quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Contato

Título no Brasil: Contato
Título Original: Contact
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Robert Zemeckis
Roteiro: James V. Hart, Michael Goldenberg
Elenco: Jodie Foster, Matthew McConaughey, Tom Skerritt, Angela Bassett, William Fichtner, Jay Leno
  
Sinopse:
Durante anos a cientista Eleanor Arroway (Jodie Foster) procurou por sinais de existência extraterrestre. Para localizar algum sinal de vida inteligente no cosmos ela e sua equipe passam seus dias analisando sinais de rádio provenientes do universo. Tudo segue sem novidades até que uma noite ela finalmente encontra sinais fora do comum, provavelmente provenientes de alguma civilização na galáxia. Seria algo concreto ou apenas um engano de interpretação? Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Som. Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Drama (Jodie Foster).

Comentários:
Durante toda a sua vida o astrônomo Carl Sagan (1934 - 1996) lutou para que a ciência se tornasse mais popular entre a população em geral. Para isso apresentou a série "Cosmos", um programa que procurava justamente por isso, despertar o interesse pela ciência entre as pessoas comuns. Um ano após sua morte a atriz Jodie Foster comprou os direitos de um dos livros de Sagan e produziu esse excelente filme chamado "Contato". A intenção fica claro desde o começo: o livro procurava mostrar sob uma base realmente científica como seria um primeiro contato com algum tipo de vida extraterrestre. Obviamente que o filme foge bastante das tolices que estamos acostumados a ver em produções comerciais (e descerebradas) do tipo "Independence Day". Aqui a temática é bem diferente, amparada no que se sabe sobre as possibilidades de vida fora do planeta Terra. Além disso responde de forma bem inteligente a velha questão: Estaríamos realmente sós no universo? Robert Zemeckis, o diretor da trilogia "De Volta para o Futuro", dirige seu elenco que é bem acima da média, a começar pela própria Jodie Foster, mais empenhada do que nunca em cena. Assim deixamos a dica dessa produção, uma obra bem elegante, sem vestígios da pseudociência que infelizmente assola os programas atuais das TVs a cabo. A obra é especialmente indicada para todos os admiradores do grande Carl Sagan.

Pablo Aluísio.

A Outra Face

Título no Brasil: A Outra Face
Título Original: Face/Off
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: John Woo
Roteiro: Mike Werb, Michael Colleary
Elenco: John Travolta, Nicolas Cage, Joan Allen, Nick Cassavetes, Gina Gershon, Dominique Swain
  
Sinopse:
Castor Troy (Nicolas Cage) é um terrorista internacional caçado pelo incansável agente do FBI Sean Archer (John Travolta). No passado o criminoso fora responsável pela morte do filho do policial, o que acabou transformando sua captura em uma questão bem pessoal. Tudo corre bem até que finalmente Archer consegue colocar as mãos em Troy, mas esse acaba entrando em coma após uma grande explosão. O problema é que ele deixou uma bomba armada para ser explodida a qualquer momento. Assim o agente do FBI precisa descobrir onde ela está. Para isso resolve fazer uma cirurgia inovadora e revolucionária onde o rosto do criminoso é transplantado para sua face. Archer pretende usar o disfarce para descobrir onde estaria a bomba, mas algo acaba saindo terrivelmente errado.

Comentários:
Quando o cineasta oriental John Woo foi para Hollywood ele foi saudado como um gênio dos filmes de ação de Hong Kong. Muitos críticos (de forma completamente exagerada) diziam que Woo iria revolucionar o cinema americano. Em pouco mais de dois anos ele rodou quatro filmes, todos aproveitando essa onda favorável por parte de artigos em revistas americanas especializadas em cinema. Esse aqui foi seu terceiro filme Made in USA. Aproveitando-se da fama de dois astros de Hollywood (John Travolta e Nicolas Cage) ele dirigiu um filme com produção classe A embasado em pura bobagem trash. O roteiro jamais pode ser levado à sério, no fundo é uma grande brincadeira com Travolta tirando onda de Cage, o imitando, e vice versa. Claro que há realmente ótimas cenas de ação, porém o fato inegável é que o tempo mostrou que tudo não passava mesmo de uma fita bem descartável, nada memorável. A tal "genialidade" de John Woo nunca realmente chegou a se comprovar nos Estados Unidos. Assim depois de alguns anos (e fracassos de bilheteria) ele acabou retornando para Hong Kong, onde voltou a dirigir aqueles filmes de artes marciais sem muita qualidade cinematográfica. Melhor para ele que nunca deveria ter abandonado o nicho em que sempre se deu bem. Por fim uma mera curiosidade: John Woo voltaria a trabalhar ao lado de Nicolas Cage no filme de guerra "Códigos de Guerra" em 2002. Infelizmente a fita acabou se tornando um grande fracasso comercial, enterrando de vez as pretensões de Woo em continuar a trabalhar em Hollywood.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Negócio das Arábias

Título no Brasil: Negócio das Arábias
Título Original: A Hologram for the King
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Playtone Pictures
Direção: Tom Tykwer
Roteiro: Tom Tykwer, baseado no livro de Dave Eggers
Elenco: Tom Hanks, Alexander Black, Sarita Choudhury, Sidse Babett Knudsen, Tracey Fairaway, Ben Whishaw
  
Sinopse:
Alan Clay (Tom Hanks) sempre trabalhou em vendas. Agora ele enfrenta um novo desafio em sua carreira: vender para o Rei da Arábia Saudita um inovador programa de telecomunicações baseada em hologramas. Inicialmente ele pretende resolver tudo em, no máximo uma semana, mas ao chegar naquele distante país do Oriente Médio descobre que as coisas não serão bem assim. Os sauditas possuem seu próprio ritmo de vida e negócios e definitivamente não parecem muito empenhados em resolver os problemas de Clay e sua empresa.

Comentários:
Tom Hanks começou a carreira como comediante galhofeiro, depois ganhou status de bom ator (chegando ao ponto de vencer duas vezes na categoria no Oscar) e agora inicia uma fase de filmes inofensivos, sem muita importância. Esse é o caso desse "A Hologram for the King", uma comédia leve que usa as diferenças culturais existentes entre o Ocidente e um país árabe para tirar algum humor de suas situações. O personagem de Hanks não tem muita graça. Ele é apenas um americano que vai para a Arábia Saudita vender um novo produto para o Rei, mas chegando lá descobre que a ineficiência, o descaso e a falta de objetividade pontua os negócios naquele país situado no meio do deserto. Nada parece ir em frente e sua apresentação ao Rei, que deveria ser realizada em no máximo uma semana, passa a demorar dias e mais dias, sem qualquer sinal de resolução pela frente. Assim ele acaba fazendo amizade com um motorista e uma médica que o atende. Esse roteiro poderia ser muito divertido e até mesmo ousado, mas o humor é tão inofensivo, tão politicamente correto, que estraga praticamente todo o seu potencial. A questão do terrorismo só surge muito sutilmente e a aversão que os árabes em geral nutrem pelos americano passa ao largo. O pior acontece já no finalzinho quando o roteiro dá uma guinada para virar uma estória de amor na fase mais madura do personagem. Diante disso temos realmente um filme sem muita coragem de explorar as diferenças entre americanos e sauditas. Por ser fraco em seu humor e politicamente correto demais (além da conta) esse "A Hologram for the King" se torna apenas um passatempo muito leve, sem relevância e completamente descartável, só indicado para os fãs mais fiéis a Tom Hanks e seu estilo.

