sábado, 10 de agosto de 2013

O Incrível Mágico Burt Wonderstone

Esse foi o último filme de James Gandolfini (1961 - 2013). Ele vinha há tempos tentando fazer a complicada transição da TV para o cinema e até que conseguiu interpretar bons personagens nessa tentativa. Infelizmente não é o caso desse "O Incrível Mágico Burt Wonderstone". Aqui ele intepreta Doug Munny, o milionário dono de cassinos em Las Vegas que contrata a dupla de mágicos formada por Burt Wonderstone (Steve Carell) e Anton Marvelton (Steve Buscemi). Eles brilharam nos shows de mágica de Vegas por décadas mas agora começam a ficar ultrapassados por novos ilusionistas, entre eles o escatológico Steve Gray (Jim Carrey), um sujeito radical que faz truques exagerados como cortar sua própria face, caminhar e deitar sobre brasas quentes ou então enfiar uma furadeira dentro da cabeça. Em vista do estilo sensacionalista desse novo tipo de artista a dupla, antes considerada genial, começa lentamente a cair no ostracismo completo.

O papel de James Gandolfini é bem secundário e ele fica completamente ofuscado pelos comediantes. Outra surpresa é ver o astro Jim Carrey em um papel também bem coadjuvante, pois ele nada mais é do que uma escada para os dois Steves, Carell e Buscemi, que parecem muito à vontade encarnando seus personagens. No fundo "O Incrível Mágico Burt Wonderstone" é apenas uma comédia rotineira que tenta de alguma maneira também prestar uma homenagem a esses profissionais tão queridos do mundo do entretenimento. A transformação que Burt passa, indo da fama e glória para a decadência, mostra bem isso. Aos poucos, mesmo arruinado, ele vai redescobrindo o prazer de fazer mágica para encantar adultos e crianças. Não é uma grande comédia, mas também não aborrece. A despedida do grande James Gandolfini poderia ter sido mais marcante porém quem pode saber as surpresas que o destino nos reserva?

O Incrível Mágico Burt Wonderstone (The Incredible Burt Wonderstone, Estados Unidos, 2013) Direção: Don Scardino / Roteiro: Jonathan M. Goldstein, John Francis Daley / Elenco: Steve Carell, Steve Buscemi, Jim Carrey, James Gandolfini, Alan Arkin, Olivia Wilde / Sinopse: Uma dupla famosa de mágicos de Las Vegas começa a entrar em declinio após o surgimento de um novo ilusionista radical.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Doze é Demais

Steve Martin já foi um dos comediantes mais divertidos do cinema americano, principalmente na década de 80 quando estrelou alguns dos mais engraçados filmes de humor da época. O problema é que a partir da segunda metade dos anos 90 ele começou a declinar, estrelando filmes sem qualquer expressão. Há uma velha máxima em Hollywood que diz que quando se está decadente na carreira a única coisa que sobra para um ator é fazer algum filme com crianças ou cachorros para tentar atrair a atenção do público por pelo menos mais uma vez. Se isso for verdade então Steve Martin certamente está em apuros (e há muito tempo!).

Aqui ele contracena não apenas com uma criança mas 12 delas! O enredo é tipicamente bobinho e mostra as confusões de um casal com 12 filhos (isso mesmo que você leu, doze!) que se muda de um pequeno vilarejo para a cidade grande. Acontece que o marido é treinador de futebol americano e se muda para a big city por ter sido contratado por uma universidade da região. Depois que a mulher viaja a trabalho só resta ao paizão a complicada tarefa de cuidar dos 12 moleques. Bom, uma criança já dá trabalho, imagine então uma dúzia. O roteiro procura tirar proveito justamente disso para fazer rir o espectador. No final das contas é apenas uma comédia de rotina que a despeito de ser bem mais ou menos caiu nas graças do público americano. Bom para o Steve Martin que assim ganhou uma sobrevida na carreira, confirmando de certa forma o velho ditado old school de Hollywood. Ah, e antes que me esqueça: o filme teve uma continuação dois anos depois, por mais inacreditável que isso possa parecer!

Doze é Demais (Cheaper by the Dozen, Estados Unidos, 2003) Direção: Shawn Levy / Roteiro: Frank B. Gilbreth Jr, Ernestine Gilbreth Carey / Elenco: Steve Martin, Bonnie Hunt, Piper Perabo / Sinopse: Paizão tem que cuidar de doze filhos após sua esposa viajar a trabalho.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O Casamento do Ano

Comédias românticas sobre casamentos já estão saturadas mas Hollywood persiste nesse prato requentado. Chega agora aos cinemas mais um filme nesse estilo, o diferencial é o ótimo elenco composto por grandes nomes como Robert De Niro, Susan Sarandon, Diane Keaton e Robin Williams. Pena que tantos atores talentosos não tenham muito com o que trabalhar. O fato é que o roteiro de "O Casamento do Ano" não traz nenhuma novidade. Na estória somos apresentados a uma família bem disfuncional. Os pais, Don (Robert De Niro) e Ellie (Diane Keaton), estão divorciados e o ex-marido vive com sua amante, Bebe (Susan Sarandon). Os três filhos são bem diferentes entre si. Lyla (Katherine Heigl) é uma advogada com o casamento em crise. Ela tenta engravidar há muito tempo mas sem sucesso. Após brigar com o marido chega para o casamento de seu irmão mais jovem, Alejandro (Ben Barnes), que é colombiano de nascimento. Ele foi adotado ainda garoto por seus pais americanos para estudar e crescer na vida. Já o irmão do meio, Jared (Topher Grace), é médico mas tem uma vida sentimental confusa e mal resolvida.

