domingo, 4 de janeiro de 2015

Queime Depois de Ler

Título no Brasil: Queime Depois de Ler
Título Original: Burn After Reading
Ano de Produção: 2008
País: Estados Unidos
Estúdio: Focus Features, StudioCanal, Relativity Media
Direção: Ethan Coen, Joel Coen
Roteiro: Ethan Coen, Joel Coen
Elenco: Brad Pitt, Frances McDormand, George Clooney, John Malkovich
  
Sinopse:
Osbourne Cox (John Malkovich) é um ex-agente da CIA que resolve escrever suas memórias como retaliação de sua injusta demissão, porém parte de seus maiores segredos vão parar nas mãos de uma dupla de idiotas que pretendem ganhar dinheiro com o material. Para piorar sua esposa também está pensando em pedir o divórcio, transformando a vida de Cox em um verdadeiro caos pessoal e profissional. Filme indicado a duas categorias no Globo de Ouro. 

Comentários:
Filme que foi bem elogiado pela crítica americana, mas que sinceramente não me agradou muito. Na verdade não é aquele tipo de filme que chega ao ponto de lhe aborrecer, porém a sensação de decepção fica bem clara no final da exibição. De repente você olha para o lado e pergunta a si mesmo: "Era isso!? Só isso!?". A questão que ninguém fala é que de tempos em tempos a crítica americana elege seus "queridinhos" e então todo e qualquer filme lançado por esse seleto grupo de diretores cai nas graças deles e em consequência pelo resto do mundo - até porque o que é elogiado dentro dos Estados Unidos tem a tendência de ser elogiado também no mercado internacional, a reboque. Ethan Coen e Joel Coen são a bola da vez. Não nego o talento dos irmãos siameses, longe disso, mas o fato é que esse é o pior filme da dupla, beirando as raias da imbecilidade completa. Curioso notar também o elenco de primeiro escalão que eles conseguiram reunir. É como eu disse, quando um cineasta cai nas graças dos críticos americanos quaisquer projetos dirigidos por eles logo viram verdadeiros chamarizes de estrelas, muitas delas em busca de resenhas positivas a qualquer custo. No geral "Burn After Reading" é uma tremenda bobagem, com cenas engraçadinhas que não vão para lugar nenhum. A única coisa que realmente vai levá-lo até o fim é o elenco estelar. Muitos deles pagando mico mesmo. George Clooney hoje em dia é uma celebridade, mais do que um ator, então não importa muito. O que me surpreende mesmo é ver gente do quilate de John Malkovich embarcando nessa barca furada. Se não conhece deixe para lá, e se já viu esqueça, é o melhor a fazer.

Pablo Aluísio.

Encontro às Escuras

Título no Brasil: Encontro às Escuras
Título Original: Blind Date
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures
Direção: Blake Edwards
Roteiro: Dale Launer
Elenco: Kim Basinger, Bruce Willis, John Larroquette
  
Sinopse:
Como todo workaholic (viciado em trabalho), Walter Davis (Willis) não consegue encontrar mais tempo livre para sua vida pessoal. O problema é que haverá em breve um importante jantar de negócios de sua empresa com um cliente japonês e ele não tem nenhuma namorada para levar. Na correria seu irmão então lhe arranja Nadia (Basinger) para lhe acompanhar no evento. Mal sabe o pobre Davis na confusão em que está se metendo!

Comentários:
Bruce Willis em seu primeiro filme no cinema. Bem, tecnicamente falando não foi o primeiro já que ele tinha participado de algumas outras produções, como coadjuvante (coloca coadjuvante nisso). Na verdade foi o primeiro em que ele estrelou, produzido por um estúdio que resolveu apostar em seu nome após seu sucesso na série de TV "A Gata e o Rato". Por essa época Willis não era encarado como um brucutu de filmes de ação, mas sim como um comediante com sorriso cínico e tiradas irônicas. Por isso nada de tiros e bombas nessa comédia romântica. Ao seu lado temos outro ícone dos anos 80, a atriz Kim Basinger, que sinceramente falando nunca achei muito bonita, embora sempre percebi que ela era uma daquelas mulheres que sabiam muito bem jogar com sedução e charme - embora não seja excepcionalmente bela em termos puramente estéticos. O roteiro é leve, com toques que nos lembram das antigas comédias de costumes que eram tão populares nos anos 60. No clima de romance misturado com pitadas de humor mais sofisticado, sobram alguns poucos momentos realmente memoráveis. De qualquer forma não faz mal e nem engorda. Enfim, diversão (quase) inocente, com pegada desprentensiosa e inofensiva sob a batuta do veterano diretor Blake Edwards.

