quinta-feira, 16 de junho de 2016

Visitantes na Noite

Título no Brasil: Visitantes na Noite
Título Original: Cold Sweat
Ano de Produção: 1970
País: Estados Unidos, França, Bélgica
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Terence Young
Roteiro: Dorothea Bennett, Jo Eisinger
Elenco: Charles Bronson, James Mason, Liv Ullmann
  
Sinopse:
Joe Martin (Charles Bronson) é um americano vivendo tranquilamente ao lado da sua esposa e filha no sul da França. Alugando barcos para turista ele consegue ter uma vida tranquila e feliz pela primeira vez em sua vida. Tudo muda quando criminosos levam como refém sua mulher. O problema é que Martin tem um passado obscuro. Dez anos antes ele fugiu de uma prisão nos Estados Unidos ao lado de comparsas. Durante a fuga nem tudo saiu como planejado e um dos fugitivos morreu. Agora a antiga organização criminosa de que fez parte quer acertar as contas com ele, que precisará se armar até os dentes para sobreviver. 

Comentários:
O diretor Terence Young que havia dirigido vários filmes de James Bond, o agente 007, entre eles "O Satânico Dr. No", "Moscou Contra 007" e "007 Contra a Chantagem Atômica", se uniu ao ator Charles Bronson no começo da década de 1970 para a realização desse violento filme de ação ambientado no sul da França. A temática obviamente tende para o lado mais violento, com Bronson interpretando um tipo de personagem que se repetiria ao longo de sua filmografia nos anos posteriores, a do homem sério e calado que partia para uma vingança insana após sofrer algum tipo de injustiça. Aqui ele se torna alvo de criminosos que levam sua esposa como refém, isso depois de desfrutar de longos anos de paz e felicidade ao lado dela. Terence Young assim se utiliza de sua experiência adquirida nos primeiros filmes da franquia 007 para incrementar várias cenas de pura ação, algumas até estilizadas, roubando um pouco da estética dos filmes de faroeste italianos, onde a violência não era apenas brutal como também quase caricatural. Por causa disso o filme acabou encontrando problemas de exibição em diversos países pelo mundo afora. Na Inglaterra, por exemplo, a British Board of Film Classification deu uma classificação etária muito alta, fazendo com que os produtores promovessem cortes, principalmente em cenas de nudez e de extrema violência, como a quebra do pescoço de um dos criminosos da fita. Mesmo assim o filme fez sucesso, fazendo com que Charles Bronson e Terence Young voltassem a trabalhar juntos nos filmes "Sol Vermelho" (1971) e "Os Segredos da Cosa Nostra" (1972), afinal de contas a parceira entre eles parecia funcionar muito bem.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Vivien Leigh - A Nau dos Insensatos

A atriz Vivien Leigh entrou para a história do cinema por causa de sua atuação no papel de Scarlett O´Hara no clássico "...E O Vento Levou". Depois de realizar um filme como esse, considerado um dos maiores de todos os tempos, ela poderia até mesmo deixar a carreira de lado que ainda assim estaria imortalizada para sempre nas telas. Acontece que Vivien seguiu em frente e de fato ainda trabalhou em outras grandes obras da sétima arte como, por exemplo, sua sempre lembrada atuação como Blanche DuBois em "Uma Rua Chamada Pecado" ao lado de Marlon Brando. Embora de saúde frágil, Vivien nunca realmente parou de atuar simplesmente porque amava sua profissão.

É verdade que ela era extremamente criteriosa na escolha dos roteiros, mas isso só ajudou a consagrar sua filmografia, recheada de pequenas e grandes obras primas. Em 1965 Vivien fez seu último filme, que no Brasil recebeu o título de "A Nau dos Insensatos", Ao lado de um elenco realmente muito bom - embora não houvesse nenhum grande astro - ela deu vida a uma amarga viúva americana viajando em um navio entre o México e a Alemanha. Esnobe, fria e tentando manter uma postura de fina elegância, ela fazia força para esconder todos os seus problemas emocionais mais profundos.

Os anos do frescor da juventude já tinham ficado para trás, mas mesmo assim Vivien Leigh esbanjava beleza com seus olhos marcantes. O diretor Stanley Kramer me deixou a impressão de que teria ficado até mesmo intimidado por ter dirigido Leigh. Tanto isso me pareceu verdade que sua personagem, Mary Treadwell, parece estar sempre resguardada, só surgindo em cena nos momentos mais cruciais. Talvez por essa razão também Vivien Leigh acabou ficando de fora nas indicações do Oscar naquele ano. Embora "A Nau dos Insensatos" tenha sido indicado a oito estatuetas, ela não foi indicada ao prêmio de melhor atriz. Melhor se saiu Simone Signoret, cuja personagem tinha muito mais espaço dentro da estória do filme.

