domingo, 22 de janeiro de 2017

Sozinho em Berlim

Título no Brasil: Sozinho em Berlim
Título Original: Alone in Berlin
Ano de Produção: 2016
País: Inglaterra, França, Alemanha
Estúdio: IFC Films
Direção: Vincent Perez
Roteiro: Achim von Borries, Vincent Perez
Elenco: Emma Thompson, Daniel Brühl, Brendan Gleeson, Mikael Persbrandt
  
Sinopse:
Baseado numa história real o filme conta o que aconteceu com o casal alemão Quangel em Berlim durante a II Guerra Mundial. No campo de batalha morre o único filho de     
Otto (Brendan Gleeson) e Anna Quangel (Emma Thompson). Eles ficam devastados quando recebem a notícia. E o mais doloroso de tudo é saber que o jovem morreu por causa de uma ideologia mentirosa e falsa, que estava enganando todo o povo da Alemanha. Como eles poderiam resistir ao Nazismo naquele momento tão conturbado? Eles resolvem então espalhar por toda a cidade cartões com mensagens contra o regime. Uma oposição feita nas sombras e com coragem.

Comentários:
Esse filme foi indicado ao Urso de Ouro no último Berlin International Film Festival. É uma história muito interessante, mas pouco conhecida, de um casal que procurou resistir ao Nazismo dentro da própria Alemanha, diante de um dos regimes mais duros e opressivos que já se conheceu. Após o filho morrer servindo ao III Reich, marido e esposa resolvem distribuir cartões de oposição ao Nazismo pelas ruas, prédios e casas. Tudo feito de maneira sutil e nas sombras. Não havia imprensa livre e era impossível criticar os absurdos do regime de Hitler. Qualquer manifestação contrária ao seu regime era considerado um crime de alta traição punido com a morte. Assim Otto e sua mulher Anna fazem o que era possível diante daquele sistema. Eles escrevem pequenos cartões com mensagens contra Hitler e o Nazismo. Depois os distribuíam em lugares públicos, sem que ninguém os vissem. Os cartões obviamente logo chegaram nas mãos das autoridades e assim começa imediatamente uma verdadeira caça aos subversivos ao pensamento nazista. O filme se desenrola durante esse período. Otto, um trabalhador comum, um homem do povo, lutando com as armas que tinha em mãos contra a dominação brutal de Hitler e seus seguidores.

Essa história tem nuances bem importantes, que mostra nitidamente a importância de certos valores democráticos como a livre imprensa, o direito de opinião e a necessária existência de uma oposição política. Nada disso existia durante o regime nazista alemão, demonstrando o quanto pode ser desastroso um sistema onde não existem barreiras democráticas para barrar os abusos e ilegalidades dos que estão no poder. Outro aspecto interessante é desvendar como mesmo dentro das entranhas do poder nazista havia arbitrariedades, como no caso mostrado no filme de um investigador policial inteligente e profissional que era completamente subjugado pelos violentos membros da famigerada SS. A estupidez se impondo pela força contra a inteligência e a racionalidade dedutiva do trabalho de investigação. Outro ponto importante desse filme é demonstrar que havia sim um pensamento de oposição dentro da própria sociedade alemã, mesmo que ele fosse violentamente suprimido pela truculência nazista. Em suma, um bom filme que resgata mais uma história de coragem durante a Guerra. Uma história aliás que deveria ser bem mais conhecida nos dias de hoje.

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de janeiro de 2017

Segredos de um Crime

Título no Brasil: Segredos de um Crime
Título Original: Shadow of Doubt
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Largo Entertainment
Direção: Randal Kleiser
Roteiro: Myra Byanka, Raymond De Felitta
Elenco: Melanie Griffith, Tom Berenger, Craig Sheffer, James Morrison
  
Sinopse:
Após a morte brutal da filha de um bem sucedido homem de negócios, o rapper Bobby Medina é preso, acusado do crime. Com um histórico de envolvimento com drogas e violência ele se torna o principal suspeito do assassinato. A advogada Kitt Devereux (Melanie Griffith) é então enviada para atuar na sua defesa perante o tribunal. Ela desconfia que tudo não passa de uma grande conspiração para a prisão do acusado. O que se busca é efetivamente livrar o verdadeiro assassino da prisão.

