quinta-feira, 24 de março de 2016

Victor Frankenstein

Mais uma versão cinematográfica do famoso livro escrito por Mary Shelley em 1818 (a obra, como se pode perceber, está prestes a celebrar 200 anos de sua edição original). Pois bem, depois de tantos filmes é de se perguntar se ainda há algo de novo a explorar dentro desse universo literário. Para fugir do lugar comum os roteiristas inovaram em dois aspectos básicos. No primeiro procuraram valorizar a figura do personagem Igor. Para quem não se lembra ele era o assistente corcunda do Dr. Frankenstein, sempre se arrastando pelas sombras de seu laboratório sinistro. Na grande maioria das versões sua importância era bem secundária. Aqui ele ganha quase o foco principal, até porque é interpretado pelo ator Daniel Radcliffe (o eterno Harry Potter). O outro ponto que merece destaque é a batalha intelectual e de fé que se trava entre o Dr. Victor Frankenstein (James McAvoy) e o inspetor da Scotland Yard, Turpin (Andrew Scott). O primeiro não acredita em Deus e está plenamente convencido de que irá criar vida a partir de restos de corpos de pessoas mortas. Seu ateísmo vibra com essa possibilidade, pois seria o triunfo da ciência sobre a religião. O segundo é um policial com bastante religiosidade, que acredita sinceramente que o Dr. Frankenstein está infringindo as leis de Deus, criando por suas próprias mãos a vida humana.

A produção é excelente, com maravilhosa direção de arte. É importante chamar a atenção para o fato de que tentou-se recriar todos os cenários e reconstituições históricas dos filmes clássicos da Universal (inclusive no que diz respeito ao design da criatura). Assim Londres surge mais vitoriana (e sombria) do que nunca. De forma em geral gostei do filme. Reconheço que há exageros, principalmente nas cenas de maior movimentação e ação, claramente para satisfazer o gosto do público mais jovem que frequenta os cinemas atualmente, mas nem esse pequeno deslize desmerece o filme como um todo. O fato de Igor ter tanta visibilidade também não me aborreceu em absolutamente nada. Acredito que velhas estórias de terror como essa (e até mesmo Drácula) merecem passar por remodelações de vez em quando, desde que a essência principal do enredo original seja preservada. Foi o que aconteceu nessa produção. Manteve-se todo o background histórico com algumas pontuais modificações (como por exemplo o passado dramático e traumático do Dr. Frankenstein e a morte precoce de seu irmão, Henry). Releve tudo isso. O importante é que se trata de uma boa versão, com eventuais pequenas falhas que não atrapalham em nada. Vale o ingresso.

Victor Frankenstein (Victor Frankenstein, Estados Unidos, 2015) Direção: Paul McGuigan / Roteiro: Max Landis, baseado na obra de Mary Shelley / Elenco: Daniel Radcliffe, James McAvoy, Jessica Brown Findlay, Andrew Scott / Sinopse: Victor Frankenstein (McAvoy) é o filho de um renomado médico britânico. Estudante de medicina, ele resolve fazer experiências com pedaços de corpos de animais, tentando trazê-los de volta à vida com o uso de eletricidade. Depois de uma experiência bem sucedida envolvendo um macaco ele parte para a maior criação de sua carreira: a criação de vida humana através de corpos de pessoas mortas.

Pablo Aluísio. 

Começar de Novo

Título no Brasil: Começar de Novo
Título Original: Backwards
Ano de Produção: 2012
País: Estados Unidos
Estúdio: 13th Night Productions
Direção: Ben Hickernell
Roteiro: Sarah Megan Thomas
Elenco: Sarah Megan Thomas, James Van Der Beek, Glenn Morshower
  
Sinopse:
O sonho de Abi Brooks (Sarah Megan Thomas) sempre foi se tornar campeã olímpica de remo. Quando é selecionada para a equipe de Remo dos Estados Unidos ela fica extremamente empolgada e feliz, mas logo após se decepciona ao saber que apenas ficará no banco durante a competição. Decepcionada com as escolhas do treinador, decide abandonar tudo, resolvendo voltar para a casa da mãe. Com trinta anos e desempregada, ela pede ajuda ao treinador da escola local, Geoff (James Van Der Beek), que foi seu namorado nos tempos de adolescente. Ele lhe arranja um emprego e assim Abi começa a treinar um grupo de garotas colegiais que aos poucos vão se tornando bastante promissoras no esporte.

