domingo, 7 de maio de 2017

Alien: Covenant

Sinceramente falando fiquei bem decepcionado com esse novo filme da franquia Aliens. Tudo bem, antes de assistir ao filme vi várias reações negativas aqui e acolá, o que me fez baixar as expectativas, porém não pensei que seria tão decepcionante. O filme tem muitos problemas, mas o pior mesmo é ver como seu roteiro é fraco e sem novidades. Qualquer episódio de uma série como "Star Trek" supera e muito esse filme em termos de ideias e originalidade. É até complicado perceber como um cineasta tão talentoso como Ridley Scott conseguiu realizar um filme tão mediano e insosso como esse! Certa vez um famoso crítico de cinema americano disse que o auge de um diretor só dura 10 anos, no máximo. Após conferir esse novo Alien e perceber no abismo em que Ridley Scott entrou, estou praticamente convencido disso.

O enredo é banal até dizer chega! Acompanhamos a longa viagem de uma nave de colonização chamada Covenant. Ela está levando mais de dois mil colonos para um planeta distante, bem parecido com a Terra. O único tripulante a bordo que não está em casulo e hibernação é um ser sintético denominado Walter (Michael Fassbender), Tudo transcorre muito bem, até que a nave passa por uma tempestade estelar e aí as coisas começam a dar bem errado. Para evitar um desastre maior o próprio sistema da espaçonave desperta a tripulação. O capitão está morto e um novo comandante, sem muita experiência de comando, assume. Ele é inseguro e não conta com a confiança dos demais tripulantes. Pior do que isso, ele comete um erro fatal ao desviar a nave, indo para um planeta próximo, onde um sinal foi detectado. Inicialmente o lugar parece muito adequado para a vida dos seres humanos, só que algumas coisas estranhas chamam a atenção. Entre elas a completa ausência de formas de vida. Nem pássaros, nem insetos, nada parece viver ali. O que teria acontecido?

Lendo esse pequeno resumo da estória você logo perceberá que a trama não tem nada de original. Esse tipo de enredo já foi usado à exaustão em centenas de outros filmes ao longo dos anos. E se você já viu pelo menos um filme dessa franquia Aliens já sabe que tudo é mero pretexto para criar o clima do surgimento das criaturas alienígenas. Infelizmente isso é basicamente tudo. Não existem grandes novas ideias no roteiro e nem há nada de muito interessante acontecendo. Talvez a única coisa realmente boa seja um duelo intelectual que nasce do encontro entre dois sintéticos, do mesmo modelo, mas de gerações diferentes. O mais velho criou uma consciência própria, com forte personalidade. Já o mais novo é mais isento de emoções e não contesta a superioridade dos seres humanos. Ambos são interpretados por Michael Fassbender, e vamos convir que ele está muito bem em cena. Acabou salvando o filme no quesito atuação porque o resto do elenco é bem fraco e todos os demais personagens passem longe de serem interessantes. As personagens femininas passam o tempo todo dando gritos e com cara de choro. Deu saudades da Tenente Ripley! Confesso que fiquei entediado em vários momentos, pois o roteiro tem problemas de ritmo. Some-se a isso a falta de novidades e a ausência de uma trama mais interessante e você terá realmente um quadro completo do tamanho da decepção.

Alien: Covenant (Idem, Estados Unidos, 2017) Direção: Ridley Scott / Roteiro: Jack Paglen, John Logan, baseados nos personagens criados por Dan O'Bannon e Ronald Shusett / Elenco: Michael Fassbender, Katherine Waterston, Billy Crudup / Sinopse: O jovem capitão de uma nave colonizadora decide sair de sua rota para investigar um sinal de rádio que foi enviado de um planeta próximo. Ao chegar lá ele descobre que a nave Prometheus, desaparecida há anos, caiu naquele distante mundo. O pior porém ele descobrirá depois, quando uma criatura desconhecida começa a devorar todos os seus tripulantes.

Pablo Aluísio.

Uma História de Vingança

Ninguém pode acusar o ator Nicolas Cage de não tentar levantar sua carreira. Ano após ano Cage está sempre na ativa, tentando alcançar o sucesso perdido. Agora ela tenta novamente, dessa vez usando uma antiga fórmula, tirada lá dos velhos filmes de Charles Bronson dos anos 70. Se você pensou em "Desejo de Matar", acertou em cheio! É mais um roteiro que explora a figura do policial que indignado pelas falhas do sistema judiciário resolve fazer justiça com as próprias mãos. O curioso é perceber que apesar de ser algo bem batido ainda consegue funcionar em certos momentos.

Vamos ao enredo: Nicolas Cage interpreta um policial veterano do departamento de polícia da cidade de Niagara Falls, um conhecido point turístico. Quando uma jovem viúva é estuprada por um grupo de vagabundos locais, ele entra no caso. Sua indignação e envolvimento pessoal se tornam maiores porque os estupradores cometeram seu crime na presença da pequena filha da vítima, uma garotinha de apenas 10 anos de idade. Após identificar cada um deles, todos são presos e levados para julgamento. Entra em cena então um advogado sem escrúpulos interpretado por Don Johnson, que acaba inocentando todos eles. Usando das velhas brechas da lei, todos são então libertados e recomeçam a incomodar a vítima e sua filha.

Bom, com esse tipo de estória você já deve ter percebido o que aconteceria dali em diante. Cage resolve literalmente limpar as ruas daqueles estupradores e criminosos. Um aspecto curioso é que o roteiro não se foca completamente no policial interpretado por Nicolas, mas sim na família da vítima e nos próprios criminosos. Dessa forma Nicolas Cage está sempre em segundo plano, aparecendo apenas para fazer sua "limpeza social". No final das contas, colocando tudo na balança e fazendo uma análise mais fria, o que temos aqui é apenas um banal filme policial que requenta velhas fórmulas. Poderia muito bem ser um filme de Charles Bronson, como já citei. Paradoxalmente, mesmo assim não deixa de ser uma boa diversão. Pelo visto a figura do justiceiro (ou vigilante, como dizem os americanos) ainda tem seu apelo junto ao público espectador.

Uma História de Vingança (Vengeance: A Love Story, Estados Unidos, 2017) Direção: Johnny Martin / Roteiro: John Mankiewicz, baseado no romance policial escrito por Joyce Carol Oates / Elenco: Nicolas Cage, Don Johnson, Anna Hutchison, Talitha Bateman / Sinopse: Policial fica indignado após presenciar um grupo de estupradores sendo inocentados pela justiça. Após ser informado que além de estarem soltos pelas ruas eles ainda recomeçaram a importunar a vida da vítima estuprada, decide fazer justiça com suas próprias mãos, livrando sua cidade daquela escória imunda.