Pablo Aluísio.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Malévola

Título no Brasil: Malévola
Título Original: Maleficent
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney Pictures
Direção: Robert Stromberg
Roteiro: Linda Woolverton, Charles Perrault
Elenco: Angelina Jolie, Elle Fanning, Sharlto Copley

Sinopse:
Filme baseado na obra "La Belle au bois dormant" que conta as origens de Maleficent ou Malévola, uma criatura poderosa da floresta que após ser traída e humilhada resolve se tornar má, se vingando de todos os que lhe prejudicaram. Filme indicado Golden Trailer Awards.

Comentários:
Não achei excepcional por causa da própria ideia por trás da realização do filme. Eu já estou um pouco farto dessas adaptações de contos infantis porque no fundo tudo soa muito parecido. Transformam bonitas estorinhas para crianças em algo adulto, exageradamente complexo do ponto de vista psicológico. A meninada precisa desses contos, assim como eu precisei quando era criança. As estorinhas devem continuar a ser simples, de fácil entendimento, onde bruxas são bruxas, fadas são fadas e princesas são princesas. Como sempre acontece, nesse Malévola pegaram a bruxa de "A Bela Adormecida" e criaram todo um enredo em torno dela, mostrando as razões dela ter ficado tão má. Justifica? Claro que não! A pobre princesa adormecida virou coadjuvante de sua própria vilã! Isso talvez sirva para provar que atualmente os malvados são mais admirados, numa estranha inversão de valores morais. Em relação ao filme em si, é bem realizado, não poderia ser diferente, mas a maquiagem da atriz Angelina Jolie é bem estranha, a deixando com o rosto quadrado, que somado ao botox que Angelina usa, cria uma sensação bizarra em quem vê. No final, apesar de terem tentado, ela continuou sendo uma bruxa!

Pablo Aluísio.

Corações de Ferro

Título no Brasil: Corações de Ferro
Título Original: Fury
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: David Ayer
Roteiro: David Ayer
Elenco: Brad Pitt, Shia LaBeouf, Logan Lerman, Michael Peña, Jim Parrack, Scott Eastwood
  
Sinopse:
Em abril de 1945 as forças aliadas começam a grande invasão da Alemanha, já nos últimos meses da II Guerra Mundial. Ao entrarem dentro do país inimigo os soldados americanos liderados pelo sargento Don 'Wardaddy' Collier (Brad Pitt) descobrem que estão prestes a enfrentar o maior desafio de suas vidas naquela guerra que parece não ter fim. Filme indicado aos prêmios da Screen Actors Guild Awards e Broadcast Film Critics Association Awards.

Comentários:
Um filmaço! Simples assim... Fazia bastante tempo que Hollywood não explorava tão bem a Segunda Guerra Mundial. O gênero dos filmes de guerra foi muito popular no passado, mas ultimamente estava em segundo plano. Para falar a verdade poucos e pontuais filmes foram realizados nos últimos tempos. Pois bem, aqui está uma produção classe A, com roteiro excelente e personagens marcantes. O roteiro foca bastante na conturbada relação entre o comandante durão interpretado por Pitt, um sujeito que precisa ser forte o suficiente para comandar seus homens e um novato, o jovem soldado Norman Ellison (Logan Lerman), que por ser jovem demais não tem o preparo psicológico e físico para enfrentar tamanho desafio. O clima em geral é de desolação, destruição completa. Os prédios estão em chamas e a população civil vaga em busca de alimentos. Os traidores estão penduradas em postes, com placas no pescoço relatando seus crimes contra o Estado nazista. Brad Pitt lidera esse pequeno grupo de homens que luta dentro de um tanque americano "carinhosamente" chamado de "Fury". E é justamente usando de muita fúria e bravura que eles tentarão sobreviver a um dos conflitos mais brutais e sangrentos da história. 