Comentários:
Um bom draminha que foca seu enredo nessa protagonista Abi (Thomas), que direcionou toda a sua vida para se tornar uma campeã olímpica. Os anos passaram e agora, aos 30 anos, ela vê seu sonho ruir ao ser deixada de lado pelo treinador da equipe americana de remo. Depois da decepção precisa recomeçar sua vida, até porque sua mãe agora está em seu pé para que arranje logo um emprego e tome um rumo definitivo na vida. A questão é que Abi ama o que faz, sempre quis ser atleta e não consegue se ver fazendo outra coisa na vida. Tentando se manter enquanto pensa em alguma outra coisa para fazer na vida ela reencontra casualmente um velho amor do passado, Geoff (Van Der Beek), que pode ser a resposta para todos os seus problemas, tanto profissionais como emocionais. Ele foi seu namoradinho na época da escola e agora reencontrá-lo mexe com ela que afinal de contas está meio perdida na vida, morando com a mãe e sem nenhum relacionamento amoroso mais sério pela frente. Não há nenhum nome mais conhecido no elenco a não ser o do ator James Van Der Beek que você vai imediatamente reconhecer da série popular nos anos 90 "Dawson's Creek" onde ele interpretava justamente o personagem principal Dawson Leery. A atriz Sarah Megan Thomas que interpreta Abi Brooks é também a autora do roteiro, já que a ideia do filme foi um projeto bem pessoal dela. O roteiro assim se concentra no remo, um esporte até que bem conhecido e praticado no Brasil, mas não muito popular entre o povão em geral. Não existe nenhuma cena mais marcante, o filme é na média e se contenta em contar uma boa história de superação e perseverança pois Abi acaba conquistando seus sonhos mesmo que por caminhos tortuosos e indiretos. Aliás uma das frases do filme resume muito bem todo o caminho percorrido por ela, ao aconselhar sempre seguir o seu coração nas escolhas da vida. Essa boa mensagem acaba sendo o grande triunfo do filme como um todo.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Olhos Famintos

Título no Brasil: Olhos Famintos
Título Original: Jeepers Creepers
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists, American Zoetrope
Direção: Victor Salva
Roteiro: Victor Salva
Elenco: Gina Philips, Justin Long, Jonathan Breck
  
Sinopse:
Retornando para casa durante as férias de primavera, os irmãos Darry e Patricia Jenner testemunham a aparição de uma criatura bem sinistra que parece ir até um túnel sombrio. O fato os deixam curiosos e eles decidem ir até aquele local para investigar do que se trata. É um esconderijo perturbador, com seres estranhos e bizarros. Agora eles também entendem que são as próximas vítimas, pois o estranho ser começa a ir atrás deles por terem sido tão bisbilhoteiros. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films na categoria de Melhor Terror.

Comentários:
A fórmula pode até ser considerada batida e saturada, mas depois que você termina de assistir a "Jeepers Creepers" acaba descobrindo que ela ainda pode funcionar. Filmes de monstros nasceram com o próprio surgimento do cinema e nunca mais deixaram de fazer sucesso. Aqui temos um filme típico desse sub-gênero. Não há nada de espetacular no roteiro desse terror, a não ser o fato de que os escritores conseguiram revitalizar velhas situações, dando a impressão (nada mais do que mera impressão, é bom frisar) de que se tratava de algo novo. Brincando com o subconsciente do americano médio, que muitas vezes veio do meio-oeste, onde existem extensas fazendas e plantações, os diretores de arte criaram uma criatura monstruosa que remete aos velhos espantalhos dessas regiões. O efeito é obviamente eficiente, embora como gosto de salientar, nada muito original. Mesmo assim é um filme bacaninha para assistir numa noite entediada, sem nada mais interessante para fazer. A direção foi entregue a Victor Salva, que já havia chamado a atenção dos fãs de filmes Sci-fi antes com o estranho, mas interessante, "Energia Pura" de 1995. Depois do sucesso de "Olhos Famintos" ele ainda rodaria sua sequência, "Olhos Famintos 2" em 2003. E quem acha que a franquia não vai mais em frente é bom saber que o estúdio já anunciou agora para 2015 sua nova continuação, com o título de "Jeepers Creepers 3: Cathedral". Pelo visto essa estranha criatura ainda terá vida longa no cinema.

Pablo Aluísio

Nova York - Terra de Ninguém

Título no Brasil: Nova York - Terra de Ninguém
Título Original: The Park Is Mine
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: CBS / Fox / Home Box Office (HBO)
Direção: Steven Hilliard Stern
Roteiro: Lyle Gorch, Stephen Peters
Elenco: Tommy Lee Jones, Helen Shaver, Yaphet Kotto

Sinopse:
Um veterano da Guerra do Vietnã resolve tomar literalmente de assalto o Central Park em Nova Iorque, como um ato de revolta e protesto contra a forma como os veteranos são tratados pela sociedade após seu retorno do campo de batalha para casa. Arma-se então uma verdadeira operação de guerra para tirar o ex-combatente do local. Apenas os fortes conseguirão sobreviver.

Comentários:
Sempre achei curioso esse filme, principalmente agora depois que Tommy Lee Jones teve uma carreira tão produtiva e bem sucedida, trabalhando bem em diversos gêneros cinematográficos. Na época em que esse filme foi produzido havia uma tentativa de enquadrá-lo em filmes de ação, tal como se fosse uma versão com menos músculos e mais capacidade de atuar do que o ídolo máximo do estilo Arnold Schwarzenegger. O tempo provaria que não era bem por aí. "The Park Is Mine" (literalmente "O Parque é Meu") é um telefilme produzido por Fox e CBS que trazia mais uma vez um enredo versando sobre um veterano do Vietnã que literalmente perde o controle sobre seus atos e ações, assumindo uma posição ameaçadora para a sociedade americana - de certa forma o alto número de ex-soldados que voltavam do front de guerra com problemas psicológicos e mentais acabava corroborando esse tipo de reação de medo do povo americano em geral. Um dos maiores atrativos do filme vem da presença do sempre competente Tommy Lee Jones, encarnando toda a paranoia e patriotismo ufanista dos anos Reagan. Considero uma produção muito bem feita, apesar de ter sido realizada originalmente para a TV. Talvez por isso tenha sido lançada no mercado de vídeo no Brasil pelo selo Abril Vídeo. Uma produção tão bem realizada que ninguém nota que se trata de um telefilme no final das contas. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 22 de março de 2016