Pablo Aluísio.

sábado, 6 de maio de 2017

Terra Prometida

A história do filme acompanha Steve Butler (Matt Damon) e sua colega Sue Thomason (Frances McDormand) que viajam até uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos. Na região há um vasto reservatório de gás natural no subsolo. Eles trabalham para uma empresa que tem planos de explorar economicamente essa reserva. Para isso porém será necessário convencer os moradores e donos de fazendas a venderem suas propriedades para a companhia mineradora, algo que não vai ser muito fácil pois ao mesmo tempo em que chegam na cidade também aparece um ecologista que lutará para que ninguém venda suas terras.

O que mais me deixou admirado nesse filme de Gus Van Sant foi seu terrível convencionalismo. Van Sant foi um dos diretores mais inovadores de sua geração, sempre explorando temas polêmicos, optando muitas vezes por uma linguagem cinematográfica inovadora. Só que aqui ele preferiu o convencional, o banal, diria até o burocrático. O filme é totalmente quadrado, sem qualquer tipo de inovação de qualquer tipo. Van Sant conta a sua história com extrema preguiça, sem maiores envolvimentos. Por tudo isso podemos dizer que esse "Promised Land" é seguramente um dos seus filmes mais enfadonhos. Quem estiver em busca do bom e velho Van Sant, do artístico e autoral Van Sant, certamente vai quebrar a cara.

O personagem principal interpretado pelo ator Matt Damon é de um bom mocismo irritante. Ele trabalha para uma companhia de exploração de combustíveis naturais, que quer explorar a região para extrair gás natural, mas acredita piamente (e estupidamente) que essa grande corporação bilionária, capitalista ao extremo, só tem intenções boas e positivas sobre as terras que deseja comprar. É ser muito bobo para convencer o espectador. Pior é saber que o ecologista que o combate também tem seus segredos. Aliás a figura desse oponente é responsável pela única reviravolta digna de surpresas dentro do enredo, porque tudo o mais é terrivelmente chatinho. Enfim, tirando um ou outro momento esse filme deixa bastante a desejar. Pelo visto o outrora rebelde e contestador Gus Van Sant virou apenas um cineasta comum... e dos mais entediantes.

Terra Prometida (Promised Land, Estados Unidos, 2012) Direção: Gus Van Sant / Roteiro: John Krasinski, Matt Damon / Elenco: Matt Damon, Frances McDormand, John Krasinski / Sinopse: Dois empregados de uma bilionária companhia mineradora vão até o interior com o objetivo de convencer os moradores a venderem suas terras. A empresa tem planos de explorar um rico manancial de gás natural que existe no subsolo. Um jovem ecologista porém também chega para convencer todos do contrário. Ele defende a ideia que a companhia já destruiu o meio ambiente de outras cidades, causando um grande desastre ambiental. Filme participante da seleção do Berlin International Film Festival.

Pablo Aluísio.

Rua Cloverfield, 10

Esse filme ganhou várias resenhas positivas em seu lançamento. É uma espécie de spin-off de "Cloverfield - Monstro" de 2008. Caso você não tenha assistido ao primeiro filme não precisa se preocupar. A linha que une as duas histórias é muito tênue e eles podem ser assistidos separadamente, sem nenhum problema. Em certos aspectos apenas o nome Cloverfield une os dois filmes, mesmo que os roteiristas insistam no fato de que essa estória que vemos aqui corre paralelamente ao do filme original. Penso que forçaram a barra. Particularmente não vi mesmo muitas ligações diretas entre os dois enredos.

Basicamente o que temos aqui é uma trama até bem singela. Após sofrer um acidente de carro, a jovem Michelle (Mary Elizabeth Winstead) acorda no que parece ser o porão de alguém. Pior do que isso é perceber que está presa pela perna. Sua apreensão vai piorando quando ela conhece Howard (John Goodman), o dono do lugar. Ele é um veterano da marinha e aquilo é um abrigo contra ataques nucleares. Ele trouxe Michelle para aquele lugar após bater em seu carro. Ele queria salvar a vida dela. Como se tudo isso já não fosse ruim o bastante, Howard explica a Michelle que os Estados Unidos sofreram um ataque, nuclear ou químico, e por essa razão eles não podem sair do abrigo que fica debaixo de sua fazenda.

A coisa toda não a convence. Parece ser surreal que o mundo lá fora esteja sendo destruído enquanto ela fica presa com aquele desconhecido. Estaria o velho Howard falando a verdade ou tudo não seria uma mentira para ele trancafiar ela naquele abrigo? A resposta a essa pergunta o espectador só terá nos últimos minutos de filme. E ela não será tão simples ou convencional como se pode pensar. Assim o roteiro vai explorando à exaustão essa situação, ora dando pistas de que tudo seria loucura do personagem de John Goodman, demonstrando que ele estaria mentindo e de que seria na verdade algum tipo de pervertido ou maníaco, ora mostrando que há sim um fundo de verdade no que ele afirma.

É verdade que muitos não vão gostar do final do filme. Para esses é importante lembrar algumas coisas, entre elas a que esse filme faz parte da franquia Cloverfield. Isso significa que se trata de uma produção Sci-fi, embora isso não fique muito claro nas cenas iniciais do filme. Definitivamente não é um thriller de suspense comum ou nada parecido. No mais o diretor Dan Trachtenberg fez um bom trabalho, principalmente no que diz respeito ao seu elenco. Todos estão muito bem, em especial John Goodman, nunca deixando muito claro quais seriam as reais intenções de seu personagem. Com seu bom trabalho ele faz exatamente o que o roteiro pede, ou seja, deixar o espectador sem saber o que pensar até o último e definitivo momento.

Rua Cloverfield, 10 (10 Cloverfield Lane, Estados Unidos, 2016) Direção: Dan Trachtenberg / Roteiro: Josh Campbell, Matthew Stuecken / Elenco: John Goodman, Mary Elizabeth Winstead, John Gallagher Jr / Sinopse: Jovem mulher, Michelle (Mary Elizabeth Winstead), se vê acorrentada em um tipo de abrigo anti-nuclear após sofrer um acidente na estrada. Lá vive o estranho Howard (John Goodman), um veterano de guerra que diz a ela que o mundo lá fora está destruído, pois provavelmente houve um ataque nuclear ou químico. Eles precisam ficar no abrigo para sobreviver. Estaria Howard falando a verdade ou escondendo tudo para aprisioná-la naquele lugar?

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Fome de Poder

Dois irmãos do interior decidem fugir da pobreza e da falta de emprego onde moram e se mudam para San Bernardino na Califórnia. No começo eles se dão mal em uma série de pequenas empresas que não dão certo. Então decidem abrir uma lanchonete. Um deles resolve inovar no atendimento, criando um sistema rápido, onde o cliente não ficaria muito tempo esperando por seu lanche. A ideia acabou dando certo e eles denominaram seu empreendimento de McDonald's!

