domingo, 13 de dezembro de 2015

The Beatles - Live at Shea

Os Beatles nunca lançaram um disco ao vivo durante sua carreira. Isso intrigou durante muitos anos os especialistas na história da banda. Afinal o grupo havia conseguido romper várias barreiras nos palcos ao longo de sua trajetória artística. Eles foram os primeiros a se apresentarem em grandes palcos no Japão, por exemplo, visitaram praticamente todos os países na Europa, percorreram o mundo sem descanso. Criaram de certa forma o conceito de turnê mundial. Em todos os concertos sempre havia a mesma histeria das fãs, a mesma reação singular. Nos EUA então nem se fala. Eles deram origem a uma febre em torno de seus nomes. Foram os anos da Beatlemania, que varreram a América de costa a costa em um fenômeno sem igual. Os Beatles também foram pioneiros em concertos em grandes estádios esportivos. Antes deles ninguém tinha ousado entrar em um projeto tão grande e tão arriscado. Afinal de contas quem teria popularidade suficiente para lotar todo um estádio de beisebol, por exemplo? Se fosse pensou no quarteto de Liverpool acertou. Olhando para trás foram os Beatles quem criaram o concerto de rock para massas tal como conhecemos hoje em dia. Tocar no Shea Stadium em Nova Iorque foi uma ousadia e tanto. Nem o grupo, que estava acostumado e enfrentar grandes plateias, sabia direito o que estava por vir.

Anos depois Lennon diria em entrevistas que o concerto no Shea Stadium foi o ápice da carreira dos Beatles em seus shows ao vivo. Como eram jovens e destemidos ignoraram todos os conselhos de que não deveriam se expor a um risco tão grande e pagaram para ver no que aquilo tudo iria dar. Pois bem, foi um sucesso sem igual. Como se não bastassem terem batidos todos os recordes de audiência da TV americana (que pertenciam até aquele momento a outro roqueiro famoso, Elvis Presley) eles também fizeram aquele que seria o maior show da história até então, o de maior público, o mais megalomaníaco. Claro que naqueles primórdios tudo era ainda muito primitivo. Ninguém sabia, por exemplo, como fazer com que o som do show chegasse a toda aquela multidão com a qualidade desejável. Em vista disso o show foi feito usando do sistema de som do próprio estádio (que era péssimo, por sinal). Os Beatles também ficaram receosos durante a apresentação, com medo de que alguém fosse morto no meio da histeria do público (muitos fãs pularam as cercas, correndo pelo gramado em frente a eles). Por isso ao se ouvir a gravação do Shea Stadium hoje em dia podemos notar que a velocidade das músicas está muito acelerada! O próprio John reconheceu o nervosismo geral e chegou ao ponto de dizer que "Paul estava se borrando de medo naquela noite". Mesmo com tantos problemas não há como negar que o concerto dos Beatles no Shea Stadium foi realmente um marco na história da música. Se alguém ainda tinha dúvidas da extensão da fama e do sucesso do grupo elas acabaram naquela noite em que os Beatles provaram que o impossível era apenas uma questão de ponto de vista.


Pablo Aluísio.

The Beatles

 

sábado, 12 de dezembro de 2015

The Beatles - The Ballad of John and Yoko

Os Beatles estavam caminhando rapidamente para o rompimento completo quando esse novo single chegou nas lojas em maio de 1969. Nem era precisa ser expert em Beatles para entender que o grupo havia virado apenas uma fachada. Cada Beatle compunha e gravava seu próprio material sem que isso necessariamente envolvesse todo o grupo. Um dos grandes exemplos aconteceu justamente na gravação de "The Ballad of John and Yoko". A canção tinha sido escrita apenas por John Lennon já que era extremamente autoral e pessoal. Embora McCartney aparecesse como co-autor ele jamais pensaria em participar na composição de algo assim, afinal escrever sobre casos amorosos envolvendo nomes de namoradas reais (como Yoko) era algo bem ousado, uma vez que traria muita notoriedade para ela. George Harrison nunca gostou de Yoko e acabou dando uma desculpa qualquer para não participar das sessões na EMI. Ringo também caiu fora alegando estar ocupado nas filmagens de um filme (ele tencionava na época se tornar um ator em um trabalho fora dos Beatles). Assim sobrou para Paul gravar aquela estranha faixa, com letra enorme, ora muito pessoal e romântica, ora ácida e corrosiva, como convinha à personalidade de Lennon. Era na realidade uma narrativa de seu casamento com Yoko e tudo o que girou ao redor como seu protesto pela paz na cama e as repercussões na imprensa durante toda aquela loucura. De quebra John provocava mais uma vez a religião ao usar o refrão "Eles vão acabar me crucificando"!

Na falta dos outros Beatles, John e Paul se viraram para gravar a canção. Lennon ficou nos vocais e tocou violão, guitarra e pandeiro. Já Paul se virou para tocar baixo, piano, bateria e maracas. Não há como negar que apesar de não ser uma gravação dos Beatles propriamente dita a música ficou muito bem gravada, com ótimo pique e arranjo. Afinal a dupla Lennon e McCartney sempre foi a verdadeira espinha dorsal da banda. Para o lado B Harrison surgiu com a canção "Old Brown Shoe" que acabou virando alvo das piadas de Lennon que a considerava uma "verdadeira porcaria". No fundo era apenas um ato de revanche pela ausência de Harrison na gravação do lado A do single. Para mostrar indiretamente seu descontentamento com George, Lennon só colaborou na faixa participando do coral de apoio, sem se esforçar em nada, chegando ao ponto de dizer que não iria tocar guitarra na gravação "porque estava com preguiça". Assim quem acabou tocando guitarra foi Paul que além disso fez um belo arranjo ao piano para a música. Basta saber dessas histórias internas dos Beatles para entender como o ambiente estava tenso dentro do grupo. Também é importante notar como foi um single que não contou com nenhuma música de Paul, que apesar disso colaborou e muito com as composições de John e George, mostrando que McCartney não era apenas o egocêntrico que Lennon insistia em dizer, muito pelo contrário. Afinal ele também poderia ser um ótimo carregador de piano dos Beatles quando isso era realmente necessário.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Jogos Vorazes: A Esperança - O Final

O texto contém spoiler. Assim se você ainda não assistiu ao filme aconselho que não siga lendo as linhas a seguir. Esse é o último filme da franquia "The Hunger Games" e desde já me pareceu ser também o melhor. A trama é bem mais objetiva, segue uma direção mais determinada e a conclusão de tudo me soou muito coerente. No começo "Jogos Vorazes" não me agradou. O primeiro filme é bem excessivo, kitsch e sem muita originalidade. A sorte é que esse é tipicamente o caso de franquia que vai melhorando com o passar do tempo, com o surgimento de novos filmes. O ápice dessa saga, tanto em termos de conclusão da história como em qualidade, acontece justamente aqui. Como eu escrevi a trama é simples e direta: os rebeldes finalmente chegam para conquistar a Capital Panem. Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) ainda é vista como um símbolo, uma imagem para inspirar as tropas rebeldes, mas ela quer mais do que ser apenas uma garota propaganda da causa. Ela quer ir para o front, enfrentar o inimigo. Contrariando ordens superiores e agindo de acordo com sua própria vontade ela segue em frente. Em pouco tempo se une às forças que vão invadir a Capital. No fundo o que ela mais deseja é encontrar o Presidente Snow (Donald Sutherland) para um acerto de contas final. Como era de se esperar as melhores cenas acontecem justamente durante essa invasão. O grupo de Everdeen precisa avançar pelas ruas da capital lidando com várias armadilhas dentro da cidade, algumas bem boladas que proporcionam ótimas sequências de efeitos especiais (a produção, como não poderia deixar de ser, é das melhores). Entre as cenas que se destacam há uma em particular que eleva bastante o nível do filme, justamente quando Katniss encontra um grupo de criaturas que os atacam no subsolo da cidade. Cheguei até mesmo a me lembrar vagamente dos monstros vampiros de "Blade".