Ainda assim Vivien tem dois excelentes momentos no filme. No primeiro ela entra em sua cabine e fica particularmente desolada após ter sido até mesmo devastada por um tripulante com quem ela vinha mantendo um flerte casual. Após esnobá-lo ele lhe diz que em muito breve ela só conseguirá ter a companhia de homens se pagasse por isso. Foi uma forma rude de dizer que ela estava ficando velha e sem atrativos. Depois quando o personagem de Lee Marvin entra por engano em seus aposentos ela começa a desferir nele todo o seu ódio, como se quisesse se vingar da vida. Enfim, deixo aqui a recomendação desse belo filme clássico, o último de uma das atrizes mais marcantes do cinema.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de junho de 2016

Dívida de Sangue

Título no Brasil: Dívida de Sangue
Título Original: Blood Work
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Michael Connelly, Brian Helgeland
Elenco: Clint Eastwood, Jeff Daniels, Anjelica Huston
  
Sinopse:
Ao perseguir um serial killer o agente do FBI Terry McCaleb (Clint Eastwood) acaba sofrendo um ataque do coração. Depois de recuperado volta à ativa e descobre uma ligação direta entre seu doador e os crimes que supostamente investigava. Agora ele parte, baseado em suas investigações, para finalmente capturar o assassino serial. Filme vencedor do Venice Film Festival na categoria de Melhor Direção (Clint Eastwood).

Comentários:
Clint Eastwood resolveu dirigir essa adaptação cinematográfica da novela policial escrita por Michael Connelly basicamente por ter se identificado com o personagem principal, um velho tira que começa a sentir o peso da idade e de problemas de saúde em sua profissão. E talvez por isso o roteiro tenha sido considerado um pouco lento demais. De fato, para aquele espectador acostumado a ver Eastwood na pele de Dirty Harry foi mesmo um pouco complicado lidar com uma interpretação onde o velho Eastwood parece estar sempre cansado, exausto, praticamente sem fôlego. Até mesmo para sacar sua arma o tira veterano de Clint sofre para se manter firme. Os dias de personagens durões indestrutíveis pareciam ter ficado realmente para trás. Mesmo assim recomendo o filme, isso pelo simples fato de ter sido dirigido por Eastwood. Ok, o ritmo já não é tão rápido e as cenas de ação não tão impactantes como antes, porém é de se reconhecer essa tentativa do ator em seu mostrar mais vulnerável em cena, mas humano. Olhando-se sob esse ponto de vista "Blood Work" é bem mais interessante do que se pensa. Afinal a idade chega para todos, mais cedo ou mais tarde. Enfim, fica a recomendação.

Pablo Aluísio.

Free Willy

Título no Brasil: Free Willy
Título Original: Free Willy
Ano de Produção: 1993
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Simon Wincer
Roteiro: Keith Walker
Elenco: Jason James Richter, Lori Petty, Michael Madsen
  
Sinopse:
O garoto Jesse (Jason James Richter) acaba criando uma bonita amizade com uma enorme baleia orca chamada Willy que vive em um parque aquático nos Estados Unidos. Quando ele descobre que o animal sofrerá por causa de planos terríveis visando prejudicá-lo decide que irá devolver Willy para a natureza, o libertando do cativeiro onde vive. Filme vencedor do MTV Movie Awards na categoria de Melhor canção ("Will You Be There" de Michael Jackson).

Comentários:
Na década de 1990 surgiu um sentimento ecológico muito forte dentro da sociedade. Pela primeira vez as pessoas começaram a prestar atenção na destruição que estava sendo feita na natureza. Era necessário preservar a riqueza ecológica do planeta para as futuras gerações. O cinema acabou entrando nessa luta também. Nesse segmento o filme "Free Willy" foi um dos mais bem sucedidos comercialmente. A estória era cativante e a trilha sonora, com músicas de Michael Jackson, formaram o pacote completo para seu sucesso. De fato o filme ainda pode ser considerado muito bom, bem acima das sequências ruins que viriam nos anos seguintes (produzidas pela Disney). A mensagem sobre a baleia Willy (na verdade uma orca chamada Keiko que também foi criada em cativeiro e que morreria logo após ser solta na natureza) acabou criando uma onda de filmes com temática semelhante. Pelas boas intenções, pela bonita mensagem e pela rica exploração da amizade entre um menino e um animal de grande porte como aquele (sem esquecer o fato de que as baleias são extremamente sociáveis e inteligentes), "Free Willy" ainda se mantém interessante e mais do que isso, atual, já que o tema envolvendo animais em cativeiro e zoológicos voltou à tona recentemente depois da morte daquele gorila nos Estados Unidos e da onça do exército brasileiro, mortos em última análise, por estarem fora de seu habitat natural. Para ver, refletir e se divertir.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Um Tira da Pesada

