domingo, 12 de novembro de 2017

Letras da Morte

Um serial killer começa a agir numa pequena cidadezinha do interior dos Estados Unidos. Ele tem um ritual próprio, onde enforca suas vítimas, geralmente deixando letras escritas com punhais em seus corpos. No fundo o assassino se inspira no famoso "jogo da forca" para deixar pistas para a polícia, uma vez que ele sente prazer em fazer os policiais de bobos. Um detetive aposentado interpretado por Al Pacino entra no caso. Ao lado de outro tira (Karl Urban) ele tenta descobrir a identidade do criminoso. Para isso porém vão ter que tolerar também a presença de uma jornalista (Brittany Snow), que está escrevendo uma matéria especial sobre a vida dos policiais do departamento de homicídios.

Esse filme é bem recente, chegou nos cinemas americanos há apenas quatro dias, mas não tem recebido boa resposta por parte da crítica americana. É compreensível. O filme tem um roteiro um tanto preguiçoso, que não parece disposto a sair de uma certa fórmula que já foi usada antes em dezenas de filmes de assassinos em série. É algo que já está saturado. Diante disso o principal atrativo para os cinéfilos é a presença do ator Al Pacino. O que posso dizer de seu trabalho? Bom, antes de tudo o peso da idade realmente chegou. Pacino passa o filme todo com ar de cansado, de exausto, sem pique ou energia para atuar bem. Como faz um policial aposentado (olha outro clichê aí!) ele tem pelo menos a desculpa de seu próprio personagem já ser velho e cansado da vida.

Assim sobra para o elenco de apoio. O ator Karl Urban quase não tem carisma. Ele não tem igualmente vocação para estrelar filmes policiais. Na verdade só funciona bem como coadjuvante. A atriz Brittany Snow até que segura algumas vezes as pontas, mas é pouco. Apesar da pouca idade ela já pode ser considerada uma veterana, com muitos trabalhos em séries e filmes. Gostava dela como a adolescente vivendo nos anos dourados em "American Dreams" (boa série) e no musical "Hairspray: Em Busca da Fama". Ela é uma jovem atriz que conseguiu romper essa barreira de adolescente para a fase adulta. Então no geral é isso. "Hangman" não é um grande filme, passa longe disso. É meio preguiçoso no desenvolvimento, se torna em alguns momentos cansativo, derrapa em muitos clichês e conta com um Al Pacino sem fôlego. Mesmo assim ainda vale uma espiadinha, desde que você não espere por muita coisa.

Letras da Morte (Hangman, Estados Unidos, 2017) Direção: Johnny Martin / Roteiro: Michael Caissie, Charles Huttinger  / Elenco: Al Pacino, Karl Urban, Brittany Snow / Sinopse: Policial já velho e aposentado (Pacino) precisa voltar à ativa para prender um serial killer que enforca suas vítimas com requintes de crueldade extrema. Ao lado de um tira mais jovem e de uma jornalista, ele começa a reunir pistas para descobrir a identidade verdadeira do psicótico assassino.

Pablo Aluísio. 


sábado, 11 de novembro de 2017

O Comediante

Robert De Niro interpreta um comediante de stand-up que tenta ganhar a vida, apesar de já estar com a carreira em plena decadência. Nos anos 70 ele conseguiu popularidade atuando em uma série de TV, uma sitcom, o que lhe garante ainda algumas apresentações em pequenos bares e espeluncas. Numa delas, ele sai no braço com uma pessoa da plateia e acaba sendo condenado a prestar serviços comunitários. E é justamente quando faz esse serviço que acaba conhecendo uma mulher divorciada que pode revitalizar sua vida pessoal e profissional. Pela breve sinopse você poderia pensar que "O Comediante" é um tipo de drama, como os que De Niro fazia nos bons e velhos tempos, só que não é bem isso. O filme opta mesmo pelo convencional, se limitando a contar uma história de amor pincelada com momentos de humor, principalmente quando o ator sobe no palco para fazer suas apresentações. Nesse ponto cabem alguns elogios ao trabalho de De Niro pois ele se sai muito bem como comediante de stand-up, isso apesar de nunca ter feito esse tipo de trabalho em sua carreira ao longo de todos esses anos. Alguns podem até vir a se incomodar um pouco com os palavrões e piadas chulas, de baixo nível, mas isso no final das contas faz também parte do jogo.

Outro ponto a se destacar é o elenco de apoio, todo formado por veteranos (e amigos de longa data de De Niro). Assim lá estão Danny DeVito (como seu irmão judeu que precisa segurar as pontas quando a situação financeira dele vai de mal a pior), Harvey Keitel (como o pai da mulher por quem se apaixona, algo que vai criar muitos atritos entre eles) e Billy Crystal (numa pontinha rápida, passada em um elevador, quando eles trocam algumas farpas e pequenas provocações em forma de piadas). O filme assim é convencional, calcado em um roteiro redondinho e em determinados momentos bem clichê, mas que acaba se salvando no final pelos nomes envolvidos em sua realização.

