domingo, 10 de julho de 2016

O Predador

Título no Brasil: O Predador
Título Original: Predator
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: John McTiernan
Roteiro: Jim Thomas, John Thomas
Elenco: Arnold Schwarzenegger, Carl Weathers, Kevin Peter Hall
  
Sinopse:
Grupo de militares americanos liderados pelo Coronel Dutch (Arnold Schwarzenegger) chegam para uma missão numa floresta tropical da América Central. Aos poucos eles vão percebendo que algo completamente sinistro e misterioso se esconde entre a mata fechada da região. Depois de um breve encontro todos tomam ciência da existência de um ser que não parece ser desse mundo. Pior do que isso, a estranha criatura parece caçar cada um dos membros da expedição, usando seus restos mortais como troféus em sua caçada mortal. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais (Stan Winston).

Comentários:
No auge dos filmes estrelados por brucutus violentos dos anos 80 surgiu essa ótima aventura na selva que misturava ação, violência e ficção. O protagonista nem era o famoso Arnold Schwarzenegger que ganhou uma pequena fortuna para estrelar o filme, mas sim um ser vindo do espaço, literalmente um predador de homens, de seres humanos. Agora imagine colocar esse alienígena caçador ao lado de um grupo de mercenários fortemente armados, bem no meio de uma selva tropical. Realmente algo promissor para quem adora esse tipo de filme. E de fato "Predator" foi um marco, não apenas em termos de bilheteria (o filme fez muito sucesso em seu lançamento) como também no resgate de um tipo de diversão que andava esquecida desde os anos 50, com seus extraterrestres malvados, que usavam sua tecnologia de ponta para subjugar os terráqueos. Rever o filme hoje em dia dá grande nostalgia, não apenas de ver um filme como esse, com a cara dos 80´s, como também da constatação de que John McTiernan já foi um diretor dos mais brilhantes que o cinema de ação americano já produziu. Enfim, ótima diversão, para ver e rever quantas vezes você quiser. O primeiro de uma franquia que daria muito ainda o que falar.

Pablo Aluísio.

O Soldado da Rainha

Título no Brasil: O Soldado da Rainha
Título Original: Pony Soldier
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Joseph M. Newman
Roteiro: John C. Higgins, Garnett Weston
Elenco: Tyrone Power, Cameron Mitchell, Thomas Gomez, Penny Edwards
  
Sinopse:
Duncan MacDonald (Tyrone Power) é um soldado da guarda montada do Canadá que acaba se envolvendo no rapto de um casal de americanos por nativos da tribo Creek. Eles foram raptados durante um ataque à caravana em que viajavam. Os guerreiros mataram seus familiares e os levaram como prisioneiros até o Canadá. Inicialmente MacDonald deseja resolver tudo de forma diplomática, se entendendo com o chefe da tribo, mas guerreiros rivais como Konah (Cameron Mitchell), não aceitam negociar com o homem branco que considera invasor e ladrão de suas terras. Assim arma-se um conflito, com Duncan tentando a todo custo salvar a vida daquelas pessoas enquanto alguns membros da tribo querem que ele seja morto.

Comentários:
Não é muito comum assistir a um western cujo protagonista é um canadense. Geralmente em filmes de faroeste com guerreiros Indígenas temos a cavalaria americana no outro lado da balança. Outro aspecto que chama a atenção é que o filme não se propõe a ter muita ação ou combates entre brancos e índios. Ao invés disso se concentra nas negociações entre o personagem de Powell e o chefe tribal conhecido como Urso Erguido (Stuart Randall). Só na cena final realmente temos mais ação com o soldado canadense Duncan enfrentando o guerreiro Konah numa luta de facas à beira do precipício. Até isso acontecer porém se desenrola uma trama até amena, com o homem branco tendo aos poucos conhecimento dos costumes, tradições e rituais daqueles povos nativos. A simpatia do roteiro com os índios chega ao ponto até de sugerir a adoção de um garotinho da tribo por MacDonald. Em termos de elenco além do destaque de ter o galã Tyrone Power interpretando um soldado canadense da fronteira há ainda um ótimo ator em cena: Thomas Gomez. Ele interpreta Natayo Smith, um mestiço que acompanha MacDonald em sua jornada. Servindo muitas vezes como alívio cômico, Gomez (que não era mexicano como muitos pensavam na época, mas sim americano de Nova Iorque), acaba roubando o show com seu personagem, ora sendo um sujeitinho esperto, fazendo o papel de bom malandro sempre em busca de boas barganhas com os canadenses, ora servindo como um apoio importante para que o protagonista entenda como se relacionar com aqueles nativos selvagens. Em suma, um bom faroeste, diferente, curto (pouco mais de 70 minutos de duração) e que nunca chega a entediar o espectador. Vale bastante como diversão.  

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de julho de 2016

Filhos do Silêncio

Título no Brasil: Filhos do Silêncio
Título Original: Children of a Lesser God
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Randa Haines
Roteiro: Mark Medoff, Hesper Anderson
Elenco: William Hurt, Marlee Matlin, Piper Laurie
  
Sinopse:
Baseado na peça teatral escrita por Mark Medoff, o drama "Filhos do Silêncio" narra o relacionamento entre o professor James Leeds (William Hurt) e sua aluna com necessidades especiais Sarah Norman (Marlee Matlin). A jovem é surda, tem muitos problemas de contato social com outras pessoas e carrega traumas que a martirizam muito do ponto de vista psicológico. Aos poucos porém o professor consegue vencer várias barreiras, se tornando muito próximo dela. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Atriz (Marlee Matlin). Também indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (William Hurt), Melhor Atriz Coadjuvante (Piper Laurie) e Melhor Roteiro Adaptado.