Quando Eddie Murphy estrelou "Beverly Hills Cop" em 1984 ele só era um comediante de sucesso do programa de humor SNL do canal NBC. Ninguém pensava que ele em pouco tempo iria se tornar um dos grandes campeões de bilheteria do cinema americano. O que tornou Murphy um astro de cinema? Bom, basicamente muito carisma e talento. É inegável que Murphy, principalmente no começo de sua carreira, quando ainda era bem jovem e cheio de criatividade, era um comediante muito divertido. E também era mais inofensivo do que outros da geração que o antecederam (tente comparar Murphy com o alucinado Richard Pryor, por exemplo, que tocou fogo na própria cabeça após uma noite regada a todos os tipos de drogas que você possa imaginar). Outro grande lance de sorte foi encontrar o papel certo que conseguisse explorar o jeitão malandro de Murphy. O roteiro desse policial com toques de humor soava perfeito demais para ele naquele momento de sua carreira.

No filme Eddie interpretava Axel Foley, detetive do departamento de polícia de Detroit, cidade industrial, barra pesada, onde um policial tinha que ter um algo a mais para sobreviver nas ruas. Agora imagine pegar esse tipo de tira para colocar trabalhando ao lado dos almofadinhas de Beverly Hills. O contraste seria inevitável e era justamente em cima disso que nascia o humor não apenas desse primeiro filme como dos demais que vieram em sequência. Curioso é que a continuação era praticamente uma refilmagem desse original, porém com uma produção melhor, elenco com nomes em ascensão dentro de Hollywood e uma trilha sonora cujo tema principal grudava na mente do espectador apenas alguns segundos depois de a ouvir pela primeira vez. A Paramount escalou para a direção Martin Brest, que já estava acostumado com Murphy pois o havia dirigido no programa SNL. Depois de alguns anos o cineasta faria sua grande obra prima, "Perfume de Mulher" com o mestre Al Pacino. Então é isso, quem viveu os anos 80 certamente não esqueceu dessa franquia que tanto sucesso fez entre o público em geral.

Um Tira da Pesada (Beverly Hills Cop, EUA, 1984) Direção: Martin Brest / Roteiro: Daniel Petrie Jr, Danilo Bach / Elenco: Eddie Murphy, Judge Reinhold, John Ashton / Sinopse: Axel Foley (Murphy) é um detetive de Detroit que vai até a grã-fina Beverly Hills para descobrir o verdadeiro autor de um assassinato. Na sofisticada cidade acaba conhecendo os métodos de investigação dos policiais locais, bem diferentes do seu modo de agir. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original. Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical e Melhor Ator (Eddie Murphy).

Pablo Aluísio. 

Meia-noite no Jardim do Bem e do Mal

Título no Brasil: Meia-noite no Jardim do Bem e do Mal
Título Original: Midnight in the Garden of Good and Evil
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: John Lee Hancock
Elenco: John Cusack, Kevin Spacey, Jude Law, Jack Thompson
  
Sinopse:
John Kelso (John Cusack) é um jornalista com muitos anos de profissão. Meio a contragosto ele é designado para cobrir as festas de fim de ano do magnata Jim Williams (Kevin Spacey). A matéria jornalística, como se pode ver, não iria fugir das banalidades sobre a vida social de gente rica e famosa, mas acaba tomando rumos inesperados quando Billy Hanson (Jude Law), um homossexual, é encontrado morto!

Comentários:
Filme que anda injustamente esquecido. É um dos melhores trabalhos de direção do astro Clint Eastwood que aqui se absteve de atuar para apenas dirigir. Sua grande felicidade foi ter escolhido um elenco de primeira, valorizado por ótimas atuações de atores como Kevin Spacey e John Cusack. Até mesmo Jude Law se sobressaiu e olha que nem o considero um intérprete tão especial assim como os demais. Como era de esperar houve quem reclamasse da adaptação para o cinema do livro escrito pelo autor John Berendt. Como bem explicou Eastwood na época de lançamento do filme não se pode esperar uma adaptação cem por cento fiel ao livro simplesmente porque se trata de um filme, sendo cinema, uma linguagem narrativa bem diferente das páginas de um livro. Mudanças são essenciais e inevitáveis. Como nunca li o livro original isso pouco importou. Como puro cinema esse "Midnight in the Garden of Good and Evil" é seguramente um ótimo filme. Dei nota quase máxima quando o vi pela primeira vez e em nada mudei minha opinião mesmo após tantos anos. É certamente uma pequena obra prima do mestre Clint Eastwood. Filme premiado pela Society of Texas Film Critics Awards na categoria de Melhor Ator (Kevin Spacey).

