terça-feira, 21 de maio de 2013

Confusões em Família

Antes de mais nada é preciso ignorar o péssimo título nacional desse filme. O nome original é “City Island”, justamente a região onde o personagem principal mora, nos arredores de Nova Iorque, em uma antiga vila de pescadores. Ele é Vince Rizzo (Andy Garcia), um pai de família comum que ganha a vida como agente penitenciário. Casado com Joyce (Julianna Margulies), pai de dois filhos, ele seria como qualquer outro americano da classe trabalhadora daquele país se não fosse por um pequeno detalhe: fã do ator Marlon Brando ele sonha, em segredo, se tornar um ator profissional. Para isso freqüenta às escondidas um curso de teatro em Nova Iorque e se aventura a fazer testes pela cidade em busca de uma oportunidade. Com medo de sofrer reprimendas por parte de sua família, freqüenta as aulas sem falar nada para ninguém. Ao mesmo tempo tem que lidar com um filho adolescente desbocado e rebelde e uma filha, que ele pensa estar indo para a faculdade, mas que na realidade é uma stripper em um clube adulto de New Jersey.

Para piorar ainda mais sua conturbada vida familiar descobre que um dos novos detentos da prisão onde trabalha é seu filho bastardo, fruto de um antigo caso de juventude. Tentando ajudar o rapaz (que não sabe que ele é o seu pai verdadeiro) o leva para casa sob condicional. Não demora muito para aos poucos todos os segredos familiares sejam descobertos. “City Island” é um projeto bem pessoal do ator Andy Garcia que produziu o filme. Aqui ele presta uma homenagem às pessoas que mesmo diante de todas as dificuldades pessoais, familiares, etc não perdem a capacidade de sonhar e ir atrás de seus objetivos. A vida familiar de seu personagem é caótica mas no meio de tudo aquilo ele ainda, muito humildemente, tenta abrir caminho na complicada carreira de ator em Nova Iorque. No elenco um dos maiores destaques vem com a presença da atriz Julianna Margulies. Na série “The Good Wife” ela interpreta uma advogada de muita fibra e classe. Já aqui ela faz uma dona de casa suburbana sem nenhuma sofisticação, em um papel que realça seu grande talento dramático. Assim fica a dica desse pequeno filme que certamente vai agradar a muitos.

Confusões em Família (City Island, Estados Unidos, 2009) Direção: Raymond De Felitta / Roteiro: Raymond De Felitta / Elenco: Andy Garcia, Julianna Margulies, Steven Strait / Sinopse: Pai de família comum sonha em se tornar ator profissional como seu grande ídolo, Marlon Brando, ao mesmo tempo em que tem que lidar com sua família mais do que problemática.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Afinado no Amor

Alguns atores fazem sucesso na carreira e sinceramente não consigo entender a razão. Não tem carisma, não são bons intérpretes, não tem talento. Quando o assunto é humor então o que dizer de um comediante sem graça? É justamente o caso desse Adam Sandler. O sujeito basicamente só sabe fazer um tipo de papel, não é engraçado e nem muito menos talentoso, além de ter uma lista incrível de filmes simplesmente pavorosos no currículo mas.... mesmo assim lá está Sandler, ano após ano, lançando seus abacaxis no cinema. Provavelmente se formou naquela escola de “atores” onde quanto pior, melhor. Egresso da TV, mais precisando do Saturday Night Live, Sandler prova que o público americano de fato não é dos mais inteligentes, sofisticados e nem cultos do planeta, tamanha a atenção que lhe dão em todos os filmes bombas que lança!

