segunda-feira, 6 de junho de 2016

X-Men: Apocalypse

Acabei indo ao cinema conferir "X-Men: Apocalypse". Eu já estou um tanto farto de adaptações de quadrinhos. Em temos de cinema americano não se fala de outra coisa ultimamente. Alguns filmes são bons, outros bem chatinhos. Esse novo "X-Men" porém me deixou bastante satisfeito. O roteiro é básico, o que não significa que seja ruim, mas sim eficiente. Um mutante chamado En Sabah Nur surge no Antigo Egito. Como possui poderes inexplicáveis para aquele povo e aquela cultura passa a ser adorado como a um Deus. Isso porém não convence a todos. Durante uma rebelião o estranho ser é finalmente soterrado por toneladas de pedra em sua grande pirâmide cerimonial.

Os séculos passam e eis que o tal mutante milenar retorna à vida. Seu grande poder é conseguir transferir sua consciência para outros corpos, o que o praticamente lhe torna imortal. Aliás ele próprio acredita ser uma divindade. A humanidade dos tempos modernos (na verdade o enredo do filme se passa na década de 1980) porém o deixa completamente enojado em seu retorno. Em sua mente doentia só há um caminho a seguir: a destruição dos fracos para que os seres ditos superiores promovam um novo recomeço para o planeta. Claro que em seus caminhos de megalomania - ele literalmente deseja dar início a um apocalipse - surgem os X-Men.

Como se trata de um filme ao estilo Prequel (onde o passado da franquia anterior é contado), todos os mutantes estão jovens e ainda inexperientes, com exceção de Wolverine (em rápida sequência com o ator Hugh Jackman, ainda se recuperando de um câncer de pele que quase acabou com sua vida e carreira). Com excelentes efeitos visuais e produção o destaque em minha opinião vai para o roteiro escrito por Bryan Singer. A estória é redondinha, sem firulas e eficiente. Quem não assistiu ao filme anterior nem precisa se preocupar (algo que não acontece, por exemplo, com os filmes dos Vingadores). Tudo tem começo, meio e fim e não há nenhum sinal de pontas soltas e a finalizar. Singer é mestre nesse tipo de adaptação.

Por fim um fato que merece pelo menos algumas observações. O vilão Apocalypse (a tal falsa divindade do Egito antigo que retorna) tem muitas similaridades com o próprio livro bíblico do apocalipse. Aliás fica óbvio desde o começo que a principal fonte desse enredo vem justamente da escritura, muito embora tudo sob um enfoque puramente pop. Ao lado de Magneto ele promove um verdadeiro caos para varrer tudo aquilo que ele considera impuro e não merecedor de continuar com sua existência. Um destruidor de mundos, literalmente. Como porém ele não é Deus, apenas pensa que é, acaba encontrando uma adversário à altura, a mutante Jean Gray (Sophie Turner) que diga-se de passagem sempre resolve no final das contas quando tudo parece estar perdido. Em suma, "X-Men: Apocalypse" é pura diversão pop. Muito competente por sinal.

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de junho de 2016

Operação França

Título no Brasil: Operação França
Título Original: The French Connection
Ano de Produção: 1971
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: William Friedkin
Roteiro: Ernest Tidyman, Robin Moore
Elenco: Gene Hackman, Roy Scheider, Fernando Rey
  
Sinopse:
O policial Jimmy "Popeye" Doyle (Hackman) resolve investigar ao lado do parceiro, Buddy Russo (Roy Scheider), um bandido pé de chinelo que começa a frequentar lugares caros de Nova Iorque. Para Doyle isso só poderia significar uma coisa: ele estaria envolvido com alguma operação criminosa onde muito dinheiro estaria na jogada. Seus instintos, que parecem nunca falhar, acabam mesmo levando ele a um traficante internacional de drogas, conhecido como Alain Charnier (Rey). Esse seria o verdadeiro elo de ligação entre um grande carregamento de heroína importada diretamente de traficantes franceses para seus comparsas em Nova Iorque.

Comentários:

Na década de 1970 o cinema americano abraçou o realismo das ruas. Não haveria mais espaço para galãs refinados ou estórias fantasiosas. O principal ingrediente para os grandes cineastas viria do dia a dia, do cotidiano sufocante das grandes cidades e sua criminalidade sempre em expansão. Assim o diretor William Friedkin (conhecido por causa de sua obra prima do terror, "O Exorcista") acabou realizando um de seus filmes mais lembrados, "The French Connection". Obviamente que revisto hoje em dia o filme já não causa mais tanto impacto, fruto do passar dos anos e dele ter sido muito copiado em centenas de filmes policiais que viriam após seu lançamento. Mesmo assim sua originalidade, principalmente em investir em personagens mais realistas, como os dois policiais protagonistas, fizeram com que ele se tornasse um grande sucesso de público e crítica em seu lançamento. O roteiro explora Popeye (Hackman) e seu parceiro (Scheider), como se fossem policiais reais, de péssimos hábitos, muitas vezes atravessando a linha dos regulamentos e da mesmo da lei. 