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de junho de 2016

Anjos da Noite 3 - A Rebelião

Título no Brasil: Anjos da Noite 3 - A Rebelião
Título Original: Underworld - Rise of the Lycans
Ano de Produção: 2009
País: Estados Unidos
Estúdio: Lakeshore Entertainment
Direção: Patrick Tatopoulos
Roteiro: Danny McBride, Dirk Blackman
Elenco: Kate Beckinsale, Bill Nighy, Rhona Mitra, Michael Sheen
  
Sinopse:
Em um passado distante uma dinastia de vampiros aristocráticos mantém sob correntes os lycans (lobisomens) até que um deles começa uma verdadeira rebelião contra o que considera a escravidão de sua raça, dando origem a uma verdadeira guerra entre os dois monstros mitológicos do terror. Terceiro filme da franquia "Anjos da Noite" (Underworld).

Comentários:
Apesar de não ser muito fã dessa série "Underworld" eu tive a oportunidade de conferir esse terceiro filme nos cinemas. É um dos mais interessantes porque tem uma estória própria, quase como se fosse um prequel cinematográfico dos filmes anteriores. A atriz Kate Beckinsale, apesar de estar presente no material promocional e ter seu nome como chamariz de bilheteria, nem participa muito da trama. Na verdade os verdadeiros protagonistas são o aristocrático Viktor (Bill Nighy), a exótica Sonja (interpretada pela bonita e sensual atriz Rhona Mitra) e o selvagem Lucian (Michael Sheen, sempre interessante e esforçado em cena). Eles formam o núcleo central dos acontecimentos que levaram os lobisomens a se rebelarem contra a dominação dos vampiros. Criados como bestas e animais selvagens eles dão seu grito de liberdade, dando começo a uma insana guerra entre eles e os seres vampirescos. A direção ficou a cargo do francês Patrick Tatopoulos, aqui em seu primeiro trabalho importante como cineasta. Ele já havia trabalhado antes no primeiro filme como o responsável pela equipe técnica de efeitos especiais. Na direção acabou até mesmo surpreendendo. Em suma, um bom exemplar da franquia "Underworld" que pode até mesmo ser assistido sem os demais pois, como já afirmei, seu enredo é bem independente dos outros filmes da franquia.

Pablo Aluísio.

O Sobrevivente

Título no Brasil: O Sobrevivente
Título Original: Rescue Dawn
Ano de Produção: 2006
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Werner Herzog
Roteiro: Werner Herzog
Elenco: Christian Bale, Steve Zahn, Jeremy Davies
  
Sinopse:
Baseado em fatos reais o filme mostra a captura do piloto americano Dieter Dengler (Christian Bale) por forças inimigas durante a Guerra do Vietnã. Durante uma missão sobre o Laos, país vizinho ao Vietnã, seu avião foi abatido. Nas mãos dos vietcongues ele começa a sofrer todo tipo de torturas e violências enquanto tenta sobreviver em um campo de prisioneiros. Filme indicado ao Independent Spirit Awards.

Comentários:
Christian Bale se notabilizou em sua carreira pela entrega aos seus personagens. Para interpretar o piloto americano Dieter Dengler ele embarcou em uma dieta que quase custou sua vida. Para parecer magérrimo no filme, trazendo realismo ao seu trabalho de atuação, Bale perdeu muitos quilos, que depois lhe custaram bastante em termos de saúde. Além disso resolveu encarar cenas asquerosas, como aquela em que come (de verdade) uma largarta típica da região. Algo realmente de revirar o estômago de qualquer um que assista ao filme. Além de Bale outro bom motivo para se conferir esse filme é o trabalho do diretor alemão Werner Herzog. Durante décadas ele realizou filmes corajosos, quase ao estilo guerrilha cinematográfica como os sempre lembrados "Fitzcarraldo", "O Enigma de Kaspar Hauser" e "Aguirre, a Cólera dos Deuses" e de repente surge com essa produção Made in USA, em um grande estúdio de Hollywood, algo que nunca foi muito comum em sua fimografia. O resultado é muito bom, embora é bom salientar que a tônica do filme nem é tanto em relação a ação ou cenas de combates, mas sim no drama vivido pelo piloto Dieter Dengler, explorando bem a forma desumana como os prisioneiros de guerra eram tratados naquela distante guerra no sudeste asiático. Como denúncia certamente a fita funciona muito bem.