Em seus últimos dias a Alemanha de Hitler definhava e agonizava. Sem homens para lutar o führer, completamente desesperado, começou a alistar crianças e jovens sem qualquer experiência de combate. Quando os aliados adentraram as fronteiras alemãs eles acabaram encontrando não apenas cidades destruídas, mas também o coração de um povo em chamas. Há várias sequências fantásticas porém destaco duas em especial. Na primeira o pequeno grupo de tanques sob comando de Brad Pitt enfrenta um poderoso tanque alemão Tiger, um verdadeiro monstro da guerra! A verdade é que os armamentos alemães eram de certa forma bem mais resistentes e poderosos do que os americanos. O que fez a Alemanha perder a guerra foi em última análise a falta de poderio industrial para repor as perdas do campo de combate. Esse confronto mostrado no filme entre as forças de infantaria é desde já uma das melhores do cinema. Em outro momento marcante o tanque Fury fica avariado numa encruzilhada enquanto um pelotão inteiro de fanáticos soldados SS se aproxima! Ótima sequência que vem para fechar em grande estilo esse ótimo war movie. Assim não resta mais o que dizer. "Fury" é de fato um dos melhores filmes do ano, sem favor algum.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Menina Má.Com

Título no Brasil: Menina Má.Com
Título Original: Hard Candy
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Lions Gate Films
Direção: David Slade
Roteiro: Brian Nelson
Elenco: Patrick Wilson, Ellen Page, Sandra Oh

Sinopse:
Jeff (Patrick Wilson) é um fotógrafo de mais de 30 anos que tem uma queda por adolescentes bonitas. Hayley (Ellen Page) é uma garota de apenas 14 anos que o conhece em uma lanchonete. Após um breve bate papo Jeff a convida para conhecer seu apartamento. O encontro logo tomará rumos completamente inesperados.

Comentários:
Filme ícone da carreira da atriz Ellen Page. Aqui ela interpreta uma adolescente supostamente indefesa contra um sujeito bem mais velho do que ela - eu escrevi "supostamente", pois a verdade é que o roteiro de forma muito inteligente subverte as regras do jogo, transformando o predador em presa e a vítima em algoz. É um exemplo de roteiro simples, baseado basicamente em apenas uma situação, que funciona maravilhosamente bem. Isso porém só seria possível com a presença de uma dupla de atores afiados em cena. Page, que recentemente assumiu sua homossexualidade (algo de que já desconfiava) dá show em sua interpretação. De mocinha delicada e ingênua para um verdadeiro surto psicopata. Wilson surpreende, dando o devido pânico para seu personagem encurralado. Uma produção de suspense ao velho estilo que lida de forma diferente com o terrível tema da pedofilia, tão presente em nossa sociedade nos dias atuais.

Pablo Aluísio.

Águia de Aço

Título no Brasil: Águia de Aço
Título Original: Iron Eagle
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures
Direção: Sidney J. Furie
Roteiro: Kevin Elders, Sidney J. Furie
Elenco: Louis Gossett Jr, Jason Gedrick, David Suchet

Sinopse:
Quando o caça do pai do jovem piloto Doug Masters (Jason Gedrick) é abatido por dois MIGs inimigos, ele vai até o Coronel Charles 'Chappy' Sinclair (Louis Gossett Jr.) com uma proposta ousada e incomum: como o governo americano não quer um problema diplomático com nações do bloco socialista, eles dois iriam até o território inimigo em uma missão não oficial para resgatar o pai de Doug que se encontra prisioneiro. Para isso dar certo porém ele terá que pilotar seu caça de última geração da Califórnia até o Mediterrâneo sem ser detectado por radares americanos e inimigos.

Comentários:
Eu me recordo bem que na época o filme "Iron Eagle" foi recebido com bastante reserva por parte da crítica em seu lançamento. Muitos acharam que o filme era apenas uma espécie de genérico de "Top Gun", o grande sucesso com Tom Cruise no ano anterior. Em minha forma de entender há certamente semelhanças de roteiro (afinal temos aqui um personagem que segue bem de perto os passos do piloto interpretado por Cruise em seu blockbuster), porém a verdade é que o público alvo de "Águia de Aço" era ligeiramente diferente do que curtiu o outro filme que lhe serviu de modelo. Ali havia doses de romance, drama e como pano de fundo os modernos aviões da Marinha Americana. Aqui o ponto focal do roteiro é a pura diversão, acima de tudo. Assim ao invés de se perder muito tempo construindo psicologicamente cada personagem do script, parte-se logo para a ação com muita adrenalina e cenas de combate pelos ares. Isso de certa forma garantiu o sucesso da produção no mercado de vídeo VHS. É importante lembrar que embora "Águia de Aço" tenha sido lançado nos cinemas - inclusive aqui no Brasil - sua bilheteria ficou muito longe e distante do estrondoso sucesso estrelado por Cruise. Porém nas locadoras o filme fez bonito, conseguindo inclusive ficar várias semanas no Top 10 dos mais locados. Enfim, se você estiver em busca de um action movie da década de 1980 com aviões se enfrentando pelos céus do mundo, "Iron Eagle" certamente é uma boa pedida.