Comentários:
Esse filme foi derrotado no Oscar de Melhor Filme para "Platoon". Sempre achei isso uma injustiça. Embora o filme de Oliver Stone fosse muito bom o fato é que essa produção tinha um propósito bem maior, mais relevante, explorando em sua história as dificuldades de uma jovem com problemas de surdez. A atriz Marlee Matlin, que é deficiente auditiva na vida real, teve o desempenho de sua vida, numa interpretação que lhe valeu o Oscar. Foi mais do que merecido. Ela consegue passar inúmeras emoções e sentimentos sem precisar para isso usar de diálogos ou falas. Apenas usa suas expressões faciais, sua linguagem corporal e suas habilidades de empatia com o público. Há um aspecto em seu passado que sempre a atormentou e ela leva isso para o complexo relacionamento que desenvolve com seu próprio professor. Em suma, um enredo muito bonito, tocante e humano. Certamente vai tocar fundo nas pessoas mais sensíveis, mais sentimentais. É um dos melhores dramas dos anos 80 que de quebra ainda trouxe uma afirmação positiva sobre a vida de pessoas com algum tipo de deficiência física. Todos são humanos, todos sentem e sofrem, como qualquer outra pessoa. Esse é certamente o mais importante legado dessa bela mensagem em forma de obra cinematográfica.

Pablo Aluísio.

Tubarão

Título no Brasil: Tubarão
Título Original: Jaws
Ano de Produção: 1975
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Peter Benchley, Carl Gottlieb
Elenco: Roy Scheider, Robert Shaw, Richard Dreyfuss
  
Sinopse:
Baseado no livro de Peter Benchley, "Tubarão" conta as terríveis consequências que se abatam sobre uma região costeira quando vários banhistas passam a ser atacados por um enorme e feroz tubarão branco. Para caçar e destruir o monstro se unem um marinheiro experiente, um cientista marinho e um xerife linha dura. Os três tentarão destruir a ameaça em alto-mar. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Som, Melhor Edição e Melhor Trilha Sonora (John Williams). Também indicado ao Oscar de Melhor Filme.

Comentários:
Hoje em dia filmes de terror com tubarões estão saturados e banalizados. Algo que não existia quando Spielberg lançou "Jaws" em 1975. Foi seu primeiro grande sucesso de bilheteria e de certo modo foi a produção que o transformou no verdadeiro Rei Midas do cinema americano. Depois de "Tubarão" Spielberg se tornou o cineasta mais bem sucedido da história de Hollywood, colecionando um sucesso atrás do outro. O curioso é que ninguém poderia prever algo assim durante as conturbadas e confusas filmagens. Para criar o Tubarão do título o estúdio providenciou uma geringonça mecânica que vivia quebrando. Sem contar com o ferro velho Spielberg precisou inovar e isso contribuiu ainda mais para o suspense do filme. No final a fita caiu nas graças do público e virou, para muitos, o primeiro blockbuster (filmes denominados de arrasa-quarteirão por causa das grandes filas formadas nas portas dos cinemas). Claro que o tempo cobra o seu preço e revisto hoje em dia "Jaws" já não assusta mais como antes. A única coisa que se manteve firme foi a trilha sonora, com ótimo tema musical composto pela mestre John Williams. Todo o resto está realmente e inegavelmente muito datado.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Batman vs Superman

Título no Brasil: Batman vs Superman - A Origem da Justiça
Título Original: Batman v Superman - Dawn of Justice
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Zack Snyder
Roteiro: Chris Terrio, David S. Goyer
Elenco: Ben Affleck, Henry Cavill, Amy Adams, Jesse Eisenberg, Diane Lane, Laurence Fishburne, Jeremy Irons, Holly Hunter
  
Sinopse:
O vilão Lex Luthor (Jesse Eisenberg) resolve utilizar a nave kriptoniana destruída no primeiro filme para trazer de volta à vida uma criatura de imenso poder e força que passa a ser chamada de Apocalypse. Para neutralizar a ameaça dos super-heróis Batman (Affleck) e Superman (Cavill) ele então joga um contra o outro, numa guerra de disputas entre eles. Enquanto os dois heróis acertam suas contas, Lex começa a trazer o caos e a destruição para o mundo.

