso atrapalha sua versão, pelo contrário, todas suas decisões foram extremamente bem realizadas. Assim "A Bela Adormecida" se revela ainda hoje muito cativante e apaixonante. É sem dúvida mais uma prova da genialidade de Walt Disney.

A Bela Adormecida (Sleeping Beauty, Estados Unidos,1959) Direção: Clyde Geronimi / Roteiro: Walt Disney (não creditado), Erdman Penner, Joe Rinaldi, Winston Hibler baseados no conto de fadas “Dornröschen”, compilado pelos irmãos Grimm / Elenco (vozes): Mary Costa, Bill Shirley, Eleanor Audley, Bill Shirley / Sinopse: Jovem princesa é amaldiçoada por uma bruxa má. Para livrá-la da maldição do sono eterno ela terá que ser beijada ternamente pelo seu príncipe encantado. Indicado ao Oscar de Melhor Trilha Sonora e ao Grammy na categoria melhor álbum de trilha sonora original.

Pablo Aluísio.

Justiça Vermelha

Richard Gere é adepto do budismo. Seguidor da milenar filosofia é também um defensor dos direitos do Dalai Lama e de seu país, o Tibet. Como se sabe essa pequena, pacífica e espiritual nação foi invadida pela China que depôs o líder daquele povo, colocando em seu lugar um governo local submisso ao forte governo central chinês. Por essa razão não é de se admirar que o ator tenha entrado em um projeto como esse que em última instância é um manifesto de denúncia contra a ditadura comunista de Pequim. No filme Richard Gere interpreta o advogado americano Jack Moore que está na China negociando a venda de um sofisticado programa de última geração para satélites, uma tecnologia de ponta que interessa ao Estado daquele país. Após um dia exaustivo de negociações ele resolve passar a noite com uma bela modelo chinesa, Hong Ling (Jessey Meng). Seus problemas começam no dia seguinte quando percebe que a mulher está morta. Acusado de assassinato sua vida se torna literalmente um inferno. O sistema judicial chinês se revela completamente parcial em relação a estrangeiros, com procedimentos processuais obscuros e complicados, além de um sistema de punição que viola todos as cartas de direitos humanos do mundo civilizado. 

Com esse filme Richard Gere e o diretor Jon Avnet conseguiram levar para o centro dos debates a suposta terrível ditadura daquele país. Foi uma forma indireta de atingir Pequim pelo que fez ao povo do Tibet. Gere se submeteu a uma grande turnê de divulgação de seu novo filme, ao mesmo tempo em que aproveitava a oportunidade para denunciar os problemas políticos chineses. O problema é que o público americano não se mostrou muito interessado no tema e com isso a bilheteria foi considerada apenas discreta. O filme não chegou a dar prejuízo mas também não se tornou um sucesso absoluto de público. Para Gere isso foi bem secundário pois o que ele queria conseguiu pois a imprensa levantou o tema do Tibet causando desconforto com o governo chinês. Com isso Gere foi considerado persona non grata naquele país.. Como filme em si, deixando todos esses aspectos de bastidores de lado, o filme é realmente muito interessante mas vai chamar mais a atenção para estudantes e operadores de direito, uma vez que vários temas jurídicos ganham relevo em seu texto. De qualquer modo vale certamente a indicação.

Justiça Vermelha (Red Corner, Estados Unidos, 1997) Direção: Jon Avnet / Roteiro: Robert King / Elenco: Richard Gere, Bai Ling, Bradley Whitford, Byron Mann, Peter Donat / Sinopse: Advogado americano é acusado injustamente de assassinato de uma mulher chinesa. Sem direito a uma defesa adequada ele tem que lidar com o obtuso e absurdo sistema judicial chinês.

Pablo Aluísio.

Sombras da Noite

Tim Burton é um cineasta de extremos. Alguns o veneram, outros o odeiam, parece até mesmo não haver meio termo quando se trata de seus filmes. Pessoalmente jamais pensei assim. Sempre vi Tim Burton como um diretor de altos e baixos. Ele já dirigiu pequenas obras primas como "Ed Wood" e "Edward Mãos de Tesoura" mas também tem sua cota de desastres e filmes medíocres como "Alice", por exemplo. Esse "Sombras da Noite" fica no meio termo. Não é uma obra prima e nem um abacaxi. Na realidade é um bom filme, um Tim Burton dos bons. A produção tem todo um charme, um clima gótico que gostei bastante. O roteiro é baseado numa antiga estória que já tinha sido apresentada na TV em forma de seriado na década de 70 (o filme mantém a ambientação pois tudo acontece no ano de 1972). A trama é bem fantasiosa mas relativamente simples: Barnabas Collins (Johnny Depp) é filho de uma rica família inglesa que é amaldiçoado por uma bruxa. Encarcerado por dois séculos dentro de um caixão consegue escapar retornando para sua antiga mansão, agora habitada por parentes distantes de sua linhagem familiar. Ele é um vampiro vitoriano que tenta entender as mudanças da sociedade - carros, televisões, aparelhos eletrônicos!. Em busca de seu antigo amor, Josette (Bella Heathcote), que foi morta pela mesma bruxa que o aprisionou, Barnabes agora parte para sua vingança pessoal. 

É curioso não ser um produto original escrito por Tim Burton pois a estória se encaixa perfeitamente na linha de seu trabalho. O gótico aqui convive com o cotidiano mais banal dos habitantes da cidadezinha - tal como acontecia em "Edward Mãos de Tesoura". O vampiro Barnabes é uma figura trágica e cômica ao mesmo tempo. O clima reinante é de absurdo fantasioso, um ambiente que os fãs de Tim Burton conhecem muito bem. O elenco de apoio é formado por bons atores como Michelle Pfeifer (ainda bonita apesar da idade), Helena Bonham Carter (que parece ter tirado seu figurino e cabelos de "Marte Ataca") e Chloë Grace Moretz (a vampirinha de "Deixe-me Entrar" e "Kick Ass", aqui interpretando uma adolescente irritante). Como se não bastasse ainda há divertidas participações especiais de Christopher Lee e Alice Cooper. O saldo final é divertido e vai agradar a quem deseja assistir um bom filme dark cômico sem maiores pretensões.  