As coisas começam a ficar confusas quando Alejandro convida sua mãe natural, uma colombiana conservadora, católica fervorosa para seu casamento. Com medo da desaprovação dela ele tenta esconder o fato de que seus pais adotivos são divorciados e inventa uma farsa que ainda são casados, o que dará origem a muitas confusões durante sua cerimônia de casamento. São muitos personagens em cena e nenhum deles chega a ser bem desenvolvido. O papel de Robin Williams, como um padre católico beberrão, por exemplo, poderia dar margem a muita cenas divertidas e engraçadas mas infelizmente é outro que segue o caminho do desperdício. Esse é aquele tipo de filme que começa até divertido mas que vai decaindo, decaindo até o espectador finalmente entender que nada mais de interessante vai acontecer. Espero que depois de mais essa comédia insossa sobre casamentos Hollywood finalmente desista de fazer mais filmes desse tipo. Já deu o que tinha que dar.

O Casamento do Ano (The Big Wedding, Estados Unidos, 2013) Direção: Justin Zackham / Roteiro: Justin Zackham, Jean-Stéphane Bron / Elenco: Robert De Niro, Katherine Heigl, Diane Keaton, Amanda Seyfried, Topher Grace, Susan Sarandon, Robin Williams, Ben Barnes / Sinopse: O casamento do jovem Alejandro (Barnes) e sua jovem noiva,  Missy (Amanda Seyfried), se torna uma grande confusão quando se unem na cerimônia sua família adotiva e natural.

Pablo Aluísio.

O Fantasma

O Fantasma foi um dos personagens de quadrinhos mais populares do século XX. Criado por Lee Falk (que também criou o mágico Mandrake), o chamado "Espírito que Anda" surgiu pela primeira vez em 1936 e em pouco tempo se tornou um sucesso de popularidade. Esse personagem foi percussor de várias características que seriam imitadas por outros super-heróis anos depois como o uso de um uniforme e máscara para esconder sua verdadeira identidade. Curiosamente o personagem, apesar de ser muito popular, nunca conseguiu se firmar nas telas. Houve alguns episódios ao estilo matinê na década de 40 e uma tentativa de levar o herói aos cinemas na década de 60 mas nenhuma dessas produções conseguiu ser marcante. Assim quando houve essa retomada pelo cinema americano dos quadrinhos o Fantasma logo virou alvo dos estúdios. Infelizmente a má sorte do personagem em adaptações continuou. Dirigido por  Simon Wincer (cineasta especializado em filmes de ação) e produzido pela Paramount com orçamento até generoso "O Fantasma" prometia fazer bonito nas bilheterias mas...

Na coletiva de divulgação do filme o ator Billy Zane (que interpretava o Fantasma) decidiu que era hora de "Sair do armário". Assim ao invés de falar sobre a produção e seus méritos artísticos, o ator decidiu declarar publicamente que era gay e que estava muito feliz por assumir sua opção sexual. Nada contra esse tipo de atitude, que aliás é um ato de honestidade consigo mesmo, mas certamente foi o momento errado. Na estreia do filme todos os jornais só sabiam falar da sexualidade de Zane e a película acabou sendo ofuscada pela sua declaração reveladora. Infelizmente nem todas as pessoas tem consciência social e assim o filme acabou virando uma piada de mau gosto, principalmente nos programas de humor americano. Com isso a bilheteria acabou decepcionando completamente. "O Fantasma", que deveria ser o primeiro de uma longa franquia, não rendeu nada, se tornando um grande fracasso comercial. Obviamente que com o fiasco as pretensões de se realizar mais filmes foi arquivada. Uma pena pois o personagem prometia bastante. Não é uma película acima da média, é fato que deixa bastante a desejar, mas isso era possível de ser melhorado nos filmes seguintes. Algo que agora certamente não mais acontecerá.

O Fantasma  (The Phantom, Estados Unidos, 1996) Direção: Simon Wincer / Roteiro: Jeffrey Boam baseado no personagem criado por Lee Falk / Elenco: Billy Zane, Kristy Swanson, Treat Williams / Sinopse: Adaptação dos famosos quadrinhos do personagem "O Fantasma", herói mascarado que luta pelo bem contra terríveis vilões que desejam dominar o mundo.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Cristóvão Colombo: A Aventura do Descobrimento

Em 1992 dois filmes foram realizados para celebrar os 500 anos da histórica viagem de Cristovão Colombo para a América. O primeiro e mais bem sucedido foi 1492, estrelado por Gerard Depardieu. O segundo a chegar nos cinemas foi esse "Cristóvão Colombo: A Aventura do Descobrimento". Se trata de uma produção bem mais modesta, feito com um orçamento mais enxuto e com cenas menos impactantes do que o filme anterior. A intenção era mostrar mais os bastidores da viagem histórica. Assim os grandes personagens que tornaram possível a aventura de Colombo pelos mares ganharam maior visibilidade. O grande destaque vinha mesmo do elenco, com a presença do mito Marlon Brando em cena. O ator aceitou voltar ao trabalho por ter se interessado pelo roteiro desse filme, que se preocupava menos em ser grandioso e mais em desenvolver melhor todos os acontecimentos políticos da história real. Seu personagem era o terrível e cruel Tomas de Torquemada, famoso inquisidor espanhol da época. Brando que sempre foi um ativista liberal viu uma oportunidade de criticar a posição da igreja durante os eventos que desencadearam a descoberta do chamado novo mundo. Ele trabalhou com dedicação e afinco mas ficou profundamente decepcionado com a edição final do filme.

