quinta-feira, 6 de outubro de 2016

A Série Divergente - Insurgente

Título no Brasil: A Série Divergente - Insurgente
Título Original: Insurgent
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Summit Entertainment
Direção: Robert Schwentke
Roteiro: Brian Duffield, Akiva Goldsman
Elenco: Shailene Woodley, Kate Winslet, Ansel Elgort, Theo James, Octavia Spencer, Zoë Kravitz
  
Sinopse:
Em um mundo dividido em facções para evitar novas guerras a jovem divergente Beatrice "Tris" Prior (Shailene Woodley) passa a ser perseguida pela poderosa Jeanine Matthews (Kate Winslet) que quer usar Tris como ferramenta para abrir um artefato que pertenceu aos fundadores. O tal objeto parece ter algo extremamente importante em seu interior, uma mensagem em forma de holograma, que trará inúmeras respostas para a humanidade. Filme indicado ao MTV Movie Awards e ao Teen Choice Awards.

Comentários:
Esse é o segundo filma da franquia "Divergente", baseada em uma série de livros de sucesso entre o público adolescente. O primeiro filme, que assisti em 2014, não me agradou muito. Como acontece com quase todas as adaptações literárias pude perceber vários problemas, inclusive a necessidade de se contar nos menores detalhes o universo onde as estórias se passavam, sem ter o tempo necessário para se fazer isso direito. Nunca li os livros escritos pela autora Veronica Roth, mas pelo que li e ouvi da opinião de fãs do material original tudo aqui ficou realmente mal adaptado, sem estrutura narrativa, com muitos erros, omissões e falhas de adaptação. Para quem acompanhou "Divergente" na literatura a coisa realmente pode parecer bem pior. No meu caso, como não estava muito interessado no material original, até posso dizer que esse segundo filme é bem mais interessante do que o primeiro. A coisa toda flui melhor e o roteiro me pareceu bem mais organizado e estruturado. Há um ciclo narrativo bem delimitado, com começo, meio e fim, sem tantas pontas soltas e inconclusivas como vimos no filme anterior. Também achei de bom gosto a produção. Em "Insurgente" capricharam mais nos efeitos especiais, criando uma bonita direção de arte. Provavelmente aprenderam com os erros que foram cometidos antes. A atriz Shailene Woodley é carismática, mas acredito que jamais chegará no nível de uma Jennifer Lawrence. Ela corre, pula, salta, briga e até tem espaço para algumas cenas levemente dramáticas. Deu conta do recado. Já a estrela Kate Winslet serve para emprestar seu nome para a produção, embora em termos de atuação também não tenha muito o que fazer. No geral não há muito mais a se extrair de um filme como esse porque ele essencialmente é um produto teen, com todas as limitações que esse tipo de mercado impõe. Não é algo indicado para maiores de 16 anos. Se não for o seu caso, aproveite, pois certamente vai se divertir.

Pablo Aluísio.

Não Olhe para Trás

Título no Brasil: Não Olhe para Trás
Título Original: Danny Collins
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Dan Fogelman
Roteiro: Dan Fogelman
Elenco: Al Pacino, Christopher Plummer, Annette Bening, Jennifer Garner, Bobby Cannavale, Katarina Cas
  
Sinopse:
Danny Collins (Al Pacino) é um velho ídolo dos anos 60 que ainda vive de seus antigos sucessos. Geralmente se apresentando para seus fãs da época, em concertos nostálgicos, Collins leva uma vida ridícula, casado com uma jovem que poderia ser sua neta, viciado em cocaína e completamente parado no tempo no que diz respeito a sua carreira. As coisas mudam quando seu empresário (Plummer) lhe dá de presente uma velha carta que John Lennon escreveu a Collins no começo de sua carreira. Inspirado por ela o velho cantor resolve então mudar de vida, procurando um recomeço em sua carreira e no relacionamento com seu filho, que mal conhece. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria Melhor Ator - comédia ou musical (Al Pacino).

