sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Planeta dos Macacos: A Guerra

Essa trilogia se encerra muito bem aqui nesse filme. Essa nova leva de filmes explorando o universo do planeta dos macacos foi realmente muito boa. O primeiro filme de 2011 já surpreendeu pela extrema qualidade de seu roteiro. O segundo não foi tão bom, mas manteve o interesse e a qualidade e finalmente tudo se encerra aqui, nessa terceira produção, que se não é tão boa quanto às anteriores pelo menos se mantém em um nível artístico que não vai decepcionar ninguém. Esse novo lote de filmes provou acima de tudo que era possível reciclar velhas ideias com toques de originalidade, melhorando o que por si só já era muito bom. Um remake não precisa ser apenas um caça níqueis. Pode ser também algo que venha a acrescentar, melhorar um bom filme do passado.

Quando o filme começa já encontramos uma tropa de soldados humanos adentrando a floresta em busca do grupo de Caeser. Como se viu nos filmes anteriores um vírus se espalhou pelo planeta, ceifando a vida de praticamente 90% da humanidade. Os humanos que sobreviveram seguem sua guerra contra os macacos. Caeser consegue repelir o ataque, mas o saldo é doloroso para ele. Sua esposa e seu filho são mortos durante os combates. Todos executados pessoalmente pelo cruel e sanguinário Coronel que lidera as tropas, em boa interpretação do ator Woody Harrelson. A partir daí inicia-se uma jornada de vingança por parte de Caesar. Ele quer vingar a morte de seus entes queridos e parte para o acerto de contas finais contra o militar.

O roteiro desse terceiro filme não é tão bom como o do primeiro. Ali havia mesmo um argumento primoroso que discutia o que realmente tornava alguém realmente humano. Aqui a trama é mais básica, baseada na velha fórmula da vingança pessoal (tema aliás que sempre foi explorado em demasia pelo cinema, principalmente em filmes de ação e western). Isso porém não significa que seja ruim, longe disso. Dentro dessa premissa a história até que funciona muito bem. É um bom clímax para tudo o que o público vinha acompanhando desde os primeiros filmes. Os efeitos especiais continuam perfeitos e bem inseridos dentro do enredo. Não ofusca a história, pelo contrário, ajuda a contá-la. No mais, não resta outra coisa a não ser aplaudir esses novos filmes. Eles trouxeram de volta, com extremo êxito, esse estranho mundo, onde os macacos vão se tornando cada vez mais sábios, enquanto a humanidade vai se afundando em sua própria ganância e estupidez.

Planeta dos Macacos: A Guerra (War for the Planet of the Apes, Estados Unidos, 2017) Direção: Matt Reeves / Roteiro:  Mark Bomback, Matt Reeves / Elenco: Andy Serkis, Woody Harrelson, Steve Zahn, Karin Konoval, Amiah Miller / Sinopse: O líder dos macacos, Caesar (Serkis), almeja criar a paz com os homens, mas isso vai se tornando impossível por causa de um Coronel insano e violento que tem planos de escravizar todos os macacos pois ele quer erguer uma grande muralha de defesa em seu acampamento militar nas colinas.

Pablo Aluísio.

Traffic

Título no Brasil: Traffic - Ninguém Sai Limpo
Título Original: Traffic
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Steven Soderbergh
Roteiro: Simon Moore, Stephen Gaghan
Elenco: Michael Douglas, Benicio Del Toro, Catherine Zeta-Jones, Jacob Vargas, Michael Saucedo, Tomas Milian

Sinopse:
O filme tenta, através de seus personagens, mostrar o ciclo completo que envolve o tráfico de drogas na fronteira dos Estados Unidos com o México, mostrando o envolvimento de traficantes, políticos, empresários e policiais, todos envolvidos, de uma maneira ou outra, com a venda de drogas, um negócio altamente lucrativo e completamente ilegal.

Comentários:
Existe solução para o problema do tráfico de drogas na sociedade? Esse roteiro tenta responder, mesmo que indiretamente, essa pergunta. Claro que ele não tenta trazer soluções, mas apenas mostrar o que está errado nessa guerra contra as drogas. Entre os maiores desafios está justamente controlar o envolvimento de autoridades, policiais e agentes do Estado justamente dentro desse lucrativo negócio. Não é segredo que existem verdadeiros narcoestados, onde o poder está nas mãos dos grandes comerciantes de drogas. Afinal se há um mercado consumidor ávido por drogas haverá também quem as venda. O filme assim se sustenta nesse meio explosivo. Há um roteiro ao estilo mosaico (com ecos de Robert Altaman que Steven Soderbergh tentou se espelhar). Assim o filme vai mostrando várias histórias que parecem independentes entre si, mas que ao final se interligam. O clima é árido, seco, de certa maneira é um filme frio, muito duro. Não há nem espaço para mocinhos e bandidos, mas apenas para pessoas turvas que ora se beneficiam, ora se prejudicam por causa das drogas, que diga-se de passagem já dominou completamente a sociedade americana, indo desde os altos figurões da política até o mais rasteiro viciado que perambula pelas ruas atrás da próxima dose. Assista e tenha uma noção do caos que impera nesse assunto mais do que delicado. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Direção (Steven Soderbergh), Ator Coadjuvante (Benicio Del Toro), Roteiro Adaptado (Simon Moore, Stephen Gaghan) e Edição (Stephen Mirrione).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