O Comediante (The Comedian, Estados Unidos, 2016) Direção: Taylor Hackford / Roteiro: Art Linson, Jeffrey Ross / Elenco: Robert De Niro, Harvey Keitel, Danny DeVito, Leslie Mann, Billy Crystal / Sinopse: Ao chegar perto dos 70 anos de idade um comediante veterano tenta sobreviver, arranjando trabalhos cada vez mais inconsistentes. Tudo parece ir de mal a pior até que acaba conhecendo uma mulher divorciada que pode ser a pessoa que vai mudar sua vida para sempre.

Pablo Aluísio.

Orgulho e Preconceito e Zumbis

Imagine ter um bom orçamento, recursos, figurinos, tudo do bom e do melhor dentro da indústria cinematográfica e investir tudo isso em um filme sobre um dos livros clássicos mais queridos da literatura inglesa misturado com... zumbis! Pois é justamente o que temos aqui! Com uma produção como essa em mãos seria bem melhor fazer uma nova versão para o romance imortal de Jane Austen ou então uma série para a TV. É claro que faria sucesso entre os admiradores da escritora. Mas não, resolveram jogar as boas ideias fora e ao invés disso abraçaram o desespero de tentar chamar a atenção do público jovem que para os produtores de cinema deve ser bem imbecil. Se a busca pelo sucesso fácil foi o principal motivo da existência desse filme bizarro se deram mal, pois o filme foi um fracasso comercial.

Foi um fracasso merecido. Esse tipo de coisa só se sustenta no submundo dos filmes de terror trash. Para produções classe A como essa, fica tudo fora de seu habitat natural. O roteiro é uma mistura indigesta da trama criada por Jane Austen com uma Inglaterra dominada pelo apocalipse Zumbi. A cada dia mais e mais pessoas estão infectadas. As jovens personagens querem arranjar um marido no meio desse caos, mas enquanto isso não acontece, elas se especializam em artes marciais japonesas e chinesas (que bobagem!!!). O último bastião de resistência da humanidade é Londres, que virou uma fortaleza contra as hordas zumbis, mas até a magnífica cidade está em perigo, prestes a cair. Enfim, não adianta levar adiante ainda mais essa sinopse bizarra. Não gostei do resultado, achei tudo muito forçado e sem razão de ser. O filme no final das contas é um grande desperdício de tempo, dinheiro e recursos em troca de absolutamente nada. 

Orgulho e Preconceito e Zumbis (Pride and Prejudice and Zombies, Estados Unidos, Inglaterra, 2016) Direção: Burr Steers / Roteiro: Burr Steers, baseado na obra original escrita por Jane Austen / Elenco: Lily James, Sam Riley, Jack Huston, Charles Dance / Sinopse: Após uma infestação de um estranho vírus, que transforma as pessoas em zumbis, uma jovem garota chamada Elizabeth Bennet (Lily James) e suas irmãs tentam arranjar maridos na sociedade vitoriana do século XIX. Elizabeth acaba sentindo-se atraída por Mr. Darcy (Sam Riley), um incansável exterminador de zumbis, mas essa não será uma paixão comum e simples de se resolver. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Dungeons & Dragons

Filme muito fraco baseado no RPG "Dungeons & Dragons". É curioso que na época de lançamento do filme no Brasil a distribuidora forçou a barra para atrair a atenção dos fãs do desenho animado "A Caverna do Dragão", pois essa animação, muito popular no Brasil, também fazia parte desse mesmo universo. Quem acreditou no marketing se deu mal. Não havia nenhum dos personagens do mundo do Mestre dos Magos. Nada de jovens perdidos em um universo medieval e estranho. Ao invés disso o roteiro investia numa estorinha muito chata e enfadonha que não ia para lugar nenhum. Já que não se sustentava em termos de roteiro, se investiu bastante nos efeitos especiais que hoje em dia soam completamente datados e ultrapassados. Qualquer game mediano atual dá de dez a zero no visual do filme. É a tal coisa, bons roteiros sobrevivem a tudo, já efeitos especiais envelhecem e ficam ridículos com o tempo, tornando o filme muito descartável e esquecível.

No elenco apenas um nome se destacava: Jeremy Irons. Esse é aquele tipo de ator que consegue sobreviver a (quase) tudo. Mesmo atuando em filmes ruins, consegue manter o mínimo interesse no espectador. Pior foi aguentar o chato comediante Marlon Wayans - uma espécie de Eddie Murphy sem graça, que forçou a barra em cada momento que surgia em cena. Não conseguiu nem arrancar sorrisos amarelos. O filme custou 45 milhões de dólares para o estúdio New Line Cinema e conseguiu faturar apenas 7 milhões nas bilheterias americanas. Um fracasso comercial. Com isso o diretor Courtney Solomon viu sua carreira afundar logo no primeiro filme em que dirigiu. Hollywood pode perdoar muitas coisas, mas definitivamente não consegue perdoar prejuízos como esse.