Comentários:
Um bom filme de tribunal que hoje em dia segue pouco lembrado. Ok, muitos jamais vão conseguir engolir a estrela Melanie Griffith como uma advogada astuta e inteligente. A atriz nunca foi por essa linha em sua carreira. Suas personagens sempre foram bem diferentes disso. O curioso porém é que ela acaba convencendo, principalmente por causa do roteiro que é bem estruturado e não deixa falhas e nem pontas soltas em seu enredo. Tom Berenger também é outro bom motivo para se rever essa produção. Sempre admirei seu trabalho como ator, desde os tempos de "Platoon". Ele nunca chegou a se tornar um astro de primeira grandeza em Hollywood, isso é verdade, mas tampouco deixou de atuar em bons filmes como esse. Outro fato que contas pontos em favor de "Shadow of Doubt" é a própria trama de mistérios que envolve o crime. Em uma só linha de investigação você encontrará todos os tipos de conspirações, envolvendo até mesmo uma candidatura à presidente dos Estados Unidos. Para quem gosta desse tipo de filme, com muitas reviravoltas na história, é um prato cheio. Assista e tente seguir o fio da meada, descobrindo antes a identidade do verdadeiro assassino.

Pablo Aluísio.

Shakespeare Apaixonado

Título no Brasil: Shakespeare Apaixonado
Título Original: Shakespeare in Love
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: John Madden
Roteiro: Marc Norman, Tom Stoppard
Elenco: Gwyneth Paltrow, Joseph Fiennes, Geoffrey Rush, Tom Wilkinson, Judi Dench
  
Sinopse:
William Shakespeare (Joseph Fiennes) é um jovem escritor, ainda em busca de seu próprio espaço, que se apaixona pela linda e perfeita Viola De Lesseps (Gwyneth Paltrow) que passa a ser sua musa, fonte de inspiração para sua obra e arte. Completamente apaixonado ele vai finalmente entender que sua paixão simplesmente não basta para transformar seus sentimentos em uma bela história de amor.

Comentários:
Sempre achei muito superestimado esse filme. Em seu ano ele levou todos os grandes prêmios da Academia, inclusive melhor filme, melhor atriz (Gwyneth Paltrow), atriz coadjuvante (Judi Dench), roteiro, direção de arte, figurinos, etc... Um exagero! Quando o filme recebeu essa tonelada de prêmios cheguei a me animar e fui ao cinema conferir - imaginem a decepção! O que encontrei foi um filme pop, falsamente histórico, com um enredo piegas e meloso demais para se levar à sério. Pior do que isso, o filme falha miseravelmente onde não poderia falhar, pois a química entre Gwyneth Paltrow e Joseph Fiennes não existe, é zero! Como um romance pode se sustentar se o espectador não consegue se convencer que os personagens estão efetivamente apaixonados e enamorados, vivendo o amor de suas vidas? Absurdo! Aliás devo dizer que a atriz Gwyneth Paltrow sempre fracassou nesse tipo de papel. Ela tem uma personalidade fria, sem muito calor humano. Sua personagem, que deveria ser pura paixão, acaba sendo apenas pura frieza, com isso tudo desmorona. Claro que há uma bela produção desfilando em cena, com figurinos, reconstituição de época e tudo mais. Em termos de luxo nada falta - porém só isso não faz um grande filme. Tem que ter alma, paixão, romance... coisas que "Shakespeare in Love" definitivamente não tem para passar ao público.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Temporada de Caça

Título no Brasil: Temporada de Caça
Título Original: Affliction
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Largo Entertainment
Direção: Paul Schrader
Roteiro: Paul Schrader
Elenco: Nick Nolte, Sissy Spacek, James Coburn, Willem Dafoe
  
Sinopse:
O xerife Wade Whitehouse (Nick Nolte) tem muitos problemas pessoais. Criado por um pai autoritário e brutal, ele tem problemas para se relacionar bem com amigos e mulheres. Agora ele até passa por uma fase mais calma e tranquila em sua vida ao namorar uma boa garota que entende e aceita seus defeitos. Tudo muda porém quando um homem é morto durante a temporada de caça na região. Ele teria levado um tiro acidental, mas as investigações acabam demonstrando que pode haver algo por trás de tudo.