Sombras da Noite (Drak Shadows, Estados Unidos, 2012) Direção: Tim Burton / Roteiro: Seth Grahame-Smith, John August / Elenco: Johnny Depp, Michele Pfeifer, Helena Bonham Carter, Eva Green, Chloë Grace Moretz, Christopher Lee, Alice Cooper / Sinopse: Barnabas Collins (Johnny Depp) é filho de uma rica família inglesa que é amaldiçoado por uma bruxa. Encarcerado por dois séculos dentro de um caixão consegue escapar retornando para sua antiga mansão, agora habitada pos parentes distantes de sua linhagem familiar. Ele é um vampiro vitoriano que tenta entender as mudanças da sociedade - carros, televisões, aparelhos eletrônicos!. Em busca de seu antigo amor, Josette (Bella Heathcote), que foi morta pela mesma bruxa que o aprisionou, Barnabes agora parte para sua vingança pessoal. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Capote

"Capote" traz a melhor atuação do talentoso Philip Seymour Hoffman no cinema. Levando-se em conta que o ator fez excelentes trabalhos ao longo de toda sua carreira, isso definitivamente não é pouca coisa. O personagem enfocado é dos mais controvertidos. Durante décadas Truman Capote (1924 - 1984) foi um dos mais influentes jornalistas e escritores americanos. Dono de um estilo único e visceral, Capote foi um dos melhores cronistas de seu país. Sob uma vertente nua e crua ele expôs como poucos as vísceras de uma América que passava muito longe daquela idealizada pelos pais da nação. Na escrita de Capote veio à tona o país das mazelas, das discriminações, da marginalidade e da futilidade também. Tudo em doses excessivas, sem meio termo. Sua obra prima, "A Sangue Frio" é um daqueles livros simplesmente obrigatórios para todos que prezam uma boa e inteligente leitura. O autor se destacou por fazer um jornalismo diferente, que tangenciava não apenas o aspecto informativo mas também literário. Foi assim um dos verdadeiros pioneiros do que ficaria conhecido anos depois como jornalismo literário.

Trazer à tona em uma única cinebiografia uma pessoa com obra tão importante como essa não seria fácil. Capote tinha uma personalidade muito diferenciada, única e transpor aquele jeito de ser poderia desbancar facilmente para a mera caricatura. Felizmente para o espectador temos aqui em cena um dos melhores atores da nova geração. Philip Seymour Hoffman incorpora Capote com sutileza e bom gosto. Nunca cai no grotesco e nem faz qualquer tipo de concessão. De fato sua atuação é seguramente uma das mais brilhantes dos últimos dez anos dentro da indústria do cinema americano. Assim quando seu nome foi anunciado na noite do Oscar ninguém realmente se surpreendeu. Nenhum concorrente conseguia chegar à altura de sua atuação - o prêmio foi considerado uma barbada e mais do que merecido. Outra decisão acertada foi focar a trama do filme em um evento específico da vida de Capote. Assim evitou-se aquele tipo de trama sem foco, disperso como aconteceu recentemente em "A Dama de Ferro". O resultado final é brilhante em um filme que funciona em todos os aspectos. "Capote" é uma obra cinematográfica extremamente digna e à altura do grande talento de Truman Capote. Imperdível.

Capote (Capote, Estados Unidos, 2005) Direção: Bennett Miller / Roteiro: Dan Futterman / Elenco: Philip Seymour Hoffman, Catherine Keener, Clifton Collins Jr., Chris Cooper, Bruce Greenwood / Sinopse: Cinebiografia do escritor e jornalista americano Truman Capote. Autor de obras primas como "A Sangue Frio" seu estilo visceral marcou o jornalismo e a literatura americana do século XX.

Pablo Aluísio.

Ray

Ray Charles (1930  - 2004) foi uma grande figura humana. Nasceu em um dos Estados americanos mais racistas daquele país, era pobre e negro e como se isso não bastasse logo na infância perdeu sua visão. Sem alternativas cedo caiu na estrada para sobreviver e em sua longa luta de vida acabou se tornando um dos grandes ícones da música americana. Sua biografia é extremamente rica em situações e momentos importantes e transpor tudo para apenas um filme seria praticamente impossível. "Ray" porém não decepciona em nenhum momento. Interpretado de forma inspirada por Jamie Foxx, o grande cantor e compositor parece voltar á vida para nos presentear com mais um belo momento de sua carreira. O roteiro tenta de forma mais inteligente possível pincelar aqueles que são considerados os momentos chaves na vida de Ray Charles. Assim acompanhamos a assinatura de seu primeiro contrato com uma grande gravadora, seu conturbado casamento, o problema que enfrentou ao se viciar em drogas e finalmente a sua consagração como grande músico que era.

Além da trilha sonora excepcional de "Ray" (não poderia ser diferente), o filme ainda tem como grande atrativo a atuação magistral de Jamie Foxx. O curioso é que ele nunca foi um grande ator dramático, começando sua carreira em comédias sem maior importância. O estúdio inclusive não acreditava muito nele para viver Ray Charles. Só após um excepcional teste com o diretor Taylor Hackford é que ele finalmente conseguiu ganhar o papel. O grande mérito de Jamie é se afastar da caricatura que além de desrespeitosa é inadequada. Mesmo repetindo os trejeitos mais característicos do artista ele conseguiu um resultado que acima de tudo respeita o modo de ser do cantor. Taylor Hackford, o cineasta, também conseguiu evitar o dramalhão, fazendo um filme bom de assistir que em momento algum carrega nas tintas. Ele já tinha experiência com outro grande nome da música negra americana ao dirigir o ótimo "Chuck Berry - O Mito do Rock" e essa experiência lhe ajudou a fazer um filme com ótimo timing e desenvolvimento. Como resultado de tanto capricho o filme foi premiado com o Oscar de Melhor ator para Jamie Foxx em 2005, um prêmio que ninguém ousou contestar. Um ótimo desfecho para um filme que é acima de tudo uma homenagem a esse grande nome da música de nosso tempo.

Ray (Ray, Estados Unidos, 2004) Direção: Taylor Hackford / Roteiro: Taylor Hackford, James L. White / Elenco: Jamie Foxx, Regina King, Kerry Washington, Michael Arata, Curtis Armstrong, Patrick Bauchau, Jude Cambise. / Sinopse: Cinebiografia do cantor e compositor Ray Charles. Sua infância, sua batalha para vencer na vida, seus problemas de saúde, seus amores e seus problemas com drogas - tudo é mostrado em um retrato muito honesto de um dos grandes nomes da história da música americana.

