sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

O Homem Irracional

"Quando eu era jovem queria mudar o mundo. Hoje cheguei na conclusão de que tudo o que eu consegui me tornar foi em um intelectual passivo e broxa!" - Assim, com esse pensamento demolidor, o professor de filosofia Abe Luccas (Joaquin Phoenix) se auto define nesse novo filme do cineasta Woody Allen. Esse "O Homem Irracional" assim começa muito bem. Há um protagonista interessante, um professor fracassado, depressivo, que procura por um sentido maior em sua vida. Pena que depois de pouco tempo desse começo promissor o roteiro se perca, tentando ser pop e comercial demais - um problema que que tem se repetido nos filmes mais recentes de Allen. O diretor parece ter optado por fazer um filme de humor negro sobre um assassino improvável, que só desejava mesmo encontrar um sentido na sua vida, mesmo que usando dos meios mais absurdos e irracionais. Para trazer essa dose de cianureto para cada momento, Allen usa e abusa de uma narração em off, que vai explicando aos poucos as motivações e pensamentos do casal protagonista. Ele, um professor com problemas pessoais que toma uma atitude extremista e ela uma aluna apaixonada platonicamente pelo professor que ela considera o mais inteligente, o mais interessante e o mais cativante homem que ela já conheceu na sua vida. No fundo não passando de uma garota inteligente, mas boba, ela vai se envolvendo em uma situação limite.

Fazendo uma comparação rápida com os antigos filmes do diretor, principalmente os que ele dirigiu nas décadas de 70 e 80, ficamos com aquela sensação incômoda que Allen escolheu o caminho mais fácil. Ao invés de investir em excelentes diálogos, na conturbada vida pessoal de seu protagonista, tirando dramas existenciais de sua vida, o diretor preferiu investir em uma trama com um assassinato meio bobo, explicações pouco convincentes e um final de comédia da Sessão da Tarde. É uma pena que ao fazer tantas concessões comerciais Allen tenha perdido a chance de dirigir mais uma pequena obra prima em sua rica filmografia.

O Homem Irracional (Irrational Man, Estados Unidos, 2015) Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco: Joaquin Phoenix, Emma Stone, Parker Posey / Sinopse: Professor universitário em crise encontra um novo sentido na vida ao planejar o assassinato de um juiz. Ele quer sentir o gosto e as experiências de matar um ser humano, enquanto se envolve com uma aluna e outra professora da universidade onde começa a trabalhar. Filme indicado ao prêmio da Alliance of Women Film Journalists e ao Jupiter Award na categoria Melhor Atriz (Emma Stone).

Pablo Aluísio.

For the Love of Spock

Excelente esse novo documentário sobre o ator Leonard Nimoy, ou melhor dizendo, o Sr. Spock. Sim, porque é impossível separar o ator de seu mais famoso personagem. O filme foi dirigido pelo filho de Leonard, Adam, e isso trouxe uma humanidade e uma familiaridade incrível para tudo o que se vê na tela. Logo no começo Adam explica que sua intenção inicial era realizar um documentário focado exclusivamente em Spock e sua repercussão dentro do universo cultural do século XX. Esses planos iniciais mudaram radicalmente quando o ator morreu em 2015, vítima de um câncer no pulmão, causado por anos de vício em cigarros. Assim, depois do necessário tempo de luto, Adam ampliou o raio de ação de seu projeto e resolveu contar a história do homem por trás de Spock. É um trabalho, volto a frisar, realmente excelente. Somos apresentados a um aspecto íntimo da vida de Nimoy, mostrando seus aspectos positivos, como uma férrea ética de trabalho, como também a aspectos negativos, como seu problema com as bebidas, seu relacionamento complicado com o próprio filho e seus traumas do passado. Filho de um simples barbeiro de Boston, Leonard nunca foi próximo ao próprio pai que jamais o incentivou a ser um ator, a transformar esse sonho em uma profissão.

Para sobreviver, enquanto a carreira de ator não dava certo, Nimoy se virou como foi possível, afinal ele já era pai de família, mas não conseguia trabalhos como ator (talvez, muito provavelmente, por causa de sua aparência diferente). Assim ele tentou ser vendedor, construiu aquários para vender, consertava bicicletas na vizinhança, o que aparecia pela frente. Sua vida porém mudou totalmente quando caiu nas graças do diretor e produtor Gene Roddenberry que viu na aparência de Leonard a imagem certa para interpretar um alien do planeta Vulcano, um sujeito que por ter um lado humano e outro alienígena, tentava represar suas emoções. A partir daí, como todos sabemos, tudo é história. O Sr. Spock virou um ícone popular e Adam Nimoy tenta capturar tudo o que gravita em torno desse personagem único. No final das contas temos um belíssimo trabalho de resgate, não apenas de Spock e sua influência na cultura e no mundo da ciência, mas também na figura do talentoso Nimoy que certamente teve uma vida longa e próspera sob todos os sentidos.

For the Love of Spock (Estados Unidos, 2016) Direção: Adam Nimoy / Roteiro: Adam Nimoy / Elenco: Leonard Nimoy, Adam Nimoy, William Shatner, Chris Pine, Zachary Quinto, George Takei, Nicholas Meyer, Jim Parsons / Sinopse: Documentário que conta a história do ator Leonard Nimoy e seu mais famoso personagem, o vulcano Dr. Spock da mitológica série de sucesso "Jornada nas Estrelas".

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Um Lobisomem Americano em Paris

Título no Brasil: Um Lobisomem Americano em Paris
Título Original: An American Werewolf in Paris
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos, França
Estúdio: Hollywood Pictures
Direção: Anthony Waller
Roteiro: Tim Burns
Elenco: Tom Everett Scott, Julie Delpy, Vince Vieluf
  
Sinopse:
Serafine Pigot (Julie Delpy) até parece uma garota normal. Apenas parece. Na verdade ela herdou por linhagem familiar uma maldição: a de se transformar em loba em determinadas circunstâncias (quando a lua cheia surge no horizonte, por exemplo). Desesperada com seu trágico destino ela resolve se matar, pulando da torre Eiffel em Paris. Acaba sendo salva por um turista americano, o jovem Andy McDermott (Tom Everett Scott). Em pouco tempo se apaixonam. Esse romance porém está obviamente fadado ao fracasso por causa justamente da maldição da lua cheia. Filme indicado ao Gérardmer Film Festival e ao MTV Movie Awards.

Comentários:

Continuação tardia e infeliz do clássico "Um Lobisomem Americano em Londres". É a tal coisa, pequenos clássicos modernos, como o filme original dessa série, não devem ganhar sequências apenas por questões financeiras. O primeiro filme só ganhou status ao longo dos anos, principalmente pelo seu roteiro sui generis e pela sempre lembrada cena de transformação em lobisomem (considerada até os dias de hoje uma das mais bem realizadas da história do cinema). Foi um ótimo terror que deveria ter ficado por aí. Acontece que a ganância dos produtores sempre fala mais alto e então resolveu-se produzir esse caça-níqueis sem graça. Aproveitando os avanços tecnológicos dos efeitos digitais o filme até capricha em cenas com os monstros - numa delas o werewolf sai de uma fonte e se balança para se enxugar, mostrando riqueza de detalhes em seus pelos. Claro que é uma cena extremamente bem feita tecnicamente, pena que o roteiro não teve o mesmo capricho. Tudo soa banal, sem novidades e cheio de clichês. O roteirista caiu na velha armadilha de escrever uma "estória igual, que pareça diferente!". Não convenceu ninguém e o filme fracassou nas bilheterias. Foi merecido. 

Pablo Aluísio.

Michelle e Obama

Título no Brasil: Michelle e Obama
Título Original: Southside with You
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Get Lifted Film Company
Direção: Richard Tanne
Roteiro: Richard Tanne
Elenco: Tika Sumpter, Parker Sawyers, Vanessa Bell Calloway
  
Sinopse:
Durante o verão de 1989 um jovem estudante chamado Barack Obama (Parker Sawyers) acaba conhecendo Michelle Robinson (Tika Sumpter). Aos poucos o interesse que era puramente de amizade se transforma em um relacionamento amoroso. Mal sabiam os dois o que o futuro lhes reservaria, pois em alguns anos Obama se tornaria o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos e Michelle seria uma das mais carismáticas mulheres a ocuparem o posto de primeira dama do país. Filme indicado ao grande prêmio do júri do Sundance Film Festival.

Comentários:

Eu sou completamente desconfiado e contra filmes que retratam políticos da atualidade. Isso é fácil de entender. Um filme como esse, feito ainda durante a presidência de Obama, fica com aquele cheirinho de chapa branca, de propaganda política disfarçada. Pior é saber que o filme foi lançado bem no meio do furacão da campanha presidencial dos Estados Unidos. Pense sinceramente: dá para confiar em uma obra cinematográfica que chega nas telas de cinema justamente nesse período? Não, não dá. Para confirmar ainda todas as suspeitas o roteiro tem um leve toque de contos de fadas romântico, onde o casal Obama e Michelle não se parece muito com pessoas reais, do dia a dia, mas sim com idealizações, com personagens irreais. Tecnicamente o filme é bem feito, apesar de seu custo modesto (o orçamento contou apenas com pouco mais de 1 milhão de dólares, o que em termos de Hollywood é quase nada), mas nada retira o cheiro de comercial disfarçado do bom mocismo do Partido Democrata, um partido que diga-se de passagem de santo não tem absolutamente nada!

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

King Cobra

O roteiro desse filme é baseado numa história real, um crime que chocou Los Angeles em 2004. Tudo começa quando um jovem chamado Sean Paul Lockhart (Garrett Clayton) chega na cidade para conhecer o produtor de filmes Stephen (Christian Slater). O rapaz, como é de praxe, vem do interior sonhando em se tornar astro em Hollywood. Com ótimo visual ele percebe logo que as coisas não iriam bem pelo caminho que ele pensava. Stephen então lhe oferece um papel em sua próxima produção. Detalhe: esse seria um filme adulto para o público gay! A partir daí já sabemos mais ou menos o caminho que tudo tomará. O jovem logo se torna um astro desse tipo de filme e o produtor começa a ganhar muito dinheiro com ele - a ponto de comprar uma Ferrari novinha para a sua garagem. O problema é que Sean, agora usando o nome de Brent Corrigan, logo percebe que está sendo explorando, ganhando cachês inexpressivos enquanto Stephen está ficando rico com a comercialização de suas fitas. Ele decide romper com o produtor, mas esse registrou seu nome, o que torna impossível para Sean trabalhar em outras produtoras. Assim entra em campo um produtor rival, Joe (Franco), que fará de tudo, mas de tudo mesmo, para contratar Sean.