Comentários:

Bom filme, uma bem sucedida fusão de filme policial com drama, que explora um crime que embora pareça meramente acidental, esconde algo misterioso nas sombras. O elenco é liderado por Nick Nolte, um ator que nem sempre conseguiu encontrar bons projetos ao longo da carreira. Há um background dramático em seu personagem pois ele sofreu abusos físicos e emocionais quando era mais jovem. Seu pai, interpretado pelo ótimo astro do passado James Coburn, era um homem irascível, irracional e violento. Isso lhe traz um trauma psicológico e uma herança emocional negativa complicada de superar. O bom roteiro foi baseado no romance policial escrito por Russell Banks. O veterano James Coburn foi premiado (justamente) com o Oscar de Melhor Ator coadjuvante por esse papel. Foi uma surpresa pois já estava na fase final da carreira e nunca tinha sido indicado antes ao prêmio. Um dos mais conhecidos profissionais do cinema, que havia se destacado tanto no passado interpretando vilões e pistoleiros em dezenas de filmes, finalmente havia sido reconhecido. Como diz o ditado "antes tarde do que nunca" Nick Nolte também foi lembrado pela Academia, sendo indicado ao Oscar de Melhor Ator. Não venceu, mas já ficou honrado pela lembrança. Isso tudo prova que apesar de "Temporada de Caça" ter uma ótima trama, seu grande mérito vem mesmo do elenco, em momento inspirado.

Pablo Aluísio.

Irresistível Paixão

Título no Brasil: Irresistível Paixão
Título Original: Out of Sight
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Steven Soderbergh
Roteiro: Scott Frank
Elenco: George Clooney, Jennifer Lopez, Ving Rhames, Steve Zahn
  
Sinopse:
Baseado no romance policial escrito por Elmore Leonard, "Irresistível Paixão" conta a estória de Jack Foley (George Clooney). Ladrão profissional, ele é preso e condenado a cumprir pena em uma penitenciária de segurança máxima. Com inteligência acima da média consegue fugir do lugar, usando um veículo pertencente a uma agente do próprio FBI, a agente federal Karen Sisco (Jennifer Lopez). Em pouco tempo se apaixonam!

Comentários:
Esse filme foi muito superestimado pela crítica na época em que foi lançado a tal ponto que conseguiu arrancar duas indicações ao Oscar nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado (Scott Frank) e Melhor Edição (Anne V. Coates). Na verdade o que temos é um filme bem mediano, beirando o ruim, que se apoio totalmente no carisma da dupla central de protagonistas. George Clooney, ainda procurando espaço no cinema após ser astro de TV, repete um tipo de personagem que seria recorrente em sua carreira. Cheio de charme canastrão ele tenta convencer no papel de um criminoso bonzinho! Já Jennifer Lopez continua na mesma, uma cantora que sempre tentou se tornar atriz, com altos e baixos no cinema. Aqui ela não convence em nada como agente federal. Ao invés disso desfila sua beleza pelas cenas (algo que sempre foi o grande chamariz dela em termos de bilheteria). No geral considero um filme fraco, apesar de ter sido dirigido pelo talentoso Steven Soderbergh. É um de seus primeiros filmes e bem inferior aos anteriores "Sexo, Mentiras e Videotape", "Kafka", "O Inventor de Ilusões" e "Obsessão". Ao tentar ser comercial e pop demais acabou perdendo parte de sua essência. Enfim, um produto descartável de um grande diretor de cinema.

Pablo Aluísio.

Palhaços Assassinos

Título no Brasil: Palhaços Assassinos
Título Original: Killer Klowns from Outer Space
Ano de Produção: 1988
País: Estados Unidos
Estúdio: Diamant Pictures
Direção: Stephen Chiodo
Roteiro: Charles Chiodo
Elenco: Grant Cramer, Suzanne Snyder, John Allen Nelson, John Vernon, Michael S. Siegel, Peter Licassi

Sinopse:
Também conhecido como "Palhaços Assassinos do Espaço Sideral" esse filme conta a história de um grupo de alienígenas que assumem a forma de palhaços de circo para aterrorizar os moradores de uma pequena cidade do interior.

Comentários:
Outro terror que foi campeão de reprises no SBT durante os anos 80 e 90. Hoje em dia esse terror com sabor trash já pode ser considerado uma pequena obra-prima do gênero lançado nos anos 80. O que mais surpreende é a qualidade da maquiagem do filme. Os tais palhaços vindos do espaço são extremamente bem feitos e realmente aterrorizaram muita gente que assistiu ao filme na época. O roteiro também acertou em misturar Sci-fi barata com personagens de puro terror. Além disso nem preciso lembrar que muitas pessoas sofrem mesmo de uma certa coulrofobia (medo de palhaços). Então o filme não precisou ir muito longe para assustar. No mais deixo a dica desse bom filme (por mais surpreendente que isso possa parecer!). Quem assistiu uma vez nunca mais esqueceu!

