quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Perdidos no Espaço

Ano 2058. A Terra está esgotada, o meio ambiente está saturado. Em busca de uma saída uma missão ousada é planejada. O envio de uma família em direção ao único planeta conhecido habitável do universo. As nações da Terra vivem uma relativa era de paz mas forças rebeldes fazem de tudo para sabotar seus planos. Assim o Dr. Zachary Smith (Gary Oldman), o médico da missão Júpiter 2, é enviado para destruir os planos da nave em sua viagem espacial mas tudo acaba dando errado e ele próprio fica preso dentro da espaçonave após sua decolagem. O problema é que ele, poucos momentos antes, havia programado o robô da expedição para destruir todos os equipamentos e seus tripulantes. Desesperado tenta evitar o pior mas os estragos são significativos e a nave fica literalmente perdida no espaço com todos a bordo e completamente à deriva. Começa assim "Perdidos no Espaço", remake da famosa série de TV dos anos 60 que encantou várias gerações, até mesmo aqui no Brasil onde o seriado foi exibido com grande sucesso de audiência. Claro que apenas o ponto de partida foi aproveitado. Na verdade esse novo "Perdidos no Espaço" foi uma produção milionária, com orçamento de primeira linha e efeitos digitais de última geração, algo bem distante do que víamos na série original com seus cenários franciscanos e alienígenas pintados de verde e suas anteninhas artificiais. 

Quem acompanhava a série dos anos 60 certamente se lembra do Dr. Smith interpretado pelo talentoso ator Jonathan Harris. Ele fazia de Smith um personagem bastante cômico, sempre atrapalhado, implicando com o robô da missão o chamando constantemente de "Lata de Sardinha". Na nova versão Smith já não é um alívio cômico embora aqui e acolá apareçam certos maneirismos que Oldman utiliza até como forma de homenagear o trabalho inesquecível de Jonathan Harris. Mesmo assim ele é antes de mais nada um vilão, um personagem vil, que acaba caindo em sua própria armadilha. No restante todos os demais integrantes da família  Robinson se encontram no filme, inclusive o cativante Will Robinson (Jack Johnson), o garoto prodígio que acaba criando inúmeras inovações tecnológicas ao longo do tempo. Infelizmente essa nova versão de "Perdidos no Espaço" não fez o sucesso esperado. E qual foi a razão disso ter acontecido? Para muitos o roteiro inteligente e cientifico demais afastou o público americano das salas. Realmente há uma certa dose de verdade nesse ponto de vista. Embora o filme comece usando todas as premissas da série que lhe deu origem logo o enredo dá uma guinada e tanto, misturando viagem no tempo, astrofísica e tudo mais a que tem direito. Isso parece ter sido muito para a cabeça do americano médio que assim acabou rejeitando de forma injusta a produção. Mas deixe isso de lado e não deixe de conhecer (caso você ainda não tenha visto) pois o novo "Perdidos no Espaço" é muito bom, porque afinal consegue manter o clima de nostalgia aliada a uma nova visão bem mais moderna, com ótima trilha sonora.

Perdidos no Espaço (Lost in Space, Estados Unidos, 1998) Direção: Stephen Hopkins  / Roteiro: Akiva Goldsman / Elenco: Gary Oldman, William Hurt, Matt LeBlanc, Mimi Rogers, Heather Graham, Lacey Chabert, Jack Johnson / Sinopse: Família fica perdida no espaço após uma viagem espacial que é sabotada por um penetra dentro da nave, o Dr. Smith. Remake da famosa série de TV da década de 60.

Pablo Aluísio.

Um Lugar Chamado Notting Hill

Alguns filmes são bem badalados em seus lançamentos e depois de alguns anos caem no esquecimento quase completo. Um exemplo? Ora, basta lembrar desse "Um Lugar Chamado Notting Hill", comédia romântica com ares de superprodução que contou no elenco com dois queridinhos do cinema americano da década de 1990: Hugh Grant e Julia Roberts. Grant foi o modelo do inglês boa pinta que caiu nas graças do público depois do sucesso do cult "Quatro Casamentos e um Funeral". Sempre interpretando ingleses sem jeito, tímidos, mas bem charmosos ele foi durante grande parte de sua carreira um galã diferente, que se encaixava como poucos no imaginário feminino. Depois que foi pego em flagrante com uma prostituta nas ruas de Nova Iorque sua imagem foi levemente arranhada mas ele de forma muito inteligente usou de sua persona nas telas para escapar do escândalo, que de uma forma ou outra, por mais incrível que isso possa parecer, acabou ajudando ainda mais em sua fama. Já Julia Roberts foi outra que virou estrela da noite para o dia por causa do sucesso de "Uma Linda Mulher", comédia sem pretensão da Touchstone que acabou virando um grande sucesso de bilheteria. No começo de sua carreira ainda era uma graça mas depois de tantos anos virou uma dessas divas insuportáveis que Hollywood sabe muito bem produzir.

