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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Papa Urbano VIII

Papa Urbano VIII
Esse papa passou para a história pelos motivos errados. Ele sempre será lembrado como o Papa que pressionou o cientista e astrônomo Galileu Galilei. O papa não aceitava as premissas do famoso astrônomo. E deu um ultimato. Ou ele voltava atrás de suas afirmações, ou então iria enfrentar a Santa inquisição. Correndo o risco de ser morto na fogueira. Assim Galileu Galilei voltou atrás de suas afirmações e disse que elas estavam incorretas, mesmo sabendo que estavam certas, o que iria ser provado séculos depois. Foi uma prova vergonhosa da intromissão da igreja na ciência. Um exemplo que não poderia mais ser repetido. 

E também ficou conhecido em Roma por ter sido um dos maiores praticantes do nepotismo. Ele empregou praticamente todos os seus familiares do Vaticano. Mesmo aqueles que não tinham qualquer ligação com a religião católica e nem tinham uma vida digna de ser exaltada. Era empreguismo puro, nepotismo sem qualquer critério de escolha. Bastava ser parente para ganhar um alto cargo dentro dos muros da sede da igreja católica. 

Foi um Papa impopular, muito odiado pelo povo de Roma. Era um nobre de imensa Riqueza. Herdou toda a Fortuna de seu tio, que era um homem rico com fama de homossexual. Com tanto dinheiro, conseguiu construir sua chegada ao trono de São Pedro. Com esse poder acabou quebrando as finanças da igreja católica. O povo Romano definitivamente não gostava dele. 

Quando morreu, seu busto foi destruído por uma multidão em fúria. Ficou como papa durante 21 anos, mas não deixou saudades aos católicos da época. Faleceu em julho de 1644. Foi uma morte misteriosa. Até hoje, acredita-se que foi envenenado por cardeais. Eles tentavam salvar a imagem pública da igreja católica depois de seu desastrado papado. 

Nome real: Maffeo Vincenzo Barberini
Papado: 1623 a 1644 
Sucessor: Inocêncio X

Pablo Aluísio.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Os Profetas do Velho Testamento

Hoje em dia, passados séculos e séculos dos dias do Templo de Jerusalém, as pessoas religiosas ainda mantém uma imagem impecável dos profetas do povo judeu, ainda mais se formos levar em conta os que são citados no Velho Testamento. Historiadores e arqueólogos porém discordam dessa visão, digamos, extremamente religiosa e simbólica. Na realidade os profetas do passado escondem aspectos bem deploráveis.

O profeta oficial do Reino era apenas um capacho do Rei de ocasião. Essa é a verdade. Em um tempo em que prevalecia a monarquia mais do que absoluta, em que o Rei hebreu tinha direito de vida e morte sobre todos os seus súditos, o profeta dito oficial era nada menos do que um homem que era pago para dizer basicamente que as decisões do Rei estavam de acordo com a vontade de Deus. Todo monarca, por mais forte que fosse, tinha também medo de uma rebelião popular. Então o profeta aparecia para acalmar o povão, dizendo que Deus estava muito satisfeito com as decisões do Rei! E com isso o povo ficava inibido de agir contra o Rei, por mais tirano e sanguinário que fosse!

O Profeta do Templo era simplesmente um puxa-saco do Rei, ou melhor dizendo, um homem que tinha que carimbar tudo o que Rei fizesse, mesmo que fossem crimes horrendos. Até porque se o Rei perdesse a confiança de seu profeta oficial era muito provável que ele o mandasse para a sala de execução, onde teria sua cabeça cortada. Diante disso o profeta, muitas vezes apavorado, outras vezes bem mau-caráter mesmo, ficava sempre ao lado do monarca. O Rei nunca errava, nunca fazia nada contra Deus. E quem garantia essa aprovação era o Profeta que geralmente terminava sua vida muito rico! O povo que ficasse na miséria total!

Jesus não era esse tipo de profeta, o profeta oficial do templo. Ele estava mais próximo de ser um profeta popular, que os historiadores geralmente denominam de "profeta carismático". Era um homem vindo do povo que não tinha um cargo oficial no Estado. Era muitas vezes considerado uma pessoa que iria prazer problemas, pois sem laços com o monarca geralmente dizia a verdade. João Batista também se enquadrava nesse tipo. Então é isso. Não vá pensar que os profetas dos Velho Testamento eram homens santos, com ligação direta com Deus. Geralmente eels tinham ligações sim, mas com o Rei e seus tesouros, que ele lutava para ficar com uma parte! O profeta era um funcionário público de elite, funcionava em um tipo de subordinação pessoal com a vontade do soberano.

Pablo Aluísio.

A Questão da Existência de Deus

O conceito de se ter um deus que tudo criou e que tem todo o poder do universo é algo muito antigo na história da humanidade. Os antigos acreditavam em deuses como forma de explicar a natureza, os trovões, as grandes tempestades, o frio do inverno, o calor do verão, a existência da vida. Algo muito natural. Em um mundo sem ciência era relativamente natural que procurassem por uma explicação.

Assim toda civilização criou sua coleção de deuses. O povo do Egito Antigo, da Roma imperial, da Grécia da filosofia. Havia deuses na mente dos antigos. O povo hebreu não foi diferente. No começo eles eram politeístas, depois inovaram acreditando em apenas um deus. Só que o deus dos hebreus conhecido como Jeová era mais um dentro dos tempos em que acreditavam em muitos deuses. Eles apenas escolherem um deles e a partir daí se tornaram exclusivistas.

Pode ser que exista mesmo um deus. O verdadeiro deus. Uma mente criadora que tudo criou. É uma tese, acreditada por bilhões de pessoas ao redor do mundo. Entretanto se existe essa divindade abstrata, que não é o deus dos hebreus, nem dos povos do Egito antigo, etc, o que será ele? Ainda existe após bilhões de anos da criação do universo? E se ele algum dia existiu quem o criou? O que vem antes desse deus? Outra deus que o criou e assim sucessivamente?

E se existe esse deus primordial porque ele criou um universo tão vasto e tão vazio? Sim, a humanidade nunca encontrou vida fora da Terra. Nenhum vestígio, nenhum registro, nada. O universo parece ser um lugar frio, hostil e vazio de vida. Por que deus sendo tão poderoso criou tanto nada? Isso me leva a crer que o universo, a vida, tudo o mais parece ter sido fruto do puro acaso. Se há ou houve uma mente pensante por trás de tudo essa parece ter deixado de existir há bilhões de anos.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A Farsa do cristianismo?

Eu nunca havia parado para estudar religião a fundo, mas nos últimos tempos estou chegando na conclusão que essa coisa de cristianismo é uma grande farsa, uma mentira que vem sendo repetida há séculos. O Jesus homem, figura histórica, muito provavelmente existiu. Ele foi mais um dos vários pregadores do fim do mundo que surgiram naquela região em seu tempo. Eram pessoas de pouca ou nenhuma cultura, geralmente muito religiosos, mas de camadas sociais mais humildes jamais chegariam a ser profetas do templo, lugar que era reservado para determinadas famílias ricas e nobres de Jerusalém.

Então Jesus (ou Yeshua, provavelmente seu nome verdadeiro) caminhou pelas margens do mar da Galileia e depois teria ido para Jerusalém, o grande erro de sua vida, pois perto do templo iria despertar a ira dos religiosos oficiais da época. Não me entenda mal, eu realmente acredito que Jesus foi um bom homem, com uma mensagem das mais positivas falando de amor e caridade, de desapego a bens materiais e tudo mais, só que sua mensagem se perdeu em grande parte pelas areias do tempo. E o cristianismo acabou soterrando o verdadeiro homem Jesus.

Os primeiros textos sobre o Cristo foram escritos mais ou menos 30 ou 60 anos após sua morte. Paulo, o primeiro a escrever sobre Jesus, jamais o conheceu pessoalmente. Igualmente Lucas que escreveu um dos principais evangelhos. Ele seria da comunidade de Paulo, comunidade essa que tinha uma certa rixa com a comunidade de Jerusalém, que inclusive pode ser considerada a primeira comunidade cristã do mundo justamente por contar com os primeiros apóstolos e pessoas que realmente viveram e andaram ao lado de Jesus.

E aí temos o primeiro grande problema. Os textos que hoje se encontram naquilo que chamamos de Novo Testamento foram escritos em grego por pessoas que nunca vivenciaram ao lado de Jesus. São textos importantes do ponto de vista histórico, sem dúvida, mas não são textos escritos por testemunhas oculares dos acontecimentos. Jesus infelizmente não deixou nada escrito pois historiadores acreditam que ele era analfabeto. O mesmo vale para seus apóstolos, pois eram pescadores incultos. Por isso a primeira comunidade cristã nada deixou escrito. Quem escreveu mesmo foram membros da comunidade de Paulo, a maioria deles cidadãos romanos, pessoas de cultura, que sabiam falar e escrever em latim e grego. Só que eles não tiveram contato nenhum com o Jesus histórico. Seria tudo uma grande farsa? Fica o questionamento.

Pablo Aluísio.

YHVH

YHVH ou Yahweh, mais conhecido nas religiões judaico e cristã dos nossos dias como Jeová, era representado na antiguidade com cabeça de touro e corpo de ser humano. Ele se diferenciava em pouca coisa dos Deuses do Egito Antigo que também misturava partes de corpos de animais com seres humanos. E isso me deixou completamente surpreso nessa semana. Eu que pensava que o deus dos hebreus antigos era algo mais complexo, mais substancial, abstrado. Que nada, era um deus antigo de um povo antigo que seguia literalmente as faces estéticas e éticas daqueles tempos.

E da mitologia eu me lembrei imediatamente de Minotauro que também tinha cabeça de touro em corpo de homem. E por falar em mitologia posso estar errado, mas tudo me leva a crer que os textos da Bíblia não passam de mera mitologia, tal como são consideradas hoje as antigas religiões do Egito antigo e da Roma, senhora do mundo antigo.

Religião, meus caros, é cultura. Provavelmente não passa disso. Cultura e literatura, é bom frisar. Cultura porque nasce na vida sofrida dos povos antigos. Eles não tinham conhecimento em ciência para explicar sequer os mais simples fenômenos da natureza. Então criavam em sua mente os deuses antigos. O deus do trovão, o deus das tempestades, o deus das chuvas, etc.

