terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Grite, Grite Outra Vez!

Título no Brasil: Grite, Grite Outra Vez!
Título Original: Scream and Scream Again
Ano de Produção: 1970
País: Inglaterra
Estúdio: American International Pictures (AIP)
Direção: Gordon Hessler
Roteiro: Christopher Wicking, Peter Saxon
Elenco: Vincent Price, Christopher Lee, Peter Cushing

Sinopse:
Londres entra em pânico após o surgimento de um misterioso serial killer que mata mulheres inocentes em lugares sombrios da capital inglesa. Após uma série de investigações o inspetor da cidade consegue chegar através de pistas a um estranho sujeito que realiza macabras experiências com seres humanos em seu laboratório escondido.

Comentários:
Um filme com Vincent Price, Christopher Lee e Peter Cushing liderando o elenco já o torna obrigatório para qualquer fã de terror. Some-se a isso uma bem trabalhada direção de arte, valorizada pelas ruelas mais sinistras de Londres e você terá no mínimo uma produção curiosa. Dito isso temos também que reconhecer que a fita apresenta também alguns problemas, entre elas um roteiro disperso, fruto do fato de ter sido reescrito várias vezes (inclusive no calor das filmagens, o que é um erro primário). Para enrolar ainda mais o meio de campo o diretor Gordon Hessler entendeu que o enredo ainda poderia dar margem para a exploração de um subtexto de fundo político - o que acaba sendo o segundo grande erro do filme. Mesmo assim, com esses pontuais problemas, "Scream and Scream Again" consegue ser um bom filme, valorizado principalmente pelo carisma e talento do trio central, afinal de contas com eles em cena temos três dos mais importantes atores da história do gênero horror atuando juntos. Isso vale pelo filme inteiro, vamos convir.

Pablo Aluísio.

Cães de Aluguel

Título no Brasil: Cães de Aluguel
Título Original: Reservoir Dogs
Ano de Produção: 1992
País: Estados Unidos
Estúdio: Live Entertainment
Direção: Quentin Tarantino
Roteiro: Quentin Tarantino, Roger Avary
Elenco: Harvey Keitel, Tim Roth, Michael Madsen, Chris Penn, Steve Buscemi, Quentin Tarantino 

Sinopse: 
Seis criminosos se reúnem para colocar em prática um ousado roubo de diamantes. Para se identificarem usam nomes associados a cores, baseadas em seus temperamentos. Os planos porém não saem como eram imaginados. A polícia consegue entrar no meio do caminho. Agora, irascíveis e violentos, eles fazem um policial de refém em um balcão abandonado. O desafortunado tira logo se torna alvo do sadismo incontrolável de Mr. Blonde (Michael Madsen). A tensão assim vai crescendo e se tornando insustentável, caminhando para um desfecho que logo se tornará um grande banho de sangue.

Comentários:
Esse foi o primeiro filme de repercussão da carreira do diretor Quentin Tarantino. Na época ele era apenas um diretor completamente desconhecido que só havia dirigido dois filmes antes (um deles inacabado justamente por falta de recursos). Tarantino achava que tinha um grande roteiro em mãos, e foi à luta em busca de alguém que acreditasse no filme. Acabou encontrando apoio no ator Harvey Keitel que realmente ficou fascinado com o material, com o texto e com os ótimos diálogos (que se tornariam a marca registrada de Quentin Tarantino em toda a sua carreira). Após decidir que faria a produção, Harvey Keitel saiu em busca de financiamento ao lado de Tarantino e conseguiu levantar pouco mais de um milhão de dólares de orçamento (uma mixaria em termos de Hollywood). Na base da amizade convocou os demais atores, todos amigos dele (inclusive os excelentes Tim Roth e Michael Madsen). Assim que foi lançado o filme chamou a atenção da crítica por ser visceral, cru e muito violento. Isso porém não era o principal pois "Cães de Aluguel" também trazia uma linguagem diferenciada, bem distante do que se fazia na época em termos de filmes policiais. Inicialmente no circuito alternativo e depois no mercado comercial a produção foi ganhando cada vez mais admiradores, consolidando o caminho de Quentin Tarantino rumo ao estrelato e ao sucesso, posição que até hoje ocupa. Revisto hoje em dia, mais de vinte anos depois de sua chegada aos cinemas, "Reservoir Dogs" ainda mantém o impacto por ser uma obra muito original e esteticamente inovadora. Sua violência nunca se mostra gratuita mas estilizada, invocativa. Um Tarantino de estirpe.