Pablo Aluísio.

Kansas City

Título no Brasil: Kansas City
Título Original: Kansas City
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos, França
Estúdio: Sandcastle 5 Productions
Direção: Robert Altman
Roteiro: Robert Altman, Frank Barhydt
Elenco: Jennifer Jason Leigh, Miranda Richardson, Harry Belafonte, Dermot Mulroney, Steve Buscemi, Michael Murphy
  
Sinopse:
Johnny O'Hara (Dermot Mulroney) é um criminoso que se disfarça de negro para cometer um assalto. Pego em flagrante ele cai nas mãos da quadrilha do chefão  Seldom Seen (Harry Belafonte). Temendo por sua vida a esposa de Johnny, a jovem Blondie O'Hara (Jennifer Jason Leigh) resolve sequestrar a esposa de um figurão da política, para que seu marido seja salvo. A conexão de tantos crimes juntos acaba gerando uma verdadeira onda de caos na vida de todas as pessoas envolvidas. Filme indicado para a Palma de Ouro no Cannes Film Festival.

Comentários:
Durante muitos anos o diretor Robert Altman contou apenas com seu amor pelo cinema para realizar seus filmes. Ele não tinha dinheiro para belas produções e tampouco condições de pagar bons cachês para estrelas. Mesmo assim continuou sua carreira. Nos anos 90 aconteceu algo interessante: ele foi redescoberto por Hollywood. Herói do cinema independente virou da noite para o dia o queridinho da indústria. Atores fizeram fila para atuar em seus filmes (obviamente esperando ganhar prestígio com isso) e estúdios grandes começaram a bancar seus filmes. Com isso Robert Altman perdeu grande parte de sua essência, mas ao mesmo tempo começou a ser mais conhecido do grande público. Esse "Kansas City" já foi realizado nessa nova fase de sua vida. O filme tem um excelente elenco e um roteiro ao estilo mosaico, que era bem característico da filmografia do diretor. Várias estórias aparentemente independentes acabam se cruzando no final, unindo todas as pontas soltas. É de se louvar a elegância desse filme, principalmente em sua trilha sonora, recheada de jazz de fina qualidade. Na verdade quando o filme chegou aos cinemas muitos disseram que Altman havia criado o roteiro apenas como desculpa para explorar o rico cenário musical da época em que a estória se passa. Não deixa de ser uma grande verdade.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Herança de Sangue

Título no Brasil: Herança de Sangue
Título Original: Blood Father
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Icon Entertainment
Direção: Jean-François Richet
Roteiro: Peter Craig, Andrea Berloff
Elenco: Mel Gibson, Erin Moriarty, Diego Luna, William H. Macy, Raoul Max Trujillo, Dale Dickey
  
Sinopse:
Após passar muitos anos preso, Link (Mel Gibson) finalmente consegue sair da prisão sob condicional. Ele começa a trabalhar como tatuador no próprio trailer onde vive, ao mesmo tempo em que ainda mantém esperanças de um dia reencontrar sua filha, Lydia (Erin Moriarty). Ela desapareceu há muitos anos após fugir da casa da mãe. Tudo segue normal até que um dia Lydia ressurge! Ela viveu por anos na Califórnia e se envolveu com um criminoso latino, Jonah (Diego Luna), membro de um cartel mexicano de traficantes de drogas. Após um assalto mal sucedido ela acabou baleando o próprio namorado. Agora ele e seus comparsas querem se vingar. Apenas o pai de Lydia poderá deter esse bando de criminosos.

Comentários:
Mais uma tentativa (mal sucedida) do ex-astro Mel Gibson em retomar sua carreira. Desde que brigou com produtores e estúdios (com acusações de racismo e antissemitismo para todos os lados), Gibson tem vivido praticamente em um semi ostracismo. Nunca mais atuou em grandes produções e seus filmes já não conseguem alcançar o mesmo sucesso que um dia tiveram. Na verdade os últimos filmes de Gibson mal conseguem chamar a atenção do grande público. Em certos aspectos ele virou uma espécie de pária da indústria cinematográfica americana. Os dias de "Mad Max" e "Máquina Mortífera" parecem atualmente bem distantes. Como ele não é mais comercialmente tão viável para Hollywood seus filmes vão ficando cada vez mais baratos e sem expressão. Afinal uma coisa acaba levando a outra. Assim esse novo filme segue o mesmo caminho do que se tem visto em termos de Mel Gibson ultimamente. O roteiro é por demais básico, baseado apenas em uma situação sem novidades, a do pai que tenta proteger a filha de criminosos que tentam matá-la.

As cenas de ação são mais do mesmo. Para não escrever que nada é muito interessante ou original, há um bom momento quando Gibson foge com sua filha em uma possante moto Harley-Davidson numa estrada no meio do deserto. Apesar de ser até bem feita serviu apenas para me deixar com saudades de "Exterminador do Futuro 2". Em relação ao elenco temos um Mel Gibson barbudo, tatuado, envelhecido, mas com boa forma física. Pelo visto os anos de alcoolismo não conseguiram (ainda) destruir fisicamente o ator. Ao seu lado, como um amigo, surge o talentoso William H. Macy em um papel completamente sem importância e desnecessário. Um desperdício completo. A filha de Gibson no filme, por sua vez, é interpretada pela atriz e "ídola" teen Erin Moriarty, tão bonitinha quanto chatinha. E por fim temos Diego Luna, que por um pequeno momento no começo de sua carreira chegou a ser considerado uma grande promessa latina em Hollywood. Pelo visto foi outro que definitivamente não deu em nada. Então é isso. Uma fita de ação sem brilho, sem novidades, totalmente banal. Esse parece ser mesmo o caminho a ser trilhado pelo ex-astro Mel Gibson, aqui colhendo todos os frutos podres de seu passado recente de excessos.

Pablo Aluísio.

No Escuro da Floresta

Título Original: No Escuro da Floresta
Título no Brasil: Ainda não definido
Ano de Produção: 2015
País: Canadá
Estúdio: Elevation Pictures
Direção: Patricia Rozema
Roteiro: Patricia Rozema, baseada na novela de Jean Hegland
Elenco: Ellen Page, Evan Rachel Wood, Max Minghella, Callum Keith Rennie, Michael Eklund, Wendy Crewson
  
Sinopse:
Nell (Ellen Page) e Eva (Evan Rachel Wood) são duas irmãs que moram em uma bela e moderna casa na floresta ao lado de seu pai. Durante uma das noites a energia elétrica simplesmente acaba. Ao que parece houve um blackout que atingiu todo o país. O tempo passa e nada da volta da energia. Aos poucos elas vão se dando conta de que algo muito sério aconteceu, embora elas não saibam exatamente o quê, pois não possuem mais acesso à tecnologia. Com o passar dos meses e depois da morte do pai, as duas jovens finalmente passam a entender a gravidade da situação, onde vão precisar sobreviver a todo tipo de desafio, pois ficam totalmente isoladas e sozinhas no meio da floresta, vulneráveis a todos os tipos de perigo. 