Comentários:
Para revitalizar duas franquias de uma vez só a Warner Bros e a DC Comics lançaram nesse ano o filme "Batman vs Superman - A Origem da Justiça". O roteiro, seguindo os passos dos quadrinhos, procura ser o mais simples possível, sem muitos exageros ou dramas secundárias desnecessárias. Esse é um dos pontos mais positivos do filme que ainda conta com um belo visual e dezenas de novidades para os fãs dos super-heróis mais populares da DC. Aliás é bom que se diga que muitos outros virão, como o próprio enredo mostra. De maneira em geral é um filme muito bem realizado, mas que não conseguiu se tornar uma unanimidade. Na verdade houve uma certa reclamação generalizada em relação ao que se viu nas telas de cinema. Penso que isso foi decorrente da massiva campanha publicitária que foi realizada. Quando a propaganda se torna demais a decepção do público tende a ser proporcional, na mesma moeda. Como eu não caio mais nesse tipo de marketing procurei ler e ouvir as primeiras reações ao filme - que foram bem azedas. Assim deixei tudo mesmo em baixas expectativas, o que talvez explique o fato de que tenha gostado do filme de uma maneira em geral. Inclusive assisti à versão estendida com mais de três horas de duração e apesar do excesso de tempo jamais fiquei aborrecido ou entediado, demonstrando que o filme tem sim sua força e seus méritos cinematográficos. O único porém que poderia citar vem de duas escolhas que acredito tenham sido equivocadas por parte dos produtores. A primeira foi colocar o jovem Jesse Eisenberg para interpretar o vilão Lex. A falta de sincronia com o personagem acabou desvirtuando suas características. O outro erro foi escalar Ben Affleck como Batman. Todos sabem que ele é fraco, sem talento como ator. A sorte é que como o filme é dividido entre dois heróis até que os danos não foram tão ruins. Então é isso. Temos aqui uma boa diversão, muita movimentação e um roteiro que em sua simplicidade mais ajuda do que atrapalha, o que convenhamos já está de bom tamanho.

Pablo Aluísio.

Caçado

Título no Brasil: Caçado
Título Original: The Hunted
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: William Friedkin
Roteiro: David Griffiths, Peter Griffiths
Elenco: Tommy Lee Jones, Benicio Del Toro, Connie Nielsen
  
Sinopse:
Aaron Hallam (Benicio Del Toro) é um assassino altamente preparado e especializado do governo americano que começa a cometer uma série de crimes sem razão aparente. L.T. Bonham (Tommy Lee Jones) é o agente do FBI que precisa localizar e neutralizar Aaron, antes que mais pessoas inocentes paguem com suas próprias vidas. Um é tão bem treinado quanto o outro, mas apenas o mais forte e resistente conseguirá sobreviver a essa verdadeira caçada humana. Filme indicado ao Golden Trailer Awards. 

Comentários:
William Friedkin, o celebrado diretor do clássico "O Exorcista" vinha em uma fase bem ruim na carreira após os fracassos comerciais de "Síndrome do Mal" (de 1986) e "A Árvore da Maldição" (de 1988). Sua única saída era realizar um filme que fosse bem sucedido nas bilheterias, caso contrário poderia ver o fim de sua fase como cineasta. Diziam as más línguas da época de lançamento desse filme que William Friedkin só havia sido escalado para dirigir esse filme de ação porque na época estava casado com a presidente da Paramount. Pura maldade. Um sujeito que dirigiu "O Exorcista" e "Operação França" realmente não precisaria mais provar nada para ninguém. Infelizmente para o diretor, mesmo contando com um roteiro do tipo bem comercial e sendo estrelado por  Tommy Lee Jones e Benicio Del Toro, o filme não conseguiu fazer muito sucesso, tendo uma passagem muito discreta nas telas de cinema. Uma injustiça já que "The Hunted" tem seus méritos. Tudo bem que é uma produção que segue determinadas fórmulas e clichês, mas mesmo assim se destaca por algumas cenas extremamente bem filmadas, como o clímax quando os personagens de Jones e Del Toro duelam com facas! Um primor de edição, apelando para a adrenalina do espectador. Em suma é isso. Um bom filme, roteiro esperto, bem escrito (embora convencional) e com uma dupla carismática de astros. Até que merecia melhor sorte do ponto de vista comercial, mas como o mundo nem sempre é justo...

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Lança Partida

Título no Brasil: Lança Partida
Título Original: Broken Lance
Ano de Produção: 1954
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Edward Dmytryk
Roteiro: Richard Murphy, Philip Yordan
Elenco: Spencer Tracy, Robert Wagner, Richard Widmark, Katy Jurado, Jean Peters
  
Sinopse:
O filme narra a saga da família Devereaux. No século XIX o patriarca Matt Devereaux (Spencer Tracy) decide ir para o Arizona para vencer como criador de gado. Quando sua esposa morre, em razão das duras condições de vida do lugar, ele decide se casar novamente com uma nativa da região, que passa a ser chamada de Señora Devereaux (Katy Jurado). Dessa união nasce o filho caçula de Matt, o mestiço Joseph (Robert Wagner), que irá lutar contra seus irmãos mais velhos pelo legado do velho pai, principalmente após sua morte numa disputa envolvendo fazendeiros e mineradores daquele condado do velho oeste. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original (Philip Yordan). Também indicado ao prêmio na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Katy Jurado).

