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sexta-feira, 29 de julho de 2011

The Doors, o Início...

The Doors, o Início...
Os Doors surgiram como banda dentro do meio universitário americano. Jim Morrison era estudante de cinema e nas horas vagas escrevia poesias. Nunca antes ele tinha tido a pretensão de musicar seus versos, mas viu que isso seria uma boa ideia ao conhecer Ray Manzarek. Nas praias ensolaradas da Califórnia eles se encontraram, trocaram ideias e viram que poderia surgir boa música dali.

Depois de alguns ensaios bem amadores, numa garagem, eles se sentiram otimistas. Ray trouxe os demais membros do grupo, o baterista John Densmore e o guitarrista Robbie Krieger. Cada um trouxe um elemento novo ao som da banda. Ray era a pura harmonia em seu teclado. Krieger com formação clássica incorporou muitos ritmos novos ao som do grupo e John se transformou na verdadeira pulsação, no ritmo das canções.

As letras eram todas baseadas em poesias de Morrison. Ele tinha um ótimo vocabulário e um grande talento para escrever. Culto, inteligente e cheio de substância poética, incorporou e jogou tudo isso na musicalidade dos Doors. Tratando-se realmente de uma obra coletiva musical todos os membros do grupo assinavam a autoria das músicas. Jim em particular ficou muito orgulhoso ao ver a qualidade do trabalho que ia ficando cada dia mais rico. Os Doors estavam nascendo para conquistar todas as paradas musicais e isso tudo feito de uma forma completamente nova, inovadora.

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Aumenta Que Isso Aí é Rock ´n´ Roll

Essa dica é para quem foi jovem ou adolescente nos anos 80 no Brasil. O disco em questão é uma velha coletânea em vinil lançada pela Som Livre em 1985 chamada "Aumenta Que Isso Aí é Rock ´n´ Roll". Naquela época vivia-se o auge do Rock Brasil, principalmente por causa da repercussão do Rock in Rio. A música predominante nas rádios era a de cantores, cantoras e bandas de rock nacionais, Made in Brazil. Olhando-se para trás com um certo sentido crítico mais apurado certamente perceberemos que as letras eram até juvenis demais (para não dizer bobas mesmo) porém com um sabor melódico que empolgava e embalava os namoricos da galera jovem daqueles tempos distantes onde não havia internet e nem equipamentos tecnológicos tão banais hoje em dia como celulares, PCs, etc.

Deixando de lado esse aspecto mais emocional e nostálgico, a coletânea (que nunca mais foi relançada por questões envolvendo direitos autorais) tem hits radiofônicos que eram figurinhas fáceis nas programações das rádios FM com exceção curiosamente da faixa título de Celso Blues Boy que não fez sucesso e nem se tornou conhecida. É um rock blues muito interessante, com letra comercial é verdade, refrão pegajoso, facinho de grudar na mente, mas que tem uma pulsação blueseira que fez jus ao nome do intérprete. Tirando ele ainda podemos contar com Lobão, ainda novinho e no tempo em que era acompanhado pelos Ronaldos, Lulu Santos numa rara versão de "O Calhambeque", a Blitz com mais um sucesso ao estilo besteirol debiloide chamada "Meu Amor Que Mau Humor" e a melhor faixa de todo o disco, uma versão envenenada de "So Lonely" do The Police na voz de Leo Jaime chamada "Solange" feita em "homenagem" à Solange, a censora da ditadura que censurava as músicas de seus discos sem piedade. Mais 80´s do que isso impossível!

Aumenta Que Isso aí é Rock ´n´ Roll (1985)
1 - Celso Blues Boy - Aumenta Que Isto Aí é Rock And Roll
2 - Lobão E Os Ronaldos - Corações Psicodélicos
3 - Lulu Santos - O Calhambeque
4 - Blitz - Meu Amor Que Mau Humor
5 - Kid Abelha E Os Abóboras Selvagens - Nada Tanto Assim
6 - Barão Vermelho - Por Que A Gente é Assim?
7 - Ultraje A Rigor - Eu Me Amo
8 - Sempre Livre - Fui Eu
9 - Leo Jaime - Solange (So Lonely)
10 - Di Castro - Ela Era Menor
11 - Legião Urbana - Geração Coca Cola
12 - Os Paralamas Do Sucesso - Patrulha Noturna

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Stereophonics - Decade in the Sun

O Rock inglês está vivo. Respirando por aparelhos, mas vivo! Aqui temos um apanhado muito bom do trabalho do Stereophonics. Eles foram mais do que generosos, colocando nada mais, nada menos, do que 40 músicas nessa coletânea dupla da banda. A iniciativa teve alvo certo: os Estados Unidos. O rock europeu está cada vez mais se fechando em nichos e ao contrário do que acontecia na época dos Beatles e Rolling Stones já não consegue mais despertar atenção dos americanos, que continuam se afundando na lama com cantores de raps e bonequinhos pop de porcelana. Assim o rock feito e produzido na nossa querida e velha ilha procura por novos mercados e lançamentos como esse servem como um verdadeiro cartão de apresentação. 

Infelizmente pelo andar da carruagem temos que reconhecer que o rock britânico (colocando-se nesse bolo todos os grupos ingleses, galeses e escoceses) dificilmente consegue atravessar o Canal da Mancha. Nem na França conseguem mais se destacar (sendo a Alemanha, por outro lado, ainda um bom lugar para se tocar e ouvir bom rock, de qualidade). Sinais dos novos tempos. Quem perde são os ouvintes de outros países, pois grupos como Stereophonics são bem ricos em termos de letras e melodias. Pena que no mundo de hoje isso seja bem menos valorizado do que deveria ser. Preferem mesmo se amarrar em rappers cheios de marra e ídolos pop de cabeça vazia. Vai entender a mente dessa gente...

Título Original: Decade in the Sun - Best of Stereophonics
Artista / Banda: Stereophonics
Ano de Produção: 2008
País: Inglaterra
Estúdio: Universal Music, Sony Music
Produção: Bird & Bush, Kelly Jones, Jim Lowe

Lista de Músicas:
Disco One: 1. Dakota 2. The Bartender and the Thief 3. Just Looking 4. Have a Nice Day 5. Local Boy in the Photograph 6. Maybe Tomorrow 7. Superman 8. Pick a Part That's New 9. My Own Worst Enemy 10. I Wouldn't Believe Your Radio 11. You're My Star 12. Mr. Writer 13. Step on My Old Size Nines 14. Devil 15. It Means Nothing 16. A Thousand Trees 17. Vegas Two Times 18. Traffic 19. More Life in a Tramps Vest 20. Handbags and Gladrags / Disc Two: 1. Madame Helga 2. Bank Holiday Monday 3. Rewind 4. My Friends 5. Climbing the Wall 6. Mama Told Me Not to Come 7. Since I Told You It's Over 8. Moviestar 9. Not Up To You 10. Getaway 11. I Stopped to Fill My Car Up 12. Carrot Cake and Wine 13. Billy Davey's Daughter 14. Raymond's Shop 15. Stone 16. I'm Alright (You Gotta Go There to Come Back)  17. The First Time Ever I Saw Your Face 18. Same Size Feet 19. She Takes Her Clothes Off 20. Hurry Up and Wait.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Frankie Valli & The Four Seasons - Off Seasons

Com o lançamento do filme de Clint Eastwood o interesse no grupo Frankie Valli & The Four Seasons tem aumentado e muito. Anteriormente já havia falado sobre eles aqui no blog. Se você viu o filme e ficou encantado com as músicas e com o estilo dos rapazes de Jersey eu tenho boas e más notícias para você. A má notícia é que praticamente toda a discografia original deles (a maioria singles) está há muitas décadas fora de catálogo, mesmo nos Estados Unidos. Em termos de Brasil nem há o que procurar pois só com muita sorte muito você vai encontrar algo deles em sebos, por exemplo. No máximo vai encontrar uma conhecida coletânea da Som Livre que foi lançado no Brasil nos anos 80 e é só. Em se tratando de importados você vai se deparar com uma dezena de títulos, a maioria deles com a mesma seleção musical, trazendo as mesmas canções que já foram relançadas centenas de vezes.

Se estiver em busca de algo diferente mesmo desse grupo eu sugiro esse título, "Frankie Valli & The Four Seasons - Off Seasons", que traz um apanhado de vinte músicas obscuras do conjunto, sendo que a maioria delas foram lançadas como Lado B de compactos que são bem raros de encontrar. A imensa maioria das faixas não é conhecida e isso significa que você terá a chance de ouvir pela primeira vez uma sonoridade incrível, bem característico deles. Já que você muito provavelmente nunca terá acesso ao material oficial lançado na época esse CD acompanhado de alguma coletânea mais bem sortida deles suprirá uma lacuna em sua coleção musical. Depois de curtir a seleção musical você vai entender bem que o Frankie Valli & The Four Seasons foi muito mais do que apenas aquilo que vemos no filme do excelente Clint Eastwood.


Frankie Valli & The Four Seasons - Off Seasons
1. Big Man's World
2. Seems Like Only Yesterday
3. Cry Myself To Sleep
4. Huggin' My Pillow
5. Funny Face
6. Danger
7. Marcie
8. Comin' Up In The World
9. Everybody Knows My Name
10. Beggars On Parade
11. Around And Around
12. (I Dig You) Dody
13. Good-Bye Girl
14. I'M Gonna Change
15. Let's Ride Again
16. Raven
17. Heartaches And Raindrops
18. Saturday's Father
19. Something's On Her Mind
20. Genuine Imitation Life

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Lloyd Price

Um cantor e compositor extremamente talentoso que infelizmente é pouco lembrado nos dias de hoje. Nos anos 1950 Lloyd Price era um astro e não apenas restrito à comunidade negra como era de se esperar, pois conseguiu se destacar nas principais paradas de sucesso como a Top 100 da Billboard.