Isso foi causado pelo fato de que inúmeras de suas cenas foram cortadas na sala de edição. O estúdio achou a duração final do filme excessiva e tentando deixá-lo mais comercial cortes foram realizados. Um dos grandes prejudicados foi justamente Brando que viu grande parte de seu trabalho ser descartado sem pena pelos produtores. Tão irritado ficou que imediatamente deu algumas entrevistas afirmando que o filme do jeito que ficou era uma grande porcaria e que o público não deveria perder tempo com ele. Uma tentativa de conciliação foi realizada mas em vão. O filme saiu mutilado e Brando continuou a falar mal da produção (sua raiva foi tão intensa que até mesmo em sua autobiografia o ator não perdeu a oportunidade de falar mal do resultado final da produção). Ele até quis que seu nome fosse removido dos créditos mas não conseguiu. Por fim entendeu, resignado, que teria que aguentar toda a onda de criticas negativas que viriam após seu lançamento. O curioso é que o filme foi produzido pelos mesmos produtores de "Superman", amigos de Brando de longa data. A amizade porém não sobreviveu a "Colombo". Talvez se tivesse sido dirigido por Ridley Scott (a primeira opção do estúdio) o resultado ficasse mais interessante. Do jeito que ficou mais parece um projeto inacabado, com edição realmente mal feita, deixando a trama truncada e mal desenvolvida. Brando certamente tinha razão em suas reclamações.

Cristóvão Colombo: A Aventura do Descobrimento (Christopher Columbus: The Discovery, Estados Unidos, Inglaterra, Espanha, 1992) Direção: John Glen / Roteiro: Mario Puzo, John Briley / Elenco: Marlon Brando, Tom Selleck, Georges Corraface,  Rachel Ward, Catherine Zeta-Jones, Benicio Del Toro / Sinopse: O filme recria a história do descobrimento do novo mundo por Cristovão Colombo, famoso navegador que procurava um caminho para as índias navegando em direção ao ocidente.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Waterworld - O Segredo das Águas

Após o mundo passar por uma drástica mudança climática, com o derretimento dos polos, a civilização humana tenta sobreviver em um planeta inundado. Esse "Waterworld" foi o maior fracasso comercial da carreira de Kevin Costner. Foi uma produção extremamente cara, custou em torno de 200 milhões de dólares. Costner com o cacife conquistado em grandes filmes como "Dança com Lobos" recebeu carta branca do estúdio. Assim ele embarcou numa ideia muito infeliz, rodar uma espécie de "Mad Max" subaquático, todo passado em um mundo sem continentes, apenas oceanos sem fim. Para isso construíram enormes e dispendiosos cenários no Havaí. Para piorar o que já era ruim o clima complicado da região, com vários furacões, arrasou por várias vezes os sets, causando atrasos e prejuízos. A imprensa especializada, como não poderia deixar de ser cobriu tudo, mostrando os erros da produção. Costner, cego com seu próprio ego, resolveu seguir em frente. Quando finalmente chegou aos cinemas o público não demonstrou nenhum interesse pelas viagens molhadas de Costner. A crítica também não gostou nada, achou o filme longo demais, mal roteirizado e pessimamente editado.

Kevin Costner ao invés de reconhecer o erro resolveu acusar os jornalistas de boicote com seu filme, azedando de vez o relacionamento do astro com os principais meios de comunicação. Depois se soube que houve uma edição feita às pressas depois que o filme foi rejeitado em uma exibição teste. Costner que havia mostrado tanto talento ao dirigir "Dança com Lobos" se mostrou vacilante, não confiando em seu próprio juízo de valor. As brigas com o diretor Kevin Reynolds também mostravam bem a falta de foco da produção. Depois do desastre de "Waterworld" Costner perdeu grande parte de sua credibilidade. Amargou o descaso dos grandes estúdios e lutou bastante para recuperar seu prestigio (algo que não conseguiu completamente). Revisto hoje em dia não há como negar os erros. A trama não avança, é boba, derivativa demais de "Mad Max", quase um plágio, só que ao invés de desertos temos água sem fim. O personagem de Costner também não ajuda, é sem carisma, chato e passa o tempo todo contracenando com uma garotinha sem graça. No final não há como negar que é realmente um desastre. Não é de se admirar que tenha afundado de forma tão estrondosa. Mereceu o fracasso.

Waterworld - O Segredo das Águas (Waterworld, Estados Unidos, 1995) Direção: Kevin Reynolds / Roteiro: Peter Rader, David Twohy / Elenco: Kevin Costner, Jeanne Tripplehorn, Tina Majorino / Sinopse: A humanidade tenta sobreviver em um mundo pós apocalíptico.

Pablo Aluísio.