Pablo Aluísio .

quarta-feira, 23 de maio de 2012

O Sexto Sentido

É realmente uma pena que um cineasta tão promissor como M. Night Shyamalan esteja em uma situação tão ruim na carreira como agora. Após alguns fracassos de público e crítica sua filmografia encontra-se em um beco sem saída. Isso me fez recordar desse "O Sexto Sentido", considerado por muitos a obra prima do diretor. Não é para menos, com um roteiro realmente surpreendente (que quanto menos se revelar, melhor), o texto brinca o tempo todo com o espectador que acaba levando um verdadeiro choque na cena final do filme. Depois do sucesso o argumento foi imitado à exaustão por um sem número de filmes de terror que tentavam aproveitar a onda do sucesso de "O Sexto Sentido". De repente todo filme trazia uma reviravolta mirabolante para causar aquela surpresa no público. Como sempre acontece no mundo das artes, o fato de ter sido tão imitado e copiado acabou desvalorizando a obra original. Hoje revisto o filme já não causa muito impacto, até porque é em essência aquele tipo de produção que uma vez revelada sua surpresa perde praticamente todo o impacto.

O sucesso foi espetacular. Para um filme de orçamento modesto e pretensões idem, "O Sexto Sentido" conseguiu a proeza de fatura mais de 700 milhões de dólares em bilheteria, um número realmente assombroso. O êxito comercial obviamente teve seu lado bom e ruim. O aspecto positivo foi que o gênero terror voltou ao topo em Hollywood por algum tempo. De uma hora para outra os estúdios acordaram para o fato de que o público ainda poderia comparecer em massa para ver filmes assim. O lado negativo foi que o sucesso trouxe uma liberdade a M. Night Shyamalan que ao longo do tempo lhe faria muito mal. Livre das amarras dos grandes estúdios ele começou a dar vazão a uma série de idéias que nem sempre funcionavam nas telas. Sem freios criaria argumentos sem pé nem cabeça para seus futuros filmes o que mais cedo ou mais tarde o acabaram levando para o buraco. Isso porém é tema para analisarmos quando formos falar de seus outros filmes. Por enquanto vale a pena deixar a indicação para essa pequena obra prima que causou muito impacto em seu lançamento. Nunca um filme sobre um garotinho que via gente morta despertou tanto interesse antes na história do cinema americano.

O Sexto Sentido (The Sixth Sense, Estados Unidos, 1999) Direção: M. Night Shyamalan / Roteiro: M. Night Shyamalan / Elenco: Bruce Willis, Haley Joel Osment, Toni Collette,  Olivia Williams, Donnie Wahlberg / Sinopse: Cole Sear (Haley Joel Osment) é um garotinho que nasceu com o poder de ver, falar e interagir com pessoas mortas. Para tentar estudar e solucionar seu problema ele começa a desenvolver uma sólida amizade com o Dr. Malcolm Crowe (Bruce Willis) que parece particularmente intrigado com esse precioso dom do garoto.

Pablo Aluísio.

Kalifornia

Poucos ainda se recordam hoje em dia desse que foi um dos primeiros filmes de Brad Pitt a ganhar maior repercussão. De fato até aquele momento o ator só tinha se destacado mesmo com sua pontinha em "Thelma e Louise" e depois no drama nostálgico "Nada é Para Sempre", uma emocional volta ao passado dirigido pelo sempre correto Robert Redford na direção. "Kalifornia" destoa de todos os seus trabalhos anteriores. O filme é de complicada classificação pois passeia com êxito por diferentes gêneros cinematográficos. É extremamente violento e impactante mas isso não lhe tira o foco do aspecto mais humanos dos personagens insanos. A trama investe num tipo que tem se tornado comum nos últimos anos - a dos fãs de Serial Killers. Existe todo um nicho específico para os que gostam de conhecer as histórias desses assassinos em série. Há vasta literatura sobre o assunto e milhares de sites que possuem como temática a vida desses psicopatas. O tema, apesar de assustador e terrível, já entrou definitivamente dentro da cultura pop.

Pois bem, no filme acompanhamos um casal de jornalistas que resolvem visitar os locais históricos por onde passaram os mais famosos assassinos da história dos EUA; Brian Kessler (David Duchovny) e Carrie Laughlin (Michelle Forbes) formam o casal que decide embarcar nessa estranha viagem. Para dividir os custos da viagem resolvem colocar um anúncio nos jornais convidando pessoas que se interessem pelo assunto e que queiram fazer a mesma excursão. Quem responde aos anúncios é o casal formado por Adele Corners (Juliette Lewis) e Early Grayce (Brad Pitt). Ela é uma mulher submissa ao irascível marido, Early que não parece ter o juízo no lugar. O que não sabem é que ele próprio é um psicopata violento, com acessos de fúria e violência. A viagem que parecia ser um tanto inusitada acaba virando um terror completo para todos os envolvidos. Kalifornia causou certa polêmica em seu lançamento justamente porque há um viés de apologia à vida desses assassinos. Não penso que seja o caso, na realidade se trata de um bem orquestrado road movie com muitas cenas de suspense e tensão. Uma boa amostra do cinema mais ousado da década de 90. Procure conhecer, vai valer a pena.

Kalifornia - Uma Viagem ao Inferno (Kalifornia, Estados Unidos, 1993) Direção: Dominic Sena / Roteiro: Stephen Levy, Tim Metcalfe / Elenco: Brad Pitt, Juliette Lewis, Kathy Larson,  David Duchovny / Sinopse: Casal resolve conhecer os lugares históricos onde viveram os principais psicopatas dos Estados Unidos. Para dividir as despesas resolve viajar com um outro casal. O problema é que eles não serão bons companheiros de viagem.

Pablo Aluísio.

Terror na Água

Se existe uma palavra para definir Shark Night essa palavra é: desnecessário. O pobre Tubarão só teve boa representatividade no cinema no primeiro filme de Spielberg. O tema soava original, tinha boa trilha sonora (todo mundo até hoje lembra da musiquinha que tocava quando o Tubarão atacava) e o filme virou um marco, considerado por muitos o precursor do que hoje se chama Blockbuster. Pois bem, o tempo passou, Tubarão ganhou várias continuações (todas péssimas) e de vez em quando alguém tenta ressuscitar filmes de pessoas sendo mortas por esse peixe. Esse Shark Night então tenta requentar um velho prato, um cozido que já deu o que tinha que dar. Na trama somos apresentados a um grupo de jovens que vão passar férias numa bonita casa isolada e cercada por um belo lago salgado. 