Com apenas 19 anos ele ousou e lançou seu próprio selo denominado KRC Records, pois como o próprio Lloyd explicaria anos depois: "Se ninguém acreditava em meu sucesso, eu tinha que me lançar sozinho mesmo!". O resultado de sua confiança foi o hit "Just Because" que logo tornou um campeão de vendas.

Depois disso ele conseguiu uma sucessão de hits, começando com o single "Lawdy Miss Clawdy" que trazia a canção "Mailman Blues" no lado B. Juntas alcançaram o feito de vender mais de um milhão de cópias em seu lançamento.  "Where You At", "Walkin' The Track" e principalmente "Ain't It A Shame" mantiveram o nome de Price no topo. No selo ABC-Paramount conseguiu seus maiores sucessos. Infelizmente os tempos logo iriam mudar, o rock ganharia uma nova roupagem com astros feitos especialmente para o mercado branco e nesse processo Price ficaria cada vez mais ofuscado.

De qualquer maneira as inúmeras regravações de seus sucessos, vindas de gente como Elvis Presley e John Lennon, manteria sua chama acessa pelos anos seguintes. O devido reconhecimento porém só viria muitos anos depois quando Lloyd foi finalmente introduzido no Hall da Fama do Rock and Roll em 1998. Uma homenagem mais do que justa, embora tardia.

Pablo Aluísio.

We Are the World

Título no Brasil: We Are the World
Título Original: We Are the World
Ano de Produção: 1985
País: Estados Unidos
Estúdio: CBS Pictures
Direção: Tom Trbovich
Roteiro: Mikal Gilmore
Elenco: Michael Jackson, Ray Charles, Bob Dylan, Jackson Five, Cyndi Lauper, Huey Lewis, Bette Midler, Willie Nelson, Lionel Richie, Smokey Robinson, Kenny Rogers, Diana Ross, Bruce Springsteen, Tina Turner, Dionne Warwick, Stevie Wonder, Dan Aykroyd, Harry Belafonte, Lindsey Buckingham Billy Joel Al Jarreau Jane Fonda, Kim Carnes

Sinopse:
Documentário que resgata a gravação e lançamento do famoso álbum "We Are The World" que em meados dos anos 1980 se propôs a arrecadar fundos para combater a fome e a miséria no continente africano. Indicado ao Emmy Awards na categoria Melhor Documentário Musical. Vencedor do Grammy Awards na categoria Melhor Filme Musical.

Comentários:
Um interessante documentário que marcou época em seu lançamento. O projeto "We Are The World" ficou muito famoso por causa da constelação de estrelas do mundo da música que foram reunidas para cantar a música tema do projeto beneficente que naquela altura tinha o objetivo de levantar dinheiro dentro da sociedade americana para ajudar no combate à fome nos países da África, continente sempre assolado por guerras, miséria e doenças. Embora não tenha sido um projeto criado por Michael Jackson temos que reconhecer que ele só se tornou um fenômeno por causa de sua presença. Após abraçar a causa o artista telefonou pessoalmente para dezenas de outros grandes nomes da música para que viessem participar da faixa principal do álbum que seria lançado. Todo o dinheiro arrecadado nas vendas seria levado para a África, dando corpo assim ao projeto que ficou conhecido como "Usa For Africa". O resultado tanto em termos artísticos como humanitários foi realmente muito bom, reacendendo o que havia de melhor em todos esses astros. Um importante registro dessa união da classe artística em prol dos necessitados irmãos africanos.

Pablo Aluísio.

The Doors - Live In Stockholm 1968

CD Duplo muito interessante dos Doors trazendo uma apresentação do grupo em Estocolmo na turnê européia de 1968. No dia da realização do show a apresentação foi transmitida ao vivo pela emissora Radiothuset e por essa razão o material é relativamente fácil de encontrar nas lojas especializadas em bootlegs de Londres. A qualidade sonora é aceitável, mas não ideal. O CD é um Soundboard, ou seja, tem uma qualidade que não agride os ouvidos do fã, muito embora passe longe da qualidade de um disco oficial. O colecionador com mais estrada vai logo perceber que o CD usa três fontes diferentes para compor o material, duas delas bem mais acessíveis, principalmente para quem mora na Europa e outra mais rara, com melhor qualidade técnica, que só foi encontrada há alguns anos. 

Quem já tem o bootleg "The Doors - Apocalypse Now" vai certamente reconhecer parte das gravações, muito embora aqui já tenha um tratamento sonoro melhor. Como se trata de um show dos Doors o fã já pode esperar por algumas coisinhas, como o sempre presente problema de alcoolismo nas performances de Jim Morrison. Quando ele exagerava no camarim antes de entrar no palco o ouvinte mais atento já conhece de antemão o que virá pela frente logo nas primeiras músicas. Morrison não está tão mal aqui, tudo bem que ele aparenta estar um pouco embriagado, mas no final das contas dá conta do recado. O melhor momento do CD vem com "Light My Fire" onde o público finalmente se empolga, levando Morrison a dar o melhor de si. Entre as partes constrangedoras há uma péssima versão de "Love Me Two Times" e uma apresentação praticamente solo da banda em "When The Music's Over" onde Morrison apenas balbucia algumas palavras, provavelmente por estar com uma garrafa de tequila em pleno palco. Coisas do Rei Lagarto!


The Doors - Live In Stockholm 1968
Introduction
Five To One
Love Street
Love Me Two Times
When The Music's Over
A Little Game
The Hill Dwellers
Light My Fire
The Unknown Soldier
Five To One
Mack The Knife
Alabama Song
Back Door Man
You're Lost Little Girl
Love Me Two Times
When The Music's Over
Wild Child
Money
Wake Up
Light My Fire
Turn Out The Lights
The End

Pablo Aluísio.

domingo, 24 de julho de 2011

Marvin Gaye - Ain’t That Peculiar

Lançado em 1965 esse single foi um dos maiores sucessos da carreira do cantor negro Marvin Gaye. Na época ele era apenas mais um contratado do plantel da gravadora Motown, provavelmente o selo que mais revelou artistas negros na história musical dos Estados Unidos. Basta dar uma olhada para qualquer lista enfocando os membros da Motown para entender que nenhum outra gravadora americana conseguiu revelar tantos talentos em tão pouco tempo.

A Motown pertencia ao produtor Berry Gordy, um sujeito que não pensava duas vezes antes de abrir as portas de seu estúdio para quem realmente tinha talento. Por outro lado o artista que caísse nas mãos de Gordy acabava ficando escravizado por contratos leoninos que ao longo dos anos enriqueceria Berry, ao mesmo tempo em que esse explorava ao máximo seus cantores.

Por essa época o jovem Marvin Gaye só queria mesmo uma chance e não tinha conhecimento de vida para entender no que estava entrando. De uma forma ou outra seu estilo único de cantar abriria todas as portas do sucesso. O single logo bateu a marca de um milhão de cópias vendidas, tornando aquele garoto praticamente desconhecido em um produto quente dentro da indústria fonográfica. O diferencial em relação a Marvin Gaye é que ele conseguia reunir em sua voz elementos conflitantes, onde poderia ser ao mesmo tempo extremamente sensual e muito sofisticado.

O rapaz tinha muito domínio nos microfones e conseguia transparecer muita sensualidade em suas performances. Infelizmente seu destino seria trágico. Ele foi morto a tiros pelo próprio pai, um pastor protestante fanático, que acreditava que Gaye estava vivendo uma vida de pecado ao lado do demônio, por ser um artista de canções populares e sensuais. Pobre Gaye, acabou virando mais uma vítima do fanatismo sem limites que atinge certos setores protestantes americanos.

Pablo Aluísio.

Prince - Sign 'o' the Times

Título no Brasil: Prince - Sign 'o' the Times
Título Original: Sign 'o' the Times
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Prince, Albert Magnoli
Roteiro: Prince, Albert Magnoli
Elenco: Prince, Sheila E., Sheena Easton

Sinopse:
Documentário Musical da Turnê internacional "Sign 'o' the Times" do cantor Prince durante os anos 1980. O registro capta o artista americano se apresentando em Minnesota e na cidade holandesa de Rotterdam na Holanda. Momentos de bastidores e palco, com a visão muito particular de Prince, aqui também creditado como diretor.

Comentários:
Já que estamos falando de documentários de artistas pop dos anos 1980 como Madonna vale lembrar desse filme que chegou a ser lançado em vídeo no Brasil. Na década de 80 Prince era ao lado de Madonna e Michael Jackson um dos mais populares cantores americanos. Como convinha a artistas daquela época ele também exagerava nas poses e nos figurinos bizarros - até sua guitarra era ao estilo vitoriano, por mais esquisito que isso possa parecer. Por baixo de todas as plumas e paetês porém se esconde um bom compositor e um artista bem interessante, que experimentou e ousou ir além de seus principais concorrentes naquele período. Como diretor de documentários Prince também procurou ser diferente, o resultado é ora intrigante, ora experimental demais. No final das contas o que se destaca mesmo é sua música, essa sim valiosa para os que desejam conhecer melhor aquela fase do pop americano. 