O Senhor dos Mares

O filme é baseado nos escritos de Gerrit de Veer (interpretado no filme pelo ator Robert de Hoog). Ele foi o escrivão de uma expedição holandesa que no século XVI tentou encontrar uma passagem para as índias indo para o norte, enfrentando os gélidos mares do círculo polar ártico. Esse ato, de certa forma desesperador, foi patrocinado pela coroa holandesa que não viu outra alternativa para manter o comércio de especiarias, uma vez que as rotas marítimas tradicionais tinham sido bloqueadas pela poderosa armada espanhola. Após entrar em guerra com a Espanha e ser derrotada no conflito não sobrou outro caminho aos holandeses a não ser procurar por outras rotas, principalmente aquelas que ainda não tinham sido exploradas por qualquer navegador. Nem é preciso lembrar os perigos de uma viagem dessa magnitude. Os mares do norte, principalmente os que circulam as distantes Finlândia e Noruega, apresentam temperaturas médias abaixo de zero. Some-se a isso o fato desses oceanos serem poucos explorados, de complicada navegação por causa dos grandes ondas e correntes marítimas ferozes e você terá um grande enredo para um bom filme de aventuras.

Como se trata de uma produção holandesa não espere nada de muito "Hollywoodiano" nesse "O Senhor dos Mares". A intenção é realmente contar os terríveis obstáculos que esses marinheiros enfrentaram tais como foram narrados nos escritos deixados pelo escrivão que participou dessa navegação. Obviamente que as condições climáticas desfavoráveis e o clima completamente hostil da região contribuíram e muito para as dificuldades, principalmente quando o navio chegou nas costas da distante e inóspita ilha de Nova Zembla. Localizada no mar do norte que hoje pertence à Rússia, o local possuía uma fauna perigosa e voraz, formada principalmente por grandes ursos polares que habitavam aquela região. Aliás é bom salientar que tais animais acabam sendo responsáveis por algumas das melhores cenas do filme pois na grande lei da natureza o que impera é mesmo a lei do mais forte e um homem, por mais forte e robusto que seja, jamais seria páreo para um animal daquele porte. Em suma, fica a dica desse filme do cinema holandês realmente bem acima da média, "O Senhor dos Mares", que demonstra muito bem que para quem gosta de bom cinema não importa a nacionalidade, mas sim a qualidade cinematográfica da produção. Não deixe de conferir...

O Senhor dos Mares (Nova Zembla, Holanda,  2011) Direção: Reinout Oerlemans / Roteiro: Hugo Heinen, Reinout Oerlemans / Elenco: Doutzen Kroes, Derek de Lint, Robert de Hoog / Sinopse: No século XVI a coroa holandesa resolve mandar uma expedição aos mares do norte para tentar achar uma nova rota em direção às ìndias orientais.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Marilyn Monroe: The Final Days

Hoje o mundo relembra a morte da estrela e mito Marilyn Monroe. Um dos documentários mais bem realizados sobre sua vida é esse "Marilyn Monroe: The Final Days". Usando diversas imagens da época o filme procura trazer uma luz sobre a biografia e os últimos dias de vida de Marilyn Monroe. Tudo muito bem realizado, editado e montado. O aspecto histórico é muito rico pois os realizadores do documentário fizeram ampla pesquisa em jornais, revistas e livros da época, tudo acompanhado de farto material filmado da atriz, seja em estúdio, seja por emissoras de TV ou então através de imagens amadoras capturadas pela atriz em suas aparições públicas. Um dos pontos altos é o resgate das imagens que sobreviveram do último filme inacabado de Marilyn, "Something's Got To Give". Como se sabe Marilyn estava realizando mais essa comédia romântica ao lado do cantor e ator Dean Martin quando foi demitida pela Fox. A justificativa foi que ela mal comparecia ao estúdio para filmar suas cenas, e quando o fazia se mostrava pouco focada, sem saber nem suas falas. Além disso ela abandonou as filmagens para ir até o outro lado dos EUA para cantar o famoso "Happy Birthday" para o presidente JFK. Os registros resgatam tudo isso. A diretora do documentário, Patty Ivins Specht, resolveu então usar esse farto material para montar, como se fosse um filme mesmo, o não finalizado "Something's Got To Give". O espectador acaba tendo dessa forma uma ideia de como seria a última comédia de Marilyn. Infelizmente poucas são as cenas com a atriz pois ela, como  já foi dito, quase não compareceu para trabalhar nos estúdios da Fox. O que sobraram são várias tentativas do ator Dean Martin e do diretor George Cukor em tentar levar em frente um projeto que parecia condenado desde o começo.

Mas não é apenas nisso que o documentário se ocupa. Há toda uma preocupação em mostrar aspectos da vida profissional e pessoal da atriz. Desde seus grandes sucessos no cinema até os diversos e problemáticos casos amorosos em que se envolveu, inclusive seus ex-maridos e amantes, entre eles os irmãos Kennedy. Esse último affair foi particularmente fatal para ela. Para muitos Marilyn estava completamente fora de si em seus últimos dias, desesperada, ameaçando o presidente de revelar seu escandaloso caso amoroso se ele não lhe desse mais atenção (especula-se que Kennedy não mais atendia suas chamadas telefônicas, tentando se manter o mais longe possível da instável personalidade explosiva de Monroe). Verdade ou pura especulação? Nunca saberemos ao certo sobre os motivos que levaram Marilyn a um suicídio acidental ao misturar várias pílulas para dormir e bebida alcoólica naquela noite. No final das contas o grande mérito desse documentário é mostrar para as novas gerações o grande carisma e magnetismo pessoal que Marilyn tinha, o que talvez justifique até hoje seu mito, que segue inabalável mesmo depois de tantos anos passados de sua morte.