O cenário onde tudo se desenvolve é o meio pornô gay de Los Angeles, onde convivem os tipos mais estranhos. O filme embora tenha cenas bem ousadas de homossexualidade não avança muito nesse caminho. Ele prefere contar as relações pessoais entre todos os personagens, o que diga-se de passagem é algo mais do que complicado. Produtores gays se apaixonando por seus astros e esses, ainda bem jovens, os explorando sem receios, parece ser a rotina. As tais "produtoras" geralmente não passavam de empresas do tipo fundo de quintal, isso apesar de gerar lucros exorbitantes, mostrando bem como tudo era feito de uma forma bem amadora, gerando todo tipo de ambiente doentio entre os que trabalhavam na área. No elenco destaca-se primeiramente James Franco. Recentemente ele esteve no Brasil e foi visto indo para famosas boates gays de São Paulo. Ele justificou isso dizendo que estava fazendo laboratório para seu novo filme que é justamente esse aqui. Outro destaque é a presença do jovem ator Garrett Clayton que interpreta o ator gay que se torna sensação em Los Angeles! O que chocou na sua escolha para o elenco é que Clayton é ídolo adolescente nos EUA, onde se tornou famoso atuando em séries para o público teen do canal da Disney. Participar de um filme como esse, com esse tipo de tema, é no mínimo um rompimento com seu imagem. De qualquer maneira "King Cobra" não deixa de ser um filme bem interessante, valorizado pela participação de vários ídolos adolescentes do passado (como Alicia Silverstone e Molly Ringwald). Pode até ser um pouco ofensivo para alguns, mas no geral conta bem sua história.

King Cobra (King Cobra, Estados Unidos, 2016) Direção: Justin Kelly / Roteiro: Justin Kelly / Elenco: James Franco, Garrett Clayton, Christian Slater, Alicia Silverstone, Molly Ringwald / Sinopse: Jovem astro de filmes para o público gay acaba sendo disputado por dois produtores gananciosos de Los Angeles, o que acaba resultando em uma grande tragédia. Filme vencedor do prêmio de Melhor Direção do California Independent Film Festival.

Pablo Aluísio.

Eu Sei O Que Vocês Fizeram No Verão Passado

Título no Brasil: Eu Sei O Que Vocês Fizeram No Verão Passado
Título Original: I Know What You Did Last Summer
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Mandalay Entertainment
Direção: Jim Gillespie
Roteiro: Kevin Williamson
Elenco: Jennifer Love Hewitt, Sarah Michelle Gellar, Ryan Phillippe, Anne Heche
  
Sinopse:
Quatro jovens atropelam e matam um desconhecido na estrada. Com receios de ter problemas com a polícia eles simplesmente resolvem se livrar do corpo, o jogando no mar. O tempo passa, um ano depois, com todos pensando que tudo já foi superado, eles começam a receber mensagens onde está escrito " Eu Sei O Que Vocês Fizeram No Verão Passado". Pior do que isso, passam a ser perseguidos por uma sinistra figura. Filme premiado pelo MTV Movie Awards e Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films.

Comentários:
Nos anos 90 surgiram vários filmes de terror que apresentavam algumas características em comum. Uma delas era o elenco formado essencialmente por atores e atrizes que eram ao mesmo tempo ídolos adolescentes, daquele tipo de saem em revistas publicadas para o segmento teen. Outro ponto em comum era que os roteiros procuravam satirizar ou criticar indiretamente os clichês do gênero. Era um tipo de argumento que procurava passar a ideia de que era bem esperto ou inteligente. Por fim a maioria desses filmes de terror para adolescentes se tornaram franquias de sucesso no cinema, dando origem a inúmeras continuações, algumas bem ruins. Todas essas características podem ser encontradas nesse "I Know What You Did Last Summer". O curioso é que o nome mais importante aqui não é a do diretor Jim Gillespie. que logo desaparecia de cena, mas sim do roteirista Kevin Williamson que pode ser perfeitamente considerado o "Papa" desse tipo de horror. Ele foi a mente pensante por trás de "Pânico" (o filme que deu origem a tudo), "Prova Final" e "Tentação Fatal", três "clássicos" desse estilo. Depois foi para a TV onde escreveu roteiros para séries de sucesso do tipo "Dawson's Creek" e "The Vampire Diaries", ou seja, misturar terror com modinhas adolescentes é sua especialização. Diante de tudo isso não posso dizer que gosto de seu estilo. Em minha opinião Kevin Williamson pode realmente ter feito muito sucesso de bilheteria e ficado podre de rico por essa razão, mas convencer mesmo, nunca me convenceu. Seus filmes de horror teen não assustariam mesmo veteranos dos filmes de terror, são inofensivos demais para isso.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Homens Perigosos

Título no Brasil: Homens Perigosos
Título Original: Hoodlum
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Bill Duke
Roteiro: Chris Brancato
Elenco: Laurence Fishburne, Andy Garcia, Tim Roth, Vanessa Williams
  
Sinopse:
Na década de 1930 duas quadrilhas disputam entre si o poder no bairro negro do Harlem. De um lado está o gangster Bumpy Johnson (Laurence Fishburne), um criminoso frio e violento. Do outro lado está o grupo liderado por Dutch Schultz (Tim Roth), famoso chefão da máfia judaica que deseja ter o controle de toda a cidade para si. No meio de tudo fica a população, com índices de criminalidade cada vez maiores.

Comentários:
Curiosamente o ator Laurence Fishburne já havia interpretado antes o gangster Bumpy Johnson. Isso aconteceu no filme de Francis Ford Coppola chamado "Cotton Club". Por isso alguns pensaram de forma equivocada que esse filme seria uma espécie de sequência do filme de Coppola. Não era, foi tudo apenas uma mera coincidência. Além disso "Cotton Club" se focava principalmente no cenário musical daqueles tempos, ao invés desse que era basicamente um filme sobre crimes e violência. Um dos destaques interessantes é a presença do ator Andy Garcia interpretando o famoso (ou infame, dependendo do ponto de vista) Lucky Luciano. Na época de lançamento do filme houve um certo mal estar pelo fato do descendente de imigrantes latinos Garcia surgir no filme interpretando Luciano, um símbolo da máfia italiana. Bobagem, como sempre Garcia está muito bem, se transformando em uma das melhores coisas da fita. Bem produzido, com boas cenas de tiroteios - inclusive com a famosa metralhadora Thompson, conhecida como Machine Gun pelos criminosos - o filme certamente cairá no gosto de quem gosta de filmes policiais da velha escola, passado na era dos grandes gangsters americanos dos anos 30 e 40.

Pablo Aluísio.

Reviravolta

Título no Brasil: Reviravolta
Título Original: U Turn
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures
Direção: Oliver Stone
Roteiro: John Ridley
Elenco: Sean Penn, Jennifer Lopez, Nick Nolte, Billy Bob Thornton, Jon Voight
  
Sinopse:
Ferido, após ter dois dedos arrancados por agiotas violentos, Bobby (Sean Penn) decide fugir pelo deserto do Arizona em seu velho carro. Quando esse apresenta problemas mecânicos ele precisa parar no meio de uma pequena cidade. Lá acaba conhecendo um mecânico com problemas de retardo mental chamado Darrell (Billy Bob Thornton) e uma sensual mulher, Grace McKenna (Jennifer Lopez) que prontamente o seduz. O problema porém é que ela é casada com o violento Jack (Nick Nolte).

Comentários:
O diretor Oliver Stone entrou muito rapidamente em decadência em sua carreira. Se formos analisar bem sua filmografia vamos constatar que ele saiu da glória absoluta, com a consagração de seu "Platoon" no Oscar, para filmes sem maior repercussão em termos de público e crítica. Em menos de dez anos ele caiu muito em Hollywood. Seus filmes posteriores, apesar de ter certa qualidade, começaram a ser ignorados completamente. Um exemplo podemos encontrar aqui nesse "U Turn". Essa produção modesta (custo de apenas 9 milhões de dólares) sequer chegou aos cinemas brasileiros, sendo lançado diretamente no mercado de vídeo. Na verdade pouca gente comprou a ideia de ver um romance ardente (supostamente ardente, já que isso não se concretizou nas telas) entre o marrento Sean Penn e a inexpressiva Jennifer Lopez. Ok, a cantora poderia estar no auge de sua beleza física, mas como atriz era uma lástima. Pior é que Stone, apesar de ser um cineasta competente e veterano, insistiu nos poucos dotes dramáticos dela, comprometendo completamente o resultado final. Para não dizer que em termos de atuação o filme é um completo fracasso, vale lembrar as presenças talentosas do trio formado por Nick Nolte, Billy Bob Thornton e Jon Voight. Infelizmente nenhum deles tem muito espaço. Assim o filme naufraga completamente nas curvas de Jennifer Lopez, que como atriz não passava de uma boa cantora.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Corre Homem, Corre

Título no Brasil: Corre Homem, Corre
Título Original: Corri Uomo Corri
Ano de Produção: 1968
País: Itália, França
Estúdio: Chretien Films, CFDC
Direção: Sergio Sollima
Roteiro: Pompeo De Angelis, Sergio Sollima
Elenco: Tomas Milian, Donald O'Brien, John Ireland

Sinopse:
Durante a revolução mexicana um tesouro avaliado em três milhões de dólares é devidamente escondido no meio do deserto. Após várias mortes o seu paradeiro é finalmente revelado, causando uma disputa violenta e intensa entre pistoleiros, renegados, caçadores de recompensas e aventureiros de todos os tipos. Apenas o mais rápido no gatilho e o mais destemido colocará as mãos nessa verdadeira fortuna em ouro puro, oculto nas areias escaldantes do deserto!

Comentários:
Uma espécie de sequência tardia do filme "O Dia da Desforra" (La Resa Dei Conti de 1966). Naquele filme surgiu a figura de Cuchillo Sanchez. Para o diretor Sergio Sollima aquele era um personagem tão interessante que merecia ter seu próprio filme solo. Assim o cineasta escreveu o esboço do roteiro que foi posteriormente lapidado pelo roteirista Pompeo De Angelis. Curiosamente o diretor explicaria anos depois que esse personagem havia sido criado usando como fonte de inspiração o famoso e ícone papel interpretado por Toshiro Mifune no filme "Os Sete Samurais" de Akira Kurosawa. Se isso é um fato ou apenas uma forma de valorizar o filme em si não sabemos, o que podemos dizer com certeza é que o filme é de certo modo um espelho das principais diretrizes usadas pela indústria italiana de cinema em relação aos filmes de faroeste produzidos por lá. O clima é de um realismo forçado, sórdido, onde todos correm atrás da fortuna sem se importar minimamente com os danos e efeitos criminosos que isso possam acarretar. Talvez por isso, por ser tão simbólico, " Corre Homem, Corre" sempre se faz presente em listas que tentam enumerar os melhores westerns spaghettis da década de 1960. Um filme apreciado pelos especialistas do gênero, que carrega todas as características que fizeram a fama do estilo dentro do cinema da época. Praticamente uma cartilha bem elaborada de como eram feitos os faroestes italianos de então.

