quinta-feira, 15 de junho de 2017

Sublime Tentação

Mais um clássico de faroeste estrelado pelo mito Gary Cooper. Esse aliás é considerado um dos melhores filmes da carreira do ator. E se formos pensar sobre a riqueza da filmografia de Cooper, isso definitivamente não é pouca coisa. Ele interpreta um patriarca de uma família Quaker. Essa é uma religião muito austera e rígida em sua disciplina interna. Esse aspecto talvez leve você a pensar logo de antemão que esse é um drama pesado, com gente religiosa e fanática, mas isso é um equívoco sem tamanho. Na verdade "Sublime Tentação" passeia muito bem em diversos gêneros, apresentando inclusive divertidas cenas, onde o humor está em destaque. Pois bem, Cooper é um fazendeiro que tenta criar sua família da melhor forma possível, mas sem muitos exageros no quesito religiosidade (apesar dele ser um Quaker). Ele tem uma ótima esposa (interpretada por Dorothy McGuire) e filhos igualmente valorosos (um deles feito pelo ator Anthony Perkins, ainda bem jovem e distante de se consagrar como o psicopata Norman Bates em "Psicose" de Alfred Hitchcock). A vida no campo é dura, mas também tranquila. Aos domingos ele vai com sua família até o culto, onde aproveita para também apostar algumas corridas de charrete com um fazendeiro vizinho (algo que rende cenas bem engraçadas para o filme).

Sua vida bucólica porém chega ao fim quando explode a guerra civil americana. Exércitos da União e da Confederação começam uma grande carnificina. Como Quaker, o rancheiro Jess (Cooper) se recusa a lutar, mas isso se torna impossível a partir do momento em que a guerra vem até sua fazenda. Tropas rebeldes do sul estão chegando em suas terras e isso definitivamente não seria uma boa notícia pois eles costumavam queimar tudo por onde passavam. Como agora ele conseguirá proteger seus bens e sua família sem que para isso tenha que usar da violência? Passará por cima de suas convicções religiosas para se proteger e aos seus entes queridos? Essas perguntas parecem estar no centro de tudo. O roteiro testa os limites da família de Jess para ver até que ponto eles estariam dispostos a ir, seguindo os ensinamentos de sua religião. Com ótima produção, excelente elenco e roteiro rico e detalhista, esse western é certamente um dos melhores estrelados pelo genial Cooper que inclusive está em seu tipo habitual, a do homem simples, mas profundamente ético e honesto, que se vê diante de uma situação excepcional. A direção ficou a cargo do cineasta William Wyler, o mesmo diretor do maior clássico épico de todos os tempos "Ben-Hur". Claro que uma comparação entre as duas obras seria equivocada sob qualquer ponto de vista. Mesmo assim vale para lembrar ao fã de cinema de que esse também não é um filme qualquer. Muito pelo contrário, é um ótimo clássico western dos anos 50. Imperdível.

Sublime Tentação (Friendly Persuasion, Estados Unidos, 1956) Direção: William Wyler / Roteiro: Michael Wilson, baseado no livro de  Jessamyn West / Elenco: Gary Cooper, Dorothy McGuire, Anthony Perkins / Sinopse: Fazendeiro Quaker (Cooper) tenta defender e proteger sua família e sua fazenda durante a sangrenta Guerra Civil Americana. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Som, Melhor Música e Melhor Ator Coadjuvante (Anthony Perkins). Filme premiado com o Globo de Ouro na categoria de revelação masculina (Perkins). 

Pablo Aluísio.


À Borda da Morte

Mais um bom faroeste dos anos 1950. Aqui temos a história de um velho xerife, Cass Silver (Robert Ryan). Ele é um honesto homem da lei que se muda para uma cidade de fronteira, um entreposto muito concorrido para onde são enviados grandes rebanhos que cruzam o velho oeste. Com a chegada de muitos cowboys a cidade acaba prosperando. E onde tem muita gente, também tem muita confusão. Lidar com cowboys armados por todos os lados pode ser um grande problema para um xerife que deseja impor lei e ordem em sua cidade. Mesmo com tantas dificuldades o xerife Cass se sai bem em suas funções, isso até a chegada de um velho desafeto, um homem inescrupuloso, dono de saloon, que sempre contratou pistoleiros para defender seus interesses. Não demora muito e sua presença se torna um foco de tensão para o xerife que precisa lidar ainda com a presença do filho de um homem que matou no passado. Thad Anderson (Jeffrey Hunter) é um cowboy que sabe que o xerife da cidade é o assassino de seu pai. Estaria ele disposto a vingar sua morte ou não?

O roteiro desse filme é bem interessante porque mostra um xerife em seus anos finais. Ele está velho, tem problemas de visão, sua vista se torna cada vez mais embaçada e isso para alguém que precisava enfrentar todos os tipos de criminosos torna tudo ainda mais delicado. O roteiro e a produção são bons, porém o grande atrativo vem do elenco, principalmente do trio principal de protagonistas. Um ainda muito jovem Jeffrey Hunter interpreta um cowboy que chega na cidade, provavelmente em busca de vingança pela morte do pai. Robert Ryan é o xerife que sabe que sua hora decisiva está muito provavelmente bem próxima e a bela Virginia Mayo é a dona de um saloon local, uma mulher que deseja vencer na vida no mundo dos negócios. Em alguns momentos o enredo me lembrou de filmes como "Onde Começa o Inferno" e até mesmo "Matar ou Morrer", mas é preciso reconhecer que esse roteiro não tem a mesma consistência psicológica ou de desenvolvimento dos principais personagens como nesses grandes clássicos do western americano. É certamente um bom faroeste, valorizado pelos momentos de tensão, porém não chega a ser um dos grandes clássicos do gênero. Competente e bem realizado, cumpre suas pretensões, mas sem chegar a um nível tão alto.