Pablo Aluísio

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

O Juiz

Título no Brasil: O Juiz
Título Original: The Judge
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: David Dobkin
Roteiro: Nick Schenk, Bill Dubuque 
Elenco: Robert Downey Jr., Robert Duvall, Vera Farmiga, Billy Bob Thornton, Vincent D'Onofrio, Leighton Meester, Dax Shepard
 
Sinopse:
Hank Palmer (Robert Downey Jr) é um advogado rico e bem sucedido de Nova Iorque. Defendendo todos os tipos de criminosos poderosos, como fraudadores de seguros e executivos do colarinho branco, ele acaba conseguindo formar uma pequena fortuna. Quando sua mãe falece no interior de Indiana ele precisa retornar para sua cidadezinha natal para prestar suas últimas homenagens. A volta porém logo se mostrará bem complicada pois além de rever antigos amigos e amores do passado, Hank precisará também lidar com seu pai, o juiz Joseph Palmer (Robert Duvall), um homem duro e austero, da velha escola, que tem problemas de relacionamento com ele. Quando Joseph é acusado de atropelar uma pessoa, Hank se oferece para lhe defender no tribunal, o que se provará ser a grande chance para que finalmente ambos se reconciliem definitivamente. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Robert Duvall).

Comentários:
Em um primeiro momento você vai pensar que irá assistir a um filme de tribunal, bem de acordo com aqueles antigos clássicos americanos que todos os cinéfilos já conhecem tão bem. Essa porém é uma visão um pouco equivocada. Explico. Apesar da trama girar superficialmente sobre o caso de um juiz acusado de matar um homem deliberadamente, o que temos aqui não é um filme estritamente de tribunal, mas sim um autêntico e muito bem escrito drama familiar. Olhando-se atentamente logo perceberemos que o importante não é o julgamento em si, e nem o escândalo de acompanhar um veterano juiz (interpretado maravilhosamente bem por Robert Duvall) no banco dos réus, mas sim seu conturbado relacionamento com o próprio filho que não vê há anos. Por ter causado um acidente de carro no passado e por ter sido o mais rebelde de seus três filhos, criou-se um abismo entre eles, onde ambos não conseguem mais expressar sinceramente seus sentimentos um para o outro. A morte da mãe poderia ser um momento de redenção, mas para o velho durão há pouco espaço para diálogo e perdão. Esse roteiro é brilhante porque o velho juiz, que se considerava acima do bem e do mal, começa a entender toda a sua fragilidade como um ser humano comum. Ele está seriamente doente, embora tente esconder isso. 

Algumas cenas  que exploram isso são muito tocantes, em especial àquelas em que ele finalmente se revela vulnerável na presença de seu próprio filho. Esse por sua vez passou a vida inteira tentando provar algo ao pai, lutando para deixar seu velho orgulhoso, embora nunca tenha recebido nenhum elogio em troca, sendo sempre ignorado. São duas pessoas que se amam no fundo, mas que por um motivo ou outro resistem a dar o braço a torcer. São muito orgulhosos para isso. A vida, como sempre, lhes ensinará uma importante lição. O elenco é magistral e conta com um grupo de atores coadjuvantes de muitas séries americanas atuais (quem gosta de seriados terá uma surpresa em praticamente cada nova cena). Assim recomendo o filme sem receios. Adorei praticamente tudo e digo isso não apenas por ser do meio jurídico, do direito que também amo, mas por trazer um retrato sincero do relacionamento (quase) sempre problemático que pode surgir entre pai e filho. Um grande filme que merece ser assistido com atenção. Certamente vai deixar muitos filhos (e pais) reflexivos sobre seu próprio modo de agir e se relacionar.

Pablo Aluísio.

O Homem Urso

Título no Brasil: O Homem Urso
Título Original: Grizzly Man
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Lions Gate Films, Discovery Docs
Direção: Werner Herzog
Roteiro: Werner Herzog
Elenco: Timothy Treadwell, Amie Huguenard, Werner Herzog

Sinopse:
Documentário que procura seguir os passos do ambientalista Timothy Treadwell, que ficou conhecido por causa de suas imagens capturadas em uma reserva natural do Alasca, onde filmou ursos selvagens em seu próprio habitat. Interagindo perigosamente com os animais ele resolve realizar aquela que seria sua última expedição ao lado da namorada Amie Huguenard. O destino porém reservava um trágico final para ambos. Filme vencedor do Sundance Film Festival na categoria de Melhor Direção. Também vencedor do prêmio National Society of Film Critics Awards na categoria de Melhor Documentário.