A religião também é literatura pois alguns povos antigos (não todos) resolveram colocar em textos suas antigas histórias mitológicas, algumas que eram passadas de geração em geração apenas pela tradição oral. Nesse ponto de vista pouco ou nada distancia a mitologia do antigo povo hebreu, das mitologias do Egito, da Grécia ou de Roma. Estruturalmente são bem semelhantes, para não dizer iguais. Assim fica as observações de uma mente pensante. O Deus que eu chegar a pensar ser uma figura abstrata, grandiosa, criador do Céu e do Universo pelo visto era apenas mais uma figura mitológica criada por povos hebreus da antiguidade.

Pablo Aluísio.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Primórdios do Judaísmo

O judaísmo primitivo não pregava a existência de alma e nem tampouco de vida após a morte. E como os judeus antigos lidavam com esse tema? De maneira mais simples do que se pensa. O homem ao nascer recebia o sopro da vida de Deus. Quando morria Deus retomava esse mesmo sopro da vida. O homem que morreu simplesmente deixava de existir. Toda a sua identidade, suas ideias, suas paixões, seus amores, seus pensamentos, tudo se acabava. Não havia conceito de vida após a morte, tampouco de céu ou inferno.

O conceito de alma vem da filosofia da Grécia antiga. E o conceito de vida após a morte pertencia inicialmente aos seguidores da antiga religião do Egito dos tempos do faraós. Não havia nada disso no judaísmo. E o conceito de Céu e Inferno tem muito mais a ver com o pensamento de Zoroastro do que qualquer outra coisa. Essa dualidade de céu, inferno, Deus e o Diabo são coisas do Zoroastrismo. Nada a ver com o judaísmo em seus primórdios.

Religião é cultura. E as culturas se influenciam entre si. A religião dos judeus antigos recebeu influências de outras religiões de sua época. O monoteísmo, por exemplo, certamente foi uma influência do Faraó Akhenaton que certa manhã acordou e determinou que no Egito antigo só haveria um único deus, o deus Sol. Os demais deveriam ser banidos. Os judeus tiveram esse contato e acharam que essa era mesmo uma ótima ideia.

O Judaísmo primitivo não era monoteísta, mas sim politeísta, com dezenas de deus diferentes. O Deus da Bíblia foi o deus vencedor. Seu nome? Yahweh, uma divindade dos tempos dos muitos deuses. Ele foi retratado originalmente com cara bovina (tinha cabeça de touro) e corpo humano. Lembrou alguma coisa a você? Sim, os deuses do antigo Egito também eram retratados assim, uma fusão de corpo de homem e animal. E Zoroastro jogou o caldo final nessa mistura, trazendo dualidade e ética para o judaísmo. Haveria assim a partir de determinado período histórico o surgimento de céu, inferno, Deus, Diabo, Alma, vida após a morte.

Pablo Aluísio.

Yahweh e Asherah

O Deus dos povos antigos de Israel tinha um nome, se chamava Yahweh. Esse nome é muitas vezes citado no velho testamento em sua versão mais latinizada: Jeová. Até aí tudo bem. Só que a pergunta é saber como os povos da antiguidade viam e imaginavam esse Deus? Como ele era visualizado pelos antigos judeus? Era parte de um universo realmente monoteista?

Pois bem, escavações no sítio arqueológico de Kuntlet Ajrud descobriram aquela que pode ser a imagem mais antiga do Deus Yahweh. Nessa antiga ilustração o Deus Jeová é retratado com corpo de homem e rosto de touro. E isso não soou como uma surpresa para grande parte dos historiadores. Eles acreditam mesmo que Jeová nos tempos antigos, antes mesmo do surgimento do velho testamento, era adorado como um Deus em forma de Touro!

E há mais. Yahweh, o Deus dos judeus e o Deus dos cristãos atuais parece ter tido uma esposa em seus primórdios chamada de Asherah! E ela era uma Deusa, o que coloca por terra a ideia amplamente difundida de que os judeus sempre foram monoteístas. Não parece ser essa a verdade histórica. Ao que tudo indica Yahweh e Asherah teriam surgido dentro de um universo politeísta, talvez em Samaria onde há referências antigas de um templo em honra de Yahweh ou talvez na Babilônia onde os judeus escravizados teriam ouvido falar pela primeira vez nesse Deus.

E qual será a verdade de tudo isso? Na história a questão está em aberto, ainda fruto de mais pesquisas da religião. Talvez os conceitos que os judeus e cristãos possuem hoje em dia como a teologia do Deus único, do monoteísmo não fosse praticado pelos judeus antigos. Teriam sido idéias surgidas posteriormente em algum lugar nos séculos que antecederam o nascimento de Jesus de Nazaré.

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Jesus Existiu?

Aqui nesse texto vou expor a opinião dos historiadores. Não há ainda uma prova concreta e definitiva sobre a existência real de Jesus, entretanto há fontes literárias suficientes para que a maioria dos acadêmicos entendam que ele realmente existiu. Foi uma pessoa real. E quem foi Jesus? Antes de mais nada ele não se chamava Jesus, mas sim Yeshua. Jesus é a apenas a forma latinizada de seu real nome.

Jesus foi um homem comum, do povo. Vem de estrutura familiar bem humilde. Os textos mais antigos que se encontraram sobre ele dentro da tradição dos judeus dizia que ele era um bastardo! O que queriam falar com isso? Que foi criado sem pai? Que foi fruto de uma relação extraconjugal de seu pai? Que nunca foi reconhecido? Ou foi apenas uma forma de ofensa por parte dos judeus? Questões controversas ainda sem respostas.

Jesus teria sido analfabeto segundo os historiadores. Dois argumentos bem fortes parecem confirmar essa afirmação> Jesus não deixou nada escrito de próprio punho, o que teria sido uma maneira magistral de perpetuar suas ideias e pensamentos ao longo dos séculos. Os evangelhos foram escritos por pessoas que sequer conheceram Jesus pessoalmente, todos eles escritos décadas após sua morte. Assim se Jesus soubesse mesmo ler e escrever ele teria deixado suas próprios manuscritos. Além disso a imensa maioria do povo daqueles tempos era analfabeto. Apenas a nobreza e os escribas dos monarcas sabiam ler e escrever. Jesus não fazia parte de nenhuma classe social dessas.

Jesus foi crucificado numa cruz romana. Os historiadores acreditam que isso foi um fato histórico. Caso contrário o que ganhariam seus seguidores ao colocarem isso nos evangelhos? Era vergonhoso morrer numa cruz romana! Essa era uma das mortes mais indignas da antiguidade, algo usado para executar bandidos da pior espécie. Só que os historiadores não acreditam que ele ressuscitou dos mortos por uma questão bem simples: nenhum ser humano voltou à vida após sua morte. É biologicamente impossível. Então a resposta completa sobre a questão se Jesus existiu é essa: Existiu. Foi um homem pobre, de origens humildes. Viveu e provavelmente foi um pregador do fim dos tempos. Não sabia nem ler e nem escrever, assim como seus apóstolos mais próximos. Foi morto pelos romanos na cruz.

Pablo Aluísio.

Jesus nas Fontes Rabínicas

Jesus foi um homem judeu. Viveu e morreu seguindo as crenças da religião judaica. Entretanto dentro do judaísmo nunca foi reconhecido como Messias ou filho de Deus. Jesus na verdade foi um problema para os judeus desde o seu surgimento. A figura do Messias dentro daquela contexto histórico da dominação romana era algo simplesmente explosivo. Qualquer sinal de insurreição contra Roma seria violentamente combatido. Jesus então é preso, torturado e morto. Só que seu movimento continuou, contando inclusive com membros do judaísmo. O homem morreu na cruz, mas sua mensagem continuou irritando os sacerdotes e depois os rabinos do judaísmo.

Fontes histórica antigas, de produção rabínica, trazem essa irritação dos líderes do judaísmo com a figura de Jesus. Ele é retratado da pior forma possível. Alguns textos afirmam sem rodeios que ele praticava feitiçaria, que era um enganador e um feiticeiro que estava desviando o povo judeu. Outros textos o retratam como um mago, rodeado de cinco seguidores (ao contrário  dos doze citados nos evangelhos). Jesus também, muitas vezes, era retratado como um bastardo, um bandido ou até mesmo como um terrorista (claro, sob o ponto de vista de judeus do templo e das forças de repressão de Roma).

Os primeiros cristãos são mostrados como pessoas desviantes, que fugiram do caminho correto de sua religião, do judaísmo. Esse ponto de vista inclusive segue de pé até os dias atuais. O judaísmo jamais aceitou Jesus como o Cristo, como o Salvador, o Filho de Deus, o Messias. Para judeus Jesus é basicamente uma pedra no meio do caminho, alguém que não pode ser citado como exemplo, nem mesmo do ponto de vista histórico. Ele é retratado como um revolucionário, um agitador, um criminoso.

Outro ponto que chama a atenção nessas fontes rabínicas antigas, datadas geralmente entre os séculos III e IV é que Jesus muitas vezes é citado como alguém que morreu por apedrejamento, fugindo da versão que mais conhecemos que afirma que ele teria morrido na cruz. São textos de combate, escrito por rabinos, com o objetivo de combater aquilo que eles acreditavam ser uma seita totalmente equivocada, o cristianismo.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Demonologistas – Arquivos Sobrenaturais

Demonologistas – Arquivos Sobrenaturais
Esse livro apresenta a marca do casal Ed & Lorraine Warren. Quem gosta de cinema acabará, de uma maneira ou outra, se interessando, afinal eles se tornaram personagens recorrentes em recentes filmes de terror. Ambos já estão falecidos, mas deixaram farto material para esse tipo de produção cinematográfica. Nesse livro aqui em questão temos as histórias (supostamente reais) envolvendo, entre outros casos, a boneca Annabelle e a casa de Amityville. Só esses casos sobrenaturais envolvendo o casal já despertariam o interesse dos fãs de horror.

Porém tenho más notícias para quem se interessar pelo livro. Ele não é uma obra literária muito bem escrita, pelo contrário, achei tudo muito bagunçado e sem estrutura. Os capítulos são colocados ao acaso e não há um bom texto para se ler. Confuso e mal escrito, temos basicamente uma série de perguntas que são respondidas pelo casal Warren. Quem gosta de boa literatura não vai encontrar nada de muito bom nesse livro. O curioso é que na verdade o casal não escrevia seus livros. Ao contrário disso contratavam ghost writer. O escritor fantasma responsável por esse "Demonologistas – Arquivos Sobrenaturais" nem fez questão de escrever bem. Ficou ruim, disperso, sem foco ou organização.