O Retorno de Arquivo X

Eu nunca acreditei em Aliens, mas sempre gostei muito da série "Arquivo X". Eu acompanhei religiosamente "The X-Files" desde os seus primeiros episódios nos anos 90, onde era exibida pela Rede Record. Estou falando de um tempo em que ainda não havia TV a cabo no Brasil e acompanhar uma série dessas não era algo tão fácil. O primeiro episódio chegou nas telas em 1993, saindo de cena em 2002 quando foi finalmente cancelada. As quatro primeiras temporadas são um primor. Alguns episódios são melhores do que muitos filmes sci-fi que são exibidos por aí nos cinemas. O sucesso trouxe uma febre e uma legião de fãs de fazer inveja a "Star Trek". Aliás ambas as séries trilharam caminhos bem semelhantes.

O problema é que depois de um certo tempo houve desavenças entre o ator David Duchovny e os produtores. Ele estava cansado de viajar ao Canadá todas as semanas (onde a série era filmada). Além disso ele tinha esperanças e ambições de emplacar uma carreira de sucesso nos cinemas (algo que nunca aconteceu). De uma forma ou outra ele abandonou o barco. Depois de sua saída novos agentes entraram, mas as coisas nunca mais emplacaram. "Arquivo X" foi declinando a cada temporada, perdendo audiência até ser cancelada após um episódio final realmente péssimo. Se tivesse sido encerrada na quinta temporada, por exemplo, teria sido um dos maiores fenômenos televisivos da história, tanto em termos de sucesso como em aspectos de qualidade.

Quatorze anos depois eis que a série retorna com praticamente a mesma equipe técnica e a dupla central formada pelos agentes Fox Mulder (David Duchovny) e Dana Scully (Gillian Anderson). Ela ainda trabalha como cirurgiã, mas sem ligação com o FBI. Ele se tornou uma espécie de ermitão obcecado, sempre buscando a verdade sobre os OVNIs e o governo americano. Eles são reunidos novamente por um político conservador que tem um programa de TV onde explora o mundo das conspirações governamentais. Transitando por esse mundo ele obviamente descobre sobre o projeto Arquivo X (agora desativado). Novamente juntos após tantos anos vão então atrás de uma jovem garota que afirma ter sido abduzida anos antes por aliens. Eles teriam implantado um processo que a deixou grávida, mas antes que os seres híbridos nascessem foram retirados pelos mesmos alienigenas.

Eu gostei desse primeiro episódio, porém sou suspeito para avaliar. Isso porque como eu disse sou grande fã da série. Assim minha visão obviamente ficou turva pelo sentimento de nostalgia. Agora, não há como negar que o roteiro não é tão bom (pelo menos nesse primeiro episódio). Existe uma correria desnecessária para tentar tornar tudo muito explicado para essa nova geração de fãs de séries. Há até um epílogo narrativo por parte de Mulder para explicar tudo o que se passou nas temporadas anteriores (como se fosse possível explicar a trama enrolada de "X-Files" em poucos minutos!). Os elementos estão lá, tudo pode vir a funcionar novamente, mas ainda é cedo para qualquer previsão segura. Tem tudo para dar muito certo. Torço para que seja muito melhor do que sua última temporada que definitivamente não deixou saudades. De qualquer forma não deixa de ser um belo presente para os velhos fãs de Mulder e Scully.

Pablo Aluísio.

Os Últimos Sobreviventes

Título no Brasil: Os Últimos Sobreviventes
Título Original: The Last Survivors
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Federighi Films
Direção: Thomas S. Hammock
Roteiro: Jacob Forman, Thomas S. Hammock
Elenco: Haley Lu Richardson, Booboo Stewart, Max Charles
  
Sinopse:
Em um mundo pós-apocalíptico, dois jovens, Dean (Booboo Stewart) e Kendal (Haley Lu Richardson), tentam sobreviver no sotão de uma velha fazenda abandonada. O mundo está completamente deserto e não chove há décadas, assim o bem mais precioso do planeta passa a ser a água. No lugar onde se escondem existe um poço que ainda tem o precioso elemento, por isso eles tentam viver naquela desolada região por algumas semanas. Tudo muda porém quando um grupo de criminosos liderado por Carson (Jon Gries), um falso padre, chega para procurar por sobreviventes. Eles executam todos os que encontram pela frente, sempre em busca de novas nascentes de água potável para explorar em proveito próprio. Assim começa um verdadeiro jogo de vida ou morte. Filme indicado ao prêmio Fantasporto e ao Chicago International Film Festival.