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Vidas em Jogo

Título no Brasil: Vidas em Jogo
Título Original: The Game
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Propaganda Films
Direção: David Fincher
Roteiro: John Brancato, Michael Ferris
Elenco: Michael Douglas, Sean Penn, Deborah Kara Unger, Carroll Baker
  
Sinopse:
Nicholas Van Orton (Michael Douglas) é um rico e solitário banqueiro que procura por algum sentido a mais em sua vida. Tendo conquistado sucesso profissional e riqueza, o que poderia lhe faltar? Para amenizar seu tédio existencial seu irmão lhe dá o convite para participar de um clube exclusivo de membros da alta sociedade. O que Nicholas nem desconfia é que está prestes a entrar em um jogo mortal.

Comentários:
Bom filme de ação e suspense que foi bem recebido (em termos) pela crítica na época de seu lançamento. Muitos críticos americanos chamaram a atenção para o fato do cineasta David Fincher ter realizado um filme bem irregular. Ele se mostra muito inteligente e bem roteirizado nas duas primeiras partes do enredo, porém quando chega ao seu terço final desaba para o puro clichê! Anos depois o diretor se defendeu dessas acusações dizendo que não tinha controle total sobre a produção, o que levou a ter que se submeter a escolhas pessoais do astro Michael Douglas, o que acabou prejudicando o filme como um todo. Visando sucesso comercial acima de tudo (afinal Douglas também assinou a produção desse filme) ele acabou cortando certos aspectos que poderiam transformar esse "The Game" em uma pequena obra prima. Optando pelo lado mais banal, que não fugisse muito do lugar comum, obviamente procurando por uma bilheteria maior, Douglas acabou prejudicando o filme. É a tal coisa, nem sempre atores bem sucedidos sabem escolher o que é melhor para um filme. Quando a função de astro de Hollywood se mescla a de produtor, as coisas geralmente desandam, como podemos ver nesse filme que poderia certamente ser bem melhor do que realmente é. 

Pablo Aluísio.

Formiguinhaz

Título no Brasil: Formiguinhaz
Título Original: Antz
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks
Direção: Eric Darnell, Tim Johnson
Roteiro: Todd Alcott, Chris Weitz
Elenco: Woody Allen, Sharon Stone, Gene Hackman, Sylvester Stallone
  
Sinopse:
A formiguinha Z (Woody Allen) é diferente. Ela faz parte um formigueiro onde todos precisam desempenhar suas funções sem reclamar. Z porém sonha com uma vida melhor, ele não consegue se adequar ao totalitarismo que impera dentro de sua comunidade. Pior do que isso, ele tem uma paixão por uma das princesas, algo impossível de acontecer por causa de sua posição na escala social do formigueiro. Filme indicado ao Annie Awards e ao BAFTA Awards na categoria de Melhores Efeitos Especiais (Ken Bielenberg e Philippe Gluckman).

Comentários:
Nessa animação podemos nitidamente perceber o poder e o prestígio de Steven Spielberg. Ele produziu essa animação e conseguiu reunir uma constelação de astros e estrelas de Hollywood para dublarem o filme. O enredo é simpático, mas nada demais. Todas as personagens formiguinhas do filme são caricaturas ou estereótipos dos próprios atores. Assim, por exemplo, temos uma formiga intelectual, cheia de crises existenciais, interpretada por Woody Allen. Já o brutamontes Sylvester Stallone interpreta uma formiga que tem como função proteger o formigueiro. Os animadores copiaram a própria imagem do ator para criar seu personagem em animação. Sharon Stone é uma formiguinha gatinha e sensual e por aí vai... Cheio de referências ao mundo do cinema a pergunta que fica após o filme chegar ao final é simples: Será que a criançada vai mesmo se importar (ou entender) todas as referências à cultura pop, ao mundo de Hollywood? Claro que não! A garotada só deseja mesmo se divertir, assim complica um personagem como a formiga Allen, que passa o tempo todo refletindo, como se estivesse em um filme do próprio diretor. Claro que há muitas cenas de ação e tudo mais, porém esse tipo de animação é mais indicada mesmo para cinéfilos em geral, gente que gosta e conhece cinema. Para os pequenos será apenas levemente divertida, com um ou outro momento realmente legal para eles.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Negação