A Torre Negra

Duas adaptações recentes da obra de Stephen King deram muito o que falar nesse ano. Primeiro tivemos "It: a Coisa" que fez um enorme sucesso de público e crítica. Com um orçamento até modesto de meros 30 milhões de dólares, o filme já faturou algo em torno de 600 milhões de dólares, se tornando assim o filme de terror mais bem sucedido da história (tirando do topo "O Exorcista"). Esse foi o sucesso de Stephen King nos cinemas esse ano, agora vamos falar de seu fracasso. "A Torre Negra" custou o dobro de "It" mas afundou nas bilheterias. Não conseguiu nem recuperar o investimento do estúdio em sua produção. Uma grande decepção.

Eu nunca li o livro original e fiquei realmente surpreso como ele é de fato muito juvenil e fantasioso. Deixando de lado o terror, sua especialidade, King resolveu apostar em um enredo que certamente não iria agradar a todo mundo. Só para situar o leitor: o filme mostra um universo paralelo, onde existe uma torre negra. Essa torre é responsável por proteger todo o universo. Sem ela os seres das sombras invadiram o nosso mundo e ceifariam toda a vida em nossa existência. Um garotinho normal de Nova Iorque tem visões sobre esse estranho universo. Ele desenha não apenas a Torre negra, mas os monstros e os seres que o habitam. Dito como um ser de luz ele logo passa a ser perseguido por Walter (Matthew McConaughey), um feiticeiro de magia negra, que quer usá-lo para destruir a tal torre.

Já deu para perceber pela leitura dessa sinopse que "A Torre Negra" é mais indicada para o público adolescente. Há muitos clichês envolvidos e esse universo estranho criado por Stephen King nem sempre funciona muito bem. Há um pistoleiro (que pelo visto veio direto do velho oeste) que passa a proteger o garotinho do feiticeiro, mas nada que faça muita diferença no final das contas. Penso que o problema desse filme nem tanto é culpa do diretor, dos roteiristas ou do produtor, mas sim do próprio material original criado por Stephen King que é inegavelmente de difícil assimilação, 

A Torre Negra (The Dark Tower, Estados Unidos, 2017)  Direção: Nikolaj Arcel / Roteiro: Akiva Goldsman, Jeff Pinkner, baseados na obra escrita por Stephen King / Elenco: Matthew McConaughey, Idris Elba, Tom Taylor, Dennis Haysbert / Sinopse: Garoto dito como um ser iluminado, de grande poder espiritual, passa a ser perseguido em nosso mundo por criaturas sombrias, entre elas um feiticeiro, que quer usá-lo para destruir a torre negra, que mantém o universo em equilíbrio e paz.

Pablo Aluísio.

A Chave do Sucesso

Título no Brasil: A Chave do Sucesso
Título Original: The Big Kahuna
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Franchise Pictures
Direção: John Swanbeck
Roteiro: Roger Rueff
Elenco: Kevin Spacey, Danny DeVito, Peter Facinell, Paul Dawson, Christopher Donahue, Frank L. Messina

Sinopse:
Baseado na peça teatral escrita por Roger Rueff, o filme mostra a história de três vendedores gananciosos que tentam de todas as formas vender seus produtos para compradores em potencial durante uma convenção de vendas em Nova Iorque. Para turbinar suas vendas vale tudo ou quase isso...

Comentários:
Esse filme tem uma estrutura bem teatral, até porque foi baseado numa peça encenada no circuito Off Broadway em Nova Iorque. De certa maneira é um enredo bem humano, mas ao mesmo tempo mordaz, mostrando que para garantir a sobrevivência esses vendedores estão dispostos a tudo! Claro que em um filme assim o mais importante seria o elenco. Ainda bem que temos aqui dois grandes atores em cena. Kevin Spacey, bom, todos já sabem, é um dos atores mais talentosos de sua geração (isso se não for o melhor mesmo!). Ele é ótimo para interpretar personagens com personalidades cínicas, venenosas. Na superfície um cara até bacana, boa praça, mas que por trás guarda as piores intenções, sempre pronto para puxar o tapete do próximo (mesmo que ele seja seu "amigo"). O outro excelente ator é Danny DeVito. Baixinho, gordinho, com praticamente tudo o que poderia lhe prejudicar como vendedor ele surge com várias cartas na manga para superar os concorrentes. Enfim, um bom filme, com argumento elaborado em cima do mundo corporativo. Um lugar que tem todo tipo de gente, menos santos!