Assim tudo o que "Um Lugar Chamado Notting Hill" faz é se aproveitar do carisma de ambos para atrair o público. O enredo, como não poderia deixar de ser, é bobinho e derivativo. Além disso procura encher ainda mais a bola de Julia Roberts a retratando como uma grande diva, com milhões de fãs dispostos a saber tudo sobre sua vida pessoal. Ah que tédio hein? A própria atriz deu pitacos no roteiro pois a sua personagem nada mais é do que uma caricatura dela mesma, tentando se vender o máximo possível como diva absoluta, perseguida por malvados paparazzis e a imprensa, sempre cruel com esses "maravilhosos" artistas. Assim Julia Roberts interpreta Anna Scott, a megastar do cinema americano que acaba se apaixonando pelo pacato dono de livraria Will (Hugh Grant). Eu me recordo que vi esse filme no cinema e que já naquela época achava a Roberts muito egocêntrica para o meu gosto. Só vi mesmo a produção por causa do Hugh Grant, ator limitado (ele só interpreta ele mesmo em seus filmes) mas que simpatizo. De bom mesmo aqui só indico a charmosa direção de arte e o roteiro que tenta a muito custo parecer de bom gosto. Até que vale a pena, apesar da Julia Roberts imersa em si mesma, se achando o máximo o tempo todo.

Um Lugar Chamado Notting Hill (Notting Hill, Estados Unidos, 1999) Direção: Rogers Michell / Roteiro: Richard Curtis / Elenco: Hugh Grant, Julia Roberts, Hugh Bonneville, Emma Chambers, James Dreyfus, Rhys Ifans / Sinopse: Grande estrela do cinema (Roberts) se apaixona por pacato dono de livraria (Grant) o que dará origem a muitas confusões em suas vidas.

Pablo Aluísio.

The Black Dahlia Haunting

Título no Brasil: Sem título no Brasil
Título Original: The Black Dahlia Haunting
Ano de Produção: 2012
País: Estados Unidos
Estúdio: Micro Bay Features
Direção: Brandon Slagle
Roteiro: Brandon Slagle
Elenco:  Devanny Pinn, Britt Griffith, Noah Dahl

Sinopse: 
Um sujeito encontra a adaga que supostamente teria sido usada na morte da Dália Negra (aquele infame e terrível assassinato que ocorreu em Los Angeles na década de 1940, quando uma starlet chamada Elizabeth Short foi brutalmente esquartejada em um crime que nunca foi solucionado). Pois bem o tal objeto encontrado parece ter ligação com a morte dos pais de uma jovem, que foram mortos pelo próprio irmão dela. Aos poucos ela vai começar a sentir a própria presença da Dália Negra em sua vida.

Comentários:
A história da Dália Negra é por demais interessante. É um dos casos não resolvidos mais importantes da criminologia dos Estados Unidos. Porém nada disso se aproveita nesse filme. Esqueça! Se você estiver em busca de um bom filme sobre o caso de Elizabeth Short é melhor ficar bem longe dessa verdadeira porcaria. Atores incapazes, direção sem talento e roteiro para lá de confuso formam a receita indigesta desse filme muito fraco, beirando o amadorismo completo. Tudo é péssimo aqui. O enredo passado no tempo atual mais parece um samba do crioulo doido, sem sentido e sem lógica nenhuma. Uma completa perda de tempo. Fique longe desse lixo!

Pablo Aluísio.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

O Gangster

Esse foi o último grande filme da carreira de Ridley Scott. Uma produção impecável com elenco classe A que prende a atenção do espectador da primeira à última cena. A história do filme (baseada em fatos reais) se passa em Nova Iorque na década de 70. A morte de um chefão do tráfico do Harlem abre espaço para o surgimento de um novo líder, Frank Lucas (Denzel Washington). Ambicioso e metódico ele logo descobre como subir dentro da hierarquia das ruas. Após eliminar ou comprar seus mais potenciais inimigos começa a colocar em prática um plano para trazer a mais fina e pura heroína para o mercado americano. Usando como meio de transporte os próprios aviões militares americanos que voltavam da guerra do Vietnã, Lucas fez fortuna em pouco tempo. Estima-se que chegou a ganhar mais de um milhão de dólares ao dia, uma cifra realmente surpreendente. Dono de um faro comercial e organizacional fora do comum o traficante Frank Lucas logo se tornou o principal importador da drogas aos Estados Unidos. Seu produto dominou todo o mercado de drogas. Com tanto dinheiro e poder em jogo era questão de tempo até chamar a atenção da polícia de Nova Iorque.

Em um departamento policial corroído por todo tipo de corrupção o detetive Richie Roberts (Russell Crowe) parecia ser realmente uma rara exceção. Policial honesto, logo percebeu que algo grande estava acontecendo no submundo do tráfico das ruas da cidade. Após intensas investigações acabou descobrindo todo o itinerário e a complexa rede de intermediários da heroína que chegava até os viciados nova-iorquinos. A heroína além de ser extremamente pura era de uma qualidade excepcional, vendida a um preço muito barato, revelando um grande esquema de distribuição por trás de tudo. “O Gangster” é um tipo de filme que nos faz lembrar como era interessante o cinema americano, principalmente na década de 70. Os temas eram geralmente relevantes, mostrando problemas atuais em tramas bem desenvolvidas, fundadas em ótimos roteiros. A dupla central de atores aqui está excepcionalmente bem. O Frank Lucas de Denzel Washington é um sujeito contraditório naquilo que entende defender e no que faz em seu dia a dia. Grande direção de Ridley Scott que ultimamente tem derrapado bastante em suas escolhas. Um filme atual com o sabor das antigas produções dos anos 70. Excelente.