Título no Brasil: Negação
Título Original: Denial
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: BBC Films
Direção: Mick Jackson
Roteiro: David Hare
Elenco: Rachel Weisz, Tom Wilkinson, Timothy Spall, Andrew Scott
  
Sinopse:
David Irving (Timothy Spall) é um revisionista histórico que afirma em seus livros que o ditador alemão Adolf Hitler jamais teria autorizado o extermínio de judeus em campos de concentração durante a II Guerra Mundial. Ao ser chamado de nazista e racista por uma historiadora americana, a Dra Deborah Lipstadt (Rachel Weisz), ele acaba levando a questão para os tribunais ingleses, onde começa uma disputa sobre a questão histórica do holocausto judeu. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Filme Britânico.

Comentários:
Assim que tomei conhecimento do tema desse filme já soube de antemão que seria bom ou pelo menos muito interessante. A história é baseada em fatos reais e mostra a batalha jurídica que se trava entre uma professora e historiadora americana e um revisionista inglês. Como se sabe existem aqueles que negam o holocausto, assim como outros que afirmam que Hitler não autorizou a chamada solução final, o assassinato em massa do povo judeu. No tribunal ambas as partes discutem uma lide subjetiva, que envolve calúnia e difamação, porém logo a imprensa britânica lança a ideia de que o que realmente estaria em julgamento era a existência real ou não do próprio holocausto (o que do ponto de vista jurídico não era verdade). É um drama de tribunal com um excelente pano de fundo histórico. Baseado no próprio livro da Dra Deborah Lipstadt o filme vai desvendando a desonestidade intelectual de David Irving, um sujeito que começou estudando a biografia de Hitler até se apaixonar pelo biografado, se tornando assim um insuspeito admirador do Nacional Socialismo Alemão (mais conhecida como a ideologia nazista). Chamado de nazista e racista pela professora americana ele a leva aos tribunais, a processando por difamação e calúnia, cabendo agora a ela demonstrar perante o juiz que ele é sim aquilo que ela afirmou. É a chamada exceção da verdade. O filme também é interessante para estudantes e profissionais do Direito, uma vez que mostra detalhes do funcionamento do ordenamento jurídico inglês, suas nuances processuais e jurisprudenciais. Tudo muito instrutivo. A produção é igualmente e especialmente indicada para aqueles que apenas procuram por um bom filme que explore essa luta intelectual entre historiadores tradicionais e revisionistas sobre a questão do holocausto. Há provas históricas realmente consistentes? O que aconteceu de fato nos campos de concentração? Havia mesmo câmeras de gás em Auschwitz? Questões como essas são tratadas nesse excelente roteiro. Está muito bem recomendado. Não deixe de assistir.

Pablo Aluísio.

Os Miseráveis

Título no Brasil: Os Miseráveis
Título Original: Les Misérables
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha
Estúdio: Mandalay Entertainment, TriStar Pictures
Direção: Bille August
Roteiro: Rafael Yglesias
Elenco: Liam Neeson, Geoffrey Rush, Uma Thurman
  
Sinopse:

Filme adaptado da obra do escritor Victor-Marie Hugo, Les Misérables. Na história vemos a conturbada vida de Jean Valjean, um homem condenado que é colocado em liberdade durante um dos períodos mais agitados da história francesa. O enredo se passa no século XIX, mostrando a queda do regime do imperador Napoleão Bonaparte e a intensa miséria a que foi submetida grande parte da população da França naquele momento histórico. Filme indicado ao Cairo International Film Festival.

Comentários:
Tantas adaptações já foram feitas para o cinema da famosa obra de Victor Hugo que fica realmente complicado ao cinéfilo escolher a melhor de todas. Na realidade não existe "a melhor", mas sim aquelas que são mais fiéis ao texto original ou mais bem realizadas do ponto de vista da produção, reconstituição histórica, elenco, figurinos, etc. Essa versão de 1998 de "Les Misérables" se enquadra nessa segunda categoria. É uma produção realmente de requinte, com excelentes aspectos técnicos. O roteiro pode até não ser tão fiel ao livro de Victor Hugo, mas isso se torna secundário diante de um filme tão bem realizado. O elenco é composto por astros do cinema americano que unem suas forças a atores realmente brilhantes do ponto de vista da arte dramática. Na época de seu lançamento o filme foi acusado, entre outras coisas, de ser um produto pop demais, feito para consumo das massas. Além de bem preconceituosa essa visão não é inteiramente verdadeira. Mesmo sob uma análise literária e histórica o filme convence. Na trama vemos os perigos de se confiar cegamente em um líder populista e ditatorial como Bonaparte e as consequências nefastas que se abatem sobre o povo francês naquele momento histórico de muita agitação política e social. Por essa razão deixo a recomendação dessa versão que certamente foi uma porta de entrada muito eficaz para os interessados na literatura de Victor Hugo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Moby Dick