Pablo Aluísio.

O Triunfo de Um Homem Chamado Cavalo

Título no Brasil: O Triunfo de Um Homem Chamado Cavalo
Título Original: Triumphs of a Man Called Horse
Ano de Produção: 1983
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Broadcasting System (CBS)
Direção: John Hough
Roteiro: Dorothy M. Johnson, Jack DeWitt
Elenco: Richard Harris, Michael Beck, Ana De Sade
  
Sinopse:
John Morgan (Richard Harris), conhecido pelos nativos Sioux como "O Homem Chamado Cavalo" descobre que um grupo de homens brancos, gananciosos e sem escrúpulos, estão manipulando os indígenas para que eles novamente entrem em guerra contra as tropas da cavalaria do exército americano. A intenção é que toda a tribo seja dizimada, pois ouro foi encontrado em suas terras, na reserva destinado para a sobrevivência daquele povo.

Comentários:
Terceiro e último filme da trilogia "A Man Called Horse" iniciada em 1970 com "Um Homem Chamado Cavalo", seguida da sequência "O Retorno do Homem Chamado Cavalo" em 1976. Como era de se esperar esse é filme mais fraco de todos. Para começar ele não foi rodado para ser exibido nos cinemas, mas sim na TV, no canal americano CBS. Sendo um telefilme não ganhou a riqueza de detalhes que uma produção cinematográfica geralmente apresenta. No Brasil chegou a ser lançado no mercado de vídeo VHS, mas sem muita repercussão. Com um roteiro mais simples, a grande atração vai novamente para o ator Richard Harris. Aliás sua presença é a única razão maior para o cinéfilo conferir essa produção. Curiosamente esse western quase foi dirigido pelo mestre Sam Peckinpah, a convite de Harris. Infelizmente ele não conseguiu se entender com a CBS, sendo colocado em seu lugar o diretor John Hough que dirigiu vários filmes para a Disney. Então é isso, nada de muito relevante ou importante, apenas um adeus singelo de um grande personagem e uma grande estória passada no velho oeste.

Pablo Aluísio.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Animais Fantásticos e Onde Habitam

Newt Scamander (Eddie Redmayne) chega em Nova Iorque, durante a década de 1920, para adquirir uma nova espécime para sua coleção. Ele é um bruxo, especialista em animais mágicos. Ao chegar lá acaba perdendo sua mala especial, onde coloca todos os tipos de animais fantásticos. Em pouco tempo acaba se vendo em um verdadeiro caos, pois alguns de seus bichinhos fogem, trazendo grandes problemas para ele. Ao mesmo tempo a cidade parece ser atacada por uma criatura desconhecida, que fora de controle, começa a destruir ruas e prédios. Cabe agora a Scamander a complicada tarefa de reunir todos os seus animais fugitivos, enquanto enfrenta a terrível besta desconhecida. Essa é a nova franquia da Warner Bros passada no mesmo universo de Harry Potter. Como está acontecendo com "Star Wars" os estúdios finalmente entenderam que podem explorar outras estórias dentro de universos de sucesso, já testados nas telas de cinema. É uma ótima jogada de marketing, além de ser uma boa notícia para quem curte os filmes. Assim a escritora J.K. Rowling (que escreveu os livros de Harry Potter) adaptou ela mesma para o cinema essa nova série. Pela primeira vez escrevendo um roteiro para o cinema, ele acabou se saindo muito bem, pois o enredo se mostra bem desenvolvido, sem grandes arestas a promover.

Com orçamento milionário e produção realmente excelente, o diretor David Yates teve todos os meios disponíveis para contar a estória. De maneira em geral é realmente um bom filme, pura diversão pop, que vai agradar aos fãs de Harry Potter. O protagonista Newt Scamander (bem interpretado por Eddie Redmayne) é um sujeito tímido, nerd, que prefere mais a companhia de seus bichos mágicos do que de seres humanos. Não tem o mesmo carisma que o garoto Potter. Talvez esse seja um problema para os próximos filmes. Será que esse introvertido Newt dará conta do recado e manterá o interesse dos fãs filme após filme? Eu tenho minhas dúvidas. Em termos de elenco temos algumas boas presenças. Digo presenças porque os grandes atores não possuem muito espaço dentro do filme. Colin Farrell é um vilão coadjuvante e vacilante, que age pouco, em momentos esparsos. E se você é fã de Johnny Depp... bom, ele tem apenas uma apresentação rápida em cena. Apenas abre caminho para o rol de maldades que fará nos filmes que virão. O veterano Jon Voight também não tem muito espaço. Interpretando um magnata da imprensa, ele tem apenas duas ou três cenas. Pior acontece com Ron Perlman que sequer aparece em carne e osso. Ele apenas dubla uma criatura, um traficante de animais que se encontra com Newt em um bar cheio de criminosos. Então é isso. Tecnicamente perfeito, com roteiro bem estruturado, esse novo filme chega cheio de pretensões comerciais e artísticas. Vai dar certo essa nova franquia Potter? Só o tempo dirá...

Animais Fantásticos e Onde Habitam (Fantastic Beasts and Where to Find Them, Estado Unidos, 2016) Direção: David Yates / Roteiro: J.K. Rowling / Elenco: Eddie Redmayne, Colin Farrell, Johnny Depp, Katherine Waterston, Ron Perlman, Jon Voight, Alison Sudol / Sinopse: Especialista em animais mágicos, Newt (Redmayne) passa por apuros enquanto tenta recuperar sua mala enfeitiçada , ao mesmo tempo em que combate uma criatura desconhecida de grande poder.

Pablo Aluísio.

Despertar de um Pesadelo

Título no Brasil: Despertar de um Pesadelo
Título Original: The Long Kiss Goodnight
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Renny Harlin
Roteiro: Shane Black
Elenco: Geena Davis, Samuel L. Jackson, Yvonne Zima
  
Sinopse:
Samantha Caine (Geena Davis) parece ser uma dona de casa comum, como tantas outras de sua idade. O que a diferencia é das demais é que ela sofre de uma rara amnésia que a impede de lembrar de fatos muito recentes. Samantha também não faz a menor ideia de quem ela realmente é: uma assassina profissional altamente treinada pelo serviço de inteligência dos EUA. Agora ela terá que enfrentar aqueles que desejam sua morte, como parte de uma grande operação de queima de arquivo.

Comentários:
Nem sempre orçamento generoso significa qualidade cinematográfica. Esse filme aqui chamado "The Long Kiss Goodnight" foi considerado uma das produções mais caras daquele ano, com muitas cenas de explosão, efeitos especiais e tudo o mais que o dinheiro pode comprar em Hollywood. Também teve uma campanha de marketing das mais agressivas. Nada disso evitou de ser um enorme fracasso de bilheteria - o filme sempre é colocado em listas dos maiores fracassos dos anos 90. A razão de ser de ter sido tornado uma bomba comercial (e artística) fica claro desde as primeiras cenas. Em poucas palavras: esse roteiro é muito estúpido e idiota. Para piorar ainda mais a atriz principal Geena Davis era casada na época com o diretor Renny Harlin, o que ajudou o filme a se tornar mais insuportável do que já era! Resultado de tantos erros: O filme afundou as carreiras tanto de Geena Davis, a grandalhona que vinha em uma boa maré de sucessos no cinema, e do arrogante Renny Harlin, que depois desse fiasco foi parar na rua da amargura, merecidamente aliás.

Pablo Aluísio.

sábado, 3 de dezembro de 2016

Capsule

Supostamente o governo russo teria liberado uma série de documentos classificados como Top Secret após a queda do muro de Berlim. Neles havia uma informação historicamente muito interessante: no ano de 1959 uma missão espacial inglesa chamada Hermes teria sobrevoado o território soviético. A nave britânica estaria com problemas técnicos, à deriva, pedindo por ajuda aos russos ou por qualquer um na Terra que pudesse ajudar. O astronauta teria perdido o contato com sua base em Londres e, lutando pela vida, havia entrado em contato com os russos. Até hoje o governo inglês jamais reconheceu oficialmente a existência dessa missão. Se ela for historicamente verdadeira então o astronauta Guy Taylor (Edmund Kingsley) teria sido o primeiro britânico no espaço, algo extremamente importante para a história. Fato real ou invenção dos russos? O roteiro desse filme não se propõe a responder a essa pergunta e se limita a mostrar o que teria acontecido na missão. Assim que o filme começa já encontramos o astronauta em sua pequena cápsula espacial. Algo aconteceu, a espaçonave está sem rumo, perdendo oxigênio, e Taylor tenta desesperadamente se manter vivo. Com problemas de comunicação com sua base ele fica perdido, sem rumo, em órbita do planeta.

"Capsule" é uma produção inglesa que mostra os últimos momentos do astronauta. A missão Hermes ainda é uma incógnita. Apesar disso o diretor e roteirista Andrew Martin preencheu os espaços em branco para contar sua história. Um fato interessante é que praticamente noventa por cento do filme se passa dentro da pequena cápsula espacial, com apenas um ator em cena, em uma ambiente minúsculo. Para não se tornar entediante para o espectador o diretor resolveu (acertadamente) por apostar em um filme de curta duração, que conte seu enredo da forma mais eficiente possível. Nesse aspecto se saiu bem. Não é um filme entediante, como poderia se supor, pois sempre está acontecendo algo interessante. De certo modo ele segue o estilo cinematográfico de "Apolo 13", só que com menos recursos. No final o que conta mesmo é que temos aqui um bom filme que conta uma história bem curiosa.

Capsule (Capsule, Inglaterra, 2015) Direção: Andrew Martin / Roteiro: Felix Forrest, Andrew Martin / Elenco: Edmund Kingsley, Lisa Greenwood, David Wayman / Sinopse: Astronauta inglês fica à deriva no espaço após sua pequena espaçonava sofrer uma pane. Para tentar sobreviver ele acaba entrando em contato com os russos, que tentam lhe ajudar a voltar para a Terra.

Pablo Aluísio.