Dungeons & Dragons - A aventura começa agora (Dungeons & Dragons, Estados Unidos, 2000) Direção: Courtney Solomon / Roteiro: Topper Lilien, Carroll Cartwright / Elenco: Jeremy Irons, Justin Whalin, Zoe McLellan, Bruce Payne, Marlon Wayans / Sinopse: Em um distante reino chamado Izmer, magos, nobres e uma imperatriz de bom coração, lutam entre si para controlar os dragões vermelhos que são a chave para todo o poder e glória naquele mundo mágico de fantasia.

Pablo Aluísio.

Duas Vidas

Não sei exatamente a razão, mas em determinado momento todos esses atores brutamontes de filmes de ação dos anos 80 tentaram emplacar filmes de comédia ou infantis. Na maioria das vezes o resultado foi medonho - filmes ruins demais para serem levados em consideração. Assim seguindo essa tendência meio idiota o Bruce Willis também tentou emplacar seu filme infantil. E foi na Disney que ele tentou, imagine você. É justamente disso que se trata esse "Duas Vidas". Imagine um homem de 40 anos que se encontra com si mesmo aos 8 anos de idade! Parece mais divertido do que realmente é, porém foi justamente essa ideia que o roteiro desse filme tentou desenvolver.

Bruce Willis interpreta esse cara que precisa lidar com as dificuldades da vida adulta e que de repente se vê na frente dele mesmo, só que aos 8 anos! Gordinho, inseguro, indefeso, precisando sobreviver ao mundo da escola (o que nem sempre é fácil), assim era o Willis quando era apenas um garoto. Agora o adulto precisa dar conselhos à criança, mas no fundo acaba descobrindo que o menino tem mais a ensinar ao homem do que vice versa. O filme até tem seus momentos, algumas situações são criativas, mas o rótulo Disney também impôs limitações. Com a desculpa de ser um produto meramente family friendly a coisa toda ficou pelo meio do caminho, sem coragem de ir até as últimas consequências. Enfim, inofensivo demais para fazer alguma diferença.

Duas Vidas (The Kid, Estados Unidos, 2000) Direção: Jon Turteltaub / Roteiro: Audrey Wells / Elenco: Bruce Willis, Spencer Breslin, Emily Mortimer, Lily Tomlin / Sinopse:  Homem adulto encontra criança que é ele mesmo, com oito anos de idade. O choque inicial logo se dissipa e assim o mais velho tenta ensinar coisas ao mais jovem, para que ele não venha a sofrer as mesmas coisas ruins que passou ao longo de sua vida.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

O Jovem Karl Marx

O filme se propõe a mostrar os primeiros anos de atividade política do jornalista e escritor Karl Marx. Após publicar em um pequeno jornal revolucionário socialista, ele é expulso pelo governo prussiano. Assim arruma as malas e vai embora com a família para Paris. Na capital francesa procura por emprego, mas seu histórico não ajuda. Fatalmente acaba sem dinheiro, fazendo com que sua família passe por necessidades financeiras cada vez maiores. No meio de uma fase bem ruim de sua vida, acaba conhecendo o jovem Engels, o filho de um capitalista rico, dono de uma fábrica em Londres. Ambos possuem o mesmo pensamento ideológico socialista e decidem trabalhar juntos na produção de um livro explorando a luta de classes dentro da sociedade.

Gostei desse filme. Embora seja um dos escritores mais influentes da história, o fato é que Marx continua sendo pouco conhecido até mesmo por seus admiradores de esquerda. Pouco se estudou sobre sua história e sua vida pessoal. Marx foi expulso da Prússia e depois da França, indo parar em Londres. A vida difícil porém não melhorou. Mesmo com a ajuda de Engels, ele passou por muitas dificuldades financeiras, ficando anos desempregado e sem sustento para si e seus filhos. O que salvou Marx foi sua obra literária. E é curioso perceber também que ele foi um escritor desorganizado, sem muito método na produção de seus textos. O filme retrata bem isso, com Marx envolto em um escritório bagunçado, com folhas avulsas escritas por ele voando por todos os lados. Anotações em folhas de papel, pedaços de pensamento sem ordem. Cabia ao desafortunado Engels tentar organizar aquela bagunça. Essa desorganização passou inclusive para sua principal obra "O Capital", que é um livro difícil de ler, justamente por causa dessa falta de direção de seu escritor.

Outro ponto muito sutil do roteiro que revela muito sobre Marx, o escritor, acontece quando Engels o aconselha a ler livros dos consagrados economistas ingleses, como David Ricardo. Engels diz a Marx indiretamente que ele precisava estudar mais economia. É um fato histórico que Marx tinha muito conteúdo revolucionário e ideológico, mas que no fundo sabia muito pouco sobre teoria econômica. Ele tinha falhas e falhas importantes em sua formação intelectual. E foi justamente por essa razão que o socialismo marxista nunca conseguiu gerar bons frutos na área econômica. É uma ideologia utópica e não prática. Isso ficou claro desde sempre, embora Marx tenha tentado trazer bases e fundamentos pretensamente científicos para seu livro. O curioso é que Marx tentou de certa modo remodelar e refundar o pensamento dos socialistas utópicos que o antecederam, mas não conseguiu na prática ir muito além deles. Continuou em essência sendo um pensador socialista meramente utópico. O socialismo, como mera utopia, não conseguiria mesmo se firmar no mundo real.