Comentários:
Mais um filme derivativo da mitologia Mad Max. Não adianta, praticamente todo filme passado em um mundo pós-apocalíptico será, em maior ou menor grau, apenas uma derivação sobre o que se vê (ou já se viu) na famosa franquia de George Miller. Esse aqui não foge à regra. O mundo está destruído? Confere. O bem mais valioso que existe é a água? Confere. Os poucos seres humanos sobreviventes de uma hecatombe nuclear lutam por ela? Confere. Banhos de sangue recorrentes vão determinar quem colocará finalmente as mãos nos reservatórios de água? Confere. O único diferencial é que sai Max e entra uma adolescente no lugar dele. A personagem Kendal é interpretada por uma ex-estrelinha da Disney, a bonitinha Haley Lu Richardson. Como ela ainda é muito jovem não existe maiores referências em sua carreira. A mocinha até que se esforça bastante para dar crédito ao filme, chegando inclusive a protagonizar cenas verdadeiramente nojentas quando, por exemplo, entra dentro de um poço de piche! 

Também acaba se revelando uma ótima lutadora com espadas ninjas... imagine só você! Tudo isso para sobreviver em um mundo dominado por seres asquerosos e infames. O interessante é que ela precisa cuidar de um outro jovem, Dean, que está muito doente, com um sério problema nos rins, o que o impede de ser o herói da fita. Haley então assume essa função e inverte o que geralmente ocorre nesse tipo de produção onde geralmente os rapazes são os heróis. Para falar a verdade seu esforço em desempenhar bem seu papel acaba sendo o único motivo para se assistir o filme até o final. Em pouco tempo porém você chegará na conclusão que o filme definitivamente não traz nada de novo sobre esse tema já tão saturado. Muito provavelmente os adolescentes curtirão mais, até porque as chances de se identificarem com a mocinha serão bem maiores. Já aos veteranos, que conhecem Mad Max há décadas, só restará mesmo o tédio. 

Pablo Aluísio.

Grizzly

Título no Brasil: Grizzly
Título Original: Grizzly
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos. Canadá
Estúdio: Sony Pictures
Direção: David Hackl
Roteiro: Guy Moshe, J.R. Reher
Elenco: James Marsden, Billy Bob Thornton, Scott Glenn, Thomas Jane
  
Sinopse:
A história desse filme se passa todo numa região denominada de "Labirinto dos Ursos", onde poucos se arriscam a ir, pois além de ser de complicado acesso também é o nicho onde vivem ursos selvagens e... assassinos! Após a morte de vários madeireiros na região, o jovem Rowan (James Marsden) decide sair em busca de um amigo que foi para lá e não deu mais notícias. Seu irmão, Beckett (Thomas Jane), também decide sair ir em busca de sua esposa, uma ambientalista que se encontra na floresta realizando pesquisas.

Comentários:
O Alaska continua sendo um dos lugares mais bonitos do mundo. O enredo desse filme se passa justamente nessa região, mas os produtores desse filme resolveram filmar tudo em uma reserva florestal perto de Vancouver, no Canadá. Por essa razão o filme tem uma  bonita fotografia. A imagem poderia ser menos escura, mas de qualquer forma a natureza exuberante nas cenas agrada aos olhos. Grande parte do elenco vem das séries da TV americana, inclusive Thomas Jane de "Hung". A fita é protagonizada por James Marsden, o Cyclops da franquia "X-Men". Ele não tem muito o que fazer, a não ser escapar vivo das garras de um urso feroz e assassino no meio da mata. O único ator de cinema mais famoso do elenco é realmente Billy Bob Thornton, que interpreta um caçador de ursos hostilizado pelos demais membros da expedição por causa de sua profissão. Não diria que seu personagem é um cínico completo, mas sim um sujeito realista que entende que os ursos são predadores vorazes, ao contrário do pensam alguns membros daquela expedição de salvamento. 

Em termos de trama o roteiro procura explorar um pouco as diferenças entre os dois irmãos que adentram a floresta em busca de sobreviventes. Esse relacionamento mais complicado entre eles poderia ter sido melhor explorado, mas não foi. Nada surge de muito profundo nesse aspecto, ficando bem na superfície mesmo. O que move esse filme é realmente o embate entre o homem e a natureza selvagem. As cenas de ataques do urso são até convincentes, mas nada excepcionais. O filme só perde muito nessa questão na cena final, à beira do lago, quando os últimos sobreviventes tentam fugir das garras de um furioso urso cinzento. Há uma mescla de cenas reais editadas e computação gráfica de baixa qualidade que não funciona muito bem (reparem na artificialidade do fogo que é usado para parar os ataques da fera, algo pouco convincente). Quem merece mesmo aplausos é o editor da produção que conseguiu imprimir um bom timing nesses momentos. Então basicamente é isso, seis pessoas tentando sobreviver de uma besta sedenta por sangue humano bem no meio de uma das regiões mais inóspitas do planeta. Nada muito além disso.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de março de 2016

Faces do Medo

Título no Brasil: Faces do Medo
Título Original: Torment
Ano de Produção: 2013
País: Canadá
Estúdio: Gearshift Films
Direção: Jordan Barker
Roteiro: Michael Foster, Thomas Pound
Elenco: Katharine Isabelle, Robin Dunne, Peter DaCunha
  
Sinopse:
Um jovem casal decide ir passar alguns dias em uma casa localizada bem no meio da floresta, em uma região remota. Uma vez lá começam a desconfiar que há alguém a mais andando pelas redondezas, principalmente depois que descobrem um buraco feito, indo diretamente para seu porão. Depois de alguns eventos inexplicáveis eles descobrem que há uma família de psicopatas vivendo perto de onde estão, aterrorizando todos os moradores das fazendas locais. Não demora muito para logo virarem também vítimas desses insanos sanguinários.