O Desaparecimento de Garcia Lorca

Título no Brasil: O Desaparecimento de Garcia Lorca
Título Original: The Disappearance of Garcia Lorca
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos, França, Espanha
Estúdio: Canal+
Direção: Marcos Zurinaga
Roteiro: Marcos Zurinaga
Elenco: Andy Garcia, Esai Morales, Naim Thomas
  
Sinopse:
Um Jornalista investigativo europeu começa a seguir os passos e rastros deixados pelo poeta e ativista político Garcia Lorca, que desapareceu nos primeiros momentos da sangrenta guerra civil espanhola, ocorrida na década de 1930. O que de fato teria acontecido com ele? Estaria vivo ou morto? Foi mais uma vítima da repressão política? Filme indicado ao Goya Awards e ao ALMA Awards.

Comentários:
Com história baseada em fatos reais o roteiro foi escrito a partir do livro de Ian Gibson. Ao longo de todos esses anos podemos dizer que o ator Andy Garcia sempre procurou atuar em bons filmes, com roteiros que no mínimo fossem interessantes. Aqui temos mais um exemplo. O filme se foca na figura do poeta e dramaturgo espanhol Federico García Lorca. Grande pensador e ativista político ele desapareceu por volta de 1936, sem deixar qualquer pista de seu paradeiro. Quem interpreta o escritor é o próprio Andy Garcia, em excelente atuação. Quase que esse papel foi parar nas mãos de outro ator latino bem conhecido, Antonio Banderas. Ele se envolveu com a produção e até mesmo ajudou a levantar financiamento para a produção, mas na última hora precisou deixar o projeto, por já ter assinado a realização de outro filme, com outro estúdio. Assim recomendou Garcia para interpretar o protagonista, algo que se revelou acertado. Como era de esperar, em um roteiro fragmentado como esse, ele vai surgindo dentro do enredo em diversos flashbacks que vão contando o passado do autor. A direção ficou a cargo do diretor e produtor porto-riquenho Marcos Zurinaga, nesse que é até hoje seu filme mais conhecido internacionalmente. É um bom filme, que resgata uma passagem triste e violenta da vida desse grande pensador Garcia Lorca.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Demolição

Davis (Jake Gyllenhaal) é um sujeito comum que perde sua esposa em um acidente de trânsito. Ele trabalha para seu sogro e a morte da mulher o deixa em um estranho estado mental. Ele parece não sentir nada com a tragédia, como se estivesse em um enorme vazio existencial. Durante a vigília no hospital, esperando por notícias sobre ela, logo após o acidente, Davis fica transtornado quando uma máquina não disponibiliza um pacote de amendoins que acabou de comprar. Ele então resolve escrever para o serviço de atendimento da empresa e acaba conhecendo Karen Moreno (Naomi Watts), uma garota com problemas parecidos com os dele. Davis então escreve longas cartas à mão para ela, onde revela o que está sentindo, seus pensamentos e sentimentos. Ele começa a agir de forma estranha, até mesmo bizarra. Começa a sentir uma compulsão em desmontar e destruir coisas. Chega ao ponto de ir em casas em demolição para ajudar a destruir tudo, sem qualquer razão aparente. Pior é ter que lidar com o namorado de Karen, seu próprio patrão, e um filho, um adolescente revoltado por causa da situação da mãe. Mesmo com tudo contra, Davis segue em frente, agindo a cada dia de forma mais esquisita.

Particularmente gosto muito do trabalho do diretor canadense Jean-Marc Vallée. De sua filmografia eu destaco o elegante "A Jovem Rainha Vitória" e "Clube de Compras Dallas", um ótimo retrato da chegada da AIDS na sociedade americana. O último filme de Vallée que havia assistido, o ótimo "Livre", me deixou ainda mais interessado em sua obra. De todos esses filmes certamente "Demolição" é o mais incomum, o mais fora dos padrões. Não é apenas esquisito o enredo em torno do protagonista, mas também a proposta do filme. Seu próprio título "Demolition" tanto se refere à demolição da saúde psicológica de Davis, como também ao seu surto maníaco de destruir tudo que encontra pela frente. Um filme, em suma, bem instigante. Foge do lugar comum, o que de certa maneira acaba contando pontos ao seu favor.

Demolição (Demolition, Estados Unidos, 2015) Direção: Jean-Marc Vallée / Roteiro: Bryan Sipe / Elenco: Jake Gyllenhaal, Naomi Watts, Chris Cooper / Sinopse: O executivo Davis (Jake Gyllenhaal) sofre um surto psicológico após a morte de sua esposa. Agindo de forma estranha ele encontra algum alívio quando conhece Karen (Watts), que logo se identifica com seu modo sui generis de ver a vida. Filme indicado aos prêmios da Rotterdam International Film Festival e do SXSW Film Festival.

Pablo Aluísio.

Perdidos no Espaço

Título no Brasil: Perdidos no Espaço - O Filme
Título Original: Lost in Space
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Stephen Hopkins
Roteiro: Akiva Goldsman
Elenco: Gary Oldman, William Hurt, Matt LeBlanc, Heather Graham
  
Sinopse:
A família Robinson é enviada para uma missão espacial em uma nave de última geração, mas algo sai errado e eles perdem completamente o rumo e o caminho no meio da viagem pelo universo profundo. Uma das razões que explicaria isso é a presença de um tripulante não programado, um intruso, o Dr. Zachary Smith (Gary Oldman), um sujeito nada agradável.

Comentários:
"Lost in Space" (Perdidos no Espaço) foi uma das séries mais populares dos anos 60. Misto de programa família com ficção, o programa ficou por três anos na programação, se tornando depois campeã em reprises, inclusive no Brasil. Isso obviamente acabou criando uma legião de fãs, pois os roteiros e o visual, assumidamente kitsch, tinham um apelo nostálgico irresistível. Para celebrar os 30 anos do fim da série a produtora New Line resolveu fazer esse remake homenagem nas telas de cinema. E assim como acontecia na série, quem acabou roubando todas as atenções foi o próprio Dr. Smith. Na TV esse personagem ficou imortalizado pela brilhante atuação do ator Jonathan Harris. No cinema convocaram também um ótimo ator para interpretá-lo, o premiado Gary Oldman. Uma das críticas mais recorrentes feitas a esse filme era a de que ele não tinha mais o charme e até mesmo o clima de doce fanfarronice da série dos anos 60. Penso que esse tipo de visão é um erro. Embora os personagens sejam os mesmos (inclusive com a presença do Robô, chamado na série carinhosamente de "lata de sardinha" pelo Dr. Smith), os tempos são outros. O roteiro desse filme inclusive é bem complexo em sua terça parte final, lidando com dimensões paralelas e conceitos profundos de astrofísica. Mesmo assim nada me aborreceu. No fim das contas a única coisa que lamentei foi o fato do filme não ter tido muito sucesso, o que enterrou as pretensões do estúdio em se inaugurar uma nova franquia Sci-fi no cinema.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Guerra de Mentiras

Título no Brasil: Guerra de Mentiras
Título Original: A Bright Shining Lie
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Home Box Office (HBO)
Direção: Terry George
Roteiro: Terry George
Elenco: Bill Paxton, Bo Eason, William L. Mansey
  
Sinopse:
Durante a Guerra do Vietnã, um militar americano chamado John Paul Vann (Bill Paxton) começa a entrar em atrito com seus superiores por causa dos rumos do conflito. Homem experiente ele começa a mostrar os erros e equívocos de uma guerra sem sentido. Pior do que isso, começa a se solidarizar com as atrocidades cometidas contra o povo vietnamita, algo que o coloca como alvo do exército americano na região. 

Comentários:
Telefilme produzido pelo canal HBO mostrando a história real de um oficial do exército americano que deve coragem de dizer o que estava acontecendo naquela guerra, que foi um dos maiores desastres militares da história dos Estados Unidos. John Paul Vann, cuja história o filme conta, foi um tenente americano, veterano da guerra da Coreia, que após se aposentar retornou ao Vietnã, dessa vez trabalhando em uma agência de notícias. Como tinha experiência militar acabou revelando a jornais americanos como o The New York Times os absurdos que estavam acontecendo no front, no campo de batalha. Esse é um filme sobre sua biografia e funciona também como mensagem de denúncia. Infelizmente o corajoso militar acabou morrendo na própria guerra do Vietnã, quando seu helicóptero foi atacado por forças inimigas. Ele morreu em 1972, sem ver o desfecho daquela guerra insana. Um bom filme, com um roteiro pertinente e relevante. Não é uma grande produção, mas pelo valor histórico merece certamente ser redescoberto, principalmente por quem gosta de história militar.

Pablo Aluísio.

Sully: O Herói do Rio Hudson

Esse filme deveria ter estreado no fim de semana passado, porém o desastre aéreo que vitimou os atletas do Chapecoense fez com que a distribuidora resolvesse adiar por uma semana sua estreia nas telas de cinema do Brasil. Para o estúdio seria muita falta de sensibilidade colocar um filme sobre uma queda de avião depois daquela tragédia da vida real. Pois bem, agora finalmente os brasileiros poderão conferir essa produção. A má notícia é que embora conte uma história interessante o filme não é grande coisa, infelizmente. O problema básico aqui é a estrutura do roteiro. Para quem não sabe do que se trata, o filme conta a história real de um voo que partindo de Nova Iorque acabou sendo atingido por aves que vinham em direção contrária ao avião. As turbinas explodiram e o piloto (o Sully do título) precisou fazer uma manobra arriscada, pousando o grande avião nas águas geladas do Rio Hudson. Uma boa estrutura de roteiro seria contar isso de forma cronológica. Não é o que acontece. Assim que o filme começa já encontramos o comandante Sully (Tom Hanks) se recuperando da queda. Ele é considerado um herói pela imprensa, porém um comitê de aviação é formado para investigar o que aconteceu.

O roteiro assim se desenvolve em cima das reuniões desse comitê, com Sully tentando se defender das acusações de que ele tinha condições de procurar por uma pista de pouso de um aeroporto próximo, ao invés de levar o avião para o meio do rio. Todos os aspectos mais interessantes da história vão surgindo apenas em flashbacks que mostram o passado e nisso o roteiro se perde. Não há clímax na verdade. O acidente é mostrado na segunda parte do filme, o que faz com que sua parte final seja destituída de carga dramática. Tom Hanks é um ótimo ator. Ele é aquele tipo de presença que faz valer o filme. O problema é que o comandante Sully é um protagonista sem carisma. Veterano, com cabelos grisalhos, ele parece ser uma pessoa austera, dura, séria, de poucas palavras. Até no momento do acidente ele parece demonstrar pouco calor humano. Hanks assim vê sua capacidade de cativar o público perder parte de seu potencial. Essa austeridade parece ter sido seguido à risca pelo diretor Clint Eastwood que também criou uma obra seca demais. Em suma, é um filme que não cativa e nem emociona. Conta apenas sua história de forma eficiente.