À Borda da Morte (The Proud Ones, Estados Unidos, 1956) Direção: Robert D. Webb / Roteiro: Edmund H. North, Joseph Petracca / Elenco: Robert Ryan, Virginia Mayo, Jeffrey Hunter / Sinopse: Velho xerife precisa lidar com antigos inimigos em um momento particularmente complicado de sua vida, principalmente por não ter mais a mesma habilidade do passado. .

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

A Saga de um Fugitivo

Título no Brasil: A Saga de um Fugitivo
Título Original: Desperado
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Television
Direção: Virgil W. Vogel
Roteiro: Elmore Leonard
Elenco: Alex McArthur, David Warner, Yaphet Kotto
  
Sinopse:
O cowboy Duell McCall (Alex McArthur) é injustamente acusado de um crime que não cometeu. Tentando fugir da cadeia, ao mesmo tempo em que tenta provar sua inocência, ele atravessa os desertos do Arizona em busca de justiça. Filme baseado na famosa canção "Desperado" do grupo de rock-country The Eagles.

Comentários:
Telefilme americano lançado no Brasil em VHS pelo selo CIC (que era especializado em lançar no mercado brasileiro filmes dos estúdios Paramount e Universal). Em termos gerais fica claro desde o começo que o filme tenta seguir os passos de "Silverado", um faroeste que fez muito sucesso nos cinemas durante a década de 1980. A diferença básica é que aqui o orçamento foi bem mais modesto, uma vez que o filme foi realizado para ser exibido na TV americana. Mesmo assim há coisas interessantes nessa produção. Uma delas é o fato de seu roteiro ter sido escrito pelo grande Elmore Leonard, roteirista veterano de filmes de western onde se destacam clássicos como "Galante e Sanguinário", "Quando os Bravos se Encontram" e "Hombre". Além de roteirista aclamado ele também foi um produtivo escritor, tendo vários de seus livros adaptados para o cinema. Nesse aqui ele usou como matéria prima uma música do grupo The Eagles. Conforme ele próprio explicou: "Assim que ouvi essa canção pensei em um roteiro completo. Todos os elementos estavam lá. Só era necessário escrever a adaptação!". Dito e feito, acabou escrevendo um ótimo roteiro, bem melhor do que o próprio filme. Quem sabe um dia esse texto não ganhe um remake mais bem produzido? É esperar para ver.

Pablo Aluísio.

Heróis da Polícia Montada

Título no Brasil: Heróis da Polícia Montada
Título Original: The Canadians
Ano de Produção: 1961
País: Inglaterra
Estúdio: Associated Producers (API)
Direção: Burt Kennedy
Roteiro: Burt Kennedy
Elenco: Robert Ryan, John Dehner, Torin Thatcher
  
Sinopse:
Com a violência e a brutalidade das chamadas guerras indígenas no oeste selvagem dos Estados Unidos, uma grande parte dos guerreiros nativos da tribo Sioux resolvem cruzar a fronteira, indo para o vizinho Canadá. A chegada é inicialmente pacífica, pois sequer existem tropas canadenses naquela região, mas logo começam os atritos e conflitos entre os Sioux e cowboys que vivem da caça naquelas montanhas, dando origem a um novo ciclo de violência e mortes. Os soldados americanos também estão atrás dos assassinos do General Custer e sua sétima cavalaria.

Comentários:
Um western britânico contando parte da história das guerras indígenas em solo canadense? No mínimo interessante e curioso. O filme tem um bom roteiro e boas cenas de batalha, valorizado ainda mais pelas belas paisagens das regiões canadenses mais distantes e isoladas. O diretor Burt Kennedy quis inicialmente que todo o filme fosse rodado em locações naturais, mas naquela época isso era praticamente impossível. Assim ele deslocou uma unidade de produção para filmar as paisagens, enquanto rodava cenas em estúdio. O resultado, apesar de um pouco irregular, convence. O roteiro explora a fundação da Northwest Mounted Police, que seria a unidade pioneira da hoje famosa Polícia Montada Canadense, um dos orgulhos nacionais daquela nação. No contexto histórico em que o filme foi rodado esse destacamento militar funcionava também como parte do exército canadense, algo que hoje em dia não mais ocorre. Obviamente que o roteiro tem um lado bem ufanista, que soa em determinados momentos como muito inocentes hoje em dia. Isso porém não desqualifica a produção como puro espetáculo de diversão cinematográfica, valorizado ainda mais pelo elenco, com o galã Robert Ryan no papel principal, a do comandante e inspetor William Gannon. Seus atos de bravura, em tempos tão cinicamente presentes como os dias atuais, vão até soar meio cafonas. Ignore isso, veja como parte do charme nostálgico do filme e se divirta, acima de tudo. Vai valer a pena.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 13 de junho de 2017

American Gods

American Gods - Primeira Temporada
Segue abaixo alguns reviews que escrevi da boa série "American Gods" que no Brasil recebeu o título nacional de "Deuses Americanos". É uma série das mais estranhas e fora dos padrões, por essa razão mesmo ganhou um status cult, apreciada por um grupo de fãs dos quadrinhos originais que ficaram bem satisfeitos com o resultado final da série de TV. Nessa primeira temporada acompanhamos o protagonista, um homem em busca de redenção, que acaba encontrando antigos deuses do passado, hoje completamente sem fiéis, desacreditados. Deuses de religiões que não existem mais. Segue abaixo textos sobre a série, conforme assisti na época.