Depois o grupo avança e finalmente chega nas portas da mansão do Presidente Snow. Os rebeldes surgem disfarçados de refugiados (embora não proposital, essa é uma interessante referência ao momento atual vivido na Europa). Uma vez lá acontece o massacre de inocentes que irá determinar todo o destino dos rebeldes e da tirania de Snow. Aqui há uma reviravolta interessante que vale pela franquia como um todo. Embora "Jogos Vorazes" seja um produto nitidamente adolescente aqui a autora Suzanne Collins teve um ótimo momento de inspiração ao colocar algo que é mais corriqueiro do que se pensa (e que, surpresa, vale como alegoria política até mesmo no que acontece em nosso país atualmente). Uma vez assumindo o poder a líder rebelde Alma Coin (Julianne Moore), portadora de tantas esperanças por mudanças por parte das populações oprimidas dos distritos, começa a agir justamente como o deposto presidente Snow. Ela ignora conselhos, promovendo execuções sumárias e propõe até mesmo a volta dos "Jogos Vorazes", um absurdo completo. A oposição ao colocar as mãos no poder muitas vezes acaba agindo mais cruelmente do que a própria tirania que ajudou a combater e derrubar! Sabendo muito bem disso o clímax acontece na praça central quando Katniss tem a oportunidade de executar o próprio presidente Snow ou até mesmo a agora empossada nova presidente Coin, que finalmente mostra a que veio, revelando suas verdadeiras intenções. Tudo se resume em escolher o alvo certo! É a melhor cena de toda a franquia e a mais representativa também. Traz uma bela lição de moral, para não esquecer. Por fim, nem a última sequência, bastante reforçada com pieguice sentimental, consegue estragar o que aconteceu momentos antes. Então é isso. O filme não foi o sucesso espetacular de bilheteria que o estúdio esperava, mas tampouco pode ser considerado como uma decepção ou algo assim. É de fato o melhor filme da franquia, fechando com chave de ouro uma série de filmes marcados pela irregularidade ao longo de todos esses anos.

Jogos Vorazes: A Esperança - O Final (The Hunger Games: Mockingjay - Part 2, Estados Unidos, 2015) Direção: Francis Lawrence / Roteiro: Peter Craig, Danny Strong, baseados na obra de Suzanne Collins / Elenco: Jennifer Lawrence, Donald Sutherland, Julianne Moore, Philip Seymour Hoffman, Woody Harrelson, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth / Sinopse: Os rebeldes dos distritos que lutam contra a tirania do Presidente Snow (Sutherland) finalmente conseguem entrar na capital Panem. A luta promete ser rua a rua, casa a casa, pelo controle do poder. Filme indicado ao prêmio da Broadcast Film Critics Association Awards na categoria de Melhor Atriz (Lawrence).

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Star Wars: O Despertar da Força

O texto contém spoiler. Assim se você ainda não assistiu ao filme aconselho que não siga lendo as linhas a seguir. Pois bem, o filme já começa no velho estilo tradicional da saga, com os letreiros explicativos e a trilha sonora de John Williams que qualquer cinéfilo reconhece já nos primeiros acordes. O último cavaleiro Jedi vivo, Luke Skywalker (Mark Hamill), está desaparecido. Seu paradeiro é desconhecido. A localização exata de onde se encontra passa a ser uma questão crucial para a resistência e a Primeira Ordem (uma espécie de herdeira do Império, a representação concreta e atual do lado negro da força). Um mapa mostrando onde ele estaria é colocado em um pequeno droide em uma nave rebelde. Quando essa cai em um planeta deserto tudo parece perdido. O robozinho denominado BB-8 porém consegue escapar e sai a esmo pelo meio do deserto, encontrando casualmente a jovem Rey (interpretada pela bonita atriz inglesa Daisy Ridley).

A partir daí sua vida mudará para sempre pois ela acaba se tornando alvo das tropas imperiais, ao mesmo tempo em que tenta entender tudo o que começa a acontecer em sua nova vida. Esse é o sétimo filme da série "Star Wars" e de maneira em geral tem sido muito bem recebido por público e crítica. Já no seu primeiro fim de semana o filme alcançou uma bilheteria histórica chegando perto de bater o meio bilhão de dólares arrecadados (isso em praticamente apenas três dias de exibição!). Pelo visto a franquia continua tão cultuada e popular mesmo após a fraca trilogia anteriormente lançada. O segredo do diretor e roteirista J.J. Abrams foi usar a trilogia original como referência, tanto em termos de roteiro como em efeitos especiais, direção de arte, figurinos, cenários, etc. Isso acabou agradando em cheio aos fãs mais antigos ao mesmo tempo em que abre portas para conquistar uma nova geração de seguidores da saga. Além disso não podemos ignorar o fato de que os personagens originais como Han Solo, Luke Skywalker, a Princesa Leia e tantos outros estão de volta, completando o ciclo de nostalgia dos espectadores mais veteranos. Claro que o tempo impôs sua marca em cada um dos atores, mas isso não chega a ser um problema, pelo contrário, acaba sendo algo muito charmoso até, mostrando as marcas do tempo também em relação aos personagens que nos primeiros filmes eram em sua maioria apenas jovens em busca de aventuras.

Dito isso devo dizer que também existem problemas em "Star Wars: O Despertar da Força". A impressão que tive em todo o desenrolar da trama foi que J.J. Abrams ficou tão obcecado com a trilogia original que esqueceu de trazer coisas novas para esse novo episódio. Na verdade se formos prestar bem a atenção veremos que esse roteiro não passa de um genérico dos roteiros de "Guerra Nas Estrelas" de 1977 e "O Império Contra-Ataca" de 1980. As semelhanças chegam a incomodar. Além do vilão ser uma espécie de imitação barata de Darth Vader, a própria personagem central, Rey, é na verdade uma versão moderna e feminina do Luke dos primeiros filmes. Até nos figurinos isso fica bem claro. Ela tem uma origem humilde (vive de retirar peças velhas de naves destruídas no meio do deserto) e não parece ter um destino promissor pela frente. Tudo muda quando encontra por acaso um pequeno droide que muda sua vida para sempre (em linhas gerais isso é basicamente o que acontece com Luke Skywalker no primeiro filme). Além disso embora o roteiro não deixe muito claro, fica meio óbvio que ela provavelmente seja a filha do próprio Luke. A força se faz presente nela da mesma maneira que fazia em seu pai. Ou seja, a estrutura do roteiro é praticamente a mesma do primeiro filme da franquia, quase sem mudanças.