Comentários:
Há bastante tempo estava para assistir esse documentário dirigido pelo cineasta Werner Herzog. Obviamente já o conhecia bastante de nome, até porque o filme foi muito comentado em seu lançamento, ganhando vários prêmios importantes pelos festivais mundo afora. A história é bem triste e ao mesmo tempo esclarecedora. Herzog se utilizou das imagens feitas pelo próprio Timothy Treadwell, um sujeito cheio de boas intenções que se equivocou bastante ao atravessar uma linha que separa o nosso mundo dos ursos pardos do Alasca. Lamento pelo seu trágico fim, mas a realidade do mundo é que devemos respeitar a natureza. Com um olhar inocente e fora da realidade, ele rompeu todos os limites que deveria ter respeitado. O próprio Herzog deixa isso claro mais de uma vez em sua narração em off (excelente por sinal). Não basta ter uma visão romântica e ecologicamente pueril do reino animal, deve-se entender que o mundo natural é regido por leis que independem da vontade humana. 

Quando Timothy Treadwell, cheio de si mesmo, se auto proclamou defensor único da natureza, das raposas e dos ursos, indo contra as leis de proteção ambiental (dentre elas uma que determinava ser proibido chegar a menos de 100 metros dos ursos selvagens) ele se colocou imediatamente em risco e por tabela também os próprios animais que dizia defender. O desfecho é horripilante, mas Herzog resolveu deixar de fora do documentário o áudio real do ataque que colocou fim na trajetória de Timothy Treadwell. Ao invés de colocar o som no filme ele decidiu tomar o depoimento do médico legista. Depois, quando finalmente teve acesso ao áudio pela primeira vez, se limitou a dizer o que ouviu, se negando a utilizar o material em seu filme. Fez bem. Para os curiosos é bom ressaltar que Youtube existe um trecho supostamente verdadeiro, com pouco mais de um minuto que realmente impressiona pela ferocidade do que ouvimos. No mais, tirando a tragédia de lado, o que temos também são belas imagens dessas feras, predadores perfeitos de uma natureza que não clama por defensores, mas sim por respeito e limites bem definidos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Guardiões da Galáxia

Título no Brasil: Guardiões da Galáxia
Título Original: Guardians of the Galaxy
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Marvel Studios, Columbia Pictures
Direção: James Gunn
Roteiro: James Gunn, Nicole Perlman
Elenco: Chris Pratt, Vin Diesel, Bradley Cooper, Josh Brolin, Glenn Close, John C. Reilly

Sinopse:
Um grupo formado por seres de diversos planetas da galáxia se une contra o terrível Ronan (Lee Pace) que está em busca de uma poderosa partícula que fez parte da origem do universo. Adaptação para o cinema dos personagem criados em quadrinhos por Stan Lee. Filme indicado aos prêmios Annie Awards e Black Reel Awards.

Comentários:
Não achei tão excepcional como muitos diziam. Na verdade temos aqui uma adaptação correta dos quadrinhos e nada muito além disso. É fato que de uma forma ou outra está ocorrendo uma certa saturação em filmes adaptados de HQs, então quando o espectador se depara com um filme que seja pelo menos bem realizado, tentando ser o mais fiel possível ao material original, se cria um certo exagero em relação aos méritos cinematográficos do mesmo. O roteiro é bem centrado, porém não foge muito da velha fórmula de heróis tentando salvar o mundo (no caso aqui a galáxia). Para a Marvel sem dúvida é um excelente investimento já que esses personagens não são tão populares do público em geral como um Homem-Aranha ou um Thor. Na verdade esse grupo de estranhos seres só é mais conhecido mesmo dentro do universo dos fãs de quadrinhos. A sorte para os roteiristas do filme é que Stan Lee (sempre ele, o maior criador de heróis da Marvel), deu personalidades marcantes para todos os membros do grupo. 