Comentários:
Filme de terror canadense que mais parece um filme feito nos Estados Unidos na década de 1980. No enredo há essa jovem família formada por um casal recém casado. O garoto é filho da primeira mulher de Corin (Robin Dunne), o que cria um certo confronto e desconforto entre ele e sua nova esposa, Sarah (Katharine Isabelle). Para amenizar um pouco o clima ruim eles resolvem passar algum tempo numa casa situada na zona rural, bem distante dos grandes centros. Querem criar maior intimidade e amizade. Uma péssima ideia. Acontece que por lá também vive uma família de assassinos e doentes mentais! Imagine aqueles caipiras americanos bem sinistros... pois é, bem isso mesmo. Não demora muito e eles sequestram o garotinho, depois começam a usar as cabeças arrancadas de seus bichinhos de pelúcia como máscaras assustadoras (o que dá origem ao primeiro psicopata com orelhas do Mickey Mouse que já vi em um filme de horror até hoje!). Com facões, cutelos e todos os tipos de artefatos cortantes começam a matança insana. Isso porém não deve animar muito os fãs de fitas Slasher porque embora "Torment" seja violento nada é muito explicitamente explorado nesse aspecto. Não há tripas voando por todos os lados e nem sangue em profusão. Em certo sentido o filme acaba sendo até mesmo muito comportado, o que irá decepcionar muita gente. No mais é isso, um grupo de psicopatas cercando uma família comum numa casa isolada. O roteiro não sai muito disso, por isso no final das contas tudo soa realmente bem previsível e sem surpresas.

Pablo Aluísio.

Espada da Vingança

Título no Brasil: Espada da Vingança
Título Original: Sword of Vengeance
Ano de Produção: 2015
País: Inglaterra
Estúdio: Vertigo Films
Direção: Jim Weedon
Roteiro: Matthew Read, Julian Unthank
Elenco: Stanley Weber, Annabelle Wallis, Edward Akrout, Misa Beric
  
Sinopse:
Em uma Inglaterra medieval, dominada por Saxões e Normandos em guerra, um estranho chega em um dos feudos do Reino. Ele está sozinho, mas assim que encontra forças miliares que exigem tributos por estar naquela terra começa seu plano de vingança. Munido apenas de sua espada e de uma incrível habilidade de combate, ele começa a trucidar todos os seus inimigos que encontra pela frente. Ajudado por um pequeno grupo de Saxões que tentam viver naquele império de medo e violência, ele logo se torna líder de um numeroso grupo de resistência contra o tirano Artus (Gianni Giardinelli).

Comentários:
Produção inglesa que vai direto ao ponto. O roteiro é simples, nada mais do que aquela velha história de vingança contra a morte de seus pais. O personagem principal é um sujeito com cara de poucos amigos que deseja vingar a morte de seu pai ocorrida muitos anos antes. Para complicar ainda mais a situação o assassino que ele procura é o seu próprio tio, que tirou a vida do irmão para dominar completamente a região. Após a morte de seu pai ele foi vendido como escravo, quando ainda era apenas uma criança. Agora está de volta! Conhecido apenas como Shadow Walker sua filosofia de vida parece se resumir em uma frase que diz "A vingança é a minha única crença". O protagonista é interpretado pelo ator francês Stanley Weber, que apesar de não ser um sujeito alto e forte, como era de esperar nesse tipo de aventura medieval, consegue dar conta do recado. Já sua partner romântica em cena (se é que podemos pensar naquilo como um relacionamento amoroso) é interpretada pela atriz Annabelle Wallis que esteve em filmes como "Annabelle" e "X-Men: Primeira Classe", além de emprestar sua beleza loira para séries tão diversas como "The Tudors", "Pan Am" e "Peaky Blinders". 

Pelo visto tomou gosto por esse tipo de filme pois em breve estará em outra atuação no mesmo estilo em "Knights of the Roundtable: King Arthur". O diretor Jim Weedon em seu primeiro filme criou um clima muito bom em cima desse enredo relativamente simples. A fotografia é toda saturada nas cores branco, preto e cinza, o que traz uma sensação de estar realmente vivendo em um mundo devastado, sem esperanças. A produção, embora modesta, consegue suprir todos os problemas de forma bem inventiva, valorizando momentos de tensão e criando um cerco de terror com sua trilha sonora marcante. No geral é uma boa amostra do que vem por aí nessa nova geração de cineastas britânicos. São jovens diretores que valorizam mais o estilo e o visual cinematográficos do que propriamente enredos mais complexos e bem elaborados. Esses cineastas assim preferem dar mais atenção à forma do que ao conteúdo. Não deixa de ser uma experiência válida e pode ser o começo de um novo jeito de fazer cinema no Reino Unido.