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Caçada Brutal

Não faz muito tempo que Stallone chamou Bruce Willis de preguiçoso. Deve ser verdade mesmo para que ele entre em filmes como esse. A premissa começa quando Will (Hayden Christensen) resolve levar seu filho, um garotinho, para caçar na floresta. Ele quer ensinar o garoto a atirar com um rifle (olha aí como os americanos criam amor pelas armas de fogo logo cedo na vida). Pois bem, durante a caçada, sem querer, pai e filho acabam testemunhando o assassinato de um homem. Mais do que isso, uma queima de arquivo envolvendo ladrões de bancos. Como se isso não fosse complicado o suficiente Will leva para casa um dos criminosos, que acabou de levar um tiro. Ao invés de chamar a polícia ele resolve tomar todas as decisões erradas que você possa imaginar. E aí vem a tal coisa, uma vez que mentiu para o xerife Howell (Willis) terá que inventar uma mentira atrás da outra para escapar das investigações policiais.

O roteiro desse thriller tem muitos furos. Algumas atitudes do personagem de Hayden Christensen não fazem o menor sentido prático. O xerife interpretado por Bruce Willis leva o espectador, desde o primeiro momento em que ele surge em cena, a desconfiar de suas reais intenções Afinal o sujeito tem um jeito e tanto de tira corrupto. E aí um dos trunfos do roteiro desabam logo, pois quando isso é revelado para o público não chega a ser necessariamente uma grande surpresa. É um filme mesmo com muitos clichês. Só a preguiça mesmo de Bruce Willis para justificar seu trabalho aqui pois ele tem poucas cenas, nenhuma muito boa. Ele se limita a fazer cara de mau no começo, para no final dar alguns tirinhos. No geral é de fato um filme que deixa bastante a desejar. Nada de muito relevante. Pode ser dispensado sem maiores problemas.

Caçada Brutal (First Kill, Estados Unidos, 2017) Direção: Steven C. Miller / Roteiro: Nick Gordon / Elenco: Bruce Willis, Hayden Christensen, Ty Shelton  / Sinopse: Durante uma caçada de fim de semana, pai e filho acabam sendo testemunhas de um assassinato no meio da floresta. O crime foi cometido por um acerto de contas entre criminosos, ladrões de bancos. O pai decide esconder tudo da polícia, mas o xerife da cidade (interpretado por Bruce Willis) começa a desconfiar cada vez mais dos acontecimentos e das versões do tal cidadão de bem, acima de qualquer suspeita.

Pablo Aluísio.

Amityville: O Despertar

Esse é o oitavo filme com a marca "Amityville". É uma franquia já bem antiga de terror. Provavelmente esse filme jamais seria lançado nos cinemas brasileiros, porém com o sucesso comercial de "It: A Coisa", as distribuidores resolveram apostar em seu potencial. Bom, se você é jovem e não sabe do que se trata, tudo começou com um crime bárbaro que aconteceu na década de 1970. Um rapaz chamado Ronald Joseph "Butch" DeFeo Jr matou seus pais, suas duas irmãs e seus dois irmãos mais jovens em uma noite de pura insanidade. Tudo aconteceu numa casa localizada na pequena e pacata cidadezinha de Amityville. Ele em seu julgamento disse ter sido possuído por um demônio durante os crimes. Depois disso a tragédia de Amityville virou produto pop. A casa ganhou fama de ser mal assombrada e vários livros e filmes foram lançados sobre o tema. Deles gosto bastante do segundo filme chamado "Terror em Amityville" (1982) que continua ainda imbatível dentro da franquia. O filme original "Horror em Amityville" (1979) também é bom e o remake lançado mais recentemente também chamado de "Horror Em Amityville" (2005) segura bem as pontas. Claro que dentro da franquia há filmes fracos, como o terceiro, mas no geral a série legou ao terror filmes que podem ser considerados até bons. É uma franquia que apesar dos anos passados sempre se mostrou interessante nas telas.

Agora temos esse novo exemplar, "Amityville: O Despertar". O roteiro aqui não se interessa em contar os eventos do massacre de 1974 (eles são apenas citados rapidamente no começo do filme) e tampouco tenta trazer quaisquer das histórias já contadas nos filmes anteriores. É uma reciclagem obviamente, mas procurando ser um pouco diferente. Na trama uma nova família se muda para a infame casa. É uma família formada apenas pela mãe, duas filhas e um filho que está em coma desde que caiu de um terraço anos antes. Assim que eles se mudam para lá começam eventos inexplicáveis, com a sensação de estarem sendo observados. Achei o filme em si bem simples, com roteiro sem maiores novidades. Apenas uma pequena reviravolta quase no final surge como algo novo. O elenco traz de volta Jennifer Jason Leigh, atriz muito conhecida nos anos 80, quando interpretava adolescentes com problemas emocionais. Fazia bastante tempo que havia assistido algum filme com ela. O jovem em coma é interpretado pelo ruivo Cameron Monaghan da série "Shameless". Outro veterano, Kurtwood Smith, surge em um pequeno papel como seu médico. O filme como um todo é simples, de curta duração. Dá alguns sustos, mas no quesito terror deixa a desejar, tendo baixo índice de cenas marcantes. Se você vem acompanhando a franquia "Amityville" há muitos anos vale até a pena acompanhar, mesmo sabendo que esse novo filme definitivamente não é lá grande coisa.