Se o livro é mal escrito, pelo menos sobram as histórias. Elas são até interessantes. Porém mantenha o senso crítico e bom senso sempre ligados. Principalmente o Ed Warren gostava de exagerar nas tintas, caindo muitas vezes na pura fantasia. Algumas histórias que ele conta no livro são absurdas, mais dignas de um filme B de terror dos anos 80. Entre elas estão ataques que teria sofrido em seu escritório, sendo o agressor um diabo bem clássico, vermelhão e com chifres. Nada que se possa acreditar, sinceramente. A Lorraine Warren, nesse aspecto, era bem mais sutil. Por isso as histórias dela sempre soavam mais "verdadeiras" do que as do marido.

Enfim, é isso. Encarei o livro todo como um mero produto de literatura de entretenimento. Uma mistura de fatos e eventos reais mesclados com muita imaginação e até mesmo pensamento mágico. Definitivamente não é algo para ser levado muito à sério. Talvez por isso também essas histórias tenham dado tão certo nos filmes de terror que foram adaptados para o cinema. É isso mesmo, entretenimento. Diversão... e o casal parecia saber muito bem disso.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Salem / A Hora do Vampiro

Título no Brasil: Salem / A Hora do Vampiro
Título Original: Salem's Lot
Ano de Lançamento: 1975
País: Estados Unidos
Editora: Viking Press
Autor: Stephen King
Tradução: Louisa Ibañes
Gênero Literário: Terror / Suspense

Sinopse:
Um escritor em crise de criatividade, Ben Mears, decide voltar para a cidade onde passou a infância, Jerusalem’s Lot. Seu retorno acontece no mesmo momento em que coisas estranhas começam a acontecer, com pessoas desaparecendo e assassinatos sem solução. O misterioso Kurt Barlow pode estar por trás de tudo.

Comentários:
Esse foi o segundo livro escrito por Stephen King, logo após a publicação de "Carrie, a Estranha". Até hoje é considerado pelo próprio King como um de seus livros preferidos. A história é mais do que simples, um vampiro ataca uma cidadezinha do interior. Só que King não parece muito preocupado com essa narrativa central. O que me pareceu, ao ler o livro, é que o autor esteve mais preocupado em detalhar a vidinha cotidiana das pessoas simples e comuns que vivem em Jerusalem’s Lot. O vampiro assim se torna apenas uma peça do tabuleiro de xadrez. Por isso se você estiver em busca de relatos de puro terror... pode ir tirando o cavalinho da chuva. King não tem a menor pressa em narrar isso, ao invés disso usa páginas e páginas para ir descrevendo praticamente cada morador - e claro, todos eles vão acabar caindo nas garras do vampiro Barlow, mas isso é um mero detalhe. Gostei do livro, achei muito bom. Inclusive é boa literatura. Poucas vezes Stephen King escreveu tão bem. Já em termos de adaptação para o cinema, ainda estão devendo uma boa versão. A mais conhecida adaptação é uma minissérie de TV, feita na década de 1980, que nunca fez muito sucesso.

Pablo Aluísio.

Dália Negra

Título no Brasil: Dália Negra
Título Original: The Black Dahlia
Ano de Lançamento: 1987
País: Estados Unidos
Editora: Editora Gráfica
Autor: James Ellroy
Tradução: Cláudia Santana Martins
Gênero Literário: Romance Policial

Sinopse:
Dois policiais de Los Angeles, ex-boxeadores peso médio, precisam investigar a morte de uma jovem chamada Elizabeth Short. Seu corpo foi encontrado cortado ao meio, com vários sinais de tortura, em uma rua residencial da cidade. As pistas são poucas e confusas e as investigações logo se tornam um pesadelo.

Comentários:
Esse livro é um romance policial que mistura fatos históricos reais com mera ficção. A morte da Dália Negra (nome que a imprensa passou a chamar a vítima Elizabeth Short após sua morte) foi real e se tornou um dos crimes mais sórdidos da história americana. Oficialmente nunca foi resolvido. Ninguém foi punido. Já a figura dos detetives do livro são pura ficção. São personagens de pura literatura. Essa combinação tornou o livro bem irregular. Nas partes em que o escritor James Ellroy traz parte das informações reais sobre a vida da vítima, o livro vale a pena, prende a atenção. No desenvolvimento desses dois tiras de ficção o interesse decai. São personagens que agem fora das regras, batendo em investigados, participando de sessões policiais de tortura, aceitando suborno. Nos anos 80 não havia ainda muita preocupação em apresentar protagonistas mais íntegros. Na verdade os policiais desse livro são anti-heróis. Até aí tudo bem, só que o autor exagerou um pouco na dose. O final do romance policial igualmente não me agradou. Fraco demais. Hoje sabe-se que o principal suspeito da época, o Dr. George Hodel, foi muito provavelmente o assassino, porém nunca foi punido, talvez por ser um médico rico e famoso. Enfim, uma leitura que me soou apenas irregular, de mediana para fraca. Tem altos e baixos. Não é um livro nota 10.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Filmes no Cinema - Edição IV

Essa semana não vai ser muito fácil ir ao cinema em busca de filmes diversificados, isso porque está chegando nas telas, em lançamento mundial, o filme "Cinquenta Tons Mais Escuros", a tão aguardada sequência de "Cinquenta Tons de Cinza". É a tal coisa, tanto o filme como o livro sempre foram muito criticados, mas o público (em especial o feminino) nunca pareceu se importar muito com isso. Diante dessa situação prevejo outro grande sucesso de bilheteria. O interessante é que apesar do primeiro filme ter sido um sucesso o estúdio resolveu trocar a direção. Saiu Sam Taylor-Johnson do primeiro filme e entrou James Foley. O elenco porém segue com seus dois protagonistas interpretados pela mesma dupla de atores, Dakota Johnson e Jamie Dornan. E se você anda aborrecido com essas adaptações dos livros de E.L. James é bom ir se preparando pois o estúdio aproveitou a estreia mundial desse segundo filme já para anunciar a terceira produção, "Cinquenta Tons de Liberdade" a ser lançada em 2018.

O outro filme a ocupar muitas salas será a animação "LEGO Batman: O Filme". Eu fico até surpreso desses filmes da LEGO conseguirem tanto espaço no circuito comercial. Isso porque nunca consegui visualizar uma linha de separação muito clara entre o filme como produto cinematográfico e a pura propaganda de uma franquia de brinquedos! Já tinha conhecimento de filmes anteriores da LEGO explorando o universo Star Wars, etc, mas essa sociedade com a DC Comics me parece bem estranha (e oportunista).

Já para quem quiser fugir do arrasador marketing do novo filme de E.L. James e dos brinquedos da LEGO, fica a sugestão do filme alemão "Toni Erdmann". O roteiro se propõe a ser um drama com muitas doses de humor mostrando uma filha tendo que lidar com um pai bem fora dos padrões. É bom para conhecer melhor o cinema germânico - austríaco da atualidade. Só não espere que o filme seja exibido em muitas salas. Outra dica para quem gosta de cinema europeu é o drama romântico francês "Marguerite & Julien: Um Amor Proibido". Devo dizer porém que o tema do roteiro é bem polêmico - enervante para alguns - pois se trata do amor incestuoso que nasce entre dois irmãos! Não me recordo de ter visto nada parecido vindo da filmografia francesa.

Voltando para as produções americanas outro filme que chega nas telas hoje é "Vale da Luta". É um filme de lutas, estrelado por mulheres! Uma jovem se envolve no submundo das lutas clandestinas e acaba sendo espancada numa floresta distante. Ela é dada como morta, mas sua irmã resolve investigar o que teria acontecido. O elenco é liderado por Susie Celek e Chelsea Durkalec. E para finalizar vamos falar dos filmes nacionais que chegam nas telas hoje. No drama "Redemoinho" de José Luiz Villamarim, temos dois amigos que se reencontram após muitos anos. No interior de Minas Gerais eles começam a relembrar fatos do passado de suas vidas. Em "A Cidade onde Envelheço" da cineasta Marília Rocha, acompanhamos a luta de duas portuguesas que se mudam para o Brasil, enfrentando toda a barra de se viver agora em um outro país, um outro continente.

Pablo Aluísio.

Dicas do Youtube

O que Assistir no Youtube?
Bom, as pessoas passam horas e horas navegando no Youtube em busca de algo para assistir. Aqui nessa postagem eu vou colocar algumas dicas de bons vídeos que assisti naquela plataforma recentemente. Não são os melhores vídeos de todos os tempos, nada disso, apenas vídeos interessantes que assisti nesse último mês do ano de 2020. Para facilitar a pesquisa dos vídeos irei colocar aqui exatamente como os títulos estão no Youtube. 

Elvis Presley - Blue Christmas (Official Animated Video) - O canal oficial do cantor Elvis Presley tem produzido alguns clips muito bons para o Youtube. Como estamos no final do ano, chegando na época do natal, o canal disponibilizou uma animação com esse clássico natalino "Blue Christmas" do disco de 1957 chamado "Elvis Christmas Album". A animação ficou uma graça, de muito bom gosto, nostálgica. Os desenhos todos em tonalidades de azul e branco são certamente um destaque. Um vídeo para aquecer o coração nesse ano tão complicado de nossas vidas.  

Mengele - A vida e morte do médico nazista - Esse vídeo é do canal da Youtuber Bel Rodrigues. Ela aqui comenta sobre o livro "Mengele - A história completa" que inclusive estou lendo no momento e que em breve pretendo colocar uma resenha aqui em nosso blog. Bom, Mengele foi um carrasco nazista, um médico que fez coisas horrorosas no campo de concentração de Auschwitz. Ele fugiu depois da guerra e veio parar na América do Sul, onde viveu nos países da Argentina, Paraguai e por fim Brasil. Morreu em uma praia de Santos, sem ter pagado por seus crimes. Bom vídeo da Bel. Ela comete alguns pequenos deslizes, mas nada que vá estragar o bom trabalho que ela produz no Youtube.

John Lennon - 40 anos da morte no Youtube - Hoje, 8 de dezembro de 2020, completa-se 40 anos da morte de John Lennon. Ele foi morto por um fã enlouquecido dos Beatles que acreditava que ele era um traidor de seus próprios ideais, um sujeito que cantava uma coisa, mas que na realidade vivia como um milionário. Também começou a acreditar que ele era o verdadeiro John Lennon. Completamente insano, o assassino resolveu matar o ex-Beatle pois ele seria na verdade um "impostor". Loucura, loucura demais. John morreu, com vários tiros dados à queima roupa, pelas costas, na mais pura covardia. 