Comentários:
Belo faroeste épico que conta as disputas e lutas do clã Devereaux, criadores de gado do Arizona. O velho Matt (Spencer Tracy) é o patriarca, um homem duro, rude, que não aceita que suas ideias sejam contrariadas. Ele tem quatro filhos, sendo o mais velho Ben (Richard Widmark) e o caçula Joe (Wagner). Todos foram criados em uma disciplina rígida e austera, sob as ordens ferrenhas de seu pai. Ben deseja abrir um escritório na cidade para modernizar a fazenda, mas seu pai, um homem da velha escola, não quer saber de modernidades. Seu filho preferido é o jovem Joe, filho de sua querida esposa índia (Jurado) que apesar de todos os preconceitos que sofre por ser pele vermelha, adora sua marido. Vivendo em eterna tensão os membros da família Devereaux lutam pelo poder dentro da fazenda, até que uma disputa judicial ferrenha entre os criadores de gado e os mineradores (que estão poluindo os rios de cobre) coloca tudo a perder. O grande destaque dessa produção, além do ótimo roteiro (que inclusive foi premiado com o Oscar, merecidamente) é o ótimo elenco. Spencer Tracy foi um dos maiores atores de Hollywood. Com porte e força de um homem do Arizona, ele impõe sua autoridade aos filhos a quem trata com disciplina ferrenha - chegando até mesmo ao ponto de usar seu chicote para que todos sigam suas ordens, sem contestação. Nesse elo de grandes atores em cena (Richard Widmark também está excelente) talvez o grande ponto fraco venha justamente de Robert Wagner. Ainda muito jovem, inexperiente, ele não consegue convencer muito, nem passar a dramaticidade que seu personagem exige, mesmo assim não chega a atrapalhar o resultado final. "Broken Lance" é um filme realmente acima da média. Muito bom.

Pablo Aluísio.

Os Segredos da Cosa Nostra

Título no Brasil: Os Segredos da Cosa Nostra
Título Original: The Valachi Papers
Ano de Produção: 1972
País: França, Itália
Estúdio: Dino De Laurentiis Company
Direção: Terence Young
Roteiro: Stephen Geller, Peter Maas
Elenco: Charles Bronson, Lino Ventura, Jill Ireland
  
Sinopse:
Após ser preso, o mafioso Joe Valachi (Charles Bronson) resolve contar tudo o que sabe sobre a Cosa Nostra (denominação siciliana da máfia). Ele está na organização desde a juventude e conhece todos os líderes, membros e criminosos que fazem parte da máfia italiana. O julgamento se torna um grande evento da mídia e Joe acaba tendo sua cabeça colocada à prêmio pela família onde tinha atuado no passado. Para ele agora só resta sobreviver na prisão, onde certamente acaba se tornando um alvo para os assassinos profissionais contratados por seus antigos chefes mafiosos.

Comentários:
Muito boa essa produção de Dino De Laurentiis contando os bastidores da máfia italiana. O roteiro usa de farto flashback para contar a história de Joseph Valachi, um ítalo-americano que entra para os quadros da máfia siciliana ainda nos primórdios do crime organizado em Nova Iorque. Um aspecto curioso é que o filme antecipou em muitos anos um caso bem semelhante que aconteceu com Tommaso Buscetta, um ex-membro da máfia que acabou entregando todos os membros de sua antiga organização criminosa. No caso desse filme policial com Charles Bronson o seu algoz é o chefão Don Vito Genovese (Lino Ventura), o "Capo di tutti i capi" ("o chefe de todos os chefes") da infame família Genovese que dominou Nova Iorque e Chicago durante as décadas de 1950, 1960 e 1970.  Esse líder mafioso é um personagem real, assassinado em 1969, numa disputa de poder com outros chefes do submundo do crime. "The Valachi Papers" foi dirigido pelo cineasta Terence Young (da franquia do agente 007, James Bond) em mais uma bem sucedida parceria com Bronson. A produção, embora tenha sido ítalo-francesa, foi praticamente toda rodada nas ruas de Nova Iorque, o que trouxe um realismo ainda maior ao resultado final. Em suma, um bom filme policial que revive os anos mais violentos e sangrentos da máfia italiana nos Estados Unidos.

Pablo Aluísio

quarta-feira, 6 de julho de 2016

A Teoria de Tudo

Título no Brasil: A Teoria de Tudo
Título Original: The Theory of Everything
Ano de Produção: 2014
País: Inglaterra
Estúdio: Working Title Films
Direção: James Marsh
Roteiro: Anthony McCarten
Elenco: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Tom Prior
  
Sinopse:
Ao entrar numa das melhores universidades da Inglaterra o jovem Stephen Hawking (Eddie Redmayne) pensa que está indo no caminho certo em sua vida. Ele prevê uma brilhante carreira acadêmica em seu futuro. Para completar seu quadro de felicidade Hawking também encontra o amor na presença de Jane (Felicity Jones). Dono de uma inteligência única Hawking só não contava desenvolver os primeiros sintomas de uma série doença que o deixaria preso a uma cadeira de rodas pelo resto de sua vida. Filme premiado no Oscar e no Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator (Eddie Redmayne).