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Camelot

Título no Brasil: Camelot
Título Original: Camelot
Ano de Produção: 2011
País: Estados Unidos
Estúdio: Starz
Direção: Vários
Roteiro: Michael Hirst e Chris Chibnall (criadores da série)
Elenco: Peter Mooney, Philip Winchester, Eva Green Joseph Fiennes

Sinopse: 
A súbita morte do Rei Uther ameaça submergir a Grã-Bretanha no caos. As visões de um futuro negro, fazem com que o feiticeiro Merlin instale no poder o impetuoso Artur, descendente de Uther, que foi criado desde criança como plebeu. Mas a fria e ambiciosa meia-irmã de Artur, a princesa Morgana, irá lutar pelo poder, contra o irmão, utilizando para isso as forças sobrenaturais, naquela que será uma batalha épica pelo controle de Camelot.

Comentários:
Conforme prometido volto aqui para comentar o primeiro episódio de Camelot. Vi erros e acertos. A caracterização da época é boa, gostei. Ao invés de um visual idade média temos algo bem mais antigo, como se a história se passasse uns 40 anos após os romanos deixarem a Inglaterra (o que segundo historiadores seria a época mais correta para a lenda de Arthur). Outro ponto positivo foi mostrar o castelo de Camelot como uma ruína deixada pelos romanos. É cedo para falar (só vi o primeiro episódio) mas por enquanto nenhum sinal de Excalibur. Em relação ao elenco gostei de Joseph Fiennes como Merlin. Suas cenas não foram muitas mas deu para ver que ele está bem. Idem para a Morgana (interpretada por uma sensual Eva Green) e o Rei Lot (feito por James Purefoy). Agora infelizmente erraram a mão na escolha de Arthur. Como a saga começa mostrando ele bem jovem os criadores da série escalaram um ator completamente medíocre chamado Jamie Campbell Bower. Sinceramente, ele é péssimo. Cheio de caras e bocas não convence ninguém que é Arthur (mesmo que na juventude). Talvez a série se comprometa por isso mas ainda vou dar um voto de confiança e acompanhar. Espero que ou ele melhore ou então que avancem no tempo mostrando Arthur já como adulto (e assim substituindo esse erro de casting). Essas foram as minhas impressões. Promete mas tem que consertar certas coisas logo.

Pablo Aluísio.

sábado, 11 de janeiro de 2014

The Americans

Título no Brasil: The Americans
Título Original: The Americans
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks Television
Direção: Vários
Roteiro: Joseph Weisberg, entre outros.
Elenco: Keri Russell, Matthew Rhys, Holly Taylor

Sinopse: 
Elizabeth (Keri Russell) e Phillip (Matthew Rhys) formam o que aparentemente é um casal suburbano americano comum. Com dois filhos menores eles levam uma vida tranquila e em paz numa cidade dos Estados Unidos sem levantar qualquer suspeita. O que ninguém sabe é que na verdade se trata de uma dupla de agentes infiltrados do serviço de inteligência soviético, a famosa KGB.

Comentários:
Nova série que conseguiu bons índices de audiência em sua primeira temporada, já tendo inclusive recebido carta branca para uma segunda temporada que já estreou nos Estados Unidos. Para ter mais sentido a trama se passa na época da guerra fria, durante os anos 80. O casal russo que trabalha para a KGB é interpretado pela atriz Keri Russell (de "Felicity", aqui em sua primeira série bem sucedida depois daquela) e Matthew Rhys (que interpretava o advogado gay de "Brothers and Sisters"). No primeiro episódio já temos bem uma ideia do que virá. Eles precisam capturar e tirar de circulação um desertor do serviço secreto russo que em troca de três milhões de dólares resolveu entregar todos os agentes soviéticos infiltrados dentro da sociedade americana. O problema é que Phillip (Matthew Rhys) está começando a gostar muito do estilo de vida americano. Ele acha que poderia usar o agente traidor como ligação para ele mesmo deserdar para o lado americano, contemplando assim uma vida feliz ao lado de Elizabeth (Keri Russell) em uma cidade do interior, do meio oeste. Afinal nos Estados Unidos ele encontrou liberdade real, felicidade e tudo o mais que só o sistema capitalista é capaz de proporcionar para uma família de classe média como eles. Assim temos um bom argumento, com um pouco de ação e, é claro, jogos de espionagem. Vale a pena acompanhar.