Marilyn Monroe: The Final Days (Idem, Estados Unidos, 2001) Direção: Patty Ivins Specht / Roteiro: Monica Bider / Narrado por James Coburn / Sinopse: Documentário que explora farto material sobre os últimos dias de vida da atriz Marilyn Monroe.

Pablo Aluísio.

domingo, 4 de agosto de 2013

Habemus Papam

Para quem acompanhou a recente visita do Papa Francisco no Brasil uma boa opção de diversão é essa comédia italiana "Habemus Papam" (o filme usa como título essa expressão em latim que sempre é dita no balcão frontal da basílica de São Pedro quando o novo Papa é apresentada aos fiéis). O enredo é dos mais curiosos. Após a morte do Papa (mostrada com cenas reais do funeral de João Paulo II), os cardeais de todo o mundo se reúnem na Capela Sistina para a eleição do novo sumo pontífice. Assim começa a votação mas sem resultados concretos. Como sabemos a fumaça preta significa votação sem escolha e fumaça branca votação e eleição do Papa. Duas votações depois e então os cardeais escolhem o novo sucessor de Pedro na Terra. A escolha recai sobre um humilde cardeal, que sequer era considerado favorito. Após vestir as vestimentas papais ele se dirige ao encontro da multidão mas no meio do caminho sofre um ataque de pânico, se recusando a encarar a multidão lá fora para ser apresentado. Em seu íntimo teme não estar à altura do cargo para o qual foi escolhido. Claro que algo assim, inédito na história do Vaticano, acaba criando várias confusões pois o novo Papa não consegue assumir a nova posição.

A Igreja então fica numa posição delicada: tem um novo Papa eleito mas esse está simplesmente em pânico diante dos desafios que terá que enfrentar.  Desesperados os cardeais chamam um analista para tentar entender a crise pelo qual o Papa passa! Enquanto isso o mundo, incrédulo, espera pelo anúncio e apresentação do novo líder da maior religião do mundo, a católica. Embora seja classificada como uma comédia esse "Habemus Papam" lida com uma trama que poderia muito bem acontecer na vida real. Há boas soluções dentro do roteiro, como colocar o novo Papa como um homem indeciso sobre sua eleição que decide literalmente fugir do Vaticano para ir passear pelas ruas de Roma, pensando e meditando sobre suas novas responsabilidades. Seu lado humano é bem acentuado dessa maneira. O Papa não chega a ter nome no enredo mas sua personalidade é uma mistura de características de vários Papas do passado. Ele, por exemplo, sonha em ser um ator (algo que lembra João Paulo II que foi ator antes de abraçar a vida religiosa) e tem um caráter muito humilde e simples (nesse aspecto me lembrou de João XXIII, o Papa da humildade). Por fim quero chamar a atenção para algo curioso: embora seja uma comédia podemos notar facilmente o respeito dos realizadores do filme para com os dogmas e as doutrinas da Igreja. O roteiro certamente ri de situações absurdas que poderiam ocorrer mas sempre com uma boa postura de não transformar a figura do Papa em um bufão. Deixo a dica então, sendo você católico ou não!

Habemus Papam (Idem, Itália, 2011) Direção: Nanni Moretti / Roteiro: Nanni Moretti, Francesco Piccolo / Elenco: Michel Piccoli, Jerzy Stuhr, Renato Scarpa / Sinopse: O novo Papa é eleito no Conclave mas após sua eleição entra em pânico, com receio de não estar à altura das responsabilidades de ser o líder de uma religião mundial com mais de 1 bilhão de fiéis. Desesperados os cardeais tentam contornar a situação inédita na história da Igreja.

Pablo Aluísio.

Guerra Mundial Z

Um vírus desconhecido da ciência começa a se espalhar contaminando grande parte da população das grandes cidades ao redor do mundo. Os infectados perdem o controle, se tornando verdadeiros zumbis. No meio do caos um especialista ligado à ONU e ao governo americano, Gerry Lane (Brad Pitt), é enviado para a Coreia do Sul onde parece ter surgido a epidemia. De lá descobre que o paciente zero pode estar do outro lado do mundo, no Oriente Médio, mais precisamente em Jerusalém, a milenar cidade de Israel. Começa assim esse "Guerra Mundial Z", superprodução que tenta trazer algo de novo para o filão dos filmes de zumbis. A primeira observação a fazer sobre esse filme é que novas produções sobre mortos-vivos saem praticamente todas as semanas, tamanha a quantidade de fitas rodadas com esse tema. Quem acompanha o universo dos filmes de terror sabe muito bem disso. Por isso quando soube que o novo filme de Brad Pitt iria explorar esse tema já fiquei com um pé atrás pois em minha opinião esse filão está mais do que esgotado e saturado. Claro que os filmes sobre Zumbis que saem aos montes por aí são produções baratas, geralmente feitas por empresas fundo de quintal. "Guerra Mundial Z" é um filme milionário, bancado por um grande estúdio de Hollywood mas será que isso realmente faz alguma diferença no final das contas?