Voltando ao vilão Kylo Ren (Adam Driver), ele não conseguiu me empolgar em nenhum momento. Fraco, indeciso e nada assustador, ele usa uma máscara genérica que nos remete ao velho Vader, esse sim um personagem que marcou para sempre. Ele é filho de Leia e Han Solo ou seja neto de Anakin Skywalker, mas não pense que tem a força de seu avô. Passa bem longe disso. Nem na cena crucial do filme, quando mata o próprio pai Han Solo, isso parece fazer alguma diferença. Outro fato que prova que o roteiro é muito derivativo de "Guerra nas Estrelas" de 77 é a própria existência de um planeta artificial com poderes de destruição de outros planetas (uma versão turbinada da Estrela da Morte). Será que os roteiristas não tinham mais nada de original para criar? Ficou uma sensação no ar de falta de novas ideias. O sentimento de Déjà vu se tornou inevitável. Mesmo assim, sendo excessivamente derivativo dos primeiros filmes, não podemos negar que o filme é muito divertido, referencial no bom sentido também (nos fazendo trazer uma sensação boa de nostalgia) e sem situações embaraçosas ou constrangedoras (como a presença de um Jar Jar Binks pelo meio do caminho para nos deixar com vergonha alheia). J.J. Abrams fez um belo trabalho e se pecou foi por ser fiel demais às origens de "Star Wars", algo que ele facilmente poderá superar nos futuros filmes. Em termos de comparação poderia dizer que o filme no final das contas fica em um plano intermediário dentro da saga. Consegue ser superior a todos os filmes da segunda trilogia (que não deixou saudades em ninguém), porém não consegue superar nenhum da trilogia original (nem mesmo "O Retorno de Jedi"). Mesmo assim é daqueles filmes que você não pode deixar de assistir no cinema. É um bom retorno de "Star Wars", acima de tudo.

Star Wars: O Despertar da Força (Star Wars: The Force Awakens, EUA, 2015) Direção: J.J. Abrams / Roteiro: Lawrence Kasdan, J.J. Abrams / Elenco: Daisy Ridley, Harrison Ford, Mark Hamill, Carrie Fisher, Adam Driver, Andy Serkis, Anthony Daniels, Max von Sydow, John Boyega, Oscar Isaac / Sinopse: A Primeira Ordem e a Resistência Rebelde disputam um importante mapa que mostraria a exata localização onde estaria o último cavaleiro Jedi vivo, o lendário Luke Skywalker (Mark Hamill). Ele teria desaparecido após tentar treinar um novo cavaleiro Jedi, seu próprio sobrinho, e falhado em seus objetivos pois o rapaz teria sido seduzido pelo lado negro da força tal como seu avô, Anakin Skywalker. Sua localização é colocada como arquivo em um pequeno dróide que vai parar em um distante, isolado e deserto planeta onde acaba indo parar nas mãos da jovem Rey (Daisy Ridley) dando origem a uma grande aventura espacial.

Pablo Aluísio. 

Star Wars - O Despertar da Força

Título no Brasil: Star Wars - O Despertar da Força
Título Original: Star Wars - The Force Awakens
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney Pictures
Direção: J.J. Abrams
Roteiro: Lawrence Kasdan, J.J. Abrams
Elenco: Daisy Ridley, Harrison Ford, Mark Hamill, Carrie Fisher, Max von Sydow
  
Sinopse:
Rey (Daisy Ridley) é um jovem que vive em um planeta deserto, perdido no meio da galáxia. Para sobreviver ela retira velhas peças de naves espaciais destruídas para trocar por ração. A vida é dura, mas ela luta dia a dia por sua sobrevivência. As coisas mudam para valer quando ela salva um pequeno droide da destruição. Ao livrar o robozinho do ataque de um nativo ela descobre que ele carrega uma importante informação dentro de si: o mapa que mostra a localização do mitológico cavaleiro jedi Luke Skywalker (Mark Hamill) há muito tempo desaparecido. A valiosa informação passa então a ser disputada pela Primeira Ordem (herdeira do Império e representante do lado negro da força) e a Resistência Rebelde.

Comentários:
Esse filme marca a volta de "Star Wars" aos cinemas. Depois da péssima última trilogia dirigida e escrita por George Lucas ele resolveu, farto de tantas críticas, vender todos os direitos autorais para a Disney pelo valor de quatro bilhões de dólares. No começo os fãs ficaram meio desconfiados, afinal de contas havia um receio que a saga ficasse ainda mais infantilizada sob comando dos estúdios Disney. Se essa for a sua preocupação pode ficar tranquilo. A contratação do diretor J.J. Abrams se mostrou muito certeira. Ele, claro, preferiu não mexer em muita coisa, optando ao lado do veterano roteirista Lawrence Kasdan, em escrever um roteiro bem referencial aos primeiros filmes. O resultado é um misto de "Guerra nas Estrelas" com "O Império Contra-Ataca". A estrutura do roteiro é basicamente a mesma e a função que os personagens desempenham no enredo nos remete imediatamente aos heróis dos primeiros filmes. Há cenas que praticamente são idênticas, como o decisivo confronto entre Han Solo (Ford) e seu filho, Kylo Ren (Adam Driver), agora seduzido pelo lado negro da força. 

Outras são claras homenagens ao filme original, como quando Han Solo chega em uma obscura taverna onde toca a mesma banda do primeiro "Star Wars". Com efeitos especiais mais discretos e bem realizados, a trama se mostra redondinha, conseguindo se fechar bem sobre si ao mesmo tempo em que deixa portas abertas para as óbvias continuações que virão. A heroína Rey (Daisy Ridley) é um achado, uma espécie de Luke Skywalker de saias. A preocupação em ligar sua vida à de Luke se mostra o grande gancho que no final ligará todos os filmes. No geral, apesar de ser tão derivativo que chega a comprometer sua originalidade e identidade, esse novo filme ganha pontos por ter deixado tudo o que estragou a última trilogia de lado. Não há personagens idiotas (como Jar Jar Binks) e nem excessos de efeitos digitais gratuitos. Tudo parece mesmo no lugar. No final o filme conseguiu agradar não apenas aos fãs veteranos como também à essa nova geração que está sendo apresentada pela primeira vez a esse universo. É Certamente um ótimo pontapé inicial para essa nova trilogia que vem por aí.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Game of Thrones - Quarta Temporada

Game of Thrones 4.01 - Two Swords
Primeiro episódio da quarta temporada desse enorme sucesso da TV americana, "Game of Thrones". Tyrion Lannister (Peter Dinklage) começa o episódio colocando em prática sua habilidade em diplomacia ao receber o nobre Oberyn Martell (Pedro Pascal) em suas terras. Ele não era o esperado, mas sim seu irmão velho que está no trono, porém como há rivalidades antigas entre as duas famílias, principalmente envolvendo o clã Lannister, Tyrion procura amenizar o mal estar. O príncipe Oberyn inclusive parece pouco interessado em política, estando mais focado em participar de orgias e quem sabe vingança contra aqueles que mataram sua irmã no passado. Longe dali, nas muralhas, Jon Snow (Kit Harington) é julgado por ter se envolvido com uma selvagem e ter participado de alguns atos criminosos que vão contra as regras de sua ordem. Após um tenso processo ele é finalmente dispensado de qualquer pena (pelo menos provisoriamente). Há um iminente ataque sendo preparado e Snow procura alertar seus superiores do perigo, embora não seja muito bem sucedido sobre isso. Tyrion Lannister também está com problemas em sua vida pessoal. Sua esposa, deprimida, se recusa a se alimentar. O casamento forjado não lhe fez bem e a tristeza e a depressão aumentam a cada dia. Por fim, fechando com chave de ouro o episódio, Arya Stark (Maisie Williams) e o antigo "Cão de Guarda" do rei, Sandor 'The Hound' Clegane (Rory McCann), encontram numa taverna membros do exército de Joffrey Baratheon! Não será um dos encontros mais amigáveis da série. O que podemos dizer mais sobre "Game of Thrones"? Os roteiros são excelentes, produção digna de qualquer grande produção para o cinema e um elenco afiado compõe um dos mais bem sucedidos programas dos últimos tempos. Mais uma amostra do maravilhoso trabalho desenvolvido pelo canal HBO. Simplesmente imperdível! / Game of Thrones 4.01 - Two Swords (EUA, 2014) Direção: D.B. Weiss / Roteiro: George R.R. Martin, David Benioff / Elenco: Peter Dinklage, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey, Kit Harington.