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de julho de 2011

Nat King Cole - Love Is A Many Splendored Thing

Esse é um EP (compacto duplo) muito raro do selo Capitol datado de 1963 que tive a oportunidade de ganhar de uma grande amiga alguns anos atrás. São apenas quatro faixas mas não se engane com isso, pois todas elas são simplesmente maravilhosas! Nat King Cole faz parte daquele seleto grupo de cantores que se você se deparar com algo dele por aí, seja vinil, seja CD, não pense duas vezes: compre! Não importa se você não conheça o repertório ou as músicas, esqueça isso e compre, pois é material de qualidade e muito provavelmente você jamais terá uma segunda oportunidade de adquirir o material.

No caso aqui temos uma pequena coletânea de canções românticas organizadas pelo selo Capitol. Esses disquinhos tinham mercado certo pois eram bem baratos e contavam apenas com músicas conhecidas, ou que já tinham feito sucesso ou que estavam ainda na programação das rádios. Geralmente os produtores colocavam um grande sucesso puxando o disquinho e na ala coadjuvante inseria algumas outras pequenas obras primas menos conhecidas. Assim por 5 ou 6 dólares o consumidor acabava comprando, principalmente para quem amava música de verdade.

"Love Is A Many Splendored Thing" é uma das mais primorosas interpretações de Nat King Cole. Com uma orquestra sutil e elegante ao fundo ele mostra bem porque foi um dos maiores cantores de todos os tempos. A canção inclusive fez parte da trilha sonora do clássico "Suplício de uma Saudade" e por isso, mesmo no Brasil, é extremamente conhecida. Basta apenas as primeiras notas serem tocadas para todos reconhecerem. "Around The World" tem um ritmo mais latino. Na verdade parece mesmo um bolero da velha escola. Adoro o arranjo, orquestra ao fundo e grupo de instrumentos caribenhos em primeiro plano. Uma grande gravação. "Autumn Leaves" é outra música extremamente romântica e terna. De certa forma me lembra as gravações mais intimistas da carreira de Frank Sinatra, com um misto de melancolia que atravessa toda a canção.

O resultado é mais do que belo. O EP termina com "Too Young". Outro grande clássico do repertório do cantor. O arranjo é impecável e mesmo antes de Cole entrar na faixa o ouvinte já está devidamente rendido pela beleza da melodia. Em suma, se você não sabe o que romantismo em sua vida procure ouvir essas canções, em pouco minutos entenderá do que se trata, com absoluta certeza!

Nat King Cole - Love Is A Many Splendored Thing (1963)
Love Is A Many Splendored Thing
Around The World
Autumn Leaves
Too Young.

Pablo Aluísio.

The Doors - L.A. Woman

"Se disserem que nunca a amei, certamente saberão que estão mentindo" - Jim Morrison disse essa frase não em relação a uma mulher ou a uma de suas namoradas, mas sim sobre Los Angeles, a cidade que o acolheu desde que foi para lá, ainda jovem, estudar cinema na universidade da cidade. Assim quando Jim explicou seu ponto de vista ele estava se referindo a "L.A. Woman", sua declaração de amor ao estilo de vida da cidade. Naquela altura os Doors estavam prestes a implodir, literalmente. Na verdade Jim sabia que o jogo estava acabado para ele no grupo. Anos e anos de abusos, confusões em shows, gravações conturbadas e brigas internas tinham destruído a credibilidade do cantor entre seus colegas de banda. Eles indiretamente desejavam que Jim fosse embora de uma vez por todas. O próprio baterista John Densmore já tinham informado a Morrison que os Doors queriam gravar um disco puramente instrumental, o que era praticamente um fora em Morrison pois ele seria desnecessário nesse tipo de trabalho pois não tocava nenhum instrumento. De fato os Doors gravaram dois discos com essa proposta após a saída de Morrison mas ambos os álbuns fracassaram completamente nas vendas.

Jim, barbudo e messiânico, estava mais preocupado naquela fase de sua vida em ir para Paris para escrever poesia e quem sabe virar um escritor em tempo integral, algo que ele sonhava há anos. Para escrever "L.A. Woman" Morrison novamente usou seu talento de estudante de cinema. A letra é obviamente narrativa, como se fosse um roteiro de uma cena de filme. Descritiva e empolgante, essa foi uma das melhores gravações da carreira dos Doors. Como último momento de rebeldia Jim resolveu que a acústica do estúdio estava ruim e resolveu levar seu microfone para dentro do banheiro, sentou em cima do vaso sanitário e mandou ver, com sua voz encharcada de álcool e drogas pesadas. O resultado é visceralmente empolgante. O arranjo é brilhante, pois tenta imitar o som de uma moto acelerando, para logo depois entrar um solo de baixo poderoso (tocado por Jerry Scheff, baixista da banda de Elvis Presley) e a coisa toda decola. Como os Doors não estavam preocupados em serem convencionais gravaram uma faixa de longa duração, com idas e vindas que a tornam absurdamente marcante e vibrante. Uma despedida e tanto de uma das maiores bandas de rock da história.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

A-ha - Minor Earth Major Sky

Depois do lançamento do álbum "Memorial Beach" em 1993 o grupo A-ha resolveu dar um tempo. Embora tenha sido um disco (em minha opinião) realmente maravilhoso, com uma sonoridade singular, não vendeu bem e decepcionou comercialmente. Assim o grupo resolveu dar uma parada para repensar. Os membros do trio viram que era uma boa chance para colocar em prática velhos projetos solos. Pal Waaktaar deu começo nas atividades do Savoy, Morten Harket resolveu gravar um álbum solo, enfim todos decidiram que era hora de tentar criar algo por si mesmos.

Durante sete anos em que o A-ha ficou hibernando houve muita especulação, inclusive de que o conjunto havia finalmente acabado. Ledo engano. Em 2000 eles voltaram com "Minor Earth Major Sky". É um trabalho de ruptura com o que eles tinham feito antes. Os dias do pop radiofônico tinham ficado para trás. Para falar a verdade assim como aconteceu com "Memorial Beach" antes, esse novo disco do A-ha também soava como algo completamente novo, fora das amarras e das regras da indústria fonográfica, sempre tão preocupada com o sucesso comercial a todo custo.

"Minor Earth Major Sky" foi recebido pela crítica com reservas. Na verdade o A-ha, por ter sido uma banda de sucesso nos anos 80, sempre foi encarado com uma boa dose de preconceito. Bobagem completa. São músicos e compositores talentosos que sempre criaram uma base sonora muito própria. Nesse disco temos um exemplo perfeito disso. As gravações foram extenuantes, com o uso de nada mais, nada menos, do que seis produtores diferentes! (a saber: Kjetil Bjerkestrand, Millenia Nova, Ras, Roland Spremberg, Andre Tanneberger e Pal Waaktaar).

Como era de se esperar em um grupo que ficou tanto tempo parado também havia um farto material à disposição. Com receios de cortes o A-ha optou por colocar praticamente tudo o que havia disponível e isso rendeu um álbum longo (com quase 60 minutos de duração) e 16 novas canções gravadas (que foram lançadas na íntegra no mercado russo e japonês*). Também houve o lançamento de seis singles do álbum, um recorde para o A-ha. No saldo final é um disco essencial para quem admira o trabalho do grupo. Realmente de muito bom gosto e com um tipo de som que seria único, mesmo se compararmos com outros discos da banda.

A-ha - Minor Earth Major Sky (2000)
Minor Earth Major Sky
Little Black Heart
Velvet
Summer Moved On
The Sun Never Shone That Day
To Let You Win
The Company Man
Thought That It Was You
I Wish I Cared
Barely Hanging On
You'll Never Get Over Me
I Won't Forget Her
Mary Ellen Makes the Moment Count
Summer Moved On (remix) *
Minor Earth Major Sky (remix) *
Velvet (Stockholm mix) *

Pablo Aluísio.
 

The Beach Boys - Surfin' Safari

O primeiro single da carreira dos Beach Boys foi "Surfin' / Luau" lançado em novembro de 1961. Na verdade muitos consideram quase uma demo, gravado de forma praticamente amadora e lançado pelo pequeno selo X Records. Nada, mas nada relevante. O bom foi que o disquinho acabou caindo nas mãos de um executivo da poderosa Capitol Records, Murry Wilson, que viu potencial naquele som. Afinal o Surf era uma moda entre os jovens e aquele som ideal para rolar nas praias estava vendendo como nunca. As gravadoras porém queriam grupos de surf music em que houvesse belos vocais pois o gênero sobrevivia praticamente apenas de músicas instrumentais. Aquele som daqueles jovens desconhecidos poderia suprir esse vazio que o mercado queria ocupar. Os garotos do Beach Boys não faziam média, não queriam criar nenhuma obra prima musical, só desejavam mesmo cantar sobre praias, garotas e surf! Claro que a indústria há muito tempo procurava por algo assim. Foi mesmo uma excelente parceria que renderia ótimos frutos comerciais. Contratados, o grupo se reuniu no ótimo World Pacific Studios e deu origem propriamente em sua carreira profissional. O resultado foi melhor do que esperado.