Comentários:
Gostei bastante desse filme. É o que eu costumo chamar de filme-tese. A estória aparentemente simples tenta provar um ponto de vista. No caso aqui o roteiro procura demonstrar o quanto o ser humano está escravo da tecnologia. As duas jovens que ficam em uma casa na floresta, sem luz por meses, tentam sobreviver de alguma forma, usando o que encontram na própria natureza para garantir mais um dia de vida. É como se o argumento do filme quisesse levar o espectador de volta na história, a uma era ainda bem primitiva onde os seres humanos só precisavam satisfazer seus instintos mais básicos com o uso de ferramentas rudimentares, sem qualquer apoio tecnológico mais sofisticado. Além das adversidades também temos a selvageria e a brutalidade que podem brotar entre os homens quando colocados em situações adversas e desafiantes. Há inclusive uma brutal cena de estupro para tentar demonstrar esse aspecto. Uma forma de lembrar ao espectador que os seres humanos ainda são animais e quando colocados em situações de limite e stress podem praticar os atos mais violentos, bárbaros e imorais. 

Até porque sob o ponto de vista do roteiro do filme a ética e a própria civilidade seriam de certa maneira apenas construções culturais e nada mais. Agora deixando um pouco de lado essas observações de cunho mais sociológico, eu chamo a atenção para a excelente atuação das duas atrizes, em especial Ellen Page. Ela é a irmã mais inteligente, mais durona, que tenta manter tudo funcionando, mesmo quando a sua irmã sucumbe a um estado depressivo e melancólico. Esse é aquele tipo de roteiro que acaba virando um verdadeiro presente para atrizes como elas, que são bem talentosas, isso porque tudo se sustenta praticamente em apenas duas personagens, mulheres que precisam superar todas as adversidades imagináveis, enquanto tentam sobreviver em uma floresta distante, sem saber direito o que estaria acontecendo lá fora, no mundo exterior. Como filme-tese que é, digo que realmente está acima da média do que vem sendo produzido. Não posso dizer que seja um filme para todo tipo de público porque afinal de contas o roteiro é (de forma louvável) bem pretensioso. No geral é aquele tipo de obra cinematográfica que se sai bem pelos dois lados, pois tanto funciona como diversão, como também em um sentido mais reflexivo. Se fosse defini-lo diria que é acima de tudo um estudo sociológico de nossas raízes mais primitivas.

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de outubro de 2016

A Caçada

Título no Brasil: A Caçada
Título Original: Fled
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Kevin Hooks
Roteiro: Preston A. Whitmore II
Elenco: Laurence Fishburne, Stephen Baldwin, Will Patton, Robert John Burke, Robert Hooks, Victor Rivers
  
Sinopse:
Após conseguirem fugir da prisão, dois prisioneiros condenados, Charles Piper (Laurence Fishburne) e Mark Dodge (Stephen Baldwin), precisam empreender uma fuga pelas matas fechadas e pântanos do sul. O problema é que ambos estão acorrentados um ao outro, dificultando enormemente sua situação. Enquanto tentam escapar a polícia estadual começa uma caçada aos dois criminosos. O que Piper nem desconfia é que se companheiro de escapada é na verdade um policial infiltrado e disfarçado. Conseguirão sobreviver a esse jogo mortal de vida e morte?

Comentários:
Dificilmente filmes sobre prisões e fugas costumam ser ruins. Esse tipo de filme geralmente mantém um certo padrão de qualidade. Infelizmente nesse "Fled" se perde um pouco no meio do caminho. Na verdade o roteiro não é nada original. Há um antigo filme clássico de 1958 estrelado por Tony Curtis e Sidney Poitier, chamado "Acorrentados", que traz basicamente a mesma estória, provando que esse filme dos anos 90 passou perigosamente perto de ser um mero plágio descarado. Além disso, vamos convir que Stephen Baldwin não era Tony Curtis e tampouco Laurence Fishburne pode ser comparado ao grande Sidney Poitier! A diferença de talento chega realmente a ser abissal. Assim o que se salva um pouco nessa produção é a bela fotografia, pois o filme foi rodado em uma região muito bonita da Georgia, no sul dos Estados Unidos. Fora isso é mais do mesmo, com um roteiro que se mostra muitas vezes derivativo e repetitivo (além de ser, como eu escrevi, pouco original). Laurence Fishburne até se esforça, mas o fato inegável é que Stephen Baldwin (o menos talentoso membro do clã Baldwin) sempre foi realmente péssimo. Nunca assisti em minha vida uma boa atuação desse ator, em nenhum filme! Dessa forma, colocando prós e contras na balança, o único conselho válido que tenho sobre essa produção é a de ver o filme original dirigido pelo mestre Stanley Kramer, já que essa "nova versão" dos anos 90 é realmente bem descartável.

Pablo Aluísio.

Fantasmas do Passado

Título no Brasil: Fantasmas do Passado
Título Original: Ghosts of Mississippi
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Castle Rock Entertainment
Direção: Rob Reiner
Roteiro: Lewis Colick
Elenco: Alec Baldwin, James Woods, Whoopi Goldberg, Virginia Madsen, Craig T. Nelson, William H. Macy
  
Sinopse:
Trinta anos depois da morte do marido, um líder dos direitos civis no sul dos Estados Unidos, sua viúva Myrlie Evers (Whoopi Goldberg), tenta condenar nos tribunais o assassino, um racista violento e cruel chamado Byron De La Beckwith (James Woods). Para isso ela conta com o apoio do promotor público Bobby DeLaughter (Alec Baldwin) que fará de tudo para condenar o autor do crime. Filme baseado em fatos reais.

Comentários:
Outro ótimo filme sobre a questão dos direitos civis dos negros americanos no sul dos Estados Unidos. Essa produção aqui tenta "plastificar" um pouco a questão, tornando tudo um pouco mais "família" para o público médio americano (uma velha característica do cinema de Rob Reiner), mas mesmo assim é certamente um bom filme, muito valorizado por um elenco realmente excepcional e pela bela produção, com ótima reconstituição histórica dos fatos. Perceba que o ator Alec Baldwin ainda se levava muito à sério na época, pois ainda não tinha migrado para a TV para estrelar as séries cômicas que iriam dar um novo rumo para sua carreira. Já a comediante Whoopi Goldberg deixou a comédia de lado, suas personagens espalhafatosas e estridentes, para interpretar um papel dramático, sério e até mesmo comovente. Ela sempre foi muito talentosa e como muitos comediantes de Hollywood se viram realmente prejudicadas ao estrelarem filmes ruins em série (em Hollywood, infelizmente, as comédias costumam ser vistas como produtos de segundo escalão, onde nunca se capricha muito em termos de elenco e produção). O filme acabou sendo indicado (talvez por causa de suas boas intenções) a dois prêmios da Academia. O sempre correto James Woods levou a sua segunda indicação ao Oscar (antes havia sido indicado pelo filme-denúncia "Salvador" em 1986). A outra indicação de "Ghosts of Mississippi" foi técnico, para a equipe de maquiagem. Um trabalho realmente maravilhoso. Então é isso. Mais uma boa reconstituição histórica de um capítulo negro da história americana. Uma marcante lição de história para se aprender, evitando que um dia venha a se repetir.