Amityville: O Despertar (Amityville: The Awakening, Estados Unidos, 2017) Direção: Franck Khalfoun / Roteiro: Franck Khalfoun / Elenco: Jennifer Jason Leigh, Cameron Monaghan, Bella Thorne, Mckenna Grace, Kurtwood Smith / Sinopse: Família se muda para o endereço da casa nº 112 da Ocean Avenue, Amityville, Nova York. No passado esse antiga casarão foi palco de um crime bárbaro onde um rapaz matou toda a sua família numa noite de insanidade e crime. Na nova residência a família logo percebe que há algo de muito errado em seus sinistros aposentos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Duelo de Titãs

Título no Brasil: Duelo de Titãs
Título Original: Remember the Titans
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Buena Vista Pictures
Direção: Boaz Yakin
Roteiro: Gregory Allen Howard
Elenco: Denzel Washington, Will Patton, Wood Harris, Ryan Gosling, Hayden Panettiere, Craig Kirkwood

Sinopse:
Desde sua fundação uma escola na Virginia, estado sulista dos Estados Unidos, somente admitiu alunos brancos. Com o avanço dos direitos civis naquele ano surgiram leis proibindo esse tipo de segregação racial. Assim alunos negros acabaram entrando na escola. Mais do que isso, um técnico de futebol negro, Herman Boone (Denzel Washington), acaba sendo contratado para dirigir a equipe da escola.

Comentários:
É até difícil de acreditar que o produtor Jerry Bruckheimer está por trás desse filme. Não tem robôs gigantes, nem explosões a cada minuto e nem um roteiro estúpido. Nem parece uma produção do dito cujo. Pois é, olhando-se para trás chegamos na conclusão que esse é certamente o melhor filme de sua carreira. De fato é mesmo um belo filme, que mexe com a velha questão racial nos Estados Unidos, algo que vai década, vem década e nunca parece ser superado. Claro que ter um excelente ator como Denzel Washington ajuda demais. Ele, como sempre, está muito digno em seu papel. Um treinador que não precisa apenas mostrar que é bom no campo, mas fora dele também. O fato de ser negro torna tudo terrivelmente complicado, pesado de superar. Sua história acaba sendo uma lição de vida, não apenas para seus alunos (brancos e negros), mas para toda a comunidade. Esse tipo de drama esportivo sempre compensa, mesmo que você não entenda absolutamente nada de futebol americano. Infelizmente filmes sobre esse esporte no Brasil nunca fazem sucesso, justamente por essa razão. Ignore e procure se concentrar na história, que é certamente o mais importante nesse filme socialmente muito consciente. Vale realmente a pena assistir. 

Pablo Aluísio.

O Corpo

Título no Brasil: O Corpo
Título Original: The Body
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia TriStar Pictures
Direção: Jonas McCord
Roteiro: Jonas McCord
Elenco: Antonio Banderas, Olivia Williams, John Shrapnel, Derek Jacobi, Jason Flemyng, John Wood

Sinopse:
Durante uma escavação arqueológica em Israel, restos mortais são encontrados. Eles datam do século I e mostram sinais de que o homem cujos ossos lhe pertenceram foi crucificado pelos romanos, que na época dominavam a região. Seria o corpo de Jesus de Nazaré? Assim que a descoberta é anunciada começa uma grande conspiração para encobrir tudo.

Comentários:
A premissa é até muito interessante, mas infelizmente o filme nunca decola. Muitos vão pegar certas semelhanças entre a trama desse filme e os livros escritos por Dan Brown, em especial "O Código Da Vinci" que foi lançado justamente dois anos depois. Plágio? Não chega a tanto, embora o feeling seja exatamente o mesmo. Velhas lendas do passado que vão ganhando ares de verdade histórica com as descobertas da arqueologia moderna. Claro que tudo não passa de pseudociência, sendo apenas cultura pop (para alguns, mera bobagem), porém quando bem escritas até que divertem. Pena que esse "The Body" falha justamente nesse aspecto. Como simples cultura pop não consegue divertir e nem se mostrar muito inteligente do ponto de vista histórico. Os buracos no roteiro estão em toda parte, o que acaba comprometendo o resultado final. Já sob uma análise puramente cinematográfica a única coisa que se destaca é o conjunto das belas locações, pois o filme foi todo rodado em Jerusalém, com belas tomadas de cena na milenar cidade de Israel. A cidade eterna, Roma, também surge espetacular na tela, com suas belas igrejas e monumentos igualmente seculares. Assim a fotografia acabou salvando o filme do desastre completo. Fora isso, nada de muito relevante para a sétima arte. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

O Observador

Título no Brasil: O Observador
Título Original: The Watcher
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Joe Charbanic
Roteiro: Darcy Meyers, David Elliot
Elenco: James Spader, Keanu Reeves, Marisa Tomei, Ernie Hudson, Chris Ellis, Robert Cicchini

Sinopse:
David Allen Griffin (Reeves) é um serial killer calculista e frio que mata suas vítimas após planejar bem seus crimes. Seu método se torna um problema para o FBI que não consegue prendê-lo. Frustrado, o agente especial Joel Campbell (James Spader) decide abandonar o caso, se mudando para outra cidade. Para sua surpresa o assassino o segue, enviando fotos de suas novas vítimas. Ele quer iniciar um jogo mortal com Campbell.