O Jovem Karl Marx (Le jeune Karl Marx, França, Bélgica, Alemanha, 2017) Direção: Raoul Peck / Roteiro: Pascal Bonitzer, Raoul Peck / Elenco: August Diehl, Stefan Konarske, Vicky Krieps / Sinopse: Durante o século XIX, um jovem escritor e jornalista chamado Karl Marx se une ao filho de um rico industrial inglês, Engels, para escrever um livro que trouxesse bases teóricas fundamentais ao pensamento socialista que começava a se espalhar pela Europa, principalmente entre a classe trabalhadora. Juntos, eles tentaram unir o proletariado numa luta de classes contra a burguesia, proprietária dos meios de produção e de toda a riqueza da sociedade.

Pablo Aluísio.

Alô, Dolly!

O musical no cinema teve seu auge durante as décadas de 1930 e 1940. Foi o tempo em que Fred Astaire e Gene Kelly brilharam, com filmes extremamente bem realizados, maravilhosas produções, com o que Hollywood tinha de melhor a oferecer ao seu público. Esse "Alô, Dolly!" chegou aos cinemas no final dos anos 1960, quando o gênero já estava em franca decadência, para não dizer em desuso. A geração "flower power" associava os antigos musicais aos tempos de seus pais e como havia um certo preconceito sobre isso, poucos filmes fizeram sucesso por essa época. O curioso é que os estúdios Fox chamaram justamente o astro Gene Kelly, daqueles tempos áureos, para dirigir essa versão para o cinema da famosa e extremamente bem sucedida peça da Broadway.

Seu trabalho de direção é primoroso. Kelly não era tão elegante como Astaire, mas compensava isso com coreografias extremamente bem marcadas, com grande vigor atlético e precisão em cada passo. É justamente o que vemos aqui. Tirando as cenas em que Barbra Streisand canta, temos uma amostra do trabalho do diretor, ator e bailarino nesse aspecto. Isso fica bem nítido na cena do restaurante, com os garçons dando piruetas, dançando e esbanjando vigor físico. Em muitos momentos percebemos que tudo foi filmado com tomadas de cenas únicas, algo realmente impressionante. Talvez por não mais dançar, Gene Kelly aproveitou para fazer desse filme sua última homenagem à dança! Foi um belo adeus, como bem podemos conferir.

Além da presença do genial diretor também temos um elenco excepcional. O principal destaque vai obviamente para Barbra Streisand. Que grande talento! Sua voz tinha uma qualidade digna das grandes divas da música norte-americana do passado. Ela esbanja refinamento em cada nota musical, em cada detalhe. Além de excelente atriz, também era uma dançarina espetacular. Uma artista completa. Sua leveza e docilidade contrastou bem com o estilo mais rude (e igualmente engraçado) de Walter Matthau. Ver o ator dançando e cantando é outra diversão que por sí só já vale a pena. Com produção requintada, ótimos figurinos, cenários deslumbrantes e uma trilha sonora das mais agradáveis, esse "Hello Dolly!" foi uma bela despedida aos grandes musicais de Hollywood. São duas horas e meia de puro prazer! Obra prima cinematográfica e musical.

Alô, Dolly! (Hello, Dolly!, Estados Unidos, 1969) Direção: Gene Kelly / Roteiro: Michael Stewart, Thornton Wilder/ Elenco: Barbra Streisand, Walter Matthau, Michael Crawford, Marianne McAndrew, Louis Armstrong / Sinopse: Dolly Levi (Barbra Streisand) é uma viúva que trabalha como agente matrimonial. Ela é contratada pelo rico e rabugento Sr. Horace Vandergelder (Walter Matthau) para lhe arranjar uma esposa, mas nada parece dar certo, até que Dolly começa a se ver como ela mesma uma boa pretendente para o irascível Horace. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme e Melhor Fotografia (Harry Stradling Sr). Vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte, Som e Música.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Terra Selvagem

Um bom thriller todo filmado na reserva natural de Wind River, no estado americano do Wyoming. Tudo começa quando o agente do departamento de caça e pesca Cory Lambert (Jeremy Renner) encontra o corpo congelado de uma garota no alto da montanha. Ele a conhece, é uma jovem chamada Natalie, que pertence à comunidade indígena local. Ela foi assassinada, além de ter marcas de ter sido estuprada antes de sua morte. Como se trata de uma região sob jurisdição federal o FBI é chamado. A agente Jane Banner (Elizabeth Olsen) é enviada para liderar as investigações. Inicialmente se suspeita de jovens nativos que vivem pelas redondezas. Eles são viciados em drogas e poderiam ter cometido o crime. Depois, com mais cuidado, novas pistas levam para outras direções.