E nesse dia tão triste, quando o mundo relembrou sua morte, vários canais do Youtube fizeram vídeos em homenagem ao ex-Beatle, cantor, compositor e poeta. Um deles foi o canal Alta Fidelidade, que fez um review do último CD duplo do cantor que chegou nas mãos dos fãs nesses últimos dois meses. O "Let it Beatles" procurou fazer um panorama geral de tudo o que aconteceu e o Beatles School fez um vídeo bem diferente, contando uma história de como John Lennon havia sobrevivido a esse atentado. Claro, isso nunca aconteceu, John Lennon morreu mesmo, foi assassinado, mas de qualquer forma não custa sonhar. Na imaginação, na mente, tudo é possível. Basta sonhar com dias melhores, tanto do passado, como do futuro. 

Dinastia Romanov
O Youtube, via de regra, tem muito lixo, mas quem estiver disposto a cavar bons vídeos, certamente vai encontrar coisa boa. Nesses últimos dias assisti a 3 bons vídeos sobre o fim da Dinastia Romanov. Como sabemos o último czar russo Nicolau II foi assassinado por revolucionários durante a revolução russa. Nicolau II foi fuzilado ao lado da esposa Alexandra e dos filhos Olga, Tatiana, Maria, Anastásia e Alexei.

Eles foram executados em um porão e seus corpos foram escondidos em uma floresta. Levou décadas - 80 anos - para que seus restos mortais fossem encontrados. O documentário no NetGeo "Os Romanov" explora a pesquisa científica para confirmar que aqueles corpos pertenciam realmente à família real russa. Os resultados foram positivos.

Outra dica vai para o canal de Paulo Rezzutti. O escritor é conhecido pelos ótimos livros que escreveu sobre a família imperial do Brasil, mas seu canal não se resume a isso. Ele também tem ótimos vídeos sobre outras monarquias da Europa, com destaque a um vídeo de quase uma hora de duração onde ele conta a queda de NIcolau II. O mesmo vai para outro vídeo, também muito bom, onde ele comenta o destino de outros membros da família Romanov, inclusive de alguna parentes do Tsar que ficaram no país e não fugiram para o exterior. Muito, muito interessante.  

Pablo Aluísio.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

A Queda da Indústria Cinematográfica

Desde que o cinema foi inventado e virou uma indústria global, nunca havia sofrido uma crise tão grande. A queda de receita dos grandes estúdios está na ordem de 70 por cento! Nem nos tempos das duas grandes guerras mundiais, nem na crise da grande depressão, nada pode ser comparado com o que está acontecendo nesse ano. Todos os grandes projetos de blockbusters foram cancelados pelos estúdios. Apenas os filmes que já estavam praticamente prontos antes da pandemia esperam por um momento para lançamento. Novos filmes, aqueles que ainda estava em pré-produção já pararam. Milhares de profissionais do cinema americano, de todas as areas, perderam seus empregos. A situação é a pior possível. A indústria de filmes parou.

E qual será o futuro do cinema? Estúdios como a Disney e a Warner tinham esperanças que os cinemas americanos fossem reabrir no próximo mês, porém grandes estados como Nova Iorque, Flórida e Califórnia não vão abrir os cinemas, não pelo menos nos próximos quatro meses. A pandemia entrou com força dentro dos Estados Unidos e os cinemas, como ambientes fechados que são, funcionando com ar-condicionado, seguem sendo um dos piores para contaminação. Sem cinemas abertos, qual será o destino da indústria? Sem as salas de cinemas a produção de grandes filmes se torna praticamente impossível. E quem garante que mesmo estando reabertos os cinemas vão atrair o público? O medo está grande. Provavelmente vai levar meses para que as pessoas se sintam seguras novamente para assistir a uma sessão de cinema.

E no meio desse caos qual seria a saída? Há duas possibilidades a curto e médio prazo. O primeiro é o lançamento por streaming, em plataformas como Netflix, etc. O problema é que esse tipo de distribuição não garante o orçamento de grandes filmes. Apenas o cinema independente conseguiria sobreviver com seus filmes pequenos, de curto orçamento. A outra saída seria a venda direta ao consumidor através de DVDs e Blu-Ray. E é curioso que a indústria agora se volte para esse mercado. Desde o fim do videocassete nunca mais os estúdios faturaram como na era do VHS. Naqueles tempos a maioria dos filmes eram pagos com o dinheiro das locações de vídeo. Agora a tendência é tentar de alguma forma revitalizar esse mercado, se bem que vai ser como tentar ressuscitar um dinossauro extinto. De qualquer forma vamos torcer para que o cinema sobreviva a essa grande crise que se abate sobre o nosso mundo.

Pablo Aluísio.

Cinema 2020: O Ano está perdido!

O ano de 2020 está perdido para a indústria de cinema mundial. Essa foi a conclusão a que chegaram os principais executivos dos grandes estúdios de Hollywood. Praticamente todos os grandes lançamentos foram adiados. Não haverá nenhum grande blockbuster a ser lançado nos cinemas esse ano. Embora a vacinação contra o coronavírus esteja prestes a se concretizar, pelo menos nos Estados Unidos e Europa, o fato é que não existe mais tempo hábil para que os cinemas recebam um grande filme nesse ano de 2020. A Inês está morta!

E nos bastidores está ocorrendo uma verdadeira guerra comercial entre os estúdios e as grandes companhias de salas de cinema e distribuidoras. Tudo porque essas empresas prometem boicotar os filmes dos estúdios que lançarem grandes filmes no sistema de streaming. Recentemente se cogitou lançar o novo filme da Mulher Maravilha nas plataformas de video on demand, como Netflix, Amazon e similares. Os donos de cinemas fizeram barulho. Caso isso fosse feito nenhum filme mais da Warner seria exibido nesses grandes grupos de exibição. O mesmo aconteceu com Duna. Nenhum distribuidor ou empresa de cinema admite que ele seja disponibilizado nas plataformas de streaming. Até porque se isso acontecer realmente teremos um golpe fatal nas salas de exibição. 

Atualmente os cinemas que estão abertos e em funcionamento, estão exibindo filmes de pequenos orçamentos ou então filmes menores. Nenhum blockbuster se encontra entre eles.  E algo curioso aconteceu. Muitos críticos disseram nos Estados Unidos que a qualidade dos filmes em cartaz melhorou muito. Ao invés de dezenas de filmes sobre super-heróis, agora temos bons dramas, filmes independentes, sendo exibidos. Pena que com a pandemia ainda não seja algo simples essa coisa de ir ao cinema. As salas de exibição, os cinemas, já foram catalogados pela OMS como locais de super disseminação do vírus. Que pena, um dos prazeres mais amados do mundo virou risco de vida, principalmente para pessoas idosas e com problemas de saúde. 

Fica para o ano que vem, porque nesse terrível 2020 realmente não parece haver salvação. O ano, pelo menos para a indústria do cinema, está completamente perdido. Estamos em fins de novembro, daqui a pouco será dezembro e aí o ano chegou ao fim. Espero sinceramente que todas as pessoas sejam vacinadas e que no ano que virá todas as pessoas possam ir ao cinema sem medo. Afinal o espetáculo não pode mesmo parar. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Medici: Masters of Florence

Essa família Medici foi uma das mais poderosas e influentes da Europa durante o período do Renascimento. Essa série assim procura explorar essa rica história. O roteiro procura contar os primórdios do surgimento do imenso poder do clã Medici naquela Europa saindo da Idade Média, entrando em uma nova era cultural. Logo nas primeiras cenas vemos o patriarca Giovanni Medici (Dustin Hoffman) caminhando tranquilamente pela manhã em uma de suas plantações de uvas em sua propriedade. Era um hábito que tinha, comer uvas tiradas do pé. O que ele não poderia antecipar era que tais uvas tinham sido borrifadas com um poderoso veneno, a Cicuta. Não demora muito e ele cai ao chão, morto.

Esse trágico acontecimento abre uma caixa de Pandora para a briga pela sua herança entre os filhos, mas antes disso o espectador é enviado para um longo flashback, mostrando a força dos Medici na sucessão do novo Papa em Roma. Detalhe histórico interessante: muitos membros da família Medici conseguiram se tornar papas, principalmente entre os séculos XV e XVI. Havia se tornado uma tradição para essa rica e poderosa família colocar seus próprios membros no trono em um Vaticano repleto de corrupção e barbárie. A Igreja Católica, naqueles tempos, era muito provavelmente a instituição mais poderosa do mundo ocidental.

De maneira em geral gostei dessa série histórica. Mesmo assim devo dizer que o roteiro poderia ser melhor organizado, pois as idas e vindas entre presente e passado não ficam muito claras ao espectador, o que poderá causar uma certa confusão, principalmente para quem não conhece muito as fontes históricas em que a série foi baseada. Geralmente sabemos que algo está sendo desenrolado no passado simplesmente por causa da presença do mestre Giovanni Medici (Dustin Hoffman), uma vez que ele morre envenenado logo na primeira cena. Um pouco mais de capricho dos roteiristas cairia muito bem. A produção é boa, embora algumas cenas de computação gráfica recriando antigas construções não tenham sido tão convincentes. Mesmo assim, apesar desses pequenos tropeços, recomendo a série pelo conjunto da obra.

Medici: Masters of Florence (Sin, Inglaterra, Itália, 2016) Estúdio: RAI, Netflix / Direção: Sergio Mimica-Gezzan / Roteiro: Nicholas Meyer / Elenco: Richard Madden, Dustin Hoffman, Stuart Martin, Annabel Scholey, Guido Caprino, Alessandro Sperduti / Sinopse: Essa série se propõe a contar a história real da poderosa família Médici, que dominou o poder político e religioso durante a Idade Média e o renascimento na Europa continental.

Pablo Aluísio.

Raised by Wolves

Nova série da HBO, contando com a preciosa colaboração do aclamado diretor Ridley Scott que dirigiu até o momento dois episódios, criando e contribuindo muito nos aspectos visuais e de ambientação onde se passam todas as histórias. Já foram confirmadas duas temporadas, tendo a primeira um total de 10 episódios. A produção foi prejudicada justamente pela chegada da pandemia mundial que fez com que as filmagens fossem interrompidas, sem prazo certo para retorno. Isso porém não impediu a HBO de lançar os primeiros episódios para seu canal por assinatura nos Estados Unidos. O primeiro episódio foi exibido no dia 3 de setembro de 2020. Segue abaixo comentários sobre todos os episódios dessa primeira temporada. Conforme irei assistindo, irei colocando aqui as resenhas com meus comentários.