Comentários:
Bom thriller de suspense, praticamente uma produção B (custo meros 30 milhões de dólares apenas), que conta com um ótimo elenco. Aqui os produtores resolveram inverter os papéis. Inicialmente o assassino em série seria interpretado por James Spader, afinal ele vinha de uma longa lista de personagens malvados, desde os tempos dos primeiros filmes adolescentes que rodou com John Hughes. Já Keanu Reeves sempre construiu sua carreira interpretando o mocinho. Pois bem, o diretor Joe Charbanic acabou trocando as bolas, colocando Reeves como o assassino e Spader como o agente do FBI que parece disposto a tudo para colocá-lo atrás das grades, se possível até tentando uma pena de morte para o serial killer (coisa que seria muito justa aliás). De forma em geral gostei bastante desse filme. O roteiro é todo bem construído e com uma duração adequada, nunca cai no tédio. Para você que é fã de James Spader nessa sua nova fase na carreira, onde tem estrelado o sucesso da série "The Blacklist" (Lista Negra), fica a dica desse suspense, dos tempos em que ele ainda tinha muito cabelo (já que talento o Spader sempre teve de sobra!).

Pablo Aluísio.

Procura-se uma Noiva

Título no Brasil: Procura-se uma Noiva
Título Original: The Bachelor
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Gary Sinyor
Roteiro: Roi Cooper Megrue, Jean C. Havez
Elenco: Renée Zellweger, Chris O'Donnell, Peter Ustinov, Mariah Carey, Brooke Shields, Artie Lange

Sinopse:
Para não perder uma herança fabulosa, Jimmie Shannon (Chris O'Donnell) precisa desesperadamente arranjar uma noiva, mesmo estando apaixonado por Anne Arden (Renée Zellweger), a garota certa para ele se casar, mas que enfrenta problemas em seu relacionamento mais do que complicado.

Comentários:
Não há muito o que esperar de comédias românticas americanas. Geralmente elas são bem bobinhas, até porque o romantismo disfarçado de humor não nega suas origens mais piegas. Dentro do grande gênero em que se classificam todas as comédias românticas existe ainda um nicho muito específico sobre casamentos e noivas. Esses filmes geralmente conseguem se tornar ainda piores do que as mais comuns. Esse "Procura-se uma Noiva" vai bem por esse caminho. O filme só não é um desperdício completo de tempo e dinheiro porque tem Renée Zellweger ainda em sua fase mais gracinha, quando ela ainda mantinha seu rosto natural, bem antes de estragar tudo com um monte de plásticas mal sucedidas. O "Robin" Chris O'Donnell não acrescenta muito, até porque sempre o achei muito genérico. Melhor é o elenco de apoio que conta com veteranos como Peter Ustinov e a eterna adolescente de "A Lagoa Azul" Brooke Shields (aquele tipo de mulher que sempre é bonita, mesmo com os anos passados). Ah e antes que me esqueça a cantora  Mariah Carey também tem uma pontinha, algo que vai agradar suas fãs mais ardorosas. Então é isso, uma comédia romântica sobre casamentos, tão descartável como bolo de noiva feito em padaria.

Pablo Aluísio.

domingo, 1 de outubro de 2017

Refém do Silêncio

Título no Brasil: Refém do Silêncio
Título Original: Don't Say a Word
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: Regency Enterprises, Village Roadshow Pictures
Direção: Gary Fleder
Roteiro: Anthony Peckham
Elenco: Michael Douglas, Sean Bean, Brittany Murphy, Skye McCole Bartusiak, Jennifer Esposito, Shawn Doyle

Sinopse:
Dr. Nathan R. Conrad (Michael Douglas) é um conceituado terapeuta que precisa fazer uma paciente voltar a falar após ficar 10 anos sem emitir uma palavra. Acontece que sua filha foi sequestrada por uma quadrilha que poupará sua vida, caso o médico consiga o código que eles procuram. A única pessoa que sabe o código é justamente a paciente do Dr. Conrad.

Comentários:
O ator Michael Douglas sempre foi conhecido por escolher bem os roteiros de seus filmes. Douglas certamente pode ter muitos defeitos, mas não o de não saber exatamente o que o público quer ver nos cinemas. Durante muito tempo ele acertou em cheio, porém também deu seus tropeços. Esse thriller de suspense não foi exatamente um fracasso comercial, mas também não faturou nas bilheterias o valor que Douglas (que foi produtor do filme) pretendia. No final das contas mal se pagou, deixando um lucro mínimo para o estúdio. De fato não vejo aqui um grande filme. Esses roteiros mirabolantes demais, com aquela fórmula que consegue resumir todo o enredo de um filme apenas numa frase, nunca chegaram a me convencer. Mesmo que tenha sido baseado no livro escrito por Andrew Klavan, o fato é que não funcionou muito bem na tela. É a tal coisa, nem sempre o que dá certo nas páginas de um livro consegue convencer numa adaptação para as telas de cinema. Muitas vezes esse tipo de transição soa forçada demais. É justamente o que aconteceu nesse "Don't Say a Word".