Pablo Aluísio.

Na Natureza Selvagem

Título no Brasil: Na Natureza Selvagem
Título Original: Into the Wild
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Vantage
Direção: Sean Penn
Roteiro: Sean Penn, Jon Krakauer
Elenco: Emile Hirsch, Vince Vaughn, William Hurt, Marcia Gay Harden, Catherine Keener
  
Sinopse:
O personagem principal Chris McCandless (Emile Hirsch) é um jovem que após terminar o ensino médio resolve ganhar o mundo. Pega estrada e sai pelos Estados Unidos desfrutando de uma liberdade sem limites. Seu sonho é ir para o Alasca viver de forma completamente livre na natureza selvagem. No caminho até lá ele conhece pessoas, faz amizades e se apaixona. Filme baseado em uma história real. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Música (Eddie Vedder). Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Edição e Melhor Ator Coadjuvante (Hal Holbrook).

Comentários:
Grande filme, um dos melhores que assisti nos últimos anos. O livro no qual o roteiro foi baseado, escrito por Jon Krakauer, foi baseado em fatos reais (embora inicialmente o espectador acabe duvidando disso, já que a história é bem incomum realmente). Chris McCandless tinha ideias bem próprias sobre a vida e o mundo. Não se sabe até hoje qual foi a razão que o fez sair pelos Estados Unidos em busca de aventuras, mas o fato é que ele foi. Sua parada final seria o Alasca, região do qual ele tinha uma visão bem especial - na verdade um pouco fora da realidade também, utópica mesmo. O fato é que ele registrou tudo em fotos e em um pequeno diário onde contou parte de sua saga de auto descobrimento. Não irei antecipar nada em termos de desfecho, mesmo sendo um filme já com mais de sete anos de seu lançamento. O que posso dizer é que Sean Penn fez um trabalho maravilhoso, sólido e muito bem desenvolvido. O final, embora trágico, veio de certa maneira coroar uma visão de vida muito singular desse rapaz americano que ousou romper com as convenções sociais em busca da sua felicidade. Por sua coragem mereceu um filme tão fantástico como esse. Obra prima.

Pablo Aluísio.

domingo, 20 de março de 2016

Don Juan DeMarco

Título no Brasil: Don Juan DeMarco
Título Original: Don Juan DeMarco
Ano de Produção: 1994
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Jeremy Leven
Roteiro: Jeremy Leven
Elenco: Johnny Depp, Marlon Brando, Faye Dunaway
  
Sinopse:
Baseado no famoso personagem criado por Lord Byron, o filme Don Juan DeMarco conta a história de um jovem que está convencido de que é na realidade o mítico Don Juan, conquistador de centenas de corações femininos em um passado distante. Para tratar essa verdadeira obsessão ele é enviado para sessões de psicanálise no consultório do renomado Dr. Jack Mickler (Marlon Brando, soberbo). Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Trilha Sonora Original ("Have You Ever Really Loved" a "Woman" de Bryan Adams). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Música Original e Melhor Trilha Sonora Incidental. 

Comentários:
Da fase final da carreira de Marlon Brando é certamente um dos seus filmes mais cativantes. O roteiro conseguiu pegar uma estorinha relativamente simples e a partir daí se construiu um dos filmes românticos mais interessantes dos últimos tempos. Palmas para Brando, sempre excepcional e seu pupilo mais constante, Johnny Depp, que anos depois diria que faria de tudo para trabalhar ao lado de um dos atores mais icônicos de todos os tempos. O resultado desse encontro de gerações resultou um filme deliciosamente leve a romântico, onde sonho, fantasia e realidade se mesclaram com raro talento. Brando, sempre tão expansivo, resolveu trilhar o caminho oposto e se conteve para dar vida ao seu personagem o Dr. Jack Mickler, um psicanalista de Los Angeles. Esse papel lhe serviu muito bem pois o próprio Brando conhecia muito bem esse mundo. Por décadas ele fez psicanálise e como confessou em sua autobiografia era fascinado por esse tipo de profissional. Johnny Depp também caiu como uma luva na pele do jovem atormentado que está convencido que é o próprio Don Juan, preferindo viver em um mundo de fantasia do que encarar a dura realidade da vida real. Charmoso, com ótima trilha sonora, esse é um daqueles filmes que valem a pena ter em sua coleção para ver e rever sempre que possível.

Pablo Aluísio.

O Garoto da Casa ao Lado

Noah Sandborn (Ryan Guzman) é um jovem que acaba se envolvendo com a vizinha Claire Peterson (Jennifer Lopez), uma mulher bem mais velha do que ele, mas ainda muito sensual e sedutora. O que começa como um casinho amoroso sem maiores pretensões acaba se revelando algo bem perigoso quando Claire começa a perceber que Noah não bate muito bem da cabeça. Ele imediatamente se torna obsessivo por ela, a ponto de se tornar completamente inconveniente em sua vida. Em pouco tempo se revela um stalker perigoso. Ela é uma professora com uma boa carreira acadêmica e não parece disposta a perder tudo apenas por se envolver com um rapaz como ele. O problema é que Noah também não parece aceitar bem a rejeição, começando a chantagear ela de forma branca, insinuando que vai contar tudo na escola onde ela trabalha - e que para tornar tudo ainda mais complicado onde ele também é aluno. Como se sabe nos Estados Unidos casos semelhantes, que envolvem professores e alunos acabam recebendo um duro tratamento na justiça, geralmente levando as professoras (ou os professores, dependendo da situação) para a cadeia.