Achei o roteiro desse filme bem convencional, o que não chega a ser um problema. A trama, apesar de bem criada, não chega a surpreender em nenhum momento. A beleza natural da região onde o filme foi rodado compensa em grande parte alguns momentos mais parados do enredo. O personagem de Jeremy Renner gosta de pensar sobre si mesmo como a um caçador, um homem plenamente inserido dentro da natureza. Ele foi casado no passado com uma nativa, por isso tem acesso aos indígenas que vivem naquelas terras, o que definitivamente ajuda muito nas investigações. Há um belo momento "Animal Planet" quando ele encontra uma família de leões da montanhas numa toca. Esses animais não são mostrados no filme como bestas assassinas, mas com o respeito que a fauna nativa merece. No mais é um filme sem maiores surpresas. Falou-se muito em prêmios para esse filme, principalmente depois que ele foi agraciado em Cannes. Alguns apostam até mesmo em talvez até um Oscar, mas entendo que isso seria algo exagerado, sem razão de ser.

Terra Selvagem (Wind River, Estados Unidos, 2017) Direção: Taylor Sheridan / Roteiro: Taylor Sheridan / Elenco: Jeremy Renner, Elizabeth Olsen, Julia Jones, Kelsey Asbille / Sinopse: Uma jovem nativa é encontrada morta no alto de uma montanha da reserva natural de Wind River, no Wyoming. Uma agente do FBI é enviada para investigar e com a ajuda de policiais locais e do próprio agente de caça e pesca que encontrou o corpo, começa a desvendar o crime.

Pablo Aluísio.

Titan

Seguindo os passos da Disney, o estúdio Fox também entrou no concorrido mundo da animação. Eles seguiram basicamente a mesma fórmula: contratar atores famosos para dublar os personagens, promover uma grande campanha de marketing e obviamente esperar pelo melhor: lucros e mais lucros provenientes das bilheterias de cinema. O curioso é que ao invés de apostar no mundo dos contos de fadas e era medieval (como faz a major Disney) aqui os produtores escolheram uma aventura espacial como tema. A estorinha se passa no ano 3028 quando o planeta Terra é invadido por uma civilização extraterrestre selvagem e cruel. A maioria da humanidade é destruída, mas alguns seres humanos escapam. O protagonista, o jovem Cale Tucker (dublado por Matt Damon), consegue ir para o espaço.  E é justamente nos confins do universo que ele acaba se envolvendo em uma grande aventura.

A Fox investiu 75 milhões de dólares nessa animação, mas não se deu bem. O filme não foi bem de bilheteria e nem de crítica. Isso demonstrou aos executivos do cinema que não seria fácil vencer nesse mercado tão concorrido da indústria cinematográfica. Mesmo assim, com esse relativo fracasso comercial em mãos, o estúdio não desistiu e continuou investindo até encontrar o sucesso tão esperado com a franquia "Shrek", aquela mesmo do ogro verde que caiu nas graças da criançada. Por fim, apesar de tudo, "Titan" ainda conseguiu arrancar três indicações ao Oscar da animação, o Annie Awards. As indicações foram para categorias bem técnicas, nada de espetacular, mas pelo menos serviu como reconhecimento de que pelo menos do ponto de vista técnico o filme era realmente caprichado.

Titan (Titan A.E, Estados Unidos, 2000) Direção: Don Bluth, Gary Goldman / Roteiro: Hans Bauer, Randall McCormick / Elenco: Matt Damon, Nathan Lane, Drew Barrymore, Bill Pullman, John Leguizamo / Sinopse: Um jovem humano, sobrevivente da maior invasão do planeta Terra por uma raça de extraterrestres, tenta superar o trauma da separação de sua família enquanto se envolve numa grande aventura espacial ao lado de seus novos amigos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

A Morte de Luís XIV

Bom filme que reconstitui os últimos momentos de vida do Rei francês Louis XIV, o aclamado "Rei Sol", símbolo máximo do absolutismo europeu, o monarca que disse a frase "O Estado sou Eu!". Pois é, aqui o vemos sendo corroído pela gangrena, enquanto um grupo de médicos tenta fazer algo para salvar sua vida. Tudo em vão, porque a medicina da época ainda era bem rudimentar. Até charlatães surgem na corte para tentar algum "tratamento", fazendo o Rei tomar misturas exóticas como esperma de boi, suor de sapo e outras coisas bizarras. Outro fato que chama a atenção é a exótica coleção de perucas reais, pois nem no leito de morte o monarca abriu mão de seu figurino extremamente exagerado. Afinal ele era o "Rei Sol" e como tal deveria brilhar até o fim de sua vida, mesmo que sua perna estivesse apodrecendo pela doença.