O tira de Hackman, por exemplo, não se preocupa em usar a violência física ou a intimidação para obter informações. Nem tampouco está preocupado em seguir à risca as normas. Ele apenas deseja colocar atrás das grades todos os criminosos que cruzam seu caminho como o sofisticado Charnier, que por fora mais parece um homem culto, amante das artes, mas que na realidade é um traficante violento e brutal com seus inimigos. O cenário dessa caçada é formado pelas próprias ruas de uma Nova Iorque em plena decadência urbana, com seus lugares sujos, repletos de prostitutas e bandidos de todos os tipos. Diante de tantos méritos cinematográficos não é de se espantar que o filme tenha sido o grande vencedor do Oscar naquele ano. Entre outros levou para casa a cobiçada estatueta de Melhor Filme, Ator (Hackman, de forma bem merecida) e Direção (mostrando que William Friedkin era um cineasta talentoso, não se resumindo apenas à garotinha possuída pelo demônio em "O Exorcista"). Assim deixo a dica desse clássico dos anos 70. Um filme policial realista, com excelente roteiro e direção. O melhor de dois mundos em apenas uma produção.

Pablo Aluísio

X-Men: Apocalipse

Título no Brasil: X-Men: Apocalipse
Título Original: X-Men: Apocalypse
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Marvel Studios
Direção: Bryan Singer
Roteiro: Simon Kinberg, Bryan Singer
Elenco: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, Rose Byrne, Hugh Jackman, Sophie Turner, Oscar Isaac
  
Sinopse:
Década de 1980. O professor Charles Xavier (James McAvoy) finalmente está realizando seu sonho. Ele está reunindo jovens mutantes em uma escola para que todos possam aprender, sem traumas, como lidar com seus próprios poderes. Seus planos acabam sofrendo um revés quando um mutante milenar chamado En Sabah Nur (Oscar Isaac) desperta de seu sono profundo. Adorado como um Deus no Egito Antigo ele está de volta para "purificar" a humanidade, eliminando tudo aquilo que vai contra seus planos de dominação. Seu objetivo é reconstruir a sociedade perfeita. Para isso ele está disposto a iniciar um verdadeiro apocalipse na Terra. 

Comentários:
De todos os filmes adaptados de quadrinhos esse seguramente foi o melhor que vi nesse ano de 2016. O roteiro é muito bem escrito (Bryan Singer acertou novamente) e a produção é das melhores. Fazendo um paralelo com "Capitão América: Guerra Civil", tudo o que havia de truncado naquele roteiro aqui surge com extrema fluidez. Eu sempre gosto de dizer que adaptações de super-heróis precisam ser simples, sem enrolação ou detalhes demais que só atrapalham o desenrolar da estória. Singer provavelmente sabe muito bem disso. Essa nova franquia dos X-Men na realidade é um grande prequel que conta o passado do surgimento desse grupo de seres mutantes. O primeiro filme já havia me agradado e esse aqui me deixou ainda mais satisfeito. É a tal coisa, todo grande filme inspirado em quadrinhos tem que ter como premissa básica um bom vilão para dar certo. Aqui há um que certamente é dos mais interessantes que já vi. En Sabah Nur foi provavelmente o primeiro mutante da história. No Egito Antigo ele desenvolveu a capacidade de transferir sua consciência para outro corpo. 

Isso praticamente o tornou imortal, sendo considerado um verdadeiro Deus para os egípcios da antiguidade. Soterrado durante séculos ele retorna para o mundo moderno e fica horrorizado com o que vê. A única maneira de colocar as coisas em seu devido lugar é promovendo literalmente um apocalipse para varrer da Terra tudo aquilo que ele considera errado. Para isso ele acaba se aliando com outro mutantes, entre eles o poderoso Magneto (Fassbender) que está emocionalmente destruído após a morte de sua esposa e filha. Além da trama bacana o filme ainda conta com ótimos efeitos visuais e a beleza sempre bem-vinda da atriz Jennifer Lawrence, aqui um pouquinho rechonchuda, mas ainda assim maravilhosa. Depois de tantos pontos positivos já está na hora da DC Comics pensar seriamente em contratar o sempre eficiente Bryan Singer para suas futuras adaptações para o cinema. O sujeito parece acertar sempre nas adaptações que dirige. Assim deixamos a recomendação desse divertido filme. Pode conferir sem receios, vale o ingresso certamente.

Pablo Aluísio.

sábado, 4 de junho de 2016

Ben Collins, o Dublê

Título no Brasil: Ben Collins, o Dublê
Título Original: Ben Collins Stunt Driver
Ano de Produção: 2015
País: Inglaterra
Estúdio: Lionsgate
Direção: James Wiseman
Roteiro: James Wiseman, Ben Collins
Elenco: Ben Collins, Peter Miles, Evangelos Grecos
  
Sinopse:
O famoso dublê Ben Collins é contratado para atuar numa cena de perseguição com carros potentes, enquanto é atacado por terra e ar com todos os tipos de armas letais. Um misterioso produtor quer Collins para criar a melhor cena de ação da história do cinema, só que Collins precisará antes achar o carro ideal para essa sequência, o que o leva a inúmeros testes de diversos tipos de modelos e marcas, até escolher o mais perfeito, rápido e veloz veículo para o filme em que irá trabalhar.