Game of Thrones 4.02 - The Lion and the Rose
A quarta temporada de "Game of Thrones" já começa em alta intensidade. Nesse episódio temos alguns eventos marcantes da série. O vaidoso e arrogante Rei Joffrey Baratheon (Jack Gleeson) se casa com sua nova consorte. Um sujeito insuportável e despreparado, cheio de atitudes juvenis e constrangedoras, que parece ter a firme convicção que reinará por longos anos. O que ele não sabe é que já existe todo um complô para acabar com seu breve reinado. Bem no meio das festividades Joffrey começa a se indispor com Tyrion Lannister (Peter Dinklage). As provocações já começam com a pequena trupe de anões que se apresenta na corte. Com todos vestindo trajes de combate eles recriam, em tom burlesco, os principais momentos das sangrentas guerras que assolaram todos os reinos. A piada de mau gosto abre sorrisos amarelos em todos, afinal ninguém ali arrisca contrariar as idiotices do Rei Joffrey. Tyrion porém não deixa barato e afirma ser um desrespeito aquele show de horrores sem graça para com os que morreram nos campos de batalha. A atitude do pequenino  Lannister desperta o pior lado do monarca que resolve a partir daí humilhar o máximo possível Tyrion. O nomeia seu serviçal e pede que ele lhe sirva vinho, mantendo seu copo sempre cheio - uma óbvia forma de rebaixá-lo na frente de todos. O que ele não contava é que estaria prestes a provar de seu próprio veneno, literalmente falando. Episódio adaptado para a TV a partir do texto original "A Song of Ice and Fire" de George R.R. Martin / Game of Thrones 4.02 - The Lion and the Rose (EUA, 2014) Direção: Alex Graves / Roteiro: George R.R. Martin, David Benioff / Elenco: Peter Dinklage, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey.

Game of Thrones 4.03 - Breaker of Chains
Não foi um grande episódio, mas manteve o excelente nível de Game of Thrones. Nos Estados Unidos a série é uma verdadeira febre. Confesso que ao longo de todas essas temporadas fui gradativamente perdendo o interesse. Sigo por uma questão de estar antenado com as novidades, mas realmente não há muito o que celebrar. Um dos problemas que aponto nessa quarta temporada é a lentidão com que os roteiristas vão desenvolvendo os episódios ultimamente. Com duração em média de 50 minutos de duração era de se esperar que acontecesse mais coisas. "Breaker of Chains" retrata bem esse estado de coisas. Embora o episódio seja longo nada de muito especial acontece. As melhores cenas são aquelas em que Tyrion Lannister (Peter Dinklage) está na prisão, conspirando para arranjar um jeito de sair de lá. Fora isso temos o longo funeral do Rei Joffrey Baratheon (Jack Gleeson). Há uma cena especialmente gratuita e sensacionalista de sexo, bem embaixo do corpo do monarca! Será que o clima de "50 Tons de Cinza" finalmente invadiu o universo de Game of Thrones? / Game of Thrones 4.03 - Breaker of Chains (EUA, 2014) Direção: Alex Graves / Roteiro: George R.R. Martin ( baseado em "A Song of Ice and Fire"), David Benioff/ Elenco: Peter Dinklage, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey.

Game of Thrones 4.04 - Oathkeeper
Na luta entre Daenerys Targaryen e Meereen a primeira mostra toda a sua capacidade de organização e superação. Ela não aceitará qualquer tipo de oposição em sua sede de poder e demonstra que estará disposta a tudo para concretizar seus planos de dominação. Enquanto isso os bastidores fervem de conspirações. Bronn diz a Jaime que ele está mais do que certo, uma vez que Tyrion realmente nada teve a ver com a morte de Joffrey. E a identidade dos assassino do Rei Joffrey é finalmente revelada depois de muitas especulações - embora não seja necessariamente a verdade. Ao visitar o irmão em sua cela se convence ainda mais disso. Jaime também pede a Brienne que essa encontre Sansa pois ele deseja lhe dar sua espada, Oathkeeper (que inclusive dá nome ao episódio). Já no Castelo Negro Jon Snow recebe permissão para comandar um grupo de voluntários para avançar 60 milhas rumo ao norte. Ele pretende abrir uma linha de conversação com o exército rebelde liderado por Mance Rayder. Por fim Bran acaba se tornando prisioneiro de Karl Tanner na tomada da fortaleza de Craster. Mais um bom episódio da série, sempre muito bem realizada, com ótima produção. / Game of Thrones 4.04 - Oathkeeper (EUA, 2014) Direção: Michelle MacLaren / Roteiro: David Benioff / Elenco: Peter Dinklage, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey.

Game of Thrones 4.05 - First of His Name
Rei morto, rei posto. Com a morte de Joffrey seu trono fica vago, mas não por muito tempo. Tommen Baratheon (Dean-Charles Chapman) se torna assim o novo Monarca Supremo dos Sete Reinos. O problema é que ele é muito jovem e completamente inexperiente. Será um bom Rei? Essa é a pergunta que todos se fazem. O que se torna mais certo é que apesar de mal saído da adolescência Tommen Baratheon parece ter boas intenções e uma certa bondade em seu coração, algo que era inexistente na personalidade psicopata de Joffrey. Os inimigos porém ficam com olhos de Lince sobre a nova situação política. Jorah Mormont aconselha Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) das inúmeras possibilidades de se lidar com essa nova situação, entre elas a iminente fragilidade que se abaterá no trono agora com um Rei tão jovem e sem experiência. A Rainha também decide que deverá ela mesma administrar mais de perto todo o extenso território que está sob seus domínios. Enquanto alguns lutam pelo poder máximo outros apenas tentam sobreviver, ficar vivo. É o caso de Tyrion Lannister (Peter Dinklage), acusado de ter envenenado o Rei Joffrey. / Game of Thrones 4.05 - First of His Name (EUA, 2014) Direção: Michelle MacLaren / Roteiro: David Benioff / Elenco: Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey, Emilia Clarke.

Game of Thrones 4.06 - The Laws of Gods and Men
Em relação a Game of Thrones estou mais atrasado que noiva em dia de casamento. Tudo bem, não é algo tão importante assim, afinal cada um tem seu próprio ritmo. De qualquer maneira a série, que teve duas novas temporadas confirmadas nos Estados Unidos recentemente, continua sendo uma das melhores coisas para se assistir na TV atualmente. O que mais marca nesse episódio é o começo do julgamento de Tyrion Lannister (Peter Dinklage). Acusado de matar o rei ele finalmente é levado para ser julgado pelos seus pares (ou quase isso). Tywin Lannister (Charles Dance), seu próprio pai com quem tem inúmeras diferenças pessoais, é designado para coordenar os trabalhos. Obviamente que nos bastidores ele elabora um plano para que Tyrion seja condenado, mas ao mesmo tempo fique isento de pena, sendo banido para viver na fronteira gelada do norte. O próprio réu é informado disso, mas revoltado por estar sendo acusado de algo que definitivamente não fez, ele acaba fazendo um apelo ao tribunal, pedindo para que os deuses decidam seu destino, através de um julgamento de combate (uma espécie de ordália de Deus, algo bem comum em tempos medievais). Enquanto Tyrion joga dados com sua vida, Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) segue com seus planos ambiciosos de dominação. Ela pretende avançar cada vez mais pelos sete reinos, apoiada em seus dragões e um exército de mercenários. Tentando passar a imagem de soberana sábia e justa ela abre audiências para seus súditos, onde decide sobre questões cotidianas e nobres, como por exemplo, como indenizar os pastores que ficam sem seus rebanhos da noite para o dia por causa da fome feroz dos dragões da nova rainha. Coisas da vida. / Game of Thrones 4.06 - The Laws of Gods and Men (EUA, 2014) Direção: Alik Sakharov / Roteiro: David Benioff, baseado na obra "A Song of Ice and Fire" de George R.R. Martin / Elenco: Peter Dinklage, Emilia Clarke, Charles Dance, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey.