Esse aqui foi um de seus primeiros sucessos no cinema. Ele interpreta um cantor de casamentos chamado Robbie que se apaixona pela gracinha Julia (Drew Barrymore). Ela é garçonete e está comprometida para desapontamento de Robbie. Ele por sua vez amarga uma fossa sem fim desde que levou um fora de sua ex-namorada. Dando vexames nos casamentos em que trabalha, por causa da depressão que se abate sobre ele, Robbie começa a ter dificuldades até para arranjar novos eventos. Sua salvação virá mesmo através de Julia, a garota de seus sonhos. Bom, se formos comparar “Afinado no Amor” com algumas porcarias que Sandler fez depois na carreira chegaremos na conclusão que esse é quase um “Cidadão Kane” de sua filmografia! Mesmo assim é bem fraco, muito meloso e apelativo – com a óbvia ajuda de uma trilha sonora escolhida justamente para isso. De bom mesmo apenas a simpática presença de Barrymore que ajuda a passar o tempo. Agora complicado mesmo é suportar o mala do Sandler mas aí vai depender da tolerância de cada um com a canastrice alheia.

Afinado no Amor (The Wedding Singer, Estados Unidos, 1998) Direção: Frank Coraci / Roteiro: Tim Herlihy / Elenco: Adam Sandler, Drew Barrymore, Christine Taylor / Sinopse: Cantor de casamentos de quinta categoria se apaixona por garçonete enquanto tenta curar a dor de cotovelo de um fora colossal que levou. O problema é que a garota está comprometida.

Pablo Aluísio.

Parker

Título no Brasil: Parker
Título Original: Parker
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Taylor Hackford
Roteiro: John J. McLaughlin
Elenco: Jason Statham, Jennifer Lopez, Nick Nolte
  
Sinopse:
Com roteiro baseado no romance policial escrito por Donald E. Westlake, o filme "Parker" conta a estória nada convencional de Johnny Parker (Jason Statham), um criminoso e ladrão profissional de bancos que acaba sendo traído por seu grupo e deixado para morrer em uma estrada. Recuperado da traição que visava lhe matar ele decide retornar para um acerto de contas final e sangrento com todos os que quiseram sua morte. Filme indicado ao World Stunt Awards.

Comentários:
“Parker” é mais um filme de ação estrelado por Jason Statham que foi exibido nos cinemas brasileiros. A bilheteria foi muito boa, diga-se de passagem. Ao contrário de outras fitas de ação de rotina do ator esse aqui traz algumas novidades. A primeira delas – e mais visível – é a presença da atriz e cantora Jennifer Lopez que parece ter deixado as comédias românticas de lado para investir em mais filmes de ação como esse. Por mais incrível que possa parecer até que ela não se sai mal. A trama de Parker é relativamente simples. Baseado nos livros de grande sucesso Flashfire, de autoria do escritor Donald E. Westlake, o filme narra as estórias de Parker (Jason Statham), um ladrão profissional que a despeito de viver à margem da lei segue padrões de comportamento e códigos de ética que determinam que seus serviços devem ser limpos, sem morte ou danos a pessoas inocentes. O problema é que Parker se une a um grupo de assaltantes que não pensam da mesma forma e após um roubo em que tudo vai mal ele é traído, ferido e deixado para morrer no meio da estrada. Recuperado é hora de partir para o acerto de contas. Para conseguir seu objetivo Parker (Statham) resolve colocar então um plano em execução, se disfarçando de texano milionário, com a qual pretende se vingar daqueles que quase o mataram. O diretor que dirige Jason Statham dessa vez é o cineasta Taylor Hackford, profissional talentoso que entre outros filmes dirigiu “Advogado do Diabo”. O problema central que podemos perceber em “Parker” é que Hackford definitivamente não tem muita intimidade com os filmes de ação. Embora “Parker” vá por vários caminhos (é um thriller com pitadas de romance e comédia também) o fato é que em essência essa é uma fita de ação e o diretor comete um pecado mortal nesse tipo de filme: ele perde o pique em vários momentos, deixando a produção cair em um incomodo marasmo. De qualquer forma, no saldo final, fica a boa novidade de ver Jason Statham saindo um pouco de seu habitual, encarando um roteiro diferente (apesar dos furos). Para os fãs do ator certamente será uma boa opção. 

Pablo Aluísio.