Episódios Comentados:

American Gods 1.01 - The Bone Orchard 
Os quadrinhos não invadiram apenas o cinema, mas o mundo das séries de TV também. Esse "American Gods" é uma adaptação do quadrinista Neil Gaiman, um autor que tem bastante prestigio entre os fãs dos comics. Como nunca li o material original cai de paraquedas aqui nesse primeiro episódio. Digo com antecedência que nada é muito claro ou objetivo. Há um personagem principal, o protagonista, um homem negro que sai da prisão após cumprir sua pena. Nada de muito novo nesse sentido. Ao sair ele acaba conhecendo uma série de personagens estranhos e bizarros, que não são bem explicados pelo roteiro (pelo menos nesse primeiro momento). Já li certa vez que todos seriam deuses da antiguidade vivendo nos tempos atuais, mas nem sei se essa informação procede. De qualquer forma acabei gostando do resultado. A curiosidade me levará a acompanhar os próximos episódios para entender melhor o que se passa e que rumo tomará essa história nada comum. Outro fato que me fará seguir em frente, tentando gostar dessa série, é o fato dela ser produzido pelo canal Starz. Quem acompanhou "Spartacus" sabe bem do que estou falando. Então é isso. Ainda é cedo demais para avaliar com mais consistência, porém tudo pelo menos promete. Vamos ver o que virá daqui para frente. / American Gods 1.01 - The Bone Orchard  (Estados Unidos, 2017) Direção: David Slade / Roteiro: Bryan Fuller, baseado na obra de Neil Gaiman / Elenco: Ricky Whittle, Emily Browning, Crispin Glover.

American Gods 1.02 - The Secret of Spoons
A primeira cena desse episódio é um achado. No século XVII somos levados aos porões de um navio negreiro levando escravos da África para a América. Um deles reza e ora para sua divindada que se materializa ali mesmo, na sua frente. A tal divindade da cultura africana explica que todos eles vão sofrer inúmeras violências e injustiças, algo que irá se perpetuar nos próximos séculos. Por isso todos devem se libertar, colocando fogo naquela embarcação holandesa, mesmo que todos venham a morrer. Afinal é melhor a morte do que a escravidão. Depois dessa cena realmente muito boa, somos levados de volta ao momento presente. Shadow Moon (Ricky Whittle) dirige o carro de seu patrão até Chicago. O chefe quer recuperar um martelo que sempre lhe pertenceu (seria ele a antiga divindade Thor, o Deus do Trovão?). Mr. Wednesday (Ian McShane) não abre o jogo sobre sua verdadeira identidade, apenas deixa pistas em alguns momentos. Além disso ele não se parece nada com Thor, mas sim com uma versão mais cansada e desanimada de Al Pacino! Estranho... De qualquer forma eles chegam em Chicago. O tal martelo está nas mãos de um conhecido. Um sujeito asqueroso com sotaque russo que vive com três irmãs (seriam todos eles deuses esquecidos da antiguidade também? Quem sabe...). O clímax do episódio acontece quando Shadow topa jogar um inocente jogo de damas, onde ele aposta sua própria vida. Caso perca será literalmente abatido na cabeça com o sangrento martelo. Tudo ao amanhecer... / American Gods 1.02 - The Secret of Spoons (Estados Unidos, 2017) Direção: David Slade / Roteiro: Michael Green, baseado na obra de Neil Gaiman / Elenco: Ricky Whittle, Ian McShane, Gillian Anderson, Emily Browning, Crispin Glover.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Big Little Lies

Série: Big Little Lies
Ano de Produção: 2017
País: Estados Unidos
Estúdio: HBO
Direção: Jean-Marc Vallée, entre outros
Roteiro: Liane Moriarty, David E. Kelley, entre outros
Elenco: Reese Witherspoon, Nicole Kidman, Shailene Woodley, Alexander Skarsgård, Laura Dern

Episódios Comentados:


Big Little Lies 1.01 - Somebody's Dead
Essa nova série tem um elenco muito bom, acima da média, além de ter sido muito bem recomendada pela crítica. Esse primeiro episódio porém não me convenceu muito. Fiquei com a impressão de estar assistindo a uma versão adulta de "Pretty Little Liars". Saem as adolescentes e entram mulheres mais velhas, donas de casa, mães de famílias. Há um crime - não muito explicado - e durante as investigações um longo flashback é aberto, mostrando as principais envolvidas no assassinato de uma pessoa numa festa (o roteiro não explica muito além disso). Assim voltamos no tempo e encontramos uma série de personagens bem chatas (para dizer o mínimo). Todas parecem ser altamente falsas, frívolas e arrogantes.

A principal que puxa o coro é Madeline Martha Mackenzie (Reese Witherspoon) que fala pelos cotovelos e parece ter amizades (falsas) com todas as mulheres da região. Completam o quadro a recém chegada (e esquisita) Jane Chapman (Shailene Woodley) e a tímida e introvertida Celeste Wright (Nicole Kidman). O ponto alto da "dramaticidade" desse primeiro episódio é uma briguinha de pré-escola envolvendo os filhinhos delas. Muito chato. Certamente eu não faço parte do público que esse tipo de série quer alcançar, pois parece mesmo um novelão Made in USA. Não gostei muito desse primeiro episódio e muito provavelmente não irei acompanhar. Assisti mesmo por mera curiosidade e de fato não apreciei muito o que vi. A palavra chatice parece resumir tudo por aqui. / Big Little Lies 1.01 - Somebody's Dead (Estados Unidos, 2017) Direção: Jean-Marc Vallée / Roteiro: Liane Moriarty, David E. Kelley / Elenco: Reese Witherspoon, Nicole Kidman, Shailene Woodley, Alexander Skarsgård, Laura Dern. 