Pablo Aluísio.

Garota em Progresso

Título no Brasil: Garota em Progresso
Título Original: Girl in Progress
Ano de Produção: 2012
País: Estados Unidos
Estúdio: Anxiety Productions, Latitude Entertainment
Direção: Patricia Riggen
Roteiro: Hiram Martinez
Elenco: Eva Mendes, Cierra Ramirez, Patricia Arquette, Matthew Modine 

Sinopse: 
O filme narra a estória de uma mãe solteira, Grace (Eva Mendes), e sua filha adolescente Ansiedad (Cierra Ramirez). Grace se vira como garçonete para sustentar ela e sua filha. Assim que engravidou foi colocada para fora de sua casa por sua mãe e sem recursos foi vivendo de cidade em cidade, de emprego em emprego, até que chega em Seattle e se envolve com um homem casado, o ginecologista Dr. Harford (Matthew Modine), que apesar das declarações de amor não parece muito disposto a abandonar sua família para viver com ela. Já Ansiedad tem seus próprios problemas pessoais. Após ver em uma aula que todo adolescente tem que passar por certos rituais próprios da idade ela decide colocar em frente um plano para acelerar esse processo que deveria vir naturalmente em sua vida.

Comentários:
Um filme especialmente feito para o público feminino pois o roteiro explora as lutas, ansiedades, sentimentos e medos de uma mãe solteira e sua filha. Poderia facilmente virar uma dramalhão daqueles, cheios de lágrimas por todos os lados mas sabiamente o roteiro evita esse tipo de coisa. O tom é levemente bem humorado embora de uma forma em geral a fita fique bem longe de ser uma comédia. Cierra Ramirez que interpreta a filha adolescente é esperta e bem vívida. Em alguns momentos sua personagem peca por ser até cruel, como nas cenas em que para impressionar um bando de garotas populares na escola humilha sua única amiga verdadeira, que tem problemas com obesidade. Eva Mendes faz o papel da mãe e não foge muito do estereótipo de latina gostosona. Sua personagem é confusa na vida, sem saber que rumo certo tomar, mas tem bom coração. A diretora Patricia Riggen não é muito conhecida, de certa repercussão realizou apenas "Lemonade Mouth", um telefilme também sobre adolescentes em 2011. Mesmo assim realiza aqui um bom trabalho, redondinho, até previsível, mas que não aborrece e nem decepciona. É acima de tudo uma história humana sobre mãe e filha tentando sobreviver na luta diária em busca da felicidade e do amor.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Ladyhawke - O Feitiço de Áquila

Título no Brasil: Ladyhawke - O Feitiço de Áquila
Título Original: Ladyhawke
Ano de Produção: 1985
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Richard Donner
Roteiro: Tom Mankiewicz, Edward Khmara, Michael Thomas
Elenco: Matthew Broderick, Rutger Hauer, Michelle Pfeiffer

Sinopse: 
Na Idade Média um casal que se ama vive o drama de estarem sempre juntos mas eternamente separados. Isabeau (Michelle Pfeiffer) é uma linda mulher, fruto do desejo de muitos homens, inclusive do Bispo de Áquila (John Wood). Ele a deseja ardentemente mas ela não o ama e sim um cavaleiro errante, Etienne Navarre (Rutger Hauer). Inconformado pela rejeição o Bispo então resolve lançar uma terrível maldição sobre o casal, de dia a bela Isabeau toma a forma de uma águia e de noite seu amado se transforma em um lobo, assim jamais conseguem se encontrar em sua forma humana. Para ajudar e tentar encontrar uma saída para a maldição os apaixonados começam a contar com a ajuda de Phillipe Gaston (Matthew Broderick), o único que conseguiu fugir das garras de Áquila!