Sully: O Herói do Rio Hudson (Sully, Estados Unidos, 2016) Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Todd Komarnicki, baseado no livro "Highest Duty", escrito por Chesley 'Sully' Sullenberger / Elenco: Tom Hanks, Aaron Eckhart, Laura Linney / Sinopse: O filme conta a história da queda de um avião nas águas do Rio Hudson. O comandante Sully (Hanks) precisou fazer uma manobra única para evitar a morte dos 155 passageiros. Filme premiado no Hollywood Film Awards na categoria de Melhor Ator (Tom Hanks).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Westworld - Primeira Temporada

Título no Brasil: Westworld 
Título Original: Westworld 
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Home Box Office (HBO)
Direção: Jonathan Nolan, Jonny Campbell
Roteiro: Lisa Joy, Jonathan Nolan
Elenco: Anthony Hopkins, Ed Harris, Evan Rachel Wood, Jeffrey Wright, Rodrigo Santoro
  
Sinopse:
Em um futuro próximo um parque temático é inaugurado. O visitante pode se sentir como um cowboy do velho oeste, interagindo com uma série de androides de última geração que recriam personagens típicos do velho oeste americano. Seu criador e mentor, o Dr. Robert Ford (Anthony Perkins), criou todo aquele universo como uma forma revolucionária de diversão, só que algo começa a dar errado, com os robôs desenvolvendo estranhos comportamentos.

Episódios Comentados:

Westworld 1.01 - The Original
Eu tenho a opinião de que uma boa série deve conquistar o espectador já em seu episódio piloto. E é justamente o que acontece aqui. A HBO resolveu produzir uma série que é baseada em um filme antigo chamado "Westworld - Onde Ninguém Tem Alma", estrelado pelo astro Yul Brynner.  A premissa é basicamente a mesma, só que obviamente remodelada e modernizada. Assim acompanhamos a rotina desse estranho parque onde robôs e andróides convivem com seres humanos (citados como "ricaços idiotas" por um dos personagens) que pagam para viver como se estivessem nos tempos do velho oeste. Até aí tudo bem, nada muito estarrecedor. O problema surge quando algumas dessas máquinas começam a desenvolver comportamentos completamente fora dos padrões. Eles devem seguir sua programação, atuar como se estivessem em um filme, com roteiro pré determinado. A questão é que surgem resquícios de inteligência artificial em alguns modelos, fazendo com que os criadores do parque fiquem intrigados com esses novos excessos, situações não esperadas, que vão surgindo em diversos modelos. O principal deles é Dolores Abernathy (Evan Rachel Wood), programada para agir como uma típica mocinha de filmes de faroeste. Seu pai sofre um pane emocional quando encontra uma foto estranha em seu curral e a partir daí uma série de eventos começam a surgir por todos os lugares do parque. Nesse episódio piloto temos uma surpresa divertida quando Rodrigo Santoro surge como um fora da lei que entra na cidade para tocar o terror entre os moradores. Seu destino, também fora do script, acaba surpreendendo. Enfim, ótimo primeiro episódio, demonstrando que vem muita coisa boa por aí. Essa série certamente vale a pena acompanhar. Não vá perder. / Westworld 1.01 - The Original (EUA, 2016) Direção: Jonathan Nolan, Jonny Campbell / Roteiro: Lisa Joy, Jonathan Nolan / Elenco: Anthony Hopkins, Ed Harris, Evan Rachel Wood, Thandie Newton, Jeffrey Wright, Rodrigo Santoro.

Westworld 1.02 - Chestnut
Maeve Millay (Thandie Newton), a prostituta negra do saloon, começa a ter lembranças de um ataque nativo quando ela perdeu seu próprio escalpo em um banho de sangue. Não era para isso acontecer. Sua programação não traz essa possibilidade. É certamente a prova de que algo está saindo errado com os protótipos que povoam Westworld. Além dela a bela mocinha Dolores Abernathy (Evan Rachel Wood) também está tendo espasmos parecidos. Ela começa a ter consciência de si mesma ao se olhar no espelho. Enquanto isso o cowboy e pistoleiro vestido em negro Ed Harris quer descobrir o que significa o labirinto! É um veterano em Westworld e por isso tem carta branca, mas logo fica claro que ele obviamente está exagerando. Por fim uma dupla de amigos chega em Westworld. Um deles é um sujeito tímido e contido. O outro, alucinado. Sua experiência valerá o ingresso pago? É o que veremos. Eis mais um bom episódio de "Westworld". Nesse aqui pela primeira vez um personagem resolve se revoltar contra os humanos, ao se deparar com o setor de reparos dos seres robóticos. Eles ficam empilhados, mais parecendo uma cena do holocausto. A mesma Maeve ao ver aquela cena tenta reagir, causando todos os tipos de problemas. A inteligência artificial leva ao conhecimento de si mesmo e de sua situação. Para o caos resta apenas um pequeno passo. / Westworld 1.02 - Chestnut (Estados Unidos, 2016) Direção: Richard J. Lewis / Roteiro: Jonathan Nolan, Lisa Joy / Elenco: Evan Rachel Wood, Thandie Newton, Jeffrey Wright.
 
Westworld 1.03 - The Stray  
Esse é certamente um dos episódios mais explicativos da série. O engenheiro Bernard Lowe (Jeffrey Wright) se reúne com seu chefe, o Dr. Robert Ford (Anthony Hopkins) para lhe explicar o que estaria acontecendo. Alguns "anfitriões" (os seres robóticos que habitam Westworld) estariam apresentando comportamentos bem estranhos, fugindo do script, dos roteiros previamente programados para eles. Nesses momentos de surtos eles falavam com uma entidade imaginária chamada Arnold! O Dr. Ford imediatamente liga os pontos. No passado seu sócio, o Dr. Arnold, teria levantado a hipótese de criar uma consciência própria nos programas e aplicativos dos anfitriões. Claro que algo assim, que criaria uma verdadeira inteligência artificial, seria algo bem perigoso. A ideia então foi rejeitada, mas ao que tudo indica o Dr. Arnold deixou algo impresso nos robôs, algo que ele não avisou a ninguém antes de sua morte. Agora os incidentes começam a ocorrer com maior frequência, com destaque para Dolores (Wood) que foge completamente do roteiro da repetitiva estória onde via sua família ser morta para reagir e fugir. Definitivamente algo muito inovador (ou sinistro) está acontecendo no mundo de Westworld. / Westworld 1.03 - The Stray (Estados Unidos, 2016) Direção: Neil Marshall / Roteiro: Jonathan Nolan, Lisa Joy/ Elenco: Evan Rachel Wood, Thandie Newton, Jeffrey Wright. Anthony Hopkins.

Westworld 1.04 - Dissonance Theory
Os "anfitriões" vão ficando cada vez mais cientes de si mesmo. A prostituta de saloon Maeve Millay (Thandie Newton) começa a ter cada vez mais espasmos de lembrança de quando foi levada até os laboratórios de Westworld para conserto. Ela consegue visualizar os homens que encontrou por lá. Sonho e realidade se misturam em sua mente. Ao ver uma jovem garota índia levando um pequeno boneco que se parece com as pessoas que encontrou nas salas de reposição do parque ela tem uma visão mais clara do que está acontecendo. Procurando fugir cada vez mais dos ciclos narrativos suas atitudes fora do padrão começam a chamar a atenção dos programadores da atração. Algo parecido vai acontecendo também com Dolores Abernathy (Evan Rachel Wood). Sua programação não a impede mais de ter cada vez mais lembranças traumáticas das mortes de seus parentes na fazenda. Antecedendo tudo o que estaria prestes a acontecer novamente ela se antecipa e consegue fugir. É curioso que no mundo de Westworld os visitantes humanos parecem sempre prontos a agir da pior forma possível, como assassinos e estupradores. Os roteiros obviamente usam esse aspecto para tecer uma sutil crítica contra o lado animalesco do homem. Por fim, outro aspecto a se considerar, vem da segunda participação do ator brasileiro Rodrigo Santoro na série. Ele interpreta o anfitrião Hector Escaton, um pistoleiro vestido de negro que sempre aparece na cidadezinha do velho oeste para tocar o terror. Aqui ele acaba servindo de fonte de informações para Maeve, que está sempre em busca de respostas. / Westworld 1.04 - Dissonance Theory (Estados Unidos, 2016) Direção: Vincenzo Natali / Roteiro: Jonathan Nolan, Lisa Joy/ Elenco:  Evan Rachel Wood, Thandie Newton, Jeffrey Wright, Anthony Hopkins.

Westworld 1.05 - Contrapasso
Pelo andar da carruagem já sabemos que Dolores Abernathy (interpretada pela linda e elegante Evan Rachel Wood) tem uma espécie de programação especial, implantada por Arnold. Provavelmente um gênesis de inteligência artificial que só se desenvolveu desde que foi implantada pela primeira vez. Dentro de "Westworld" ela já anda com seus próprios passos, bem longe de sua narrativa original. Ela se junta a alguns visitantes humanos e a outros "anfitriões" e acaba indo parar em um vilarejo mexicano cheio de soldados confederados. Lá acaba participando de um ataque a uma carroça da União que supostamente estaria cheia de nitroglicerina, um composto químico altamente explosivo. Outro destaque desse episódio é a cena em que finalmente ficam frente a frente os dois melhores atores do elenco. Sentados em uma mesa, numa vila perdida do velho oeste, Anthony Hopkins e Ed Harris travam os melhores diálogos que já vi até aqui. Dois grandes mestres da arte de atuar em um excelente "duelo" de egos e falsas intenções. Por fim uma revelação para a anfitriã prostituta de saloon Maeve Millay. Ela desperta dentro da sala de concertos e manutenção de "Westworld" e encara essa nova realidade que para muitos de seus semelhantes não passa de uma lenda! / Westworld 1.05 - Contrapasso (Estados Unidos, 2016) Direção: Jonny Campbell / Roteiro:  Jonathan Nolan, Lisa Joy / Elenco: Evan Rachel Wood, Thandie Newton, Jeffrey Wright.