Apesar desse começo promissor os dois irmãos não vão muito longe. A lanchonete, embora muito eficiente, não consegue passar de ser uma pequena pequena empresa familiar onde eles tiram seu sustento. Tudo muda porém com a chegada de Ray Kroc (Michael Keaton). Ele é um vendedor de porta em porta que está tendo dificuldades de vender sua máquina de fazer milk shake. Ray fica impressionado com o método de venda dos irmãos McDonald's  e decide se unir a eles, criando uma rede de franquias que se tornaria mundial e elevaria a marca comercial McDonald's ao patamar de ser uma das maiores do mundo dos negócios.

O enredo desse filme, baseado em fatos reais, é extremamente interessante. É uma história que desconhecia. Não sabia, por exemplo, que a rede mundial de fast food McDonald's tinha tido um começo tão modesto. O roteiro então explora essa metamorfose de uma pequena lanchonete de dois irmãos caipiras a uma potência do ramo de alimentação. A figura central nessa jornada de sucesso absoluto no ramo comercial se deveu e muito a um sujeito meio inescrupuloso, ganancioso e muito esperto. O Ray Kroc interpretado por Michael Keaton é um achado, um dos personagens mais interessantes já explorados pelo cinema nesses últimos anos.

É óbvio que em muitos momentos percebemos um certo malabarismo do filme em tentar esconder as canalhices de Kroc, como por exemplo, quando ele começa a passar a perna nos irmãos McDonald's, mas isso se torna secundário diante das próprias qualidades do filme. A história começa a ser contada em 1954, quando Kroc teve um estalo de que poderia ganhar muito dinheiro com aquele sistema de vendas de comida fast food. Aliás essa expressão seria criada por ele. Um tipo de alimentação rápida, barata e gostosa. Claro que também nada saudável, o que criaria nos Estados Unidos (e no mundo) uma geração de pessoas obesas e doentes. Isso porém nem é discutido no roteiro. Para Kroc o que importava era mesmo os negócios e sob esse ponto de vista ele foi certamente um vencedor. Afinal de contas no mundo do capitalismo selvagem americano o que conta realmente são os lucros milionários, acima de tudo!

Fome de Poder (The Founder, Estados Unidos, 2016) Direção: John Lee Hancock / Roteiro: Robert D. Siegel / Elenco: Michael Keaton, Laura Dern, Patrick Wilson, Nick Offerman, John Carroll Lynch / Sinopse: Ray Kroc (Michael Keaton) é um vendedor de máquinas de milk shake que acaba conhecendo a lanchonete McDonald's, um pequeno estabelecimento comercial que vende lanches. De propriedade de dois irmãos do interior, Kroc então tem a excelente ideia de vender franquias daquele comércio, criando assim uma das maiores redes de alimentação de todo o mundo.

Pablo Aluísio.

Sicario: Terra de Ninguém

A fronteira entre Estados Unidos e México é seguramente um dos lugares mais violentos do mundo. É justamente essa rota que os cartéis mexicanos de drogas usam para transportar sua produção para o maior mercado consumidor de entorpecentes do mundo. Pois é, os mexicanos produzem e transportam as drogas, enquanto os americanos as consomem. Regra básica do capitalismo. Enquanto houve consumidor de um produto, haverá um produtor. Nesse campo de batalha trabalha a agente do FBI Kate Macer (Emily Blunt). Após sua equipe estourar uma casa do cartel, onde encontram corpos literalmente enterrados em suas paredes, ela aceita o convite para entrar em uma nova missão.

Esse novo grupo é comandado pelo agente da CIA Matt Graver (Josh Brolin). Ele é um sujeito experiente que sabe com quem está lidando. Por isso seu grupo é bem heterogêneo, contando inclusive com um ex-traficante barra pesada conhecido apenas como Alejandro (Benicio Del Toro). Os traficantes do cartel da fronteira mataram sua família no passado e agora ele está disposto a fazer qualquer coisa por vingança. Esses três personagens formam o trio central desse filme policial dirigido por Denis Villeneuve, novo cineasta que tem chamado bastante a atenção, principalmente por causa de seu último filme, a ficção "A Chegada", um dos melhores do ano passado.

Dizem que todo filme desse estilo precisa ter pelo menos três boas cenas. Requisito cumprido por Sicario. A primeira sequência, quando a equipe de Blunt chega na casa utilizada pelos traficantes é muito boa, com suspense e ação nas doses certas. Outra boa cena vem quando eles entram no México para levar até os Estados Unidos um parente do principal chefão mexicano. Andar naquelas ruas sendo cercados por criminosos é pura adrenalina, por si só. Por fim o filme fecha tudo com uma ótima cena final quando Del Toro finalmente tem a chance de concretizar sua vingança pessoal.

Hoje em dia fala-se muito no fracasso da guerra contra o tráfico. Que tudo deveria ser liberado para que não houvesse mais esse tipo de violência, como a que vemos no filme. Embora essa nova forma de pensar tenha alguns bons argumentos em seu favor, sou completamente contra esse tipo de pensamento. Basta ver como vivem e quais são os limites (ou a falta deles) dos que controlam esse tipo de atividade. Fora o fato de que se tudo fosse liberado a sociedade iria ter que arcar com os custos de ter que lidar com uma geração de zumbis, os próprios viciados. Lembre-se da Cracolândia. Assim embora seja algo nocivo, violento, que gera muitas mortes, a repressão ainda se faz necessária. "Sicario" mostra acima de tudo que nessa guerra nem sempre os lados estão bem delimitados. A guerra contra as drogas porém, ao contrário do que muitos dizem, pode sim ainda ser vencida.

Sicario: Terra de Ninguém (Sicario, Estados Unidos, 2015) Direção: Denis Villeneuve / Roteiro: Taylor Sheridan / Elenco: Emily Blunt, Josh Brolin, Benicio Del Toro / Sinopse: O filme acompanha um grupo de agentes do FBI e da CIA atuando na fronteira entre Estados Unidos e México. A missão deles é colocar atrás das grades o grande chefão do tráfico de drogas na região. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (Roger Deakins), Melhor Música Original (Jóhann Jóhannsson) e Melhor Edição de Som (Alan Robert Murray).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Horizonte Profundo - Desastre no Golfo

Título no Brasil: Horizonte Profundo - Desastre no Golfo
Título Original: Deepwater Horizon
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Summit Entertainment
Direção: Peter Berg
Roteiro: Matthew Michael Carnahan, Matthew Sand
Elenco: Mark Wahlberg, Kurt Russell, John Malkovich, Kate Hudson, Douglas M. Griffin, Ethan Suplee

Sinopse:
Com roteiro baseado em fatos reais, o filme mostra um momento decisivo na vida de Mike Williams (Mark Wahlberg), um homem feliz, bem casado, que adora sua pequena filha de 10 anos. Ele tem um emprego numa estação de extração de petróleo no golfo da Louisiana. Durante um teste padrão algo sai errado e tudo termina em um grande desastre, quando a estação sofre um enorme incêndio.