Pablo Aluísio.

O Estranho que Nós Amamos

Quando você ler o título desse filme muito provavelmente vai ficar com a impressão de que já o assistiu antes. De fato, esse é um remake de um filme estrelado por Clint Eastwood em 1971, com direção do excelente Don Siegel. A história segue sendo a mesma: um soldado ianque, das tropas da União, durante a guerra civil americana, é encontrado morrendo debaixo de uma árvore, perto de uma tradicional escola de moças no sul dos Estados Unidos. As garotas então resolvem ajudá-lo, mesmo sendo do exército inimigo. Uma questão de misericórdia cristã. Ela pensam salvar sua vida para depois entregá-lo aos confederados.

Assim o cabo John McBurney (Colin Farrell) é levado para dentro do casarão para ser tratado. Ele tem a perna em frangalhos, muito provavelmente morrerá, mas as damas sulistas não desistem. Comandadas pela diretora da escola, a senhorita Martha Farnsworth (Nicole Kidman), todas tentam salvar sua vida. Depois de um tempo ele começa a se recuperar e então começam os problemas. Não precisa ser muito perspicaz para entender que a presença de um homem naquela escola só para moças logo desperta desejos, atração e ciúme entre todas elas. As garotas, na flor da idade, vivem isoladas e reclusas, sem ver nenhum homem por perto. Por mais bem educadas que fossem não haveria mesmo como soterrar todos os desejos delas. O militar sabe bem disso e começa a jogar com elas, o que obviamente vai lhe custar muito caro.

Esse remake não diz muito a que veio. Quem assistiu ao filme original certamente vai ver que um Colin Farrell jamais conseguirá substituir um Clint Eastwood à altura! É uma comparação até mesmo injusta. Não há como compará-los mesmo. Quando fez o primeiro filme Clint Eastwood era ainda bem jovem, convencendo completamente como um soldado da guerra civil. Já Farrell parece muito frágil, fraco, nada convincente. Nem nas cenas de fúria ele passa muita credibilidade. Clint era claramente mais viril e áspero. Outro problema é que a diretora Sofia Coppola resolveu aproveitar o uso da luz natural de velas do ambiente onde se passa quase toda a história (dentro da escola de moças) para iluminar as cenas. Ficou péssimo! O filme é escuro demais, você mal vai conseguir ver as atrizes e o ator no meio da penumbra, da escuridão! Muito ruim. Fora isso é mais do mesmo. Remakes, como eu já disse inúmeras vezes, geralmente são apenas filmes inúteis. Melhor rever o classicão faroeste com Clint Eastwood, sem dúvida!

O Estranho que Nós Amamos (The Beguiled, Estados Unidos, Inglaterra, 2017) Direção: Sofia Coppola / Roteiro: Albert Maltz, baseado no romance escrito por Thomas Cullinan / Elenco: Colin Farrell, Nicole Kidman, Kirsten Dunst, Elle Fanning / Sinopse: Durante a guerra civil americana um soldado ianque é encontrado morrendo em um bosque perto de uma escola sulita para moças e damas da sociedade. Levado para dentro do casarão ele passa a ser tratado pelas jovens e pela diretora do estabelecimento, a senhorita Martha (Kidman). Conforme o tempo passa sua presença começa a despertar os desejos de todas aquelas mulheres solitárias, isoladas e reclusas por causa da guerra.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Espionagem Internacional

Título no Brasil: Espionagem Internacional
Título Original: Triple Cross
Ano de Produção: 1966
País: Inglaterra, França
Estúdio: Cineurop
Direção: Terence Young
Roteiro: René Hardy, baseado no livro de Frank Owen
Elenco: Christopher Plummer, Yul Brynner, Romy Schneider, Trevor Howard
  
Sinopse:
Durante a Segunda Guerra Mundial o ladrão de cofres inglês Eddie Chapman (Christopher Plummer) é preso na França e condenado a 14 anos de prisão. Quando a França é invadida por tropas nazistas ele propõe um acordo com o diretor da prisão onde está encarcerado: como inglês ele pode facilmente se infiltrar nas linhas inimigas, espionando para o Terceiro Reich. Após forjarem sua morte - para evitar futuras suspeitas - Chapman acaba sendo submetido a um intenso treinamento para em breve sair em campo, espionando sua antiga nação em prol da Alemanha de Hitler. Roteiro baseado em fatos reais. Filme premiado pela Bambi Awards na categoria de Melhor Ator coadjuvante (Gert Fröbe). 

Comentários:
"Espionagem Internacional" é um filme de guerra que tenta fugir um pouco do óbvio. Ao invés de mostrar a guerra dos campos de batalha, do front, seu roteiro se concentra em explorar a intensa guerra de espionagem que se criou entre países aliados e países do eixo. Entre as armas usadas nessa linha de frente havia a procura pelo recrutamento de nacionais das nações inimigas. É justamente isso que ocorre quando o serviço de inteligência da Alemanha Nazista resolve trazer para suas fileiras um inglês, o ladrão de cofres Eddie Chapman (Christopher Plummer). Para ele seria uma troca interessante: condenado a 14 anos de prisão nada poderia cair melhor do que começar uma carreira de espião para os alemães, sendo devidamente pago com isso, além da possibilidade de ir embora da prisão de uma vez por todas. Então Chapman começa seu treinamento. Inicialmente ele é submetido a vários testes de lealdade, para só depois ser enviado em uma missão para valer. Acontece que Eddie não se furta a também começar a trabalhar para os ingleses, se tornando dessa maneira um agente duplo, sempre caminhando no fio da navalha. 