Comentários:
Praticamente um documentário, embora haja um fio de meada de ficção, esse filme é curioso porque mostra o processo que envolve a filmagem e realização de uma grande cena de ação. Collins, o protagonista, é dublê na vida real, tendo atuado na franquia "Velozes e Furiosos", além de filmes de James Bond. Assim de carros e velocidade ele entende muito bem. Na busca pelo modelo ideal para o filme ele testa desde supercarros das marcas McLaren, Jaguar, até clássicos como o Mustang que Steve McQueen usou numa famosa cena de perseguição no clássico "Bullitt" de 1968. Por mais que se esforce ele nunca consegue achar exatamente o que está procurando. Ora os carros são rápidos, mas não possuem estabilidade, ora são estáveis nas pistas, mas nem tão velozes como era de se esperar. BMW, Audi, Ford, todos os tipos são testados, o que torna o filme especialmente indicado para quem curte carros em geral. Fica óbvio desde o começo que como cinema puro essa produção não se sustenta, mas como guia de carros esportes ultravelozes ele funciona muito bem. O dublê Ben Collins não está preocupado em atuar bem, mas sim em informar ao espectador todas as qualidades (e defeitos também) dos carros que vai testando. Falando diretamente para a câmera ele cria uma espécie de clima de reality show, como aqueles que passam no Discovery Channell. Não é o tipo de filme que pagaria para ver em um cinema, mas certamente é um bom programa para se ver em casa, na telinha. Instrutivo, rápido como os carros que desfilam na tela, esse é o tipo de filme para quem deseja comprar um carrão próprio para astros de cinema. Divertido, acima de tudo.

Pablo Aluísio.

Má Conduta

A primeira impressão para um cinéfilo que se depara com dois grandes atores como Anthony Hopkins e Al Pacino em um mesmo filme é de criar altas expectativas. Goste deles ou não, o fato é que ambos são de uma espécie rara de ator, algo que ultimamente está em franca extinção. Pois bem, o filme começa e você vai percebendo que o enredo vai girar muito mais em torno do personagem interpretado pelo fraco Josh Duhamel do que pelos dois grandes astros do cinema que, para seu desgosto, vão surgir mesmo apenas como coadjuvantes de luxo de um filme que não é ruim, mas que pelos nomes envolvidos poderia ser bem melhor. O filme não foi muito bem recebido pela crítica americana justamente por isso. Há um claro desperdício de Pacino e Hopkins, dois nomes que simplesmente não podem ser colocados de lado. Pacino é até melhor explorado do que Hopkins, mas nenhum deles tem grande oportunidade de demonstrar em cena seus inigualáveis talentos. Novamente temos aqui uma daquelas tramas de suspense onde nada parece ser o que realmente é, com várias surpresas e reviravoltas pelo meio do caminho.

O enredo é relativamente simples em seu começo. O bilionário do ramo farmacêutico Arthur Denning (Anthony Hopkins) se vê extorquido após o suposto sequestro de sua jovem namorada, a bela Emily Hynes (Malin Akerman). Para que ela escape com vida os sequestradores exigem que Denning entregue um resgate de dois milhões e meio de dólares numa galeria de arte. É uma semana particularmente ruim para o ricaço. Além de ter que resolver o sequestro de sua jovem amante, ele precisa lidar com um processo milionário movido pelos advogados Charles Abrams (Al Pacino) e Ben Cahill (Josh Duhamel). Eles alegam que Denning manipulou resultados em testes de drogas de sua indústria, o que resultou na morte de dezenas de pessoas. As coisas que já eram ruins começam a ficar estranhas quando Denning descobre que o advogado Cahill foi namorado e grande paixão de sua namorada Emily no passado. Tudo soa muito esquisito, pois coincidências desse tipo dificilmente existem. Será que haveria uma ligação entre as coisas? Pois é justamente nesse misterioso elo de ligação entre os fatos que o roteiro vai desenvolver até o final, que devo avisar, poderá soar decepcionante para alguns (no meu caso não gostei realmente!). De qualquer forma é a tal coisa, com Hopkins e Pacino no elenco fica mesmo difícil ignorar esse "Má Conduta". Só não vá esperando muito, pois assim ficará decepcionado. É ver para crer.

Má Conduta (Misconduct, Estados Unidos, Inglaterra, 2016) Direção: Shintaro Shimosawa / Roteiro: Simon Boyes, Adam Mason / Elenco: Josh Duhamel, Anthony Hopkins, Al Pacino, Alice Eve, Malin Akerman, Julia Stiles, Byung-hun Lee / Sinopse: Bilionário (Hopkins) se vê encurralado ao descobrir que sua jovem namorada foi sequestrada por criminosos. Na mesma semana ele ainda precisa resolver um processo milionário movido por ambiciosos advogados que exigem uma indenização extraordinária por causa de algumas mortes causadas supostamente por drogas criadas pela empresa de sua propriedade.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Missão: Impossível 2

Título no Brasil: Missão: Impossível 2
Título Original: Mission: Impossible II
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: John Woo
Roteiro: Bruce Geller, Ronald D. Moore 
Elenco: Tom Cruise, Dougray Scott, Thandie Newton
  
Sinopse:
O agente Ethan Hunt (Tom Cruise) tem um novo desafio. Ele vai até a distante Austrália onde investigações apontam para o uso de uma poderosa arma química que poderá ser usada contra as principais potências militares mundiais. Denominada "Chimera" essa seria uma doença modificada geneticamente para promover ataques terroristas em larga escala contra populações civis. Cabe a Hunt eliminar o problema antes que ele ceife a vida de milhões de pessoas inocentes. Filme vencedor do MTV Movie Awards nas categorias de Melhor Ator (Tom Cruise) e Melhor Sequência de Ação (com as motocicletas).