Comentários:
Maravilhosa fantasia dos anos 80 que mexeu bastante com o coração dos mais românticos. "Ladyhawke" é até hoje considerado um dos melhores romances do cinema americano. Seu diferencial é que tudo se passa em um enredo de realismo fantástico muito bem escrito, cortesia do ótimo roteirista Tom Mankiewicz que já havia escrito alguns excelentes roteiros antes, entre eles os dos filmes "Superman- o Filme" e "Superman II" e de três aventuras de James Bond ("Os Diamantes São Eternos", "Viva e Deixe Morrer" e "007 Contra o Homem da Pistola de Ouro"). Some-se a isso a ótima fase pela qual vinha passando o excelente cineasta Richard Donner e você entenderá porque temos aqui uma fantasia oitentista que até hoje cativa e agrada ao público. O elenco é fantástico, com a linda (estava mais maravilhosa do que nunca) Michelle Pfeiffer e Matthew Broderick, sempre carismático. Rutger Hauer antes de decair na carreira também estava extremamente enigmático. Excelente direção de arte e reconstituição de época completam o quadro desse romance sui generis, especialmente recomendado para os apaixonados de plantão. Se é o seu caso não deixe de assistir.

Pablo Aluísio.

O Tempo e o Vento

Título no Brasil: O Tempo e o Vento
Título Original: O Tempo e o Vento
Ano de Produção: 2013
País: Brasil
Estúdio: Globo Filmes
Direção: Jayme Monjardim
Roteiro: Tabajara Ruas, baseado na obra de Erico Veríssimo
Elenco: Fernanda Montenegro, Thiago Lacerda, Marjorie Estiano, Cléo Pires

Sinopse: 
Em seu leito de morte Bibiana Terra Cambará (Fernanda Montenegro) relembra os principais fatos da história de sua família, algo que se confunde até mesmo com a fundação do estado do Rio Grande do Sul e toda a sua riqueza cultural. Assim conhecemos o surgimento do primeiro membro da família Terra, Pedro, que criado numa das sete missões acaba tendo que ir embora após o massacre dos religiosos e índios. Após ser encontrado agonizando em um leito de rio ele é levado para uma estância e lá se enamora de Ana Terra, dando origem a uma linhagem que se desenvolverá no transcorrer de todos os fatos importantes da região.

Comentários:
O imortal livro de Erico Veríssimo já havia sido adaptado com muito sucesso em formato de minissérie pela Globo mas agora volta como longa-metragem para o cinema. Gosto de dizer que Jayme Monjardim é um dos poucos cineastas (e diretores de telenovelas) no Brasil que conseguem trazer para sua obra elegância, sofisticação e talento. Seus trabalhos realmente possuem um diferencial em relação ao que é feito em nosso país. É um profissional de excelente nível, com pleno domínio das técnicas em sua direção. Um exemplo bem claro disso temo aqui, onde ele demonstra ter muito respeito com o livro que adapta para as telas. Essa nova versão de "O Tempo e o Vento" é muito bem realizada, com aquele tipo de capricho que vemos em que grandes produções. A fotografia se aproveita dos Pampas gaúchos de forma brilhante. Se existem problemas no filme certamente a culpa não é de Monjardim.

Talvez o calcanhar de Áquiles desse filme esteja em pontos dissonantes encontrado em seu elenco. Claro que Fernanda Montenegro está maravilhosa como  Bibiana Terra Cambará, já idosa, relembrando todo o passado de sua família. Suas cenas ao lado de Thiago Lacerda são inspiradas. Já esse, na pele do carismático Capitão Rodrigo Cambará, também não decepciona. Claro que quem teve a oportunidade de ver a série com Tarcísio Meira nesse papel vai perceber que na interpretação de Meira o Capitão Rodrigo tinha mais vivacidade, mais presença, quase uma força da natureza. Com Lacerda temos uma boa caracterização mas nada excepcional ou que se compare ao trabalho realizado por Tarcísio Meira antes. Agora o ponto fraco mesmo vai para a atriz Cléo Pires. Sua personagem Ana Terra é uma das mais fortes dessa saga de "O Tempo e o Vento" mas Pires definitivamente não tem a garra e a experiência dramática para enfrentar o papel. Nas cenas mais dramáticas, vitais, ela não consegue passar para o espectador nem paixão, nem força, nem ira.  Mesmo com esse problema eu deixarei a recomendação dessa nova versão. A trama é tão forte e marcante que consegue superar até mesmo falhas pontuais como essa. No geral temos que admitir que é um bom momento do cinema nacional atual.