Pablo Aluísio.

Genius

Série: Genius
Ano de Produção: 2017
País: Estados Unidos
Estúdio: National Geographic
Direção: Ron Howard, entre outros
Roteiro: Noah Pink, entre outros
Elenco: Geoffrey Rush, Johnny Flynn, Samantha Colley

Episódios Comentados:


Genius 1.01 - Einstein: Chapter One
Essa nova série é uma produção conjunta entre a Fox e a National Geographic, o que acaba unindo um ótimo roteiro (com precisão histórica) a um excelente elenco e direção. Essa primeira temporada conta a história do cientista Albert Einstein. São duas linhas temporais, duas linhas narrativas. A primeira se passa em 1895. Nessa época Einstein era apenas um jovem estudante que não sabia ao certo que rumo tomar na vida. Quando seu pai decide se mudar para a Itália, Einstein fica sozinho na Alemanha, precisando lidar com a ausência dos pais. Ele inicialmente estuda para entrar na universidade de Berlim, porém logo depois muda de ideia, indo estudar na escola politécnica de Zurique, algo que irrita bastante seu pai. Na outra linha narrativa encontramos Einstein mais velho, já casado e dando aulas em uma universidade alemã.

O ano é 1932 e o nazismo começa a se espalhar, principalmente pela ação dos camisas pardas, a juventude de Hitler que começa a ameaçar e agredir judeus pelas ruas. Inicialmente Einstein, que era judeu, se recusa a deixar a Alemanha como queria sua esposa, mas depois começa a perceber que ir embora pode salvar sua vida. Ele tem convites para ensinar nos Estados Unidos e isso parece ser uma boa opção. A última cena desse episódio mostra Einstein passando por uma tensa entrevista na embaixada americana. A primeira esposa de Einstein se envolveu com grupos radicais de esquerda, o que talvez o impeça de entrar na América. Ótimo episódio inicial, com destacada reconstituição de época e uma bela interpretação do ator Geoffrey Rush como o famoso físico. Essas duas linhas narrativas, pelo visto vão seguir nos próximos episódios, unindo momentos temporais diferentes na vida de Einstein. Nada mais conveniente uma vez que o cientista sempre defendeu que o tempo nada mais era do que um aspecto relativo das leis do universo. / Genius 1.01 - Einstein: Chapter One (Estados Unidos, 2017) Direção: Ron Howard / Roteiro: Noah Pink / Elenco: Geoffrey Rush, Johnny Flynn, Samantha Colley.

Pablo Aluísio.

domingo, 11 de junho de 2017

John G. Avildsen

Faleceu ontem em Los Angeles o diretor John G. Avildsen. Ele se consagrou nas telas com o filme "Rocky, Um Lutador" de 1976. A história do boxeador que veio do nada para se tornar um campeão dos ringues levou Avildsen a ser premiado com o Oscar de melhor direção por seu trabalho. O personagem havia sido criado pelo ator Sylvester Stallone em seu roteiro original, mas certamente foi Avildsen que lhe deu o devido desenvolvimento nas telas. O cineasta era exímio contador de histórias onde a persistência, a luta e a paciência construíam uma trajetória de sucesso.

De certa maneira essa fórmula foi recriada em outro de seus grandes êxitos de bilheteria, "Karatê Kid - A Hora da Verdade" de 1984. No roteiro um adolescente americano chamado Daniel (Ralph Macchio), vítima de bullying e intimidação por caras mais fortes, acabava conhecendo um mestre japonês de artes marciais, o Sr. Miyagi (Pat Morita), que acabaria lhe passando importantes lições não apenas de luta, mas de vida. Essa foi a maior bilheteria da carreira do diretor nos anos 80, o que lhe fez voltar à direção na sua continuação, dois anos depois, no também bem sucedido "Karate Kid II - A Hora da Verdade Continua". Para muitos essa primeira sequência seria até superior ao primeiro filme, todo rodado no Japão, na terra natal do Sr. Miyagi. Já o terceiro filme, "Karate Kid 3 - O Desafio Final" já não foi considerado tão bom assim, encerrando a participação do cineasta nessa franquia.

Em relação a Rocky, John G. Avildsen voltou à série em "Rocky V". Foi acima de tudo um convite generoso e de gratidão por parte de Stallone ao diretor que havia transformado seu velho sonho em realidade. Esse quinto filme não foi considerado tão bom, até porque já havia uma certa saturação em torno do personagem. Mesmo assim, com esse recepção um pouco fria por parte de público e crítica, o filme ainda tem seus defensores. O diretor também teve o privilégio de trabalhar ao lado do gênio da atuação Marlon Brando em "A Fórmula" de 1980. Na realidade ele teve a complicada tarefa de dirigir dois monstros da atuação nessa produção, pois ao lado de Brando havia também George C. Scott no elenco. Considerado um dos grandes atores de sua geração, era também tão temperamental quanto o próprio Brando.

Outros dois filmes dignos de nota de sua curta filmografia (ele realmente não chegou a dirigir muitos filmes ao longo dos anos) foi o drama "Meu Mestre, Minha Vida" que para muitos trouxe uma das melhores atuações do ator Morgan Freeman. Já a comédia "Estranhos Vizinhos" trazia a excelente dupla de comediantes  John Belushi e Dan Aykroyd em um roteiro bem escrito, explorando o humor na vida cotidiana de duas famílias tipicamente suburbanas da América. Foi uma rara experiência fazendo humor, já que essa não era bem a praia do diretor. Mesmo assim se saiu muito bem nessa divertida comédia de costumes.