A Morte do Demônio

E a onda de remakes continua. A bola da vez agora é “Evil Dead”, um dos clássicos de terror da década de 80. O filme original era quase amador, feito com recursos mínimos mas que caiu no gosto do público por causa de seu estilo cru e hardcore. O tempo passou, aquele jovem que filmou “Evil Dead”, chamado Sam Raimi, virou um sujeito rico e poderoso dentro da indústria e agora surge produzindo esse remake de sua própria obra. Para dirigir contratou outro jovem, tal como ele era na época, o cineasta Fede Alvarez. A trama continua a mesma: grupo de jovens resolve se isolar numa cabana no meio da floresta. Uma das garotas tem problemas com drogas e o local parece ser o adequado para ela superar seu vicio. Também é um lugar pacato, onde todos podem repensar sobre suas vidas. O cheiro de algo apodrecido porém logo chama a atenção deles. Descobrem que o cheiro ruim vem do porão e decidem investigar. Má idéia. Apesar da escuridão encontram vários objetos que parecem ser de feitiçaria e um livro, que não deve ser aberto e nem muito menos lido. Como não poderia deixar de ser é lógico que um deles se interessará pelo tal livro amaldiçoado.

A estranha obra literária acaba sendo aberta e lida por um dos membros do grupo que para piorar ainda evoca sem saber uma entidade maligna milenar, um “devorador de almas” que logo toma de possessão uma das jovens. A partir daí já sabemos bem o que acontece. Apesar do cinema atual ter muito mais recursos do que na época do “Evil Dead” original, o fato é que essa refilmagem não consegue repetir a qualidade do primeiro filme. Para os que já conhecem os filmes de Raimi não há muita serventia em rever tudo de novo sob a ótica de um cineasta novato. Talvez apenas o público mais jovem, que não viu e nem assistiu o primeiro “Evil Dead”, possa sentir algum impacto com o novo filme. Para quem não conhece e nunca viu nenhum “Evil Dead” é bom saber que se trata de um filme de terror sem concessões, sem piadinhas e nem alívios cômicos. É muito violento, barra pesada e cheio de cenas de revirar o estômago. Talvez por isso seja tão cultuado até hoje. Nessa nova versão sentimos bem o pesar do tempo. Acontece que “Evil Dead” foi tão copiado durante todos esses anos que sua estória acabou virando algo banal. Até porque esse enredo do tipo “grupo de jovens em cabana isolada” vem sendo copiado em centenas de produções. De tão usado acabou saturado. De qualquer maneira para os mais jovens, que nunca viram a trilogia original, o filme pode até mesmo funcionar. Claro que nada do que está em cena vai impressionar aos veteranos fãs de filmes de terror, mas para o público neófito a fita pode servir como introdução a esse universo aterrorizante. Para esses então fica a dica: Arrisque uma sessão e boa sorte! 

A Morte do Demônio (Evil Dead, Estados Unidos, 2013) Direção: Fede Alvarez / Roteiro: Fede Alvarez, Rodo Sayagues, baseados no filme “Evil Dead” dirigido e roteirizado por Sam Raimi / Elenco: Jane Levy, Shiloh Fernandez, Lou Taylor Pucci / Sinopse: Grupo de jovens em cabana isolada evoca sem querer a presença de um demônio, devorador de almas, que necessita de cinco almas para fazer o “céu sangrar”. Agora terão que sobreviver à presença da maligna entidade sobrenatural do mal.

Pablo Aluísio.