Pablo Aluísio.

The Commitments - Loucos Pela Fama

Título no Brasil: The Commitments - Loucos Pela Fama
Título Original: The Commitments
Ano de Produção: 1991
País: Inglaterra, Irlanda
Estúdio: Ardmore Studios, Herbert Road
Direção: Alan Parker
Roteiro: Dick Clement, Ian La Frenais, Roddy Doyle
Elenco: Robert Arkins, Michael Aherne, Angeline Ball

Sinopse: 
Jimmy Rabbitte (Robert Arkins) está na pior. Desempregado e sem vias de melhorar de vida em um futuro próximo ele resolve finalmente colocar um antigo sonho de pé, formando uma banda de soul music para arrasar nos clubes noturnos de Dublin. Para isso resolve convocar músicos experientes e outros nem tanto para formar um grupo musical chamado The Commitments. Durante os primeiros ensaios tudo parece correr muito bem, inclusive ele logo descobre que há de fato um grande som saindo daquela união. As coisas porém logo começam a sair dos trilhos quando uma guerra de egos entre os músicos começa a destruir o seu projeto internamente.

Comentários:
Alan Parker sempre foi um cineasta genial. Aqui ele retorna para o gênero musical no qual sempre se deu muito bem. O cenário é uma Irlanda católica com muitos problemas sociais. O desemprego é alto e a falta de perspectivas dos mais jovens é assustadora. No meio da dureza do dia a dia um jovem resolve formar uma banda com pessoas da cidade, dando origem aos The Commitments, um grupo formado por músicos bem talentosos mas igualmente viscerais, geniosos e complicados de se lidar. A grande sacada de Alan Parker foi ter reunido um elenco formado por músicos profissionais que nunca tinham atuado antes em suas vidas. Essa falta de experiência acaba trazendo muito para o resultado do filme pois o espectador em determinado momento começa a pensar estar realmente assistindo a um documentário tal a veracidade das atuações dos membros da banda. Some-se a isso a ampla liberdade que Parker deu a todos em cena e você logo entenderá que de fato muitos estão interpretando a si mesmos! Já a música que ouvimos é de primeira qualidade, só grandes sons e ótimas performances. Por essa razão sempre coloquei "The Commitments" entre os grandes musicais da década de 1990. Um show de musicalidade de bom gosto, acima de tudo!

Pablo Aluísio.

Orca - A Baleia Assassina

Título no Brasil: Orca - A Baleia Assassina
Título Original: Orca
Ano de Produção: 1977
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Michael Anderson
Roteiro: Luciano Vincenzoni, Sergio Donati
Elenco: Richard Harris, Charlotte Rampling, Bo Derek

Sinopse: 
Um pescador mata uma baleia Orca grávida de alguns meses. O feto é destruído, assim como a mãe, que é morta sem qualquer tipo de remorso, deixando inconsolado o parceiro macho da família. Agora o animal partirá para sua vingança sanguinária contra os homens por seus atos bárbaros e crimes contra a natureza.

Comentários:
Ótimo momento do cinema pipoca dos anos 1970! Eu sempre encarei o filme como uma atualização de "Moby Dick" embora haja diferenças marcantes. Na verdade foi uma forma de trazer aquela história tão famosa para os tempos atuais. Os efeitos visuais, apesar do tempo, ainda continuam bastante satisfatórios e a Orca do filme (na verdade vários animais diferentes que foram usados ao longo das filmagens) faz o espectador realmente pensar que está diante de um verdadeiro monstro dos oceanos. O roteiro é até simples, diria até mesmo hoje em dia ingênuo e dá emoções humanas (como vingança) às Orcas mas isso não tira a satisfação de ainda rever a produção. No elenco vale destacar a presença de dois ótimos veteranos, Richard Harris (perfeito em seu papel), e Charlotte Rampling, além é claro de Bo Derek, considerada na época uma das mulheres mais bonitas do cinema. Enfim, no meio da onda de filmes com peixes assassinos (embora as baleias sejam mamíferos) Orca marcou bastante em seu lançamento - para desespero dos centros náuticos onde as orcas sempre foram mostradas como animais fofinhos.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Terreno Proibido

Na Primeira Guerra Mundial um grupo de soldados ingleses, entrincheirados, recebem a ordem de avançar pelo chamado terreno proibido (por ficar entre as forças armadas inglesas e alemãs). Os soldados alemães estão fortemente armados com metralhadoras o que torna a missão praticamente suicida. Mesmo assim cumprem as ordens dadas pelos superiores mas acabam ficando presos pelo meio do caminho pois não conseguem mais avançar, tudo se resumindo a um complicado esforço de pura sobrevivência.