Comentários:
"Danny Collins" tenta mostrar a realidade dos antigos astros da música que são engolidos pelo tempo. De ídolos jovens eles passam a ser meros cantores nostálgicos, cantando velhos hits para um público na terceira idade. Mesmo assim ainda insistem em viver como se tivessem 20 anos de idade, se envolvendo com garotas bem mais jovens (que sempre os traem) e completamente viciados em drogas de todos os tipos. Uma caricatura do músico envelhecido e decadente. O filme, com esse enredo, poderia muito bem se tornar um drama pesado, até melancólico. O diretor e roteirista Dan Fogelman resolveu porém ir por outro caminho, procurando por um estilo mais soft, light, nada muito sério ou dramaticamente pesado. O personagem de Al Pacino tem uma fixação pelo beatle John Lennon pois no passado foi comparado a ele. Quando descobre que o próprio Lennon lhe escreveu uma carta dizendo que todo artista deveria ser fiel apenas a ele mesmo, literalmente decide mudar de vida. Começa a compor novas canções, com letras mais profundas, e resolve procurar seu único filho que há muito tempo não vê. O sujeito é um homem comum, pai de família, que mora em um subúrbio de New Jersey. Ele leva uma vida bem simples e tem muitos ressentimentos contra o pai que nunca quis saber muito dele. Assim o velho Collins precisará se esforçar bastante para reconquistar a amizade e o carinho de seu filho. 

Al Pacino é aquela coisa, por sua história e filmografia, vale qualquer ingresso. Ele aqui não tem uma grande atuação (na verdade sua indicação ao Globo de Ouro foi exagerada), mas mantém o interesse, procurando trazer carisma para seu protagonista decadente. Seu único erro é tentar cantar em cena, pois Pacino certamente é um dos piores cantores de todos os tempos! Quando ele abre a boca cantando fica extremamente complicado de acreditar que ele se tornou um ídolo da música daquele jeito! A trilha sonora do filme aliás é toda composta por canções de John Lennon, o que achei uma escolha acertada. No geral é um bom filme sobre redenção, sobre recomeçar a vida, consertando aquilo que não deu muito certo. Para quem gosta do mundo da música certamente há aspectos que no final ajudarão a manter o interesse, muito embora o roteiro fique apenas no meio do caminho. É um filme que diante das obras primas do passado de Al Pacino certamente ficará ofuscado, mas que ao menos serve para manter o veterano ator em atividade. Vale a pena conferir, nem que seja pela mera curiosidade de rever o bom e velho Pacino nos dias atuais. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Contato

Título no Brasil: Contato
Título Original: Contact
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Robert Zemeckis
Roteiro: James V. Hart, Michael Goldenberg
Elenco: Jodie Foster, Matthew McConaughey, Tom Skerritt, Angela Bassett, William Fichtner, Jay Leno
  
Sinopse:
Durante anos a cientista Eleanor Arroway (Jodie Foster) procurou por sinais de existência extraterrestre. Para localizar algum sinal de vida inteligente no cosmos ela e sua equipe passam seus dias analisando sinais de rádio provenientes do universo. Tudo segue sem novidades até que uma noite ela finalmente encontra sinais fora do comum, provavelmente provenientes de alguma civilização na galáxia. Seria algo concreto ou apenas um engano de interpretação? Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Som. Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Drama (Jodie Foster).

Comentários:
Durante toda a sua vida o astrônomo Carl Sagan (1934 - 1996) lutou para que a ciência se tornasse mais popular entre a população em geral. Para isso apresentou a série "Cosmos", um programa que procurava justamente por isso, despertar o interesse pela ciência entre as pessoas comuns. Um ano após sua morte a atriz Jodie Foster comprou os direitos de um dos livros de Sagan e produziu esse excelente filme chamado "Contato". A intenção fica claro desde o começo: o livro procurava mostrar sob uma base realmente científica como seria um primeiro contato com algum tipo de vida extraterrestre. Obviamente que o filme foge bastante das tolices que estamos acostumados a ver em produções comerciais (e descerebradas) do tipo "Independence Day". Aqui a temática é bem diferente, amparada no que se sabe sobre as possibilidades de vida fora do planeta Terra. Além disso responde de forma bem inteligente a velha questão: Estaríamos realmente sós no universo? Robert Zemeckis, o diretor da trilogia "De Volta para o Futuro", dirige seu elenco que é bem acima da média, a começar pela própria Jodie Foster, mais empenhada do que nunca em cena. Assim deixamos a dica dessa produção, uma obra bem elegante, sem vestígios da pseudociência que infelizmente assola os programas atuais das TVs a cabo. A obra é especialmente indicada para todos os admiradores do grande Carl Sagan.