Comentários:
Esse estilo de filme, chamado pelos americanos de "Disaster Movies" e de "Cinema catástrofe" por nós, brasileiros, é um velho conhecido dos cinéfilos. Muitos deles são baseados em fatos reais, grandes tragédias que marcaram época. Esse é o caso aqui. O filme foi baseado no enorme incêndio que atingiu a estação "Deepwater Horizon". Nessa trama três personagens são bem centrais. O protagonista é um técnico de manutenção, interpretado por  Mark Wahlberg. Esse é o único personagem que é mais bem desenvolvido pelo roteiro, mostrando sua vida familiar, aspectos de sua vida pessoal. O outro é o chefe de segurança Jimmy Harrell (Kurt Russell). Ele é um profissional respeitado, premiado, por ser linha dura na segurança dos lugares onde trabalhou. É o único que bate de frente com a companhia, cujos interesses são defendidos por Mark Vidrine (John Malkovich), um supervisor que quer a estação funcionando à toda, para evitar custos e perda de dinheiro. O problema é que ainda não há certeza sobre a segurança dos equipamentos. Durante um teste de pressão da broca de exploração profunda tudo sai do controle. Depois que o fogo se alastra tudo se resume na busca pela sobrevivência naquele inferno de chamas, que para piorar tudo é localizado em alto-mar. Os efeitos especiais são bons, a produção idem, porém não consegui me empolgar em nenhum momento. Acredito que em termos de dramaticidade e emoção o filme deixe a desejar. Não empolga mesmo. Em muitos momentos soa burocrático. De interessante mesmo apenas as cenas finais quando somos apresentados às pessoas reais, aos sobreviventes. Vale por registrar essa história, mas como puro cinema não chega a emocionar. Falta mesmo emoção nessa obra. Uma pena.

Pablo Aluísio.

A Infância de Um Líder

Título no Brasil: A Infância de Um Líder
Título Original: The Childhood of a Leader
Ano de Produção: 2015
País: França, Inglaterra, Hungria
Estúdio: Bow and Arrow Entertainment
Direção: Brady Corbet
Roteiro: Brady Corbet, Mona Fastvold
Elenco: Tom Sweet, Bérénice Bejo, Liam Cunningham, Stacy Martin, Robert Pattinson, Rebecca Dayan

Sinopse:
O filme acompanha a infância de um garoto, filho de um diplomata americano na França. A I Guerra Mundial acabou e as nações vencedoras impõe uma dura realidade para a Alemanha derrotada no Tratado de Versalhes. A família é disfuncional. O pai do garoto trai sua mãe com sua própria professora de língua francesa. A mãe é uma religiosa fervorosa e o próprio menino é rebelde e indomável.

Comentários:
Um filme interessante que porém não chega a empolgar em nenhum momento. O roteiro se perde em detalhes que tornam o filme longo demais, penoso de assistir. Muitos vão desistir na primeira meia hora. Seguindo uma velha fórmula do cinema europeu, tudo vai se desenvolvendo bem lentamente. Outro aspecto que me incomodou é que a trama não parece ir para lugar nenhum. Claro que vi aqui várias metáforas que sugerem a própria ascensão do nazismo. Afinal a história se passa logo após o fim da I Guerra Mundial quando os aliados impuseram uma série de medidas massacrantes contra a Alemanha e o povo alemão. Isso criou um ressentimento que depois levou ao poder Adolf Hitler e o Partido Nazista. Essa premissa não fica totalmente clara, tudo é mais sugerido, apelando para uma certa inteligência histórica por parte do espectador, porém no geral o que temos é isso mesmo: uma metáfora, um enredo cifrado que procura demonstrar as razões de ascensão de um líder ditatorial. Por fim uma advertência para as fãs de Robert Pattinson. Ele aparece pouco, em breves momentos. Sua interpretação e importância são praticamente nulas, a não ser no clímax quando ele finalmente assume uma maior relevância. Porém nem todos vão pegar o que aquela cena significa. Como eu escrevi, será necessário ao espectador ter esse background histórico cultural para pegar todas as nuances do roteiro. Sem isso o filme só vai parecer mesmo apenas um drama insosso sobre um garotinho chato.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Sete Minutos Depois da Meia-Noite

Dos filmes mais recentes que assisti esse foi seguramente um dos que mais me impressionaram. A história central é até básica. Um garotinho chamado Conor (Lewis MacDougall) está passando por uma das piores fases de sua vida. Na escola ele é mais uma vítima do bullying violento, apanhando praticamente todos os dias de outros alunos. Em casa a situação não é melhor. Sua mãe está morrendo de câncer e os tratamentos não parecem surtir qualquer efeito em sua melhora. Sua única saída é a imaginação. Conor começa a imaginar um personagem de fantasia, uma criatura que durante o dia é uma árvore e durante a noite o procura para contar histórias.

Essa criatura de realismo fantástico é seguramente uma das melhores coisas do filme. Com voz de Liam Neeson, esse ser absolutamente fora do normal, vai através de seus enredos de contos de fada passar ao garoto preciosas lições de vida. Toda fábula tem um significado que pode ser usado na própria vida do garoto Conor. Desde o conto de uma rainha má que matou a esposa do jovem príncipe herdeiro, até uma pequena estorinha de um boticário que passa a ser perseguido por um pastor fanático em uma aldeia medieval. No final tudo se encaixará perfeitamente, em plena harmonia.

Embora pareça um filme feito para o público infantil o fato é que sua mensagem não é nada pueril. O roteiro explora a situação de alguém que está passando pelos sentimentos de se perder um ente querido. No caso do personagem principal do filme temos o garoto que está prestes a ir morar com sua avó, pois sua mãe vive seus últimos dias. Ela está morrendo. Assim temos duas realidades no filme passando ao mesmo tempo. Numa delas somos apresentados à vida real do garoto, com todos os dramas e tristezas. Na outra, sem aviso prévio, entramos na mente criativa do menino, com seres mágicos, sábios e de fantasia. É tudo tão bem realizado, delicadamente harmonizado, que ao final do filme não podemos ficar menos do que encantados com o que vimos. Sim, há muita melancolia envolvida nesse filme, porém um tipo de melancolia boa, que nos faz crescer e pensar em nós mesmos. No fundo é uma grande lição sobre a vida em forma de cinema.

Sete Minutos Depois da Meia-Noite (A Monster Calls, Estados Unidos, Espanha, Inglaterra, 2016) Direção: J.A. Bayona / Roteiro: Patrick Ness / Elenco: Lewis MacDougall, Sigourney Weaver, Liam Neeson, Felicity Jones  / Sinopse: Garoto decide buscar por ajuda em sua própria imaginação. Com a mãe morrendo de câncer e sofrendo no colégio nas mãos de alunos mais velhos (e violentos) ele procura por cumplicidade com uma estranha criatura em forma de árvore, que vem lhe fazer visitas, contando contos de fadas e estórias de fantasia. Filme premiado pelo Goya Awards nas categorias de Melhor Fotografia (Oscar Faura), Melhor Direção (J.A. Bayona), Melhor Design de produção (Eugenio Caballero) e Melhores Efeitos Especiais (Paul Costa e Félix Bergés).