Como se pode perceber pela leitura da sinopse a premissa de "O Garoto da Casa ao Lado" até que é boa, diria até promissora. Infelizmente não adianta se animar muito já que o filme é realmente fraco. O roteiro é básico, cheio de clichês e a atuação preguiçosa de Jennifer Lopez não ajuda muito. Ela até tenta um pouco se passar por uma mulher intelectualmente interessante, mas tudo vai por água abaixo muito rapidamente. A questão é que seu papel não lhe caiu bem, a não ser é claro nas (poucas) cenas em que o diretor tenta aproveitar sua fama de símbolo sexual. Infelizmente só existe uma cena mais ousada, mas mesmo ela não sai muito do lugar comum. Asim não espere por muita nudez e nem tomadas reveladoras do bonito corpo da atriz. No final de tudo o que acaba sobrando é apenas um suspense abaixo da média e com final muito fraco, diria até mesmo risível. O tema "vizinhos perigosos" já rendeu coisas bem melhores no passado. Esse pode se dispensado sem maiores problemas.

O Garoto da Casa ao Lado (The Boy Next Door, EUA, 2015) Direção: Rob Cohen / Roteiro: Barbara Curry / Elenco: Jennifer Lopez, Ryan Guzman, Kristin Chenoweth.

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de março de 2016

Malícia

Título no Brasil: Malícia
Título Original: Malice
Ano de Produção: 1993
País: Estados Unidos
Estúdio: Castle Rock Entertainment
Direção: Harold Becker
Roteiro: Aaron Sorkin, Jonas McCord
Elenco: Alec Baldwin, Nicole Kidman, Bill Pullman
  
Sinopse:
Um conto sobre um casal, há pouco tempo casado, que gostaria muito de realizar o sonho de ter filhos. A esposa Tracy (Nicole Kidman) ensina arte e Andy (Bill Pullman) está no topo de sua carreira, exercendo a função de reitor em uma bela Universidade. A vida do casal muda repentinamente quando Tracy passa mal e é levada ao hospital, onde acaba conhecendo o médico Jed (Alec Baldwin), que tem planos sombrios para o futuro daquele casal. Filme vencedor do festival Cognac Festival du Film Policier na categoria de Melhor Direção (Harold Becker).

Comentários:
Nicole Kidman, quando jovem, foi uma das mulheres mais bonitas do cinema. Hoje, claro, ela ainda continua charmosa e mais elegante do que nunca, naquele tipo de sensualidade que apenas a maturidade consegue trazer para o sexo feminino, mas no começo de sua carreira ela era realmente algo impressionante. Uma beleza estupenda, de fechar quarteirão. Não sei exatamente a razão (ou talvez até saiba demais), mas o fato é que sempre associei sua figura à da princesa e musa Grace Kelly. Como não tive a oportunidade de viver na época de Kelly, transportei, até de forma inconsciente, aquela imagem para a Nicole Kidman, que acabou se tornando assim em minha mente a Grace Kelly da minha vida de cinéfilo na modernidade. Dito isso não vou me alongar muitos nos supostos méritos desse filme. Ele é apenas ok em minha opinião. É um daqueles Thrillers típicos dos anos 1990. Bem feito, com roteiro redondinho. Bom para ver em casa no VHS. Sem receios de parecer vazio ou superficial escrevo que o grande atrativo de "Malice" é mesmo a presença luminosa de uma jovem Kidman, linda de morrer! Impossível não se apaixonar. Todo o resto é secundário.

Pablo Aluísio.

A Invasão

Título no Brasil: A Invasão
Título Original: The Arrival
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos, México
Estúdio: Live Entertainment
Direção: David Twohy
Roteiro: David Twohy
Elenco: Charlie Sheen, Lindsay Crouse, Richard Schiff
  
Sinopse:
Zane Zaminsky (Charlie Sheen) é um astrônomo que acaba descobrindo a existência de vida inteligente fora da Terra. Sua descoberta fenomenal e histórica porém não pode ser revelada ao grande público pois interesses poderosos por trás não querem que a verdade seja revelada. Encurralado, só resta a Zane fugir para tentar escapar da sua morte planejada por seus inimigos. Filme premiado pelo Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films na categoria de Melhor Lançamento em Vídeo. Também indicado ao Sitges - Catalonian International Film Festival na categoria de Melhor Filme de Ficção.