A resposta para esse tipo de questionamento é bem relativa. Em termos de roteiro e argumento a resposta é não! Não há novidades nesse enredo, pois somos jogados nas mesmas situações que já estamos acostumados a ver em centenas de outros filmes (o mundo praticamente em caos, vivendo um apocalipse zumbi, pessoas correndo, desesperadas, tentando se salvar, etc). Porém em relação à qualidade dos efeitos digitais se nota bem mais a diferença dos demais filmes. As cenas são grandiosas em termos de efeitos especiais, tudo com o objetivo de impressionar o espectador. Embora em certas passagens a fotografia se mostre escura demais, o fato é que algumas sequências pontuais (como a invasão das muralhas de Jerusalém por zumbis famintos) acabam fazendo o filme valer a pena. No saldo final não é nenhuma obra prima. É mais do mesmo de certa forma, principalmente no tocante aos personagens principais que são pouco desenvolvidos. Se você gosta de filmes com zumbis pode vir a se divertir, caso contrário é melhor ignorar pois não fará nenhuma falta..

Guerra Mundial Z (World War Z, Estados Unidos, 2013) Direção: Marc Forster / Roteiro: Matthew Michael Carnahan, Drew Goddard / Elenco: Brad Pitt, Mireille Enos, Daniella Kertesz / Sinopse: Um especialista da ONU tenta chegar na cura de uma contaminação mundial de um vírus que transformou o planeta em um verdadeiro apocalipse Zumbi.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O Mentiroso

Eu posso estar enganado mas sempre achei o Jim Carrey o sucessor legítimo do humor físico de Jerry Lewis. Carrey herdou mesmo esse filão das comédias mais escrachadas onde o humor não vem da finesse e nem do lado mais intelectual de refinadas piadas mas sim do grotesco, do exagerado, do pastelão. Indo por essa linha esse "Liar, Liar" (O Mentiroso) é dos mais divertidos. Carrey interpreta um advogado que não pode mentir por 24 horas! O roteiro brinca com o senso comum que afirma que advogados em geral são grandes mentirosos ou sendo mais sutil, pequenos manipuladores da realidade, vamos dizer assim. Há cenas realmente impagáveis, principalmente quando Carrey na pele do advogado tem que defender os maiores pilantras e escroques da cidade. Como não mentir ao defender esse tipo de escória?

Outro ponto muito bem explorado pelo divertido roteiro nasce quando o personagem principal tem que driblar as pequenas mentiras que todas as pessoas dizem em seu dia a dia. Como sabemos o trato diário é sim construído através de pequenas - e grandes - mentiras que por educação dizemos todos os dias. Desde o elogio falso, até a justificativa educada mas mentirosa que todos usam para escapar de situações chatas ou que não são de seu interesse. É o que todos chamam de "desculpa esfarrapada", quando por exemplo não queremos encontrar determinadas pessoas e dizemos que "estamos gripados" ou quando não damos uma esmola a um pedinte na rua porque sabemos que muito provavelmente o dinheiro será gasto em bebidas e não em comida ou roupas quentes. Enfim, se você quiser dar algumas boas risadas com várias cenas pra lá de divertidas esse "O Mentiroso" é mais do que indicado. Um filme do tempo em que o Jim Carrey era de fato bem engraçado.

O Mentiroso (Liar Liar, Estados Unidos, 1997) Direção: Tom Shadyac / Roteiro: Paul Guay, Stephen Mazur / Elenco: Jim Carrey, Maura Tierney, Justin Cooper / Sinopse: Advogado tem que só contar a verdade por torturantes 24 horas. Um dos grandes sucessos da carreira do comediante Jim Carrey.

Pablo Aluísio.

Van Helsing

Van Helsing surgiu no romance Drácula em 1897. Como todos sabem ele era é o antagonista do vampiro mais famoso de todos os tempos. Aqui nesse filme o foco muda bastante. Van Helsing (interpretado pelo Wolverine em pessoa, o ator Hugh Jackman) deixa de ser um pesquisador sério, cientista e mestre do ocultismo, para se tornar um tipo de agente secreto do Vaticano. Sua missão é caçar todos os tipos de monstros sobrenaturais que existem sobre a face da Terra. Logo no começo do filme ele enfrenta outro personagem famoso da literatura, o  Mr. Hyde (do livro "O Médico e o Monstro"). Obviamente que o alter-ego maligno do gentil Dr. Jekyll é agora um efeito digital de última geração. Aliás praticamente todos os monstros seguem por esse caminho. A boa noticia é que o roteiro traz à tona uma grande galeria deles, passando por lobisomens, vampiros e até mesmo o monstro de Frankenstein. A trama, se é que podemos chamar assim, mostra os esforços do lendário Conde Vladislaus Dracula (Richard Roxburgh) em dar vida à sua prole usando da mesma tecnologia criada pelo brilhante cientista Dr. Victor Frankenstein. Some-se a isso uma atlética e guerreira cigana  Anna Valerious (Kate Beckinsale, dando um tempo em sua franquia "Anjos da Noite") e você terá bem uma ideia do que se trata esse filme.

Eu me recordo que quando "Van Helsing" foi lançado ele foi bombardeado por uma avalanche de críticas negativas. Muitos qualificaram o filme de ser apenas uma grande bobagem turbinada com efeitos digitais de última geração. De fato não há como negar, "Van Helsing" é mesmo uma daquelas produções que só existem mesmo para explorar os limites dos efeitos de computação gráfica. O roteiro é um tanto quanto bobo e não vale a pena tentar comparar com os grandes filmes de terror do passado. Aliás é bom chamar atenção para o fato de que essa nova versão não proporciona qualquer medo ao espectador já que tudo é tão estilizado e fake que não há qualquer possibilidade de sentir algum calafrio. Na verdade é um produto feito para adolescentes em busca de diversão pipoca e nada mais. O que sobra no final é apenas uma aventura que se utiliza de personagens famosos do mundo do terror para preencher os espaços em branco dessa grande e vazia produção. Mesmo assim procure conhecer se ainda não viu, quem sabe não conseguirá pelo menos uma diversão ligeira no final da tarde.