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de outubro de 2016

Arquitetura da Destruição

Título no Brasil: Arquitetura da Destruição
Título Original: Undergångens arkitektur
Ano de Produção: 1989
País: Alemanha, Suécia
Estúdio: Poj Filmproduktion AB, SVT Drama
Direção: Peter Cohen
Roteiro: Peter Cohen
Elenco: Rolf Arsenius, Bruno Ganz, Sam Gray, Arno Breker, Wilhelm Keitel, Jeanne Moreau
  
Sinopse:
Documentário que mostra como os líderes do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (Partido Nazista) planejaram remodelar toda a Alemanha em termos arquitetônicos para concretizar e mostrar ao mundo inteiro a grandiosidade daquela nova sociedade ariana que ressurgia das cinzas. Liderados pelo ditador Adolf Hitler e por seus mais próximos colaboradores como o ministro da propaganda nazista Joseph Goebbels e o chefe da SS Heinrich Himmler, a Alemanha Nazista queria construir os mais impressionantes monumentos de todo o mundo, tudo feito em honra à sua ideologia.

Comentários:
Esse filme foi lançado no mercado de vídeo no Brasil durante os anos 90 e acabou fazendo bastante sucesso, pelo menos para quem se interessava por história mundial. O foco do documentário era direcionado para explorar as megalomaníacas ideias de Hitler para o império nazista que ele acreditava iria durar mil anos. Como se sabe o ditador tinha grande interesse e fascinação por arquitetura e arte. Por essa razão Hitler contratou os melhores profissionais para transformar sua capital Berlim em uma ode suprema aos seus ideais. Grandes monumentos, só comparados aos da Roma Antiga, seriam erguidos, tudo projetado em um estilo clássico reverencial ao grande Führer. Claro que antes que colocasse em prática todos os seus projetos uma chuva de bombas caíram do céu, destruindo a nação que Hitler sonhava ser a mais perfeita de todos os tempos. Para contar seu enredo o documentário expõe cenas inéditas da época, os originais dos projetos feitos para atender o gosto pessoal de Hitler e uma infinidade de documentos históricos que sobreviveram à guerra. Um interessante filme que demonstrava mais uma vez que em termos de loucura e megalomania poucas ideologias foram tão insanas como a dos nazis. Em determinado momento vemos o projeto absurdo de Hitler para construir uma grande arena nazista em Berlim, a maior do mundo, em escala fenomenal. Esse grande projeto até começou a ser construído, mas a obra teve que parar por causas dos bombardeiros aliados e da falta de material por causa dos esforços de guerra. Hitler, pelo visto, tinha uma visão nada condizente com a realidade pela qual sua nação passava naquele momento.

Pablo Aluísio.

Agnus Dei

Alguns filmes baseados em histórias reais trazem alguns acontecimentos históricos de cortar o coração. Esse é o caso desse filme francês que realmente me deixou impressionado (diria mais, chocado e entristecido) por contar uma história que desconhecia. Tudo se passa em dezembro de 1945. O cenário é a fria e desoladora Polônia. A guerra acabou. Os alemães foram vencidos. Agora o país está sendo ocupado pelos russos sob a bandeira da União Soviética, naquele momento histórico o baluarte do comunismo internacional.

Um pequeno convento católico, com algumas freiras, é invadido por essas tropas comunistas de Moscou. Como se sabe muitos abusos e crimes foram cometidos por soldados russos durante as invasões de países da Europa ocidental. Com a Polônia não foi diferente. As freiras então acabam nas mãos desses criminosos de guerra e são coletivamente estupradas por eles. Algo realmente terrível e indescritível. Depois de alguns meses as religiosas do mosteiro começam a dar à luz aos seus filhos, frutos desses estupros. Como contornar uma situação como essa? Essa é certamente uma das histórias mais terríveis de uma guerra que por si só já foi tão farta em acontecimentos absurdos, alguns deles que nos fazem até mesmo duvidar da própria humanidade (como o Holocausto).

Sofrendo constantes ameaças de novos abusos as freiras encontram então uma aliada na médica francesa Mathilde Beaulieu (Lou de Laâge). Ela entra na vida das religiosas meio ao acaso após atender os pedidos de socorro de uma jovem freira rezando no meio da neve, desesperada (numa tocante cena que inclusive foi usada como poster do filme). A partir daí a doutora, mesmo sendo muito jovem, começa a fazer de tudo que lhe era possível para ajudar as freiras. Ela faz parte da cruz vermelha e usa de todos os seus conhecimentos médicos para trazer algum conforto para aquelas mulheres, completamente vulneráveis e desassistidas de tudo.

Embora tenha sido uma experiência até mesmo um pouco traumatizante (pelo forte teor de sua história) esse certamente foi um dos melhores filmes que assisti nesses últimos meses. Um bom filme precisa nos tocar de alguma forma, seja pela força de seu enredo, seja pela grande lição de vida que nos ensina. Nesse aspecto essa produção realmente foi extremamente marcante. No começo, quando tinha poucas informações sobre essa obra, até pensei se tratar de uma nova versão para o conhecido filme "Agnes de Deus" (com Jane Fonda), mas as diferenças são bem acentuadas. Ouso dizer que esse aqui é bem superior pela forma como conta sua edificante história. Seguramente não é uma obra cinematográfica para pessoas mais impressionáveis. Por outro lado se você estiver em busca de um filme que traga uma grande mensagem de fé em Deus, esse é certamente um dos mais indicados. Desde já uma pequena obra prima.

Agnus Dei (Les innocentes, França, Polônia, 2016) Direção: Anne Fontaine / Roteiro: Pascal Bonitzer / Elenco: Lou de Laâge, Agata Buzek, Agata Kulesza / Sinopse: Baseado em fatos reais o filme narra a história de um grupo de freiras que se tornam vítimas de estupro por parte de soldados soviéticos durante a II Guerra Mundial. Grávidas de seus algozes, elas agora precisam lidar com a maternidade e os problemas decorrentes dessa situação aflitiva. Filme participante da seleção do Sundance Festival 2016.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Game of Thrones - Quinta Temporada