Game of Thrones 4.07 - Mockingbird
Acusado injustamente de ter envenenado o Rei Joffrey, Tyrion Lannister (Peter Dinklage) tenta se manter vivo de todas as formas. Ele propõe que se faça uma luta ao velho estilo, seguindo costumes antigos, de maneira que se seu campeão se tornar vencedor na arena ele será solto. O problema agora se resume em achar o homem certo para a luta mais decisiva de sua vida. Enquanto Tyrion luta por sua vida, a Rainha Daenerys Targaryen (Clarke) luta para controlar seus desejos carnais. Ela até tenta resistir às inúmeras tentações, mas acaba cedendo, indo parar nos braços e na cama de Daario Naharis (Michiel Huisman). Esse aproveita a inesperada aproximação com o trono para sugerir à Rainha medidas a serem tomadas contra os antigos mestres de escravos. Ela porém não está disposta a abrir mão de seu poder de comando e resolve seguir por outros caminhos. O desejo e a política devem estar sempre separadas - essa é a grande lição que a Rainha deixa subentendida para seu amante de ocasião. / Game of Thrones 4.07 - Mockingbird (EUA, 2014) Direção: Alik Sakharov / Roteiro: David Benioff, baseado na obra "A Song of Ice and Fire" de autoria do escritor George R.R. Martin / Elenco: Peter Dinklage, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey, Emilia Clarke, Michiel Huisman, Charles Dance.

Game of Thrones 4.08 - The Mountain and the Viper
Theon Greyjoy é enviado para as frente inimigas com a missão de convencê-los a se renderem, prometendo que todos poderão voltar para suas casas e suas terras em paz. Enquanto isso a Rainha Daenerys Targaryen (Clarke) vai descobrindo os problemas e conflitos que nascem após conquistar várias terras, com costumes e tradições tão diferentes. Além de ser sábio o líder precisa ter diplomacia e jogo de cintura, uma vez que não é sempre que a força bruta poderá resolver todos os problemas. Bom episódio, centrado muito mais nas conspirações que envolvem os principais reinos do que na pura ação e violência. Dirigido por Alex Graves, um dos mais presentes diretores na série. Experiente e veterano ele também já dirigiu vários episódios de outras séries de sucesso tais como "Homeland", "Shameless" e "Longmire", ou seja, experiência certamente não lhe falta. / Game of Thrones 4.08 - The Mountain and the Viper (EUA, 2014) Direção: Alex Graves / Roteiro: David Benioff, baseado na obra "A Song of Ice and Fire" de autoria do escritor George R.R. Martin / Elenco: Peter Dinklage, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey, Emilia Clarke, Michiel Huisman, Charles Dance.

Game of Thrones 4.09 - The Watchers on the Wall
Nesse episódio temos a primeira tentativa por parte dos povos selvagens e bárbaros do norte gelado em tomar e destruir a grande muralha. A Patrulha da Noite assim tem seu primeiro teste de fogo ao deter os avanços dessas hordas de guerreiros. E elas estão muito bem preparadas - além de possuírem 1000 homens para cada membro da Patrulha da Noite eles ainda contam com gigantes montados em mamutes enormes e violentos! Um dos principais comandantes dos "corvos" (como são chamados pelos bárbaros) acaba sendo morto em um dos momentos mais sangrentos da invasão (justamente a tomada do portão sul). Assim, no meio do caos, o comando passa para Jon Snow (Kit Harington) que precisa manter todo o sangue frio para comandar seus homens. O fato mais chocante desse episódio - spoiler - vem com a morte de Ygritte (Rose Leslie), a ruivinha selvagem que era apaixonada por Snow. Ao encontrá-lo no meio do caos da guerra ela para, hesita e não consegue atacar seu amor (que afinal de contas está lutando pelos corvos). Suas hesitação acaba lhe custando a vida pois ela é atingida (vejam que ironia) por uma flecha certeira em seu coração. Tenho certeza que todos os fãs de Game of Thrones sentiram muito sua morte (mais uma dentre as muitas que virão envolvendo personagens importantes). Ela era selvagem, mas ao mesmo tempo muito sensual, uma garota sexualmente muito ativa que não tinha medo de expor seus desejos mais primitivos. Então é isso. The Watchers on the Wall é certamente um dos melhores episódios da série - algo para ficar na memória dos fãs da saga de Martin. / Game of Thrones 4.09 - The Watchers on the Wall (EUA, 2014) Direção: Neil Marshall / Roteiro: David Benioff, baseado na obra de George R.R. Martin ("A Song of Ice and Fire") / Elenco: Kit Harington, John Bradley, Hannah Murray, Rose Leslie.

Game of Thrones 4.10 - The Children
Finalmente cheguei, com bastante atraso, ao final da quarta temporada. Como era de se esperar para um episódio final muita coisa acontece ao mesmo tempo, uma tentativa de ir fechando arcos narrativos ao mesmo tempo em que prepara o espectador para a quinta temporada. Nesse episódio Stannis Baratheon (Stephen Dillane) cerca os povos rebeldes do norte, colocando um ponto final a um conflito que já se prolongava há tempos. Enquanto isso Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) toma conhecimento que seus amados dragões estão criando inúmeros problemas entre seus súditos. Além de destruírem plantações, eles ainda matam em profusão. A vítima é uma garotinha de apenas 3 anos. Seu pai leva o corpo carbonizado da menina até os pés de Targaryen que fica visivelmente abalada com a cena. Para evitar que isso ocorra novamente ela resolve, com muito pesar, acorrentar os dragões. Um outro aspecto interessante desse mesmo ciclo narrativo acontece quando um senhor já de idade avançada vai até ela pedir para que volte ao domínio de seu antigo senhor (Targaryen havia banido a escravidão da cidade). Ele argumenta explicando para a rainha que enquanto escravo tinha uma função importante na casa de seu antigo mestre pois era professor de seus filhos, respeitado por todos. Já livre ele não tem mais o que fazer, andando a esmo pelas ruas, vivendo das migalhas de seu reino. Uma metáfora interessante escrita por George R.R. Martin baseada em velhos contos medievais sobre as correntes douradas da escravidão. Já perto da muralha Jon Snow (Kit Harington) leva o corpo de Ygritte (Rose Leslie) para seu funeral, seguindo a velha tradição dos povos bárbaros. Esse estranho e improvável relacionamento amoroso foi bastante explorado em episódios anteriores. A cena marca a despedida da personagem da série. Por fim e não menos importante: Tyrion Lannister (Peter Dinklage) escapa da prisão com a ajuda do irmão, não sem antes acertar contas com sua antiga amante e seu pai, Tywin Lannister (Charles Dance), pego completamente desprevenido com sua presença em seus aposentos. Ah e antes que me esqueça, não poderia também deixar de citar a ótima cena com os esqueletos na geleira. Essa sequência me lembrou muito de "Jasão e o Velo de Ouro", clássico do cinema de fantasia dos anos 60, com inesquecíveis efeitos especiais feitos por Ray Harryhausen. Quem curte cultura pop certamente pegará a homenagem que foi bolada por R.R. Martin para o antigo mestre dos efeitos visuais. Um momento deliciosamente nostálgico dentro da série. / Game of Thrones 4.10 - The Children (EUA, 2014) Direção: Alex Graves / Roteiro: David Benioff, baseado na obra "A Song of Ice and Fire" de  George R.R. Martin / Elenco: Peter Dinklage, Kit Harington, Emilia Clarke, Stephen Dillane, Rose Leslie, Charles Dance, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