Bom, pela premissa já deu para ver que: a) os jovens só estão lá para servirem de carne fresca para as mortes e b) todo mundo já sabe que será o tubarão que vai jantar todos eles. Os atores jovens são todos displicentes e obtusos. Todos são clichês ambulantes. Tem a loirinha gostosa (que não aparece nua, um absurdo em filmes desse tipo), tem o jogador de futebol americano bonitão (que vai dar uma de herói mais tarde), tem os nerds (filme com jovens americanos sem nerds é impossível) e por fim tem o negro da turma (que obviamente será o primeiro a ser devorado pelo tubarão, claro!). Fora isso realmente nada de novo. Os efeitos não são bons, nada de muito espetacular acontece e tudo se resume a acompanharmos um por um dessa galera sendo devorados. Uma tremenda bobagem no final das contas. Melhor rever o original de Spielberg - é mais interessante. 

Terror na Água (Shark Night, Estados Unidos, 2011) Direção: David R. Ellis / Roteiro: Will Hayes, Jesse Studenberg / Elenco: Sara Paxton, Dustin Milligan, Chris Carmack / Sinopse: Um grupo de jovens vão passar férias numa bonita casa isolada, cercada por um belo lago salgado. O que não sabem é que o local é habitado por terríveis tubarões assassinos.  

Pablo Aluísio.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Questão de Honra

A disciplina militar tem sua própria lógica que muitas vezes não faz o menor sentido fora do ambiente de caserna. Esse é o pano de fundo de "Questão de Honra", uma grande produção da década de 90 que conseguiu reunir três astros em ascensão na época, Jack Nicholson, Tom Cruise e Demi Moore. Depois do relativo fracasso de "Um Sonho Distante" Tom Cruise resolveu apostar em um projeto de sucesso garantido. Aqui ele interpreta um jovem advogado das forças armadas americanas que tenta provar um crime militar ocorrido dentro de uma base aonde um jovem soldado supostamente teria sido morto por seus colegas de farda. Para tanto ousa convocar para depor um coronel casca grossa (brilhantemente interpretado por Nicholson). Sua frase durante o depoimento: "You can't handle the truth!" ("Você não suportaria a verdade!") foi considerada uma das mais marcantes da história recente do cinema americano. Nicholson tinha acabado de ganhar uma verdadeira fortuna com o sucesso do primeiro filme de Batman e estava ali para novamente causar sensação. É curioso ver um ator desse quilate dando um verdadeiro baile em Tom Cruise. Verdade seja dita: Cruise não é páreo para Nicholson em cena. Isso fica bem claro na cena final do depoimento do personagem de Jack. Ele simplesmente destrói Cruise e o cospe fora. Simples assim. .

A única peça no elenco que não parece se encaixar é Demi Moore. Complicado acreditar que ela seja digna de alguma patente militar. Vacilante, sem achar o tom certo de seu papel, ele se refugia apenas em sua beleza e tenta não passar vergonha ao lado do elenco brilhante. É certo que o filme poderia ser menos burocrático e ter um corte menos pesado. O diretor Rob Reiner porém costuma ter mão pesada, confundindo longa duração com qualidade. Isso já havia acontecido com "Conta Comigo". A produção aqui sofre dessa mesma falta de ritmo mas a presença de Nicholson consegue superar o mal estar. O saldo final é positivo, apesar de pontuais problemas. "Questão de Honra" fez sucesso e recebeu várias indicações para as principais premiações, inclusive Oscar e Globo de Ouro. Infelizmente não conseguiu ganhar nada de muito significativo mas pelo menos marcou presença nessas competições. Afinal o que vale é competir.

Questão de Honra (A Few Good Men, Estados Unidos, 1992) Direção: Rob Reiner / Roteiro: Aaron Sorkin / Elenco: Tom Cruise, Jack Nicholson, Demi Moore, Kevin Bacon, Kiefer Sutherland / Sinopse: Durante um julgamento militar, defesa e acusação tentam esclarecer fatos ocorridos dentro de uma base militar que ocasionaram a morte de um soldado.

Pablo Aluísio.

O Castelo Assombrado

Vincent Price era um homem muito culto, colecionador de artes, bon vivant, que ganhava a vida interpretando alguns dos personagens mais imaginativos da história do cinema, principalmente no gênero que o consagrou, o terror. Já Roger Corman era uma figuraça, diretor com muita imaginação para driblar a falta de orçamento de muitos de seus filmes. Sua sobrevivência em Hollywood lhe deu inspiração para escrever uma biografia muito bem humorada intitulada "Como eu fiz uma centena de filmes em Hollywood e nunca perdi um tostão!". Certo estava ele. Nesse "O Castelo Assombrado" encontramos todas as características que fizeram tanto a fama de Price como a de Corman.

O ator mais uma vez se utiliza de sua persona "nobre mas sinistro" que utilizou em um sem número de produções. Dentro de um cenário surpreendentemente bem feito, Price usa e abusa de seus famosos "olhares lânguidos", seja no papel de Ward seja no do Warlock ancestral Joseph. Para mudar de personalidade ele apenas precisa levantar as sobrancelhas e fitar o horizonte. Impagável. Outro destaque do filme é a trilha sonora (muito evocativa e bem colocada nas cenas de maior suspense). Por fim tem a beldade Debra Paget (que foi a namoradinha de Elvis Presley em Love Me Tender). Atriz de rara beleza ela aqui defende bem seu cachê embora não saia do convencional, em um papel tipicamente de "mocinha em perigo". Esse tipo de produção vai soar datada para muitos hoje em dia mas isso faz parte de seu charme. Aliás a nostalgia e o saudosismo envolvidos tornam "O Castelo Assombrado” ainda mais saboroso nos dias de hoje.

O Castelo Assombrado (The Haunted Palace, Estados Unidos, 1963) Direção: Roger Corman / Roteiro: Charles Beaumont baseado nas obras de Edgar Allan Poe e H. P. Lovecraft  / Elenco: Vincent Price, Debra Paget, Lon Chaney Jr,  Frank Maxwell,  Leo Gordon / Sinopse: Inspirado em Edgar Allan Poe e na obra “O Caso de Charles Dexter Ward” de H. P. Lovecraft o filme "O Castelo Assombrado" narra a estória de Joseph Curwen, um mestre em magias ocultas que acaba sendo queimado como bruxo no pequeno vilarejo onde mora. Um século depois um jovem casal decide visitar o castelo original de Joseph, que agora parece estar infestado por espíritos malignos do passado.

Pablo Aluísio. 