Pablo Aluísio.

O Dia do Atentado

Inicialmente não estava com muita vontade de assistir a esse filme. Como muitas pessoas que acompanharam os fatos na época do atentado em Boston, fiquei com a sensação de que o assunto já estava saturado. Foi algo marcante, mas assistir a um filme sobre isso não me animava muito. Porém como o filme estreou no Brasil nessa semana resolvi dar um voto de confiança ao diretor Peter Berg e ao ator Mark Wahlberg e resolvi conferir o filme. Olha, devo dizer que fui completamente surpreendido (mais uma vez!). O filme é muito bom, diria até mesmo excelente.

Sem perder tempo com bobagens o roteiro vai direto ao ponto. Em poucos minutos somos apresentados ao protagonista, o oficial da polícia de Boston Tommy Saunders (Mark Wahlberg) e em trinta minutos as cartas já estão na mesa. O atentado é cometido na maratona de Boston e começam as investigações para descobrir quem seria o autor daquele crime terrível. É a tal coisa, nem considero esse tipo de informação como spoiler porque os eventos reais são amplamente conhecidos pelo público. A não ser que você more na Coreia do Norte certamente sabe do que se trata a história do filme e como se deu seus principais desdobramentos - diria até mesmo seu final, como tudo acaba. É algo notório.

Isso porém passa longe de ser o mais importante aqui. O que realmente importa é a preciosa direção do cineasta Peter Berg que deu um dinamismo acima da média ao filme. Embora tenha mais de duas horas de duração, esse é aquele tipo de filme que você nem percebe que o tempo está passando. O elenco também está muito bem escolhido. Mark Wahlberg vem crescendo bastante na carreira. De astro chocho e sem graça ele vem conquistando cada vez mais espaço com bons filmes. Ele parece saber muito bem onde atuar. Suas escolhas andam certeiras nesse aspecto. Kevin Bacon, como o agente do FBI, também acertou em cheio. Ele tem uma participação bem pontual, mas igualmente importante.

E por falar em pequenas, mas preciosas atuações, o que podemos dizer do sargento interpretado por  J.K. Simmons? Ele começa surgindo apenas em pequenos momentos até entrar pra valer na cena que considero a melhor de todo o filme, quando a polícia de Boston encurrala o carro dos terroristas numa rua residencial suburbana da cidade. Excelente sequência, com trocas de tiros face a face! Enfim, falar mais seria estragar surpresas. Tudo o que você precisa saber mesmo no final é que "O Dia do Atentado" é um dos melhores filmes de 2017. Muito, muito bom!

O Dia do Atentado (Patriots Day, Estados Unidos, 2016) Direção: Peter Berg / Roteiro: Peter Berg, Matt Cook / Elenco: Mark Wahlberg, Kevin Bacon,  John Godman, J.K. Simmons, Michelle Monaghan/ Sinopse: Oficial do Departamento de Polícia de Boston é designado para participar da segurança da maratona anual da cidade. Inicialmente ele fica bem contrariado de ter que trabalhar naquele dia, em um serviço que ele considera de rotina. Tudo muda dramaticamente quando um atentado é cometido bem na linha de chegada da maratona, levando Boston a entrar em um situação de segurança nacional contra atentados terroristas. Filme baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de maio de 2017

The Beatles - Eight Days a Week

Título no Brasil: The Beatles - Eight Days a Week
Título Original: The Beatles - Eight Days a Week
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Apple Corps
Direção: Ron Howard
Roteiro: Mark Monroe, P.G. Morgan
Elenco: Paul McCartney, Ringo Starr, John Lennon, George Harrison, George Martin, Larry Kane
  
Sinopse:
"The Beatles: Eight Days a Week - The Touring Years" é um documentário que resgata as primeiras turnês dos Beatles nos Estados Unidos. Após um começo de carreira modesto, tocando em pequenos clubes e bares da Inglaterra e Alemanha, os Beatles se tornam uma sensação do mundo da música com álbuns e singles de sucesso. Após atingir o primeiro lugar nas paradas americanas com a música "I Want to Hold Your Hand" eles decidem viajar para a América, para sua primeira turnê de sucesso. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Documentário.

Comentários:
Não há nada de muito surpreendente nesse novo documentário sobre os Beatles. A história da Beatlemania já foi contada inúmeras vezes no cinema e na TV. As imagens de histeria, seus primeiros concertos nas cidades americanas, a apresentação no Ed Sullivan Show. Tudo já foi visto e revisto. A única novidade mais interessante vem de novos depoimentos de Paul McCartney e Ringo Starr. Como esse documentário foi produzido pela Apple Corps (a empresa que pertence aos próprios Beatles), temos as músicas e tudo o mais relacionado ao grupo, sem restrições de direitos autorais. Paul se mostra o mais presente, esclarecendo algumas questões e parecendo se divertir bastante em relembrar de tudo o que aconteceu. Imagens do passado de John e George completam o quadro informativo. O diretor Ron Howard preferiu focar nos concertos, indo do começo da Beatlemania até a gravação do disco "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" quando os Beatles decidiram parar de fazer turnês. Os álbuns são mostrados de forma bem didática, inclusive com informações bem interessantes como o tempo em que ficaram no primeiro lugar das paradas. Depois de "Sgt. Pepper´s" o diretor faz pequenas referências sobre o resto da discografia e o que aconteceu com a banda. Nada sobre as brigas e atritos entre eles é explorado. Tudo é jogado para debaixo do tapete. É um documentário feito por fãs e para fãs. Curiosamente a cena final explora o "último concerto dos Beatles", na verdade um show improvisado nos telhados da Apple. Como escrevi, para o fã mais antigo dos Beatles não há grandes novidades. Já para as novas gerações o filme poderá funcionar como um resgate histórico sobre o passado dos Beatles e seu impacto na cultura pop mundial. Não deixa assim de ter o seu valor.

Pablo Aluísio.

Chet Baker: A Lenda do Jazz

Chet Baker foi um dos grandes músicos da história do jazz. Ele marcou época em um tempo onde só havia gênios atuando nesse estilo musical como Miles Davis e Dizzy Gillespie. O roteiro desse filme "Born to Be Blue" porém não se ocupa dos anos de glória de Chet Baker, mas sim de seus anos de queda. Após um início promissor no mundo da música, com muitos discos de sucesso, tanto do ponto de vista comercial como de crítica, Chet começou a decair. Seu talento não havia desaparecido, ele apenas estava viciado em heroína.