Pablo Aluísio.

sábado, 11 de junho de 2016

A Família Savage

Título no Brasil: A Família Savage
Título Original: The Savages
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos
Estúdio: Fox Searchlight Pictures
Direção: Tamara Jenkins
Roteiro: Tamara Jenkins
Elenco: Laura Linney, Philip Seymour Hoffman, Philip Bosco
  
Sinopse:
Wendy (Laura Linney) e Jon (Philip Seymour Hoffman) são dois irmãos que precisam lidar com uma situação mais do que complicada. Seu velho pai está senil, praticamente demente, e eles precisam tomar uma decisão sobre interná-lo ou não em um asilo. Como era de se esperar o problema desperta velhos traumas, antigas lembranças amargas, que só faz tornar tudo ainda mais sofrido e amargo. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Atriz (Laura Linney) e Melhor Roteiro Original (Tamara Jenkins).

Comentários:
É realmente algo a se lamentar bastante a morte precoce do ator Philip Seymour Hoffman. Eu sempre o considerei um dos mais talentosos de sua geração. Ele faleceu em 2014, vítima de uma overdose de drogas. Tudo muito trágico. Uma boa oportunidade agora de rever seu trabalho vem nesse excelente drama familiar "The Savages". O roteiro com toques autobiográficos da diretora e roteirista Tamara Jenkins mostra dois irmãos precisando solucionar o terrível problema de como lidar com um pai com problemas de demência, após a morte de sua segunda esposa. Eles tiveram uma educação distante e até mesmo negligente por parte dele e agora precisam tomar a melhor decisão sobre ele, como por exemplo, o internar em um asilo de velhos. O personagem de Hoffman é a de um sujeito torturado, com seus próprios problemas pessoais, pois não consegue nunca terminar o livro que seria o mais importante de sua vida. Sua irmã Wendy não é melhor resolvida, cheia de traumas da infância e adolescência. Ao ter que lidar com seu pai tudo parece voltar, inclusive os anos de um passado bem distante. É um excelente drama, também muito triste por mostrar uma realidade que atinge muitas famílias. Assim se você se identifica de alguma forma com essa estória não deixe de assistir. Provavelmente aprenderá uma bela lição de vida.

Pablo Aluísio.

O Retorno de John Henry

Aqui vai uma boa dica para quem gosta de western. O filme se chama "Forsaken" (ainda sem título em português). Foi lançado nesse ano e conta com pai e filho nos papéis principais. Donald Sutherland é o pai, um reverendo de uma pequena cidade do velho oeste. Sua esposa está morta e isso faz com que seu filho, interpretado por Kiefer Sutherland, retorne depois de décadas sem pisar no rancho de seu pai. Ele foi embora para lutar na guerra civil, mas depois do fim do conflito resolveu cruzar o oeste como pistoleiro. Os anos passam e agora ele está de volta. Decidido a abandonar as armas para sempre com a intenção de recomeçar sua vida, tudo acaba saindo do planejado após ele perceber que há uma quadrilha agindo na cidade. Intimidando os fazendeiros locais eles os ameaçam de morte caso não vendam suas terras por preços irrisórios. Quando seu pai se torna também uma vítima a figura do pistoleiro retorna e um acerto de contas sangrento começa a tomar forma.

O roteiro de "Forsaken" nem é tão original assim, na verdade ele se utiliza de velhas fórmulas que já eram comuns nos tempos de John Wayne e Randolph Scott. Isso porém não é um problema, pois ao final do filme você se sentirá plenamente satisfeito pelo que viu. Com uma duração enxuta (89 minutos) o filme tem ótima fluidez e o resultado final se mostra muito bom. Kiefer Sutherland convidou a amiga Demi Moore para interpretar seu velho amor da juventude. Ambos estavam apaixonados antes da guerra civil começar, porém o conflito os separou. Ela ainda ficou aguardando seu retorno por anos, mas como ele não parecia nunca mais voltar para casa resolveu se casar com um outro homem da região, uma pessoa que ela na verdade nem gostava muito, mas que poderia ser um bom marido. Assim deixo essa dica para você que é fã de faroestes. Um bom filme, bem produzido, com excelente elenco e um roteiro nostálgico. Tudo pareceu no lugar em uma boa fita que vai satisfazer todos aqueles que gostam desse tipo de filme.