Raised by Wolves 1.01 - Raised by Wolves  
Esse primeiro episódio foi dirigido pelo grande Ridley Scott, que dispensa maiores apresentações. Aqui temos um casal de androides que chega em uma nave no distante planeta Kepler 22b. Um planeta rochoso, com boas condições de sustentar vida. Eles trazem consigo embriões humanos congelados. Sua missão é acelerar o processo de vida desses embriões para que eles venham a nascer com saúde para povoar esse novo planeta. Ao todo nascem oito crianças, mas as coisas, como era de esperar, não saem exatamente como estava inicialmente planejado. Esse roteiro, que à primeira vista, pode até parecer simples, traz conceitos filosóficos bem interessantes, como a crença ou não em uma criador, a eterna luta entre ciência e a religião e, como é bom familiar a Ridley Scott, uma discussão sobre a origem da vida em planetas distantes do universo. Aqui a teoria poderia ser levada até mesmo a explicar, de forma indireta, a origem da vida inteligente em nosso planeta.

O visual da série se revela muito interessante, como ótimo design de produção. Inicialmente o espectador vai estranhar um pouco o fato dos androides serem chamados pelas crianças de "pai" e "mãe", mas tudo tem uma razão de ser, como bem demonstrado aos poucos no transcorrer desse primeiro episódio. Gostei do resultado, achei inteligente, desafiador e irei acompanhar os próximos episódios para saber aonde essa história vai parar. / Raised by Wolves 1.01 - Raised by Wolves (Estados Unidos, 2020) Direção: Ridley Scott / Roteiro: Aaron Guzikowski / Elenco: Amanda Collin, Abubakar Salim, Winta McGrath.

Pablo Aluísio.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

The Tudors: A Realeza nas Telas!

A monarquia britânica sempre esteve em alta nas telas dos cinemas e em programas de TV. Ultimamente porém tem aumentado e muito o interesse sobre as vidas das famílias imperiais da Europa e em especial da família real inglesa. Vários filmes e um seriado em especial tem reavivado o interesse na longa história dos reis e rainhas britânicas. Além de acompanhar The Tudors, recentemente assisti vários filmes enfocando o tema de forma brilhante: A Duquesa, A jovem Vitória e O Homem que não Vendeu sua Alma. Começando pela telinha, recomendo um dos melhores seriados atualmente intitulado The Tudors. Estrelado pelo ator Jonathan Rhys Meyers no papel de Henrique VIII, The Tudors é uma ótima produção que vem conquistando cada vez mais audiência na Europa e EUA. Como todos sabem o rei Henrique VIII representou como poucos o auge do absolutismo da monarquia na Europa. Irascível, tirano e perseguidor, Henrique entrou para a história ao romper com a Igreja Católica em seu país por uma questão pessoal o que o levou a fundar a Igreja Anglicana da Inglaterra.

O seriado agora se encontra na terceira temporada, no período posterior a morte de sua terceira esposa, Jane Seymour. As temporadas seguintes enfocaram a longa luta de Henrique para anular seu casamento com sua primeira esposa, Catarina, e contrair matrimônio com Ana Bolena, sua amante. A luta de Henrique contra a Igreja e o Papa, que se negou a anular sua primeira união, é analisada em detalhes, embora a série não seja 100% fiel aos fatos. A intenção dos produtores nunca foi mesmo a de ser historicamente impecável, apenas de contar uma bela história de amor e poder. Nesse ponto foram extremamente bem sucedidos, pois a série é bem recomendada até mesmo para quem nunca gostou muito de história na escola. Nesse caso o seriado pode muito bem ser encarado como um belo romance de época.

A mesma trama envolvendo a corte de Henrique VIII é também o foco do filme O Homem que não vendeu sua Alma. Embora a época do auge Tudor seja tratado de forma honesta o filme se perde um pouco ao analisar a história de Thomas More, o chanceler real, que se negou a romper com sua fé católica em favor de Henrique e que pagou caro por ter mantido firme sua posição. O filme foi premiado com o Oscar e é um marco da história do cinema, porém é um pouco superficial do ponto de vista histórico. Embora Thomas More sem dúvida seja um personagem cativante, que procurou manter firme suas convicções até o fim, o filme deixou de retratar o lado mais sombrio de sua biografia, pois é fato que ele mandou centenas de pessoas para a fogueira, principalmente luteranos. Ao invés de mostrar tanto o seu lado positivo como negativo, a narrativa se concentrou apenas no lado virtuoso de More, o que pode levar muitos a considerá-lo um tipo de mártir do catolicismo. A própria Igreja Católica inclusive ignorou esse lado mais obscuro e o canonizou em 1935. Enfim, por ser parcial demais o Homem que não vendeu sua Alma não é dos mais indicados para os que querem conhecer a fundo o período Tudor na história inglesa.

Para os que desejam algo mais ameno dois recentes filmes são altamente recomendados. O primeiro é A Duquesa. Aqui somos apresentados à história da Duquesa de Devonshire que é brilhantemente interpretada pela atriz Keira Knightley. Essa nobre é uma antepassada da própria Princesa Diana e ficou famosa pela intensa luta que travou em favor de vários direitos feministas. O filme é belíssimo, de encher os olhos com a maravilhosa produção de época. Nesse mesmo estilo temos ainda a nova produção de Martin Scorsese, A Jovem Vitória. A película mostra os primeiros anos de reinado da Rainha Vitória, que simbolizou para muitos o auge do Império Britânico e deu nome a toda uma era, a chamada Era Vitoriana. O filme em si é uma aula de bom gosto, lindos figurinos e impecável reconstituição de época. Ótimo. Em suma, ficam aí as dicas para quem deseja ter belos momentos de entretenimento e descontração com bastante estilo e elegância.

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Não Há Dia Fácil

Aproveitei o último fim de semana para ler esse que tem sido um dos livros mais polêmicos lançados ultimamente. Em um texto simples, direto, o autor, um membro da tropa de elite Seals da Marinha norte-americana, narra os preparativos, planos e execução da operação que matou o terrorista Osama Bin Laden. É curioso entrar mesmo que de forma superficial na mente de um militar desse nível, que faz parte de uma das organizações mais eficientes do planeta. O que vemos de seu relato é um sujeito firme em suas convicções pessoais que quer a todo custo cumprir seu objetivo, sem falhas e sem riscos. O interessante é que ele estava no Helicóptero que caiu dentro da propriedade do terrorista. Ele narra o que pensou antes do aparelho cair como um grande saco de batatas. Certamente pensou que morreria ali, naquele momento.

Depois conta em detalhes o momento em que entraram na casa de Bin Laden, subindo pavimento por pavimento atrás do criminoso internacional. Ele morava em um imóvel amplo, com três pavimentos e com portas reforçadas. Apenas um dos que estavam na casa ao seu lado esboçou uma reação e foi morto de forma imediata. Um dos filhos de Bin Laden também tentou uma reação mas suas chances contra um grupo da elite militar americana como aquele eram simplesmente nulas. Foi alvejado imediatamente e depois jogado de lado pelos membros  da equipe para desbloquear o caminho. O militar não demonstra qualquer reação diante da morte de um garoto como aqueles, simplesmente afirma que o tiraram de lado mas a poça de seu sangue prejudicou o grupo pois o chão ficou escorregadio demais para as botas dos SEALs. Não há lugar para piedade dentro de um grupo como esse.

O ápice do relato ocorre quando os militares chegam no quarto onde estava Bin Laden. Para o autor do livro ele agiu como um verdadeiro covarde. Não chegou a ter reação e nem entrou em conflito armado com o grupo americano. Simplesmente foi atingido na cabeça quando procurou ver o que estava acontecendo. Quando Mark Owen e seu grupo entrou no quarto o encontrou caído, tendo convulsões (pois o tiro havia pego em cheio). Após averiguarem que não estava armado o grupo se posicionou e atirou em seu peito, liquidando o líder do grupo Al -Qaeda de forma definitiva. Simples, firme e objetivo. Depois de Owen tirar algumas fotos o corpo do terrorista foi levado pelos militares para o helicóptero que os levou de volta para sua base. Lá o entregaram para um grupo Ranger do exército americano. Tudo durou menos do que 30 minutos. Mesmo com o acidente logo no começo da operação tudo correu como planejado.

Os militares estavam esperando fogo cerrado pois se tratava de Bin Laden mas tudo o que encontraram foi um velho numa casa sem segurança adequada, rodeado de mulheres e crianças. O livro tem causado muita polêmica nos EUA porque a versão contada por Mark Owen  (não é seu nome real mas um pseudônimo) é diferente da versão oficial divulgada pelo governo americano. Segundo a Casa Branca, Bin Laden foi morto após trocar tiros com os militares americanos. Owen afirma que isso jamais ocorreu. Laden tinha armas em seu quarto mas estavam sem munição. Ele foi atingido pelo batedor da tropa e isso não ocorreu sob fogo cruzado. Seu maior erro foi colocar a cabeça para fora do quarto onde estava para tentar ver o que ocorria no corredor. Foi nesse momento que o militar americano, obviamente um atirador de elite, o acertou bem em cheio. Em vista das diferenças de versões a confusão está armada, principalmente agora no meio da campanha presidencial americana. Afinal Bin Laden foi executado ou morto em combate? O livro traz a versão de quem esteve lá, no calor dos acontecimentos. Mark Owen pode ser punido uma vez que relata em seu livro uma operação militar altamente secreta. Ele se justifica dizendo que tem a obrigação de dizer a verdade. Cabe ao leitor depois tirar suas próprias conclusões. Realmente no mundo em que vivemos não há dia fácil.

Não Há Dia Fácil
Um Líder da Tropa de Elite Americana Conta Como Mataram Osama Bin Laden
1a. edição, 2012
Autor: Mark Owen
Editora Paralela

Pablo Aluísio.

O cinema dos anos 80

Recentemente estive na casa de um grande amigo de juventude. Fazia bastante tempo que não o tinha visto e acabei aceitando seu convite para ir em sua residência para passar uma tarde colocando nosso papo em dia. Estudamos juntos por vários anos e como não poderia deixar de ser relembramos dos nossos "velhos tempos de escola". Isso é curioso porque nem me considero tão velho assim, mas quando se encontra alguém que foi seu amigo nos tempos de colégio é óbvio que a nostalgia acaba virando o centro das conversas! Entre uma boa lembrança e outra ele me mostrou sua coleção de filmes "porrada" dos anos 80! Isso mesmo, todos aqueles filmes que assistíamos quando éramos adolescentes de 13, 14 anos de idade em plenos anos 80. Rever alguns daqueles títulos me trouxe de volta aos anos Marista, ao velho colégio e ao antigo cinema que íamos com os amigos no centro da cidade (cinema esse que não existe mais, como tantos outros de tantas outras cidades pelo Brasil afora).