Van Helsing - O Caçador de Monstros (Van Helsing, Estados Unidos, 2004) Direção: Stephen Sommers / Roteiro: Stephen Sommers / Elenco: Hugh Jackman, Kate Beckinsale, Richard Roxburgh / Sinopse: Van Helsing (Jackman) é um agente do Vaticano que é enviado até a Transilvânia para localizar e matar o terrível Conde Drácula. O problema é que ele não estará só!

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Star Wars: Episódio II - Ataque dos Clones

Dez anos depois dos acontecimentos mostrados no Episódio I a estória de Anakin Skywalker (Hayden Christensen) continua. Ele agora é o jovem aprendiz do Jedi Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor). Após a senadora Amidala (Natalie Portman) sofrer uma tentativa de assassinato os dois são designados para cuidar de sua segurança pessoal. A República sofre uma séria crise, principalmente por causa da formação de uma liga separatista que deseja se desligar da federação interplanetária. O voto da senadora se torna assim um ponto vital naquilo que pode significar o colapso republicano. Enquanto Obi-Wan Kenobi procura descobrir quem realmente deseja matar a jovem senadora, Anakin acaba se envolvendo romanticamente com sua protegida, começando um romance que terá sérias consequências para o futuro do universo. Começa assim "Star Wars - Episódio II - O Ataque dos Clones". Pelo visto George Lucas absorveu todas as criticas que lhe foram feitas no Episódio I e resolveu fazer uma sequência mais redonda, mais eficaz e com menos enrolação e chatice. Infelizmente o que começa de certa forma até promissor logo desanda pois Lucas parece perder o fio da meada da estória que está contando, resolvendo a partir de determinado momento apostar todas as suas fichas em ação incessante e toneladas de efeitos digitais!

Mesmo assim há bons momentos, não há como negar. E como não poderia deixar de ser eles surgem em dois momentos de duelos Jedi: a luta entre Obi-Wan Kenobi e o caçador de recompensas Jango Fett (Temuera Morrison) e a cena final em que o Mestre Yoda enfrenta o Conde Dooku (interpretado pelo sempre ótimo Christopher Lee), um Jedi traidor que começa a jogar politicamente para dar inicio a chamada Guerra dos Clones (o exército separatista é todo formado por clones criados em um distante e isolado planeta que foi devidamente riscado dos arquivos e mapas do universo). Revisto hoje em dia, exatos onze anos depois de seu lançamento, podemos perceber que muitos dos efeitos especiais que deixaram admiradas as plateias da época envelheceram bastante. Alguns personagens são completamente digitais, obviamente muito bem feitos, mas a tecnologia avança a um ritmo tão frenético que eles já não causam mais tanto impacto como antes (para falar a verdade qualquer game mais avançado dos dias atuais consegue rivalizar com o que é visto nesse filme). Já entre os momentos fracos é impossível não citar a quebra de ritmo que surge quando Lucas tenta colocar romance na tela (de forma pouco convincente aliás). O elenco é um pouco irregular. O ator Hayden Christensen, por exemplo, deixa bastante a desejar. A salvação acaba vindo na presença carismática de Natalie Portman. Enfim, é um filme não tão decepcionante quanto o Episódio I mas ainda assim com alguns problemas. Ah e antes que me esqueça: E o Jar Jar Binks?! Sim, ele ainda está lá, como um birra pessoal de Lucas! Vai entender...

Star Wars: Episódio II - Ataque dos Clones (Star Wars: Episode II - Attack of the Clones, Estados Unidos, 2002) Direção: George Lucas / Roteiro: George Lucas / Elenco: Ewan McGregor, Natalie Portman, Hayden Christensen,  Christopher Lee, Samuel L. Jackson, Frank Oz, Ian McDiarmid / Sinopse: Um exército de Clones é criado para destruir as forças da República por separatistas rebeldes. Para deter o avanço deles um grupo de Jedis tenta manter a República a salvo de ataques.

Pablo Aluísio. 

Fronteira

Título no Brasil: Fronteira
Título Original: Frontera
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Magnolia Pictures
Direção: Michael Berry
Roteiro: Michael Berry, Louis Moulinet
Elenco: Ed Harris, Eva Longoria, Michael Peña, Amy Madigan
 
Sinopse:
Roy (Ed Harris) é um xerife aposentado que toca sua propriedade rural no Arizona, localizada bem na fronteira entre Estados Unidos e México. O lugar acaba virando rota de imigrantes ilegais mexicanos que atravessam o deserto em busca de uma vida melhor nas cidades americanas. Durante uma cavalgada a esposa de Roy, Olivia (Amy Madigan), encontra dois mexicanos tentando atravessar a fronteira e resolve lhes ajudar, oferecendo água e um cobertor. Para seu azar um grupo de adolescentes, usando os rifles de seu pai, atiram nos mexicanos, mas acaba assustando o cavalo de Olivia, que cai e bate com a cabeça nas pedras de um riacho seco. O trágico acontecimento desencadeia uma série de eventos de consequências imprevisíveis. Filme vencedor do Women Film Critics Circle Awards.