O Gangster (American Gangster, Estados Unidos, 2007) Direção: Ridley Scott / Roteiro: Steven Zaillian / Elenco: Denzel Washington, Russell Crowe, Chiwetel Ejiofor, Josh Brolin, Lymari Nadal, Ted Levine / Sinopse: O filme conta a história de um dos maiores traficantes de Nova Iorque durante a década de 70. Faturando milhões ele conseguiu criar uma grande rede de distribuição e transporte da heroína vinda da Ásia para ser vendida no mercado americano. Filme indicado aos Oscars de Melhor de Direção de Arte e Atriz Coadjuvante (Ruby Dee). Indicado também aos Globos de Ouro de Melhor Direção, Melhor Filme Drama e Ator (Denzel Washington).

Pablo Aluísio.

Duplex

Esse filme aqui tive a oportunidade de assistir no cinema. Obviamente não se trata de nenhuma obra prima mas sim de uma comédia de costumes, rápida, ligeira, que se propõe a fazer humor em cima do complicado problema de habitação em Nova Iorque, que como toda cidade grande tem muitos problemas urbanos. No simpática enredo um casal jovem tenta realizar seu sonho de ser proprietário de um apartamento duplex na grande maçã, algo que não é fácil de alcançar uma vez que o metro quadrado da cidade é um dos mais valorizados do mundo. Pois bem, mesmo assim tentam levar em frente o projeto de um dia, quem sabe, chegar lá. E contra todas as expectativas eles acabam conseguindo mas como nem tudo é perfeito precisam lidar com uma resistente velhinha, antiga moradora do local, que se recusa a deixar seu apartamento. Como ela não sai eles acabam planejando um jeito de dar um fim nela, nem que para isso tenham que cometer um crime! A direção do filme é do baixinho Danny De Vito, ator já bem conhecido do público brasileiro por inúmeros filmes de sucesso da década de 80.

Já deu para perceber que o roteiro tem pretensões de ser uma comédia de humor negro mas não precisa ficar preocupado sobre isso pois o estilo usado nessa produção é realmente inofensivo, sem maiores consequências, fruto aliás do fato do filme ser estrelado pelo casalzinho Ben Stiller e Drew Barrymore. Ele, um daqueles humoristas que fazem sucesso repetindo o mesmo personagem, filme após filme. Geralmente fazendo o papel de um sujeito comum, sem nada de especial, que acaba entrando nas maiores frias sem ter culpa nenhuma no cartório. Ela, a eterna garotinha de ET, tentando emplacar mais um sucesso no cinema, principalmente agora que virou produtora de seus próprios filmes. A Drew Barrymore aliás vem de uma longa linhagem de atores, uma família de artistas com muita história para contar, além é claro dos famosos problemas envolvendo bebidas e drogas - algo pelo qual a Drew também já passou. Mas enfim, deixemos isso de lado, fica então a dica desse "Duplex", uma comédia que seguramente não apresenta nada demais mas que pode até funcionar como um passatempo ligeiro, desde que você não espere por muita coisa.

Duplex (Idem, Estados Unidos, 2003) Direção: Danny Devito / Roteiro: Larry Doyle  / Elenco: Ben Stiller, Drew Barrymore, Eileen Essel, Harvey Fierstein, Justin Theroux, James Remar / Sinopse: Casal decide fazer tudo para ser dono de um duplex em Nova Iorque e quando se diz tudo é tudo mesmo, inclusive passando por cima da moralidade e da lei.

Pablo Aluísio.

Os Segredos de Tanner Hall

Dificilmente filmes assim, com esse tipo de temática, costumam ser ruins. A estória geralmente cria uma identidade com os mais jovens (por ainda estarem na fase colegial) e um clima de nostalgia nos mais velhos (que imediatamente lembram dos anos de escola). O enredo se passa todo dentro de um colégio interno para moças na Nova Inglaterra. E lá que vivem quatro amigas que tentam levar uma vida normal de adolescentes apesar do sistema rígido de ensino da instituição. Elas só podem sair com autorização da direção e tem que dedicar praticamente todo seu tempo para as atividades acadêmicas. Nesse meio tempo se apaixonam (nem sempre pelos homens certos) e vão experimentando novas experiências de vida (como fugir do colégio tarde da noite para ir, às escondidas, em uma noite de festa na cidade).
   
As garotas até que são bem desenvolvidas do ponto de vista dramático. De certa forma são estereótipos das meninas de sua idade mas isso não chega a ser necessariamente um problema. Há a jovem que se apaixona por um homem mais velho, casado com uma das melhores amigas de sua mãe e outra que resolve brincar de sedução com seu professor mas se arrepende depois. Isso sem falar naquela que tem sérias dúvidas sobre sua própria sexualidade e a última que tem um péssimo relacionamento com a mãe e por isso sempre tem idéias suicidas passando pela cabeça. Tudo é passado para a tela com graça e leveza, nunca exagerando no melodrama. O filme no final das contas agrada, não é nenhuma obra prima e embora lembre em certos aspectos de “Sociedade dos Poetas Mortos” fica muito abaixo da qualidade da película com Robin Williams. Mesmo assim pode ser considerado bom. Recomendo especialmente para o público feminino que obviamente vai se identificar bastante com os dramas e desafios das vidas das garotas em cena.

Os Segredos de Tanner Hall (Tanner Hall, Estados Unidos, 2009) Direção: Tatiana von Furstenberg, Francesca Gregorini / Roteiro: Tatiana von Furstenberg, Francesca Gregorini / Elenco: Amy Ferguson, Amy Sedaris, Brie Larson / Sinopse: No colégio interno de Tanner Hall quatro garotas vivem as experiências, amores e dramas típicas de sua idade.