A partir da perda do controle de seus problemas com drogas ele começou a sofrer reveses sucessivos, tanto na vida profissional como pessoal. Sua mulher o abandonou, a gravadora rescindiu seu contrato e uma surra dada por traficantes acabou quebrando todos os seus dentes. Para quem era trompetista a perda dos dentes representou um problema e tanto. Em pouco tempo ele estava praticamente acabado.

O filme começa quando Chet saiu da prisão. Um produtor de Hollywood pagou sua fiança para que ele estrelasse um filme sobre sua vida pessoal. Chet iria interpretar ele mesmo. A produção não deu certo e assim o músico precisou reencontrar o caminho do sucesso e do respeito. O roteiro do filme mostra apenas uma pequena parte da vida do músico, justamente aquela em que ele tenta se reerguer na vida. Arruinado financeiramente, sem trabalho, ele busca pela última chance em sua vida. Há uma luta interna para não voltar para as drogas e a humilhação de ter que tocar em pequenos bares para sobreviver. Um momento particularmente difícil em sua trajetória.

O ator Ethan Hawke se sai muito bem em sua interpretação de Chet Baker. Esse ator sempre teve uma característica bem interessante, a de passar uma certa vulnerabilidade, até mesmo uma fraqueza física e psicológica em todos os personagens que interpretou. Algo que foi mais do que adequado para esssa atuação. Seu Chet é um ídolo caído, um sujeito que já foi grande, mas que agora beija a sarjeta. Seus maneirismos, as humilhações que teve que passar, tudo é muito bem desenvolvido por Hawke. Ele só não conseguiu ser tão boa pinta como o verdadeiro Chet Baker (que lembrava até mesmo um Elvis Presley do mundo do jazz). Não tem problema, esse filme é realmente muito bom para resgatar a trágica história desse músico que foi do céu ao inferno em sua arte.

Chet Baker: A Lenda do Jazz (Born to Be Blue, Estados Unidos, 2015) Direção: Robert Budreau / Roteiro: Robert Budreau / Elenco: Ethan Hawke, Carmen Ejogo, Callum Keith Rennie / Sinopse: O filme narra parte da vida do músico de jazz Chet Baker, desde o momento de sua queda na carreira e na vida pessoal causada pelo vício em heroína, até suas tentativas de voltar ao topo no mundo da música.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

A Descoberta

A premissa desse filme até que é muito boa. O cientista interpretado por Robert Redford consegue provar que realmente há vida após a morte. Sua descoberta, que deveria ser um grande acontecimento científico, logo gera efeitos colaterais imprevistos, como o aumento o número de suicídios por todo o mundo. Vendo a repercussão negativa, o Dr. Thomas (Redford) não se intimida. Ele aluga uma velha instituição e lá monta seu QG. Seu novo objetivo é descobrir para onde vai a consciência das pessoas mortas.

Enredo interessante, boa premissa, tudo bem. O problema é que o filme não desenvolve bem sua estória. Tudo é desperdiçado. O roteiro não explica em detalhes como o cientista chegou na prova de que haveria vida após a morte. Um diálogo bem genérico é dito, envolvendo partículas subatômicas, mas tudo fica por aí. Essa ligação entre a descoberta científica da existência de vida após a morte e suicídios também me pareceu uma tolice, não muito bem explicada. Algo gratuito e forçado, até porque não se sustenta por muito tempo.

A razão que me levou a assistir esse filme foi a presença do ator Robert Redford. Ele aliás é uma das poucas coisas que se salvam nessa produção equivocada. Sua magnífica presença está lá, toda a dignidade de um grande ator de tantos clássicos do cinema também, mas seu personagem, que poderia render muito, acaba sendo apenas vazio. Os roteiristas colocaram um romance entre o filho do cientista e uma garota suicida, mas isso não faz muita diferença. Também não salva o filme a reviravolta final, que tenta impressionar pela originalidade, mas que falha do mesmo modo. Há momentos que lembram filmes B de ficção dos anos 50, como o nada convincente aparelho de gravação de memórias! Enfim, achei bem decepcionante.

A Descoberta (The Discovery, Estados Unidos, 2017) Direção: Charlie McDowell / Roteiro: Justin Lader, Charlie McDowell / Elenco: Robert Redford, Mary Steenburgen, Brian McCarthy / Sinopse: Cientista renomado (Redford) consegue provar que a consciência sobrevive à morte, ou seja, que há ainda vida após a morte do corpo físico. A descoberta gera uma série de reações dentro da sociedade. O autor da façanha científica porém não se intimida, desejando ir além em suas descobertas sobre o tema.

Pablo Aluísio.

Uma Jornada Para Toda a Vida

Esse filme é baseado na história real da australiana Robyn Davidson. Na década de 1970 ela decidiu que iria atravessar o deserto da Austrália (um dos ambientes naturais mais hostis do planeta) em direção à costa banhada pelo oceano Índico (no oeste do país). Um objetivo e tanto, principalmente pelo desafio de percorrer mais de 1700 milhas sozinha, ao lado de quatro camelos e um cachorro. Ela era jovem, tinha problemas emocionais a superar e seu desafio acabou chamando a atenção da revista National Geographic.

Sua aventura deu origem a um livro chamado "Tracks" (Trilhas) onde a autora contou tudo o que passou nessa jornada. O roteiro desse filme é baseado justamente nesse livro, que se tornou best-seller na Austrália. A protagonista é interpretada pela atriz Mia Wasikowska, aqui deixando todo o glamour de lado para dar vida a uma mulher dura, de firmeza inabalável. Foi no mínimo curioso ver Mia longe do visual que ela sempre usou para outros filmes. Ao invés de belos vestidos e figurino fashion, ela surge na mais pura simplicidade. Suja de areia, com os pés enfiados numa sandália surrada e muito queimada do sol, Mia parece outra pessoa. Quem a conhece de "Alice" ou "Madame Bovary" não vai reconhecê-la.

Filmes como esse são bem instrutivos, diria até mesmo educacionais. Ao longo de sua história você vai descobrir informações sobre a Austrália que poucas pessoas conhecem. Por exemplo, você sabia que os desertos australianos possuem o maior número de camelos selvagens do planeta? Superam em número até mesmo o Oriente Médio! Esses animais não são naturais da Austrália, eles foram levados para lá no século XVII por uma expedição, depois soltos no meio ambiente. O curioso é que o animal se deu muito bem naquelas pastagens e não apenas se firmou como progrediu no meio dos desertos sem fim. Outra informação bem curiosa é saber que os cangurus são vistos pelos australianos como um apetitoso prato culinário! Os animais inclusive servem de comida para a protagonista durante sua jornada. Então é isso, um bom filme, muito bem realizado, com uma série de informações curiosas sobre as terras desertas da distante Austrália.