O Palhaço

"O Palhaço" é um filme para ser pequenino, simples, quase como uma fábula. A estorinha contada parece aqueles pequenos contos passados de pai para filho que sempre tem uma lição sobre a vida no final. Aqui acompanhamos a singela estória de um filho de dono de pequeno circo (desses que vagam pelos interiores do Brasil) que em certo momento da vida se questiona se aquilo realmente seria o que ele desejaria para sua vida. Em crise existencial procura uma saída para a vida circense na qual nasceu e sempre viveu. Como eu disse não cabem maiores reflexões metafísicas ou profundas nesse tipo de filme, ele foi concebido assim mesmo, para ser o mais singelo possível. Se fosse literatura "O Palhaço" não seria um romance de muitas páginas, seria um pequeno conto, bem escrito, com tudo encaixadinho, quase um conto de fadas. 

Por isso após assistir fiquei realmente impressionado com o status de obra prima que alguns críticos colocaram no filme. Acho que nem essa foi a intenção dos realizadores de "O Palhaço". Selton Mello, que dirigiu, roteirizou e até editou a película provavelmente não tinha essa intenção, o filme é realmente despretensioso, ainda bem diga-se de passagem. O elenco é todo muito bom, com participações bem divertidas de vários atores que há muito tempo não via como o famoso "Ferrugem" que fez muito sucesso na TV. Outros nomes do humorismo televisivo também se fazem presentes como Jorge Louredo (o famoso Zé Bonitinho de "A Praça é Nossa"). Em suma, o filme deve ser encarado assim, de forma simplória, o que não depõe contra seu resultado, pelo contrário, é sempre muito bem-vindo ver filmes nacionais tão líricos (e honestos) como esse. Um pequeno retrato do Brasil do interior com seus personagens singulares, tudo embalado a muito bolerão (com direito até a Altemar Dutra) e música brega. Vale a pena conferir. 

 O Palhaço (Idem, Brasil, 2011) Direção: Selton Mello / Roteiro: Selton Mello, Marcelo Vindicato / Elenco: Seltin Mello, Paulo José, Larissa Manoela / Sinopse: Pai e filho trabalham juntos em um pequeno circo do interior brasileiro. Refletindo sobre sua vida pessoal, Benjamim (Selton Mello) que interpreta o palhaço Pangaré decide dar um novo rumo à sua vida, procurando por um emprego fixo em uma cidade, deixando a vida circense para trás. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

O Corvo

Título no Brasil: O Corvo
Título Original: The Raven
Ano de Produção: 2012
País: Estados Unidos
Estúdio: Intrepid Pictures
Direção: James McTeigue
Roteiro: Ben Livingston, Hannah Shakespeare
Elenco: John Cusack, Luke Evans, Alice Eve, Brendan Gleeson
  
Sinopse:
Edgar Allan Poe (John Cusack) é um escritor maldito. Embora seja extremamente talentoso, criador de uma obra sem igual, ele não consegue sobreviver apenas com seus textos. Pior do que isso, logo se vê envolvido numa rede de mortes que supostamente estariam sendo inspiradas em seus próprios escritos macabros. Sondando o mundo dos mortos em sua obra, em crônicas de terror, logo se torna suspeito de ser o autor de todos os crimes. Filme indicado ao World Soundtrack Awards.

Comentários:
Edgar Allan Poe foi um dos primeiros escritores americanos que tentaram viver exclusivamente de seus escritos. O verbo "tentar" aqui não foi usado em vão, uma vez que sua vida foi muito dura nesse aspecto. Tentando sobreviver dos salários miseráveis que eram pagos pelos jornais da época, Poe tentou viver com dignidade, mas quase nunca conseguiu. Chegou a passar fome junto de sua família. Seus textos eram brilhantes, reconhecidos pela crítica e público, mas isso nunca traduziu-se em retorno financeiro. Além disso Poe teve uma vida errática - mudando sempre de emprego, de cidade, tentando sobreviver da melhor forma possível. Infelizmente sua vida estava destinada a ser trágica. Sua jovem esposa contraiu tuberculose (uma doença terrível, sem cura naqueles tempos) e essa sucessão de revezes na vida acabou custando ao homem Poe mais do que ele poderia suportar. Foi encontrado praticamente congelado nas ruas de Baltimore, delirando, falando frases sem nexo e morreu alguns dias depois. Uma vida assim merecia pelo menos um filme respeitoso, um produção digna do grande escritor que ele foi em vida. Ao invés disso gastaram tempo e dinheiro nesse "O Corvo" que de respeitoso não tem nada, não passando de uma bobagem comercial dessas que infestam as telas do mercado todas as semanas. Não se enganem. A verniz intelectual de se misturar aspectos da vida pessoal de Edgar Allan Poe com situações tiradas de algumas de suas obras não passa de uma enganação. "O Corvo" é um blockbuster disfarçado. Nisso se assemelha demais com a nova franquia Sherlock Holmes, se utilizando de elementos famosos da literatura clássica para vender pipoca em shopping center. Isso é o que acontece quando a cultura verdadeira é utilizada para vender subcultura em ritmo industrial. Não há sutileza, não há grandes momentos no filme, tudo se resume em apenas usar o nome do famoso escritor para tornar comercialmente viável uma produção que nunca diz a que veio, que nunca deixa claro quais são seus reais propósitos. Fiquei especialmente chateado porque o próprio personagem Poe do filme em praticamente nada lembra do escritor real, esse sim um gênio. Não consigo imaginar nada mais oportunista do que se aproveitar da fama de Poe apenas para vender sabão em pó como aqui. Lamentável.

Pablo Aluísio.

Jornada Nas Estrelas - O Filme

Para muitos o melhor filme de Jornada Nas Estrelas no cinema. Para outros um projeto bem intencionado que simplesmente não deu certo. Hoje, passados tantos anos, fica complicado saber com exatidão aonde esse primeiro filme da franquia Star Trek se encontra. Penso que ele está mais de acordo com a primeira opinião. De fato é um dos melhores roteiros de ficção científica já feitos, extremamente original, inteligente e bem escrito. O problema é que o público não entendeu a essência da produção na época e saiu com um gostinho de decepção amargo na boca. Uma injustiça certamente. Embora muitos críticos torçam o nariz  até hoje para o filme o qualificando de chato, arrastado e aborrecido, a verdade é que Star Trek 1 é muito mais do que isso. Dirigido pelo mestre Robert Wise (o cultuado cineasta de grandes clássicos Sci-Fi do passado como "O Dia Em Que a Terra Parou") o filme foca muito mais no lado cerebral da trama, deixando de certa forma a ação em segundo plano. O público acostumado com as explosões das guerras espaciais de Star Wars certamente estranhou e por essa razão houve tanta controvérsia em torno dessa obra. Bobagem, o tempo trouxe reconhecimento e hoje a produção é considerada cult e isso não apenas pelos fiéis fãs das aventuras de Spock e Kirk, mas também por quem aprecia filmes desse gênero em especial.