Apesar de ter sido apenas o primeiro single nacional dos Beach Boys "Surfin' Safari" imediatamente caiu no gosto de seu público alvo, os jovens californianos, que passavam o dia na praia pegando onda, namorando e vendo o sol se por. A incrível vocalização alcançada pelo grupo, aliado a um delicioso acompanhamento instrumental acertou em cheio nas paradas. Para uma banda jovem que era completamente desconhecida, o décimo quarto lugar alcançado na primeira semana de lançamento na prestigiada Billboard Hot 100 representou uma vitória e tanto para os rapazes. A Capitol tinha grandes planos para os Beach Boys, principalmente a gravação de um álbum e esse single serviu como um termômetro do mercado, para sentir até onde aquele som poderia ir. Os meses que viriam demonstrariam a força comercial dos Beach Boys. Aliás quando ocorreu a invasão britânica nas paradas americanas com a chegada dos Beatles foram eles, os Beach Boys, a única esperança do rock americano em combater os ingleses, luta essa em que eles se apresentaram muito bem, mostrando que o bravo rock Made in USA ainda sobrevivia e era forte o suficiente para bater com os quatros cabeludos de Liverpool de frente! E pensar que no começo os Beach Boys só queriam mesmo um lugar ao sol...

Pablo Aluísio.

 

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Roy Orbison - Only the Lonely

Viver na década de 1960 deveria ser uma maravilha. Você ligava o rádio de seu carrão rabo de peixe e de repente surgia o Roy Orbison cantando "Only the Lonely" na programação, música que estava em primeiro lugar entre as mais vendidas da quente lista Billboard Hot 100. Olhando para trás podemos perceber bem que Roy Orbison foi um herói improvável. Míope, com visual careta (até para aquela época), de uma timidez incrível, o cantor e compositor superou todos esses problemas para se tornar um dos mais admirados músicos da história americana. Tudo o que lhe faltava em termos de visual lhe sobrava em talento. Quando Roy Orbison abria a boca para cantar não havia mais como lhe ignorar. Era aquele tipo de melodia que tocava fundo na alma. Roy sempre foi considerado um dos mais sentimentais e profundos intérpretes da música daquele país. Suas letras também tinham um sentimento único, quase insuportável para quem estava passando por alguma crise amorosa.

Esse single "Only the Lonely" foi um de seus grande hits. A letra é incrível pois consegue passar uma bela mensagem mesmo usando uma poesia das mais simples. A canção quase foi gravada por Elvis Presley. A RCA apostava que ela poderia ser gravada por Elvis em suas primeiras sessões depois de voltar do exército mas por um motivo ou outro o astro não as gravou. Em compensação quando Roy Orbison finalmente resolveu gravá-la acabou levando para a sessão vários músicos que tocavam com Elvis, como por exemplo o baixista Bob Moore, o pianista Floyd Cramer e a dupla de guitarristas preferida do rei, Hank Garland e Harold Bradley. Com tantos feras ao seu lado nem é preciso dizer que a gravação ficou ótima, maravilhosa até! O próprio Roy Orbison reconheceria isso anos depois a citando em uma entrevista como um de seus melhores trabalhos de estúdio. Se a balada romântica dos 60´s teve um nome ela certamente foi "Only the Lonely"! Uma canção que marcou época!

Roy Orbison - Only the Lonely (1960)
Categoria: Single
Lado A: Only the Lonely / Lado B: Here Comes That Song Again
Selo: Monument Records 
Autores: Roy Orbison, Joe Melson
Data de Lançamento: Maio de 1960.

Pablo Aluísio.

John Lennon - Imagine / It's So Hard

O single mais vendido da carreira solo de John Lennon. Não é para menos. "Imagine" é o seu hino pessoal definitivo, a canção que o marcaria para sempre - e isso levando-se em conta inclusive sua obra ao lado dos Beatles. O grande diferencial foi sua letra propondo um mundo utópico, sem guerras, sem fronteiras, sem religiões e nem ideologias, mas em paz! A melodia também era extremamente bem composta, toda escrita em piano. Curiosamente Lennon a compôs assim, bem simples, crua até, mas muito bonita.

O produtor Phil Spector ainda quis convencer Lennon a adicionar orquestração de fundo na canção pois a achava com "jeito de demo" mas Lennon depois de pensar muito desistiu de mexer em sua simplicidade cativante. Acertou em cheio. A música, composta no grande piano de cauda branca de John, nasceu tal como foi gravada e foi justamente nisso que residiu sua beleza à prova de críticas.

E por falar em crítica é de se admirar que "Imagine" foi bem malhada quando chegou nas lojas. As resenhas negativas não atacavam seu arranjo e nem muito menos sua linda harmonia, mas sim a ideologia por trás da letra. Para muitos Lennon nada mais era do que um subversivo propondo soluções perigosas e até infantis para os problemas do mundo. O curioso é que não houve consenso sobre qual seria a verdadeira ideologia por trás daqueles versos. Era uma música anarquista? Socialista? Pagã? As hipóteses eram as mais variadas possíveis e isso intrigou Lennon profundamente pois ele queria escrever suas canções da forma mais direta possível, sem arroubos obscuros à la Bob Dylan - que ele tinha deixado para trás desde o fim dos Beatles.

Causava estranheza a ele o fato das pessoas não conseguirem captar a verdadeira mensagem por trás da canção. Para o governo americano porém "Imagine" trazia uma perigosa mensagem para a juventude. O presidente Nixon o colocou em sua lista negra e Lennon passaria a ser investigado e acompanhado por agentes do FBI. Tempos obscuros viriam para o cantor... e pensar que tudo começou com essa simples mensagem pacifista do bem intencionado John Lennon naqueles momentos turbulentos pelo qual o mundo passava.

Pablo Aluísio.

 

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Bob Dylan - Positively 4th Street

Um dos melhores singles da carreira de Bob Dylan, praticamente uma homenagem à sua querida Nova Iorque, pois o título faz referência à rua onde ele morou na cidade. A letra, mais uma vez muito direta e bem escrita pelo cantor e compositor, foi feita com raias de sinceridade para uma antiga "amiga" sua que o tinha apunhalado pelas costas, falando mal dele para amigos em comum.

Afinal de contas quem pode dizer que nunca sofreu por se envolver com falsas amizades na vida? Ora, certamente ninguém. Por essa época Dylan estava em uma fase de influenciar os Beatles ao mesmo tempo em que era influenciado. Essa sua técnica de escrever letras pessoais, que falassem de sua vida e de acontecimentos cotidianos, seria aproveitada por John Lennon em suas futuras composições, pois para ele já não era suficiente escrever canções generalistas sobre amores adolescentes.

Inicialmente Dylan pensou em usar a música no álbum "Highway 61 Revisited" mas depois mudou de opinião pois a seleção musical daquele disco lhe pareceu definitiva e muito bem organizada. Não havia espaço ali sem quebrar uma certa lógica interna entre as faixas. Como Dylan não a queria mais encaixar em nenhum outro disco - ele já tinha composto praticamente todas as canções que fariam parte de "Blonde on Blonde" - o jeito foi lançar a canção no mercado em forma de single, o que acabou se revelando uma boa ideia pois o compacto logo fez sucesso alcançando ótimas posições nas paradas.

No lado B a Columbia decidiu encaixar "From a Buick 6", outra preciosidade que estava arquivada, e assim Dylan conseguiu mais um belo sucesso de vendas. Anos depois o próprio John Lennon elogiaria bastante tanto a qualidade dessa letra como também a gravação em si, que ele achava simplesmente magistral. Um trabalho de gênio.

Pablo Aluísio.

The Beatles - Paperback Writer / Rain

Em maio de 1966 os Beatles colocaram no mercado seu novo single. Logo de cara a estranha sonoridade e as letras inovadoras chamaram a atenção da crítica. "Rain", por exemplo, trazia uma nova técnica que andava fazendo a cabeça de John Lennon na época, a reversão sonora, onde tapes eram rodados ao contrário, criando um tipo de som que nas palavras de Lennon lembravam "a voz de um velho cacique americano, um índio antigo". O curioso é que tudo havia acontecido ao acaso. John chegou tarde de uma sessão de gravação e colocou a fita para rodar com as sessões do dia mas como estava muito cansado colocou a fita na posição errada e quando o som começou a sair (ao contrário) ele ficou fascinado com o que ouvia! A letra, escrita exclusivamente por John Lennon era ao estilo Dylan, onde ele procurava com jogos de palavras, falar algo com mais profundidade, em aparentes temas banais, como a chuva, por exemplo.

Se "Rain" era filha do estilo ácido de Lennon, "Paperback Writer" era uma criação quase que exclusivamente de Paul. A ideia da música também surgiu ao acaso quando Paul resolveu ler algumas das centenas de milhares de cartas que lhe eram enviadas todos os dias. Entre elas havia uma interessante, a de um jovem escritor que pedia por uma oportunidade a Paul, embora ele não fosse um editor de livros. McCartney assim pensou que dali poderia surgir música - por que não? Depois de escrever os primeiros rabiscos levou a música para que Lennon desse os retoques finais. O resultado é, mais uma vez, fabuloso! A letra, por sugestão de John, também seguia o estilo Dylan de ser - os Beatles por essa época estavam bem influenciadas pela obra de Bob Dylan, apesar de John ter afirmado que o achava "muito paranoico" para se cultivar uma amizade. Como "Paperback Writer" tinha mais vocação para as rádios acabou fazendo muito mais sucesso do que a exótica "Rain". De uma forma ou outra o single, com dois lados bem distintos entre Paul e John, mostrava muito bem que a simbiose entre os dois é que fazia o segredo da genialidade dos Beatles. Duvida disso? Ora, coloque o single para tocar e tire suas próprias conclusões.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 19 de julho de 2011

A-ha - Hunting High and Low

Esse disco foi lançado em 1985. Curiosamente eu só o comprei dois anos depois, quando finalmente adquiri o terceiro disco da banda e me tornei, não diria um fã, mas um admirador da boa música que esse trio de noruegueses produziu nos anos 80. Esse primeiro disco também trouxe uma espécie de fórmula que iria ser seguido pelo grupo em seus três primeiros discos.