Comentários:
Depois do sucesso do primeiro filme o ator Tom Cruise resolveu contratar o diretor John Woo para dirigir a primeira sequência da franquia. Esse cineasta estava muito badalado desde que fora contratado pela Paramount em Hollywood. Ele era considerado um inovador no gênero ação, criando cenas realmente de impacto na tela. De fato Woo se deu bem em "Mission: Impossible", mantendo a boa qualidade que caracteriza todos os filmes dessa série. Já Tom Cruise apostou em um visual diferente, com longos cabelos e uma imagem mais, digamos, selvagem. É curioso que de tempos em tempos Cruise lançaria mais uma nova continuação, sempre de olho em ótimas bilheterias (e comercialmente esses filmes jamais decepcionaram). Em termos de elenco de apoio porém esse foi um dos filmes mais fracos. Não há vilões tão complexos ou grandes atores o interpretando. Justamente por essa razão Cruise resolveria consertar esse pequeno problema nos filmes que viriam (lembrando que a franquia pertence a ele, que é produtor executivo de todos os filmes). Em suma, uma boa segunda parte, que manteve a chama acessa de Missão Impossível, essa velha série de TV que reencontrou o sucesso nas telas de cinema pelas mãos do astro Tom Cruise.

Pablo Aluísio.

Do Outro Lado da Porta

Título no Brasil: Do Outro Lado da Porta
Título Original: The Other Side of the Door
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: 20th Century Fox
Direção: Johannes Roberts
Roteiro: Johannes Roberts, Ernest Riera
Elenco: Sarah Wayne Callies, Jeremy Sisto, Sofia Rosinsky
  
Sinopse:
A americana Maria (Sarah Wayne Callies) tenta se recuperar após a morte de seu jovem filho. Ela mora com o marido e sua filha pequena na Índia. Depois de um acidente na estrada seu veículo foi jogado para dentro de um lago. Não houve tempo de salvar as duas crianças e o menino morreu afogado, preso dentro do carro. Deprimida e desesperada, ela resolve ouvir a sugestão de Piki (Suchitra Pillai), uma indiana que lhe recomenda ir a um antigo templo abandonado onde reza a lenda os mortos poderiam se comunicar com os vivos. Ela quer se despedir de seu filho falecido. As coisas porém logo saem do controle e Maria acaba abrindo uma porta entre o mundo dos vivos e dos mortos que jamais poderia ter sido aberta.

Comentários:
O roteiro desse filme me lembrou de velhas produções de terror, como por exemplo. "O Cemitério Maldito". A premissa é bem parecida. A dor pela perda acaba levando a uma tentativa de trazer os mortos de volta à vida. Uma péssima ideia, claro. No enredo uma mãe inconsolável ouve falar de um velho e esquecido templo hindu, onde se poderia abrir um contato direto entre o mundo dos vivos e dos mortos. Ela deveria levar as cinzas de seu jovem filho morto e as espalhar nos degraus da velha construção. Depois deveria se dirigir ao interior do templo para com orações tentar entrar em contato com sua alma. Apenas uma recomendação importante: ela nunca poderia abrir a velha porta do templo, mesmo que o espírito de seu filho implorasse por isso. Claro que ao ouvir a voz do garoto ela imediatamente ignora tudo o que lhe foi dito e sem pensar nas consequências de seus atos acaba abrindo a tal porta, liberando todos os tipos de forças sobrenaturais maquiavélicas para o seu mundo e sua vida. A quebra dos limites que separam os vivos dos mortos acabam atraindo todo tipo de maldição para sua existência, colocando em perigo toda a sua família. De forma em geral gostei bastante desse filme. 

Tem boa produção, um cenário exótico (filmado em terras indianas) e um roteiro que, apesar de não ser tão original, consegue contar muito bem sua trama. Há também bons sustos e efeitos especiais eficientes, principalmente em relação a uma entidade que vem do mundo sobrenatural para levar o garotinho falecido de volta para o mundo dos mortos. Um grupo de homens santos, bem de acordo com os costumes religiosos daquela velha religião hindu, também surge para tentar consertar o erro da americana Maria. A atriz que a interpreta, Sarah Wayne Callies, será reconhecida pelos fãs da série "The Walking Dead" onde interpretou a personagem Lori Grimes. Já o diretor inglês Johannes Roberts tem aqui sua primeira grande chance de chamar a atenção entre os fãs de terror, apesar de já ser relativamente conhecido por "Floresta dos Condenados". Enfim, é isso. Deixo a recomendação desse bom filme de horror, um dos mais interessantes que já assisti dessa safra de 2016. Vale a pena conhecer.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

A Família da Noiva

Título no Brasil: A Família da Noiva
Título Original: Guess Who?
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Kevin Rodney Sullivan
Roteiro: William Rose
Elenco: Bernie Mac, Ashton Kutcher, Zoe Saldana, Judith Scott
  
Sinopse:
Percy Jones (Bernie Mac) leva um choque ao descobrir que o novo namorado de sua filha Theresa Jones (Zoe Saldana) é um cara branco! Ele sempre foi muito cuidadoso com as escolhas dela e chega até mesmo a realizar uma pesquisa sobre seu novo amor, mas um dado é omitido: ele não era negro! Como lidar com esse sentimento de racismo às avessas? Filme indicado aos prêmios étnicos Black Movie Awards e Black Reel Award.