Game of Thrones 5.01 - The Wars to Come
Depois de matar seu próprio pai, tudo o que resta para Tyrion Lannister (Peter Dinklage) é a fuga. Ele é colocado dentro de um pequeno caixote, em um navio e depois de uma jornada atribulada em alto mar finalmente chega em seu destino, uma bela porém remota mansão pertencente a um rico comerciante. Tudo providenciado por Lord Varys (Conleth Hill). A vida de Tyrion está arruinada, ela passa seus dias bebendo muito, porém Varys insinua que não, que ele deveria prestar atenção no que anda acontecendo ao seu redor. Uma aliança com a Rainha Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) poderia ser uma boa opção para que ele voltasse ao jogo político. Afinal de contas a chamada Mãe dos Dragões prospera em seus novos territórios conquistados. Enquanto isso a Rainha logo percebe que conquistar muitas vezes é mais fácil do que administrar. O povo pede que os jogos violentos, com combates de vida ou morte nas arenas, voltem a ser disputados, agora não mais com escravos, mas com homens livres. Daenerys abomina a ideia, uma vez que ela associa esse tipo de coisa a verdadeiras rinhas humanas. Seu poder deriva de seu exército de mercenários e dos dragões que controla. Esses foram aprisionados em uma caverna escura e a cada dia vão se tornando mais ferozes. Quando a Rainha decide visitá-los (e quase morre quando os encontra no meio da escuridão) ela começa a perceber que já não tem mais tanto controle sobre as bestas como pensava. Por fim, nesse episódio temos outro desfecho importante dentro da complexa trama da série. O Rei "Além-da-Muralha" Mance Rayder (Ciarán Hinds) é condenado a morrer na fogueira. Como último sinal de misericórdia é dada a opção dele renunciar aos seus poderes entre os selvagens, reconhecendo que não dispõe mais de qualquer tipo de domínio sobre os povos que vivem do outro lado da muralha. A recusa, como fruto de seu próprio orgulho pessoal, finalmente sela seu destino definitivamente. Para aliviar seu tormento final, em um gesto de piedade para evitar mais dor e sofrimento, Jon Snow (Kit Harington) o liberta com uma flecha certeira em seu coração. Bom episódio que já vai formando a rede de acontecimentos que se desenvolverá nessa temporada, com destaque para a excelente cena em que Daenerys Targaryen encontra seus dragões dentro de sua prisão. / Game of Thrones 5.01 - The Wars to Come (EUA, 2015) Direção: Michael Slovis / Roteiro: David Benioff, baseado na obra "A Song of Ice and Fire" de George R.R. Martin / Elenco: Peter Dinklage, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey.

Game of Thrones 5.02 - The House of Black and White
Para minar o crescente poder de Margaery Tyrell (Natalie Dormer) sobre o jovem rei, Cersei Lannister (Lena Headey) resolve fortalecer um grupo de sacerdotes do reino. Como Margaery tem um irmão homossexual o fortalecimento desse grupo de religiosos fanáticos, que dão grande importância para a moralidade da sociedade, acaba levando o jovem pederasta para a prisão. Obviamente Margaery Tyrell fica indignada com seu encarceramento e corre para que o jovem monarca recém empossado no trono tome alguma providência, porém acaba descobrindo que ele é fraco, dominando pela mãe e sem força de impor suas próprias decisões aos seus súditos. Essa atriz Natalie Dormer já tinha se destacado em "The Tudors" onde interpretava Ana Bolena. Ela é linda e tem aquele tipo de beleza que passa ao mesmo tempo uma certa maldade e malícia nos olhos, algo muito adequado para isso tipo de personagem. Na outra linha narrativa Tyrion Lannister (Peter Dinklage) é sequestrado, colocado em um barco, para ser levado até a Rainha Daenerys Targaryen (Emilia Clarke). Por fim e não menos importante acompanhamos os primeiros problemas surgidos para Targaryen em sua cidade conquistado. Explode uma rebelião interna contra suas forças de ocupação, algo que irá trazer muitos problemas para ela, justamente agora que tinha planos de avançar em suas conquistas e dominações. Recentemente a imprensa divulgou que o autor George R.R. Martin estaria com problemas para entregar no prazo seus novos textos sobre "Game of Thrones". Esperamos que isso não venha prejudicar o andamento da série. / Game of Thrones 5.02 - The House of Black and White (EUA, 2015) Direção: Michael Slovis / Roteiro: David Benioff / Elenco: Peter Dinklage, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey.

Game of Thrones 5.06 - Unbowed, Unbent, Unbroken
A interminável viagem de Tyrion Lannister (Peter Dinklage) segue em frente. Seu companheiro de viagem teve contato direto com os homens de pedra! O que isso significa? Que ele está contaminado, inclusive com os primeiros sinais de sua doença aparecendo em seu braço. Isso porém parece ser o menor dos problemas. Após um naufrágio eles vão parar em uma ilha inóspita. Como se isso não fosse ruim o bastante acabam caindo prisioneiros de piratas, escravos foragidos que agora pensam em vendê-los por um bom preço no mercado. Já Arya Stark (Maisie Williams) está no templo do deus das mil faces. O lugar impressiona com suas paredes forradas de rostos humanos. Esses corpos passam por um processo de limpeza, no qual Arya começa a trabalhar. Apenas o destino dos corpos ainda a deixam intrigada. Já sua irmã Sansa Stark (Sophie Turner) tem o pior casamento de todos os tempos, sendo praticamente estuprada em sua noite de núpcias, tudo sendo feito na presença do "fedor" para humilhá-la ainda mais. Por fim a rainha Margaery Tyrell (Natalie Dormer) cai em uma armadilha. Ao testemunhar em um caso de cunho sagrado, envolvendo homossexualismo na corte, ela mente e acaba presa imediatamente. Tudo leva a crer que foi uma bem arquitetada conspiração armada por sua própria sogra. Ao tentar se mostrar uma rival a ela a jovem acabou selando seu próprio destino que ao que tudo indicado será bem trágico. / Game of Thrones 5.06 - Unbowed, Unbent, Unbroken (Estados Unidos, 2015) Direção: Jeremy Podeswa / Roteiro: David Benioff / Elenco:  Peter Dinklage, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey.

Game of Thrones 5.07 - The Gift
Pode parecer banal, mas o grande acontecimento desse episódio vem do encontro de Tyrion Lannister (Peter Dinklage) com a Rainha Daenerys Targaryen (Emilia Clarke). Tudo acontece de forma tão casual. Como foi mostrado nos episódios anteriores Tyrion passou por todos os tipos de desafios e aventuras, acabando se tornando um escravo de piratas. Vendido a um dono de arena de gladiadores ele acaba sendo levado para as lutas, justamente no dia em que Daenerys vai assistir a um desses combates (ela inclusive odeia esse tipo de espetáculo violento, mas acaba indo para preservar a tradição e agradar aos seus súditos). Outro fato interessante nesse episódio é que a rainha mãe acaba caindo em suas próprias conspirações ao ser presa e encarcerada pelo mesmo grupo de fanáticos religiosos que ela havia utilizado para aprisionar Margaery Tyrell (Natalie Dormer). Por falar em Natalie ela esteve recentemente no Brasil onde esbanjou simpatia e carisma com os fãs brasileiros da série. Uma graça. / Game of Thrones 5.07 - The Gift (Estados Unidos, 2016) Direção: Miguel Sapochnik / Roteiro: David Benioff / Elenco: Peter Dinklage, Emilia Clarke, Natalie Dormer, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey.