Peter Quill (Chris Pratt) é o único terráqueo da trupe. Sequestrado quando ainda garoto em plenos anos 80, logo após a morte de sua mãe, ele passa seus dias enfrentando vilões enquanto ouve música oitentista em seu velho walkman (quem se lembra dessa velharia?). Rocket Raccoon (Bradley Cooper) é um mercenário durão que tem um inegável talento com máquinas, porém como é apenas um guaxinim precisa de alguém com força bruta ao seu lado, função desempenhada por Groot, que mais parece uma árvore ambulante. Os vilões também são bacanas, com destaque para Ronan e Thanos (tão conhecido vilão do universo Marvel). O filme tem um excelente elenco, mas infelizmente a imensa maioria dos atores está desperdiçada. Josh Brolin, Glenn Close e John C. Reilly praticamente não servem para nada. Para ser bem sincero nem deveriam estar aqui. Fora isso muitos efeitos especiais e uma direção de arte que se não chega a ser brilhante pelo menos se mostra certeira. Pelas expectativas criadas fiquei com um leve sabor de decepção após o fim da exibição. De fato "Guardiões da Galáxia" é uma boa aventura, divertida, porém passa muito longe de ser uma obra prima.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Drácula 2000

Título no Brasil: Drácula 2000
Título Original: Dracula 2000
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Dimension Films
Direção: Patrick Lussier
Roteiro: Joel Soisson, Patrick Lussier
Elenco: Gerard Butler, Justine Waddell, Jonny Lee Miller

Sinopse:
Um grupo de ladrões e saqueadores invade uma câmara há muito soterrada com a expectativa de encontrar pinturas valiosas, mas em vez disso eles liberam um vampiro secular, sedento por sangue humano depois de ficar séculos aprisionado. Livre, ele agora resolve partir para a cidade de Nova Orleans para encontrar a filha seu inimigo do passado, Mary Van Helsing. E agora, quem poderá parar a sede de vingança dessa milenar e sanguinária criatura da noite?

Comentários:
Havia uma comunidade no Orkut chamada "Drácula 2000 é um desrespeito!" que sempre achei muito criativa e divertida - e olha que contava com mais de dois mil membros! Criada no lançamento do filme mostrava bem do que esse filme se tratava. De fato é um desrespeito, tanto em relação aos fãs do famoso personagem como em relação ao próprio público espectador que pagava para assistir algo assim, tão sem qualidade. Infelizmente eu fui um dos que paguei para ver esse filme muito fraquinho que pegava carona no livro de Bram Stoker mas que ficava à léguas de distância de ter a mesma qualidade. Gerard Butler, quem diria, dá vida a um Drácula sem qualquer charme ou relevância. Idem para o grande ator Christopher Plummer encarnando um inexpressivo Abraham Van Helsing! Lamento por esses bons atores, afinal ter que depois justificar o fato de ter participado de algo tão obtuso não deve ser fácil. E pensar que Wes Craven emprestou seu nome e prestígio para divulgar isso! Em suma, esqueça! Você é fã do Drácula? Então procure por dezenas de outros filmes bem melhores do que esse! Não vá perder seu precioso tempo com esse equívoco!

Pablo Aluísio.

sábado, 27 de dezembro de 2014

Premonição 2

Título no Brasil: Premonição 2
Título Original: Final Destination 2
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: David R. Ellis
Roteiro: J. Mackye Gruber (screenplay), Eric Bress
Elenco: A.J. Cook, Ali Larter, Tony Todd

Sinopse:
Kimberly Corman (A.J. Cook) sobrevive a um acidente de carro onde muitas pessoas morrem tragicamente. Mesmo com inúmeras dificuldades ela acaba salvando pessoas que estavam prestes a morrer. Ao interferir no caminho natural dos acontecimentos ela acaba, sem saber, a se envolver em campos misteriosos que a mente humana não compreende perfeitamente. Agora todos os que ela salvou deverão de uma forma ou outra encontrar seu fim.

Comentários:
Segundo filme da franquia Premonição que mantém a mesma estrutura de roteiro e argumento do primeiro filme. Da safra mais recente de séries de terror no cinema essa "Final Destination" tem se revelado das mais lucrativas, enchendo os bolsos dos executivos da New Line. Algumas soluções do roteiro são até bem boladas, embora outras soem extremamente forçadas e algumas até mesmo sem nexo. Curiosamente o filme não tem um vilão psicopata ou assassino que saia com facão nas mãos matando a galerinha jovem. Talvez esse seja o grande diferencial do filme. O vilão, se é assim que podemos chamar, é a própria morte, entidade que ganha traços de personalidade ao se ver contrariada em seu serviço de ceifar vidas. Quando a jovem Kimberly salva alguém de morrer e cumprir seu destino a própria morte arranja uma nova maneira de acabar com a vida dos que foram salvos por ela. Seria uma espécie de acerto de contas do destino. De uma forma ou outra, embora pareça uma ideia simples, a franquia acabou caindo no gosto dos fãs de terror a ponto inclusive de ter sido indicado ao Saturn Award como melhor filme de terror no ano de seu lançamento. Agora na TV você terá mais uma boa oportunidade para conferir se o filme merece mesmo todo esse sucesso de crítica e público.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Resident Evil 4 - Recomeço