Pablo Aluísio.

domingo, 8 de setembro de 2013

Doce Vingança 2

Quem diria que "Doce Vingança" fosse virar franquia de terror! O primeiro filme, como todos sabemos, era um remake de uma produção antiga que virou cult na época das fitas de VHS. Agora temos uma continuação sem qualquer relação de estória com o primeiro filme. Apenas a estrutura do roteiro segue sendo a mesma, ou seja, jovem garota sofre todos os tipos de abusos nas mãos de criminosos e depois consegue escapar da morte, passando a partir daí a literalmente caçar seus torturadores para se vingar de tudo aquilo que sofreu. Em "Doce Vingança 2" acompanhamos Katie (Jemma Dallender), uma garçonete em Nova Iorque que sonha se tornar modelo. Sem grana para pagar por um ensaio ela acaba sendo atraída pelo anúncio de um estúdio de fotografia na cidade que promete uma sessão grátis. Chegando lá ela descobre que a empresa pertence a um grupo de imigrantes búlgaros que sugere que ela tire algumas fotos de nu, algo que ela prontamente recusa. Para extremo infortúnio de Kate um dos irmãos do estúdio, Georgy (Yavor Baharov), é um estuprador que fica obcecado por ela. Após ele invadir seu apartamento e matar um vizinho, Katie acaba vendo sua vida virar ao avesso. Presa e jogada em um porão ela vira objeto de torturas nas mãos dos irmãos criminosos! Mas sua chance de vingança virá, mais cedo ou mais tarde.

"Doce Vingança 2", seguindo a tendência de filmes de terror da atualidade, é bem violento e insano. Como já podemos antecipar a garota conseguirá se libertar partindo para uma vingança tão violenta e cruel quanto às atrocidades de que foi vítima. O diretor é o mesmo do remake recente e por isso o espectador pode esperar algo bem parecido com o filme de 2010. Na verdade olhando um filme desses não podemos deixar de chegar na conclusão de que algo anda errado com os filmes de terror de Hollywood. A moral do filme é completamente condenável pois vende a idéia de que violência deve ser respondida com mais violência. Assim a garota que é torturada na parte inicial do enredo se torna absolutamente sádica quando coloca as mãos em seus algozes. Embora não exista mais censura no Brasil, apenas classificação etária dos filmes, indico esse tipo de terror apenas para maiores de 18 anos, pois além de haver nu frontal o roteiro não perde tempo com sutilezas, apelando mesmo para uma infinidade de cenas de tortura e sadismo. Se você estiver em busca de uma produção com muita violência gratuita então “Doce Vingança 2” pode ser a opção ideal. Só não recomendo a fita para pessoas de bom gosto.

Doce Vingança 2 (I Spit on Your Grave 2, Estados Unidos, 2013) Direção: Steven R. Monroe / Roteiro: Neil Elman, Thomas Fenton / Elenco: Jemma Dallender, Joe Absolom, Yavor Baharov / Sinopse: Garota americana cai nas garras de um grupo de irmãos criminosos búlgaros que a submetem a todos os tipos de abusos e torturas possíveis. Tudo que ela deseja é conseguir escapar para partir para uma doce vingança contra seus algozes.

Pablo Aluísio.

Somos Tão Jovens

Cinebiografia do cantor e compositor Renato Russo (1960 - 1996). Ao contrário de outros filmes de temática semelhante como por exemplo "Cazuza" os roteiristas resolveram contar apenas uma parte da vida do músico. No filme sobre Cazuza, por exemplo, tínhamos uma abordagem que mostrava praticamente toda sua vida, seus dramas, até sua morte causada pelo vírus da AIDS. Aqui o texto se concentra entre os anos de 1976 a 1982 na vida de Renato Russo. Ele é um jovem de Brasília que se apaixona pelo movimento inglês punk! Após sofrer um acidente de bicicleta causada por uma doença rara Renato passa vários meses em recuperação, trancado em seu quarto. Para passar o tempo lê muito e ouve música. Sua recuperação acontece justamente quando uma amiga lhe passa uma fita K7 com o novo som que vinha fazendo a cabeça dos jovens londrinos daquela época. Era o nascimento do Punk! Movido pela paixão de fã, Renato começa a formar sua própria banda, o Aborto Elétrico. O roteiro se concentra bastante nesse período da vida de Russo. O espectador assim acompanha os primeiros anos, as primeiras lutas, os concertos precários e o sonho de Russo em um dia, quem sabe, virar um grande astro de rock.

Também não joga para debaixo do tapete o homossexualismo de Renato. Ele se apaixona por um dos membros do Aborto Elétrico e é rejeitado. Isso aliado a vários outros fatores acaba determinando o fim precoce do grupo. Em outro momento o roteiro explora o dia em que Renato saiu do armário, assumindo para sua mãe que era gay! Após algumas experiências em uma breve carreira solo onde se auto intitulava "O Trovador Solitário", Renato resolveu montar um novo grupo, com outras pessoas, nascendo daí o famoso Legião Urbana, a banda que o consagrou definitivamente, o levando para o ápice de sua carreira, com sucesso nacional e milhões de cópias vendidas. O filme acaba justamente quando Russo está prestes a tornar o seu novo conjunto um marco na história do rock nacional. Particularmente gostei da opção do roteiro em mostrar essa fase da vida do cantor. Isso é algo bem comum em cinebiografias americanas como por exemplo "Os Cinco Rapazes de Liverpool". A intenção é mostrar as origens, o começo da trajetória desses artistas. Obviamente que existem muitas lacunas e omissões pois não poderia ser diferente, mas mesmo assim o filme agrada. O ator Thiago Mendonça que interpreta Renato Russo merece elogios por sua atuação, principalmente nas cenas de palco. Sua performance é realmente digna de aplausos. No mais "Somos Tão Jovens" se torna bem indicado para quem viveu os anos 80, pois não há como negar que a música do Legião Urbana se tornou mesmo a trilha sonora daquela década.