domingo, 19 de maio de 2013

Nixon

É bem complicado assistir a um filme como esse que, em uma análise mais profunda, foi realizado por um liberal de carteirinha (Oliver Stone) retratando um líder republicano, conservador (o presidente americano Richard Nixon). Não há a isenção e nem a imparcialidade necessárias para se realizar assim uma obra cinematográfica historicamente correta, livre de manipulações. Stone deveria se concentrar mais em aspectos mais periféricos da sociedade americana, como fez brilhantemente com os feridos em guerras (Nascido em 4 de Julho) ou os combatentes deixados ao acaso no meio da selva do Vietnã (como vimos em Platoon). Ao retratar um presidente que particularmente odeia o cineasta perde a compostura, se deixa dominar pela emoção. Esse é sem sombra de dúvida o ponto mais complicado desse filme “Nixon”. Stone despreza o biografado e não tem o menor pudor de esconder isso. Na pele do excelente e talentoso Anthony Hopkins, o ex-presidente americano virou praticamente uma caricatura de si mesmo, chegando ao ponto de até mesmo parecer um ser repulsivo e grotesco, lambendo os lábios, suando em profusão, quase um monstro shakesperiano.

Na verdade Nixon até que não foi um presidente tão ruim como se pensa. Claro que aconteceram fatos lamentáveis em sua trajetória, sendo o mais conhecido o escândalo Watergate, mas de uma maneira geral ele de certa forma tirou os Estados Unidos da lama do Vietnã e reatou laços diplomáticos com inimigos históricos, entre eles a China. Era um político experiente (muito mais do que JFK) e soube conduzir o país muito bem na política internacional. Infelizmente dentro de casa a coisa não foi tão bem sucedida. Tragado por uma burocracia que mal conseguia compreender, Nixon foi crucificado pela invasão a sede do partido democrata, onde homens de sua filiação política teriam ido em busca de informações sobre a campanha adversária. Em uma democracia como a americana isso certamente era algo inadmissível e assim Nixon perdeu não só sua credibilidade mas também sua presidência. Por fim quero destacar o confuso roteiro do filme. Para quem não é particularmente intimo de história americana a película certamente se mostrará confusa, desconexa, com idas e vindas no tempo, deixando o espectador comum simplesmente perdido. Assim Stone erra duplamente, ao enfocar um personagem histórico que simplesmente detesta e ao fazer um filme por demais fragmentário. Prefira assistir “Frost / Nixon” que sem dúvida é uma produção bem mais consistente.

Nixon (Nixon, Estados Unidos, 1995) Direção: Oliver Stone / Roteiro: Stephen J. Rivele, Christopher Wilkinson, Oliver Stone / Elenco: Anthony Hopkins, Joan Allen, Powers Boothe, Ed Harris, Bob Hoskins, E.G. Marshall, David Paymer, David Hyde Pierce, Paul Sorvino, Mary Steenburgen, J.T. Walsh, James Woods, Brian Bedford, Kevin Dunn, Fyvush Finkel, Annabeth Gish, Tom Bower, Tony Goldwyn, Larry Hagman / Sinopse: Cinebiografia do presidente Americano Richard Nixon. Indicado aos Oscars de Melhor Ator (Anthony Hopkin), Melhor Atriz Coadjuvante (Joan Allen), Melhor Trilha Sonora e Melhor Roteiro.

Pablo Aluísio.

sábado, 18 de maio de 2013

Cassino

Embora seja um dos mais talentosos cineastas vivos, com uma rica filmografia, de encher os olhos, Martin Scorsese se saí muito melhor quando explora aspectos de sua própria etnia, de sua própria origem. Nenhum diretor conseguiu até hoje capturar a cultura ítalo-americana como ele. Talvez apenas Francis Ford Coppola (outro descendente de italianos) tenha chegado perto. E sem querer parecer preconceituoso o fato é que não há como falar em descendentes de italianos nos EUA sem falar na máfia. Esse aliás é o ponto central dos melhores filmes dirigidos por Scorsese. “Cassino” é um deles. A trama se passa em Las Vegas, durante a década de 1970. É lá que vive "Ace" Rothstein (Robert De Niro). Ele é gerente de um dos principais cassinos da cidade. Casado com uma ex-prostituta, viciada em cocaína, chamada Ginger McKenna (Sharon Stone), ele tenta colocar ordem no caos que sua vida se transforma. Seu melhor amigo é o baixinho valentão Nicky Santoro (em mais uma inspirada interpretação de Joe Pesci), que tem fortes ligações com a máfia que controla o jogo na cidade.