Para completar o momento nostalgia acabamos assistindo alguns trechos de filmes que há anos não tinha revisto. Um deles provavelmente só assisti uma única vez, lá no velho cinema municipal, quando eu deveria ter no máximos uns 13 anos de idade. Seu nome é bem sutil e delicado, "Jogo Bruto", onde o dublê de ator e halterofilista Arnold Scharzennegger destroçava em poucos segundos um exército de mafiosos mal encarados, ou seja, tudo o que um garoto de 13 anos realmente quer ver quando vai ao cinema. É muito interessante se deparar com um filme do qual você tinha adorado muitos anos depois. Tudo em Jogo Bruto respira a anos 80: os carrões que parecem verdadeiras banheiras, os ternos cafonas, os penteados estranhos e as eternas ombreiras que pareciam ser item obrigatório nas mulheres ditas chiques. Puxa, como o tempo passa não é mesmo? Tudo muda com a passagem dele, menos é claro a canastrice de Scharzennegger que ele hoje a utiliza no mundo da política e não mais no mundo do cinema.

Depois de Jogo Bruto acabamos vendo trechos daquele que acho ser o filme símbolo do cinema de ação dos anos 80: Stallone Cobra! Nossa, aquela imagem de Stallone com óculos escuros, palito de dente no canto da boca e uma metralhadora de mira a laser é uma das mais ícônicas do cinema dos anos 80, principalmente para quem viveu naquela época. Quem estava lá não esquece, o filme foi considerado violento demais por um ministro chamado Paulo Brossard que num ato de devaneio acabou proibindo o filme para menores de 18 anos. Imagine a repercussão que isso teve! De repente assistir Stallone Cobra virou um ato de honra e coragem para os garotos dos anos 80. Todos os dias durante o intervalo das aulas a conversa girava sempre sobre como entrar no cinema para assistir Cobra! Quem poderia arranjar umas carteiras falsas para a turma entrar? Como conseguir?

A quantidade de carteiras falsas que circulou naquele ano deve ter sido uma das maiores da história! Todos queriam ver Stallone Cobra e quando conseguiam corriam para se vangloriar com os amigos menos sortudos! Depois lançaram o filme com cortes para menores e depois sem cortes... uma loucura! Assistir hoje Stallone Cobra é como voltar aos bons e velhos tempos. Claro que visto sobre o prisma de hoje o filme é só um policial cheio de clichês mas como marcou toda uma geração de garotos dos anos 80 ele acabou sendo envolto numa clima bom de nostalgia. Quem em sã consciência esqueceu uma das frases mais marcantes do filme? "Você é uma doença e eu sou a cura" falava Stallone com seu conhecido rosto sem expressividade. Nem é preciso dizer que isso era simplesmente o máximo para a garotada que fazia de tudo para lotar as sessões. Enfim, relembrar essas pequenas histórias dos tempos colegiais foi muito bom, foi uma bela viagem ao passado. Quem sabe não começo a rever daqui em diante os filmes da minha infância e adolescência. Coisas como Os Caça Fantasmas, De Volta Para o Futuro, Karatê Kid e até mesmo a série Rambo! Ah os anos 80!... eu era feliz e não sabia!

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Cantores do Passado: Dean Martin

Muita gente só conhece Dean Martin de seus filmes ao lado do comediante Jerry Lewis. Certo, esse foi um dos aspectos mais populares da carreira de Dino mas é apenas parte de um todo bem mais especial. O fato é que Dean Martin foi um maravilhoso cantor que gravou canções eternas - que até hoje tocam e são reverenciadas. Martin fez parte de um seleto grupo de intérpretes que marcou época na música americana. Se apresentando ao lado de Frank Sinatra e do Rat Pack (formado ainda por Sammy Davis Jr) o cantor ator fez muito sucesso em Las Vegas sempre se apresentando em temporadas de enorme sucesso. Ele tinha um timbre vocal poderoso mas agradável (algo que sempre me lembrou de Elvis Presley). Ambos eram barítonos talentosos e se destacaram não apenas por suas gravações mas também pela persona que desfilavam fora dos estúdios.

Dean Martin é o que se chamava de um bon vivant nos anos 50 e 60. Amigo do barman nunca largava seu copo de whisky e tinha uma postura relaxada e descontraída que lhe valeu inclusive o carinhoso título de "Mr Cool". Era aquele tipo de pessoa que parecia conquistar seus objetivos sem maior esforço pessoal, tudo na base do "ok, isso pode ser interessante, vamos ver se dá certo". Teve uma carreira vitoriosa não apenas no mundo do disco mas no cinema também. Mesmo após romper sua parceria com Jerry Lewis seguiu em frente estrelando boas produções, seja ao lado do Rat Pack, seja em carreira solo (onde fez ótimos westerns). Musicalmente conseguiu grandes feitos mesmo depois que seu estilo musical ficou rotulado de "careta" pela geração da contra cultura dos anos 60. Um exemplo de sua força foi o maior hit de sua carreira: Em pleno auge da Beatlemania ele conseguiu um feito e tanto tirando os Beatles do primeiro lugar das paradas para ocupar a mesma posição com sua imortal "Everybody Loves Somebody". E depois ainda tirou onda enviando um telegrama para Elvis perguntando ao Rei do Rock: "Viu como se faz?"

Dean Martin sempre foi citado como um amigo de todos do show business. Também era extremamente solidário aos amigos mais próximos. Quando John Kennedy venceu as eleições presidenciais (inclusive com sua ajuda, cantando de graça no palanque de JFK) ele se decepcionou com a atitude de recém eleito presidente que não convidou seu amigo negro, Sammy Davis Jr, para a posse. (Davis era casado com uma branca e por isso Kennedy temia a reação dos sulistas racistas na festa). Em solidariedade ao amigo barrado resolveu também não ir, em protesto. Atitudes como essa demonstravam bem seu caráter pessoal. Seguiu em frente, inclusive com um programa de tv próprio onde quase nunca aparecia para ensaiar (que ele obviamente achava uma perda de tempo!), o que é fácil de entender pois afinal ele era a própria personificação do jeito cool de ser.

Mas como a vida nem sempre é uma festa eterna os anos finais de Mr Cool foram difíceis. Seu adorado filho, que venerava, morreu em um trágico acidente. A tragédia atingiu em cheio o artista que entrou em um processo irreversível de depressão e angústia. Em seus anos finais foi ficando cada vez mais isolado e distante dos amigos. O casamento também acabou depois de longos anos. Martin abandonou a carreira musical e de ator e preferiu uma vida longe dos holofotes. Em seus últimos momentos se limitava a ir em sua cantina preferida comer o mesmo jantar noite após noite. Também não abriu mão do fumo e da bebida que acabaram o levando à morte em 1995. Não importa, o mais precioso em Dean Martin foi preservado: sua ótima voz interpretando lindos standarts da música norte-americana. Isso bastou para o Mr Cool entrar na história.

 
Discografia Comentada:

Dean Martin - Dream with Dean: The Intimate Dean Martin
Dean Martin tinha uma voz maravilhosa. Aqui o cantor resolveu apostar em algo bem intimista. Ele gravou o álbum com apenas quatro  músicos ao seu lado, Ken Lane ao piano, Irv Cottler na bateria, Red Mitchell no baixo e Barney Kessel na guitarra (Kessel chegou a trabalhar com outros grandes nomes como Elvis Presley na década de 1960). Nada de orquestras e nada de arranjos mais sofisticados como era praxe em seus discos anteriores, já que Martin sempre seguiu os passos de Sinatra nesse aspecto. A ideia era mesmo mudar um pouco, produzindo algo bem intimista (o que fica bem claro na própria capa do álbum, com Martin ao lado da lareira com um cigarro em mãos, fazendo todo o charme possível, bem de acordo com sua imagem de Mr. Cool). Para produzir o disco na Capitol, Martin trouxe o produtor Jimmy Bowen, praticamente uma lenda do meio musical americano, tendo trabalhado com dezenas de cantores ao longo da carreira, entre eles o próprio Frank Sinatra, além de produzir grandes sucessos para Sammy Davis, Jr., Kenny Rogers, Hank Williams, Jr., The Oak Ridge Boys, Reba McEntire e George Strait. Era tão competente que Frank Sinatra o escalou para produzir os primeiros discos de sua filha, Nancy.

Esse álbum traz aquele que talvez seja o maior sucesso de toda a carreira de Dean Martin, a faixa "Everybody Loves Somebody". A história dessa canção é bem interessante pois quebrou a supremacia que os Beatles tinham nas paradas de sucesso da época. Foi uma das poucas canções americanas a tirarem do número 1 da Billboard gravações do grupo inglês que naquela época vivia a febre da Beatlemania. Reza a lenda que o próprio Dean Martin teria ligado para Elvis e dito em tom de piada que aquele era o jeito certo de enfrentar a invasão britânica nas rádios e paradas de sucesso. Tirando esses aspectos comerciais de lado, o que podemos dizer é que esse é certamente um disco maravilhoso, sob qualquer ângulo que se analise. A sonoridade em geral é de uma beleza ímpar, muito suave e delicada. O que sempre se sobressai é a excelente vocalização de Martin, com intervenções sutis da guitarra de Kessel, acompanhada da melodia do piano de Ken Lane, tudo intercalado por um baixo quase inaudível do talentoso Mitchell (que vinha do jazz). Nos Estados Unidos o álbum ganhou uma recente edição de luxo, simplesmente excepcional.

Dean Martin - Dream with Dean: The Intimate Dean Martin
1. I'm Confessin' (That I Love You) 2. Fools Rush In 3. I'll Buy That Dream 4. If You Were The Only Girl 5. Blue Moon 6. Everybody Love Somebody 7. I Don't Know Why (I Just Do) 8. "Gimmie" A Little Kiss 9. Hands Across The Table 10. Smile 11. My Melancholy Baby 12. Baby Won't You Please Come Home.

Dean Martin - Memories Are Made Of This
Em plena explosão do rock americano em meados dos anos 50, eis que surge nas paradas um grande sucesso romântico cantado por Dean Martin. A bonita e singela "Memories Are Made Of This" acabou derrubando vários roqueiros das primeiras posições, chegando ao número 1, ficando por lá por cinco semanas! Um feito e tanto! Dean Martin conseguiu inúmeras vezes essa proeza. É bem lembrado que foi ele também quem derrubou os Beatles do Top 1 em 1964 com sua "Everybody Loves Somebody", o que fez com que tirasse uma enorme onda com esse feito! Em pleno auge da Beatlemania lá estava o velho e bom Dean Martin ocupando seu espaço. Pois é, Dean Martin era realmente bom de vendas no mercado de singles.