Somos Tão Jovens (Somos Tão Jovens, Brasil, 2013) Direção: Antonio Carlos da Fontoura / Roteiro:  Victor Atherino, Marcos Bernstein / Elenco: Thiago Mendonça, Laila Zaid, Bruno Torres / Sinopse: Cinebiografia do cantor e compositor Renato Russo nos anos de 1976 a 1982.

Pablo Aluísio.

sábado, 7 de setembro de 2013

Evocando Espíritos 2

Essa franquia "Evocando Espíritos" se baseia em adaptações de supostos casos sobrenaturais reais ocorridos nos EUA. Claro que dependendo da religião que se siga muito provavelmente você não acreditará em nada do que verá na tela mas não é assim que um filme como esse deve ser encarado mas sim como simples produto pop, como pura diversão apenas. E sob esse ponto de vista temos que admitir que esse "Evocando Espíritos 2" se sai muito bem. Aliás essa continuação consegue ser até bem melhor do que o primeiro filme pois o enredo é mais interessante, tem um melhor desenvolvimento. A trama começa de forma bem curiosa. Lisa Wyrick (Abigail Spencer) é uma mãe de família que ouve vozes desde que era criança. Sua irmã afirma que se trata de um caso de mediunidade, coisa que acontecia com a mãe de ambas e que elas teriam herdado essa capacidade. Mas Lisa não aceita e não acredita em nada disso. Na verdade ela não deseja ter esse suposto dom, muito pelo contrário. Para superar isso ela toma comprimidos controlados justamente para que as vozes se calem em sua mente de uma vez por todas. Em busca de paz e conforto ela e o marido decidem então se mudar para uma propriedade rural na Georgia. A casa, há muito abandonada, estava com um preço realmente muito bom, uma pechincha, e eles decidem comprá-la.

A casa fica no meio de uma floresta e no passado pertenceu a um homem bom que historicamente foi reconhecido por ter ajudado muitos negros fugidos a escapar rumo ao norte (onde não havia escravidão negra como no sul). Conhecido como o "homem da estação" ele é reverenciado pela população afro local. O problema é que a jovem garotinha da família começa a ver aparições na floresta. Negros, escravos, senhores, todos parecem ainda habitar a floresta ao redor da casa. Não demora muito a surgir vários eventos inexplicáveis, sobrenaturais, na casa e isso acaba se tornando um grande tormento para a jovem família. Não cabe aqui explicar ou desvendar os mistérios que cercam o local, uma vez que isso é justamente um dos pontos mais positivos do filme. "Evocando Espíritos 2" lida muito bem a suposta história real, criando um bom clima de suspense e tensão com todo o passado da região. Ótimos efeitos sonoros e sustos bem colocados garantem certamente a diversão. A atriz mirim Emily Alyn Lind que interpreta a garotinha que vê os espíritos que vagam pela floresta é bem talentosa. No saldo final "Evocando Espíritos 2" vale a pena, principalmente se você entrar no clima do roteiro que é inegavelmente bem escrito. Em tempo: no final da exibição os produtores colocaram as fotos das pessoas reais que fizeram parte dos eventos sobrenaturais mostradas no filme, inclusive do misterioso Mr. Gordy. Assista, pois no mínimo você achará tudo bem interessante.

Evocando Espíritos 2 (The Haunting in Connecticut 2: Ghosts of Georgia, Estados Unidos, 2013) Direção: Tom Elkins / Roteiro: David Coggeshall / Elenco: Abigail Spencer, Chad Michael Murray, Katee Sackhoff / Sinopse: Jovem família muda para uma casa no meio de uma floresta na Georgia e descobre que a propriedade tem um passado rico em história, envolvendo mortes e perseguições na época da escravidão. Isso acaba se tornando uma pista sobre os supostos acontecimentos sobrenaturais que rondam o local.

Pablo Aluísio.

Amor Pleno

O americano Neil (Ben Affleck) conhece a bela francesa Marina (Olga Kurylenko) em Paris. Ela é mãe solteira e tem uma pequena filha de seis anos. Seu primeiro marido a deixou assim que a menina nasceu. O romance logo se torna intenso a ponto de Neil levar sua amante para sua cidade natal no meio oeste americano. A adaptação nos EUA porém se torna complicada para ela e a filha. Para complicar ainda mais a situação seu visto logo expira e ela precisa voltar para a França. Em sua ausência Neil acaba conhecendo e se apaixonando por outra mulher, Jane (Rachel McAdams), uma jovem divorciada que está se recuperando emocionalmente do fim de seu casamento e da morte de sua filha. Como se isso não fosse ruim o bastante ela ainda tem que lidar com os problemas em seu racho que está indo para a falência rapidamente. Ao mesmo tempo, na pequena comunidade onde vivem, um padre católico (Javier Bardem) passa por uma grande crise existencial e de fé. Sentindo-se solitário e tendo que dar ajuda espiritual para todos na comunidade ele começa até mesmo a questionar sua própria crença em Deus.