Um aspecto inusitado do ponto de vista histórico é que esse mesmo monarca determinou que sua existência seria extremamente pública, nada de levar uma vida privada em seus aposentos. Assim até para tomar uma colher de canja de galinha ela tinha que ser assistido por membros da corte que como bons puxa-sacos o aplaudiam a cada colherada! Algo muito esquisito para os olhos de uma pessoa de nossos dias, mas que em Versalhes fazia parecer algo comum, do protocolo de comportamento dos nobres que faziam parte da corte Bourbon. Todos os momentos, dos mais simples do cotidiano, eram acompanhados por nobres que o assistiam acordar, escovar os dentes, tomar o café da manhã, o almoço, o jantar, tudo sendo presenciado pela corte que formava uma pequena plateia na frente do Rei.

O filme vai fundo no detalhismo, assim o espectador que estiver disposto a saber mais sobre o leito de morte do rei terá praticamente todos os mínimos acontecimentos explorados, porém de certa forma isso também se torna um problema narrativo, pois o que temos o tempo todo é apenas o Rei agonizando em sua cama, enquanto médicos, parentes e membros do clero tentam alguma solução para salvar sua vida. Praticamente não há cenas externas, tudo se passa dentro do quarto. A beleza do palácio de Versalhes nunca aparece, o que achei algo incômodo, pois era uma forma de retratar a grandiosidade daquele Rei que até hoje é lembrado por seus excessos (foi ele aliás que construiu Versalhes e o transformou no palácio real mais luxuoso e brilhante de toda a Europa). Particularmente gostei, mas sou suspeito em minha opinião, pois adoro história de uma maneira em geral. Não sei se o filme terá apelo para pessoas que não estejam tão interessadas assim naquele período histórico da França do século XVIII.

A Morte de Luís XIV (La mort de Louis XIV, França, 2016)  Direção: Albert Serra / Roteiro: Albert Serra, Thierry Lounas / Elenco: Jean-Pierre Léaud, Patrick d'Assumçao, Marc Susini  / Sinopse: O filme mostra os últimos momentos de vida do Rei Luís XIV. Doente em sua cama, com a gangrena comendo parte de sua perna, o monarca conhecido como o "Rei Sol" tenta sobreviver em meio a toda a riqueza e luxo de sua corte fabulosa. Filme premiado pelo Gaudí Awards e Lumiere Awards.

Pablo Aluísio.

Olhos Famintos 3

O primeiro filme dessa franquia de terror "Jeepers Creepers" até que tinha seu charme. Uma criatura que mais se parecia com um espantalho de plantações de milho, que ganhava vida e saía matando a esmo numa cidadezinha do interior dos Estados Unidos. Era o típico filme de monstro, onde ele era colocado nas sombras, no meio da noite, quase nunca surgindo explicitamente. Isso criava um suspense até bem interessante, mesmo que não fugisse muito do clichê desse tipo de produção. Nesse terceiro filme tudo que era bom no filme original se perde. Colocaram o monstro para atacar em plena luz do dia, se mostrando em demasia, em cenas pouco originais, nada inovadoras. Ele também agora dirige uma velha caminhonete, toda turbinada e cheia de armadilhas mortais. Todos que tentam entrar ou escapar dessa máquina da morte de quatro rodas acaba se dando muito mal.

A produção foi bancada em parte pelo canal Syfy, que diga-se de passagem se especializou nos piores filmes de terror e suspense da atualidade. Basta lembrar daquelas inúmeras produções com tubarões que são uma verdadeira vergonha alheia. Assim nem a presença do diretor e roteirista Victor Salva (que praticamente criou sozinho essa franquia) consegue melhorar as coisas. O saldo é bem negativo. O filme consegue ser pior do que o segundo, que ficava muito resumido ao ataque da criatura a um ônibus escolar. Esse aqui tem uma trama mais diversificada, mas nada que vá salvá-lo da categoria de filme ruim.

Olhos Famintos 3 (Jeepers Creepers 3, Estados Unidos, 2017) Direção: Victor Salva / Roteiro: Victor Salva / Elenco: Stan Shaw, Gabrielle Haugh, Brandon Smith / Sinopse: A cada 23 anos uma estranha criatura alada, proveniente das fossas infernais, volta à Terra, para espalhar terror e morte numa pequena cidade rural do meio oeste americano. Agora está de volta, dirigindo uma verdadeira máquina de terror.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Fragmentado

Fazia tempo que o diretor M. Night Shyamalan estava devendo um bom filme. Finalmente depois de um hiato de falta de criatividade que durou anos, ele surge com algo realmente bom (diria até muito acima da média). Esse filme "Fragmentado" é um dos melhores que vi esse ano. Roteiro bem encaixado e o mais importante de tudo: um verdadeiro show de interpretação do ator James McAvoy. Ele interpreta um sujeito com problemas mentais, que sofre de um distúrbio que o faz desenvolver várias personalidades diferentes. Esse tema já havia sido explorado antes pelo cinema. Basta lembrar do clássico "As Três Faces de Eva", mas agora ganha contornos mais sinistros e sombrios.