Comentários:
Esse filme teve seu roteiro escrito a partir do livro de memórias de Jane Hawking, esposa de Stephen. Assim o espectador acaba tendo uma visão muito íntima e familiar da história desse brilhante cientista, o mundialmente conhecido Stephen Hawking. O olhar feminino de tudo o que acontece serve não apenas para mostrar o aspecto mais humano de Hawking como também desvendar sua própria história de superação. Fica óbvio desde o começo do filme que o ator que viesse a interpretar o protagonista teria que ter uma incrível capacidade não apenas dramática, mas também física. Nesse aspecto Eddie Redmayne realmente brilha em cena. Ele está perfeito em sua caracterização. Embora seja cedo ainda para tal afirmação temos que reconhecer que esse seja muito provavelmente o filme de sua vida, aquele pelo qual ficará marcado para sempre. Outro ponto positivo além das atuações vem do próprio roteiro e direção da fita. Não há espaço para sensacionalismo ou exploração da deficiência física que se abateu sobre Hawking. Ao invés disso o filme lida tudo até mesmo com uma fria neutralidade, o que é muito bem-vindo já que o aspecto mais importante da história desse físico nem é tanto sua história pessoal, seus dramas, mas sim sua obra, essa realmente insuperável até os dias atuais. Uma lição de obra e vida para todos.

Pablo Aluísio.

A Liga da Justiça e os Jovens Titãs

Título no Brasil: A Liga da Justiça e os Jovens Titãs
Título Original: Justice League vs. Teen Titans
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros / DC comics
Direção: Sam Liu
Roteiro: Bryan Q. Miller, Alan Burnett
Elenco: Rosario Dawson, Christopher Gorham, Shemar Moore
  
Sinopse:
Depois de desobedecer ordens do Batman, o novo Robin é enviado para treinar junto a um grupo de super-heróis adolescentes, os Jovens Titãs. O que ninguém estava esperando era o fato de que o passado de Ravena, uma jovem mística dos Titãs, voltaria para lhe assombrar. Fugindo literalmente dos infernos surge uma criatura monstruosa, o Lorde Trigon, que está determinado a destruir toda a humanidade.

Comentários:
Mais uma animação DC / Warner que foi lançada diretamente no mercado de DVD nos Estados Unidos. Aqui há uma galeria extra de super-heróis, entre eles o grupo da Liga da Justiça (Batman, Superman, Mulher Maravilha e Flash) e a dos Jovens Titãs (Robin, Ravena, Estelar, etc). A animação é muito boa, principalmente por apostar nesses Teen Titans, que fazem um belo sucesso no mundo dos quadrinhos, em especial na faixa etária de leitores formada por adolescentes. Há inclusive uma animação muito divertida, mais na linha da comédia, que é atualmente exibida no Brasil pelo canal Cartoon Network. O enredo desse desenho em longa-metragem deixa a turma da liga da justiça em segundo plano, apostando muito mais nos personagens jovens, tanto que no final das contas quem salva o mundo da destruição são eles e não os veteranos Batman e Superman. A Ravena, por exemplo, se torna figura central na animação, principalmente porque toda a estória gira em torno de suas origens. Em suma, uma boa dica para os pais que estão com filhos em casa durante essas férias escolares. Eles certamente vão curtir.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de julho de 2016

Uma Caminhada na Floresta

Título no Brasil: Uma Caminhada na Floresta
Título Original: A Walk in the Woods
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Route One Entertainment
Direção: Ken Kwapis
Roteiro: Michael Arndt, Bill Holderman
Elenco: Robert Redford, Nick Nolte, Emma Thompson, Mary Steenburgen
  
Sinopse:
Bill Bryson (Robert Redford) é um escritor consagrado especializado em escrever livros sobre viagens. Durante uma entrevista para a TV ele é perguntado porque escreveu tantos livros sobre quase todos os lugares do mundo e não sobre o seu próprio país, os Estados Unidos. Isso acaba o deixando sem resposta. Depois de um tempo refletindo sobre isso ele resolve então colocar em prática um novo objetivo: fazer a trilha conhecida como Appalachian Trail, de quase 4 mil km, cruzando grande do monte dos Apalaches, indo da Georgia ao Maine. Para isso convida vários amigos e conhecidos, mas todos eles acabam recusando o convite. Apenas um velho conhecido, Stephen Katz (Nick Nolte), aceita o desafio! Assim ambos partem rumo a uma jornada longa e cheia de surpresas. Filme indicado prêmio da Georgia Film Critics Association.

Comentários:
Mesmo perto de completar 80 anos de idade (agora em agosto próximo) o ator Robert Redford se recusa a se aposentar. Segundo ele próprio afirmou em recente entrevista gostaria de fazer filmes até o fim de seus dias. Bom para os cinéfilos que sempre acompanharam sua carreira. O interessante é que Redford tem feito bons filmes ultimamente, algo que não se pode dizer de muitos de seus colegas de geração. Esse "A Walk in the Woods", por exemplo, é bem agradável. Com toques leves de humor (embora não seja necessariamente uma comédia), o filme acompanha a tentativa de dois homens da meia idade que tentam vencer a trilha dos Apalaches, algo que até muitos jovens desistem por causa das longas distâncias e dos desafios que se precisam superar durante a penosa viagem. Ao seu lado Redford conta com um ótimo elenco de veteranos, como Emma Thompson (que interpreta sua preocupada esposa Catherine), Mary Steenburgen (como uma simpática dono de hotel para viajantes) e é claro Nick Nolte (funcionando como alívio cômico pois interpreta um velho aventureiro cansado depois de tantos anos, mas ainda se envolvendo em confusões pelo meio meio do caminho). O diretor Ken Kwapis é mais conhecido por suas comédias românticas (como "Ele Não Está Tão a Fim de Você" e "Licença para Casar") e já tinha rodado um pequeno documentário com tema parecido para a TV. Por essa razão foi escolhido por Robert Redford para a direção. No geral é um filme simpático, leve, com muita natureza e que me fez lembrar até mesmo de uma recente produção estrelada por Reese Witherspoon chamada "Livre". A única diferença entre os dois filmes é que no de Reese a temática era mais dramática, como uma jornada em busca de si mesma, enquanto que o filme de Redford é bem mais modesto em suas pretensões cinematográficas, apostando em uma linha mais divertida, amena. Mesmo assim se trata realmente de um bom entretenimento. Assim deixo a recomendação para os fãs do veterano Robert Redford conferirem mais esse filme de sua safra recente.