Título no Brasil: Moby Dick 
Título Original: Moby Dick 
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: American Zoetrope
Direção: Franc Roddam
Roteiro: Anton Diether
Elenco: Patrick Stewart, Henry Thomas, Bruce Spence, Hugh Keays-Byrne
  
Sinopse:
Moby Dick não é apenas uma baleia alpina do gênero cachalote. Na verdade é o próprio símbolo das forças da natureza, dos mares. Anos após o ataque quase mortal a um velho capitão ele descobre que terá a chance de reencontrar o feroz predador que arrancou uma de suas pernas em um ataque sangrento. Agora, obcecado em novamente reencontrar Moby Dick, ele percebe que o dia da sua vingança está chegando! Filme indicado pelo Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator - Minissérie de TV (Patrick Stewart).

Comentários:
Trata-se na realidade de uma minissérie que foi exibida nos Estados Unidos e Europa em dois grandes episódios. No Brasil tudo foi reunido em apenas um filme e lançado no mercado de vídeo. Sempre gostei dessa versão do clássico livro escrito por Herman Melville por uma simples razão: a presença do ator Patrick Stewart interpretando a vigorosa figura do capitão Ahab. Eu me recordo bem que quando foi lançado o filme foi criticado por alguns por não ter bom ritmo, de tudo se desenvolver de forma muito lenta e coisas do tipo. Bobagem, qualquer adaptação de "Moby Dick" precisa contar com o devido respeito ao texto original e isso significa dar um espaço para que os atores declamem os ótimos diálogos escritos originalmente pelo autor do livro. Não adianta simplesmente realizar um filme de ação, com matança de baleias assassinas. Isso, nos dias de hoje, soaria até meio ofensivo. O que vale mesmo é explorar a luta de um homem contra seus traumas e demônios interiores, mesmo que eles acabem sendo personificados por um animal irracional que apenas luta pela sua sobrevivência. Com boa reconstituição história e elenco acima da média esse "Moby Dick" dos anos 90 feito para a TV se mostra, de forma surpreendente, como uma das melhores adaptações já produzidas. Ah e antes que me esqueça aqui vai outra informação preciosa: a série foi produzida por Francis Ford Coppola. Vale conferir.

Pablo Aluísio.

Santo Homem

Título no Brasil: Santo Homem
Título Original: Holy Man
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Caravan Pictures
Direção: Stephen Herek
Roteiro: Tom Schulman
Elenco: Eddie Murphy, Jeff Goldblum, Kelly Preston, Robert Loggia
  
Sinopse:
Dois executivos de TV, Ricky (Jeff Goldblum) e Kate (Kelly Preston), prestes a serem demitidos do canal onde trabalham, acabam tirando a sorte grande ao encontrar G (Eddie Murphy), um sujeito religioso e místico que consegue convencer qualquer pessoa a cerca de suas ideias. Assim Ricky e Kate resolvem dar um emprego para G, para ele anunciar produtos à venda na TV. E não é que G acaba se tornando uma grande sensação televisiva!

Comentários:
Mais um filme da fase em que Eddie Murphy procurava desesperadamente por um sucesso no cinema. Esse "Holy Man" (literalmente Santo Homem) é uma fita bem inofensiva, cheia de boas intenções, mas que a despeito disso não conseguiu ter sucesso de bilheteria. No Brasil só foi lançado discretamente no mercado de vídeo, sem qualquer repercussão maior. E vamos ser bem sinceros,  realmente o filme não ajuda, apesar de ter um bom elenco que conta com, além de Murphy, os simpáticos  Jeff Goldblum e Kelly Preston. Goldblum, de "A Mosca" e "Parque dos Dinossauros", com seus olhos esbugalhados, acabou se saindo muito bem nesse tipo de comédia leve e despretensiosa. Já Preston sempre foi uma das atrizes mais bonitas de Hollywood, mesmo após se casar com John Travolta. Então é isso, se você estiver em busca de uma comediazinha muito soft, que brinca um pouco com o mundo da TV e das seitas esotéricas que se multiplicam na Califórnia, eis aqui uma opção. Não mudará sua vida em nada, mas pelo menos, quem sabe, servirá para passar o tempo...