Pablo Aluísio.

Globo de Ouro 2013

Texto que escrevi após o Globo de Ouro de 2013: Ontem foi realizada a entrega de mais um Globo de Ouro. Como se sabe esse prêmio ganhou a fama de ser uma prévia do Oscar. Bom, se formos levar isso ao pé da letra então teremos algumas surpresas na noite de entrega dos prêmios da Academia. Eu gostei da festa e das premiações inesperadas. Muitos especialistas acreditavam que seria a consagração definitiva do cinema de Steven Spielberg com seu “Lincoln” levando todos os principais prêmios da noite. Pois bem, não foi bem isso que aconteceu. O improvável Ben Affleck e seu “Argo” deram uma rasteira nos planos de Spielberg.

O filme venceu nas categorias Melhor Filme Drama (a mais importante categoria da noite) e Melhor Direção para Ben Affleck. É muito interessante que um ator que geralmente sempre foi conhecido por sua canastrice tenha se encontrado na nobre arte de dirigir filmes. Não há como negar o talento de Affleck na direção, o que lhe faltava como ator certamente lhe sobra como diretor. Outro que saiu do Globo de Ouro contrariado foi Quentin Tarantino. Apesar de ter sido premiado com o Globo de Ouro de melhor roteiro por “Django Livre” o cineasta não escondeu seu aborrecimento por ter perdido na categoria Melhor Direção. A verdade é que Tarantino tem que se reinventar pois seu estilo já está ficando cansativo e batido (e não é de hoje!). Mudar um pouco lhe faria bem. De qualquer modo “Django Livre” abocanhou ainda o Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante para Christoph Waltz, aqui repetindo seus cacoetes de “Bastardos Inglórios”. Está de bom tamanho.

Jennifer Lawrence confirmou seu talento mais uma vez ao ser premiada com o Globo de Ouro por “O Lado Bom da Vida”, uma comédia romântica (quem diria?) que só tem colecionado elogios por onde é exibido. Já na categoria ator nenhuma surpresa. Daniel Day-Lewis venceu por Lincoln. O ator está realmente fenomenal no papel, imergindo completamente em seu personagem. Fantástico. Nas categorias que premiam séries de TV o grande vencedor da noite foi “Homeland”. Prêmios de melhor atriz e série mais do que merecidos. A primeira temporada foi realmente perfeita. Só espero que não desande daqui em diante (seus roteiros já mostravam um certo desgaste nos últimos episódios da primeira temporada, temos que reconhecer). Claire Danes parecia meio alucinada e fora de si nos agradecimentos – será que ela é louquinha como seu personagem na vida real? Tive a impressão que sim. Apesar de “Homeland” ser ótima eu torcia mesmo por “Downton Abbey”. Felizmente a série levou o prêmio de Melhor Atriz para a veterana Maggie Smith. Mais digno impossível.

E por falar em dignidade o que podemos dizer de Jodie Foster? Ela estava extremamente sincera em seu discurso de agradecimento. Embora tenha sido atropelada pelas palavras algumas vezes (o que é natural para quem fala sob forte emoção), a atriz conseguiu brincar com os rumores de que iria assumir sua homossexualidade em pleno palco, publicamente. Explicando que não falaria nada de sua vida privada pois essa não é sua índole, Jodie realmente não “saiu do armário” como algumas pessoas previam, mas deixou tudo muito bem subentendido. Para bom entendedor meia palavra basta não é mesmo? Ela foi pressionada nas últimas semanas por grupos GLS a assumir sua homossexualidade publicamente no Globo de Ouro mas preferiu uma saída mais diplomática. Sua postura foi das mais dignas até porque a vida pessoal pertence a cada um e ninguém tem absolutamente nada a ver com isso! Deve-se acima de tudo apreciar Jodie por seu trabalho e não por sua orientação Sexual. Perfeita sua postura e atitude. Palmas para ela!

Confira a lista dos vencedores do Globo de Ouro 2013:

Melhor Ator Coadjuvante
Christoph Waltz - Django Livre

Melhor Atriz Coadjuvante - Série Minissérie ou Telefilme
Maggie Smith - Downton Abbey

Melhor Minissérie ou Telefilme
Virada no Jogo

Melhor Atriz - Minissérie ou Telefilme
Julianne Moore - Virada no Jogo

Melhor Ator Série - Drama
Damian Lewis - Homeland

Melhor Série - Drama
Homeland

Melhor Trilha Sonora
As Aventuras de Pi

Melhor Canção Original
Skyfall  - Operação Skyfall

Melhor Ator de Minissérie ou Telefilme
Kevin Costner - Hatfields and McCoys

Melhor Atriz - Comédia ou Musical
Jennifer Lawrence - O Lado Bom da Vida

Melhor Ator Coadjuvante - Série, Minisséire ou Telefilme
Ed Harris - Virada no Jogo

Melhor Atriz Coadjuvante
Anne Hathaway - Os Miseráveis

Melhor Roteiro
Quentin Tarantino - Django Livre

Melhor Ator - Comédia (Série)
Don Cheadle - House of Lies

Melhor Filme Estrangeiro
Amor (Áustria)

Melhor Atriz - Drama (Série)
Claire Danes - Homeland

Melhor Animação
Valente

Melhor Atriz (Série Comédia ou Musical)
Lena Dunham - Girls

Prêmio Cecil B. DeMille
Jodie Foster

Melhor Direção
Ben Affleck - Argo

Melhor Série (Comédia ou Musical)
Girl

Melhor Ator (Comédia ou Musical)
Hugh Jackman (Os Miseráveis)