Comentários:
Remake do clássico "Adivinhe Quem Vem Para Jantar?" de 1967. No filme original um casal de brancos era surpreendido pelo ato da filha de levar um negro para sua casa. Aqui as coisas foram invertidas. Temos uma família negra que precisa lidar com o fato de sua filha estar apaixonado por um homem branco. É a tal coisa, não se pode nunca comparar Ashton Kutcher com Sidney Poitier. Aliás em termos de elenco a diferença é monumental. No elenco do filme original tínhamos além da elegância de Poitier dois outros mitos do cinema: Spencer Tracy e Katharine Hepburn! E nesse remake quem os substitui? Sim, Bernie Mac!!! Chega a ser covardia fazer uma comparação. Esse segundo filme jamais convence e sendo bem sincero não tem charme e nem sofisticação. Comédias ultimamente andam até mesmo vulgares, fazendo uma força absurda para parecer engraçado. Nesse filme não é muito diferente. Diante de tantas coisas contra meu único conselho é: procure assistir ao filme original. Sua cultura ganhará muito mais do que ver esse prato requentado e sem graça.

Pablo Aluísio.

Paul Newman - Rachel, Rachel

Há poucos dias assisti a "Rachel, Rachel", um drama sensível sobre uma professora oprimida numa pequena cidade interiorana dos Estados Unidos. Chegando aos 40 anos de idade, solteira e infeliz, ela acaba se agarrando ao que parece ser a última chance de encontrar a felicidade no campo amoroso ao reencontrar um velho conhecido da infância. Estrelado pela ótima atriz Joanne Woodward, o filme se destaca por ter sido dirigido pelo marido dela, o astro Paul Newman.

Os cinéfilos que gostam de cinema clássico conhecem Paul Newman pela sua maravilhosa carreira como ator. Ele certamente foi um dos maiores astros de Hollywood, mas muitos ignoram que ele também demonstrava grande talento como cineasta. Ao todo Paul Newman dirigiu seis filmes, sendo que esse "Rachel, Rachel" foi sua primeira experiência atrás das câmeras. Ao assistir percebemos logo que além de grande intérprete ele também tinha grande sensibilidade na direção.

De roteiro simples, porém bastante humano, "Rachel, Rachel" demonstra que Paul Newman era acima de tudo um cineasta eficiente. Ele realizou um filme enxuto, sem exageros e sem pretensões descabidas. Talvez seu maior desafio tenha sido expor na tela de forma convincente e não piegas os pensamentos e as angústias de sua protagonista. A personagem da professora Rachel interpretada com maestria por Joanne Woodward (que chegou a ser indicada ao Oscar por seu trabalho) tem uma personalidade interior ora mórbida, ora depressiva e em alguns momentos até mesmo irônica, mordaz. Transpor isso para o filme (que foi baseado em um romance escrito por Margaret Laurence) acabou se tornando o grande desafio de Newman. E ele, conforme podemos ver, acertou em cheio.

Como se sabe Paul Newman e Joanne Woodward tiveram um longo casamento. Ele faleceu em 2008, mas Joanne ainda vive, no alto de seus 86 anos de idade. Juntos tiveram três filhos. Um deles morreu tragicamente por overdose de drogas nos anos 70 o que fez Newman criar uma fundação de amparo a dependentes químicos. Durante décadas o casamento de Newman e Woodward foi considerado modelo em Hollywood. Em um lugar onde os relacionamentos sempre foram fugazes e descartáveis eles ficaram juntos até a morte de Newman. Essa imagem ficou um pouco arranhada recentemente com a publicação de uma biografia do ator que revelava que ele teve um caso extraconjugal por anos com uma jornalista. Não importa, filmes como "Rachel, Rachel" demonstram que o casal funcionava não apenas na vida real, mas também profissionalmente. Poderiam não ser perfeitos (ninguém é), mas diante das circunstâncias se saíram muito bem no final das contas.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Justified

Outra boa dica para os fãs do gênero western que estejam em busca de séries que lembrem nosso amado estilo na TV é esse "Justified" do canal FX. Os episódios giram em torno da figura do agente federal Raylan Givens (Timothy Olyphant). Nascido e criado numa cidadezinha do Kentucky ele acaba sendo acusado de brutalidade policial em Miami e como punição é transferido de volta para a mesma cidadela onde nasceu no meio das montanhas. O problema é que Raylan tem uma família nada convencional. Seu pai é um conhecido contraventor e criminoso local e todos os seus conhecidos de infância e juventude estão envolvidos de alguma forma com operações ilegais envolvendo tráfico de drogas ou prostituição. Levando a máxima de que "santo de casa não faz milagres" o marshal durão tem que provar aos habitantes da região que ele está ali para cumprir a lei de todas as formas, sem fazer concessões a quem quer que seja. Rodado no que podemos considerar como o moderno oeste americano o seriado tem bons episódios e tramas bem elaboradas. O curioso é que "Justified" começou de forma bem modesta, quase como um tapa buraco da série "Sons Of Anarchy" mas que logo ganhou seu próprio espaço, conquistando cada vez mais audiência com o passar do tempo.