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

A Chegada

O filme recebeu algumas das melhores críticas quando foi lançado no final do ano passado. Depois de assisti-lo pude compreender que toda a boa receptividade não foi em vão. Realmente essa nova ficção "Arrival" faz jus a tudo o que de bom foi escrita sobre ela. Há bastante tempo Hollywood não vinha lançando boas fitas sci-fi como esse "A Chegada". A lembrança mais óbvia vem de "2001" do mestre Kubrick. A comparação não é gratuita. Desde que chegou aos cinemas o diretor Denis Villeneuve tem repetido que aquele clássico serviu como inspiração e modelo para seu filme. E o que isso significaria exatamente? Bom, significa que o roteiro foge dos clichês, procurando desenvolver um argumento mais intelectual, diria até psicológico, entre todos os personagens. Nada de apelar para saídas facéis. O enredo começa mostrando uma sala de aula numa universidade onde leciona a Dra. Louise Banks (Amy Adams). Ela é especialista em linguagem e línguas. Curiosamente sua aula mostrada no filme é sobre a nossa língua, a língua portuguesa, que ela explica aos seus alunos ser bem diferente de todas as outras! Em breve momento até elogia o português, explicando sobre sua riqueza linguística, um idioma nascido em uma época em que havia uma simbiose entre as línguas faladas e a poesia! Ponto para nós! Pois bem, sua aula é interrompida por um evento extraordinário: a chegada no planeta Terra de doze naves alienígenas, em diversos pontos do mundo. Elas chegam e ficam paradas, estáticas, sem qualquer sinal de ação. Isso intriga os governos que começam a recrutar seus melhores especialistas em comunicação e linguagem. Afinal é necessário abrir um canal de contato com essa suposta civilização alien.

Assim a Dra. Banks é levada por um coronel, interpretado pelo sempre ótimo Forest Whitaker, para o lugar onde uma dessas naves está pousada. Os seres alienígenas em nada lembram os seres humanos, mais se parecendo com algum tipo de criatura marinha, de sete pés (daí o nome que os cientistas colocam neles, Heptaporos). E assim segue o filme com a professora tentando entrar em comunicação com os seres vindos do espaço. O curioso é que ao mesmo tempo começa uma espécie de ligação sensorial entre a Dra. Banks e os seres espaciais, uma ligação que guarda algo maior, desvendando um sentido muito mais profundo, revelando a verdadeira intenção dos visitantes. Obviamente esqueça filmes como "Guerra dos Mundos" ou até mesmo as bobagens da franquia "Independence Day". Não é por aí. O filme apresenta um roteiro sofisticado e muito mais inteligente. Não se trata de um choque, uma uma guerra de civilizações, nada disso, pois seria banal demais. O roteiro ao invés disso se apoia em algo mais profundo, mais sensitivo. É um filme, como já escrevi, com as matizes de um "2001", algo mais intelectualizado. Sem dúvida uma das melhores obras cinematográficas de 2016. Não deixe passar em branco.

A Chegada (Arrival, Estados Unidos, 2016) Direção: Denis Villeneuve / Roteiro: Eric Heisserer, Ted Chiang / Elenco: Amy Adams, Jeremy Renner, Forest Whitaker, Michael Stuhlbarg / Sinopse: Especialista em línguas e linguagens é levada pelo governo americano para uma região remota onde aterrisou uma nave espacial de origem desconhecida. Ela terá que tentar abrir um canal de comunicação com os estranhos seres alienígenas que vieram do espaço.

Pablo Aluísio.

O Oposto do Sexo

Título no Brasil: O Oposto do Sexo
Título Original: The Opposite of Sex
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Rysher Entertainment
Direção: Don Roos
Roteiro: Don Roos
Elenco: Christina Ricci, Martin Donovan, Lisa Kudrow, Lyle Lovett
  
Sinopse:
Cansada de sua tediosa vida a adolescente Dede Truitt (Ricci) decide fugir de casa para ir morar com seu irmão Bill (Martin Donovan). Ele é gay e tem um namorado que vive ao seu lado. Dede então decide seduzir o companheiro de seu irmão, o levando para uma fuga insana de crimes e traições. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Christina Ricci).