Comentários:
Muito bom esse filme passado no moderno oeste americano. O roteiro explora o drama dos imigrantes ilegais mexicanos que arriscam suas vidas todos os dias em busca de uma vida melhor nos Estados Unidos. O enredo assim acaba mostrando a vida de dois casais que vivem em lados opostos da fronteira. O casal americano é formado por Roy (Ed Harris) e Olivia (Amy Madigan). Eles possuem uma pequena fazenda na fronteira. É justamente lá que o ex-xerife Roy aproveita sua aposentadoria ao lado da mulher que sempre amou. O casal mexicano é formado por Miguel (Michael Peña) e Paulina (Eva Longoria). Com a esposa grávida e sem trabalho, Miguel resolve fazer a travessia da fronteira em busca de uma vida melhor, passando pelo deserto do Arizona e no meio das terras de Roy. Um trágico acontecimento acaba unido o destino de todos eles.

Um dos bons motivos para se assistir a esse filme é a narrativa que mostra em detalhes os problemas sociais que criam esse tipo de imigração e a exploração dos coiotes, criminosos que vivem de extorquir e explorar a miséria alheia, realizando um verdadeiro tráfico de seres humanos naquela região. Quando a esposa de Roy morre após cair do cavalo a polícia americana logo coloca a culpa nos mexicanos, mas Roy, policial experiente e com muitos anos de investigações nas costas, não fica convencido com a conclusão oficial do xerife e resolve ir atrás, ele mesmo, em busca de respostas. Acaba descobrindo que há muito mais por trás dos acontecimentos, como ele inicialmente desconfiava. O elenco é muito bom e dois membros do elenco se destacam. O primeiro é o sempre ótimo Ed Harris. Ele interpreta esse velho xerife de poucas palavras, mas com muita experiência de vida. Tentando manter sempre sua postura de homem durão ele engole sua dor e vai em busca dos verdadeiros fatos que envolveram a morte de sua esposa de longos anos. O outro destaque vem da atriz Eva Longoria que interpreta Paulina, uma mexicana que tenta atravessar a fronteira com ajuda de coiotes e acaba sofrendo todos os tipos de abusos possíveis, inclusive de natureza sexual. Um retrato cruel, mas sincero, de um drama humano que ocorre todos os dias entre esses dois países, tão próximos e tão diferentes entre si.

Pablo Aluísio.

A Lenda de Beowulf

Uma obra muito interessante onde o diretor Robert Zemeckis resolveu levar a tecnologia de captação de movimento ao extremo. Assim não existem cenas reais na produção mas apenas digitais. Zemeckis e sua equipe usaram o equipamento nos atores durante as encenações e depois as digitalizaram, fazendo todo o processo de finalização dentro do mundo virtual. Obviamente é um processo bem mais barato, pois tudo o que diz respeito ao filme em si (como figurinos, cenários, equipamentos e objetos de cena) foram criados única e exclusivamente dentro do computador. O custo de se fazer algo assim é muito menor do que ao se fazer um filme convencional. Aos atores restou apenas fazer os movimentos pedidos por Zemeckis, muitas vezes usando roupas de borracha especiais, que captavam cada mínimo detalhe de suas "atuações". Por isso não havia câmeras de filmagem no set de "A Lenda de Beowulf", algo realmente revolucionário, que em alguns anos provavelmente vai atingir sua perfeição, sendo possível até mesmo trazer de volta aos cinemas antigos ídolos mortos há muito tempo. Que tal assistir ao novo filme da Marilyn Monroe em 2030? Mas deixemos as especulações de lado, voltemos ao filme.

Beowulf é um poema épico, escrito há séculos, que felizmente chegou até nós. É uma saga de heroísmo, traições e lutas, tudo dentro da tradição dos personagens heroicos, tão presentes nas mitologias da antiguidade. O elenco é acima da média, com destaque para o sempre marcante Anthony Hopkins interpretando o Rei Hrothgar. Aqui cabe uma observação. Embora tenha gostado da ideia do uso da tecnologia digital nesse filme fiquei um pouco incomodado nas cenas em que Hopkins aparecia. Isso porque apesar de todos os avanços não há como negar que há sim uma perda acentuada de expressividade no trabalho dos atores. Em Hopkins isso se tornou bem claro. Em suas cenas tive realmente vontade de que o filme fosse mais ao estilo convencional pois o considero um dos grandes atores do cinema e seu alter-ego digital não conseguiu ser muito convincente. O mesmo já não se pode dizer de Angelina Jolie que sem dúvida ficou muito mais bonita e sensual no pixel do que na vida real. Até mesmo suas curvas foram acentuadas ao máximo, dando uma aerodinâmica que a atriz certamente não tem no mundo real. No geral é um filme que vale a pena, apesar de não ser historicamente fiel ao poema que lhe deu origem (há várias modificações nos personagens e na trama). Mesmo com essas ressalvas vale a recomendação.

A Lenda de Beowulf (Beowulf, Estados Unidos, 2007) Direção: Robert Zemeckis / Roteiro: Neil Gaiman, Roger Avary / Elenco:  Anthony Hopkins, Angelina Jolie,  John Malkovich,  Robin Wright, Crispin Glover, Ray Winstone / Sinopse: Baseado em um secular poema o filme Beowulf explora um mundo de fantasia e heroísmo, habitado por heróis, vilões e monstros.

Pablo Aluísio.