"Amor Pleno" é o novo filme do cineasta Terrence Malick. Eu sempre costumo dizer que o cinema de Malick não é para todos os tipos de público. Ele segue um estilo muito pessoal, intimista, sensível e sensitivo. Não há espaço para objetividade em sua filmografia. O diretor sempre optou por um estilo muito subjetivo de fazer cinema o que nem sempre agrada a todo mundo. Aqui temos um perfeito exemplo. São poucos os diálogos, na maioria das cenas o que impera é realmente uma narração em off dos principais personagens que vão contando suas reflexões, impressões sobre o mundo e até mesmo poemas. A estória se desenvolve na tela mas com raros diálogos e conversas entre os atores em cena. Tudo é muito mais sugerido do que mostrado. Além disso Malick não conta seu enredo de uma forma muito linear. O romance vai surgindo na tela aos poucos, em doses suaves, geralmente mostrando momentos de tensão ou reflexão interior dos principais personagens. Um trabalho com essa proposta tem que contar com uma certa cumplicidade do espectador, que certamente sofrerá um impacto de surpresa nas primeiras cenas. Alguns certamente acharão tudo muito chato e deixarão o filme pelo meio do caminho mas quem persistir vai acabar gostando tanto do ponto de vista do diretor como do romance atribulado que ele conta em forma peculiar. Embora tenha sido recebido com certas reservas pela crítica é aquele tipo de produção que vale realmente a pena ser conhecida. Certamente é diferente, fora dos padrões convencionais mas isso não diminui em nada seus méritos cinematográficos.  

Amor Pleno (To the Wonder, Estados Unidos, 2012) Direção: Terrence Malick / Roteiro: Terrence Malick / Elenco: Ben Affleck, Olga Kurylenko, Javier Bardem, Rachel McAdams / Sinopse: "Amor Pleno" é um drama existencial romântico que conta a estória de um triângulo amoroso envolvendo um americano, uma francesa e uma rancheira com problemas emocionais. Pontuando toda a estória temos ainda um padre católico tentando vencer uma crise existencial e de fé numa pequena cidade do meio oeste americano.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Comando Delta 2 - Conexão Colômbia

Pouca gente sabe mas Chuck Norris foi professor de muitos astros de Hollywood nas décadas de 60 e 70. Ensinando artes marciais ele deu aula para gente como Elvis Presley e até o ator mais popular de filmes de ação da época, Steve McQueen. Esse em um arroubo de modéstia certa vez deu um conselho para Norris que ele nunca esqueceu: "Se você não souber fazer nada na vida vire um ator de cinema". Bom, conselho dado, conselho seguido. Foi justamente esse caminho que o baixinho Norris procurou seguir ao longo dos anos. No começo ele foi apenas um coadjuvante esforçado mas na década de 80 sua estrela brilhou e ele estrelou uma série de filmes para a produtora Cannon Group (que não mais existe).  Menahem Golan que assina o roteiro desse filme era um dos donos da Cannon. E o filme em si era mais uma continuação para um dos êxitos comerciais de Norris na produtora, aquele que acabaria sendo o último filme de Lee Marvin, "Comando Delta".

A direção foi entregue para o irmão mais novo de Chuck Norris, Aaron Norris, que tentou realizar o melhor filme possível com o baixo orçamento disponibilizado pela combalida Cannon, naquele período já cheio de dívidas e problemas fiscais com o governo americano. Como não havia muito dinheiro o roteiro se tornou bem básico, partindo logo para a pancadaria em série, sem perda de tempo com firulas ou dramas desnecessários. O enredo dessa vez se passa na distante Colômbia, país conhecido por ser um dos maiores produtores de cocaína do mundo. É curioso perceber como que já naquela época havia a preocupação de enfrentar o problema na origem, desmantelando as quadrilhas produtoras da droga que depois era obviamente traficada para ser vendido no mercado americano (por sua vez o maior mercado consumidor de drogas do mundo). Norris e o Comando Delta vai até a Colômbia para resgatar um agente do DEA (Agência de combate antidrogas dos EUA). Chegando lá o filme se acomoda no que era de praxe para uma fita de ação dos anos 80 - Norris chuta alguns traseiros, mata vários traficantes, explode o que encontra pela frente e obviamente volta vitorioso para a América. Ou seja, um dia normal na vida de um herói de ação dos 80´s.

Comando Delta 2 - Conexão Colômbia (Delta Force 2: The Colombian Connection, Estados Unidos, 1989) Direção: Aaron Norris / Roteiro: James Bruner, Menahem Golan / Elenco: Chuck Norris, John P. Ryan, Billy Drago / Sinopse: O Comando Delta, tropa de elite das forças armadas americanas é enviado para a Colômbia com a missão de resgatar um agente do DEA, o poderoso departamento de combate aos tráfico de drogas dos EUA.

Pablo Aluísio.

American Horror Story

Não é algo muito comum hoje em dia termos séries de terror na TV. Por isso quando essa nova proposta surgiu na telinha no ano de 2011 foi uma grata surpresa. Criado pela dupla Brad Falchuk (produtor de Glee) e Ryan Murphy (diretor do mesmo seriado, Glee) a série logo foi considerada realmente inovadora. É até complicado entender como esses dois nomes envolvidos em uma série musical tão açucarada e adolescente como "Glee" conseguiram criar algo tão diferente como esse programa de terror e suspense. "American Horror Story" veio mesmo para mudar um pouco a opção de programação nas redes de TV a cabo dos EUA. Assistindo à primeira temporada o fã de filmes de terror logo descobrirá uma sucessão de citações a grandes películas do gênero. Todo o enredo se desenvolve em torno de uma casa antiga, situada nos arredores da cidade. Lá morou na década de 30 um casal bem situado na sociedade. O problema é que o marido, médico, realizava abortos e experiências nada convencionais no porão da casa. Depois de mortos voltam para assombrar os novos moradores. Mas esses espíritos não estão sós. Há toda uma leva de almas penadas rondando o lugar. E justamente quando conta a estoria dessas pessoas falecidas que a série se torna tão interessante.