Comentários:
Foi muito badalado quando lançado, mas sinceramente falando nunca vi nada demais nessa fita que em vários momentos apela aos sentimentos e desejos mais primitivos do ser humano. Explico. No roteiro temos uma Christina Ricci ainda muito jovem, tentando fazer a complicada transição entre sua carreira mirim e o mundo adulto. Sua personagem procura esbanjar sensualidade de todas as maneiras. Geralmente a atriz está de biquíni em cena, fazendo caras e bocas. Quando o filme foi rodado ela ainda tinha apenas 17 anos! Assim ainda era uma garota menor de idade. Achei um pouco abusivo as escolhas do diretor em explorar demais o lado sensual de Ricci, justamente por causa desse fato. O roteiro também não é tão maravilhoso como muitos chegaram a dizer na época. Há um clima de "Lolita" criminosa no ar que não se sustenta por muito tempo. Talvez o único grande crédito cinematográfico válido desse filme seja a direção de fotografia a cargo do talentoso Hubert Taczanowski. Abusando de cores fortes e invasivas ela acabou criando um visual bem interessante e marcante ao filme como um todo. De resto nada demais. Só seria indicado mesmo para quem tem interesse especial em Ricci nessa fase de transição em sua carreira e, é claro, para quem tem atração doentia por garotinhas na puberdade.   

Pablo Aluísio.

domingo, 15 de janeiro de 2017

Papa Vs Hitler

Título no Brasil: Papa Vs Hitler
Título Original: Pope Vs. Hitler
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: National Geographic
Direção: Christopher Cassel
Roteiro: Christopher Cassel
Elenco: Michael Deffert, Dan Nachtrab, Andrius Brazas
  
Sinopse:
Documentário que resgata a posição do Papa Pio XII (1876 - 1958) durante a II Guerra Mundial. Com a ascensão de Hitler e os nazistas ao poder começa uma verdadeira era de destruição e morte por toda a Europa. O Holocausto é implantado como uma verdadeira máquina de assassinatos em larga escala. Teria o Papa em Roma se omitido diante de tamanho genocídio? Qual era a sua posição perante o horror nazista?

Comentários:
O Papa Pio XII foi certamente um dos líderes religiosos mais difamados e caluniados da história. Em certos livros ele chegou a ser chamado de "O Papa de Hitler". Para muitos o Papa não cumpriu sua função, denunciando os crimes de genocídio do povo judeu implantado nos campos de concentração. Apesar dessas ideias serem bem difundidas esse novo documentário da National Geographic procura olhar com maior imparcialidade sobre aquele período histórico tão importante para a humanidade. O Papa realmente se omitiu? Foi um omisso em relação a tudo o que estava acontecendo? Baseado em livros mais recentes, alguns frutos de intensa pesquisa, esse documentário exibido recentemente na Europa e Estados Unidos demonstra que nem tudo aconteceu como muitos pensavam. Na verdade o Papa Pio XII foi um inimigo de Hitler desde o começo de seu regime. Com uma complexa rede de espiões e informantes por todo o continente o Papa soube em primeira mão sobre os absurdos que estavam ocorrendo.

Diante disso ele tinha dois caminhos a seguir: denunciar publicamente o regime nazista por suas atrocidades (o que poderia dar início a uma nova onda de perseguições e mortes contra católicos) ou agir nos bastidores, com espiões do Vaticano, apoiando grupos de resistência contra Hitler e seus vassalos. Assim o documentário esmiúça o papel desempenhado por Pio XII durante a guerra, mostrando que ele ativamente participou de inúmeras tentativas de derrubada do tirano alemão. Também agiu diplomaticamente, servindo de ponte ou elo de comunicação entre os países ocidentais (em especial Inglaterra e Estados Unidos) e os grupos que dentro do III Reich tentavam liquidar Hitler, para derrubar seu regime, abrindo assim uma nova era de paz, terminando com aquela guerra que custou a vida de milhões de seres humanos. A decisão de Pio XII até hoje causa controvérsias entre historiadores e especialistas em política internacional. Agiu bem Pio XII? Com o documentário todos os prós e contras são colocados numa balança, para que o próprio espectador tire suas conclusões. No saldo geral temos um excelente documentário, onde em 90 minutos de duração, tudo é discutido com a máxima isenção. Um programa obrigatório para quem procura conhecer melhor a história da Igreja Católica em nosso tempo.

Pablo Aluísio.