O Retorno de John Henry (Forsaken, EUA, 2016) Direção: Jon Cassar / Roteiro: Brad Mirman / Elenco: Kiefer Sutherland, Donald Sutherland, Demi Moore, Brian Cox, Michael Wincott, Jonny Rees/ Sinopse: Após passar anos sem dar notícias, John Henry Clayton (Kiefer Sutherland) retorna para casa. Sua mãe está morta e ele deseja recomeçar sua vida ao lado de seu velho pai, o pastor William Clayton (Donald Sutherland). Durante sua ausência Henry fez fama como pistoleiro, mas agora deseja abandonar as armas, até que descobre que há uma quadrilha de facínoras aterrorizando os fazendeiros honestos da região, uma injustiça que ele não poderá deixar como está.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

John Wayne - A Primeira Vitória

John Wayne se notabilizou pelos clássicos de western que estrelou ao longo da carreira. Isso não significou que ele não tenha também brilhado em outros gêneros cinematográficos. Wayne também fez grandes filmes de guerra. Um exemplo é esse "In Harm's Way" de 1965 que no Brasil recebeu o título nacional de "A Primeira Vitória". Dirigido pelo excelente e premiado cineasta Otto Preminger e com um elenco de apoio de encher os olhos (contando com Kirk Douglas, Burgess Meredith e Henry Fonda, entre outros) o filme foi lançado para comemorar os vinte anos do fim da II Guerra Mundial.

E é justamente um dos eventos mais marcantes dessa guerra que marca a cena inicial do filme: o ataque japonês ao porto militar americano de Pearl Harbor. Até aquele momento os americanos mantinham uma postura de neutralidade em uma guerra que parecia se alastrar pelo mundo. Havia um sentimento de não se envolver na Guerra pois os americanos ainda amargavam as perdas provenientes da I Guerra Mundial. A neutralidade assim parecia ser um bom caminho a seguir. Essa posição diplomática porém não duraria muito. Sem aviso prévio e contando com um ataque surpresa arrasador a força aérea imperial japonesa arrasou a esquadra americana estacionada no Havaí. A partir daí não houve outra saída e os Estados Unidos entraram definitivamente na guerra, lutando uma feroz luta ilha a ilha no Pacífico Sul contra os japoneses.

O personagem de John Wayne é um comandante de cruzador da marinha americana chamado Rockwell 'Rock' Torrey. Durante o ataque em Pearl Harbor ele, por pura sorte, não estava ancorado no porto atacado, mas sim em alto-mar. Tentando dar uma resposta ao ataque acabou sendo encurralado por um submarino japonês. Sua manobra é considerada temerária pelo comando da marinha e ele é afastado do comando, indo parar em um serviço burocrático atrás de uma escrivaninha. Para um velho marinheiro não poderia ser pior. Seu homem de confiança, o tenente Paul Eddington (Kirk Douglas) também é colocado para escanteio.

Aproveitando sua estadia forçada em terra firme, Rock acaba resolvendo colocar alguns assuntos pessoais em dia. Procura finalmente por seu filho que não vê há anos (e que também está servindo na Marinha) e acaba tendo um caso amoroso tardio com uma enfermeira pelo qual acaba sentindo atração. Seus problemas privados porém são colocados de lado quando é chamado novamente para o comando. A guerra precisa de homens experientes e Rock acaba sendo designado para uma importante missão. O filme é longo, com quase três horas de duração, e isso se deve ao fato de que Otto Preminger priorizou o desenvolvimento de cada personagem da estória (que inspirada em fatos reais teve seu roteiro baseado no livro escrito por James Bassett). È um ótimo filme histórico de guerra, mostrando não apenas o lado combativo dos militares americanos na chamada guerra do Pacífico, como também valorizando o lado mais humano desses homens. Um clássico do cinema mais do que recomendado.

Pablo Aluísio.

Kirk Douglas - A Primeira Vitória

Finalizando minhas impressões sobre esse clássico de guerra chamado "In Harm's Way" (A Primeira Vitória, no Brasil) eu gostaria de tecer alguns comentários sobre o personagem interpretado por Kirk Douglas. O oficial Paul Eddington é um ótimo militar da Marinha americana, profissional confiável, porém em sua vida pessoal parece só fazer escolhas erradas. A primeira cena do filme mostra sua jovem esposa dançando em um cocktail oferecido a marinheiros. Desinibida, na beira da piscina, ela protagoniza um pequeno escândalo. Detalhe: enquanto ela dança e se diverte com aqueles homens seu marido está em alto-mar, enfrentando os inimigos do país, algo que causa grande desconforto nos demais militares presentes naquela noite.