Essa canção tem um swing bem peculiar, poderia inclusive ter feito parte de qualquer disco de Frank Sinatra. Aliás falando em comparações é interessante dizer que Martin não tinha uma voz mais bonita do que a de Sinatra, porém era bem mais forte e impressionante. Frank Sinatra em termos de voz ganhava em beleza, ao que Dean Martin o superava em potência e poderio vocal. Um detalhe sobre essa canção que poucos sabem é que a primeira versão a sair em disco nos Estados Unidos foi gravada pela orquestra de Ray Conniff. Essa primeira gravação tem uma suntuosidade que Martin dispensou em sua versão, já que ele procurava criar um clima de intimidade, romantismo. Já o maestro Ray procurava pela explosão sonora. Outro fato interessante para os fãs do cantor: com o sucesso do single a gravadora Capitol lançou um EP com mais duas faixas, que também venderam muito bem. Então é isso. Entre os grandes sucessos musicais da parada da Billboard de 1956 lá estava o romântico Dean Martin se sobressaindo entre um oceano de roqueiros rebeldes. O romantismo sempre se faz presente, não importando o momento.

Dean Martin - Memories Are Made Of This (1956)
Memories Are Made Of This / Change of Heart / I Like Them All (EP) / Ridin Into Love (EP).

Dean Martin - Collected Cool
Está sendo lançado nos EUA e Europa um box maravilhoso com 3 CDs e 1 DVD enfocando os melhores anos da carreira de Dean Martin. Uma verdadeira preciosidade. Tudo de extremo bom gosto acompanhado de um maravilhoso livreto informativo com muitas fotos fantásticas e informações preciosas. Para quem é fã do Dino é realmente um dos melhores lançamentos atuais sobre o artista. Quem acompanha meus textos sabe que eu sempre prezo pela discografia oficial lançada ainda quando o cantor estava vivo. Nesse aspecto tudo me atrai, o vinil original, as capas com direções de arte que refletem as tendências artísticas que estavam na moda no ano em que o disco foi lançado e todo aquele sabor nostálgico que geralmente acompanha esse tipo de material. Infelizmente nem todos os grandes cantores do passado tem sua discografia original relançada em novos formatos, o que dificulta muito chegar nos produtos originais. É o caso de Dean Martin cujo legado ficou esquecido durante muito tempo.

Por isso vou aqui elogiar esse box. É obviamente uma coletânea de seus maiores sucessos mas também traz material inédito, o que por si só já é motivo para comemorar. Praticamente todas as faixas foram remasterizadas digitalmente, procurando trazer as gravações para um padrão de qualidade aceitável na atualidade. O trabalho ficou magnífico – basta comparar até mesmo com os últimos CDs lançados de Martin no mercado há cinco ou dois anos. A diferença é realmente marcante. A lamentar apenas a exclusão de muitas gravações excelentes de Martin na fase em que trabalhou na gravadora de seu amigo Frank Sinatra, a Reprise Records. Ao que parece (nada é confirmado oficialmente) há uma disputa judicial sobre os direitos dessas músicas. De qualquer maneira momentos como “Everybody Loves Somebody” acompanhada de um lindo arranjo de quarteto de cordas faz tudo valer a pena. A gravação é deslumbrante! O terceiro CD traz várias gravações ao vivo de Dean Martin em Lake Tahoe e o DVD traz a histórica apresentação de Dean Martin em Londres no mitológico The Apollo Victoria Theatre. Em suma, um trabalho de resgate com muito bom gosto e elegância. Coisa fina.

Dean Martin Collected Cool (2013)
CD 1 - Dean's Spoken Word Introductions / My Own, My Only, My All / Powder Your / Face With Sunshine (Smile! Smile! Smile!) / I Don't Care If The Sun Don't Shine / That's Amore / If I Could Sing Like Bing / Sway / Long, Long Ago / Memories Are Made Of This / Pardners / Volare / Rio Bravo / On An Evening In Roma / Sleep Warm / Ain't That A Kick In The Head / Just In Time / Arrivederci Roma / Return To Me / A Hundred Years From Today / CD 2 - Tik-A-Tee, Tik-A-Tay / Senza Fine / Who's Got The Action? / Guys And Dolls / Marina / Everybody Loves Somebody / The Door Is Still Open (To My Heart) / You're Nobody 'Til Somebody Loves You / In The Misty Moonlight / Sophia /  Send Me The Pillow You Dream On / In The Chapel In The Moonlight / Welcome To My World / Houston / I Will / Somewhere There's A Someone / My First Country Song / LA Is My Home / CD 3 - Drink To Me Only With Thine Eyes / Almost Like Being In Love / I Love Tahoe (Paris) / My Kind Of Girl / Break It To Me Gently / Rock-A-Bye Your Baby With A Dixie Melody / Primrose Lane / You Are Too Beautiful / Carolina In The Morning / Love Walked In/ I Love Being A Girl / Beautiful Dreamer / You Made Me Love You / It Had To Be You / Nevertheless / I'm Gonna Sit Right Down And Write Myself A Letter / Volare / On An Evening In Roma / I Love Paris.

Dean Martin Sings Songs from "The Silencers"
Trilha sonora do filme "O Agente Secreto Matt Helm". Pois é, assim como Elvis Presley, o Dean Martin achou por bem encher alguns de seus filmes com um vasto repertório, para depois lançar como LP (o velho álbum de vinil) no mercado. O resultado? Uma porção de músicas bem fracas no meu ponto de vista. Veja, esse é um caso clássico de grande cantor em material de segunda linha. Nenhuma das músicas do filme (pessimamente apresentadas entre as cenas) soa marcante ou memorável.

Algumas são meros trechos engraçadinhos como "Empty Saddles in the Old Corral" em que Dean Martin aproveitava para dar uns amassos numa garota vestida de cowgirl no filme. Ok, sua maravilhosa voz estava lá, só que faltava letra nas músicas, além de serem completamente descartáveis. Grande parte desse repertório fraco foi composto por Billy Hill que recebia do estúdio de cinema a cena que deveria ser musicada. Assim ele ia fazendo as músicas, sem muito capricho. Apenas a música tema, "The Silencers" (composta pelo maestro Elmer Bernstein), merece maior atenção. Mesmo assim ele quase não escapa do resultado bem medíocre do resto do disco. É meio decepcionante bem no meio de uma até boa canção você ouvir o Dean Martin cantando sobre o "Big O", o vilão caricato do filme. Quando isso acontece vem aquela sensação de tempo perdido que destrói qualquer disco que você comprou. Enfim, esse disco foi mesmo uma "bola fora" do grande Dean Martin em sua rica discografia.

Dean Martin Sings Songs from "The Silencers" (1966)
The Glory of Love / Empty Saddles in the Old Corral / Lovey Kravezit / The Last Round-Up / Anniversary Song / Side by Side / South of the Border / Red Sails in the Sunset / Lord, You Made the Night Too Long / If You Knew Susie (Like I Know Susie) / On the Sunny Side of the Street / The Silencers,

Pablo Aluísio.

Cantores do Passado: Buddy Holly

O tempo é cruel. Atualmente com excessão dos mais instruídos sobre a história do Rock poucos jovens sabem quem foi Buddy Holly (embora certamente reconheçam algumas de suas canções ao ouvirem elas em algum filme por aí. Pioneiro da primeira geração do Rock´n´Roll, Buddy morreu muito jovem em um acidente de avião bimotor que custou também as vidas de dois outros roqueiros famosos da época: Ritchie Valens (de La Bamba) e Big Bopper. Deles não restam dúvidas que Buddy era o mais promissor. Letrista, compositor e arranjador esse texano de Lubbock era extremamente talentoso nos temas juvenis que fizeram parte de toda sua obra musical. Sua música era tão boa que superou até mesmo seu visual improvável, pouco adequado para o marketing das gravadoras. Com óculos de aros grossos, cara de nerd e pouco gingado, Buddy Holly mais parecia um de seus fãs, jovens colegiais sofrendo os amores da primeira paixão. Talvez essa identidade de aparência e conteúdo tenha sido um dos ingredientes que fizeram sua fama.

Ao lado do grupo The Crickets, Buddy nada mais era do um entre milhares de jovens americanos que queriam vencer no mundo da música. Com letras simples e arranjos idem, Holly nos poucos anos de carreira conseguiu a proeza de gravar algumas das canções mais populares dos anos 50. Suas letras não eram maliciosas como as de Chuck Berry e ele certamente não tinha a sensualidade de um Elvis Presley, mas isso não importava. Suas músicas geralmente mostravam um amor idealizado de um adolescente de bom coração que almejava um dia namorar a garota mais bonita da escola. O curioso é que a doce ingenuidade de Holly nunca desbancava para a sordidez ou a melancolia. Quando não conseguia conquistar a garota de seus sonhos ele geralmente cantava o amor perdido de uma forma muito lírica e bela. Não é precisa ir muito longe então para entender porque suas músicas caíram no gosto da juventude da época. Canções como "Peggy Sue", "That'll Be The Day" e "Not Fade Away" mostram bem isso.

O triste de tudo é saber que Buddy em vida conseguiu realizar seus sonhos, conseguiu sucesso nas paradas e acabou conquistando a garota idealizada em suas letras. Foi morar com ela em Nova Iorque e tinha grandes planos de melhoras em suas canções, escrevendo arranjos bem mais elaborados (suas últimas gravações retratam bem essa mudança). Infelizmente como todo jovem artista que tem dúvidas se o sucesso durará ou não, Holly embarcou em uma daquelas típicas turnês "kamikazes", com vários shows em poucos dias cobrindo uma distante área. Tudo com o objetivo de ganhar muito dinheiro em pouco tempo. As viagens geralmente eram realizadas sem estrutura, em aviões pequenos e caindo aos pedaços, que geralmente eram usados em plantações locais. E foi numa dessas viagens, entre duas cidades que ele acabou entrando num velho avião que acabou não suportando a nevasca forte que pairava naquela noite. O acidente ocorreu em um pequeno milharal no meio do nada. Todos os que estavam na aeronave morreram imediatamente.

Fico imaginando Buddy Holly nos anos 60. Certamente no meio daquele turbilhão de criatividade musical e revoluções sociais ele certamente se destacaria. Infelizmente em relação a isso só podemos especular. Falecendo jovem e cedo demais era de se imaginar que sua pequena obra não fosse prosperar tanto mas não foi o que aconteceu. Um dos primeiros roqueiros americanos a tocarem na Inglaterra Buddy com sua passagem pelo Reino Unido acabou plantando sua influência em 4 adolescentes da periférica cidade portuária de Liverpool. Isso mesmo, a sonoridade de Buddy Holly pode ser ouvida nitidamente em todos os discos da primeira fase dos Beatles (que inclusive fizeram um cover de Holly na linda "Words of Love" no disco "Beatles For Sale"). Paul McCartney aliás é fã confesso do cantor americano.