A fórmula consistia em colocar uma bela balada como música título do álbum, seguida de três ou quatro canções pop com aquele tipo de refrão bem pegajoso, de som que você ouve uma vez e nunca mais esquece. Os teclados e os sintetizadores foram também marcas registradas fortes desse período, aliás vou mais longe, são marcas da sonoridade de todos os anos 80, não tem como escapar dessa realidade.

Produzido pela Warner Bros teve uma edição até bem simplória se formos pensar bem. Não havia encarte de letras e nem fotos do grupo, como era comum haver nos anos 80. Sinal que a Warner não resolveu, pelo menos em um primeiro momento, investir muito no trio, pois seu primeiro álbum é mesmo destituído de luxos. De qualquer forma o que realmente vale a pena mesmo é a qualidade das músicas e essas, pode ter certeza, estavam garantidas.

A-ha – Hunting High and Low (1985): Take on Me / Train of Thought / Hunting High and Low / The Blue Sky / Living a Boy's Adventure Tale / The Sun Always Shines on T.V. / And You Tell Me / Love Is Reason / I Dream Myself Alive / Here I Stand and Face the Rain.

Pablo Aluísio.

Jefferson Airplane - Somebody to Love

1967 marcou época por causa do chamado "verão do amor", uma denominação criada por alguns jornalistas especializados em música que tentavam colocar tudo o que estava acontecendo no mesmo caldeirão cultural. Uma visão simplista, até tola, mas que acabou pegando e é usada até nos dias de hoje. No meio do auge da contra cultura, do movimento hippie e do som psicodélico o grupo Jefferson Airplane era uma grata surpresa.

Certamente faziam um som bem ao estilo da época, mas ao contrário de outras bandas mais loucas do cenário musical, procuravam trazer belas melodias para suas músicas e discos. Nada mais natural pois tinham surgido em San Francisco, uma das cidades mais liberais e modernas dos Estados Unidos. Para completar conseguiam se sobressair no meio com inovações dignas de nota, inclusive com a presença de uma vocalista, algo que era pouco comum em bandas de rock da época, pois prevaleciam grupos de rock exclusivamente masculinos. Afinal o que era Grace Slick a não ser uma ótima cantora e uma espécie de Janis Joplin menos desesperada e visceral?

Esse single "Somebody to Love" foi um grande sucesso de vendas, chegando a se destacar na cobiçada parada Billboard Hot 100. A letra refletia de certa maneira o que estava no ar naqueles tempos de muitos cabeludos, farto amor livre e uso indiscriminado de drogas! Hoje em dia o single original é uma raridade no mercado americano e vale alguns milhares de dólares. Restam poucos exemplares, mesmo nas mãos de grandes colecionadores, o que é surpreendente, já que vendeu tão bem.

Diria algum observador mais irônico que um dos problemas centrais da geração hippie era justamente esse, eles nunca ligavam para nada, nem mesmo para sua coleção de discos, por isso muitos deles acabaram perdidos ou jogados na lata de lixo. É de se perguntar como a história dá voltas, pois hoje em dia o que era descartado pelos hippies da época acabou virando artigo de luxo para colecionadores vintage.

Pablo Aluísio.

The Doors - Riders on the Storm

Jim Morrison era apenas um garotinho quando viu uma cena que nunca mais esqueceu. Ele estava viajando ao lado dos pais quando encontraram um caminhão virado de cabeça para baixo, cheio de nativos americanos, após um sério acidente. Vários índios estavam mortos, estirados no chão, agonizantes. Jim contaria anos depois que um dos espíritos o seguiu a partir daquele momento. Era a alma de um velho xamã que estava morto à beira da estrada. Foi justamente pensando nesse episódio de sua vida que levou Jim a compor "Riders on the Storm" que considero uma das melhores gravações da história do rock. Se você acha que Ray Manzarek era apenas um tecladista de churrascaria (como certa vez li numa resenha idiota e estúpida de uma revista inglesa) aconselho a ouvir atentamente essa faixa. Ray usa as notas musicais de seu instrumento para recriar pingos da tempestade caindo pelo chão... um efeito de arrepiar mesmo!

Some-se a isso o estilo cavernoso do vocal de Jim Morrison, naquela altura de sua vida já esgotado por todos os excessos possíveis e imaginaveis e você terá uma obra prima em mãos. "The Changeling" que está no lado B do single certamente não é tão maravilhosa como "Riders on the Storm" mas também mantém um padrão absurdo de qualidade musical. A guitarra de Robby Krieger procura imitar o som de vespas prontas para o ataque! Lembrando que as duas faixas fazem parte do último disco dos Doors com Jim Morrison, o blueseiro "L.A. Woman", um álbum realmente excepcional. Jim barbudo, encarnando como nunca seu alter-ego Mojo Risin, estava endiabrado nas sessões. Entre um excesso alcoólico e outro e foi gravando as canções de forma, diria até, abusiva! Considero Jim um dos maiores vocalistas da história do rock americano, um sujeito que se destacou por colocar sua própria alma em cada gravação que fez. Assim o single "Riders on the Storm / The Changeling" não é apenas uma questão de opção para quem gosta do bom e velho rock daquela geração, mas sim um item obrigatório em qualquer coleção que se preze.

Riders on the Storm (Jim Morrison) - Riders on the storm / Riders on the storm / Into this house we're born / Into this world we're thrown / Like a dog without a bone / An actor out alone / Riders on the storm / There's a killer on the road / His brain is squirming like a toad / Take a long holiday / Let your children play / If you give this man a ride / Sweet family will die / Killer on the road / Girl you gotta love your man / Girl you gotta love your man / Take him by the hand / Make him understand / The world on you depends / Or life will never end / Gotta love your man / Riders on the storm / Riders on the storm / Into this house we're born / Into this world we're thrown / Like a dog without a bone / An actor out alone / Riders on the storm / Riders on the storm / Riders on the storm / Riders on the storm / Riders on the storm.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Frank Sinatra - Duets

Não, Frank Sinatra não dividiu uma cabine de gravação com nenhum outro artista. Ele não ficou face a face com nenhum outro cantor ou cantora na gravação desse álbum. Isso não significa porém que não estamos na presença de um disco maravilhoso, realmente um dos mais belos que já ouvi em toda a minha vida. Usando da tecnologia a voz de Sinatra foi unida a de outros grandes nomes do mundo da música para que o ouvinte pudesse apreciar o que havia de melhor e mais elegante em termos de música quando esse CD foi lançado, por volta de 1993. Eu o comprei apenas alguns anos depois quando o vi em promoção em uma loja de discos (lembram delas? Sim, existiram em um passado não muito remoto).

A mescla da voz de puro jazz de Frank Sinatra com os astros do rock e da pop music do mundo atual, resultou em um maravilhoso baile sonoro. Entre os convidados só medalhões como Barbra Streisand, Julio Iglesias e Bono do U2. Natalie Cole, que havia herdado a bela voz de seu pai Nat King Cole também se destaca, porém minha faixa preferida, dentre todas é "The Lady Is a Tramp" que abre o álbum. Ali, logo na primeira faixa do disco, Sinatra já dá seu cartão de visitas e manda o recado, de que ainda era o bom e velho "The Voice", algo que nem o tempo havia conseguido apagar ou deixar opaco. Quem é rei jamais perde mesmo a majestade.

Frank Sinatra - Duets (1993)
The Lady Is a Tramp
What Now My Love
I've Got a Crush On You
Summer Wind
Come Rain or Come Shine
New York, New York
They Can't Take That Away From Me
You Make Me Feel So Young
Guess I'll Hang My Tears Out to Dry
In the Wee Small Hours of the Morning
I've Got the World on a String
Witchcraft
I've Got You Under My Skin

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Jailhouse Rock

A imagem de um jovem Elvis Presley vestido com roupa de prisioneiro, dançando e cantando dentro de uma cadeia, foi considerada pelos conservadores americanos, na década de 1950, como uma das coisas mais ultrajantes que a cultura pop poderia produzir. Pastores evangélicos disseram em cultos que Elvis iria levar toda a juventude para a perdição eterna. Alguns foram ainda mais longe, afirmando que Elvis era um enviado de Satã para corroer os valores mais tradicionais da sociedade. Foi mesmo algo chocante para os padrões da época. Afinal, o que ele queria passar com aquilo tudo? Que se tornar um marginal, um preso, era algo positivo para as jovens que o seguiam?

Tudo bobagem. "Jailhouse Rock", que no Brasil recebeu o título de "O Prisioneiro do Rock", nada mais era do que mais um musical da Metro, o estúdio de Hollywood que mais produziu filmes musicais clássicos na história do cinema americano. Com tanto Know-how de seus técnicos e membros na equipe de filmagem não é de se admirar que esse tenha sido mesmo um dos melhores filmes da carreira de Elvis Presley. Uma simbiose perfeita entre a velha Hollywood, dos tempos de Fred Astaire, com essa nova geração de jovens roqueiros que surgia. Se o Rock era a nova moda entre a juventude, então a Metro iria se adaptar para essa nova realidade.