Westworld 1.06 - The Adversary  
Sigo acompanhando "Westworld". A cada novo episódio as coisas vão ficando mais claras. Esse aqui é especialmente revelador. A "anfitriã" Maeve Millay (Thandie Newton) já está criando consciência de si mesma. Ela se deixa enforcar propositalmente por um cliente para retornar ao setor de reparos de Westworld. Uma vez lá trava amizade com um jovem reparador, um oriental que não apenas revela toda a verdade como a leva para um verdadeiro tour pelas instalações. Algo bem surreal e inesperado. Já o engenheiro-chefe Bernard Lowe (Jeffrey Wright) descobre que há uma série de anfitriões sem registros na central de controles. Ele então resolve investigar in loco o que estaria acontecendo e descobre que o Dr. Robert Ford (Anthony Hopkins) mantém um verdadeiro santuário de anfitriões originais, da época de fundação do parque. Eles revivem um momento especial de sua infância. Essa porém pode ser apenas uma fachada para algo maior, algo que acaba sendo descoberta por uma das engenheiras, ao descobrir que transmissões via satélite estão sendo enviadas para as máquinas, dando comando de voz de Arnold (o outro fundador de Westworld) a elas. Isso explicaria parcialmente o estranho comportamento de alguns anfitriões. E é justamente por essas respostas que o personagem de Ed Harris tanto procura. Ele acaba se envolvendo numa cilada ao tentar enganar um grupo de soldados da União, algo que acaba em intenso tiroteio. Afinal o que significaria o tal labirinto? De maneira em geral tenho gostado de "Westworld". Há certamente boas ideias aqui. Recentemente a HBO anunciou que a série terá uma segunda temporada. O que posso dizer? Seguramente será muito bem-vinda! / Westworld 1.06 - The Adversary (Estados Unidos, 2016) Direção: Frederick E.O. Toye / Roteiro: Jonathan Nolan, Lisa Joy / Elenco: Anthony Hopkins, Evan Rachel Wood, Thandie Newton, Jeffrey Wright.

Westworld 1.07 - Trompe L'Oeil
Esse episódio é um dos mais reveladores da série. O curioso é que no episódio anterior a atriz Evan Rachel Wood não tinha participado, mas agora ela retorna com sua personagem, a anfitriã Dolores Abernathy. Ela está indo aos confins de Westworld em busca de respostas, já que ela é uma das que apresentam claros sinais de inteligência artificial. Vai ter que lidar com selvagens de uma tribo fantasma e renegados confederados! E por falar em reações inesperadas dos anfitriões, nesse episódio a companhia resolve puxar o tapete do engenheiro Bernard Lowe (Jeffrey Wright) e mais do que isso, eles começam a conspirar para tirar o próprio criador do parque, o Dr. Robert Ford (Anthony Hopkins), de Westworld. Ford porém já estava esperando por esse tipo de traição! Ele manteve por anos uma instalação secreta, onde criou novos protótipos de anfitriões, com avanços notáveis. Um deles é justamente Bernard, seu braço direito. Isso mesmo, o engenheiro-chefe é ele mesmo um anfitrião criado especialmente por Ford! Quem poderia imaginar? Pior para a Dra. Theresa Cullen (interpretada pela atriz sueca Sidse Babett Knudsen). Ela acaba entrando em uma armadilha sem saber que está prestes a passar por uma situação literalmente mortal. Enfim, um dos episódios vitais para entender tudo o que acontece em Westworld, um lugar tão selvagem como o velho oeste que procura recriar! / Westworld 1.07 - Trompe L'Oeil (Estados Unidos, 2016) Direção:  Fred Toye / Roteiro: Jonathan Nolan, Lisa Joy / Elenco:  Evan Rachel Wood, Thandie Newton.

Westworld 1.08 - Trace Decay
A série "Westworld" vai ficando cada vez mais interessante. Nesse episódio o personagem do Dr. Robert Ford (Anthony Hopkins) sai apagando os rastros do crime que ele mandou Bernard Lowe (Jeffrey Wright) cometer. No episódio anterior inclusive o espectador descobriu que Bernard não é uma pessoa comum, mas sim um anfitrião. Isso foi uma surpresa e tanto. Pois bem, já que ele é um robô nada mais simples do que apagar sua memória, só que Ford ignora que apagando essa parte de suas lembranças acabará apagando outra também - o que irá gerar uma desconfiança geral nos demais funcionários de Westworld. Na outra linha narrativa Dolores Abernathy (Evan Rachel Wood) segua sua viagem nos confins do parque. Ela reencontra a velha vila onde viveu uma de suas narrativas. Encontra tudo destruído. O curioso é que sua memória parece intacta. Já a prostituta Maeve Millay (Thandie Newton) já sabe tudo o que acontece em Westworld e ela começa a agir, usando uns membros da manutenção para atender seus interesses. Por fim o episódio revela mais aspectos do personagem do pistoleiro negro (interpretado pelo ótimo Ed Harris). Para quem gosta do personagem vai curtir bastante. É isso, mais uma excelente peça nesse quebra-cabeças chamado Westworld. / Westworld 1.08 - Trace Decay (Estados Unidos, 2016) Direção: Stephen Williams / Roteiro: Jonathan Nolan, Lisa Joy / Elenco: Evan Rachel Wood, Anthony Hopkins, Ed Harris, Rodrigo Santoro, Thandie Newton, Jeffrey Wright.

Westworld 1.09 - The Well-Tempered Clavier
Esse texto contém spoiler. Assim se você ainda não assistiu a primeira temporada de "Westworld" ou esse nono episódio em particular recomendo que não siga em frente em sua leitura. Pois bem, um aspecto que sempre chamo a atenção em "Westworld" é que essa série do canal HBO começou muito bem e segue cada vez mais interessante. Não é tão fácil encontrar novas séries que lhe conquistem desde os primeiros momentos. Nesse episódio temos várias revelações. Uma delas, a mais curiosa de todas, é saber que Bernard Lowe (Jeffrey Wright) nada mais é do que uma cópia de Arnold, o antigo sócio do Dr. Robert Ford (Anthony Hopkins). O público já havia ficado surpreso no episódio anterior ao descobrir que Bernard não era um ser humano, um engenheiro trabalhando na companhia e agora temos essa outra surpresa. Como se sabe Arnold criou uma série de protótipos com I.A. (inteligência artificial) e será justamente esse grupo de androides que darão início a uma verdadeira revolução. Bernard também é dessa série e tenta de todas as formas liquidar com o Dr. Ford, inclusive usando uma anfitriã, mas ele acaba não sendo bem sucedido em seus planos. Outro acontecimento chave esse episódio ocorre quando Dolores Abernathy (Evan Rachel Wood) chega em uma igrejinha de uma cidade do velho oeste. Em seu porão estava instalado o laboratório de Arnold, onde tudo começou. Justamente lá ela descobre enfim tudo o que aconteceu, agora é só sair com vida, pois o pistoleiro negro (Ed Harris) está em seu encalço. Como afirmei antes, esse é um episódio acima da média de uma série que já é muito boa, por seus méritos próprios. / Westworld 1.09 - The Well-Tempered Clavier (Estados Unidos, 2016) Direção: Michelle MacLaren / Roteiro: Jonathan Nolan, Lisa Joy/ Elenco: Evan Rachel Wood, Thandie Newton, Jeffrey Wright, Anthony Hopkins.

Westworld 1.10 - The Bicameral Mind
Esse texto contém spoiler. Assim se você ainda não assistiu ao episódio final de "Westworld" pare a leitura por aqui. Pois bem, esse último episódio da primeira temporada me surpreendeu em alguns pontos, mas em outros foi menos surpreendente do que eu poderia esperar. Em 90 minutos de duração conseguiu fechar bem essa temporada. A sacada de unir dois personagens que não pareciam ter nada a ver em apenas um, foi realmente bem interessante. O pistoleiro negro interpretado por Ed Harris era um mistério desde o primeiro episódio, até que aqui tudo fica bem claro. Confesso que gostaria de voltar aos primeiros episódios para verificar se essa reviravolta teve mesmo sentido desde o começo. Mesmo assim descobrir o destino de William e o que ele se tornou foi uma surpresa e tanto, não há como negar. O destino do Dr. Ford e sua última história estava meio que delimitado há bastante tempo. Todos sabiam que os anfitriões, mais cedo ou mais tarde, iriam se rebelar contra seus criadores. Dolores sempre foi também uma peça chave. Os roteiristas ligaram assim o destino do Dr. Ford com seu antigo sócio, tendo ambos o mesmo fim... curiosamente sendo executados por Dolores. A explicação sobre o labirinto (algo que parecia maior, mas que era apenas um jogo infantil) também foi muito criativa. O único "porém" que fica daqui para frente é o que acontecerá na próxima temporada (já programada para estrear em 2018). Uma vez que os anfitriões estão rebelados, que massacres já foram cometidos, que agora eles podem fazer mal aos seres humanos, o que sobrará? Provavelmente a próxima temporada seja de pura ação, o que vai esvaziar a série como um todo. Afinal tudo já parece ter sido revelado. De qualquer maneira "Westworld" é uma daquelas séries que você não pode deixar de conferir, mesmo que as expectativas para a segunda temporada não sejam das melhores. / Westworld 1.10 - The Bicameral Mind (Estados Unidos, 2016) Direção: Jonathan Nolan / Roteiro: Jonathan Nolan, Lisa Joy/ Elenco: Evan Rachel Wood, Thandie Newton, Jeffrey Wright, Anthony Hopkins / Sinopse: Em um futuro próximo, um parque de diversões temáticos esconde um segredo inimaginável.

Pablo Aluísio.

domingo, 27 de novembro de 2016

Westworld - Segunda Temporada

Westworld - Segunda Temporada
Não consegui recuperar muitas resenhas dessa segunda temporada de Westworld. De qualquer maneira segue abaixo os textos que sobreviveram ao tempo. De maneira em geral gostei dessa segunda leva de episódios e a razão é até simples de explicar, pois os roteiros seguiram bem de perto a primeira temporada, a minha preferida. Os personagens, os cenários e a ambientação não havia sido mudada de forma tão forte como iria acontecer com as temporadas seguintes. Mantendo sua essência a temporada foi mais do que satisfatória.