Melhor Filme (Comédia ou Musical)
Os Miseráveis

Melhor Atriz (Drama)
Jessica Chastain - A Hora Mais Escura

Melhor Ator (Drama)
Daniel Day-Lewis - Lincoln

Melhor Filme (Drama)
Argo

****

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de junho de 2017

Nina

Nina Simone foi uma cantora muito popular nos Estados Unidos. Ela teve formação clássica, estudando para ser pianista, porém não conseguiu espaço dentro desse mundo muito exclusivo. Assim resolveu partir para a música popular. Se tornou cantora de boates e night clubs. Com uma voz belíssima ela foi conquistando seu espaço, gravando seus discos (no total lançou mais de 40 álbuns), se tornando muito famosa e respeitada no universo do soul negro dos Estados Unidos. Ao lado da artista talentosa existia também uma mulher atormentada. Alcoólatra, viciada em drogas e com propensão para doenças mentais (ela foi diagnosticada como maníaca depressiva com surtos psicóticos), sua carreira começou a afundar cada vez mais.

O roteiro desse filme se concentra nos últimos anos de Nina. Ela já está completamente decadente, sem nem ao menos conseguir se apresentar ao vivo. Os donos de casas de shows estavam cansados de seus problemas e seus escândalos no palco (ela chegou a esfaquear um homem durante seus concertos!). Quando o filme começa encontramos Nina internada em um hospital psiquiátrico. Completamente surtada ela precisa de cuidados especiais. Com o uso de remédios começa a recobrar a sanidade. Nesse hospital ela simpatiza com um enfermeiro jovem chamado Clifton e resolve contratá-lo como assistente pessoal. Leva o rapaz para a França, onde ela morava, e começa assim uma relação muito próxima que iria durar anos (ele se tornaria empresário dela algum tempo depois).

Como se pode perceber Nina Simone não era uma pessoa de fácil convivência. O filme mostra muitos aspectos negativos de sua personalidade irascível, mas ao mesmo tempo demonstra ter um respeito sempre presente por ela. Esse foi um projeto muito pessoal da atriz Zoe Saldana, que se esforçou bastante para a realização do filme. Produziu e tirou dinheiro do próprio bolso para que essa produção fosse feita. Ela inclusive está muito bem em cena e surpreende quando descobrimos que ela canta praticamente todas as canções do filme, não fazendo feio em momento nenhum! Zoe tem grande talento vocal, isso fica claro nas cenas em que canta. No mais é um resgate dessa cantora que hoje em dia já não é tão lembrada, nem nos Estados Unidos. É um registro importante da vida de Nina, embora cinematograficamente falando seja apenas na média.

Nina (Nina, Estado Unidos, 2016) Direção: Cynthia Mort / Roteiro: Cynthia Mort / Elenco: Zoe Saldana, David Oyelowo, Kevin Mambo / Sinopse: O filme mostra parte da vida da cantora Nina Simone (1933 - 2003). Menina prodígio, era uma excelente pianista clássica, mas não conseguiu vencer nesse meio por causa de problemas raciais. Assim torna-se cantora de soul e depois de muitos anos consegue o sucesso. O filme mostra os últimos anos de Nina quando ela se tornou muito próxima de um jovem chamado Clifton, seu enfermeiro e assistente pessoal. Filme indicado ao Women Film Critics Circle Awards.

Pablo Aluísio.

Um Estado de Liberdade

Está em cartaz nos cinemas brasileiros o western histórico "Um Estado de Liberdade". O filme mostra a história (baseada em fatos reais) do soldado confederado Newton Knight (Matthew McConaughey). Durante a guerra civil ele testemunha todas as atrocidades de um dos mais sangrentos conflitos armados da história. Depois da morte de um parente, que era apenas um garoto, mal saído da infância, ele decide largar tudo. Coloca sua farda cinza de lado, monta em seu cavalo e vai embora, se tornando um desertor. Dentro do exército sulista a deserção era punida com a pena de morte. Para não ser enforcado ele então parte para os pântanos de seu estado natal, onde acaba encontrando um grupo de escravos negros fugidos.

Da convivência vem a aproximação e Newton acaba formando seu próprio bando de resistência, cuja única bandeira são eles mesmos e sua luta pela liberdade. O filme também explora a vida de um dos descendentes de Newton, cujos direitos são contestados no tribunal por ele ter tido descendência negra - algo muito bem explicado pela próprio roteiro do filme que mostra duas linhas narrativas históricas. No geral é um bom filme, valorizado pela lição histórica que apresenta. Infelizmente não obteve sucesso nos cinemas americanos. Como sabemos aquele país vive um momento político turbulento, principalmente depois das recentes eleições presidenciais. Assim o público não parece muito interessado nessa temática, tanto que outro filme, também com tema semelhante, "O Nascimento de uma Nação", igualmente fracassou nos cinemas. Ignore tudo isso e procure conferir esse filme, pois ele tem seus méritos cinematográficos. Particularmente gostei bastante do resultado.