Para Elvis o filme surgia como uma chance dele realizar seu grande sonho, que era se tornar um ator ao estilo de James Dean e Marlon Brando, seus grandes ídolos no cinema. Só que Elvis era ainda muito jovem e inexperiente para atuar nesse sentido. A Metro também não queria produzir um drama, mas sim um musical mesmo, com boas cenas de coreografia, com muita dança, ritmo e música. Embora o filme anterior de Elvis, "Loving You", tivesse sido filmado em cores, a Metro decidiu que esse novo musical seria todo realizado em fotografia preto e branco. E para realçar ainda mais isso mandou que Elvis pintasse seu cabelo na cor mais escura que pudesse encontrar. O preto forte iria agradar tanto Elvis a partir daí que ele decidiu adotar essa cor do cabelo para sempre.

Um dos pontos altos do filme surgiu exatamente na cena em que ele dançava com os demais prisioneiros. Para muitos essa sequencia acabou se tornando o primeiro clip da história da música, uma vez que a cena funcionava perfeitamente bem fora do contexto do filme. Claro, na época, a cena se tornou antológica, caindo no gosto dos jovens de uma maneira que ninguém poderia esperar. Fruto de muito empenho, ensaio e trabalho da equipe de coreografia do estúdio. Não é de se admirar que esse momento acabou se tornando um dos mais lembrados da carreira de Elvis no cinema, a tal ponto que entrou para sempre na história da cultura pop.

"Treat Me Nice" pode ser considerada a melhor canção dessa trilha sonora, logo após "Jailhouse Rock". O tema foi composto pela dupla Leiber e Stoller, grandes nomes do surgimento do rock. Curiosamente uma série de versões foram gravadas. Uma mais aprimorada foi gravada em estúdio para ser lançado no compacto duplo que traria as músicas do filme. Essa mesma versão também foi aproveitada no single. Já outra, bem mais simples, foi gravada para ser usada na cena do filme, quando Elvis a interpreta á beira da piscina.

Particularmente prefiro a versão do filme. Aliás ela só estaria à disposição dos fãs em disco muitos anos depois, em vinil, No meu caso tive acesso através do LP "The Great Performances". Infelizmente, como bem se sabe, Jerry Leiber e Mike Stoller seriam afastados da carreira de Elvis pelo Coronel Tom Parker. Eles escreveram inúmeros sucessos comerciais para o cantor, mas nem isso convenceu Tom Parker. Ele achava que a dupla cobrava alto demais pelas músicas. Veja que visão medíocre do empresário. É óbvio que cobravam acima da média, já que eram ótimos compositores. O velho Coronel Parker porém pensava como puro comércio, sem se importar com o aspecto artístico da situação. Lamentável.

E como grande parte da trilha sonora de "Jailhouse Rock" foi mesmo composta por Leiber e Stoller, outra faixa gravada feita por eles foi "I Want To Be Free". Essa nunca chegou a fazer sucesso. Como o próprio Leiber explicaria anos depois essa música era "um tema de prisão", ou seja, imaginemos o sujeito ali preso vendo a janela onde avista um pássaro, com toda a sua liberdade para voar para onde quiser. É o próprio conceito de ser livre. Para alguém que estava preso não poderia haver alegoria melhor.

Esse tema inclusive me lembra um filme clássico chamado "O Homem de Alcatraz". Nesse excelente filme um prisioneiro de Alcatraz ajudava um passarinho ferido que havia caído na janela de sua cela. Isso acabaria despertando nele o desejo de aprender a ciência que estudava esses animais. Depois de longos anos lendo e estudando em sua prisão ele acabaria se tornando um dos maiores especialistas do tema nos Estados Unidos. História real, que realmente aconteceu. O nome dele era Robert Franklin Stroud e foi interpretado no cinema pelo grande Burt Lancaster. Claro que "O Prisioneiro do Rock" não tinha toda essa densidade dramática, mas de qualquer forma vale a analogia cinematográfica. Afinal ambos os filmes, cada um ao seu modo, tinha como protagonista um prisioneiro.

Essa trilha sonora de Elvis contou com poucas canções. A RCA Victor optou pelo lançamento de um compacto duplo (EP) ao invés de um álbum completo (LP). É um desses erros que ficam para a história. Curiosamente, apesar de haver poucas faixas para gravar, Elvis levou três sessões de gravação para finalizar toda a trilha. Em termos de Elvis, que era conhecido por gravar um álbum inteiro em apenas uma ou duas sessões, foi realmente muito. A primeira sessão foi realizada no dia 30 de abril de 1957, em West Hollywood. O produtor dessa famosa sessão foi Jeffrey Alexander, acompanhado do engenheiro de som Thorne Nogar.

Nesse dia Elvis gravou diferentes versões de "Jailhouse Rock" para ser usada no filme e no vinil, no disco oficial. Nessa mesma ocasião ele ainda trabalhou nas primeiras versões de "Treat Me Nice". A intenção era gravar logo as duas músicas que iriam fazer parte do primeiro single do filme. Obviamente foi um dos discos mais vendidos de toda a carreira de Elvis. Um marco de sucesso na indústria fonográfica da época. Nunca se vira tantos pedidos antecipados de um artista na história. A RCA colocou suas fábricas empenhadas em produzir as cópias em ritmo acelerado.E quando chegou no mercado, em poucos dias, ultrapassou a marca de um milhão de cópias vendidas. Um sucesso absoluto.

Para finalizar esse dia Elvis se empenhou em terminar as diferentes versões de uma bela balada chamada "Young and Beautiful". É interessante salientar que esse tipo de coisa, de gravar versões diferentes para uma mesma música, sendo algumas usadas no filme e outras nos discos, iria ser abandonada por Elvis e banda. Dava muito trabaho. Era melhor gravar apenas uma versão definitiva e isso já estava de bom tamanho. Nas cenas dos filmes Elvis iria apenas fazer playback. De qualquer modo a versão oficial, a que foi lançada em vinil, era uma das mais bonitas músicas românticas dessa fase da carreira de Elvis.

E as diferentes versões também foram renomeadas pelo produtor da sessão. Por exemplo,  "Young and Beautiful" foi chamada de "versão oficial", "solo version" e "Florita Club version". O mesmo aconteceu com as demais. O produtor Jeffrey Alexander era considerado um sujeito bem obcecado por organização. Por fim uma dúvida interessante: quem tocou guitarra em "Young and Beautiful"? O próprio Scotty Moore anos depois iria dizer que não havia sido ele, que ele não tinha tocado nessa faixa. Seria a única que ele não tocaria nessa trilha sonora. O único outro músico creditado nas sessões tocando guitarra e violão nessa sessão de gravação foi Elvis. Teria sido ele o guitarrista dessa gravação? Em minha opinião, sim. Tanto que anos depois Elvis voltaria a tocar guitarra numa versão improvisada (e bonita) dessa mesma música nas sessões de ensaio de 1972 para o filme "Elvis On Tour".

Raramente Elvis Presley gravava duas vezes uma mesma música em estúdio. Isso aconteceu poucas vezes em sua longa discografia. Posso me lembrar imediatamente de "Blue Suede Shoes", que foi gravada em 1956 para seu primeiro álbum na RCA Victor e em 1960 numa versão mais acústica para o filme "G.I.Blues". Outro caso que me vem na mente agora foi a da canção "Love Letters", gravada inicialmente na segunda metade da década de 1960 e depois regravada na década seguinte, dando origem inclusive ao título de um de seus álbuns oficiais. "You Don't Know Me" também ganhou duas versões de estúdio. Uma para o filme "Clambake" e outra para ser lançada em single. Nesse caso Elvis justificou dizendo que gostava bastante da música e que não havia ficado satisfeito com sua versão para o filme de Hollywood.

Então chegamos no estranho caso de "Don't Leave Me Now". Essa canção surgiu pela segunda vez na discografia de Elvis no EP que trazia as músicas do filme "Jailhouse Rock". Os fãs da época estranharam já que essa mesma balada também havia sido lançada no álbum "Loving You", nesse mesmo ano. O que aconteceu? Composta pela dupla Aaron Schroeder e Ben Weisman, essa música ganhou duas versões de estúdio em um curto período de tempo. Falha da RCA Victor, esquecimento por parte de Elvis ou uma escolha do próprio cantor que preferiu melhorar a música? As cartas ficam na mesa, sem uma resposta definitiva.

Outra música composta pelos ótimos Jerry Leiber e Mike Stoller para esse filme da MGM foi a conhecida "(You're So Square) Baby I Don't Care". A versão final foi completada no dia 3 de maio de 1957. Durante as filmagens aconteceu um fato engraçado. O guitarrista Scotty Moore se esqueceu que o filme tinha que seguir uma continuidade. Assim ele tirou e colocou os óculos entre as tomadas de cena. Dois takes básicos de filmagens foram produzidos. Um mais de perto, mostrando Elvis e banda em primeiro plano. Outro mais distante, do outro lado da piscina. No primeiro Scotty surge sem óculos escuros. No segundo ele está com eles. Na montagem final as duas cenas foram editadas em conjunto, o que criou um estranho efeito em quem assistia ao filme. Era o guitarrista que fazia seus óculos desaparecerem em um estalar de dedos! No fundo um erro de continuidade mesmo.