Ora parece passar planos e informações importantes dos britânicos para os nazistas, ora realiza a direção inversa, entregando os alemães para os ingleses. Coisas de alguém que precisa ser muito sutil (e nada ético) para sobreviver naquele meio insano, perigoso e altamente violento. Acaba se saindo tão bem que é condecorado até mesmo com uma Cruz de Ferro, a mais alta condecoração militar alemã. O filme como um todo é muito bom, com boa trama (obviamente focada no mundo da espionagem) e luxos de produção, como por exemplo, contar com os famosos Yul Brynner e Romy Schneider como meros coadjuvantes. Mesmo sendo dirigido por um especialista nesse tipo de produção (o diretor Terence Young que dirigiu vários filmes da franquia James Bond) temos também que admitir que existem certos problemas, principalmente de ritmo e desenvolvimento. A todo momento ficamos torcendo para que uma edição mais eficiente surja, embora depois tenhamos a consciência que isso realmente nunca vai acontecer. Mesmo assim, com eventuais falhas, o filme como um todo é plenamente indicado, principalmente para quem curte esse estilo de história. Uma visão diferente da II Guerra Mundial que certamente agradará aos fãs do tema.

Pablo Aluísio.

As Minas do Rei Salomão

Título no Brasil: As Minas do Rei Salomão
Título Original: King Solomon's Mines
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Compton Bennett e Andrew Marton
Roteiro: Helen Deutsch, baseada no livro de H. Rider Haggard
Elenco: Deborah Kerr, Stewart Granger, Richard Carlson, Lowell Gilmore
  
Sinopse:
Uma aristocrata britânica chamada Elizabeth Curtis (Deborah Kerr) decide contratar os serviços do explorador e caçador Allan Quatermain (Stewart Granger) para localizar seu marido desaparecido em terras desconhecidas do continente africano. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Filme. Vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Direção de Fotografia (Robert Surtees) e Melhor Edição (Ralph E. Winters e Conrad A. Nervig). Também vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Direção de Fotografia.

Comentários:
Ontem assisti a versão de 1950 para a clássica história de "As Minas do Rei Salomão" de H. Rider Haggard. Na literatura esse livro é considerado um dos grandes ícones da aventura e no cinema temos várias versões interessantes sobre as aventuras de Allan Quatermain pelo continente africano selvagem. Nessa produção temos como estrelas o grande caçador branco Stewart Granger e Deborah Kerr. Ela interpreta Elizabeth Curtis, uma inglesa que desesperada após o desaparecimento do próprio marido na África, resolve procurá-lo indo até a região onde ele foi visto pela última vez. O sujeito estava com a ideia fixa de encontrar as mitológicas e lendárias minas de diamantes que um dia pertenceram ao Rei Salomão. Em posse de um mapa antigo resolveu encarar uma expedição em território hostil e nunca antes explorado por homens brancos. Depois que entrou naquele lugar simplesmente sumiu sem deixar vestígios. Assim Elizabeth resolve contratar os serviços do caçador, explorador e aventureiro Allan Quatermain (Stewart Granger). Há muitos anos vivendo na África ele ganha a vida organizando safáris para britânicos endinheirados em busca de alguma aventura em suas vidas. A exploração que Elizabeth pensa fazer porém é algo bem diferente. Significa ir em terras distantes, inexploradas e sem mapeamento confiável. Inicialmente Allan recusa a oferta porém cinco mil libras o fazem mudar de ideia. Ele que pretende um dia voltar para a Inglaterra vê aquele dinheiro como uma saída da África para voltar a Londres onde pode ajudar seu filho. Juntos, Allan Quatermain e Elizabeth Curtis, saem então em direção ao desconhecido, começando uma aventura inesquecível.