Pablo Aluísio.

Pequenos Espiões 2

Título no Brasil: Pequenos Espiões 2: A Ilha dos Sonhos Perdidos
Título Original: Spy Kids 2: Island of Lost Dreams
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Dimension Films
Direção: Robert Rodriguez
Roteiro: Robert Rodriguez
Elenco: Alexa PenaVega, Daryl Sabara, Antonio Banderas, Steve Buscemi, Ricardo Montalban
  
Sinopse:
Espiões juvenis se envolvem numa trama para destruir o mundo. Cientistas do mal querem usar o código genético para exterminar a humanidade, ao mesmo tempo em que usam espiões rivais para atacar os pais dos garotos. Filme vencedor do Young Artist Awards na categoria de Melhor Atriz Juvenil (Alexa PenaVega).

Comentários:
Robert Rodriguez descobriu esse nicho de mercado, com filmes juvenis, e ganhou milhões de dólares com ele. O primeiro dessa série foi realizado em 2001 e bateu recordes de bilheterias no cinema. Depois houve essa sequência e o terceiro filme "Pequenos Espiões 3-D: Game Over" (que pegava carona com a moda 3D). Finalmente a quadrilogia foi encerrada com "Pequenos Espiões 4" (que fracassou nos cinemas). É interessante dizer que Rodriguez não parece disposto a largar o osso pois em breve ele irá produzir e dirigir "Jonny Quest", adaptação para o cinema do famoso desenho animado da Hanna-Barbera. Deixando isso de lado o que podemos dizer é que "Spy Kids 2" é bem divertido para seu público alvo (crianças e adolescentes) com muitos efeitos visuais, estorinha básica e um elenco formado por toda essa garotada. O único atrativo para quem não é criança ou adolescente é a presença de um elenco de veteranos como Antonio Banderas, Steve Buscemi (ator extremamente conceituado) e principalmente Ricardo Montalban! Quem diria que ele, um dos clássicos latin lovers do cinema americano, um dia iria participar de uma produção desse tipo! Enfim, se você tiver umas duas horas do dia para jogar fora, assistindo algo bem diversão pipoca, vale a pena arriscar para dar uma olhadinha nesse filme.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

George Harrison

Lucy foi uma guitarra dada de presente a George Harrison por Eric Clapton. Foi com ela que o famoso músico tocou seus maravilhosos solos no clássico "While my Guitar Gently Weeps", faixa antológica do Álbum Branco dos Beatles. Havia uma tensão entre Harrison e Clapton na época por causa da esposa de George, a linda pin-up Pattie Boyd. Ele havia se casado com George Harrison em 1966, mas o casamento ia de mal a pior. Quando ela conheceu Eric Clapton se apaixonou por ele e ambos tiveram um caso extraconjugal.

Para amenizar o fato de ter traído seu amigo, Eric Clapton resolveu dar de presente a George Harrison sua guitarra que logo foi chamado pelo Beatle de Lucy, por causa de sua cor que lembrava a cor dos cabelos da comediante Lucille Ball, muito popular por causa de sua série de TV. O instrumento musical assim serviu de símbolo da paz e harmonia que iria existir entre George Harrison, sua ex-esposa e seu amigo, Eric Clapton.

Curiosamente o instrumento também seria roubado alguns anos depois, o que deixaria George furioso. Alguns ladrões entraram em sua casa em Los Angeles e levaram sua guitarra preferida. Harrison colocou a polícia atrás e descobriu-se que ele foi vendida em uma loja de penhores para um mexicano que levou a guitarra para o México. Mesmo com tantos problemas George não desistiu e foi atrás dela. Depois de meses finalmente conseguiu reaver a valiosa guitarra Lucy, um instrumento de inestimável valor para a história do rock.

George Harrison - All Those Years Ago
Quando John Lennon foi assassinado covardemente na porta do prédio Dakota em Nova Iorque os demais Beatles ficaram chocados, claro. A forma que encontraram para homenagear o velho companheiro de banda não poderia ser outra. Eles fizeram música. Paul McCartney criou a linda e confessional "Here Today" que saiu no álbum "Tug of War". Já George Harrison criou essa "All Those Years Ago". Eu me recordo que essa canção fez muito mais sucesso nas rádios brasileiras do que a faixa do Paul, que era mais introspectiva. Eu sempre apreciei seu ritmo e o videoclip que acompanhou seu lançamento. Porém a letra não é tão boa como se pensa.