Pois bem, ao longo do dia várias personas vão surgindo, desde um delicado jovem e afeminado, que sonha ser estilista, passando por Dennis, um sujeito dominador e obcecado por limpeza, até Patrícia, uma mulher que de certa maneira reflete a própria mãe repressora que ele teve na infância. Kevin (seu nome real) faz tratamento com uma psiquiatra que quer escrever uma tese sobre seu distúrbio e tudo caminha relativamente bem, até que em um surto ele decide cometer um crime, sequestrando e aprisionando três garotas nos porões de um Zoo abandonado. Imagine a aflição das jovens ao ter que lidar com esse sujeito que muda de personalidade várias vezes ao longo do dia. Tudo se torna ainda mais imprevisível e elas precisam acima de tudo sobreviver a esse alucinado jogo mortal.

M. Night Shyamalan não está preocupado em mostrar os detalhes e as nuances desse problema mental de seu protagonista. Faz bem, ao contrário disso ele explora o suspense de um típico produto pop de qualidade. Até abre margem para um elo de ligação com outro filme seu, "Corpo Fechado". Tudo muito bem escrito e elaborado, porém nada disso daria certo se não contasse com um ator inspirado no papel principal. E é justamente isso que James McAvoy prova com sua atuação. Ele está perfeito e dá realmente um show de interpretação, se transformando a cada nova personalidade. Sem dúvida esse é o filme de sua vida, aquele em que ele demonstra todo o seu talento. Imperdível para quem gosta da arte de atuar.

Fragmentado (Split, Estados Unidos, 2016) Direção: M. Night Shyamalan / Roteiro: M. Night Shyamalan / Elenco: James McAvoy, Anya Taylor-Joy, Haley Lu Richardson, Betty Buckley, Brad William Henke / Sinopse: A Dra Karen Fletcher (Betty Buckley) atende todos os dias um paciente que sofre um distúrbio que lhe dá várias personalidades. Agora ela percebe que duas das personalidades estão dominando todas as outras. Dennis e Patrícia são pessoas frias, violentas e com traços de psicopatia. Pior, elas sequestraram três jovens garotas e as mantém como reféns nos poróes abandonados de um Zoo sinistro.

Pablo Aluísio.

Thor: Ragnarok

Muita gente reclamou, muitos não gostaram, mas irei contra a opinião predominante. Eu gostei dessa nova aventura do Thor nos cinemas. Na minha forma de ver esse filme resgata o espírito dos primeiros quadrinhos do personagem, os que foram publicados ainda nos anos 60, assinados por Stan Lee e Jack Kirby. Tudo é colorido, movimentado, priorizando a diversão acima de qualquer outra coisa. Exatamente o que se encontrava nas primeiras edições da Marvel. Nada de conceitos mais elaborados ou de filosofia de botequim. Tudo foi planejado e realizado pensando-se principalmente no público mais jovem, nas crianças, exatamente porque a Marvel sabe que o futuro de sua empresa passa pela formação de uma nova geração de leitores. Os mais velhos torceram o nariz? Ora, o filme não foi feito para eles mesmo.

O enredo é bem simples: a filha mais velha de Odin (Anthony Hopkins), chamada Hela (Cate Blanchett), volta para reivindicar o trono do pai. Ela é a Deusa da Morte, o que significa que está disposta a eliminar qualquer ameaça que surja pela frente. A única força capaz de parar suas ambições seria justamente o Deus do Trovão Thor (Chris Hemsworth), mas ele, por sua vez, está tentado resolver seus próprios problemas, pois foi preso em um estranho planeta, feito gladiador para lutar nas arenas, onde acaba enfrentando, vejam só, o Hulk (Mark Ruffalo)! Parece mesmo estranho, até pueril o enredo, mas foi justamente essa a intenção dos roteiristas. É um roteiro que poderia facilmente ter sido escrito por Stan Lee, com ilustrações de Jack Kirby. O traço desse desenhista aliás foi a fonte de inspiração da direção de arte desse filme, com muitas cores e exageros, típicos dos quadrinhos dos anos 60. Por causa dessa referência histórica e artística, o filme se mantém bem até o final, quando finalmente surge no horizonte o tal  Ragnarok, o apocalipse dos deuses! Tudo muito divertido, leve e saboroso! Em nenhum aspecto achei o filme ruim, muito pelo contrário, ele é mais honesto com o verdadeiro Thor original dos quadrinhos do que qualquer outra produção que tenha sido feita com o personagem. Está tudo muito adequado. Assista e se divirta sem culpas. 

Thor: Ragnarok (Estados Unidos, 2017) Direção: Taika Waititi / Roteiro: Eric Pearson, Craig Kyle, baseados na obra de Stan Lee / Elenco: Chris Hemsworth, Tom Hiddleston, Cate Blanchett, Jeff Goldblum, Mark Ruffalo, Anthony Hopkins, Karl Urban, Tessa Thompson / Sinopse: A primogênita de Odin está de volta. Exilada por milênios nas sombras, a Deusa da morte Hela quer vingança. Sua intenção é assumir o trono do pai em Asgard, mas para que isso aconteça precisará enfrentar os irmãos Thor e Loki.