A trama acompanha a chegada na Terra de um estranho fenômeno cósmico que sai destruindo tudo por onde passa. Os principais cientistas não sabem ao certo do que se trata e nem qual seria sua verdadeira natureza. Desesperados enviam a nave Enterprise para tentar entender o que afinal seria esse verdadeiro "destruidor de mundos" que ruma direto em direção ao nosso planeta. O mais curioso é que embora desconhecido em nosso sistema solar a estranha "criatura" parece soar muito familiar para todos. Seria parte de algo inerente à nossa própria história que estaria voltando para um acerto de contas final? Não convém revelar mais nada. Como já escrevi antes, grande parte da força dessa produção provém de um roteiro muito bem elaborado, que certamente causou muito impacto aos fãs da antiga série televisiva. Como sempre digo Star Trek tem tanta força mesmo após tantos anos por causa da qualidade absoluta de seus roteiros. Os efeitos podem ficar velhos (até ridículos) mas tudo o que envolve Jornada nas Estrelas consegue romper a barreira do tempo justamente por causa das tramas magistralmente bem escritas. Aqui não é exceção. Considero o argumento uma preciosidade, que vai tocar fundo em todos aqueles que amam a saga e acompanham os nossos avanços científicos a cada ano. Uma preciosidade do gênero Sci-Fi que merece ser reavaliado e revisto sempre. Uma obra prima certamente.

Jornada Nas Estrelas - O Filme (Star Trek: The Motion Picture, Estados Unidos, 1979) Direção: Robert Wise / Roteiro: Alan Dean Foster, Harold Livingston baseados nos personagens criados por Gene Roddenberry / Elenco: William Shatner, Leonard Nimoy, DeForest Kelley, James Doohan, George Takei, Majel Barrett, Walter Koenig, Nichelle Nichols / Sinopse: Uma terível ameaça ao nosso planeta vem em direção à Terra. Não se sabe ao certo do que se trata, ou qual seria sua natureza cósmica! Para investigar a nave Enterprise é enviada em direção ao "destruidor de Mundos" para tentar descobrir do que realmente se trata.

Pablo Aluísio.

A Hora do Espanto

Hoje vivemos uma nova onda de vampirismo no cinema. Vários filmes voltaram a explorar essa mitologia e essa nova moda se estendeu em toda cultura pop, seja em jogos RPGs, livros, séries de TV e muito mais. Um clima bem diferente de quando "A Hora do Espanto" surgiu nas telas na metade da década de 80. Era um fato: o personagem do vampiro estava em baixa. Christopher Lee não queria mais saber de fazer filmes de Drácula e a Hammer era vista como uma produtora fora de moda. Nos Estados Unidos a coisa era ainda pior pois os filmes que mostravam vampiros geralmente o faziam em tom de deboche como "Amor a Primeira Mordida" em que o galã decadente George Hamilton fazia um vampiro muito afetado e fanfarrão. Nenhum estúdio pensava seriamente sobre o tema e os fãs do estilo estavam desamparados. Até que o diretor descolado  Tom Holland resolveu convencer a Columbia a investir meros nove milhões de dólares em um novo roteiro seu. Era um filme de vampiros certamente, mas bem diferente do tradicional. Ao invés da trama se passar em castelos isolados da Transilvânia a estória se passava em um bairro suburbano, tipicamente americano. O jovem Charley (William Ragsdale) era  igualzinho aos garotos que iriam assistir ao filme. Eles curtiam filmes trashs na TV e eram apaixonados pela garota mais bonita da escola. A diferença era que seu vizinho era um vampiro! Um ser da noite morando ao lado, já pensou?

Desnecessário dizer que quando o filme surgiu nas telas caiu imediatamente no gosto do público jovem que ia aos cinemas. O roteiro era divertido, movimentado, tinha ótimos efeitos especiais e criava uma identificação imediata com a platéia. Quer fórmula mais certeira do que essa? Dois personagens eram divertidas releituras feitas em cima dos vampiros do passado e de seus caçadores incansáveis.  Chris Sarandon tem aqui uma das melhores interpretações de sua carreira. Vivendo o vampiro sensual e gentleman Jerry ele rouba todas as cenas. Para falar a verdade sua caracterização lembra muito outra, que foi feita por Frank Langella no Drácula de 1979 mas mesmo assim consegue ter também uma identidade própria. Outro personagem ótimo é  Peter Vincent (nome que mistura Peter Cushing com Vincent Price, dois ícones do cinema de terror das décadas passadas). Interpretado com raro brilhantismo por  Roddy McDowall, ele é um apresentador de TV e ator decadente, que posa de caçador de vampiros nas telas mas que na realidade é um covarde inveterado. O sucesso do filme foi fenomenal e cunhou até mesmo a expressão "Espantomania", um rótulo que começou a ser usado em filmes que seguiam pela mesma linha (jovens com problemas sobrenaturais). Com o tempo o filme só ganhou em charme e simpatia e dá de dez a zero em seu péssimo remake que foi lançado há pouco tempo. "A Hora do Espanto" é aquele tipo de filme cuja estória já encontrou a versão definitiva no cinema. Um terror nota dez que até hoje diverte e encanta. Se já viu reveja, se ainda não conhece, corra para ver - será certamente um belo programa para essa noite!

A Hora do Espanto (Fright Night, Estados Unidos, 1985) Direção: Tom Holland / Roteiro: Tom Holland / Elenco: Chris Sarandon, William Ragsdale, Amanda Bearse,  Roddy McDowall,  Stephen Geoffreys / Sinopse: Charley Brewster (William Ragsdale) é um típico jovem americano que começa a desconfiar dos estranhos hábitos de seu novo vizinho, o misterioso e charmoso  Jerry Dandrige (Chris Sarandon). Após investigar por conta própria ele acaba descobrindo que Jerry é na verdade um vampiro, igual aos que vê todas as noites nos filmes da TV. Sem saber o que fazer pede ajuda a  Peter Vincent (Roddy McDowall), um ator decadente que apresenta um programa que exibe velhas produções de terror.