Basicamente a casa acaba ganhando uma espécie de personalidade própria, como se fosse um ser sobrenatural que acaba engolindo todos os que por lá passam. Até mesmo um casal de gays bem intencionado logo se torna uma nova vítima dos acontecimentos. Outra boa sacada do roteiro é a inclusão de um jovem suicida que antes de tirar sua própria vida realiza um massacre na própria escola (óbvia referência à tragédia de Columbine). Assistindo aos episódios as referências se tornam bem claras. "Amityville" é uma delas, "Dália Negra" (cujo terrível crime é explorado em um dos episódios, é outro). Fora isso sobra também para "O Bebê de Rosemary", "Poltergeist", e até filmes mais recentes como por exemplo "Evocando Espíritos", cujo enredo foi bem reciclado por aqui. Produção muito boa, com direção de arte de excelente nível e uma abertura de arrepiar com todas aquelas fotos de crianças mortas tiradas no século XIX, algo que era comum na época. Elas tiravam as fotos em poses como se estivessem vivas, embora já falecidas. Como são fotos reais, o clima soturno logo se impõe na apresentação do programa. Até porque toda boa série tem que ter uma abertura marcante. Já a segunda temporada foi acusada de ser violenta demais o que não prejudicou a série que já tem confirmada a terceira leva de episódios a ser lançada em breve. Quer tomar alguns sustos na sua TV? Então sintonize em "American Horror Story" o mais rapidamente possível!

American Horror Story (Idem, Estados Unidos, 2011 - 2013) Direção: Alfonso Gomez-Rejon, Bradley Buecker, Michael Lehmann / Roteiro: Brad Falchuk, Ryan Murphy / Elenco: Evan Peters, Jessica Lange, Lily Rabe, Zachary Quinto, Frances Conroy, Dylan McDermott, Joseph Fiennes / Sinopse: Série que traz para a TV o universo da mitologia dos filmes de terror do cinema.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Top Secret! - Super Confidencial

Já que estamos falando de comédias dos anos 80 que fizeram sucesso nas locadoras de vídeo (lembram delas?) que tal relembrar esse verdadeiro clássico besteirol? Aqui no Brasil o filme se chamou "Top Secret! Super Confidencial" (em uma verdadeira redundância entre o título original e o nacional, onde como sempre nossos tradutores acabaram enfiando os pés pelas mãos!). O filme foi assinado pelo trio maluco ZAZ (Jim Abrahams, David Zucker e Jerry Zucker). Esses caras criaram um novo tipo de comédia no cinema, baseada principalmente no que se via em revistas populares de humor como MAD. A intenção era satirizar o máximo possível a chamada cultura pop, onde não se deixaria pedra sobre pedra em relação a obras cinematográficas ditas sérias. Aqui o trio mirou sua metralhadora de piadas nos clássicos filmes de guerra e espionagem das décadas anteriores. Também tirou uma onda com os filmes musicais estrelados por Elvis Presley nos anos 60. Aliás quero abrir um parêntese aqui. Val Kilmer como um cantor, espião e galã está melhor como uma piada de Elvis Presley do que muito imitador profissional por aí. Aliás Kilmer, novinho e praticamente estreando no cinema, esbanja charme e ironia em seu personagem.

Na verdade "Top Secret! Super Confidencial" não foi a primeira comédia nessa linha. Antes o mesmo trio ZAZ já tinha arrebentado a porta com a divertida e hilariante sátira aos filmes da franquia "Aeroporto" intitulado "Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu!". O interessante é que esse besteirol acabou enterrando a própria série de filmes "Aeroporto" pois depois dele ninguém mais conseguia levar à sério os filmes originais. Já "Top Secret!" encontrou seu nicho ideal no novo mercado de vídeo VHS que se espalhava rapidamente na década de 80. Era obviamente outro filme muito gaiato e cheio de zombarias que se tornava ideal para os jovens assistirem em casa com sua turma. Da primeira à última série havia uma profusão incrível de gags pra lá de divertidas, algumas extremamente bem boladas, outras que pegavam o espectador pelo tamanho da bobagem colocada no filme. Sobrou até para o clássico romântico "A Lagoa Azul". Infelizmente não existe fórmula de fazer filmes que não se desgaste e o besteirol, embora ainda vivo, já não consegue ter a mesma graça que tinha em seu surgimento. A proliferação de comédias nesse estilo acabou desgastando o humor que antes era considerado original e revolucionário. De uma forma ou outra não poderia deixar de colocar a dica aqui no blog dessa divertida bobagem nostálgica dos anos 80.

Top Secret! Super Confidencial (Top Secret!, Estados Unidos, 1984) Direção: Jim Abrahams, David Zucker, Jerry Zucker / Roteiro: Jim Abrahams, David Zucker, Jerry Zucker / Elenco: Val Kilmer, Lucy Gutteridge, Peter Cushing / Sinopse: Divertida comédia que satiriza filmes clássicos e populares de Hollywood como os épicos de guerra e espionagem e musicais estrelados por Elvis Presley na década de 1960.