Quando começa o ataque a Pearl Harbor ela acaba morrendo numa estrada. Isso faz com que Eddington fique devastado. Ele não era feliz no casamento, sua jovem esposa, muitos anos mais jovem, não lhe dava o devido respeito e nem parecia gostar muito dele, mas a sua morte prematura torna sua lembrança praticamente imaculada. Depois disso o Capitão começa a ter um comportamento bem fora dos padrões o que o levará à cena crucial quando resolve estuprar uma jovem enfermeira que também está no Havaí durante a II Guerra Mundial. A garota vindo do interior acaba sendo agarrada na praia e violentada. Essa cena, forte sob muitos aspectos, também é bem incômoda quando descobrimos que o próprio Kirk Douglas foi acusado de ter estuprado a atriz Natalie Wood nos anos 50. Isso foi bem antes da realização dessa cena o que me faz pensar que Kirk quis dar sua resposta na tela, atuando em algo que certamente seria bem comentado nos bastidores de Hollywood.

Depois disso, como numa espécie de redenção moral, o roteiro o coloca numa missão suicida, onde ele deixa bem claro que não está muito disposto a voltar para a base para enfrentar uma corte marcial. O diretor Otto Preminger acabou ficando numa encruzilhada pois não poderia dar um final feliz a um estuprador no enredo, nem mesmo se ele fosse interpretado pelo astro Kirk Douglas. John Wayne, interpretando seu oficial superior, certamente o puniria e isso fica bem claro depois que ele descobre que seu subordinado está morto. Perguntado se ele daria seu nome para a recomendação de uma medalha de honra, a sua resposta é um taxativo "não"!

Por fim, vale também destacar a grande cena final do filme. O clímax é a reconstituição de uma batalha real ocorrida no Pacífico Sul entre a Marinha americana e a japonesa. Os japoneses contavam com o colossal Yamato, de 72 mil toneladas. Esse navio era considerado uma das joias do poderio naval militar japonês. O comandante interpretado por John Wayne é o responsável em destruir essa armada dos mares. No saldo final, apesar de todas as baixas, ele acaba vencendo, o que foi considerado na época a primeira vitória americana sobre o Japão no Pacífico.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos

Ir ao cinema hoje em dia tem se tornado um exercício de paciência. Quando não há filmes adaptados de quadrinhos em cartaz, há produções como essa que são destinadas ao mesmo público, só que usando outras fontes de cultura pop para adaptar ao cinema. Esse universo de "Warcraft" é muito conhecido do público ligado em RPG e games. Muito comercial, "Warcraft" já virou algo bem complexo e desenvolvido em seu nicho. Trazer algo assim para o cinema exigia uma certa simplificação. Foi justamente isso que o diretor Duncan Jones fez. Ele traz um enredo básico, que qualquer pessoa pode acompanhar. Você não precisa ser conhecedor das estórias para acompanhar.

Basicamente o que temos aqui é a invasão dos reinos humanos pelos Orcs, figuras criadas totalmente pela computação gráfica, com dentes de javali e força bruta. Falou em Orc eu tenho certeza que você lembrou de "O Senhor dos Anéis", a imortal obra de J.R.R. Tolkien. É bem por aí mesmo. Aquele tipo de universo de fantasia, com várias raças diferentes, magia e monstros.

Claro que "Warcraft" não passa de um subproduto da obra de Tolkien, mas mesmo assim está valendo pela pura e simples diversão. Tecnicamente achei o filme bem realizado. As criaturas - com destaque para os Orcs - são bem feitas e até mesmo convincentes. A parte de efeitos especiais só se perde um pouco mesmo durante as batalhas quando há muitos personagens juntos lutando. Nesses momentos o filme ficou com jeitão de videogame, mas não penso que o público que acompanhe esse universo vá reclamar de algo assim.

Por falar em criar ambientes virtuais próprios, essa é justamente a especialidade do cineasta Duncan Jones. Ele já havia trabalhado em algo parecido em seus filmes anteriores como "Lunar" (muito bom, merece ser redescoberto) e "Contra o Tempo" (bem bolada ficção estrelada pelo ator Jake Gyllenhaal). Aqui ele tem a primeira oportunidade de dirigir um filme com grande orçamento e pretensão de ser uma nova franquia blockbuster. Aliás fica claro no desfecho desse filme que é justamente essa a intenção dos produtores. Não há propriamente um clímax, ficando praticamente tudo em aberto para as sequências que poderão vir ou não, dependendo da bilheteria desse primeiro. Eu particularmente penso que haverá continuações, não tão bem sucedidas como "O Hobbit" ou até mesmo "O Senhor dos Anéis", mas pelo andar da carruagem esse certamente será o pontapé inicial de uma nova trilogia de fantasia. É esperar para ver.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Warcraft

Título no Brasil: Warcraft - O Primeiro Encontro de Dois Mundos
Título Original: Warcraft
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Legendary Pictures
Direção: Duncan Jones
Roteiro: Duncan Jones, Charles Leavitt
Elenco: Travis Fimmel, Paula Patton, Ben Foster
  
Sinopse:
Após a destruição de seu mundo, os Orcs liderados por um feiticeiro maligno resolvem atravessar um portal mágico para invadir os reinos dos humanos em Azeroth, Eles planejam aniquilar todos os reinos dos homens, para tomar suas terras e seus territórios. O Rei e o Guardião Medivh (Ben Foster) então se unem para destruir a nova ameaça contra seus vastos domínios.