Pablo Aluísio.

domingo, 20 de maio de 2012

Rocky IV

Rocky IV é um produto da guerra fria. Naquela época Estados Unidos e União Soviética lutavam entre si pela hegemonia mundial. O próprio presidente americano Ronald Reagan havia afirmado que a URSS era o império do mal. Por trás da antipatia mútua dos países havia a grande luta ideológica entre capitalismo e comunismo. Para os jovens isso tudo agora faz parte dos livros de história mas na década de 80 isso era pauta do dia a dia e fazia parte das conversas diárias. Para capitalizar em cima desse clima o ator Sylvester Stallone resolveu colocar seu personagem, o lutador Rocky Balboa, em favor da ideologia americana. Afinal seria uma grande idéia colocar dois boxeadores dessas nações lutando entre si em um ringue de boxe, tudo de forma bem visceral, sem máscaras. Há duas formas de entender Rocky IV - como cinema ou como propaganda ideológica. Como cinema o filme é um dos mais simples dessa franquia. Simples, mas muito eficiente. Enquanto os demais procuravam explorar o lado mais humano do lutador, esse aqui se apoiava muito mais no aspecto da luta em si, do que ela representaria para os Estados Unidos, afinal era a luta de um americano contra o soviético Drago (Dolph Lundgren) que sequer parecia humano. Frio, sem reação, mais se assemelhava a uma máquina do que a um homem. Ao seu lado uma charmosa russa interpretada pela mulher de Stallone na época, a bonita Brigitte Nielsen.

Já sob a ótica da ideologia política Rocky IV realmente não tem nenhum mistério. É uma apologia aos ideais da América, sem sombra de dúvidas. Stallone surge enrolado na bandeira americana, seu uniforme esportivo segue o padrão listas e estrelas da mesma bandeira, enfim tudo remete ao American Way Of Life. Em certos aspectos a produção é ainda mais ufanista do que Rambo III, que também seguia essa mesma linha mais patriótica. O problema é que o bloco soviético ruiu em 1989 e o suporte ideológico que sustentava esse tipo de filme deixou de existir. Assim os filmes ficaram sem esse conflito de ideologias, se tornando politicamente obsoletos, tanto que Stallone deixaria esse tipo de roteiro para trás definitivamente - Rocky V voltaria para o lado mais dramático dos primeiros filmes, por exemplo. De qualquer modo como o roteiro é muito enxuto e eficiente Rocky IV até hoje consegue funcionar muito bem. Stallone soube revitalizar antigos mitos como a luta de Davi contra Golias. Colocando seu personagem como um lutador desacreditado que luta sozinho, treinando com dificuldades ele criou uma simpatia imediata com o público. O lutador soviético Drago é um produto do Estado soviético, anabolizado, altamente preparado, sem um pingo de emoção; No fim das contas a luta acaba sendo não apenas entre USA x URSS mas também entre a paixão e o coração americano contra a frieza e a tecnologia dos russos. De certa forma quem acaba ganhando ao final é o público pois Rocky IV é divertido e empolgante, mesmo nos dias de hoje.

Rocky IV (Rocky IV, Estados Unidos, 1985) Direção: Sylvester Stallone / Roteiro: Sylvester Stallone / Elenco: Sylvester Stallone, Talia Shire, Burt Young, Brigitte Nielsen, Dolph Lundgren, Carl Weathers / Sinopse: No quarto filme do personagem Rocky Balboa para o cinema, o lutador americano terá que enfrentar o boxeador soviético Drago (Dolph Lundgren), um atleta sem emoções e programado para vencer a todo custo.

Pablo Aluísio.

Rio Babilônia

Título no Brasil: Rio Babilônia
Título Original: Rio Babilônia
Ano de Produção: 1982
País: Brasil
Estúdio: Cineville Produções Cinematográficas, Embrafilme
Direção: Neville de Almeida
Roteiro: Ezequiel Neves, João Carlos Rodrigues
Elenco: Norma Bengell, Denise Dumont, Jardel Filho, Pedro Aguinaga, Joel Barcellos, Tania Boscoli

Sinopse:
Homem de relações públicas é convidado a orientar milionário americano durante sua estada no Rio de Janeiro. Neste curso, ele se envolve nas situações mais bizarras, até grandes festas onde rolam todos os tipos de orgias.

Comentários:
É incrível saber que esse filme ultra liberal do cinema brasileiro foi lançado em plena ditadura militar. Até hoje a lembrança mais forte que tenho desse filme, que foi muitas vezes reprisado pela Rede Bandeirantes, é a da cena em que a atriz Denise Dumont surge completamente nua, dentro de uma piscina, fazendo sexo com dois homens ao mesmo tempo. A cena inclusive é quase de sexo explícito, pois se consegue ver inclusive os órgãos sexuais dos atores debaixo das águas cristalinas da piscina. Para os padrões daquela épioca era uma ousadia e tanto em termos de cinema nacional. Dirigido pelo talentoso diretor de cinema Neville de Almeida, o filme foi roteirizado por Ezequiel Neves, grande amigo de Cazuza, um nome importante na história do rock brasileiro dos anos 80.

Pablo Aluísio.

Carros Usados

Título no Brasil: Carros Usados
Título Original: Used Cars
Ano de Produção: 1980
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Robert Zemeckis
Roteiro: Robert Zemeckis, Bob Gale
Elenco: Kurt Russell, Jack Warden, Gerrit Graham, Frank McRae, Deborah Harmon, Joe Flaherty, David L. Lander

Sinopse:
Quando o proprietário de um lote de carros usados ​​em dificuldades é morto, cabe ao vendedor do lote salvar a propriedade de cair nas mãos do implacável irmão do proprietário e rival da loja de carros usados.

Comentários:
Puxando pela minha memória de frequentador de locadoras de vídeo, eu me recordo de uma velha fita VHS desse filme pegando poeira nas prateleiras da locadora que eu costumava frequentar. Lançamento da CIC vídeo no Brasil. O curioso é que essa comédia, sem maiores pretensões foi feita pela mesma trupe que anos depois iria realizar um dos grandes sucessos dos anos 80, com "De Volta para o Futuro". Porém isso ainda iria acontecer alguns anos depois. Com esse filme "Carros Usados" tudo era ainda muito mais simples, apenas uma tentativa mais sutil de fazer humor. O destaque no elenco vai para Kurt Russell que sempre demonstrou ter um ótimo feeling para a comédia, até mesmo quando fazia filmes de pura ação.