No final de tudo a RCA Victor decidiu que "Jailhouse Rock" não ganharia um álbum completo em LP, como havia acontecido com "Loving You". Ao invés de gravar mais cinco faixas para o lado B, algo que nem iria dar muito trabalho para Elvis e banda, a gravadora decidiu que iria colocar no mercado um mero EP, mais conhecido no Brasil como compacto duplo. Assim havia feito com "Love Me Tender" e assim fariam com "Jailhouse Rock". Olhando para o passado esse foi outro erro cruacial na discografia de Elvis. Trilhas sonoras tão importantes, com músicas tão marcantes, precisavam de álbuns completos, com toda a riqueza de detalhes. Lançar em um formato de vinil considerado menor, de segundo escalão, era uma decisão completamente equivocada.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

The Beatles - Magical Mystery Tour

Esse disco é uma farsa! Calma, que eu vou explicar! Na verdade os Beatles nunca lançaram um álbum, um LP, de " Magical Mystery Tour". Eles apenar lançaram um EP na Inglaterra com as músicas do filme. EP era um formato com no máximo 4 ou 5 músicas que no Brasil era conhecido como compacto duplo. Os americanos, muito mais versados em marketing e vendas, decidiram que o EP era muito mixuruca, com poucas músicas e sem muito apelo comercial, até porque o telefilme só havia sido exibido na Inglaterra e mesmo assim levado muita pancada da crítica (obs: o filme é ruim demais, mesmo, não tiro a razão dos críticos da época).

Pois bem, então a Capitol tinha em mãos as poucas músicas do filme para lançar nos Estados Unidos. Então os executivos tiveram uma ótima ideia. Por que não juntar essas músicas com outras de singles que os Beatles tinham lançado recentemente? E assim nasceu esse álbum que, por ironia do destino, acabaria sendo adotado na discografia oficial inglesa alguns anos depois. "Magical Mystery Tour" tal como pensado pelos Yankes, ficou muito bom. A seleção, mesmo fruto de um certo malabarismo da Capitol, funcionou perfeitamente bem junto. Inclusive diria que é bem fiel ao que os Beatles gravavam na época. Mesmo sem que as músicas tivessem sido gravadas com pensamento em serem utilizadas em um disco, a coisa toda funcionou perfeitamente bem. Ei, isso só pode ser magia!

The Beatles - Magical Mystery Tour (1967)
Magical Mystery Tour
The Fool on the Hill
Flying
Blue Jay Way
Your Mother Should Know
I Am the Walrus
Hello, Goodbye
Strawberry Fields Forever
Penny Lane
Baby, You're a Rich Man
All You Need Is Love

Pablo Aluísio.

The Beatles - Please Please Me

Esse foi o primeiro disco dos Beatles. Conforme dito por John Lennon alguns anos depois, eles ainda eram muito crus, jovens e inexperientes, mas mesmo assim ainda realizaram um bom disco. Isso foi em uma época em que a indústria fonográfica estava estava em um período muito bom de sua existência, com muitas vendas e lucros. As pessoas compravam discos em lojas e isso mantinha as grandes gravadoras sempre em busca de novos artistas, novas revelações. E os Beatles tiveram sua chance na EMI, no pequeno selo Parlophone que era comandado pelo excelente produtor George Martin (que também tocou piano em algumas das faixas do álbum).

Hoje em dia as músicas mais conhecidas do álbum não são as mesmas que fizeram mais sucesso na época em que o disco chegou nas lojas da Inglaterra. "Twist and Shout" é hoje em dia a música mais conhecida do disco. Contando com uma voz rasgada de Lennon, após horas de estúdio, realmente é um número vibrante, para puxar para o alto o astral de qualquer um. Outro hit é "I Saw Her Standing There", que Paul McCartney promoveu bastante em suas turnês internacionais. Já na época de lançamento do disco as duas faixas de destaque eram "Love Me Do", que já havia sido lançada em single e "Please Please Me" que George Martin acelerou pois achava que a versão original escrita por Lennon e McCartney não tinha pique suficiente. Completa a coleção de boas faixas a música "Boys" que também marcava a estreia de Ringo Starr como vocalista (ao longo dos anos ele sempre cantaria pelo menos uma música nos discos do quarteto).

The Beatles - Please Please Me (1963)
I Saw Her Standing There
Misery
Anna (Go to Him)
Chains
Boys
Ask Me Why
Please Please Me
Love Me Do
P.S. I Love You
Baby It's You
Do You Want To Know A Secret?
A Taste of Honey
There's A Place
Twist and Shout

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Paul McCartney - Give My Regards to Broad Street

Essa é a trilha sonora de um filme que Paul fez nos anos 80 e que acabou fracassando nas bilheterias. O ex-Beatle poderia ter ficado apenas no ótimo clip da música "No More Lonely Nights" que já estava de bom tamanho. A balada inclusive é maravilhosa e fez muito sucesso nas rádios na época. Eu me lembro muito bem disso. E o resto do disco? Vale a pena? Aí é que está o problema. Ao que tudo indica Paul não tinha material inédito suficiente para completar um álbum, então ele optou por ir para o caminho mais fácil: regravar clássicos dos Beatles!

E aí, claro, o mundo caiu na cabeça dele. Santa heresia, Batman! Regravar as músicas imortais dos Beatles com arranjos novos? Onde Paul estava com a cabeça? - essas foram perguntas que passaram pela cabeça dos Beatlemaníacos. Como nunca fui um radical não me importei nada com isso. Afinal Paul compôs todas essas músicas e se havia alguém que podia fazer esse tipo de coisa era ele mesmo. Algumas das versões até ficaram bonitas. Só que Paul errou ao colocar trechos falados, tirados do filme, no meio das músicas. Esse erro realmente estragou a audição do álbum em vários momentos. Ele deveria ter deixado apenas a beleza dessas canções eternas prevalecerem. Ficaria muito melhor.

Paul McCartney - Give My Regards to Broad Street (1984)
No More Lonely Nights
Good Day Sunshine
Corridor Music
Yesterday
Here, There and Everywhere
Wanderlust
Ballroom Dancing
Silly Love Songs
Silly Love Songs (Reprise)
Not Such A Bad Boy
No Values
No More Lonely Nights (Ballad / Reprise)
For No-One
Eleanor Rigby
Eleanor's Dream
The Long And Winding Road
No More Lonely Nights (Playout Version)

Pablo Aluísio.

Jane Asher

Jane Asher
Você tem curiosidade em saber quem foi a inspiração de muitas das músicas mais românticas dos Beatles? Ora veja só, a garota da foto foi essa musa inspiradora. Ela namorava Paul McCartney quando ele era um dos membros dos Beatles nos anos 60. Seu nome é Jane Asher. Ela era atriz, filha de uma família de intelectuais e artistas de Londres. Conheceu Paul em uma boate da cidade e depois disso ficaram longos anos juntos. E desse romance nasceu muitas das mais belas músicas de amor dos discos dos Beatles. Entre as mais famosas poderíamos citar "And I Love Her", "Here, There and Everywhere", entre tantas outras. Foi fonte de inspiração para dezenas de músicas maravilhosas.

Um fato interessante é que os demais Beatles (John, George e Ringo) acreditavam que Paul iria mesmo se casar com Jane, mas isso não aconteceu. Não se sabe bem qual foi o motivo do rompimento, mas Paul e Jane termiram o romance antes do final dos anos 60. E Paul acabaria se casando com Linda, em uma relacionamento muito rápido, bem mais curto do que havia tido com Jane. Outra surpresa. De qualquer forma as músicas que embalaram esse namoro ficaram aí, para a eternidade. Como diria o poeta brasileiro, "Que o amor seja eterno, enquanto dure".

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 13 de julho de 2011

The Beatles - You Know My Name (Look Up The Number)

John Lennon costumava dizer que as sessões de "Let It Be" eram puro lixo! Quem já ouviu as gravações cruas, feitas em estúdio, descobre logo que a preguiça, a displicência e as brigas estavam no auge. Os próprios membros do grupo sequer podiam se suportar mutuamente. Quando se dirigiam entre si geralmente o faziam em tom de crítica ou farpas. Dentro das centenas e centenas de horas gastas nessas sessões algumas "loucuras" foram gravadas pelos Beatles. A maior delas talvez seja a faixa "You Know My Name (Look Up The Number)".

Eu nem consigo chamar muito essa gravação de música, porque ela na verdade está mais para uma zoeira maluca promovida entre John e Paul. Uma insanidade. Tanto isso é verdade que a EMI Odeon resolveu tirar a gravação do álbum oficial "Let It Be", a colocando como lado B de um single. E só a encaixaram lá por pura insistência de John Lennon que amava uma bizarrice. A tal "composição" inclusive é uma criação de John e Paul que simplesmente começaram a brincar durante uma noite. John tirou a ideia de uma propaganda que viu em uma revista. Depois disso levou a ideia para que Paul a melhorasse. Isso foi em 1967. Durante os próximos anos os dois voltariam à ideia, colocando novas coisas e tirando outras.

Um fazia uma piada ou uma brincadeira bizarra e o outro corria atrás, tentando manter o pique. Para disfarçar um pouco sua essência o produtor George Martin (sempre ele!) resolveu acrescentar um pequeno arranjo melódico para que a faixa ao menos soasse como uma música e não apenas como um besteirol (que é o que ela realmente é). A coisa foi crescendo e acabou como quase cinco pedaços de canções em partes separadas. Até Brian Jones dos Rolling Stones deu uma canja. Ouça e veja até que ponto os Beatles podiam chegar quando não conseguiam se levar muito à sério.