Pablo Aluísio.

A Outra Face

Título no Brasil: A Outra Face
Título Original: Face/Off
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: John Woo
Roteiro: Mike Werb, Michael Colleary
Elenco: John Travolta, Nicolas Cage, Joan Allen, Nick Cassavetes, Gina Gershon, Dominique Swain
  
Sinopse:
Castor Troy (Nicolas Cage) é um terrorista internacional caçado pelo incansável agente do FBI Sean Archer (John Travolta). No passado o criminoso fora responsável pela morte do filho do policial, o que acabou transformando sua captura em uma questão bem pessoal. Tudo corre bem até que finalmente Archer consegue colocar as mãos em Troy, mas esse acaba entrando em coma após uma grande explosão. O problema é que ele deixou uma bomba armada para ser explodida a qualquer momento. Assim o agente do FBI precisa descobrir onde ela está. Para isso resolve fazer uma cirurgia inovadora e revolucionária onde o rosto do criminoso é transplantado para sua face. Archer pretende usar o disfarce para descobrir onde estaria a bomba, mas algo acaba saindo terrivelmente errado.

Comentários:
Quando o cineasta oriental John Woo foi para Hollywood ele foi saudado como um gênio dos filmes de ação de Hong Kong. Muitos críticos (de forma completamente exagerada) diziam que Woo iria revolucionar o cinema americano. Em pouco mais de dois anos ele rodou quatro filmes, todos aproveitando essa onda favorável por parte de artigos em revistas americanas especializadas em cinema. Esse aqui foi seu terceiro filme Made in USA. Aproveitando-se da fama de dois astros de Hollywood (John Travolta e Nicolas Cage) ele dirigiu um filme com produção classe A embasado em pura bobagem trash. O roteiro jamais pode ser levado à sério, no fundo é uma grande brincadeira com Travolta tirando onda de Cage, o imitando, e vice versa. Claro que há realmente ótimas cenas de ação, porém o fato inegável é que o tempo mostrou que tudo não passava mesmo de uma fita bem descartável, nada memorável. A tal "genialidade" de John Woo nunca realmente chegou a se comprovar nos Estados Unidos. Assim depois de alguns anos (e fracassos de bilheteria) ele acabou retornando para Hong Kong, onde voltou a dirigir aqueles filmes de artes marciais sem muita qualidade cinematográfica. Melhor para ele que nunca deveria ter abandonado o nicho em que sempre se deu bem. Por fim uma mera curiosidade: John Woo voltaria a trabalhar ao lado de Nicolas Cage no filme de guerra "Códigos de Guerra" em 2002. Infelizmente a fita acabou se tornando um grande fracasso comercial, enterrando de vez as pretensões de Woo em continuar a trabalhar em Hollywood.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Negócio das Arábias

Título no Brasil: Negócio das Arábias
Título Original: A Hologram for the King
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Playtone Pictures
Direção: Tom Tykwer
Roteiro: Tom Tykwer, baseado no livro de Dave Eggers
Elenco: Tom Hanks, Alexander Black, Sarita Choudhury, Sidse Babett Knudsen, Tracey Fairaway, Ben Whishaw
  
Sinopse:
Alan Clay (Tom Hanks) sempre trabalhou em vendas. Agora ele enfrenta um novo desafio em sua carreira: vender para o Rei da Arábia Saudita um inovador programa de telecomunicações baseada em hologramas. Inicialmente ele pretende resolver tudo em, no máximo uma semana, mas ao chegar naquele distante país do Oriente Médio descobre que as coisas não serão bem assim. Os sauditas possuem seu próprio ritmo de vida e negócios e definitivamente não parecem muito empenhados em resolver os problemas de Clay e sua empresa.