Uma Jornada Para Toda a Vida / Trilhas (Tracks, Austrália, 2013) Direção: John Curran / Roteiro: Marion Nelson, baseado no livro escrito por Robyn Davidson/ Elenco: Mia Wasikowska, Adam Driver, Lily Pearl / Sinopse: Jovem australiana desiludida com sua própria vida, enfrentando problemas emocionais, decide partir para uma aventura inédita: atravessar o deserto australiano em direção às belas praias da costa oeste banhada pelo Oceano Índico. Filme vencedor do Australian Cinematographers Society na categoria de Melhor Fotografia (Mandy Walker). Indicado ao Australian Film Critics Association Awards nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Mia Wasikowska) e Melhor Fotografia.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Shameless - Sexta Temporada

Shameless 6.01 - I Only Miss Her When I'm Breathing
"Shameless" foi longe. Esse é o primeiro episódio da sexta temporada. Além dos roteiros divertidos a série se sustenta por causa do bom elenco, com destaque para o veterano William H. Macy que simplesmente arrasa como Frank Gallagher. Ele aliás é um dos pilares desse episódio. Como se viu na temporada anterior Frank acabou tendo um caso de amor louco com uma doutora que durante toda a sua vida foi certinha, correta, etc. Quando foi diagnosticada com um câncer terminal resolveu fazer tudo o que nunca havia feito na vida, caindo numa cirando de loucuras e excessos de todos os tipos. E poderia haver melhor companhia do que Frank para curtir uma vida louca dessas?! Pois bem, nessa nova temporada ela está morta. Frank, desolado, resolve repetir a dose, indo atrás de mulheres desesperadas como ela. O alvo não poderia ser outro a não ser a ala de câncer do maior hospital da cidade! Se você acha que isso é ir longe demais, o que dizer da busca de Frank por um sentido na vida? Ele passa a frequentar as mais diferentes religiões que encontra pela frente, o que rende divertidas gags de poucos segundos que valem pelo episódio inteiro. O humor de Shameless vem do absurdo, da falta de senso, do humor negro, muitas vezes. O episódio, como era de se esperar, procura desenvolver todos os personagens da família Gallagher, porém nenhum deles consegue superar Frank. Ótima diversão à vista, desde que você não fique chocado com a proposta ousada dos roteiros da série. / Shameless 6.01 - I Only Miss Her When I'm Breathing (EUA, 2016) Direção: Christopher Chulack / Roteiro:  John Wells, Paul Abbott  / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White.

Shameless 6.03 - The F Word
Como gostam de dizer os nordestinos essa série é danada de boa. Porém ela também é sequencial, o que significa dizer que para que você queira acompanhá-la terá que começar lá atrás, da primeira temporada (atualmente a série foi renovada nos Estados Unidos para a sua sétima temporada!). É um longo caminho, com muitos episódios. Nesse aqui Fiona (Emmy Rossum) descobre que está grávida! Pior do que isso, ela nem pode afirmar com certeza quem seria o pai pois manteve um relacionamento com dois homens ao mesmo tempo! Seu marido e o dono do bar onde trabalha são os prováveis pais da criança. Embora não exista bolsa família nos Estados Unidos, as famílias pobres, sem recursos, sempre podem conta com o serviço social. E é justamente nisso que Frank (William H. Macy) aposta. Acontece que sua outra filha adolescente, Debbie (Emma Kenney), também está grávida de seu namorado. Ela é menor de idade, ainda no período escolar e Frank sabe que situações como essa garantem uma grana extra vinda do serviço social do governo federal. "Dinheiro fácil" no seu modo de pensar! Cara de pau demais para você? Pois é, se não fosse assim a série certamente não se chamaria Shameless (em bom português, "sem vergonha", "desavergonhado", etc). Por fim na outra linha narrativa cria-se uma tensão entre Lip (Jeremy Allen White) e seu irmão Ian (Cameron Monaghan). Enquanto um está na universidade de Chicago estudando, o outro começa a trabalhar no mesmo lugar como faxineiro! A situação não demora a criar uma situação bem delicada entre eles. / Shameless 6.03 - The F Word (EUA, 2016) Direção: Nisha Ganatra / Roteiro:  John Wells, Paul Abbott / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White.

Shameless 6.04 - Going Once, Going Twice
Frank (William H. Macy) arranja um emprego de babá para sua filha. Ela vai trabalhar para um casal em que a esposa está com um câncer terminal. Frank quer que Debbie (Emma Kenney) seduza o marido, afinal o sujeito vive bem, tem uma bela casa, um emprego e em breve estará viúvo. Acha que Frank foi longe demais? Bom, nada mais do que mais um dia normal na vida da família Gallagher. Enquanto isso Fiona (Emmy Rossum) tenta salvar sua própria casa de ir a leilão em Chicago. Afinal de contas se ela for vendida todos vão parar no meio da rua. A casa é velha, caindo aos pedaços, mas é o lar dos Gallagher. Ela até tenta dar o lance vencedor, mas não consegue. O antigo bairro passa por uma valorização e os terrenos por lá começam a valer pequenas fortunas. Pelo visto cada um terá que se virar. Para piorar Fiona descobre mais um aspecto negativo de seu novo namorado, o dono da lanchonete onde ela trabalha. Há semanas ela sabe que ele luta contra um vício em drogas pesadas como heroína e agora descobre que ele também já cumpriu pena por matar um homem no passado. A barra certamente vai pesar um pouco mais para o casal. Não muito preocupado com isso, Ian (Cameron Monaghan) vai atrás de seu novo crush, um bombeiro negro que faz parte do primeiro batalhão exclusivamente gay do corpo de bombeiros de Chicago. Pelo visto os tempos são outros realmente, tempos modernos. E como nenhum relacionamento é muito normal para essa família, Lip (Jeremy Allen White) continua seu caso amoroso com sua professora na universidade. Ela é casada, mas como está em um casamento aberto onde seu marido sabe de tudo, chega até a receber Lip em sua casa para ele transar com sua esposa em seu próprio quarto. Pois é... Tempos modernos 2... / Shameless 6.04 - Going Once, Going Twice (EUA, 2016) Direção: Christopher Chulack / Roteiro: John Wells, Paul Abbott/ Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White.

Shameless 6.05 - Refugees
Com a venda da casa da família Gallagher todo mundo acaba indo para o olho da rua. Além de "Shameless" (sem vergonhas) eles viram também "Homeless" (sem tetos). Pois é, tempos duros. Fiona (Emmy Rossum) vai morar com seu namorado, o dono da lanchonete onde ela trabalha. Carl (Ethan Cutkosky) decide que vai comprar um apartamento com o dinheiro do tráfico de armas e drogas que ganha. Por ser universitário Lip (Jeremy Allen White) acaba se safando pois mora na própria universidade, em um dormitório estudantil. Para não deixar o irmão na rua ele chama Ian (Cameron Monaghan) para se alojar com ele. Frank (William H. Macy) e Debbie (Emma Kenney) apostam todas as suas fichas na casa da família onde ela agora trabalha como babá. Outro fato marcante desse episódio vem com a vingança pornô da ex-namorada de Lip. Em um descuido ele a deixa em seu quarto sozinha. Ela fuça seu pc e descobre fotos da namorada dele (a professora) dando mole. Não demora muito e ela espalha a imagem para todos os computadores da universidade, usando a internet para isso. Escândalo total. É isso, "Shameless" é bem divertida. Uma boa série para se assistir nos momentos de ócio. / Shameless 6.05 - Refugees (EUA, 2016) Direção: Wendey Stanzler / Roteiro: John Wells, Paul Abbott / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White.