Bom filme australiano ambientado na Primeira Guerra Mundial que ficou conhecida na história como a "guerra das trincheiras", onde cada palmo de chão era disputado de forma feroz. O roteiro se concentra em mostrar três militares ingleses que acabam ficando na conhecida "Terra de Ninguém", uma faixa de terra localizada entre dois exércitos inimigos durante uma guerra. Um dos soldados perdeu a perna, está com forte hemorragia, outro é muito jovem e a obrigação de manter todos vivos recaem sobre os ombros do experiente sargento Arthur Wilkins (interpretado por Johan Earl que também é um dos diretores do filme).

A reconstituição de época é boa, mostrando bem como eram os fronts da Primeira Guerra, com muita lama, arames farpados e trincheiras infectas. Uma das boas cenas do filme acontece quando as tropas alemãs promovem um ataque de gás (era bem comum nesse conflito o uso de armas químicas e biológicas que anos depois seriam proibidas por tratados internacionais). Há uma pequena subtrama sobre a esposa do sargento Wilkins que na Inglaterra acaba engravidando de outro homem e resolve promover um aborto impensado mas que não atrapalha as cenas de batalha que são o principal foco da produção. Enfim, "Terreno Proibido" é um bom filme de guerra, movimentado, sangrento e cruel, como a própria guerra que retrata.

Terreno Proibido (Forbidden Ground, Austrália, 2013) Estúdio: 24/7 Films, Armzfx, Scarlet Fire Films / Direção: Johan Earl, Adrian Powers / Roteiro: Johan Earl, Adrian Powers / Elenco: Johan Earl, Tim Pocock, Martin Copping ; Sinopse: Filme australiano ambientado na Primeira Grande Guerra Mundial.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Chevrolet Azul

Título no Brasil: Chevrolet Azul
Título Original: Blue Caprice
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: SimonSays Entertainment
Direção: Alexandre Moors
Roteiro: R.F.I. Porto
Elenco: Isaiah Washington, Tequan Richmond, Tim Blake

Sinopse: 
Em férias no Caribe o americano John Allen Muhammad (Isaiah Washington), um veterano de guerra, acaba conhecendo o adolescente  Lee Boyd Malvo (Tequan Richmond). Como o rapaz passa os dias na rua, sem pai e com uma mãe negligente, John resolve levar ele para os Estados Unidos em busca de um futuro melhor. Isso acaba criando uma relação de pai e filho entre ambos. Na América, após uma fase complicada, pois sua ex-esposa luta pela guarda de seus filhos, o antes ponderado John começa a entrar em um processo de enlouquecimento e fúria. Junto ao seu pupilo decide adaptar um velho carro Chevrolet azul para matar pessoas aleatoriamente pelas ruas. Seria a sua vingança contra a sociedade. A onda de assassinatos acaba causando pânico e terror em toda a população da região.

Comentários:
Excelente filme que fez parte do Festival de Sundance em 2013. É uma tentativa de entender a mente de um dos serial killers mais sangrentos da história dos Estados Unidos, o chamado "Atirador de Washington". Ao contrário de outros psicopatas esse não agiu sozinho mas em dupla com um jovem negro que conhecera no Caribe em férias. Juntos eles causaram terror pelo país. Viajando em um antigo carro Chevrolet os assassinos escolhiam suas vítimas aleatoriamente, geralmente em mercadinhos ou postos de gasolina. Eles retiraram o banco de trás de seu carro e o transformaram num local adequado para que um franco-atirador escolhesse e executasse as pessoas que iriam morrer. Ao contrário de outros psicopatas famosos não havia um tipo ideal de vítima, eles matavam homens, mulheres (inclusive mulheres grávidas) e crianças.