The Beatles - You Know My Name (Look Up The Number) (John Lennon / Paul McCartney) / Produção: George Martin / Arranjos: John Lennon e Paul McCartney / Local de gravação: Abbey Road Studios, Londres / Músicos: John Lennon (guitarra e vocais), Paul McCartney (piano e vocais), Brian Jones (Sax), George Harrison (guitarra e vibrafone), Ringo Starr (bateria), Mal Evans (efeitos).

Pablo Aluísio.

The Drifters - Save the Last Dance for Me

Considero o grupo negro The Drifters muito injustiçado na história da música americana. Eles eram ótimos em qualquer ponto de vista que os analise mas mesmo assim não conseguiram se perpetuar na memória da maioria dos admiradores da musicalidade daquela época. O curioso é que não raro suas gravações originais eram gravadas posteriormente por outros artistas (geralmente brancos) e eles conseguiam melhores resultados comerciais do que os próprios Drifters! Uma face mais sutil do racismo americano?

Penso que sim, já que nem sempre as regravações tinham a mesma qualidade do que o material originalmente produzido pelo grupo. Pois bem, dentro da vasta riqueza musical desse conjunto eu destacaria esse verdadeiro clássico romântico chamado "Save the Last Dance for Me" que foi lançado em single em 1960. Uma linda balada escrita pela ótima dupla Doc Pomus e Mort Shuman (os fãs de Elvis Presley reconhecerão imediatamente esses nomes). Assim que chegou nas lojas a música logo estourou em vendas, afinal era ótima para os bailinhos que tanto sucesso faziam naquela época. Chegou ao primeiro lugar tanto na parada Pop como na de R&B, mostrando a força de sua melodia.

Além do evidente talento de todos os membros dos Drifters outros detalhes fizeram que essa gravação se tornasse o grande sucesso que foi. Para começar ela foi produzida por outra grande dupla de compositores americanos, Jerry Leiber e Mike Stoller. Eles capricharam aqui, escrevendo um arranjo maravilhoso, inclusive com uso de violinos, algo que era completamente raro em gravações pop. Some-se a isso a suposta participação (nunca comprovada historicamente) de Phil Spector que se sensibilizou com a história da composição da canção. E que história foi essa? Doc Pomus tinha poliomielite que o impedia de andar e dançar como as demais pessoas.

No dia de seu casamento com Willi Burke, atriz e dançarina da Broadway, ele ficou sentando em sua mesa vendo sua linda esposa dançando com amigos e convidados da festa. Então diante daquela situação pediu caneta e papel ao garçom e resolveu escrever os primeiros versos de "Save the Last Dance for Me" (que em português pode ser traduzida como "Guarde a últma dança para mim"). Bonita história não é mesmo? Assim deixo a dica dessa linda balada, um momento muito romântico dos anos 60 que merece ser redescoberta pelos amantes das belas melodias de amor.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Nat King Cole - Unforgettable

Essa é uma daquelas músicas que fazem você se sentir feliz por estar vivo e ter a oportunidade de ouvi-la. Quando ouço melodias como essa fico muito entristecido de ver no que a música negra americana se tornou nos dias de hoje - um festival incrível de falta de talento, sensibilidade e romantismo. Aliás essas três qualidades fundamentais - talento, sensibilidade e romantismo - sobravam na pessoa de Nat King Cole! Que grande cantor! Aqui temos um exemplo do que talento aliado a fina técnica podem fazer por um artista. Cole cantava suavemente, delicadamente, o que lhe valeu o carinhoso apelido de "voz de veludo". Ao se ouvir gravações como essa quem pode discordar? Certamente muitos conhecem "Unforgettable" no dueto entre Cole e sua filha, algo que só foi possível graças às maravilhas da tecnologia moderna. Como sou um tradicionalista em termos musicais prefiro a versão crua, original, tal como chegou ao mercado em 1951. Aquilo senhoras e senhores é uma verdadeira obra prima em forma de notas musicais. Insuperável em todos os aspectos.

Também pudera, a canção foi produzida pelo gênio Nelson Riddle, que escreveu o arranjo com uma delicadeza ímpar. Para quem não se lembra ou não sabe, Riddle foi o grande parceiro musical de Frank Sinatra, estando por trás de todos os grandes álbuns da carreira do cantor. Era uma dupla perfeita, Sinatra no microfone e Nelson no controle, na sala de estúdio, lapidando tudo com uma sensibilidade fora do comum. A sofisticação e elegância que trazia para os discos do velho Blue Eyes, se repete aqui, em cada detalhe, em cada nuance da melodia. Irving Gordon, o famoso compositor nova iorquino negro, foi quem escreveu a música. Um veterano que chegou ao meio musical pelas mãos de ninguém menos do que Duke Ellington. Assim pare para analisar, temos aqui um trio de ouro por trás de "Unforgettable"! Com tantos talentos não poderia dar em outra coisa. Considero "Unforgettable", sem favor algum, uma das dez mais lindas canções da música norte-americana de todos os tempos. Simplesmente imortal!

Unforgettable (Irving Gordon) - Unforgettable, that's what you are / Unforgettable though near or far / Like a song of love that clings to me / How the thought of you does things to me / Never before has someone been more / Unforgettable in every way / And forever more, that's how you'll stay / That's why, darling, it's incredible / That someone so unforgettable /  Thinks that I am unforgettable too / Unforgettable in every way / And forever more, that's how you'll stay / That's why, darling, it's incredible / That someone so unforgettable / Thinks that I am unforgettable too.

Pablo Aluísio.

The McGuire Sisters - Sincerely

Esse single chegou ao topo da parada Billboard top 100 em fevereiro de 1955 e ficou lá por seis semanas! Perceba bem a época em que a música se tornou um hit. O rock estava chegando e tomaria de assalto todas as paradas musicais mas ainda havia espaço para canções ternamente românticas como essa. Outro fato interessante a se chamar a atenção é que hoje em dia vários grupos vocais femininos famosos daquela época, como esse, estão completamente esquecidos, de forma bem injusta é bom frisar. Esse tipo de som era muito popular nos anos 50 e por várias razões emplacavam sempre bem comercialmente. As jovens estudantes certamente se identificavam com esse tipo de sonoridade, até porque as letras sobre romances perdidos ou paixões não correspondidas faziam parte das próprias vidas das ouvintes. Some-se a isso a participação fundamental de Alan Freed na divulgação das canções. Freed foi um radialista pioneiro no surgimento do rock e acabou no ostracismo anos depois após se envolver em um escândalo de corrupção envolvendo jabá entre gravadoras e rádios. De qualquer maneira teve papel essencial nesse momento histórico, sendo responsável pela aparição de inúmeros artistas novos. Para promover alguns singles pedia que seu nome fosse incluído como co-autor, mesmo que não escrevesse uma linha sequer da canção (foi justamente o caso desse single).

E o que aconteceu as irmãs McGuire? Christine, Phyllis e Dorothy McGuire começaram suas carreiras em Anderson, Indiana. Como tinham lindas vozes elas ganhavam alguns trocados cantando em casamentos e festas na região até que foram descobertas por um caça-talentos da pequena gravadora Coral Records em 1952. O sujeito viu potencial nelas pois além de boas cantoras eram bonitas (em especial Phyllis McGuire, a caçula). Certamente ele poderia vender alguns discos daquelas garotas. Sua aposta foi certeira mesmo. Assim que "Sincerely" chegou nas rádios se tornou um sucesso absoluto de execuções. Depois vieram mais sucessos na mesma linha como "Picnic" e "Sugartime" que vendeu cinco milhões de cópias! Um estouro. Depois do sucesso nas rádios veio o êxito na TV. As jovens eram simpáticas e muito adequadas para os programas daquele tempo. Se apresentaram nos programas de Ed Sullivan, Dean Martin, Danny Kaye e Milton Berle, sempre com belo sucesso de audiência. Apesar da fama, do dinheiro e do reconhecimento, como era de se esperar, elas logo se apaixonaram por bons partidos e se casaram. Depois disso o trio se afastou. Claro que como irmãs continuaram próximas mas a carreira musical já não significava muito se comparada com uma vida de dona de casa, mãe e esposa. Hoje em dia fica complicado para as pessoas entenderam esse tipo de mentalidade mas nos anos 50 era bem assim a forma de pensar da grande maiorias das mulheres. A família vinha em primeiro lugar. Esporadicamente elas voltariam para pequenas apresentações nostálgicas mas a carreira musical já não era mais o foco principal de suas vidas. Não importa, o que vale a pena mesmo é realmente registrar o sucesso que "Sincerely" causou em seu lançamento. O mundo nunca mais seria tão inocente como naqueles anos dourados.

Sincerely (Harvey Fuqua - Alan Freed) - Sincerely, oh yes, sincerely / 'Cause I love you so dearly / Please say you'll be mine / Sincerely, oh you know how I love you / I'll do anything for you / Please say you'll be mine / Oh Lord, won't you tell me why / I love that fella so / He doesn't want me / But I'll never, never, never, never let him go / Sincerely, oh you know how I love you / I'll do anything for you / Please say you'll be mine / Oh Lord, won't you tell me why / I love that fella so / He doesn't want me / But I'll never, never, never, never let him go / Sincerely, oh you know how I love you / I'll do anything for you / Please say you'll be mine / Please say you'll be mine.

Pablo Aluísio.