Comentários:
Tom Hanks começou a carreira como comediante galhofeiro, depois ganhou status de bom ator (chegando ao ponto de vencer duas vezes na categoria no Oscar) e agora inicia uma fase de filmes inofensivos, sem muita importância. Esse é o caso desse "A Hologram for the King", uma comédia leve que usa as diferenças culturais existentes entre o Ocidente e um país árabe para tirar algum humor de suas situações. O personagem de Hanks não tem muita graça. Ele é apenas um americano que vai para a Arábia Saudita vender um novo produto para o Rei, mas chegando lá descobre que a ineficiência, o descaso e a falta de objetividade pontua os negócios naquele país situado no meio do deserto. Nada parece ir em frente e sua apresentação ao Rei, que deveria ser realizada em no máximo uma semana, passa a demorar dias e mais dias, sem qualquer sinal de resolução pela frente. Assim ele acaba fazendo amizade com um motorista e uma médica que o atende. Esse roteiro poderia ser muito divertido e até mesmo ousado, mas o humor é tão inofensivo, tão politicamente correto, que estraga praticamente todo o seu potencial. A questão do terrorismo só surge muito sutilmente e a aversão que os árabes em geral nutrem pelos americano passa ao largo. O pior acontece já no finalzinho quando o roteiro dá uma guinada para virar uma estória de amor na fase mais madura do personagem. Diante disso temos realmente um filme sem muita coragem de explorar as diferenças entre americanos e sauditas. Por ser fraco em seu humor e politicamente correto demais (além da conta) esse "A Hologram for the King" se torna apenas um passatempo muito leve, sem relevância e completamente descartável, só indicado para os fãs mais fiéis a Tom Hanks e seu estilo.

Pablo Aluísio.

Kansas City

Título no Brasil: Kansas City
Título Original: Kansas City
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos, França
Estúdio: Sandcastle 5 Productions
Direção: Robert Altman
Roteiro: Robert Altman, Frank Barhydt
Elenco: Jennifer Jason Leigh, Miranda Richardson, Harry Belafonte, Dermot Mulroney, Steve Buscemi, Michael Murphy
  
Sinopse:
Johnny O'Hara (Dermot Mulroney) é um criminoso que se disfarça de negro para cometer um assalto. Pego em flagrante ele cai nas mãos da quadrilha do chefão  Seldom Seen (Harry Belafonte). Temendo por sua vida a esposa de Johnny, a jovem Blondie O'Hara (Jennifer Jason Leigh) resolve sequestrar a esposa de um figurão da política, para que seu marido seja salvo. A conexão de tantos crimes juntos acaba gerando uma verdadeira onda de caos na vida de todas as pessoas envolvidas. Filme indicado para a Palma de Ouro no Cannes Film Festival.

Comentários:
Durante muitos anos o diretor Robert Altman contou apenas com seu amor pelo cinema para realizar seus filmes. Ele não tinha dinheiro para belas produções e tampouco condições de pagar bons cachês para estrelas. Mesmo assim continuou sua carreira. Nos anos 90 aconteceu algo interessante: ele foi redescoberto por Hollywood. Herói do cinema independente virou da noite para o dia o queridinho da indústria. Atores fizeram fila para atuar em seus filmes (obviamente esperando ganhar prestígio com isso) e estúdios grandes começaram a bancar seus filmes. Com isso Robert Altman perdeu grande parte de sua essência, mas ao mesmo tempo começou a ser mais conhecido do grande público. Esse "Kansas City" já foi realizado nessa nova fase de sua vida. O filme tem um excelente elenco e um roteiro ao estilo mosaico, que era bem característico da filmografia do diretor. Várias estórias aparentemente independentes acabam se cruzando no final, unindo todas as pontas soltas. É de se louvar a elegância desse filme, principalmente em sua trilha sonora, recheada de jazz de fina qualidade. Na verdade quando o filme chegou aos cinemas muitos disseram que Altman havia criado o roteiro apenas como desculpa para explorar o rico cenário musical da época em que a estória se passa. Não deixa de ser uma grande verdade.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Herança de Sangue