A Visita

Título no Brasil: A Visita
Título Original: The Visit
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: M. Night Shyamalan
Roteiro: M. Night Shyamalan
Elenco: Olivia DeJonge, Ed Oxenbould, Deanna Dunagan, Peter McRobbie, Kathryn Hahn
  
Sinopse:
Dois irmãos adolescentes vão até uma fazenda distante pertencente aos seus avós. Eles não se conhecem. Será a primeira oportunidade de conviverem juntos. A mãe dos meninos brigou feio com seus pais quando foi embora de casa e não fala com eles há mais de 15 anos. Agora os netos terão, pela primeira vez, a oportunidade de conhecer o seu avô e sua avó.  Quando chegam em seu destino acabam achando o casal bem excêntrico e estranho. Eles exibem um estranho comportamento que vai ficando pior com o passar do tempo ao ponto em que os jovens se desesperam para irem embora, mas como vão conseguir sair vivos daquela isolada fazenda gelada? Filme indicado ao Phoenix Film Critics Society Awards na categoria de Melhor Ator juvenil (Ed Oxenbould).

Comentários:
Quem diria que o outrora tão admirado cineasta M. Night Shyamalan iria acabar dirigindo um mockumentary de terror como esse?! Pois é, o mundo dá voltas. O mais interessante é que embora haja na história do filme uma daquelas típicas reviravoltas tão comuns em sua filmografia, nada é muito surpreendente ou fantasioso demais em seu roteiro. Na verdade M. Night Shyamalan pareceu se contentar em escrever um roteiro bem convencional, diria até mesmo banal. Claro que em determinado momento haverá uma grande surpresa para o espectador porém nem isso causará maior espanto (nada comparável com "O Sexto Sentido" ou "A Vila", por exemplo). O roteiro finca o pé no realismo e Shyamalan parece contido e comportado demais para seu estilo. Ele tenta assim criar suspense e medo em uma situação que pensando bem poderia acontecer com qualquer adolescente de férias. Os dois irmãos do filme não conhecem seus avós. Assim quando surge uma chance de irem até a fazenda deles os conhecerem pessoalmente, preferem não perder a oportunidade. Mal sabem na armadilha que estão se metendo. Há furos de lógica na trama, mas nada muito comprometedor. Como escrevi, o diretor parece muito sóbrio, longe de seus conhecidos arroubos e delírios de imaginação. No final fica aquela sensação de que você perdeu 90 minutos de sua vida vendo algo comum, bem mediano realmente. Por essa razão não vá criar muitas expectativas apenas pelo fato do filme ser roteirizado e dirigido por M. Night Shyamalan. Seus dias de suposta genialidade (ele chegou a ser comparado a Alfred Hitchcock!) parecem perdidos para sempre em um passado bem distante. Hoje ele não passa de um diretor como tantos outros que existem por aí.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

O Hotel de Um Milhão de Dólares

Título no Brasil: O Hotel de Um Milhão de Dólares
Título Original: The Million Dollar Hotel
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra
Estúdio: Icon Entertainment International
Direção: Wim Wenders
Roteiro: Bono, Nicholas Klein
Elenco: Jeremy Davies, Milla Jovovich, Mel Gibson, Julian Sands, Amanda Plummer, Gloria Stuart
  
Sinopse:
Em hotel de quinta categoria, daqueles bem decadentes mesmo, um corpo é encontrado em um dos quartos. Após uma investigação descobre-se que o sujeito morto é um figurão, um bilionário, que andava desaparecido. Para desvendar o que lhe teria acontecido entra em cena o detetive Skinner (Mel Gibson), que passa então a juntar as peças do quebra-cabeças desse estranho caso. Filme premiado no Berlin International Film Festival.

Comentários:
Um filme que chamou bastante atenção na época. A direção era do cult cineasta Wim Wenders, que aqui dava vida a um roteiro escrito pelo próprio Bono, do U2. O filme foi produzido pela Icon, a empresa cinematográfica de Mel Gibson, que também estava no elenco. Com tanta gente boa na ficha técnica era de se esperar mesmo por um excelente filme. Infelizmente devo dizer que o filme tinha muito estilo, muita classe, mas pouco conteúdo. É uma daquelas fitas que são tão desesperadas para se tornarem cult movies que acabam se tornando apenas chatas e enfadonhas. A estória não avança para lugar nenhum, tudo é meio sem propósito ou direção. Apesar dos nomes envolvidos o filme custou pouco (meros oito milhões de dólares), mas conseguiu se sair ainda pior nas bilheterias, rendendo ridículos 30 mil dólares em seu primeiro final de semana de exibição nos Estados Unidos. No final das contas "O Hotel de Um Milhão de Dólares" sofre por ser pretensioso demais e pedante além do limite. O fracasso, pelo menos nesse caso, foi mais do que merecido. Se existe uma só palavra que descreve esse filme essa palavra é seguramente "chato".

Pablo Aluísio.

O Corcunda de Notre Dame

Título no Brasil: O Corcunda de Notre Dame
Título Original: The Hunchback of Notre Dame
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney Pictures
Direção: Gary Trousdale, Kirk Wise
Roteiro: Tab Murphy, Irene Mecchi, entre outros
Elenco: Demi Moore, Jason Alexander, Tom Hulce
  
Sinopse:
Baseado na obra "Notre Dame de Paris", escrito por Victor Hugo, a animação da Disney "The Hunchback of Notre Dame" conta a história de Quasimodo, um jovem com problemas físicos que vive e trabalha na lendária catedral de Notre Dame em Paris. Por causa de sua deficiência ele passou grande parte de sua vida recluso, longe das pessoas. Tudo muda quando ele se apaixona perdidamente pela bela e simpática Esmeralda (na voz da estrela Demi Moore), uma dançarina cigana que mexe com seu coração. Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Música Original (Alan Menken e Stephen Schwartz).

Comentários:
Não tive o prazer de ver no cinema, algo que sempre lamentei. Ao contrário disso aluguel o filme em VHS ainda na época de seu lançamento. O que posso dizer? O filme é visualmente deslumbrante, muito rico em cenários e recriação arquitetônica da própria Notre Dame, aqui reproduzida com perfeição usando técnicas tradicionais de animação e muita computação gráfica - de excelente qualidade a ponto de não ter envelhecido em absolutamente nada. O enredo já tem um lirismo romântico natural, fruto da obra original de Victor Hugo, aqui realçado por um roteiro que contou com mais de 25 roteiristas (um recorde) ao longo da produção. Como estava se mexendo em um clássico da literatura os estúdios Disney resolveram caprichar ainda mais na elaboração da trama. No final tudo sai a contento, desde a própria animação em si (um espetáculo), o romance à prova de falhas e a linda mensagem pontuando tudo, da primeira à última cena. O diretor Gary Trousdale também assinou um dos maiores clássicos modernos da Disney, "O Rei Leão" e só derrapou na carreira com o fraco "Atlantis: O Reino Perdido" realizado em 2001. Já Kirk Wise criou a historinha de "Oliver e sua Turma", um filme menor dentro do universo da Disney. Assim deixamos a dica desse belo, nostálgico e sentimental "O Corcunda de Notre Dame", uma das versões mais carismáticas do imortal livro clássico da literatura mundial.