Há um sentimento de raiva por parte de George. E isso se reflete em diversos trechos que não condizem com uma música que supostamente deveria homenagear seu velho amigo. George parece revoltado com o mundo, por esse não ter captado a mensagem de paz de John Lennon. É um erro pensar assim. O mundo captou sim a mensagem de John Apenas não se poderia esperar a mesma postura de um louco com um revólver na mãos. John Lennon não morreu porque o mundo não entendeu o que ele quis dizer nas letras das músicas. John Lennon morreu porque um louco deu tiros nele, sem motivo nenhum. Foi uma roleta da sorte do destino. Parece injusto? Claro que sim. O mundo nem sempre é algo que podemos dizer ser sempre justo, muito pelo contrário.

Assim essa canção decepciona em sua letra. George Harrison já havia tido dias melhores como compositor. A raiva e a revolta que sentia o fez perder a mão Ele pareceu explodir quando colocou seus pensamentos no papel. Alguém também deveria ter dado um toque, ter dito, não lance isso. Não é definitivamente a mensagem certa para se passar naquele momento tão terrível da história dos Beatles. Porém não foi isso que aconteceu. A canção foi lançada e até fez um bom sucesso. No Brasil seus problemas foram bem menos notados, até porque a grande maioria dos brasileiros não fala inglês. Mas é isso aí. Uma canção com belo melodia, mas com o tipo de teor em sua letra que não combinava, que era desnecessária naquele momento.

George Harrison - Somewhere in England
George Harrison teve muitos problemas em sua carreira solo. Após o fim dos Beatles ele conseguiu se firmar como artista, porém nem sempre as coisas iam tão bem. Um exemplo aconteceu com esse álbum "Somewhere in England".

Após a gravação das faixas George enviou o material para a gravadora Warner nos Estados Unidos. Antes das fábricas começarem a prensar seu novo disco era necessária a aprovação dos executivos da gravadora em Nova Iorque. Os americanos não gostaram do que ouviram. Vetaram várias músicas, que eles consideraram fracas demais e colocaram abaixo até mesmo a capa que George havia planejado para o disco. Os americanos, para dizer a verdade, acharam tudo muito fraco, sem inspiração, ruim mesmo.

Harrison teve que engolir o orgulho de artista e voltar para o estúdio para gravar um novo lote de músicas. Ele tinha assinado um contrato que dava total controle para a gravadora americana e caso não quisesse ser processado em milhões de dólares tinha que cumprir suas obrigações contratuais. Nesse meio tempo o amigo e companheiro dos Beatles John Lennon acabou sendo assassinado em Nova Iorque, bem em frente ao edifício em que morava, o Dakota.

George Harrison ficou tão arrasado que ficou meses sem produzir nada. Pressionado para compor algo novo para o disco da Warner ele então decidiu pegar a melodia de uma canção antiga que havia composto, jogou fora a letra, criou uma nova em homenagem a Lennon e assim surgiu "All Those Years Ago". Essa se tornaria o hit do disco, a música que realmente se destacou na rádios, tocando bastante, inclusive no Brasil. Confesso que não acho a letra muito boa, ela perde a linha em diversas partes, mas como era um lamento raivoso de George em relação à morte de John, acabou chamando a atenção, se tornando um sucesso nesse processo. Foi uma das poucas faixa desse álbum que obteve retorno comercial, ainda mais com o clip que resgatava várias imagens de Harrison ao lado do amigo nos tempos dos Beatles.

Pablo Aluísio.

Michael Cimino

Nos últimos dias tivemos notícias sobre as mortes de pessoas bem relevantes dentro do cenário cultural internacional. O guitarrista de Elvis Presley em seus anos pioneiros, Scotty Moore, faleceu em Memphis. Na Itália veio a triste nota sobre a morte de Bud Spencer, um popular ator de filmes de western spaghetti, muito querido no Brasil e finalmente foi noticiado poucos dias atrás a morte do cineasta Michael Cimino (ele faleceu no dia 2 de julho). Eu tive o privilégio de acompanhar grande parte de sua carreira e posso afirmar que foi um dos cineastas mais injustiçados da história de Hollywood.

Para perceber bem isso basta constatar que ele ao todo só dirigiu oito filmes em quatro décadas de carreira! Sem dúvida um número bem abaixo do que seria esperado. Como quantidade nem sempre anda de mãos dadas com qualidade é fácil percebermos que quase todos os seus filmes tiveram, à sua maneira, uma importância fora do comum dentro da história do cinema americano. Sua carreira como cineasta começou em 1974 com "O Último Golpe", onde além da direção escreveu o roteiro. O filme era estrelado por Clint Eastwood e Jeff Bridges. É curioso que Clint, já naquela altura de sua carreira um grande astro de Hollywood, tenha aberto espaço para ser dirigido por Cimino, pois ele já naquela época estava com a ideia fixa de dirigir ele mesmo em seus futuros filmes. Perfeccionista e centralizador, Clint queria controlar tudo no que dizia respeito a sua filmografia, mas abriu espaço para aquele novato mostrar o que poderia fazer atrás das câmeras. Como Eastwood era um dos astros do momento o filme acabou fazendo uma bela bilheteria, o que abriu as portas dos grandes estúdios para Cimino.