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de maio de 2012

O Grande Lebowski

Jeff Lebowski (Jeff Bridges) tem seu apartamento invadido por dois mafiosos que aparecem para lhe cobrar uma dívida. O problema é que o "Dude" (seu apelido) nunca ouviu falar nos caras e nem está devendo nada a ninguém. Na realidade tudo se trata de uma confusão pois quem deve a máfia é outro Jeff Lebowski, um milionário. Para esclarecer o equívoco, Dude e seu amigo Walter (John Goodman) decidem ir conhecer o seu xará. Má idéia, pois isso acaba criando uma série de problemas para ele que termina se envolvendo em uma confusão dos diabos.  Esperava bem mais desse "O Grande Lebowski". Não que o filme seja ruim, apenas acho que foi superestimado. Durante muito tempo li e ouvi que Lebowski era um "cult" dos drogados, que o roteiro era viagem, que o filme era imensamente engraçado. Bom, não vi nada demais. O Lebowski interpretado por Jeff Bridges (que gosta de ser chamado de "dude") é um personagem divertido, curioso mas nada de muito ousado vi nele. No fundo é apenas um cara que não quer fazer muito esforço na vida. Quer seguir seus dias fumando um baseado sem importunar ninguém - e esperando que os outros também não venham lhe importunar.

O roteiro é até convencional demais. Passa longe de ser toda essa viagem como dizem tanto por aí. Tirando duas sequências em que o dude levita e sai voando, não há nada de muito psicodélico no filme. Claro que reconheço que o filme realmente é divertido e tem ótimo elenco de apoio mas não é hilariamente engraçado ou algo parecido. No fundo "O Grande Lebowski" é apenas um passatempo competente, o que em se tratando dos irmãos Coen é muito pouco para dizer a verdade. De resto destaco a boa trilha sonora baseada no ótimo grupo Creedence Clearwater Revival e as boas tiradas sobre cultura pop (a cena em que o Dude diz não suportar o Eagles é bem divertida). Enfim "O Grande Lebowski" é apenas um filme mediano que foi superestimado por causa do personagem chapado e é só.

O Grande Lebowski (The Big Lebowski, Estados Unidos, 1998) Direção: Joel Coen / Roteiro: Ethan Coen, Joel Coen / Elenco: Jeff Bridges, John Goodman, Julianne Moore, Steve Buscemi, David Huddleston, Philip Seymour Hoffman, Tara Reid, Flea, Torsten Voges, John Turturro./ Sinopse: Jeff Bridges interpreta o "Dude", um sujeito chapadão que é confundido com outra pessoa pela máfia. Para provar sua inocência ele parte em uma aventura que mais parece uma viagem sob efeitos de drogas.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Clube dos Pilantras

Título no Brasil: Clube dos Pilantras
Título Original: Caddyshack
Ano de Produção: 1980
País: Estados Unidos
Estúdio: Orion Pictures
Direção: Harold Ramis
Roteiro: Brian Doyle-Murray, Harold Ramis
Elenco: Chevy Chase, Rodney Dangerfield, Bill Murray, Michael O'Keefe, Sarah Holcomb, Henry Wilcoxon

Sinopse:
Um tradicional clube de golfe nos Estados Unidos vira de pernas para o ar quando há novos elementos na área, trazendo todos os tipos de confusões.

Comentários:
Certamente assisti a esse filme, mas seguramente também foi há muitos, muitos anos. O elenco era excelente, trazendo a nata da comédia americana no começo dos anos 80, uma moçada cheia de vontade de dar certo na carreira, como os já naquela época bem conhecidos Chevy Chase e Bill Murray. O público conhecia eles principalmente por causa do programa SNL (Saturday Night Live) que era um grande sucesso na TV dos Estados Unidos. E houve espaço até mesmo para o veterano Rodney Dangerfield, que só teria chance de verdade no cinema muitos anos depois com o filme de verão "De Volta às Aulas". Quem lembra desse clássico da Sessão da Tarde? Pois é, isso mesmo. Enfim, temos aqui uma comédia típica dos anos  80, não tão engraçada como poderia ser, mas ainda assim divertida. Teve uma continuação em 1988.

Pablo Aluísio.

De Volta às Aulas

Título no Brasil: De Volta às Aulas
Título Original: Back to School
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: Orion Pictures
Direção: Alan Metter
Roteiro: Rodney Dangerfield, Greg Fields
Elenco: Rodney Dangerfield, Robert Downey Jr, Sally Kellerman, Burt Young, Ned Beatty, M. Emmet Walsh

Sinopse:
Para ajudar seu filho desanimado e tímido a terminar a faculdade, um empresário rico, amável e nada comum, chamado Thornton Melon (Rodney Dangerfield) decide ele mesmo entrar na universidade como aluno. E dentro do ambiente universitário não deixa pedra sobre pedra, aproveitando ao máximo o que aquela nova vida tem a lhe oferecer. 

Comentários:
Como eu escrevi na resenha do filme "O Clube dos Pilantras" o comediante Rodney Dangerfield só teve sua grande chance para brilhar no cinema justamente com essa comédia que iria se tornar um dos clássicos da Sessão da Tarde, na Rede Globo. O filme é bacaninha, mostrando um senhor que já tem uma idade fora dos padrões escolares, decidindo ir para a Universidade, onde todos descobrem que ele tem o espírito juvenil mais acentuado do que muitos dos alunos que passam a conviver com ele. É um filme divertido, diria até mesmo cativante, que se apoiou totalmente na veia cômica e no talento de Rodney Dangerfield. Com seus olhos esbugalhados, fez muita gente dar risada e se divertir. Pena que ele morreria em 2004, sem ter uma outra chance de brilhar no mundo do cinema.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Testemunhas Contra a Máfia

Título no Brasil: Testemunhas Contra a Máfia
Título Original: WiseGirls
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Lions Gate Films, Leading Pictures
Direção: David Anspaugh
Roteiro: John Meadows
Elenco: Mira Sorvino, Mariah Carey, Melora Walters, Arthur J. Nascarella, Saul Stein, Joseph Siravo

Sinopse:
Uma nova garçonete que trabalha em um restaurante italiano na cidade de Nova York se vê enredada em um submundo do tráfico de drogas e assassinato comandado pela máfia.

Comentários:
Filme fraco, com elenco igualmente fraco. Perceba que a dupla de atrizes principais não convencem. Mira Sorvino ganhou o Oscar cedo demais. Depois disso foi acertada em cheio pela tal "Maldição do Oscar". Sim, a carreira dela foi afundando, afundando... até praticamente desaparecer. A cantora Mariah Carey não é e nunca foi uma atriz de verdade. Ela até tentou fazer sucesso no cinema, mas vamos falar a verdade? Não deu certo! Simplesmente isso, simples assim. Dessa maneira o filme não é interessante. Acredito que nunca foi lançado no Brasil. Foi exibido em canais de TV a cabo, onde cheguei a assistir essa produção, mas depois disso... esquecimento eterno no mundo dos cinéfilos.

Pablo Aluísio.