Título no Brasil: Herança de Sangue
Título Original: Blood Father
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Icon Entertainment
Direção: Jean-François Richet
Roteiro: Peter Craig, Andrea Berloff
Elenco: Mel Gibson, Erin Moriarty, Diego Luna, William H. Macy, Raoul Max Trujillo, Dale Dickey
  
Sinopse:
Após passar muitos anos preso, Link (Mel Gibson) finalmente consegue sair da prisão sob condicional. Ele começa a trabalhar como tatuador no próprio trailer onde vive, ao mesmo tempo em que ainda mantém esperanças de um dia reencontrar sua filha, Lydia (Erin Moriarty). Ela desapareceu há muitos anos após fugir da casa da mãe. Tudo segue normal até que um dia Lydia ressurge! Ela viveu por anos na Califórnia e se envolveu com um criminoso latino, Jonah (Diego Luna), membro de um cartel mexicano de traficantes de drogas. Após um assalto mal sucedido ela acabou baleando o próprio namorado. Agora ele e seus comparsas querem se vingar. Apenas o pai de Lydia poderá deter esse bando de criminosos.

Comentários:
Mais uma tentativa (mal sucedida) do ex-astro Mel Gibson em retomar sua carreira. Desde que brigou com produtores e estúdios (com acusações de racismo e antissemitismo para todos os lados), Gibson tem vivido praticamente em um semi ostracismo. Nunca mais atuou em grandes produções e seus filmes já não conseguem alcançar o mesmo sucesso que um dia tiveram. Na verdade os últimos filmes de Gibson mal conseguem chamar a atenção do grande público. Em certos aspectos ele virou uma espécie de pária da indústria cinematográfica americana. Os dias de "Mad Max" e "Máquina Mortífera" parecem atualmente bem distantes. Como ele não é mais comercialmente tão viável para Hollywood seus filmes vão ficando cada vez mais baratos e sem expressão. Afinal uma coisa acaba levando a outra. Assim esse novo filme segue o mesmo caminho do que se tem visto em termos de Mel Gibson ultimamente. O roteiro é por demais básico, baseado apenas em uma situação sem novidades, a do pai que tenta proteger a filha de criminosos que tentam matá-la.

As cenas de ação são mais do mesmo. Para não escrever que nada é muito interessante ou original, há um bom momento quando Gibson foge com sua filha em uma possante moto Harley-Davidson numa estrada no meio do deserto. Apesar de ser até bem feita serviu apenas para me deixar com saudades de "Exterminador do Futuro 2". Em relação ao elenco temos um Mel Gibson barbudo, tatuado, envelhecido, mas com boa forma física. Pelo visto os anos de alcoolismo não conseguiram (ainda) destruir fisicamente o ator. Ao seu lado, como um amigo, surge o talentoso William H. Macy em um papel completamente sem importância e desnecessário. Um desperdício completo. A filha de Gibson no filme, por sua vez, é interpretada pela atriz e "ídola" teen Erin Moriarty, tão bonitinha quanto chatinha. E por fim temos Diego Luna, que por um pequeno momento no começo de sua carreira chegou a ser considerado uma grande promessa latina em Hollywood. Pelo visto foi outro que definitivamente não deu em nada. Então é isso. Uma fita de ação sem brilho, sem novidades, totalmente banal. Esse parece ser mesmo o caminho a ser trilhado pelo ex-astro Mel Gibson, aqui colhendo todos os frutos podres de seu passado recente de excessos.

Pablo Aluísio.