Título no Brasil: Resident Evil 4 - Recomeço
Título Original: Resident Evil - Afterlife
Ano de Produção: 2010
País: Estados Unidos
Estúdio: Constantin Film Produktion
Direção: Paul W.S. Anderson
Roteiro: Paul W.S. Anderson
Elenco: Milla Jovovich, Ali Larter, Wentworth Miller

Sinopse:
O mundo está devastado. Um vírus se espalhou entre as populações das grandes cidades transformando todos em mortos-vivos. Alice (Milla Jovovic) segue em frente na sua luta por sua sobrevivência e pela cura da terrível infecção viral. A Corporação Umbrella continua com seus planos de dominação enquanto Alice parte rumo em direção a uma suposta comunidade de rebeldes numa Los Angeles em ruínas. Indicado ao People's Choice Awards na categoria "Melhor Filme de Terror".

Comentários:
Não adianta procurar muita lógica em franquias comerciais de sucesso e quando elas são do gênero Sci-fi a coisa fica ainda pior. Aconteceu com "Aliens" e "Sexta-Feira 13" e acontece agora com "Resident Evil". Quando você pensa que a estória acabou, que chegou ao fim, os produtores logo tiram da cartola um novo "recomeço"! Os filmes da série "Resident Evil" sempre foram extremamente lucrativos então é de se esperar que de tempos em tempos venham a aparecer novas continuações. Nenhuma novidade sobre isso. O que muda são os efeitos digitais (cada vez mais bem realizados tecnicamente) e as situações de ação. Esse ficou conhecido por causa do uso de câmeras especiais desenvolvidas por James Cameron e cia que dão mais profundidade nas cenas de lutas e quedas - fácil de perceber isso quando dois personagens caem em um túnel high-tech. A produção que custou 60 milhões de dólares também se destaca pela boa computação gráfica nas cenas com aviões antigos, ao estilo segunda guerra mundial. Na dúvida pode conferir sem receios.

Pablo Aluísio.

Psicose II

Título no Brasil: Psicose II
Título Original: Psycho II
Ano de Produção: 1983
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Richard Franklin
Roteiro: Tom Holland, Robert Bloch
Elenco: Anthony Perkins, Vera Miles, Meg Tilly

Sinopse:
Depois de ficar duas décadas numa instituição para doentes mentais violentos, Norman Bates (Anthony Perkins) finalmente ganha a liberdade. De volta às ruas ele retorna imediatamente para o Bates Motel, agora um lugar praticamente abandonado. Sua casa está praticamente em ruínas e os quartos do motel viraram ponto de venda de drogas e prostituição. Procurando por algum dinheiro para levantar novamente seu estabelecimento, Norman decide arranjar emprego em uma lanchonete. Após conhecer a garçonete Mary Loomis (Meg Tilly) ele começa a sentir que talvez seus fantasmas do passado não tenham ido embora como todos pensavam.

Comentários:
A continuação do famoso clássico de Alfred Hitchcock até que não decepciona. Claro que na época muitos reclamaram, afinal levar adiante uma história que parecia fechada soava como oportunismo barato. A questão é que nos anos 80 as sequências estavam na moda e os estúdios não deixariam passar a chance de faturar com um nome comercial tão forte como o de "Psicose". Anthony Perkins retornou para o papel que tanto o consagrou e isso foi o que de melhor poderia ter acontecido com essa produção. O roteiro não é tão violento como muitos esperavam e toma certas liberdades com o enredo original, dando explicações diferentes ou alternativas para o que acompanhamos no clássico de Hitchcock. Em uma década de filmes excessivamente violentos o novo Psicose também procurou ser mais sutil, sem utilizar dos banhos de sangue como o público da época estava acostumado. Longe de ser um "Sexta-Feira 13" da vida, "Psicose II" apostava mais na inteligência do espectador. O resultado é muito interessante, que se não chega aos pés do filme original pelo menos passa longe de decepcionar a quem estava curioso em ver como tudo se desenrolaria. Vale a pena ser conhecido certamente.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O Lobisomem