Game of Thrones  5.08 - Hardhome
Outra série que vale cada momento. Esse episódio aqui acabou sendo apelidado nos Estados Unidos, pelos próprio fãs, de "Game of Thrones encontra The Walking Dead". Eu acompanhei alguns episódios de "The Walking Dead" em sua primeira temporada, mas depois deixei de assistir. Não era bem o meu estilo. De qualquer forma a semelhança entre as duas séries, que acabaram virando meme na net, vem justamente do ataque dos monstros que chegam em um vilarejo costeiro do povo do norte. Esses zumbis, que fariam a diversão de qualquer fã de "The Walking Dead" atacam o povoado, enquanto Jon Snow (Kit Harington) e alguns membros da Patrulha do Norte tentam salvar o maior número de pessoas possível. Grande cena, muito bem produzida, que obviamente se torna um dos melhores momentos da série nessa quinta temporada. Outro bom momento vem do encontro entre Tyrion Lannister (Peter Dinklage), naquela altura um mero escravo aprisionado, e a rainha dos dragões Daenerys Targaryen (Emilia Clarke). Em desgraça em seu próprio clã, tudo o que lhe resta é tentar se tornar uma espécie de conselheiro da soberana. Será que isso seria possível? Assista ao episódio para conferir. / Game of Thrones  5.08 - Hardhome (Estados Unidos, 2015) Direção: Miguel Sapochnik / Roteiro: George R.R. Martin (baseado em sua obra "A Song of Ice and Fire"), David Benioff/ Elenco: Peter Dinklage, Lena Headey, Emilia Clarke, Kit Harington.

Game of Thrones 5.09 - The Dance of Dragons
Mais um ótimo episódio de "Game of Thrones". Nesse aqui vemos a chegada dos povos do norte na muralha de gelo. É uma situação no mínima adversa, já que durante séculos a Patrulha do Norte lutou justamente contra eles. Vejo aqui uma espécie de analogia que George R.R. Martin criou entre o universo de "Game of Thrones" e o mundo real, em que vivemos, particularmente em relação à crise dos refugiados que fugindo da guerra no Oriente Médio chegam em massa à Europa. Outro bom momento desse episódio acontece quando Arya Stark (Maisie Williams) se disfarça de vendedora de ostras para liquidar um rico (e asqueroso) comerciante da velha cidade. Nesse seu novo disfarce ela consegue entrar em todos os lugares, até mesmo dentro de um bordel de cais onde um visitante logo chama sua atenção. É uma boa sequência, com bons toques de suspense, que ocupa grande parte do episódio. Agora, bom mesmo é a cena final, que inclusive dá título ao episódio (que em português se chama "A Dança dos Dragões"). A rainha Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) vai até uma arena de gladiadores, bem ao estilo Império Romano. Ela pessoalmente abomina esse tipo de espetáculo sangrento, porém vai em cumprimento de seu dever de soberana. Uma vez lá ela descobre que foi um armadilha. Uma rebelião começa entre o próprio povo, com rebeldes infiltrados entre os espectadores. Em pouco tempo a Rainha se vê cercada e acaba sendo salva justamente por seus dragões. Ótima cena, que aliás custou praticamente todo o orçamento do episódio. Os efeitos digitais são irrepreensíveis, como é de praxe em se tratando dessa série, uma das mais populares da atualidade. Nota dez! / Game of Thrones 5.09 (Estados Unidos, 2015) Direção: David Nutter / Roteiro: David Benioff / Elenco: Peter Dinklage, Nikolaj Coster-Waldau, Emilia Clarke, Maisie Williams, Kit Harington, Stephen Dillane.

Game of Thrones 5.10 - Mother's Mercy
Esse é o último episódio da quinta temporada. No episódio anterior a rainha Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) era salva por um dos seus dragões após ser cercada em uma arena tipicamente romana, com gladiadores e lutadores de todos os tipos. Ela é então levada para bem longe, indo parar em terras distantes e desconhecidas, com cavaleiros de origem incerta. Ficaram para trás, na cidade, para administrá-la, o anão Tyrion Lannister (Peter Dinklage) que ainda está dando os primeiros passos para se tornar o principal conselheiro de Daenerys, um eunuco e alguns de seus ministros, que podem estar ou não envolvidos na conspiração para matá-la. Enquanto isso Arya Stark (Maisie Williams) passa por uma estranha experiência (onde chega a perder a visão) no obscuro e sinistro templo do Deus de Mil Faces. A cena mais impactante porém desse episódio é justamente a cena final, quando Jon Snow (Kit Harington) é encurralado por seus próprios homens da Patrulha do Norte e é violentamente esfaqueado por todos eles! O sangue jorra pela neve branca... Ecos da história de Júlio César? Sim, "Game of Thrones" sempre bebeu muito da história da antiguidade, aliás seus roteiros são bem sucedidas misturas de velhas mitologias, histórias medievais e pequenos enredos retirados da Roma Imperial. Talvez por essa familiaridade com a história real da nossa humanidade, tenhamos tanto interesse nesses enredos muito bem articulados pelo talentoso escritor George R.R. Martin em sua obra mais famosa, "A Song of Ice and Fire". / Game of Thrones 5.10 - Mother's Mercy  (Estados Unidos, 2015) Direção: David Nutter / Roteiro: David Benioff / Elenco: Peter Dinklage, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey, Emilia Clarke.

Game of Thrones 6.09 - Battle of the Bastards 
Estou bem atrasado em relação a "Game of Thrones", mas continuo acompanhando a série. Sempre que me sobra um tempinho livre aproveito para ver algum episódio. Estou assim chegando no final da sexta temporada. Nesse episódio intitulado "A Batalha dos Bastardos", temos não apenas uma cena de ação, mas duas, todas extremamente bem feitas. A primeira acontece quando Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) usa seus três dragões para destruir a frota inimiga que está atacando sua cidade. Muito legal e divertido, afinal essa é uma série feita justamente para isso, divertir (nada de papo cabeça ou discussões sem fim sobre o significado dos episódios, isso não tem muita razão de ser). Pois bem, a segunda batalha acontece com o exército liderado por Jon Snow (Kit Harington) que tenta restaurar a Casa Stark, destronando o usurpador do trono. Nesse segundo combate não há dragões envolvidos, mas a cena bem sangrenta por sinal, tem excelentes momentos, inclusive explorando as táticas de guerra e confronto entre infantaria e cavalaria. O curioso é que entre as duas batalhas o episódio cai um pouco de ritmo, com cenas mais paradas. Não tem problema, os dois momentos valem muito a pena e salvam o episódio da banalidade e rotina. / Game of Thrones 6.09 - Battle of the Bastards (Estados Unidos, 2016) Direção: Miguel Sapochnik / Roteiro: George R.R. Martin / Elenco: Peter Dinklage, Kit Harington, Emilia Clarke.

Pablo Aluísio.

domingo, 25 de setembro de 2016

The Path

Ontem assisti ao primeiro episódio dessa nova série "The Path" (em bom português, "O Caminho"). O enredo gira em torno de uma seita americana que promove uma lavagem cerebral em seus membros. Embora os produtores não assumam isso de forma pública, o roteiro é claramente uma crítica à cientologia, uma seita muito bizarra que é seguida por celebridades na Califórnia.

Esse tipo de seita religiosa é muito comum de aparecer na sociedade americana. Aquela é tradicionalmente uma nação evangélica. E como bem sabemos o protestantismo tem a natural tendência de se dividir e se transformar numa imensa gama de igrejas diferentes, com suas próprias doutrinas religiosas - algumas pra lá de esquisitas. No caso da cientologia (que é seguida por gente como Tom Cruise) nada faz muito sentido. Eles idolatram um escritor de ficção científica que dizia saber a origem da humanidade. Ela teria surgido de uma colonização de extraterrestres de três metros de altura em um passado distante. Acredite, muita gente segue isso como uma verdadeira doutrina religiosa, por mais estranha que pareça ser. Tem louco pra tudo nesse mundo...