Apesar da ótima experiência ao lado de Clint, Cimino queria realizar um cinema mais autoral e sua primeira grande chance nesse sentido veio com a produção seguinte, "O Franco Atirador" com Robert De Niro e Christopher Walken. A proposta do filme mexeu com a sociedade americana pois lidava com o complicado tema da guerra do Vietnã e seus efeitos colaterais. Consagrado pela crítica, Michael Cimino, já em sua segunda direção, conseguiu ser premiado com o Oscar de Melhor diretor do ano, um feito praticamente inédito e surpreendente para alguém como ele, considerado apenas um novato no exclusivo mundo dos diretores. Apesar de sua inegável consagração (o filme foi premiado com cinco estatuetas no Oscar daquele ano, inclusive a de melhor filme) nunca foi um dos meus preferidos de Cimino.

Depois de "O Franco Atirador" todos os estúdios queriam o diretor. Essa disputa pelo seu passe acabou inflando seu ego e Cimino talvez tenha dado um passo maior do que a perna no exagerado e megalomaníaco "O Portal do Paraíso". Foi uma produção cara, complicada e problemática, envolvendo muitas disputas entre diretor e estúdio, que acabaria destruindo seus planos de sucesso em Hollywood. Lançado com cortes promovidos pelos produtores (que tinham considerado sua duração excessiva) o filme se tornou um enorme fracasso comercial. Tão ruim foi seu retorno em termos de bilheteria que a produtora United Artists pediu falência. É incrível como Michael Cimino foi do céu ao inferno em tão pouco tempo. Da noite em que foi consagrado no Oscar ao fracasso monumental de "O Portal do Paraíso" não se passaram nem dois anos. Depois disso a carreira do diretor afundou em termos de credibilidade perante os grandes estúdios de Hollywood.

É curioso que após essa queda ele tenha dado início a uma fase extremamente criativa e original (a melhor fase de sua filmografia em minha opinião). "O Ano do Dragão", filme policial estrelado por Mickey Rourke, foi o primeiro passo nesse recomeço. O filme é o meu preferido de Cimino, uma ótima combinação de filme policial com a estética do cinema noir, aqui adaptada para os novos tempos (entenda-se os anos 80). Com orçamento mais enxuto o diretor conseguiu uma boa resposta de público e crítica, justamente na fase que mais precisava. Seguiram-se a ele dois bons outros filmes, "O Siciliano" com Christopher Lambert, baseado na obra de Mario Puzo, e "Horas do Desespero", novamente com Mickey Rourke, aqui ao lado de Anthony Hopkins, em um remake de um antigo filme de Humphrey Bogart. Infelizmente nenhum deles fez sucesso comercial, apesar de suas inegáveis qualidades cinematográficas. Com isso sua carreira caiu no ostracismo quase completo.

Sua despedida só veio com "Na Trilha do Sol" de 1996, um filme menor que pouca atenção chamou. É isso, muito provavelmente se tivesse tido melhor sorte em termos comerciais o diretor teria se dado melhor em sua carreira, dirigindo ótimos projetos que tinha em mente... Infelizmente nenhum estúdio comprou suas ideias. O cinema americano é uma grande indústria, que precisa de lucros e quando eles não aparecem nas bilheterias a tendência é o esquecimento, mesmo que se trate de um cineasta talentoso como foi Michael Cimino.

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de julho de 2016

Esqueça Paris

Título no Brasil: Esqueça Paris
Título Original: Forget Paris
Ano de Produção: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Castle Rock Entertainment
Direção: Billy Crystal
Roteiro: Billy Crystal, Lowell Ganz
Elenco: Billy Crystal, Debra Winger, Joe Mantegna
  
Sinopse:
Mickey Gordon (Billy Crystal) é uma referência no mundo dos esportes dentro dos Estados Unidos. Aposentado e curtindo a vida ele precisa viajar para a França para o funeral de seu pai. Ellen Andrews Gordon (Debra Winger) é uma americana que vive em Paris. Eles se encontram lá e se apaixonam. Tudo é relembrado em flashback durante um jantar, numa mesa de restaurante. Filme premiado pelo Italian National Syndicate of Film Journalists.

Comentários:
Na década de 90 eu ia anotando em um caderninho os filmes que ia assistindo. Hoje em dia com a internet isso soa tão bobo, mas de qualquer maneira me serviu como registro dos filmes que havia assistido (e que depois de um certo tempo me esqueci completamente de tê-los vistos). Pois bem, segundo esses registros em outubro de 1997 eu conferi essa simpática comédia romântica "Forget Paris". Eu sempre tive simpatia pelo Billy Crystal pois sempre o considerei um comediante muito bom, com piadas "limpas" e isentas de baixarias (que infelizmente imperam no humor nos dias atuais). O filme é familiar, romântico e com belo visual, se aproveitando de belos cenários noturnos. Era aquele tipo de fita que você levava para casa sabendo que não seria o filme principal do fim de semana, mas que serviria para matar o tempo, sem aborrecimentos. Como foi produzido pela Castle Rock muito provavelmente foi lançado no Brasil pelo selo Abril Vídeo. Então basicamente é isso. Uma comédia leve, divertida e romântica estrelada pelo bom Crystal. Como o filme foi roteirizado e dirigido por ele mesmo o ator surge de forma bem casual, à vontade. A beleza de Debra Winger torna tudo ainda mais interessante. Enfim... Não é uma obra prima e tampouco chega a ser memorável, mas de certa maneira agrada bem quem estiver em busca de um entretenimento de bom gosto.

Pablo Aluísio.