No Escuro da Floresta

Título Original: No Escuro da Floresta
Título no Brasil: Ainda não definido
Ano de Produção: 2015
País: Canadá
Estúdio: Elevation Pictures
Direção: Patricia Rozema
Roteiro: Patricia Rozema, baseada na novela de Jean Hegland
Elenco: Ellen Page, Evan Rachel Wood, Max Minghella, Callum Keith Rennie, Michael Eklund, Wendy Crewson
  
Sinopse:
Nell (Ellen Page) e Eva (Evan Rachel Wood) são duas irmãs que moram em uma bela e moderna casa na floresta ao lado de seu pai. Durante uma das noites a energia elétrica simplesmente acaba. Ao que parece houve um blackout que atingiu todo o país. O tempo passa e nada da volta da energia. Aos poucos elas vão se dando conta de que algo muito sério aconteceu, embora elas não saibam exatamente o quê, pois não possuem mais acesso à tecnologia. Com o passar dos meses e depois da morte do pai, as duas jovens finalmente passam a entender a gravidade da situação, onde vão precisar sobreviver a todo tipo de desafio, pois ficam totalmente isoladas e sozinhas no meio da floresta, vulneráveis a todos os tipos de perigo. 

Comentários:
Gostei bastante desse filme. É o que eu costumo chamar de filme-tese. A estória aparentemente simples tenta provar um ponto de vista. No caso aqui o roteiro procura demonstrar o quanto o ser humano está escravo da tecnologia. As duas jovens que ficam em uma casa na floresta, sem luz por meses, tentam sobreviver de alguma forma, usando o que encontram na própria natureza para garantir mais um dia de vida. É como se o argumento do filme quisesse levar o espectador de volta na história, a uma era ainda bem primitiva onde os seres humanos só precisavam satisfazer seus instintos mais básicos com o uso de ferramentas rudimentares, sem qualquer apoio tecnológico mais sofisticado. Além das adversidades também temos a selvageria e a brutalidade que podem brotar entre os homens quando colocados em situações adversas e desafiantes. Há inclusive uma brutal cena de estupro para tentar demonstrar esse aspecto. Uma forma de lembrar ao espectador que os seres humanos ainda são animais e quando colocados em situações de limite e stress podem praticar os atos mais violentos, bárbaros e imorais. 

Até porque sob o ponto de vista do roteiro do filme a ética e a própria civilidade seriam de certa maneira apenas construções culturais e nada mais. Agora deixando um pouco de lado essas observações de cunho mais sociológico, eu chamo a atenção para a excelente atuação das duas atrizes, em especial Ellen Page. Ela é a irmã mais inteligente, mais durona, que tenta manter tudo funcionando, mesmo quando a sua irmã sucumbe a um estado depressivo e melancólico. Esse é aquele tipo de roteiro que acaba virando um verdadeiro presente para atrizes como elas, que são bem talentosas, isso porque tudo se sustenta praticamente em apenas duas personagens, mulheres que precisam superar todas as adversidades imagináveis, enquanto tentam sobreviver em uma floresta distante, sem saber direito o que estaria acontecendo lá fora, no mundo exterior. Como filme-tese que é, digo que realmente está acima da média do que vem sendo produzido. Não posso dizer que seja um filme para todo tipo de público porque afinal de contas o roteiro é (de forma louvável) bem pretensioso. No geral é aquele tipo de obra cinematográfica que se sai bem pelos dois lados, pois tanto funciona como diversão, como também em um sentido mais reflexivo. Se fosse defini-lo diria que é acima de tudo um estudo sociológico de nossas raízes mais primitivas.

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de outubro de 2016

A Caçada

Título no Brasil: A Caçada
Título Original: Fled
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Kevin Hooks
Roteiro: Preston A. Whitmore II
Elenco: Laurence Fishburne, Stephen Baldwin, Will Patton, Robert John Burke, Robert Hooks, Victor Rivers
  
Sinopse:
Após conseguirem fugir da prisão, dois prisioneiros condenados, Charles Piper (Laurence Fishburne) e Mark Dodge (Stephen Baldwin), precisam empreender uma fuga pelas matas fechadas e pântanos do sul. O problema é que ambos estão acorrentados um ao outro, dificultando enormemente sua situação. Enquanto tentam escapar a polícia estadual começa uma caçada aos dois criminosos. O que Piper nem desconfia é que se companheiro de escapada é na verdade um policial infiltrado e disfarçado. Conseguirão sobreviver a esse jogo mortal de vida e morte?