Comentários:
Eis uma fitinha B de ficção que chegou a fazer um relativo sucesso no mercado de vídeo no Brasil. O roteiro procura dar um tom mais sério e até diria, pseudo científico, ao enredo que explora. Afinal de contas qualquer tipo de produção com esse tema envolvendo aliens e ufologia desperta a atenção do público que curte esse tema (em especial dos americanos). Hoje em dia o tema obviamente envelheceu bastante, só funcionando para esse determinado tipo de público mais específico. O grande interesse para o cinéfilo em geral que não está muito preocupado em provar a existência de ETs vem da presença do ator Charlie Sheen. Por essa época sua carreira no cinema já se encontrava numa encruzilhada. Lançado para ser uma espécie de sucessor de Tom Cruise, Sheen foi destruindo sua carreira por causa de sucessivos escândalos envolvendo drogas e mulheres. Entrando e saindo da prisão ficava muito complicado estrelar grandes filmes. Enfrentando também vários processos na justiça não lhe restou outra coisa na época a não ser aceitar estrelar o primeiro roteiro que lhe caísse em mãos, por isso ele realizou esse filme de orçamento limitado, bem abaixo dos seus antigos sucessos como "Platoon" e "Wall Street", esses sim filmes de primeira linha. Assim " The Arrival" até que consegue convencer até lá pela metade da duração, depois vira tudo uma grande bobagem. Olhando para a carreira do Sheen ainda prefiro outra ficção dele de tema semelhante, "A Aparição" de 1986. Dirigido por Mike Marvin era certamente muito mais divertida. Aqui o tom mais sério prejudicou a diversão pipoca que poderia vir do filme. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Cinquenta Tons de Cinza

Título no Brasil: Cinquenta Tons de Cinza
Título Original: Fifty Shades of Grey
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Focus Features
Direção: Sam Taylor-Johnson
Roteiro: Kelly Marcel
Elenco: Dakota Johnson, Jamie Dornan, Jennifer Ehle
  
Sinopse:
Com roteiro baseado no romance escrito por E.L. James, o filme "Cinquenta Tons de Cinza" conta a história de Christian Grey (Jamie Dornan), um milionário americano que acaba se interessante pela jovem Anastasia Steele (Dakota Johnson), após a conhecer casualmente, quando ela é enviada para fazer uma pequena entrevista no lugar de sua amiga. Desde o começo Grey fica fascinado pela singeleza e simplicidade da garota e resolve investir em um relacionamento diferente com ela, algo completamente fora do comum que testará os limites de Anastasia em relação ao que sente por seu novo "namorado". Filme indicado ao prêmio Golden Trailer Awards na categoria "Best Romance".

Comentários:
Muito barulho por nada! Assim poderíamos rotular o sucesso comercial tanto do livro como do filme "Fifty Shades of Grey". Como se tornou mesmo um fenômeno de vendas a obra original que deu origem ao filme sofreu todos os tipos de críticas. O conteúdo foi acusado de ser ofensivo para as mulheres, abusivo e fora de proporção. A história envolvendo um milionário, Christian Grey (Jamie Dornan) e uma jovem comum, Anastasia Steele (Dakota Johnson), poderia passar completamente despercebido se não fosse um ingrediente incomum que o ricaço considera indispensável em um relacionamento amoroso, a violência física. Assim ele deixa claro desde o começo que não sente prazer ou atração da forma usual, como todas as pessoas, mas sim que para chegar ao prazer precisa também infringir dor, muita dor, em sua companheira. Após o susto inicial ao ser informada desse estranho modo de ser, a jovem acaba aceitando os termos, não sem antes ser coagida a assinar uma espécie de contrato que isenta Grey de qualquer responsabilidade legal do que venha a acontecer entre eles. Muitos disseram que qualquer mulher sensata e com o juízo no lugar simplesmente iria embora ao tomar conhecimento de algo assim, mas se formos pensar bem, no mundo atual em que tudo ou praticamente tudo é permitido, tenho sérias dúvidas se as coisas seriam decididas assim mesmo, de maneira tão fácil. Outro prato cheio para misóginos e cafajestes em geral veio do fato do personagem masculino ser um milionário. Para esses a jovem Anastasia toparia tudo por causa do dinheiro dele. 

Uma maneira de rebaixar a condição feminina ao puro interesse econômico. Afinal de contas se Grey fosse um pobretão será mesmo que ela se submeteria a todas as humilhações, pancadarias e violência generalizada? Calma meus caros... A literatura erótica com toques de masoquismo não nasceu ontem e nem é fruto da nossa sociedade, considerada por muitos como completamente doente. Na verdade desde os tempos de Donatien Alphonse François de Sade, o conhecido Marquês de Sade, esse tipo de literatura está por aí, no ar! Não adianta ficar denegrindo as mulheres por causa desse tipo de história, haja visto que estamos na presença de um tipo, uma espécie literária, que já tem muita tradição. E o filme? Vale a pena? Tirando todo o preconceito que vem com o pacote no que se trata de "Fifty Shades of Grey" o filme em si pode ser considerado mediano, um passatempo que não chega a desagradar ou aborrecer. Ele conta sua história e mesmo não surpreendendo em absolutamente nada não chega a irritar. Recomendamos para que você não fique por fora dos assuntos mais polêmicos, afinal mais cedo ou mais tarde o assunto acaba vindo à tona, seja em reuniões sociais, seja em rodas de amigos. Assista nem que seja para se atualizar sobre o que anda fazendo sucesso no gosto das nossas estimadas leitoras.

Pablo Aluísio.