O caso se tornou mundialmente conhecido por causa da insanidade das matanças e da completa ausência de um motivo mais forte e plausível que justificasse tantas mortes. O filme em si é muito bom, pois procura desvendar a história de uma forma gradual, que vai envolvendo o espectador. O roteiro se beneficia de certa forma pois a história é no fundo tão surreal que mais parece ficção. A dupla central de atores está excepcionalmente bem. O que vemos aqui é um homem mais velho influenciando a mente de um jovem de forma completa, quase como uma lavagem cerebral. De uma forma ou outra a dupla caiu nas garras da justiça americana. John Allen Muhammad foi executado com pena de morte em 2009 e seu cúmplice cumpre pena de prisão perpetua. Assista ao filme e conheça a história desses psicopatas ferozes para entender melhor que o puro mal existe e é uma realidade.

Pablo Aluísio.

Espelhos do Medo

Título no Brasil: Espelhos do Medo
Título Original: Mirrors
Ano de Produção: 2008
País: Estados Unidos
Estúdio: Regency Enterprises
Direção: Alexandre Aja
Roteiro: Alexandre Aja, Grégory Levasseur
Elenco: Kiefer Sutherland, Paula Patton, Amy Smart, Mary Beth Peil

Sinopse: 
O ex-detetive Ben Carson (Kiefer Sutherland) precisa arranjar um novo meio de vida após ser suspenso do departamento de polícia de Nova York. Em uma operação mal sucedida ele havia atirado contra um policial infiltrado no mundo do crime. Após um inquérito administrativo foi finalmente afastado. Se sua vida profissional não anda bem, pior vai sua vida pessoal. O problema com bebidas se agravou depois de sair da polícia o que fez com que seu casamento entrasse em crise. Agora tenta um recomeço trabalhando como guarda noturno numa loja de departamentos. A nova função porém lhe aguarda muitas surpresas, nem todas boas.

Comentários:
Filme com toques de terror e suspense que tenta dar uma sobrevida para Kiefer Sutherland em sua carreira no cinema. Como se sabe ele só encontrou realmente o estrelado no mundo da TV quando começou a protagonizar a extremamente bem sucedida série "24 Horas" da Fox. Oito temporadas de sucesso depois ele tentou novamente se tornar um nome quente em Hollywood com esse estranho "Espelhos do Medo". Infelizmente esse é aquele tipo de filme que nunca decola. A premissa é até bem interessante quando o diretor, usando de inúmeras referências de filmes clássicos, especialmente os de Orson Welles, tenta criar medo e suspense no espectador usando espelhos mas em pouco tempo isso se torna cansativo. A trama supostamente sobrenatural que encobre tudo também não é das mais interessantes. Assim o que temos é na realidade um exercício de estilo que no fundo se revela bem vazio. O filme não foi bem de bilheteria e passou em brancas nuvens (inclusive no Brasil). Pois é, não foi dessa vez que Kiefer Sutherland conseguiu retornar para Hollywood com o êxito comercial que desejava.

Pablo Aluísio.

Gimme Shelter

Título no Brasil: Gimme Shelter
Título Original: Gimme Shelter
Ano de Produção: 1970
País: Estados Unidos
Estúdio: Maysles Films
Direção: Albert Maysles, David Maysles
Roteiro: David Maysles
Elenco: Mick Jagger, Keith Richards, Mick Taylor

Sinopse: 
Este documentário acompanha os Rolling Stones numa turnê pelos EUA em 1969. As apresentações culminaram com o concerto de Altamont, em que um jovem foi assassinado, anunciando o fim do sonho hippie de paz e amor.

Comentários:
Em shows cheios de energia e performances únicas, a lendária banda inglesa mostra por que tinha tudo a ver com a rebeldia dos anos 60. O problema é que junto da fama e da pose de bad boys os Stones também serviam de porta bandeira da cultura das drogas. Mais cedo ou mais tarde essa mensagem iria dar em algo ruim. E deu. Em entrevista John Lennon sutilmente sugeriu que a culpa seria dos próprios Stones. Ele afirmou que o grupo criou um clima pesado e o que aconteceu foi consequência disso. O fato aconteceu por falta de planejamento, até amadorismo por parte do grupo. Ao invés de contratar profissionais para cuidar da segurança do concerto os Stones contrataram os motoqueiros do grupo Hell´s Angels. Os Angels eram em sua maioria foras da lei, então o que aconteceu fatalmente iria ocorrer. No meio do empurra empurra da multidão, bem em frente ao palco, um briga entre um Angel e um jovem acabou mal. Ele foi morto bem ali, na frente de Mick Jagger e cia, com tudo sendo registrado pelas câmeras desse filme. O documentário é bom, sem dúvida, mas apesar da importância de ter captado a morte desse movimento hippie não o acho tão bem montado e editado. De qualquer forma é histórico, pelo menos para os que curtem a história do Rock.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Sonhadora