Título no Brasil: O Lobisomem
Título Original: The Wolfman
Ano de Produção: 2010
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures, Relativity Media
Direção: Joe Johnston
Roteiro: Andrew Kevin Walker, David Self
Elenco: Benicio Del Toro, Anthony Hopkins, Emily Blunt

Sinopse:
A infância de Lawrence Talbot terminou na noite em que sua mãe morreu. Depois disso ele deixa a aldeia vitoriana de Blackmoor em direção ao futuro. Muitos anos depois retorna porque o corpo de seu irmão foi brutalmente assassinado e ele quer encontrar o verdadeiro assassino que fez aquela monstruosidade. Após algumas investigações descobre um terrível destino reservado para si mesmo. O fato é que alguém ou alguma coisa com uma força descomunal e insaciável sede de sangue está matando os aldeões. Um inspetor da Scotland Yard é então enviado para a região e descobre algo além da imaginação.

Comentários:
A intenção fica clara logo nos primeiros momentos. É uma tentativa de homenagear o clássico "O Lobisomem" da década de 1940. O enredo é praticamente o mesmo, só que melhor desenvolvido. Os personagens são os mesmos e clima do filme original foi recriado com as técnicas modernas. Não gosto de remakes mas esse filme sinceramente achei bem intencionado em seus propósitos. Some-se a isso a bela direção de arte (realmente de primeira classe) e um bom elenco e você terá no mínimo uma diversão honesta. Perceba que a maquiagem procurou resgatar o design do monstro mostrado no primeiro filme. Esse também é outro ponto positivo pois os realizadores poderiam muito bem partir para algo diferente, mais exagerado, um monstro digital, por exemplo. Ao invés disso optaram sabiamente por uma técnica mais analógica o que acabou trazendo mais realismo para as cenas dessa produção. Também gostei de todo o elenco, sem exceções. Benicio Del Toro tem o tipo ideal para seu papel, um sujeito de traços marcantes que esconde algo sinistro em sua vida pessoal. Anthony Hopkins também está ótimo, incorporando maneirismos que nos lembram sutilmente de feras selvagens e por fim temos Emily Blunt, muito bem equilibrada entre a beleza e a força de sua personagem. Dessa maneira "The Wolfman" é sem a menor sombra de dúvida uma ótima diversão, esqueça os críticos mal humorados e se divirta.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

O Imperador

Título no Brasil: O Imperador
Título Original: Outcast
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos, China, França
Estúdio: Notorious Films, Golden Village Pictures
Direção: Nick Powell
Roteiro: James Dormer
Elenco: Hayden Christensen, Nicolas Cage, Yifei Liu, Andy On
 
Sinopse:
Oriente Médio. Século XII. Jacob (Hayden Christensen) é um cavaleiro cristão lutando nas cruzadas que acaba se decepcionando com a causa. Desiludido e em crise de fé, ele decide ir embora para terras longínquas, indo parar no extremo oriente, na China. Lá acaba se viciando em ópio e entra numa disputa sucessória entre dois jovens príncipes após a morte do chefe do clã da região. Tentando manter todos salvos, Jacob acaba se envolvendo em inúmeras aventuras onde poderá contar apenas com sua habilidade com a espada.

Comentários:
Tentei muito gostar desse filme. O tema me chamou logo a atenção, numa aventura explorando cruzadas, disputas pelo trono no período medieval chinês e tudo mais. Não adiantou minha boa vontade porque realmente é uma fitinha muito fraca, derivativa e sem novidades. Os clichês obviamente estão por todos os lados e as cenas de ação dão sono, cheguei até mesmo a bocejar (um péssimo sinal). O resultado ruim só veio confirmar a maré baixa que atinge as carreiras de Hayden Christensen e Nicolas Cage. Em relação ao Christensen devo dizer que ele nunca me convenceu. Já o considerava medíocre na segunda trilogia de "Star Wars" e até hoje ele não conseguiu mudar minha opinião com suas atuações ridículas em filmes igualmente ruins. Para piorar seu personagem é chato até dizer chega. Na metade do tempo surge gemendo de dor e na outra se apresenta chapado de ópio! Como torcer por alguém assim? Já Cage segue seu purgatório cinematográfico. Se você (ainda) consegue gostar de seu trabalho depois de tantos abacaxis vai um aviso: sua participação no filme é mínima e insignificante. Ele surge apenas em momentos pontuais, declama meia dúzia de palavras e some de uma vez. Péssimo. No final "Outcast" não funciona como filme histórico e nem muito menos como película de ação. Lamento dizer, mas é de fato uma tremenda perda de tempo.

Pablo Aluísio.