O programa é particularmente indicado para quem aprecia séries policiais com toques de western, pois "Justified" de certa maneira une ambos os gêneros. O personagem principal é um agente federal (Marshall) dos EUA que age muitas vezes como se realmente estivesse no velho oeste americano. O curioso é que tudo foi baseado em um conto curtinho. A série nasceu para ter no máximo 12 episódios mas com o sucesso os roteiristas estão desde a primeira temporada fazendo malabarismos para ampliar a estória o máximo que podem. Novos personagens foram adicionados e outros dramas foram inseridos para alongar ainda mais os episódios. Outro detalhe importante: o seriado é sequencial o que significa dizer que se deve assistir os episódios na ordem, na sequência, caso contrário se perde o fio da meada. "Justified" também foi a única série do canal FX a ser premiada com o Emmy, o Oscar da TV americana. A atriz Margo Martindale levou o prêmio de melhor atriz coadjuvante em 2011. Ela interpretou a mãe de uma família de criminosos caipiras e armados até os dentes do interior do Kentucky que acaba cruzando o caminho do agente Raylan. Sua interpretação realmente foi digno de reconhecimento pois ela conseguia ir da ternura à violência em questão de segundos. Achei seu prêmio extremamente digno e merecido. Assim deixamos a dica de "Justified" para vocês, os amantes de western, que estejam em busca de novidades na telinha.


Justified (idem, EUA, 2010 - 2013) Direção: Jon Avnet, Peter Werner, Michael Dinner / Roteiro: Elmore Leonard, Graham Yost, Benjamin Cavell / Elenco: Timothy Olyphant, Nick Searcy, Joelle Carter, Margo Martindale / Sinopse: Após ser acusado de agir com extrema brutalidade na Flórida o agente federal Raylan Givens (Timothy Olyphant) é transferido para sua cidade natal no Kentucky onde passa a reprimir os criminosos locais, muitos deles velhos conhecidos do passado.

Pablo Aluísio. 

Deuses do Egito

Definitivamente eu já passei da idade de gostar de um filme como esse. A única coisa que me fez conferir foi o fato de que o roteiro supostamente seria inspirado na religião e nos deuses do Egito antigo. Assim lá estão o bondoso e justo Hórus (Nikolaj Coster-Waldau), o ganancioso e cruel Set (Gerard Butler) e o equilibrado Osíris (Bryan Brown), todos brigando pelo trono do Egito. E o que diferencia meros mortais de deuses? Os deuses são altos e seu sangue é formado por ouro líquido. Eles também possuem a capacidade de se transformarem em qualquer criatura. Diante de tal poder o que mais fazem é brigar entre si, tentando matar uns aos outros. No meio dessa luta entre imortais há ainda um ladrãozinho barato chamado Bek (interpretado por Brenton Thwaites, um dos piores atores que já vi em minha vida!), sempre disposto a roubar alguma joia ou vestido para a sua namoradinha. É justamente ele quem acaba roubando um dos olhos de Hórus, que havia sido brutalmente arrancado por Set durante uma luta titânica entre ambos.

Basicamente é só isso. Para esconder o vazio do roteiro nada inspirador a produção usa e abusa de computação gráfica a ponto de fazer o espectador se sentir visualmente saturado. Há muitas criaturas geradas por sofisticados programas de computador e mundos inteiros completamente virtuais. O curioso é que apesar de ter custado algo em torno de 150 milhões de dólares para a Fox esses efeitos digitais nem são tão impressionantes assim! Para muitos, eles ficaram bem longe do que era esperado para uma produção com um orçamento tão milionário como essa. Em termos de elenco o único ator que merece algum crédito é justamente Gerard Butler. Embora repita maneirismos de seu outro personagem, o Rei Leônidas de "300", ele é um dos poucos atores que parecem dispostos a trazer alguma vida para seu personagem. Todo o resto do elenco é apagado ou descaradamente sem talento dramático nenhum (com exceção apenas de Geoffrey Rush, que também não tem muito o que fazer em cena). Já o diretor Alex Proyas parece completamente perdido no meio de tantos deuses, mortais, monstros e lendas. Para quem já dirigiu coisas melhores como "Eu, Robô" e "O Corvo" só restou a decepção. Então é isso. A conclusão final a que chegamos é que "Deuses do Egito" não faz jus à rica herança cultural da religião do Egito Antigo. Não passa nem perto disso. É só mais um filme com jeitão de videogame para o público adolescente de hoje. Nem o mais pessimista espectador poderia esperar por algo tão fraco e descartável.

Deuses do Egito (Gods of Egypt, Estados Unidos, 2016) Direção: Alex Proyas / Roteiro: Matt Sazama, Burk Sharpless / Elenco: Gerard Butler, Bryan Brown, Geoffrey Rush, Brenton Thwaites, Nikolaj Coster-Waldau, Rachael Blake / Sinopse: Após reinar por séculos como o supremo rei do Egito, o Deus Osiris (Bryan Brown) resolve passar a coroa para seu filho Hórus (Nikolaj Coster-Waldau). Isso desperta a ira de Set (Gerard Butler), irmão de Osíris, que resolve matá-lo para usurpar seu trono. A morte de Osíris e a derrota de Hórus joga o antigo Egito em um reino de terror e morte sem fim.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 31 de maio de 2016

Errol Flynn - O Gavião do Mar

Errol Flynn tinha todos os defeitos do mundo que você possa imaginar. Era canalha, frívolo, mentiroso, crápula, viciado em drogas, bebum, até espião nazista durante a II Guerra Mundial. Um lixo de pessoa. Agora, como ator ele teve muita sorte na carreira. Flynn foi o maior astro da Warner Bros em um tempo em que esse estúdio resolveu apostar alto em grandes superproduções e filmes de aventura. Ao lado de Michael Curtiz, grande diretor da era de ouro do cinema americano, Flynn estrelou uma sucessão de grandes filmes e enormes sucessos de bilheteria, até porque ele era o tipo ideal para esse tipo de produção.