Título no Brasil: Sonhadora
Título Original: Dreamer: Inspired by a True Story
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Dreamworks
Direção: John Gatins
Roteiro: John Gatins
Elenco: Kurt Russell, Dakota Fanning, Kris Kristofferson, Freddy Rodriguez, Luis Guzman, Elisabeth Shue

Sinopse: 
O treinador Ben Crane (Kurt Russell) e sua filha, Cale Crane (Dakota Fanning), resolvem cuidar de um cavalo muito ferido. Não tarda para crescer um carinho muito grande entre eles. Aos poucos o animal vai se recuperando, ficando novamente saudável e superando todas as expectativas se torna um grande corredor das pistas. Em vista disso o treinador Crane decide ir mais longe e resolve inscrever o animal na Breeder's Cup, uma competição de cavalos de corrida.

Comentários:
Produzido pelo estúdio de Steven Spielberg e contando com um elenco acima da média esse "Sonhadora" até que não é mal. Na verdade esse tipo de filme sempre existiu em Hollywood, basta lembrar do recente "Cavalo de Guerra" (do próprio Spielberg), "Seabiscuit" ou indo mais em direção ao passado, do famoso "O Corcel Negro" de 1979. Essa produção porém é bem mais modesta do que os citados, que foram lançados em cinema e se tornaram, cada um ao seu jeito, sucessos de bilheteria. O roteiro usa e abusa de um certo chantagismo emocional com o espectador, usando até mesmo de fartas doses de pieguice (que sempre foi a marca registrada de Spielberg, aliás) mas que não chega a aborrecer muito. O segredo para curtir um filme como esse é manter as expectativas bem baixas, esperar por uma boa história - que é baseada em fatos reais - um final feliz e céu dourado ao longe nos letreiros finais. Se você tiver esse tipo de atitude sim, certamente se divertirá.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Conta Comigo

Título no Brasil: Conta Comigo
Título Original: Stand by Me
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Rob Reiner
Roteiro: Raynold Gideon, baseado no livro de Stephen King
Elenco: Wil Wheaton, River Phoenix, Corey Feldman, River Phoenix, Kiefer Sutherland, Richard Dreyfuss

Sinopse: 
Um grupo de garotos decide ir em busca do corpo de um jovem desaparecido. Na jornada acabam se encontrando a si mesmos, com seus pensamentos, planos de vida e sentimentos em relação à amizade, amor e companheirismo. Um retrato sentimental de toda uma geração, captada com grande talento.

Comentários:
Um dos textos mais singulares de Stephen King acabou dando origem a essa pequena obra prima dos anos 80 que hoje em dia soa ainda mais nostálgica do que em seu lançamento original. King, que ficou famoso por causa de seus excelentes livros de terror e suspense, aqui dá um tempo em seus maneirismos literários para dar origem a uma obra até mesmo poética, muito terna e sentimental. O livro "The Body" que deu origem a esse filme "Conta Comigo" não é apenas a narração de um grupo de garotos em busca de um suposto corpo pertencente a um jovem desaparecido mas sim uma alegoria sobre a própria jornada daqueles rapazes que estavam apenas começando essa longa jornada chamada vida. King mostra claro carinho por seus personagens, mostrando e desenvolvendo todos de uma forma até bastante rara em sua obra. Já para o cinéfilo não poderia haver notícia melhor já que o diretor Rob Reiner conseguiu trazer para a tela a poesia juvenil de King. Com elenco muito bacana (cheio de ídolos jovens do cinema dos anos 80) e uma excelente linha narrativa feita pelo ator Richard Dreyfuss como alter ego de King, "Conta Comigo" é uma daquelas películas que você assiste e jamais esquece.

Pablo Aluísio.