Shameless 6.09 - A Yurt of One's Own
Frank e Deborah vão parar em uma comunidade hippie bem no meio da floresta. O lugar é rústico, com amor livre, drogas e tendas para suportar o frio dos arredores de Chicago. Pior do que isso - Frank precisará trabalhar para garantir sua comida. O que ele nem desconfia é que por trás do papo new age há uma plantação de papoula (usada para a fabricação do ópio) bem debaixo da pequena aldeia hippie. Já Lip enche tanto a cara na festa da fraternidade onde trabalha que vai parar no hospital. Pois acontece com Ian, quando chamado por Mandy descobre duas coisas absurdas: a primeira é que ela trabalha como prostituta, a segunda que tem um cliente morto no quarto onde ela teria ido para mais um programa. Por fim Fiona tenta se divorciar, mas seu marido (aquele músico fracassado) cria problemas em cima de problemas. E ela, quem diria, só quer mesmo manter seu relacionamento sério com o dono da lanchonete onde trabalha. Enfim, nada de novo na caótica rotina da família Gallagher. / Shameless 6.09 - A Yurt of One's Own (Estados Unidos, 2016) Direção: Ruben Garcia / Roteiro: John Wells, Paul Abbott / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White.

Shameless 6.10 - Paradise Lost
Debbie está para ter sua filha, só que ela se encontra naquela comunidade de hippies malucos. Eles querem que seu parto seja feito lá mesmo, em uma banheira imunda. Pior do que isso, a parteira é uma senhora, já bem avançada na idade, cujo último parto que realizou foi na década de 70! Desesperada, com fortes dores, Debbie faz o que qualquer mulher sensata faria - dá no pé e volta para sua casa em Chicago, onde acaba tendo a criança na sala, em meio ao desespero de sua família. Um dia normal na caótica existência dos Gallaghers. Quem não queria ir embora do lugar onde vive os hippies era justamente Frank, ainda mais agora que estava tendo sexo fácil com as mulheres do lugar. Aliás as confusões envolvendo Frank não param por aí. Pego por traficantes ele acaba contando para eles que lá na comunidade dos bichos grilos há uma plantação de papoula - a base da droga chamado ópio. Claro que tudo termina sob uma chuva de balas. Já Lip Gallagher tenta se manter na universidade. Ele está sob investigação da reitoria após se embebedar, dando um vexame público na festa da fraternidade feminina onde trabalha. O cara chega ao ponto de fazer xixi na frente de todo mundo e até na diretora do campus! No outro dia acorda sem lembrar de nada em um hospital. Por fim há Ian. Ele encontrou um novo objetivo na vida, quer ser bombeiro e precisa fazer um teste para entrar. Ele está tendo um caso com um bombeiro negro (que é HIV positivo!) e se prepara para dar uma guinada na vida. Na hora de responder o formulário de admissão acaba escondendo uma informação importante: a de que ele já teve problemas psicológicos! Mais problemas certamente estão por vir. / Shameless 6.10 - Paradise Lost (Estados Unidos, 2016) Direção: Lynn Shelton / Roteiro:  John Wells, Paul Abbott / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White.

Shameless 6.11 - Sleep No More
Por fim conferi mais um episódio de "Shameless". Eu curto bastante essa série por causa de seu humor negro politicamente incorreto. Já estou chegando no final de sexta temporada. Aqui nesse penúltimo episódio da temporada (Sleep No More) encontramos Frank aprontando de novo. Ele quer pagar tudo no casamento de Fiona, mas ninguém sabe de onde vem o dinheiro. Como se trata de Frank é sempre bom manter um pé atrás. Pior é que ele acaba saindo no braço com o noivo da filha, entrando em um quebra pau daqueles. Embora apanhe muito Frank decide que não vai deixar barato e contrata um assassino profissional para matar o noivo de Fiona antes do casamento! Já Ian quer uma nova chance na vida. Ele pretende entrar no corpo de paramédicos dos bombeiros, mas sua superiora descobre que ele tem problemas de bipolaridade! Não será algo fácil de superar. Melhor se sai Kevin, o dono do bar, que agora tem além da esposa em sua cama, a russa que vive ilegalmente nos Estados Unidos. Tudo para que ela não seja pega pela imigração. Nada mal, nenhum homem realmente iria reclamar de algo assim. / Shameless 6.11 - Sleep No More (Estados Unidos, 2016) Direção: Anthony Hemingway / Roteiro:  John Wells, Paul Abbott / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White / Data de exibição nos Estados Unidos: 27 de março de 2016.

Shameless 6.12 - Familia Supra Gallegorious Omnia! 
Melhor se sai a divertida "Shameless". Conferi nesse fim de semana o fim da sexta temporada. Foram doze episódios que se não inovaram muito, pelo menos mantiveram o padrão da série, que é muito boa. Esse último episódio se intitula Familia Supra Gallegorious Omnia! Como era de se esperar Frank arrasa com o casamento de Fiona. Ele aparece na Igreja meio bêbado, drogado (ou as duas coisa juntas) e transforma tudo em um grande fiasco. Acaba revelando a Fiona que seu futuro marido é um mentiroso. Ele vinha dizendo que havia superado seu vício em heroína, mas Frank achou todas as seringas dentro da gaveta de seu armário. A notícia deixa Fiona devastada. Ela não quer se casar com alguém com esse tipo de problema. Outro que enfrenta problemas (só que com bebidas) é Lip. Depois de quase bater em seu professor na universidade ele decide entrar para um programa de reabilitação. Afinal nunca é tarde para recomeçar. Por fim Ian Gallagher (Cameron Monaghan) tenta se manter no emprego de paramédico do corpo de bombeiros, mesmo após sua superior descobrir que ele tem um histórico de bipolaridade, algo que herdou de sua mãe, uma mulher com muitos problemas psiquiátricos. / Shameless 6.12 - Familia Supra Gallegorious Omnia!  (Estados Unidos, 2016) Direção: Christopher Chulack / Roteiro: John Wells, Paul Abbott / Elenco: William H. Macy, Emmy Rossum, Jeremy Allen White / Data de exibição nos Estados Unidos: 3 de abril de 2016.

Pablo Aluísio.