Pablo Aluísio.

domingo, 6 de dezembro de 2015

Missão Impossível: Nação Secreta

Conforme o tempo vai passando, ele vai cobrando seu preço. Tom Cruise já não é mais aquele jovem de sorriso largo e capacidade infinita de sobreviver a todos os desafios na tela. Conforme sua carreira vai derrapando ele vai se segurando no que lhe parece ser o seguro e o certo, entre eles estrelar de vez em quando uma nova aventura de "Missão Impossível". Particularmente nunca fui grande fã dessa franquia, os filmes dela me passam a sensação de serem praticamente todos iguais. Isso não quer dizer que sejam necessariamente ruins, longe disso, eles mantém um padrão de qualidade que nunca decai. São apenas previsíveis, sem novidades ou surpresas. Até os roteiros seguem uma fórmula básica que se repete a cada nova produção. Eu penso que esse tipo de filme vai acabando com o charme de se ir ao cinema. Tudo parece tão igual aos outros, plastificado, sem alma, que muitas vezes me sinto assistindo a um videogame que já joguei muitas e muitas vezes. O Cruise também está envelhecido e isso fica bem evidente pela primeira vez. O tempo chega para todos, até para o Sr. Sorrisos.

Aqui o personagem de Tom Cruise tenta descobrir não apenas a identidade dos membros de uma organização criminosa chamado "O Sindicato" como também tenta entender o que está acontecendo com sua própria agência de espionagem, prestes a ser desativada, com suas funções sendo repassadas para a CIA, a agência de inteligência do governo americano. Vocês repararam que esse roteiro tem muita coisa a ver com o novo filme de James Bond? Pois é, não disse que os estúdios estavam cada vez mais sem imaginação, repetindo velhas fórmulas? É exatamente o que acontece nesse enlatado. A trama parece muito genérica e repetitiva. E pensar que ela é o substrato do roteiro para trazer algum background ou conteúdo para as várias cenas de ação mirabolantes - sendo que essas são, em conjunto, a verdadeira razão da existência do filme em si. São realmente excelentes, perfeitas do ponto de vista técnico, mas que novamente nos deixam com aquela sensação desagradável de que "já vimos tudo isso antes!". Ao lado de Cruise se destacam no elenco o ator Jeremy Renner (que apesar dos esforços dos estúdios ainda não virou um astro) e Alec Baldwin (envelhecido e mais canastrão do que nunca, quase levando sua atuação como uma brincadeira). Enfim, o que temos aqui é apenas um filme que você esquecerá muito rapidamente ou então confundirá com os demais da série daqui alguns meses. Nada muito relevante e surpreendente. Mais do mesmo. Cheiro de prato requentado no ar!

Missão Impossível: Nação Secreta (Mission Impossible - Rogue Nation, Estados Unidos, 2015) Direção: Christopher McQuarrie / Roteiro: Christopher McQuarrie / Elenco: Tom Cruise, Rebecca Ferguson, Jeremy Renner, Ving Rhames, Sean Harris, Alec Baldwin / Sinopse: O agente Ethan Hunt (Tom Cruise) se torna alvo de uma organização criminosa chamada "O Sindicato", algo que todos não acreditavam existir. Ao mesmo tempo tenta juntar as pontas da conspiração que deseja eliminar a sua própria agência de inteligência.

Pablo Aluísio.

Titanic

Título no Brasil: Titanic
Título Original: Titanic
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: James Cameron
Roteiro: James Cameron
Elenco: Leonardo DiCaprio, Kate Winslet, Billy Zane, Kathy Bates, Bill Paxton, Jonathan Hyde
  
Sinopse:
Jack Dawson (DiCaprio) é um jovem pobretão que ganha numa aposta uma passagem de navio no imenso Titanic. A viagem partirá de Londres rumo aos Estados Unidos, considerado naqueles tempos a terra das oportunidades para imigrantes de todo o mundo. Durante a jornada Jack acaba conhecendo a bela Rose DeWitt Bukater (Kate Winslet), uma garota rica e cheia de sonhos. Ambos se enamoram, mas antes que essa paixão venha a se concretizar definitivamente um grande desastre acontece. O Titanic esbarra em um iceberg em alto-mar, levando à morte centenas de milhares de seus passageiros. Filme vencedor de 11 Oscars.

Comentários:
Quando assisti "Titanic" pela primeira vez, nos cinemas em seu lançamento, pude perceber que o roteiro não era muito original. Na verdade era uma mistura e uma reciclagem de velhos clichês sentimentais e apelativos que curiosamente ainda funcionavam muito bem. Certas fórmulas nunca perdem seu poder de atração perante a plateia. O público e a crítica, claro, foram fisgados imediatamente. O curioso é que nada disso parecia ser o ponto principal do filme. A trama em si parecia uma coisa secundária, usada apenas para que James Cameron viabilizasse seus projetos ambiciosos de fazer as melhores imagens do navio afundado em alto-mar. Para isso ele gastou milhões de dólares. A bilheteria imensa do filme iria assim servir para tornar viável seu velho sonho de ir até as profundezas do Atlântico Norte ver como o Titanic se encontrava no presente. O resultado foi o que todos conhecemos. Como obra cinematográfica o filme é puramente piegas, mas de uma pieguice irresistível, com trilha sonora evocativa e o melhor dos mundos em termos de efeitos especiais, sonoros, etc. Tecnicamente é um filme perfeito, com roteiro redondinho para agradar às grandes massas (com aquela velha coisa romântica de garoto pobre se apaixonando por garota rica), um pano de fundo histórico não muito fiel aos fatos e toneladas de computação gráfica. Um milk-shake que todos estavam esperando consumir. A maioria que provou, gostou e não teve do que reclamar. O filme é o blockbuster romântico por excelência, provavelmente o maior de todos os tempos, o que não quer dizer que seja isento de falhas ou equívocos. Será que alguém ainda se importa com isso hoje em dia?

Pablo Aluísio.

sábado, 5 de dezembro de 2015

Experimentos

Baseado em fatos reais, o filme "Experimenter" narra parte da história do professor de psicologia Stanley Milgram (Peter Sarsgaard). Pesquisador respeitado que chegou a lecionar nas prestigiadas universidades de Yale e Harvard, ele desenvolveu uma experiência muito interessante na década de 1960. Milgram estava curioso para entender como pessoas civilizadas, cultas e com valores morais e religiosos, aceitaram participar dos horrores do holocausto nazista durante a II Guerra Mundial. Como o povo alemão, um dos mais desenvolvidos da Europa, aceitou a morte sistemática e em ritmo industrial de milhões de judeus executados em campos de concentração? Para Milgram apenas sondando a mente humana se conseguiria chegar numa resposta a essa dúvida. Ele então criou uma experiência. Usando uma falsa máquina de dar choques ele colocou pessoas comuns recebendo ordens superiores para dar choques em outras pessoas que supostamente erravam as perguntas que lhes eram feitas em um laboratório. Cada resposta errada deveria ser motivo para dar choques elétricos naqueles que não acertavam as respostas. Milgram queria provar que o ser humano tem uma tendência natural para aceitar ordens vindas de seus superiores, por mais absurdas e imorais que fossem.