Jovem, atlético, Flynn era um aventureiro na vida real. Sua desenvoltura em cenas de barcos não era gratuita. Ele viajou da Austrália aos Estados Unidos em um velho veleiro, tal como seus personagens de seus filmes como em "O Gavião do Mar", um de seus grandes hits de bilheteria. Curiosamente ao mesmo tempo em que ia fazendo uma extremamente bem sucedida parceria com o diretor Curtiz, também ia tecendo sua armadilha de canalhice em relação ao cineasta. Enquanto posava de amigo de Curtiz nos estúdios, nos bastidores ia seduzindo a esposa dele. A tal ponto que ela se apaixonou por Flynn, largou Curtiz e foi viver ao seu lado por um breve tempo, já que Flynn não era homem de se amarrar a mulher nenhuma. Em pouco tempo a dispensou também. Era da natureza dele, ser um canalha, fazer o quê?

No fim da vida Errol Flynn se tornou alcoólatra e uma sombra do galã que havia sido no passado. Começou a elogiar publicamente ditaduras como a de Cuba (ele nunca escondeu sua preferência por regimes autoritários) e chegou até mesmo a ir na ilha caribenha para rodar um filme trash com atores locais. Tudo mera desculpa para encher a cara nas piores bodegas da Ilha de Fidel Castro. Esse por sua vez usou o que restou da fama de Flynn para promover seu sistema de governo que segundo a propaganda socialista era o melhor do mundo. Uma piada sem graça que nem o próprio Flynn acreditava. Depois de muitos excessos o grande aventureiro dos mares morreu precocemente. Ele havia cometido todos os excessos possíveis. Foi um sujeito que não admitia nenhum limite em sua vida. Pagou o preço devido.

Pablo Aluísio.

Mar de Fogo

Para se fazer um grande épico é necessário mais do que uma bela fotografia e cenas de impacto passadas em lugares exóticos e distantes. É justamente isso que prova "Mar de Fogo", produção de 2004. A história é baseada em fatos reais. Em 1890 um rico e poderoso líder árabe ofereceu um grande prêmio ao vencedor de uma corrida de cavalos de três mil milhas pelas regiões mais hostis do deserto da Arábia Saudita. Entre os concorrentes um cowboy americano, Frank T. Hopkins (Viggo Mortensen), se destacou por sua audácia, coragem e fibra de campeão. Cavalgando um animal da raça Mustang chamado Hidalgo ele entrou para a história por participar dessa competição. Sua proeza ficou tão conhecida dentro dos Estados Unidos que ele e seu cavalo viraram atração fixa no famoso show de Buffalo Bill no Oeste Selvagem.

"Mar de Fogo" foi dirigido pelo jovem cineasta texano Joe Johnston de "Jurassic Park III" e "Jumanji". Considerado um protegido de Steven Spielberg sua intenção se mostra bem nítida desde o começo do filme. Seu objetivo é alcançar a mesma classe e opulência do grande clássico "Lawrence da Arábia", algo pra lá de pretensioso. O problema é que tudo ficou apenas na intenção. Nem a presença do grande Omar Sharif (um dos atores preferidos do genial David Lean) melhora esse aspecto. Apesar da excelente produção, da bonita fotografia (temos que admitir) o filme não consegue convencer ou agradar. Muitas vezes na ânsia de realizar grandes tomadas abertas no deserto tudo o que o diretor consegue no final das contas é passar tédio para a película. Esse aliás é um dos grandes problemas de "Hidalgo" pois seu ritmo se torna irregular, ora acelerado demais, ora completamente parado, ficando por isso muitas vezes chato. Não foi um filme que me agradou, apesar das expectativas e boas intenções que rondaram sua chegada aos cinemas. Pode ser dispensado sem maiores problemas.
 
Mar de Fogo (Hidalgo, EUA, 2004) Direção: Joe Johnston / Roteiro: John Fusco / Elenco: Viggo Mortensen, Omar Sharif, Zuleikha Robinson / Sinopse: Cowboy americano (Mortensen) participa de uma corrida de cavalos no meio do deserto da Arábia Saudita. Filme vencedor do Western Writers of America na categoria de Melhor Roteiro.

Pablo Aluísio.

Prince (1958 - 2016)

Eu certamente não sou a pessoa mais indicada para escrever sobre Prince. Eu nunca fui de acompanhar sua carreira e nem de comprar seus discos. Claro que como um jovem que viveu parte de sua adolescência na década de 80 eu sabia muito bem quem foi o Prince, seus sucessos mais óbvios e sua postura nos palcos. Por isso esse singelo texto vai ser mais sobre minhas impressões superficiais sobre esse artista do que uma análise mais cuidadosa de sua importância musical.