Comentários:
Dificilmente filmes sobre prisões e fugas costumam ser ruins. Esse tipo de filme geralmente mantém um certo padrão de qualidade. Infelizmente nesse "Fled" se perde um pouco no meio do caminho. Na verdade o roteiro não é nada original. Há um antigo filme clássico de 1958 estrelado por Tony Curtis e Sidney Poitier, chamado "Acorrentados", que traz basicamente a mesma estória, provando que esse filme dos anos 90 passou perigosamente perto de ser um mero plágio descarado. Além disso, vamos convir que Stephen Baldwin não era Tony Curtis e tampouco Laurence Fishburne pode ser comparado ao grande Sidney Poitier! A diferença de talento chega realmente a ser abissal. Assim o que se salva um pouco nessa produção é a bela fotografia, pois o filme foi rodado em uma região muito bonita da Georgia, no sul dos Estados Unidos. Fora isso é mais do mesmo, com um roteiro que se mostra muitas vezes derivativo e repetitivo (além de ser, como eu escrevi, pouco original). Laurence Fishburne até se esforça, mas o fato inegável é que Stephen Baldwin (o menos talentoso membro do clã Baldwin) sempre foi realmente péssimo. Nunca assisti em minha vida uma boa atuação desse ator, em nenhum filme! Dessa forma, colocando prós e contras na balança, o único conselho válido que tenho sobre essa produção é a de ver o filme original dirigido pelo mestre Stanley Kramer, já que essa "nova versão" dos anos 90 é realmente bem descartável.

Pablo Aluísio.

Fantasmas do Passado

Título no Brasil: Fantasmas do Passado
Título Original: Ghosts of Mississippi
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Castle Rock Entertainment
Direção: Rob Reiner
Roteiro: Lewis Colick
Elenco: Alec Baldwin, James Woods, Whoopi Goldberg, Virginia Madsen, Craig T. Nelson, William H. Macy
  
Sinopse:
Trinta anos depois da morte do marido, um líder dos direitos civis no sul dos Estados Unidos, sua viúva Myrlie Evers (Whoopi Goldberg), tenta condenar nos tribunais o assassino, um racista violento e cruel chamado Byron De La Beckwith (James Woods). Para isso ela conta com o apoio do promotor público Bobby DeLaughter (Alec Baldwin) que fará de tudo para condenar o autor do crime. Filme baseado em fatos reais.

Comentários:
Outro ótimo filme sobre a questão dos direitos civis dos negros americanos no sul dos Estados Unidos. Essa produção aqui tenta "plastificar" um pouco a questão, tornando tudo um pouco mais "família" para o público médio americano (uma velha característica do cinema de Rob Reiner), mas mesmo assim é certamente um bom filme, muito valorizado por um elenco realmente excepcional e pela bela produção, com ótima reconstituição histórica dos fatos. Perceba que o ator Alec Baldwin ainda se levava muito à sério na época, pois ainda não tinha migrado para a TV para estrelar as séries cômicas que iriam dar um novo rumo para sua carreira. Já a comediante Whoopi Goldberg deixou a comédia de lado, suas personagens espalhafatosas e estridentes, para interpretar um papel dramático, sério e até mesmo comovente. Ela sempre foi muito talentosa e como muitos comediantes de Hollywood se viram realmente prejudicadas ao estrelarem filmes ruins em série (em Hollywood, infelizmente, as comédias costumam ser vistas como produtos de segundo escalão, onde nunca se capricha muito em termos de elenco e produção). O filme acabou sendo indicado (talvez por causa de suas boas intenções) a dois prêmios da Academia. O sempre correto James Woods levou a sua segunda indicação ao Oscar (antes havia sido indicado pelo filme-denúncia "Salvador" em 1986). A outra indicação de "Ghosts of Mississippi" foi técnico, para a equipe de maquiagem. Um trabalho realmente maravilhoso. Então é isso. Mais uma boa reconstituição histórica de um capítulo negro da história americana. Uma marcante lição de história para se aprender, evitando que um dia venha a se repetir.

Pablo Aluísio.