Westworld 2.07 - Les Écorchés
Desde que a segunda temporada de Westworld começou eu fiquei com um pé atrás. Afinal aquele episódio final da primeira temporada parecia tão definitivo, com a morte dos humanos e o controle sendo assumido pelos "anfitriões". Nessa segunda temporada temos muitos episódios onde o foco é a ação, o combate entre os dois grupos. A boa novidade chega justamente nesse sétimo episódio (um pouco tarde alguns poderiam dizer). Isso porque aqui temos maiores explicações sobre o que aconteceu no sistema dos primeiros anfitriões que se revoltaram. A volta do personagem de Anthony Hopkins certamente é um diferencial. Ford encontra Bernard e lhe diz que o próprio conceito do parque como um mero centro de diversões é bem equivocado. Westworld seria na realidade um laboratório onde as máquinas poderiam aprender com os humanos, com seus sentimentos, seus atos e seus modos de agir. Achei esse aspecto do roteiro bem genial. Afinal estamos falando aqui de inteligência artificial, de seres com autonomia própria ou como os roteiristas quiseram qualificar, com "livre arbítrio". Isso é o centro, o cerne de tudo o que vinha acontecendo desde o começo da série. Exagerando um pouco poderia dizer até mesmo que o espectador poderia assistir o primeiro episódio dessa temporada e depois ignorar todos os demais, pulando diretamente para esse sétimo episódio. Seria um bom exercício de como não perder tempo com os episódios anteriores.  / Westworld 2.07 - Les Écorchés (Estados Unidos, 2018)  Estúdio: HBO / Direção: Nicole Kassell / Roteiro: Jonathan Nolan, Lisa Joy / Elenco: Evan Rachel Wood, Thandie Newton, Jeffrey Wright

Westworld 2.08 - Kiksuya
Esse episódio é todo centrado na figura do personagem Akecheta (Zahn McClarnon). Ele é um anfitrião nativo que começa a apresentar problemas de comportamento. O que estaria acontecendo? Basicamente ele está se lembrando de outras narrativas do passado, o que cria um problema e tanto dentro do programa de diretrizes. Ele cria uma consciência de seu passado. Em termos de ritmo o roteiro se arrasta um pouco. Esse guerreiro da nação fantasma nunca teve maior importância até agora. Assim o personagem tem que ser apresentado, mostrando suas primeiras narrativas, quando ele se apaixona por um bela indígena, até o momento em que resolvem mudar seu comportamento, o transformando em um guerreira sanguinário, cuspindo fogo (como ele mesmo diz em determinado momento). Aí entra o caos em sua mente. Ele se lembra desse passado, tenta reencontrar a garota, causando diversos problemas dentro do parque. Também descobre uma das portas de saída de "Westworld" onde ele acredita poderá ir para outro mundo, o mundo certo. Por fim temos aqui também uma frustração. O que mais me interessava nesse episódio era ver o destino do pistoleiro "Man in Black" (Ed Harris) que mesmo sendo baleado várias vezes no final do episódio anterior consegue sobreviver, sendo levado por sua filha. Esperava por algo mais definitivo. / Westworld 2.08 - Kiksuya (Estados Unidos, 2018) Estúdio: HBO / Direção: Uta Briesewitz / Roteiro: Jonathan Nolan, Lisa Joy / Elenco: Evan Rachel Wood, Thandie Newton, Jeffrey Wright.

Pablo Aluísio.

sábado, 26 de novembro de 2016

The Bridge

The Bridge - Série do canal FX (uma subsidiária dos estúdios Fox) que tem feito grande sucesso na TV americana. A premissa é interessante pois coloca dois estilos de investigação bem diferentes (a americana e a mexicana) tentando solucionar o caso. A policial de El Paso é uma mulher com alguns problemas de comportamento, com tendências de sofrer de transtorno obsessivo compulsivo. Já o policial mexicano é um veterano que não está muito empenhando em descobrir ou ir a fundo no crime (na verdade a polícia mexicana é retratada na série da pior forma possível, como um bando de sujeitos que não estão nem aí com a explosão da violência que assola seu país).

"The Bridge" na verdade é um remake (pensou que só no cinema acontecia esse tipo de coisa?) de uma série europeia de grande sucesso. O grande diferencial é que aqui o foco se transfere para explorar as diferenças culturais existentes entre dois países tão diferentes quanto Estados Unidos e México. Apesar do olhar preconceituoso em certos momentos o programa certamente vale a pena, confirmando mais uma vez a explosão de criatividade que impera nas séries americanas atualmente. / The Bridge (The Bridge, EUA, 2013 - 2016) Direção: Gwyneth Horder-Payton, Alex Zakrzewski, entre outros / Roteiro: Elwood Reid, Björn Stein, Meredith Stiehm, entre outros / Elenco: Diane Kruger, Demian Bichir, Annabeth Gish / Sinopse:  O corpo de uma mulher é encontrado na linha que separa a fronteira entre Estados Unidos e México. Inicialmente o caso fica sob jurisdição da polícia de El Paso mas depois que se descobre que na verdade são pedaços de duas mulheres diferentes, uma americana e uma mexicana, a solução do crime passa a ser de competência tanto da polícia dos Estados Unidos como da do México.

Episódios Comentados:

The Bridge 1.13 - The Crazy Place
A cada dia "The Bridge" vai ficando mais interessante. A região onde a série se passa nos lembra imediatamente de "Breaking Bad". Aliás a tal ponte que dá título ao seriado é justamente aquela que liga Estados Unidos e México. Sempre que um crime é cometido no local abre-se jurisdição para que as duas forças policiais venham a trabalhar juntas. A partir daí é aquele negócio, os policiais mexicanos são porcalhões, corruptos e completamente comprometidos com os chefes do tráfico local. O único que parece se salvar é mesmo o tira Marco Ruiz (Demian Bichir), embora de vez em quando ele também peça favores ao cartel dominante na região. Do lado americano surge a policial Sonya Cross (Diane Kruger), loira, linda, mas também meio maluca. O foco da primeira temporada que se encerrou aqui era encontrar o assassino de uma jovem que foi encontrada na ponte, brutalmente morta, com parte de seu corpo no território americano e parte no lado mexicano. Depois do desfecho sobra para Marco Ruiz que acaba perdendo seu próprio filho para o insano criminoso. Agora chamo a atenção para um fato interessante nessa série. A temporada inicial nem tinha ainda terminado e os roteiristas resolveram já começar a desenvolver o gancho da segunda. Curioso isso, pois já deixa o espectador com vontade de conferir os novos episódios. Novamente temos uma jovem mexicana desaparecida e pelo visto o crime é tão banal na região que nem os policiais do México se importam mais em investigar. Parece até o Brasil, onde a vida humana já não vale mais nada. / The Bridge - The Crazy Place (EUA, 2013) Direção: Gwyneth Horder-Payton / Roteiro: Elwood Reid, Dario Scardapane / Elenco: Diane Kruger, Demian Bichir, Annabeth Gish.

The Bridge 2.01 - Yankee
Primeiro episódio da segunda temporada. Essa série tem excelentes personagens e roteiros muito bem estruturados. Não é aquele tipo de série policial com episódios independentes, que podem ser assistidos separadamente. Há uma estória em ordem cronológica, assim não assista sem começar do primeiro episódio da primeira temporada para depois seguir em frente. Aqui temos um fato no mínimo estranho. A agente Sonya Cross (Diane Kruger) casualmente acaba conhecendo o irmão do assassino de sua irmã. Até aí tudo bem, não se pode odiar o sujeito apenas pelo seu parentesco. O problema é que ela vai além e acaba se envolvendo emocionalmente (e sexualmente) com ele! Tudo bem que Sonya não é o tipo de personagem que você possa qualificar como normal, mas chegar a esse ponto, convenhamos, já é um pouco demais. A cada dia que passa acredito que ela na verdade sofra de algum distúrbio, talvez seja uma portadora de algum tipo de transtorno de personalidade limítrofe! Quem sabe... Na outra linha narrativa Marco Ruiz (Demian Bichir) segue com sua cruz após a tragédia dos acontecimentos da primeira temporada. O casamento acabou e ele chega ao ponto de fazer um pacto com um narcotraficante mexicano (algo que certamente lhe custará bem caro depois). E por falar em cartel de drogas aqui temos uma amostra de como agem. No episódio anterior um carregamento de sessenta milhões de dólares cai nas mãos dos federais. Alguém terá que pagar por isso e acaba sobrando para um corrupto gerente de banco do lado americano da fronteira. Seu subordinado, que se equivocou nas datas de transporte do dinheiro, possibilitando a apreensão da fortuna por parte dos policiais paga o preço mais alto que se pode imaginar: a sua própria vida! / The Bridge 2.01 - Yankee (EUA, 2014) Direção: Keith Gordon / Roteiro: Hans Rosenfeldt, Måns Mårlind / Elenco: Diane Kruger, Demian Bichir, Annabeth Gish.

The Bridge 2.04 - The Acorn
Não deixa de ser curioso o fato de que atualmente encontramos várias protagonistas de séries americanas que não são pessoas muito equilibradas do ponto de vista mental. A agente Sonya Cross é um exemplo. Interpretada pela loiraça alemã Diane Kruger ela não bate muito bem da cabeça. Além de ser esquisita, antissocial e cultivar um comportamento fora dos padrões, agora decidiu se envolver com o irmão do assassino de sua própria irmã! Bizarro? Certamente. Assim como Carrie Mathison (Claire Danes) de "Homeland" ela parece sempre nutrir um estranho desejo de se relacionar com os homens mais improváveis possíveis. Nesse processo vai perdendo o pouco de juízo que ainda lhe resta. E por falar em gente louca o que dizer da assassina desconhecida que eles procuram? Uma mulher que matou um jovem garoto e depois o enterrou em um barril de produtos químicos numa fábrica abandonada perto da fronteira. Por trás de tudo temos o grande chefe do tráfico da região, Fausto Galvan (Ramón Franco), que está pouco se lixando para os que morrem ao atravessarem seu caminho. O interessante nesses últimos episódios de "The Bridge" é que os roteiristas estão explorando cada vez mais a figura do jornalista Daniel Frye (Matthew Lillard). Quando ele surgiu na série pela primeira vez era um tipo indigesto, rude, cínico, porcalhão e com muitos problemas envolvendo bebidas. Agora ele está aos poucos se tornando um dos personagens centrais dos roteiros, inclusive nesse episódio, quando descobre um grande esquema de lavagem de dinheiro envolvendo agências bancárias na fronteira entre México e Estados Unidos. Dinheiro de traficantes de drogas, é bom frisar. / The Bridge 2.04 - The Acorn (EUA, 2014) Direção: Colin Bucksey / Roteiro: Måns Mårlind, Hans Rosenfeldt / Elenco: Diane Kruger, Demian Bichir, Annabeth Gish, Ramón Franco.