Um Estado de Liberdade (Free State of Jones, Estados Unidos, 2016) Direção: Gary Ross / Roteiro:  Leonard Hartman, Gary Ross / Elenco: Matthew McConaughey, Gugu Mbatha-Raw, Mahershala Ali / Sinopse: Soldado confederado foge do campo do batalha e se refugia em um pântano, onde acaba se unindo a um grupo de escravos negros fugitivos, onde forma sua própria milícia de luta pela liberdade. Roteiro baseado em fatos históricos reais.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

T2 Trainspotting

Vinte anos após os acontecimentos que vimos no filme "Trainspotting - Sem Limites (1996)", o personagem Renton (Ewan McGregor) retorna para Edimburgo, Escócia. Ele quer resolver velhos problemas do passado e reencontrar seus amigos de infância e juventude. O problema é que Renton os traiu, os roubou e agora precisa acertar contas com todos eles. O tempo passou e deixou marcas em todos. O próprio Renton está com problemas de coração, tentando superar seu antigo vício em heroína. Pior está Spud (Ewen Bremner) que nunca conseguiu superar a droga e agora tenta se matar. Já Begbie (Robert Carlyle) não quer saber de conversa e está decidido a enfiar uma faca no coração de Renton assim que o encontrar novamente. É a tal coisa, sequências tardias são necessárias ou não! Alguns filmes soam como meros caça-níqueis, tentando aproveitar bilheteria em cima do nome de velhos sucessos, clássicos modernos que marcaram época. Sem dúvida o primeiro filme "Trainspotting - Sem Limites" foi um marco no cinema britânico dos anos 1990. Tinha uma linguagem inovadora, ritmo alucinado (como a mente de seus personagens, todos jovens viciados em cocaína e heroína) e procurava retratar uma juventude perdida, sem rumos, valores ou ética. O roteiro explorava esses punks que só queriam saber de usar drogas, roubar e tocar o terror em sua cidade, uma Edimburgo tradicional, histórica, mas também velha e maltratada.

O filme também praticamente lançou as carreiras do diretor Danny Boyle e do jovem ator Ewan McGregor, que depois iria para Hollywood construir uma carreira de sucesso, se tornando até mesmo o mestre Obi-Wan Kenobi de "Star Wars". Nada mal para quem havia começado interpretando um junkie marginalizado de rua. No ano passado "Trainspotting" completou vinte anos de seu lançamento original, então o elenco, o diretor e a equipe técnica resolveram celebrar essa data justamente rodando esse segundo filme. Afinal o que teria acontecido com todos aqueles jovens, tanto tempo depois? Os anos passaram, eles tiveram vários problemas para se livrarem das drogas, alguns foram parar na cadeia e outros não conseguiram dar certo na vida, se tornando eternos fracassados. Embora muitos tenham afirmado que essa continuação seria desnecessária, penso que esse filme não foi de todo gratuito ou em vão. Pelo contrário, gostei de seu proposta, de seu roteiro e principalmente das atuações dos atores. Um caso raro de sequência bem tardia que realmente tem sua razão de ser.

T2 Trainspotting (T2 Trainspotting, Inglaterra, 2017) Direção: Danny Boyle / Roteiro: John Hodge, Irvine Welsh / Elenco: Ewan McGregor, Ewen Bremner, Robert Carlyle, Jonny Lee Miller / Sinopse: Vinte anos depois de ter enganado e passado a perna em seus antigos amigos, fugindo com todo o dinheiro de um roubo bem sucedido, Renton (Ewan McGregor) retorna a Edimburgo. Ele quer se desculpar com todos eles, aparando velhos problemas do passado. A volta porém não será será pacífica pois alguns deles querem saciar sua sede de vingança.

Pablo Aluísio.

CHIPS

Título no Brasil: CHIPS
Título Original: CHIPS
Ano de Produção: 2017
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Dax Shepard
Roteiro: Dax Shepard, Rick Rosner
Elenco: Michael Peña, Dax Shepard, Vincent D'Onofrio, Adam Brody, Rosa Salazar, Jessica McNamee

Sinopse:
Um agente do FBI é infiltrado dentro do departamento de polícia de Los Angeles para descobrir uma quadrilha de tiras corruptos. Ele assume então a identidade do patrulheiro Frank 'Ponch' Poncherello (Michael Peña). Ao lado de seu parceiro Jon Baker (Dax Shepard), um ex-piloto de motos de competição, ele quer descobrir quais policiais estariam envolvidos no roubo de carros de transporte de valores. Tudo indica que eles são patrulheiros da CHIPS.

Comentários:
A série "CHiPs" foi um grande sucesso da história da TV americana. Durou seis temporadas e foi exibida (inclusive no Brasil) entre os anos de 1978 a 1983. Marcou época e deixou saudades, sem dúvida. Agora temos essa adaptação para o cinema desse programa que durante anos foi líder de audiência. Os dois personagens principais foram mantidos (Ponch e Baker), mas de resto tudo mudou. Se a série original era um programa policial ao velho estilo enlatado, aqui optou-se por uma linha com mais humor. Não chega a ser uma comédia besteirol, manteve-se ainda um certo pé no chão, porém o lado da comédia falou mais alto. Não é um filme de todo ruim, tem lá seus bons momentos, inclusive no quesito diversão, porém é óbvio que deixará muito a desejar em relação aos fãs da série original. Essa nova dupla de atores obviamente não consegue repetir o carisma da velha dupla (onde se destacava o ator Erik Estrada, que aqui faz uma pontinha na cena final, dentro da ambulância), mas no geral também não aborrece. A conhecida trilha sonora da série, que tinha uma abertura que também ficou muito famosa nos anos 70 e 80, foi timidamente aproveitada, o que achei um erro, já que CHips, queiram ou não, já virou uma peça de nostalgia. Eles deveriam ter investido mais nisso. Assim no saldo final, tirando certos exageros, principalmente no aspecto mais vulgar de certas piadas, até que essa adaptação para o cinema dos patrulheiros californianos não chega a ser tão ruim. É assistível e não enche a paciência, o que em relação a comédias americanas da atualidade já é um feito e tanto!