Pablo Aluísio.

A Primeira Transa de Jonathan

Na década de 1980 um tipo de comédia adolescente ficou bem popular. Eram justamente aquelas que apelavam mais para o lado picante de seus roteiros. Era o tempo de coisas como "Pork´s", "Picardias Estudantis", "Negócio Arriscado" e "O Último Americano Virgem" entre outros, filmes bem cretinos mas que faziam a festa da rapaziada na época. Dentre tantas produções esse "A Primeira Transa de Jonathan" me chamou logo a atenção naqueles anos. Não por ser uma obra cinematrográfica digna de nota, nada disso, mas sim por ser ambientada em 1956, ano em que, todos sabemos, a música americana passou por um período muito fértil e rico em termos de Rock ´n´Roll. O filme não explora isso muito, é verdade, preferindo ir pelo lado mais gaiato das aventuras de Jonathan em perder sua virgindade (velha obsessão para quem está naquela idade) mas em compensação tinha uma boa trilha sonora e é claro a presença da bela Kelly Preston que no máximo da ousadia aparecia de topless em cena. Ela se casaria anos depois com John Travolta.

O filme foi inúmeras vezes reprisado e obviamente a cada nova reprise ia ficando cada vez pior, fruto é claro do próprio desenvolvimento do espectador, afinal o que parecia ser bem interessante aos 14 anos já não era aos 20 e por aí em diante. De uma forma ou outra os anos passados também acabaram trazendo um insuspeito sabor nostálgico a essa fitinha para adolescentes dos anos 80. Você começa a se lembrar dos amigos, das paqueras, do colégio, da época em que você era apenas um adolescente enfim. Era o tempo do videocassete, das fitas VHS e dos cabelos armados. Isso aliás é bem curioso pois apesar da estoria do filme passar na década de 50 o seu estilo de produção, a edição e os cenários, tudo nos remete aos anos 80. Saudosismo puro? Pode ser. Assim se você estiver em busca de uma verdadeira sessão nostalgia que tal rever "A Primeira Transa de Jonathan"? Um filme de uma época em que até os filmes ruins pareciam bons.

A Primeira Transa de Jonathan (Mischief, Estados Unidos, 1985) Direção: Mel Damski / Roteiro: Noel Black / Elenco: Doug McKeon, Catherine Mary Stewart, Kelly Preston / Sinopse: Jovem estudante vivendo na década de 50 sonha com o dia em que finalmente vai perder sua virgindade.

Pablo Aluísio.

Lendas da Paixão

Depois das complicadas filmagens de “Entrevista com o Vampiro” (onde se fala na boca pequena que Brad Pitt e Tom Cruise não se deram nada bem) o agora astro Pitt embarcou em uma produção feita justamente para faturar em cima de sua notoriedade como celebridade e símbolo sexual. É algo que se repete em tempos em tempos em Hollywood. A cada geração surge um ator com look impecável que logo cai nas graças do público feminino. Inicialmente os estúdios correm para aproveitar e faturar muito em cima de seu visual, criando filmes bonitos de se ver, com ótima produção e temas supostamente edificantes (de preferência com muito romance). Depois esse novo astro começa a se cansar de ser visto apenas como um rostinho bonito feito sob medida para interpretar personagens galãs e tenta partir para outra. Com Brad Pitt a cartilha foi seguida à risca. No começo ele era apenas um jovem bonito, com longos cabelos loiros que enfeitiçava as mulheres. Depois tentou ganhar status de ator sério em produções mais ousadas como “Clube da Luta” ou “Os 12 Macacos”.

Esse “Lendas da Paixão” faz parte da fase em que Brad Pitt era apenas um rostinho bonito em evidência nas páginas das revistas femininas. De fato foi o primeiro filme em que se apoiou completamente em seu nome como apelo junto às platéias do sexo oposto. O roteiro não é grande coisa mas temos uma produção bonita, com tomadas ao estilo cartão postal e um elenco de apoio de peso (com direito à presença do grande ator Anthony Hopkins) para dar um suporte e status de filme importante. Particularmente nunca fui fã de “Lendas da Paixão”. Acho que realmente se trata de um filme um tanto quanto vazio em suas qualidades cinematográficas. Obviamente que não faço parte do público a que essa produção se destina mas de um modo em geral acho um produto que não marca, e que por isso envelheceu um pouco precocemente. Foi importante para Brad Pitt em um momento da carreira dele em que tinha que provar que poderia segurar um filme desse porte sozinho, como grande chamariz de bilheteria, mas fora isso não penso que tenha sido algo que contribuiu para seu desenvolvimento como ator – algo que faria brilhantemente nos anos seguintes, aceitando participar de filmes interessantes e relevantes. Já para quem está atrás do lado galã do ator penso que “Lendas da Paixão” é de fato o produto ideal. Se é isso que você busca só posso mesmo desejar uma boa sessão.

Lendas da Paixão (Legends of the Fall, Estados Unidos, 1994) Direção: Edward Zwick / Roteiro: Susan Shilliday, William D. Wittliff / Elenco: Brad Pitt, Anthony Hopkins, Aidan Quinn / Sinopse: “Lendas da Paixão” narra a saga de uma família tipicamente americana durante os conturbados eventos históricos que se abateram sobre a nação durante o começo do século XX.

Pablo Aluísio.