Pois bem, em "The Path" somos apresentados a um jovem casal que vive dentro de uma comunidade rigidamente controlada por uma dessas seitas. Depois do suicídio do irmão, Eddie Lane (Aaron Paul) fica devastado. Ao encontrar um livro dessa seita em uma livraria ele acaba se interessando muito pelo que lê e em pouco tempo se torna um de seus membros. O problema é que após uma experiência com um chá alucinógeno, ao estilo santo daime, ele começa a desconfiar das tais verdades absolutas propagados por seu grupo e resolve se encontrar com Allison Kemp (Sarah Jones) que parece ser uma ativista contra o grupo. Ex-integrante da seita ela conseguiu se livrar da lavagem cerebral pelo qual passou e começa uma campanha pela internet visando a recuperação de ex-membros daquela loucura pseudo-religiosa.

Tudo muito bom. O primeiro episódio é muito interessante e a série promete. Aaron Paul, para quem não lembra, foi o jovem noiado Jesse Pinkman de "Breaking Bad". Já a loirinha Sarah Jones é nossa velha conhecida, de tantas séries como "Vegas" e "Alcatraz". Além do elenco promissor a série também tem roteiros bem escritos e essa estória que é baseada nessas seitas religiosas malucas que proliferam por toda a (doentia) sociedade americana.

The Path (EUA, 2016)
Série criada por Jessica Goldberg
Roteiro: Jessica Goldberg, Julia Brownell, Annie Weisman
Elenco: Sarah Jones, Aaron Paul, Michelle Monaghan, Hugh Dance

Pablo Aluísio.

Independence Day - O Ressurgimento

Pois é, quando todo mundo pensava que Independence Day estava encerrado definitivamente eis que surge sua sequência tardia, mais de vinte anos depois do lançamento do primeiro filme. Aquele era uma patriotada cheia de efeitos especiais e roteiro pífio, estrelada pelo ator Will Smith, até então considerado o Rei do verão do cinema americano por causa das ótimas bilheterias de seus filmes. Roland Emmerich, o diretor, era apontado como um promissor novo talento em Hollywood, quem diria...

Agora o jogo virou. Smith não quis fazer a continuação - sábia decisão dele - e assim o estúdio precisou se virar para colocar um filho dele dentro da trama. O diretor Roland Emmerich, agora todos já sabem, não passa de um diretor de filmes vazios cheios de efeitos especiais e só. As coisas não mudaram. A trama continua básica e sem profundidade. Essa é, como era de se esperar, bem simples, beirando a bobeira completa. Basicamente aliens ceifadores, com estrutura biológica de insetos, mas tecnologia de ponta, que vão de planeta em planeta pelo universo atrás de seus recursos naturais para roubar e destruir civilizações em troca da energia vital de que precisam para sobreviver. A novidade em termos de roteiro dessa sequência vem do fato de que essa verdadeira praga espacial ter também seus inimigos, também vindos do espaço, que desejam ajudar a humanidade a se livrar deles. Aliens maus vs Aliens bonzinhos.

Parte do elenco original está de volta, mas faz pouca diferença. Jeff Goldblum e Bill Pullman estão lá, porém pouco podem fazer. Como era previsível todos estão bem mais velhos, mas ainda tentando manter em vão a chama acessa. Algo complicado de se fazer pois o roteiro não ajuda. Na verdade o que temos aqui é um mero remake disfarçado já que toda a estrutura narrativa é praticamente a mesma do filme original, sem tirar e nem colocar muita coisa nova. A única característica que merece elogios é que finalmente deram um tempo na patriotada que destruiu o primeiro filme. Era tanta bobagem Made in USA que deixava o espectador com vergonha alheia.

Os efeitos especiais procuram seguir o que foi visto no primeiro filme. Isso quer dizer que são bem exagerados. Ao invés de ter uma dezena de naves em luta, há milhares delas. Isso prejudicou o resultado final, dando aquela sensação de poluição visual. Os caças militares, por essa mesma razão, não parecem reais, mas meras maquetes virtuais. Também não gostei do design dos aliens. A rainha, que pela primeira vez se mostra na franquia, por exemplo, parece uma marionete correndo pelo deserto da Califórnia. O 3D também é outra decepção. Mal feito e escuro. Acredito que pelo mal resultado comercial desse "Independence Day: Resurgence" esse seja realmente o último filme da série, apesar do espaço aberto dentro da trama para novas sequências que muito provavelmente jamais virão. Já não era sem tempo.

Independence Day: O Ressurgimento (EUA, 2016)
Independence Day: Resurgence
Direção: Roland Emmerich
Roteiro: Nicolas Wright, James A. Woods
Elenco: Liam Hemsworth, Jeff Goldblum, Bill Pullman, Vivica A. Fox

Pablo Aluísio.

sábado, 24 de setembro de 2016

Gladiador e os épicos romanos

Onde estão os grandes épicos históricos passados na Roma Antiga? Infelizmente hoje temos uma dominação de filmes de super heróis em Hollywood. Com isso falta espaço para os épicos clássicos históricos antigos, um gênero que já legou tantos grandes filmes no passado. Nem vou citar os imortais "Ben-Hur", "Cleópatra" ou "A Decadência do Império Romano", Pensemos em algo até mais recente como "Gladiador" de Ridley Scott, talvez a última grande superprodução passada em Roma. Outro dia esbarrei no filme sendo exibido em um canal a cabo. Claro que senti saudades desse tipo de produção nos cinemas. Ultimamente nada tem sido feito sobre o tema e os filmes mais recentes explorando a Roma imperial são produções pequenas, de orçamento reduzido. Alguns nem chegam aos cinemas, sendo lançados diretamente em DVD.

É uma pena porque o tema é amplo demais para ser ignorado. Além das histórias envolvendo os imperadores loucos há ainda a possibilidade de explorar o surgimento do cristianismo. Basta lembrar de "O Manto Sagrado" para entender como há um vasto campo religioso para se explorar em roteiros bem escritos. Até mesmo licenças poéticas do ponto de vista histórico são bem vindos. Em "Gladiador" mesmo vemos isso. O imperador Comodus era certamente alucinado por lutas nas arenas romanas, mas certamente jamais se colocaria em risco pessoal como vemos no filme - lembrando da sequência em que ele sai no mano a mano com o personagem interpretado por Russell Crowe. Aliás o Maximus feito por Crowe nos deixam com saudades dos heróis clássicos das telas. Homens forjados na guerra, que não sentem culpa em matar e impor seu ponto de vista nos campos de batalha. Eles passam longe do modelo mais recente de herói torturado o culpado por suas escolhas pessoais. É um guerreiro e ponto final.