Depois de realizar os testes Milgram publicou um livro que até hoje é referência dentro da psicologia humana. Com seu experimento ele provou que a imensa maioria dos que foram expostos à experiência realmente aceitavam cumprir ordens superiores, mesmo que essas fossem em última análise para torturar alguém. O livro causou grande debate em seu lançamento e até hoje segue sendo estudado e analisado. Ele trazia finalmente uma justificativa científica sobre os meandros psicológicos que tornaram possível coisas horrendas como o holocausto nazista. Também provou que esse tipo de situação independeria do país e da cultura onde se desenvolveria, pois seus testes foram realizados em americanos, vivendo em um país democrático e com plena liberdade individual. A história, como se pode perceber, já é por demais interessante. A narração também é muito curiosa, colocando o protagonista fazendo pequenas intervenções, falando diretamente com o público espectador, criando uma intimidade que só trouxe aspectos positivos ao filme como um todo. Há também uso de cenários estilizados, como se estivéssemos dentro da mente de Milgram, compartilhando seus pensamentos mais íntimos. O elenco também está ótimo, com destaque para o sempre competente Peter Sarsgaard, aqui contracenando com a sumida Winona Ryder (fazia anos que ela não aparecia com uma atuação de destaque). Então é isso. Temos aqui um filme muito bom, com roteiro muito bem escrito, ótimos diálogos e um argumento inteligente e sagaz. Ideal para acadêmicos e estudantes de psicologia e ciências correlatas em geral. Está mais do que indicado.

Experimentos (Experimenter, Estados Unidos, 2015) Direção: Michael Almereyda / Roteiro: Michael Almereyda / Elenco: Peter Sarsgaard, Winona Ryder, Taryn Manning, Lori Singer, John Leguizamo, Anthony Edwards / Sinopse: Stanley Milgram (Peter Sarsgaard) é um pesquisador que resolve fazer uma experiência com pessoas comuns para compreender os mecanismos psicológicos que tornaram possível o holocausto nazista. A intenção passa a ser como entender a mente de uma pessoa que aceita receber ordens para infringir dores físicas e psicológicas em outras pessoas, sem qualquer justificativa mais convincente para isso. Filme vencedor do Los Angeles Film Festival na categoria de Melhor Direção (Michael Almereyda). Também indicado ao Gotham Independent Film Award na categoria de Melhor Ator (Peter Sarsgaard).

Pablo Aluísio. 

Tangerine

O cinema mais comercial americano anda muito estagnado e saturado. Nada de muito novo tem surgido nos últimos tempos. Assim o cinéfilo que esteja esgotado das mesmas velhas fórmulas pode optar por procurar filmes interessantes dentro do circuito mais independente. Uma boa dica é sempre ficar atento no que acontece no Sundance Festival do ator Robert Redford. A proposta dele sempre foi revelar novos talentos e lançar luzes sobre filmes menores que dificilmente encontrariam espaço dentro do circuito comercial das salas de exibição. Esse "Tangerine" não chega a ser um grande filme em nenhum momento, mas pelo menos sai do convencional do que estamos acostumados a ver por aí. O roteiro é do estilo mosaico, onde várias histórias paralelas são contadas até que elas acabem se encontrando no desfecho final do enredo. As duas principais linhas narrativas mostram a rotina de um taxista armênio em Los Angeles e de uma travesti que perde a cabeça quando descobre que seu namorado teve um caso com uma prostituta enquanto ela estava presa. O sujeito também atua como seu cafetão. Como se pode perceber o diretor Sean Baker procurou explorar a vida de pessoas comuns, algumas também marginalizadas pela sociedade.

O taxista imigrante tem dois lados. Com a esposa e a filha se revela um bom homem, trabalhador e honesto. Já lá fora, quando está de serviço pelas ruas de Los Angeles, ele não consegue conter seu vício de sair com travestis, o que lhe trará muitos problemas. Um dos aspectos que mais me chamaram a atenção nesse filme foi sua proposta de revelar o lado mais sórdido da cidade dos anjos. Os cinéfilos, por exemplo, vão ter aquele gostinho de melancolia ao se depararem com a outrora gloriosa calçada da fama, onde os nomes dos grandes mitos da história do cinema foram supostamente imortalizados. Infelizmente o que no passado representou uma era de ouro de Hollywood hoje em dia não passa de mais um ponto de prostituição de prostitutas e travestis. Pois é, a tão celebrada Hollywood definitivamente já não é mais a mesma de seus tempos áureos.

Tangerine (Tangerine, Estados Unidos, 2015) Direção: Sean Baker / Roteiro: Sean Baker, Chris Bergoch / Elenco: Kitana Kiki Rodriguez, Mya Taylor, Karren Karagulian, Katja Kassin / Sinopse: Na véspera de natal um grupo de pessoas marginalizadas de Los Angeles, como taxistas, prostitutas e travestis procuram por algum tipo de redenção pessoal em suas caóticas vidas.  Filme indicado aos prêmios da Independent Spirit Awards, Deauville Film Festival, London Film Festival e Sundance Festival.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Os Últimos Dias na Terra

Título no Brasil: Os Últimos Dias na Terra
Título Original: Z for Zachariah
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Suíça, Nova Zelândia
Estúdio: Lionsgate
Direção: Craig Zobel
Roteiro: Nissar Modi, baseado no livro de Robert C. O'Brien
Elenco: Chiwetel Ejiofor, Chris Pine, Margot Robbie
  
Sinopse:
Após um desastre nuclear a humanidade está prestes a ser extinta. O planeta está contaminado. Poucas regiões escaparam dessa tragédia. Uma delas se encontra em um pequeno vale onde vive sozinha Ann Burden (Margot Robbie). Ela tira sua sobrevivência da pequena fazenda que herdou do pai. Lá encontra alimentos, água potável e abrigo. Ann não tem notícias sobre o que aconteceu no mundo, porém consegue com certa tranquilidade levar em frente sua vida. Um dia ela é surpreendida com a chegada de John Loomis (Chiwetel Ejiofor), um engenheiro que sobreviveu ao holocausto por estar em um bunker subterrâneo. Pouco tempo depois também surge o jovem Caleb (Chris Pine), outro que também conseguiu escapar da tragédia. Agora eles terão que aprender a sobreviver juntos na fazenda, mesmo com toda a tensão sexual que logo se instala entre o trio.

Comentários:
Dois homens, uma mulher e um mundo devastado pelo desastre nuclear. Esse é o núcleo do enredo desse filme pós-apocalíptico chamado "Os Últimos Dias na Terra". Apesar do estilo já ser bem conhecido do grande público não vá esperando por algo parecido como "Mad Max" ou filmes semelhantes. O apocalipse nuclear serve apenas como pano de fundo. O que mais chama a atenção é o triângulo amoroso envolvendo os personagens do filme, que são apenas três na verdade, Ann, John e Caleb. Enquanto vão criando novas formas de sobrevivência naquela fazenda, que foi poupada pela contaminação da radiação nuclear, eles vão tentando se relacionar entre si. Ann é jovem, religiosa e tem uma personalidade um pouco juvenil demais para sua idade, fruto obviamente de sua pouca experiência de relacionamento com homens (seu pai era um pastor rígido que a prendia em casa e a proibia de namorar). John é um engenheiro negro, já bastante experiente pela idade que tem (ele é bem mais velho que Ann) que acaba descobrindo que terá que lutar pelo seu amor e atenção ao competir com Caleb (Chris Pine, o Capitão Kirk da nova franquia de "Star Trek"). Claro que sendo os poucos sobreviventes que restaram a jovem Ann terá que escolher um deles para se relacionar. Isso acaba criando uma tensão constante entre os homens. O final do filme é em aberto, dado a inúmeras interpretações. Cada espectador terá que decidir por ele mesmo sobre o que de fato aconteceu, quase como uma versão cinematográfica americana do drama de Capitu, imortalizado por Machado de Assis. Há também referências sutis ao velho testamento e ao Gênesis. Tudo tratado com extrema sutileza. No geral é um bom filme, só não vá esperando por algo que ele nunca foi. Não há efeitos especiais e nem cenas de ação. No fundo é apenas um drama de relações humanas e não uma ficção Sci-fi ao estilo apocalipse violento.

Pablo Aluísio.