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Além da Ilusão

A sinopse pode até animar o espectador, mas infelizmente não espere por grande coisa. Na história duas irmãs americanas, Laura (Natalie Portman) e Kate Barlow (Lily-Rose Depp), chegam a Paris com a intenção de ganhar muito dinheiro com a elite local. Elas promovem sessões de espiritismo, conversando com entes queridos falecidos. Inicialmente elas se apresentam com um agente circense em apresentações públicas e depois começam a realizar sessões privadas, particulares. As coisas porém não andam tão bem. A única saída aparece quando um produtor de cinema, André Korben (Emmanuel Salinger), se interessa pelas irmãs. Poderia haver alguma forma de ganhar dinheiro com elas no cinema? Não demora muito e um roteiro é escrito, justamente para explorar nas bilheterias os supostos poderes mediúnicos das irmãs americanas, mas tudo acaba saindo do controle rapidamente.

Com uma premissa tão promissora, "Além da Ilusão" acaba ficando pelo meio do caminho. Não é um filme sobre espiritismo e nem charlatanismo, não vai pela linha do terror e falha como drama romântico. No fundo é aquele tipo de roteiro que acaba não indo para lugar nenhum, causando grande frustração no espectador. A atriz Natalie Portman está apagada em uma personagem ruim. Nem a cena de nudez dela vai despertar muito interesse. A atriz Lily-Rose Depp, que é filha de Johnny Depp com a cantora francesa Vanessa Paradis, também não diz a que veio. Com um semblante de tédio e marasmo ela não chama atenção. Para piorar aparece com um estranho visual de sobrancelha cortada, algo que nunca é explicado pelo roteiro do filme. Assim só sobra mesmo um enredo devagar, quase parando. O cinema francês geralmente é dito como chato, arrastado, em contraposição com o cinema americano. Pois bem, essa produção francesa só serve mesmo para confirmar esse velho preconceito.

Além da Ilusão (Planetarium, França, Bélgica, 2016) Direção: Rebecca Zlotowski / Roteiro: Rebecca Zlotowski, Robin Campillo  / Elenco: Natalie Portman, Lily-Rose Depp, Emmanuel Salinger / Sinopse: Duas irmãs americanas, Laura (Natalie Portman) e Kate Barlow (Lily-Rose Depp), decidem ir até Paris para ganhar dinheiro com supostas sessões de espiritismo e acabam caindo nas graças de um produtor de cinema, André Korben (Emmanuel Salinger), que começa a produzir um filme sobre o tema envolvendo a comunicação entre vivos e mortos. Filme indicado ao César Awards na categoria de Melhor Design de Produção (Katia Wyszkop). Também indicado ao Lumiere Awards na categoria de Melhor Música (Robin Coudert).

Pablo Aluísio.

O Último Ato

Um filme que de certa forma passeia por vários gêneros cinematográficos. Começa como drama, quando encontramos o velho ator de teatro Simon Axler (Al Pacino) tentando atuar em sua última apresentação. Com a idade surgem inúmeras dificuldades em decorar suas falas. Perdido no palco, ele resolve tomar uma atitude absolutamente inesperada e se joga da borda, indo parar no chão, bem no meio das pessoas que ficam completamente atônitas! A partir daí sua carreira, que já vinha em decadência, fica praticamente destruída de vez. Ele então resolve se isolar de tudo e de todos, começando um tratamento de análise com seu terapeuta via Skype. Recluso em sua casa, ele acaba recebendo a visita da filha de um casal amigo, Pegeen Mike Stapleford (Greta Gerwig). A última vez que a tinha visto ela era apenas uma criança. Agora é uma mulher adulta, dona de si, muito bem resolvida. Ele brigou com os pais por ter se tornado lésbica, mas nem isso a impede de ter um relacionamento com o velho ator decadente. Quando era jovem Pegeen teve uma paixão platônica por ele e agora parece decidida a transformar esse sentimento em realidade.

Assim o filme que começa como drama, passa pelo romance, começa a desenvolver situações de humor. Isso porque o personagem de Pacino é bem mais velho que sua jovem namorada, que sendo uma mulher liberal, não deixa de ter seus casinhos por fora com outras mulheres lésbicas. O curioso é que o roteiro vai deixando algumas pistas contraditórias pelo meio do caminho, levando o espectador a desconfiar que tudo não passaria apenas de algum tipo de alucinação do próprio personagem. Essa situação porém nunca é claramente resolvida pelo roteiro, deixando muita coisa apenas subentendida, a critério da visão de cada um. Uma situação bem curiosa aliás.De qualquer maneira Al Pacino continua excelente, segurando todas as pontas. Mesmo que o roteiro não seja grande coisa e mesmo que seu personagem seja de certa forma até mesmo um alter ego do ator, tudo acaba funcionando bem. Claro que a pequena reviravolta final, quando Simon (Pacino) é surpreendido por uma revelação sobre Pegeen que ele jamais cogitara existir, vai pegar muita gente de surpresa. Isso porém é de pouca importância. O que vale a pena é realmente conferir mais uma atuação do veterano Pacino, aqui reconhecendo de uma vez por todas o peso da idade e dos anos passados.

O Último Ato (The Humbling, Estados Unidos, 2014) Direção: Barry Levinson / Roteiro: Buck Henry, Michal Zebede / Elenco: Al Pacino, Greta Gerwig, Dianne Wiest, Charles Grodin, Kyra Sedgwick, Nina Arianda  / Sinopse: Simon Axler (Al Pacino) é um ator decadente, envelhecido, que se apaixona por uma mulher muitos anos mais jovem do que ele, chamada Pegeen Mike Stapleford (Greta Gerwig). Ela é filha de um casal de amigos de Axler, algo que lhe trará inúmeros problemas, agora que já está na velhice e praticamente aposentado da sua profissão.

Pablo Aluísio.