O curioso é que o boom de filmes como esse não aconteceu mesmo com o grande sucesso de público e crítica de "Gladiador". A produção de Scott foi extremamente elogiada, venceu vários prêmios internacionais, inclusive cinco Oscars da academia e nada disso ajudou para levantar a moda dos filmes épicos. Eu não sei você leitor, mas pessoalmente prefiro muito mais assistir a um filme com um personagem histórico crível - do tipo um soldado romano no campo de batalha - do que super heróis vestidos em roupas coloridas e colantes. Como sempre adorei história fico realmente plenamente satisfeito quando saio de uma sala de cinema onde todo um passado há muito esquecido foi literalmente reconstruído em cena. As arenas romanas, as táticas de guerra, os uniformes, os códigos de combate, tudo é muito rico para se deixar de lado. Espero que os produtores voltem a enxergar isso em um futuro próximo. Os fãs dos filmes da Roma Antiga certamente agradecem.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Wes Craven (1939 - 2015)

Segue a seguir texto que escrevemos quando da morte do cineasta Wes Craven em 2015: Lamentavelmente o mestre do terror Wes Craven faleceu no último dia 30 de agosto, aos 76 anos, em Los Angeles. Ele foi aquele tipo de cineasta que o fã de terror tinha que acompanhar sua filmografia bem de perto. Após a divulgação de sua morte criou-se uma ridícula discussão sobre a relevância ou não de sua obra entre admiradores do gênero, o que achei desrespeitoso e inútil. É óbvio e claro que Craven deve ser homenageado por quem gosta de filmes de terror. Não importa que sua carreira estivesse em baixa e nem dos filmes de má qualidade que havia assinado nos últimos anos. Ninguém, absolutamente ninguém, está isento de também cometer erros em sua arte. Wes Craven não era exceção. Assim o importante agora, mais do que tudo, é louvar seus bons filmes e as películas que marcaram toda uma geração de cinéfilos.

No total Wes Craven dirigiu 29 filmes, um número muito bom para os padrões atuais. Sua estreia na direção se deu no longínquo ano de 1972 com o filme "Aniversário Macabro". Em uma época em que filmes de terror ainda soavam tímidos em termos de ousadia e violência, Craven se despiu de qualquer amarra e fez um terror considerado pesado naquele ano. Embora o roteiro não fosse grande coisa, o diretor conseguiu imprimir muito estilo no desenvolvimento da trama. Apesar de seu debut promissor apenas cinco anos depois Craven voltaria a dirigir algo marcante. O filme se chamava "Quadrilha de Sádicos" e foi considerado tão subversivo em seu lançamento que acabou se tornando um dos mais influentes do cinema de terror moderno. Ao invés de lidar com vampiros ou monstros, Craven direcionou sua lente para a monstruosidade da alma humana ao enveredar por dentro de uma família de psicopatas extremamente brutais, bem no meio de um deserto hostil. Tanto do ponto de vista da fotografia quanto do roteiro abusivamente insano, o filme poderia ser considerado um marco do terror americano.

Depois de "O Monstro do Pântano" e da sequência "Quadrilha de Sádicos 2" o diretor iria finalmente dirigir sua grande obra prima, o filme que iria lhe colocar no panteão dos grandes mestres do terror. O filme era intitulado "A Hora do Pesadelo". Fred Krueger era o personagem central. Ele havia sido um pedófilo e assassino em vida, nascido de um estupro coletivo que agora aterrorizava um grupo de adolescentes típicos dos anos 80. O detalhe mais interessante: Fred Krueger estava morto, havia sido linchado e só conseguia surgir nos pesadelos de suas pobres vítimas! Apoiado em um argumento tão perturbador (afinal ter pavor na hora de adormecer é algo que assusta a todos), "A Nightmare on Elm Street" logo se tornou um sucesso absoluto de bilheteria. A crítica também adorou a original proposta do diretor. O personagem que havia criado, com suas garras de metal e rosto distorcido pelo fogo, virou ícone pop, tão cultuado e amado pelos fãs de cinema quanto seu principal rival nas matanças das telas, o Jason de "Sexta-Feira 13". Estava inaugurado o cinema de terror dos grandes psicopatas de mentirinha que, a despeito de tudo isso, ainda conseguiam assustar muito o público.

"A Hora do Pesadelo" redefiniu toda a carreira de Craven que a partir daí ficou esmagado por sua maior criação. Todos queriam que o cineasta voltasse às telas com algo tão original, bom e aterrorizador quanto Krueger. A verdade porém é que houve um esgotamento por parte do diretor depois daquele filme. Ele parecia não ter mais ideias novas. Filmes como "A Maldição de Samantha", "Shocker - 100.000 Volts de Terror", "As Criaturas Atrás das Paredes" e "A Maldição dos Mortos-Vivos" podiam até divertir, mas estavam longe, bem longe, da genialidade que se esperava dele. Como declarou certa vez em uma entrevista, Craven parecia assombrado por sua própria criação, a tal ponto que resolveu se distanciar um pouco da franquia que nascia com força comercial em filmes, séries de TV e revistas, todas explorando o universo doentio de Fred Krueger.

Apenas dez anos depois do primeiro "A Hora do Pesadelo" foi que Wes Craven resolveu finalmente dirigir um novo filme sobre o infame assassino de jovens. "O Novo Pesadelo: O Retorno de Freddy Krueger" de 1994 deixou um gostinho de decepção no ar, já que todos esperavam por uma nova obra prima e isso não aconteceu. Era apenas mais um filme da franquia, sem muitas novidades dignas de nota. O fracasso comercial de "Um Vampiro no Brooklyn", com Eddie Murphy, um ano depois só agravou ainda mais o quadro e o prestigio do diretor em Hollywood. Ele parecia não ter mais nada de novo a dizer, sem rumo e sem direção certa a seguir na carreira.

Seu renascimento como diretor comercialmente consagrado só viria mesmo com "Pânico"! O curioso é que Craven escreveu uma espécie de sátira em cima dos filmes de terror, brincando o tempo todo com os clichês mais habituais do gênero. O público amou o resultado final e em pouco tempo Craven tinha outra franquia milionária em mãos. Só que ao contrário do que havia acontecido com "A Hora do Pesadelo" aqui ele faria questão de dirigir todas as continuações, exercendo mão de ferro sobre sua popular nova criação. Quatro filmes de "Pânico" depois e Craven já era um multimilionário. Com a velhice chegando ele começou a recusar a direção de filmes importantes, que fizeram muito sucesso depois. Ao invés disso resolveu se arriscar em produções duvidosas com roteiros fracos. "A Sétima Alma" é um exemplo dessa má fase do diretor.

Finalmente há quatro anos Wes Craven finalmente se despediu do cinema com o fracasso de "Pânico 4", um terror que não era tão ruim como se dizia na época de seu lançamento. Depois dessa decepção o diretor resolveu dar um tempo. Continuou produzindo e esporadicamente escrevendo alguns roteiros, mas nada muito frequente. Depois que sua saúde ficou debilitada ele se distanciou ainda mais da possibilidade de vir a dirigir novos filmes. Tudo bem que "Pânico 4" não foi uma despedida à altura do que tanto fez em sua carreira, mas certamente, pelo conjunto da obra, Craven merece todo o reconhecimento e elogios. Foi realmente um mestre do terror em sua passagem entre nós. Descanse em paz, Wes Craven.

Pablo Aluísio.