Relembrando assim fica a impressão que a curta vida e carreira de Buddy Holly não passam de uma pequena nota de rodapé nos livros que enfocam a história do Rock´n´Roll. Nada mais longe da realidade. A música sobreviveu ao homem e hoje Buddy Holly é um ícone da cultura jovem da sociedade americana, inspirando livros, filmes e até mesmo estudos acadêmicos em grandes centros universitários. Prova maior da qualidade de sua música não poderia existir. A música morreu com Buddy Holly naquele campo de neve como prega a famosa música "American Pie" de Don McLean? Não sabemos ao certo, a única certeza é que certamente o rock ficou mais pobre naquela noite.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Wolverine

 
Wolverine
Muita gente adora esse personagem dos quadrinhos. Na realidade poderíamos dizer tranquilamente que ele sempre foi o mais popular X-Men do universo HQ. Nos Estados Unidos e em grande parte do tempo no Brasil, também teve seu próprio título, uma edição própria. Eu credito todo esse sucesso ao fato dele ser um baixinho invocado e bom de briga. Nunca subestime esse tipo, ainda mais com o tipo de esqueleto indestrutível que ele tem!

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Filmes no Cinema - Edição III

Cinema: Estreias da Semana (02/02 a 09/02)
Uma boa semana de estreias nos cinemas. Comercialmente falando o grande destaque vai para O Chamado 3. A garota Samara está de volta, novamente saindo do poço para infernizar a vida de suas vítimas. Embora seja considerado um cult entre os fãs de terror eu nunca gostei muito da franquia O Chamado. É visualmente bem feita, com ótimos efeitos especiais e edição, mas em termos de roteiro fica sempre girando em torno de um mesmo ponto. De qualquer maneira prevejo boa bilheteria pela força da marca. Já para quem estiver em busca de um bom filme realmente, com roteiro acima da média e elenco de primeira linha fica a dica de A Qualquer Custo. Eu já escrevi sobre esse filme aqui no blog. Com um trio de excelentes atores (Chris Pine, Ben Foster e Jeff Bridges) esse é uma espécie de western moderno que vale mais do que a pena. Não deixe de assistir.

Jackie revive o mito da primeira dama dos Estados Unidos Jackie Kennedy. Eu costumo dizer que os americanos sempre tiveram uma posição muito boba em relação aos seus presidentes. É muito ufanismo junto para ser levado à sério. O roteiro desse filme também vai pelo mesmo caminho, glamorizando demais a primeira-dama, colocando panos quentes em determinados aspectos históricos negativos, tudo para manter o mito em pé. O grande mérito para levar o cinéfilo aos cinemas é realmente a atuação da atriz Natalie Portman que realmente vale todo o esforço. Ela foi muito elogiada lá fora por seu trabalho. E para não sair do clima dos anos 60 temos ainda o documentário musical The Beatles: Eight Days a Week. Quem me acompanha na internet sabe como eu gosto dos Beatles, seus discos, músicas e história. Ainda não tive a oportunidade de conferir mais essa produção, porém é um dos que irei assistir em breve. Ao que tudo indica é mais um filme imperdível, a ser assistido nos cinemas.

Além desses há mais dois filmes que merecem indicação e que estão estreando hoje nos cinemas brasileiros. Um deles é Estrelas Além do Tempo de Theodore Melfi.  O enredo se passa nos anos 60 (de novo?) e mostra um grupo de funcionárias negras da NASA que viviam naquele momento bastante segregadas em plena ebulição da luta pelos direitos civis. O contraste nasce do fato da NASA ser supostamente um órgão onde trabalhavam pessoas de alto QI, o que porém não significava mudança no comportamento delas em relação às pessoas negras. Outro filme de teor ideológico é Armas na Mesa sobre uma lobista da indústria de armas (interpretada pela atriz Jessica Chastain) que decide mudar de lado, apoiando a causa contrária, que revogaria o direito de todo americano portar suas próprias armas de fogo! Os republicanos certamente não gostaram...

Por fim aqui vão mais alguns filmes que estão chegando nas telas de cinemas. Para quem gosta de cinema nacional estreia a comédia TOC - Transtornada Obsessiva Compulsiva com a atriz Tatá Werneck que interpreta uma estrela de sucesso que tem TOC! Será que fazer piada de algo assim é aceitável? Esse é o tipo de filme que eu pessoalmente não teria vontade de assistir, por pura falta de qualidade mesmo. Melhor procurar por algo mais intelectualmente relevante como os filmes cult que também estão chegando nos cinemas, em salas mais voltadas para a arte, como por exemplo os dramas A Espera (com Juliette Binoche), Clarisse ou Alguma Coisa Sobre Nós Dois (sobre o conturbado relacionamento entre pai e filha) e Quase 18 (sobre os problemas da adolescência).

Pablo Aluísio.

Renée Zellweger - Filmografia Comentada

O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno (1994)
Depois de pontas em 3 filmes (A Taste for Killing, Assassinato em Nebraska e Jovens, Loucos e Rebeldes). nenhum deles grande coisa, a loirinha texana acabou indo parar nesse terrorzinho classe B. Interpretando uma garota chamada Jenny ela estava no script apenas para ser morta pelo assassino da serra elétrica, em um dos piores filmes da franquia. Bom, todo mundo precisa começar de algum jeito, não é mesmo?

Caindo na Real
8 Segundos
Rock, Agito e Curtição
Rebel Highway
Um Amor e Uma 45

The Low Life
Império dos Discos - Uma Loja Muito Louca
Um Amor do Tamanho do Mundo
Todos esses filmes foram lançados entre os anos de 1994 a 1996. Não me lembro de ter assistido nenhum deles. Disso se tira duas conclusões. Foram filmes menores, que nem chegaram no Brasil e muito menos fizeram sucesso em algum meio, seja VHS, TV ou cinema. Gostaria de assistir hoje em dia só para ver a atriz jovem e bonita. Pena que são complicados de encontrar.

Jerry Maguire - A Grande Virada (1996)

Toda atriz precisa de um lance de sorte na vida. No caso da Renée Zellweger esse lance de sorte surgiu com esse filme. Reza a lenda que ela foi escolhida pessoalmente pelo astro Tom Cruise. Na época a garota era apenas uma texana loira e bonita sem nenhum nome na praça. Acabou sendo escolhida para interpretar a secretária que resolvia seguir o personagem de Tom Cruise quando esse era demitido de uma grande agência de esportes. Ela seguia o sujeito, sem nem ao menos conhecê-lo direito e dessa decisão surge uma bela história de amor. Pode ser considerado o primeiro grande filme dela em Hollywood. Renée Zellweger começava a ser um nome comentado no mundo do cinema.

Um Preço Acima dos Rubis (1998)
Segundo bom filme dela. A história é por demais interessante. Ela interpreta uma jovem mulher que se casa com um homem religioso ao extremo, um judeu e sofre para se enquadrar nas premissas dessa religião ortodoxa. Com cabelos escuros e muita disposição para atuar bem, ela logo se tornou a alma do filme, que em seu lançamento original foi até bem elogiado pela crítica. Assisti em VHS e tenho dúvidas se o filme chegou a ser lançado nos cinemas brasileiros.

Um Amor Verdadeiro (1998)
Drama com história pesada, mas que funciona muito bem por causa de seu ótimo elenco. Ela interpreta essa jovem mulher que precisa repensar sua própria vida pessoal após descobrir que sua mãe está morrendo de câncer. Foi a primeira grande chance dela como atriz no quesito atuação dramática. O elenco contava com Meryl Streep e William Hurt. Melhor companhia não poderia existir. É um filme pesado, tenso, mas que cumpre plenamente seus objetivos. 

rocura-se uma Noiva (1999)
Comédia romântica. Eu não achei grande coisa. Na história um jovem precisa se casar em 24 horas para receber uma grande fortuna. O "Robin" Chris O'Donnell foi o partner romântico para Renée Zellweger. Na época de lançamento do filme rumores de que ele seria gay atrapalharam o filme nas bilheterias. Não fazia diferença em minha opinião. o filme é bem fraco mesmo. Cena curiosa: uma multidão de noivas correndo pelas ruas, todas interessadas na grana, claro!

A Enfermeira Betty  (2000)
Outra comédia, mas essa bem mais inteligente, com um pezinho no humor negro. Renée Zellweger interpreta a protagonista, uma jovem bem ingênua, muito ligada nas novelas da TV. Ela se apaixona pelo ator galã de uma delas e acaba vivendo uma história que jamais poderia esquecer. Foi bem criticado na época, mas virou uma espécie de cult movie em certos redutos cinéfilos. Eu acho um filme apenas OK.

Eu, Eu Mesmo e Irene (2000)
Comédia maluca com Jim Carrey. Não poderia ser diferente em relação a uma produção estrelada por esse ator e comediante. Muitas caras e caretas em um filme diferente dentro da carreira de Renée Zellweger, Ela interpreta a namorada desse sujeito muito estranho, com múltiplas personalidades. Curiosamente a Renée Zellweger engatou um namoro com o Jim Carrey, para surpresa de muita gente em Hollywood, afinal havia pouca coisa em comum entre eles, tanto do ponto de vista profissional como pessoal. O relacionamento não durou muito e acabou poucos meses depois que o filme foi lançado.

O Diário de Bridget Jones (2001)
A personagem inglesa Bridget Jones já fazia muito sucesso nas livrarias quando esse filme foi lançado. A escolha da texana Renée Zellweger não agradou aos leitores. Ela não era inglesa e tinha pouca coisa a ver com a personagem dos livros, uma inglesa cheia de problemas pessoais, com péssimos hábitos pessoais. Mesmo assim o estúdio aguentou a pressão e lançou o filme com a atriz americana no papel principal. O sucesso de bilheteria provou que a escolha era mais do que certa. Ela esteve muito bem, caprichando no sotaque londrino e nos maneirismos da Jones. O elenco coadjuvante também era muito bom. Colin Firth interpretava o namorado bonzinho e Hugh Grant era o interesse romântico cafajeste. Um ótimo filme e o grande sucesso solo da atriz.

Deixe-me Viver (2002)
Não me lembro de ter assistido a esse filme. A história conta a vida de uma adolescente com muitos problemas familiares. A mãe tem problemas com a lei. Com direção de Peter Kosminsky, o filme ainda apresentava no elenco duas ótimas atrizes: Michelle Pfeiffer e Robin Wright, Nada mal. Vou procurar essa fita para assistir (ou rever, quem sabe...).

Pablo Aluísio.