Essa versão clássica de "As Minas do Rei Salomão" tem vários aspectos interessantes que não deixaram o filme em si envelhecer tanto como era esperado. O roteiro, sempre com um pé no chão, apostando no realismo (ao contrário da boba versão dos anos 80 estrelada por Richard Chamberlain), aposta no exótico da natureza selvagem africana, no relacionamento dos protagonistas e nas maravilhosas cenas tomadas em locações reais. Esse aliás é o grande diferencial do filme como um todo. Se os produtores tivessem filmado a produção em estúdio, na velha Hollywood, certamente teríamos uma sensação ruim, de coisa falsa. Ao contrário disso toda a equipe técnica e elenco foram realmente para a África, com cenários naturais reais, tudo feito in loco. Isso tornou o filme de certa maneira imune ao tempo. Afinal de contas excelentes cenas naturais nunca envelhecem. Talvez o que realmente envelheceu e saiu de moda seja o próprio personagem Allan Quatermain. Ele é um caçador de animais e hoje em dia nada é mais odiado pela mentalidade ecológica predominante do que caçadores em geral (vide aquele recente caso envolvendo a caça e morte daquele leão em um santuário africano que ganhou todas as manchetes mundo afora). E como agravante o filme traz a morte real de um elefante logo nas suas primeiras cenas. O magnífico animal foi comprado pelos produtores e morto de fato para impressionar o público na época. A cena aliás é tristemente realista pois após levar o tiro certeiro o elefante cai no chão, tremendo, em estado de choque, tentando sobreviver enquanto outros elefantes fazem de tudo para levantá-lo do chão. Sob o ponto de vista moderno foi algo desprezível de se fazer, chocante mesmo! Provavelmente cenas como essa deixem o filme com um selo ruim, de algo maldito, que não deve ser mais refeito nos dias de hoje. Em minha visão isso é um olhar que não leva em conta o contexto histórico do momento em que o filme foi lançado, há mais de 60 anos atrás. Afinal de contas naquela época ser um caçador na África ainda era visto como algo heroico e altamente engrandecedor. Os tempos mudam.

Pablo Aluísio.

domingo, 24 de setembro de 2017

A Dama da Madrugada

Título no Brasil: A Dama da Madrugada
Título Original: All in a Night's Work
Ano de Produção: 1961
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Joseph Anthony
Roteiro: Edmund Beloin, Maurice Richlin
Elenco: Dean Martin, Shirley MacLaine, Cliff Robertson, Charles Ruggles
  
Sinopse:
Após a morte de seu tio, um rico dono de empresas de comunicações, o playboy e boa vida Tony Ryder (Dean Martin) se torna seu único herdeiro. Nadando em dinheiro, ele precisa antes abafar algo escandaloso que aconteceu na noite em que seu tio milionário morreu. Segundo as investigações da polícia ele estaria acompanhado de uma mulher misteriosa e todas as pistas levam para uma de suas próprias funcionárias, a jovem Katie Robbins (Shirley MacLaine). Depois que Tony a conhece pessoalmente, ele se convence que ela estaria chantageando a empresa indiretamente, exigindo uma fortuna para se calar sobre tudo o que aconteceu. Seria apenas um mal-entendido ou haveria algum fundo de verdade em todas essas suspeitas?

Comentários:
Esse roteiro foi originalmente escrito para ser estrelado pela atriz Marilyn Monroe, mas acabou sendo recusado por ela que queria naquele momento da carreira queria se livrar de uma vez por todas do velho estigma de somente interpretar personagens loiras e burras. Como era um bom script acabou indo parar na Paramount que convenceu a atriz Shirley MacLaine a fazer o filme. Isso deu um aspecto muito interessante ao quesito atuação pois não era bem do estilo de MacLaine interpretar mocinhas tão tolinhas e bobinhas como essa. Mesmo assim ela acabou se saindo muito bem, até porque Shirley tinha um rosto angelical na época, o que combinava muito bem com o papel que interpretava. Ao seu lado surge o cantor Dean Martin como galã romântico, pero no mucho, que se apaixona perdidamente por ela. Quem escalou Martin foi justamente a atriz pois ela o tinha conhecido no set de filmagens de "Onze Homens e um Segredo". Conversa vai, conversa vem, Dean disse que ambos deveriam trabalhar juntos e quando a oportunidade bateu a porta, Shirley convenceu os produtores a contratarem o cantor que naquela época ainda tentava se firmar em uma carreira solo após o rompimento com Jerry Lewis. 

Aliás o produtor desse filme era justamente Hal Wallis, que havia produzido inúmeras fitas da dupla no passado (ele também ficou bem associado a Elvis Presley no cinema pois também produziu vários filmes do Rei do Rock, inclusive o grande sucesso de bilheteria "Feitiço Havaiano", lançado nesse mesmo ano de 1961). Pois bem, o roteiro é o de uma comédia de erros, ou seja, todo o enredo se desenvolve baseando-se na imagem errada que fazem da personagem de Shirley MacLaine. Seu novo padrão (Martin) pensa que ela é na verdade uma chantagista que estaria atrás de dinheiro após se envolver com o falecido tio dele, dono do império de revistas e publicações que herdou. Já para os pais de seu noivo ela teria algo a esconder pois teria dinheiro demais para comprar um fino casaco de peles, apesar de ser apenas uma trabalhadora comum (fato que o roteiro explica tudo, com bom muito bom humor!). Enquanto todos pensam mal dela a verdade pura e simples é que a garota é apenas uma ingênua mocinha que nunca fez mal a ninguém. A grande virtude desse "All in a Night's Work" é que o diretor Joseph Anthony optou por realizar uma comédia ágil, eficiente, com ótimo ritmo e desenvolvimento, além de ter curta duração o que evita o espectador de se aborrecer. Com um humor ligeiro e até inocente (para os padrões atuais) o filme cumpre o que promete, divertir e entreter o espectador, tudo apoiado no grande carisma da dupla central, MacLaine e Martin. Está de bom tamanho.

Pablo Aluísio.