The Bridge 2.05 - Eye of the Deep
Infelizmente nos dias de hoje o México já pode ser considerado um narcoestado. O que exatamente quer dizer essa denominação? Significa afirmar que praticamente todos os setores da sociedade, incluindo aí o setor público e suas instituições, já estão devidamente corrompidos pelo poder econômico do tráfico internacional de drogas. A proximidade com os Estados Unidos (o maior consumidor de drogas do mundo) levou o Estado mexicano ao colapso, até porque é uma mera questão econômica: sempre que existir um mercado consumidor haverá um setor produtor a fornecer seu produto para atender a demanda sempre crescente. E é justamente na fronteira entre Estados Unidos e México que se passa o enredo de "The Bridge". Veja o caso desse episódio. O policial Marco Ruiz (Demian Bichir) pede um favor ao traficante Fausto Galvan (Ramón Franco) para que ele arranje uma maneira de lhe colocar dentro do presídio onde está preso o assassino de seu filho. Marco pretende matar com as próprias mãos o sujeito que tirou a vida de seu amado filho, um jovem que tinha todo um futuro pela frente, mas que foi morto de uma forma covarde e brutal. Como se isso não fosse o bastante, o jornalista Daniel Frye (Matthew Lillard) é procurado por um agente da DEA (a agência que combate o tráfico nos Estados Unidos). Ele lhe passa uma nova informação, bem explosiva aliás, a de que a própria CIA estaria envolvida no milionário mercado do tráfico internacional de drogas, algo que se comprovado poderia derrubar poderosos figurões do governo americano. Uma amostra do poder de infiltração dos grandes cartéis de drogas do México dentro das fronteiras dos Estados Unidos. / The Bridge 2.05 - Eye of the Deep (EUA, 2014) Direção: Alex Zakrzewski / Roteiro: Meredith Stiehm, Elwood Reid, Mauricio Katz / Elenco: Diane Kruger, Demian Bichir, Annabeth Gish.

The Bridge 2.07 - Lamia
Sonya Cross (Diane Kruger) definitivamente não é uma mulher muito normal. Além de ter um comportamento estranho, que muitas vezes foge dos padrões sociais, ela ainda leva um relacionamento esquisito com o homem que na verdade é o irmão do assassino de sua irmã! Bizarro? Certamente sim. Nesse episódio seu namorado a leva para uma caixa d'água remota, localizada bem no meio do deserto. Em sua base ele mostra a Sonya os restos mortais de uma outra vítima de seu irmão, uma jovem que ficou anos e anos enterrada lá, sem que ninguém soubesse. Isso enfurece o veterano policial Hank Wade (Ted Levine) que passou muitos anos em busca da garota desaparecida. Esse fato faz com que Sonya finalmente resolva se distanciar de seu bizarro affair. Enquanto isso o jornalista Daniel Frye (Matthew Lillard) finalmente encontra o elo de ligação entre o dinheiro do tráfico de drogas do bando de Fausto Galvan (Ramón Franco) e um importante banco da região, algo que se concretiza até mesmo em vários investimentos supostamente legais locais, como um grande complexo residencial à venda nas redondezas da cidade. Essa descoberta custará caro para uma colega de Frye que acaba tendo sua casa invadida, sendo sua companheira esfaqueada no meio da noite. Por fim o cerco do DEA vai aos poucos se fechando sobre Galvan e sua quadrilha. Uma fazendeira americana da fronteira acaba se encontrando com um agente, disposta a fazer um acordo judicial para contar tudo o que sabe, sendo depois levada para o programa de proteção às testemunhas. A fronteira entre México e Estados Unidos nunca foi tão violenta e brutal e ela, com receios de ser morta, acaba procurando por uma saída daquela situação extrema. / The Bridge 2.07 - Lamia (EUA, 2014) Direção: Adam Arkin / Roteiro: Hans Rosenfeldt / Elenco: Diane Kruger, Demian Bichir, Annabeth Gish.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

As Neves do Kilimanjaro

Título no Brasil: As Neves do Kilimanjaro
Título Original: The Snows of Kilimanjaro
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Henry King
Roteiro: Casey Robinson, baseado na obra de Ernest Hemingway
Elenco: Gregory Peck, Susan Hayward, Ava Gardner, Hildegard Knef
  
Sinopse:
Durante um safári na África, um escritor americano, Harry Street (Gregory Peck), acaba se ferindo na perna numa caçada. Levado de volta ao acampamento o ferimento se agrava, se tornando infeccioso. Enquanto aguarda socorro ele começa a recordar de seu passado, dos amores e das oportunidades perdidas em sua vida. Em pouco tempo começa também a delirar, misturando recordações com lamúrias pois começa a perceber que não sairá vivo dessa situação. Apenas sua esposa Helen (Susan Hayward) tenta de todas as formas mantê-lo vivo. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (Leon Shamroy) e Melhor Direção de Arte (Lyle R. Wheeler e John DeCuir).

Comentários:
Nem sempre a adaptação de livros para o cinema consegue resultar em filmes irrepreensíveis. A transposição é sempre complicada. Veja o caso dessa produção. Em 1936 o escritor Ernest Hemingway publicou o conto "The Snows of Kilimanjaro" na revista Esquire. Nele um caçador branco de origem americana agonizava na África, à beira da morte, enquanto fazia um verdadeiro balanço de sua vida. Em 1952 Hollywood comprou os direitos da obra e o transformou nesse filme. Como havia lacunas na trama o roteirista Casey Robinson usou de farto uso de flashbacks para voltar ao passado, mostrando a vida de Harry Street, o protagonista, em sua busca pelo sucesso no trabalho e no amor, mesmo que ele acabasse achando que no final tudo foi em vão. É interessante notar que em praticamente todos os romances e livros que escreveu Hemingway usava sempre de aspectos biográficos de sua vida pessoal em seus personagens. Um exemplo pode ser encontrado aqui. O escritor interpretado por Gregory Peck era na verdade o próprio Ernest Hemingway. Ele vai para a África em busca de emoções, depois participa da guerra civil espanhola e se apaixona por uma linda enfermeira. Ora, basta lembrar de outros filmes baseados na obra desse autor para perceber que todos esses elementos se repetem em livros (e filmes) como "Adeus às Armas" e "Por Quem os Sinos Dobram". No fundo ele sempre escrevia sobre si mesmo, sua visão de mundo e suas experiências pessoais. 

"As Neves do Kilimanjaro" tem como característica maior o fato de que há uma clara tentativa em se unir os elementos de filmes de aventura com uma abordagem mais intelectual, mais reflexiva. Por essa razão o filme foi considerado um pouco lento em seu lançamento, fruto provavelmente do estilo mais pesado do diretor Henry King. Mesmo com esse pequeno problema de ritmo (que é inegável) o filme se destaca mesmo por seu elenco. Além de Gregory Peck como o personagem principal brilham ainda a maravilhosa Ava Gardner como Cynthia Green, o grande amor do passado do escritor, e Susan Hayward, como a dedicada e paciente esposa dele. Gardner, um dos símbolos sexuais mais famosos da época, esbanja sensualidade ao mesmo tempo em que dá um aspecto transtornado para sua personagem. Ela não consegue lidar muito bem com suas emoções, ao mesmo tempo em que tem uma postura inconsequente e impulsiva com seus amores. Com boas tomadas da linda região onde fica a montanha do Kilimanjaro (a mais alta do continente africano, sempre com neves eternas em seu pico) o filme consegue ao mesmo tempo servir como diversão e retrato de um dos mais consagrados escritores americanos de todos os tempos. Algo que convenhamos não é pouco coisa. Assim deixo a recomendação para os admiradores de Ernest Hemingway e dos filmes de aventura do cinema clássico americano. É certamente uma boa pedida.

Pablo Aluísio.


quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Resgate de uma Consciência

Título no Brasil: Resgate de uma Consciência
Título Original: All My Sons
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Irving Reis 
Roteiro: Chester Erskine, baseado na obra de Arthur Miller
Elenco: Edward G. Robinson, Burt Lancaster, Mady Christians
  
Sinopse:
Joe Keller (Edward G. Robinson) é um pequeno industrial que consegue escapar de uma acusação criminal por parte do governo americano. Ele foi acusado de ter vendido peças defeituosas para as forças armadas durante a II Guerra Mundial. Por causa desses cilindros com problemas de fabricação usados em aviões de combate vários militares morreram durante uma operação. Joe porém conseguiu provar que não teve culpa. Já seu sócio não teve muita sorte e foi condenado. Sua vida aos poucos vai voltando ao normal até que seu filho Chris Keller (Burt Lancaster) lhe comunica que vai casar com a namorada de seu irmão, desaparecido durante a Guerra. Pior do que isso, ela também é filha do sócio de Joe que está preso em seu lugar. Vários conflitos familiares começam a vir à tona justamente por causa desse relacionamento. Filme indicado no Writers Guild of America na categoria de Melhor Roteiro (Chester Erskine).

Comentários:
O roteiro desse filme foi adaptado de uma peça teatral escrita por Arthur Miller, escritor e intelectual que se casaria com a atriz Marilyn Monroe dentro de alguns anos. O tema central desse enredo é a culpa. O relacionamento entre pai e filho entra em colapso quando esse último descobre que seu pai Joe foi o responsável direto pela morte de militares americanos na II Guerra. Ele vendeu cilindros de aviação com defeitos de fabricação. Pior do que isso, ele sabia de tudo. Para não perder dinheiro resolveu enviar o material defeituoso mesmo assim. Depois que tudo foi descoberto acabou denunciado na justiça. Com muita habilidade e bons advogados conseguiu que apenas seu sócio fosse considerado condenado, embora todos soubessem que ele foi o verdadeiro culpado pela morte daqueles homens. Tudo estaria superado após ele conseguir escapar da prisão nos tribunais, mas o passado acaba voltando na figura de Ann Deever (Louisa Horton). Ela foi namorada do irmão de Chris (Lancaster), desaparecido em combate. Pior, ela é também filha do homem que foi condenado no lugar de Joe (Robinson). Como resolver e superar essa delicada questão familiar? 

Esse filme é um excelente drama de conflitos que podem surgir dentro de uma família. O filho admira seu pai, mas depois tudo é destruído ao descobrir que ele seria um criminoso, um covarde e um hipócrita. Um papel tão complexo assim caiu como uma luva para o grande Edward G. Robinson. Ele interpreta esse patriarca, um homem que lutou para que nada faltasse para sua família, mesmo que para isso tenha ultrapassado vários limites morais, éticos e legais. É interessante que Edward G. Robinson aparenta ser um tipo "paizão", boa praça, amigo de todos no filme. Isso na fachada externa. Por baixo de tudo isso existe um homem que tomou uma decisão errada, mesmo sabendo que colocaria em risco a vida de homens inocentes. Burt Lancaster, como seu filho, ainda era bem jovem. Ele está mais contido do que o normal, talvez por falta de uma experiência maior, mesmo assim se sai muito bem nos momentos mais dramáticos ao lado de Robinson, um veterano que sabia tudo da arte de atuar. Contando com Elia Kazan em sua equipe técnica (ele fez parte da produção do filme), esse "All My Sons" tem um excelente elenco, atuações inspiradas e um roteiro com muito conteúdo ético e até mesmo filosófico. Uma pequena obra prima sobre as escolhas que não devemos tomar ao longo de nossas vidas.

Pablo Aluísio.