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de novembro de 2017

O Aventureiro: A Maldição da Caixa de Midas

Essa é uma produção inglesa que tenta pegar carona naquele velho filão de aventuras arqueológicas. Basicamente temos um grupo de pessoas que procura colocar as mãos em um artefato que pertenceu ao Rei Midas. Sim, aquele lendário monarca da antiguidade que segundo as lendas transformava tudo o que tocava em ouro! O tal objeto é uma caixa, que se cair em mãos erradas pode trazer riquezas ilimitadas ao seu novo dono, causando com isso inúmeros problemas ao mundo. Como se pode perceber não há nada de muito relevante, a não ser uma tentativa do atual cinema inglês em seguir os passos do americano Indiana Jones, com resultados bem modestos em termos artísticos.

Inegavelmente o filme tem boa produção. Figurinos luxuosos, cenários bem feitos e elenco muito bom, contando inclusive com dois atores que sempre gostei: Michael Sheen e Sam Neill. O problema básico é que mesmo com todo esse luxo a coisa não funciona, ou melhor colocando a questão, não funcionará se você tiver mais de 12 anos de idade. Sim, esse filme é um produto meramente juvenil, bem adequado para crianças e adolescentes, ao estilo das aventuras do Tio Patinhas. Para os mais velhos a coisa toda soará bem banal e sem graça. O roteiro é baseado na obra desse autor inglês contemporâneo chamado G.P. Taylor, que escreve livros para adolescentes. Penso que sua criação ficaria melhor em uma adaptação para os quadrinhos. Para o cinema faltou mesmo maior conteúdo.

O Aventureiro: A Maldição da Caixa de Midas (The Adventurer: The Curse of the Midas Box, Inglaterra, Bélgica, Espanha, 2013) Direção: Jonathan Newman / Roteiro: Christian Taylor, Matthew Huffman / Elenco: Michael Sheen, Lena Headey, Sam Neill, Ioan Gruffudd / Sinopse: Um artefato milenar, a caixa do Rei Midas, passa a ser procurado e disputado por um grupo de pessoas, entre eles o agente do governo Johnny Charity (Michael Sheen) e o vilão Otto Luger (Sam Neill), o milionário dono de um hotel onde supostamente o objeto arqueológico está enterrado há séculos.

Pablo Aluísio.

Amor em Tempos de Guerra

Outro filme que conta com uma bonita produção, belas cenas e fotografia, mas que no geral me deixou com a sensação de ser bem vazio e superficial. Esse "Amor em Tempos de Guerra" conta com um roteiro que parece ter saído daquelas publicações bem românticas e idealizadas como "Sabrina". Na história temos uma jovem americana, muito idealista, que resolve ajudar os mais pobres e humildes. Ela tem formação de enfermeira e aceita o convite de um jovem médico (tão idealista quanto ela) para ir trabalhar como voluntária em um hospital distante e isolado, nas fronteiras da Turquia. A época é o começo do século XX, com a iminência de uma grande guerra começando por toda a Europa (a I Primeira Guerra Mundial), o que tornará tudo ainda mais difícil e complicado.

A mocinha cheia de boas intenções é interpretada pela atriz islandesa Hera Hilmar. Não a conhecia, acredito que nunca assisti nenhum filme com ela. A garota é bonita, mas ao mesmo tempo tem um jeito de ser chatinha, enfadonha. Sua expressão é a mesma daquela menina que exagerou no chocolate e ficou com o rosto inchado, passando um pouco mal. A sua paixão no filme, que dá título original ao filme (o tal tenente otomano) é feito por Michiel Huisman, outro que não conhecia. É bem improvável que um muçulmano fosse se apaixonar por uma cristã naquela época, mas tudo bem, a gente releva esse tropeço histórico e cultural do roteiro. O médico que a leva para o meio do nada é interpretado por Josh Hartnett, o lobisomem da série "Penny Dreadfull". No final das contas o único ator com maior nome é Ben Kingsley. Ele está no filme dando vida a um médico veterano, já cansado pelos anos, com pouco esperança que as coisas um dia vão melhorar. Em minha opinião o filme poderia ter explorado mais o massacre dos armênios cristãos pelos otomanos muçulmanos, mas a verdade é que o filme não está muito preocupado com esse tipo de coisa, ele só quer mesmo contar uma história de amor.

Amor em Tempos de Guerra (The Ottoman Lieutenant, Estados Unidos, Bélgica, 2017) Direção: Joseph Ruben / Roteiro: Jeff Stockwell / Elenco: Hera Hilmar, Josh Hartnett, Ben Kingsley, Michiel Huisman / Sinopse: Jovem enfermeira idealista decide ir trabalhar em um hospital distante e isolado na Turquia e acaba se apaixonando por um tenente muçulmano do exército otomano, bem nas vésperas do começo da I Grande Guerra Mundial.

Pablo Aluísio.