Como se sabe ele faleceu ontem, ainda relativamente jovem, de causas não devidamente  esclarecidas. De uma maneira em geral eu sempre associei o Prince a outro astro da mesma época em que ele viveu seu auge: Michael Jackson. Penso que não sou o único a fazer essa associação. Os caminhos deles cruzaram muitas vezes ao longo de suas carreiras. Ainda que fosse um grande e talentoso instrumentista, Prince entendeu que a performance de palco era algo essencial para fazer sucesso. Por isso criou sua própria mise-en-scène em seus concertos. Embora negasse isso o fato é que seu estilo de ser e interpretar se baseava bastante no que Jackson fazia, afinal ele não era apenas o Rei do Pop, mas também dos clips e do visual. Nos anos 80 a imagem era tudo! Assim Prince adotou figurinos vitorianos, bem kitsch, que se tornaram sua marca registrada. Outra coisa que me chamava a atenção eram suas guitarras. Todas com formatos bem diferenciados. Causava um grande impacto para quem o via se apresentando ao vivo. Eram instrumentos diferentes e bem bonitos.

Depois que Prince estourou também no Brasil com o grande sucesso de Purple Rain, todos pensavam que ele iria entrar numa disputa música a música nas paradas de sucesso com Michael Jackson. E de fato Prince conseguiu excelentes números comerciais em termos de vendas de discos. Porém ao contrário de Jackson ele teve uma espécie de surto em determinado momento de sua trajetória. Brigou com a gravadora, virou um recluso e resolveu que iria abolir seu próprio nome Prince. Ao invés disso adotou um símbolo para lhe identificar. Começou a gravar discos bem estranhos, com material que não mais fazia sucesso e assim foi desaparecendo da grande mídia. Para quem prestava pouca atenção nele a coisa só piorou. Ele desapareceu do radar. Nos anos seguintes ouvi falar muito pouco dele. Geralmente quando ouvia seu nome ele vinha acompanhando da pergunta: "Por onde anda o Prince?" A impressão é que havia caído em um ostracismo enorme. Ele não emplacava mais sucessos, sumiu das rádios e dos programas de TV o que me fez pensar seriamente que ele tinha se aposentado da música.

Parecia que iria se tornar uma daquelas estrelas típicas dos anos 80 que surgiam, faziam algum sucesso e depois sumiam para sempre. E de fato passei muitos anos sem ouvir falar nele. Só de vez em quando via alguma reportagem sobre Prince em revistas, pena que não eram revistas de música, mas de fofocas. Ele geralmente surgia namorando alguma sub celebridade (como Carmem Electra), ou então tendo um namorico com uma adolescente brasileira (quando esteve aqui na década de 90). Fora isso, nada. Só há algumas semanas o Prince pareceu voltar à mídia ao passar mal durante um de seus últimos shows. Seu avião inclusive teve que retornar porque ele estava em péssimo estado. É isso. Infelizmente Prince para mim foi apenas um cantor de sucesso dos anos 80 que depois desapareceu por um longo período. Dizem que nesse hiato gravou grandes discos experimentais. Infelizmente não os ouvi. Para mim ele sempre será o performático com guitarra vitoriana tocando "Purple Rain" e nada muito além disso. Pensando bem até que está de bom tamanho.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Natal Sangrento

Título no Brasil: Natal Sangrento
Título Original: Silent Night, Deadly Night
Ano de Produção: 1984
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures
Direção: Charles E. Sellier Jr.
Roteiro: Paul Caimi, Michael Hickey
Elenco: Lilyan Chauvin, Gilmer McCormick, Toni Nero

Sinopse:
Depois que seus pais são assassinados, uma jovem adolescente atormentado sai em uma fúria assassina vestido como o próprio Papai Noel, aterrorizando as famílias na noite de Natal. A mente perturbada do assassino procura por vingança contra os abusos que sofreu após ser enviado para um sinistro orfanato. Roteiro parcialmente baseado numa história real envolvendo um dos mais infames serial killers (assassinos em série) dos Estados Unidos.

Comentários:
"Tente sobreviver ao Natal" - essa era a frase que acompanhava a publicidade desse "Natal Sangrento", filme de terror que invadiu os cinemas americanos na véspera de natal de 1984. Naquela década o cinema americano vivia uma febre de filmes de horror que disputavam o título de mais sangrento da temporada. Quanto mais sangue e tripas expostas melhor. Esse aqui foi lançado no mesmo final de semana de "A Hora do Pesadelo", sendo que ambos disputaram a preferência dos fãs de filmes de terror nas bilheterias naquela ocasião. O uso da mitologia de natal em um filme desse tipo causou uma certa indignação e revolta em determinados setores da sociedade americana. O filme foi acusado de ser de extremo mau gosto ao usar a figura de Papai Noel entrando pela chaminé de uma casa com um machado em seu poster original! Afinal estavam destruindo a figura do bom velhinho, o transformando em um psicopata cruel e assassino. Bobagem, o filme é um produto pop que jamais deve ser levado muito à sério. Causa espanto que críticos tão conceituados como Roger Ebert tenham escrito que a produção era uma "vergonha" por misturar os elementos natalinos em um filme Slasher de muita violência. O curioso é que o resultado foi bem mais violento do que queria seu diretor Charles E. Sellier Jr, a tal ponto que ele largou a produção pouco antes do fim das filmagens. Houve um atrito entre sua visão (mais centrada para o suspense) e os produtores, que queriam mais sangue derramando na tela. Assim o estúdio acabou escalando o editor Michael Spence para dirigir algumas cenas extras de matança, o que deixou tudo ainda mais cru e sádico. Estavam certos pois o filme acabou fazendo sucesso, dando origem dois anos depois a uma continuação que também foi bem sucedida do ponto de vista puramente comercial.

Pablo Aluísio.