Comentários:
Esse universo "Warcraft" é bem amplo, indo desde livros de RPGs, romances, livros, games a álbuns de figurinhas. A inspiração é até bem óbvia, nos fazendo lembrar imediatamente dos livros de J.R.R.Tolkien (de "O Senhor dos Anéis), passando pelos mundos de "Dungeons & Dragons" e "Warhammer". É um universo de fantasia, com raças diversas (Orcs, Homens, Elfos e Anões) brigando entre si por poder e territórios. O roteiro explora tanto as intrigas e motivações dentro dos Orcs, como dos humanos. Há assim protagonistas de ambos os lados. É de se admirar que algo assim tão popular no universo nerd ainda não tivesse ganho sua adaptação para o cinema. De maneira em geral é uma produção realmente muito bem realizada (mais de cem milhões de dólares foram gastos em sua realização), com farto uso de computação gráfica. Por falar em efeitos especiais pouca coisa do que você verá em cena é real. Praticamente tudo é virtual, principalmente em relação aos Orcs (que parecem javalis brutamontes selvagens). Por essa razão muitos críticos reclamaram, afirmando que o filme mais parecia um videogame turbinado do que qualquer outra coisa. Resta saber se o público jovem vai encarar esse tipo de crítica como algo positivo ou negativo. Para uma geração que cresceu jogando games não vejo como alguém que sempre fez parte desse universo irá reclamar. E se você não conhece nada de "Warcraft" também não precisa se preocupar muito. O roteiro é simples, de fácil acesso. Pode até se tornar uma boa diversão se você aprecia esse tipo de filme mais voltado para a fantasia à la J.R.R.Tolkien, mas claro sem o conteúdo e a complexidade desse autor. Como entretenimento puro está valendo.

Pablo Aluísio.

O Reino Proibido

Título no Brasil: O Reino Proibido
Título Original: The Forbidden Kingdom
Ano de Produção: 2008
País: Estados Unidos
Estúdio: Lions Gate Entertainment
Direção: Rob Minkoff
Roteiro: John Fusco
Elenco: Jackie Chan, Jet Li, Michael Angarano
  
Sinopse:
Jason Tripitikas (Michael Angarano), um jovem americano comum, encontra um velho artefato, numa loja de Chinatown. É um cajado que teria pertencido ao Rei Macaco, mestre em artes marciais. De posse desse objeto ele acaba sendo transportado para um novo universo, onde viverá grandes aventuras em um reino proibido no oriente próximo. Lá entra em contato com um novo mundo, onde clãs lutam entre si pelo poder supremo. Filme indicado ao Teen Choice Awards nas categorias de Melhor Filme de Ação.

Comentários:
Um filme com Jackie Chan e Jet Li já seria motivo suficiente para atrair a atenção dos fãs de filmes de lutas marciais orientais. Infelizmente esse "The Forbidden Kingdom" é irregular, possuindo pontos positivos e negativos. Do lado ruim o fã terá que aguentar aquele estilo de filme mais juvenil, realizado para o público médio americano, tendo que engolir um personagem criado apenas para criar identificação com esse tipo de público. No caso se trata do jovem Jason (Angarano), que com seu jeito um tanto desajeitado (diria até mesmo meio idiota), só atrapalha o resultado final. Não consegui achá-lo nem divertido, nem carismático, nem nada. Assim sobra o trabalho pesado para a dupla Jackie Chan e Jet Li, só que eles estão um pouco à margem de tudo o que acontece. Isso prejudica. Os pontos positivos vem da boa produção, onde tudo parece ser muito bem requintado e bem produzido (principalmente cenários e coreografias) e, como não poderia deixar de existir nesse tipo de filme, também boas cenas de lutas. Não é o caso de indicar o filme para todos os tipos de público porque como já escrevi ele segue uma linha mais infanto-juvenil do estilo mais comercial. De qualquer forma, na dúvida e usando um pouco de boa vontade, arrisque-se a conferir.

Pablo Aluísio.