Como se sabe Vegas foi erguida com o dinheiro da máfia do leste, principalmente Chicago e Nova Iorque. Muitos descendentes de italianos foram para lá para controlar e administrar grandes hotéis e cassinos. Fizeram riqueza mas o ritmo estonteante e alucinado da cidade também cobrou seu preço. Robert De Niro esbanja talento em cena. Sua interpretação não se torna superior a que realizou em “Os Bons Companheiros” (que sempre é comparado com esse “Cassino”) mas mantém um nível excelente. Em termos de elenco quem acaba roubando o show é exatamente Sharon Stone. No auge da beleza ele se despiu de maiores vaidades para personificar uma mulher excessiva, com muita volúpia de experimentar de tudo, inclusive de drogas pesadas. Infiel, brega, desbocada e desnorteada com a própria vida, Stone mostra um excelente domínio dramático de seu personagem. De personalidade fraca ela logo se torna presa fácil de todos os vícios que a cidade tem a oferecer. Scorsese imprimiu um ritmo que lembra a própria Las Vegas e por isso o filme deixa a sensação de ser brilhante, esfuziante, mas também vulgar ao extremo, haja visto o palavreado pesado que sai da boca de seus personagens. Apesar de tudo não há de fato como negar que seja um grande filme no final das contas. Um dos melhores já assinados por Martin Scorsese.

Cassino (Casino, Estados Unidos, 1995) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Nicholas Pileggi, Martin Scorsese / Elenco: Robert De Niro, Sharon Stone, Joe Pesci, James Woods, Frank Vincent, Pasquale Cajano, Kevin Pollak, Don Rickles, Vinny Vella, Alan King, L. Q. Jones, Dick Smothers / Sinopse: Durante a década de 70 um cassino de Las Vegas se torna palco de traições, decepções e muita violência.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Maré Negra

A bióloga marinha e pesquisadora Kate Mathieson (Halle Berry) resolve aceitar a proposta de um milionário para mergulhar ao lado de tubarões brancos na costa da África do Sul. A expedição é obviamente uma temeridade uma vez que tais animais são considerados selvagens e geralmente atacam seres humanos em alto mar. Embora ciente disso a cientista aceita o acordo pois o ricaço quer mergulhar ao lado do filho para conhecer esse monstro dos mares. Inicialmente ela tenta convencer o mergulho com uso de gaiolas mas o seu cliente se torna inflexível pois quer saborear o gosto da aventura de nadar livremente ao lado desses predadores marítimos. Seu turismo ecológico porém sairá completamente do planejado, colocando todos os envolvidos em um sério perigo.

Hollywood realmente não desiste. Esse gênero de filmes sobre tubarões assassinos já está completamente esgotado mas o cinema americano não se cansa de lançar ano após ano novos filmes sobre o mesmo tema. Esse “Maré Negra” até que não é dos piores pois foi salvo por um roteiro que tenta o tempo todo ter os pés no chão (ou na água, como queiram). Os animais mostrados no filme são críveis, nada sobrenaturais (como alguns filmes exploraram recentemente) e investem em uma trama verossímil, embora seu final revele suas verdadeiras pretensões. Tirando Halle Berry não há nenhum ator mais conhecido em cena. As cenas submarinas misturam tubarões digitais com reais, sendo bem realizadas como um todo. Apenas em ataques noturnos das feras a técnica deixa um pouco a desejar. O saldo final é de um filme mediano, embora lidando com um tema que já deu o que tinha de dar.

Maré Negra (Dark Tide, Estados Unidos, 2012) Direção: John Stockwell / Roteiro: Ronnie Christensen, Amy Sorlie / Elenco: Halle Berry, Olivier Martinez, Ralph Brown / Sinopse: Pesquisadora especializada em tubarões brancos na costa da África do Sul decide aceitar a proposta de um milionário para mergulhar sem gaiolas ao lado desses animais selvagens. O turismo ecológico se revelará uma má idéia.

Pablo Aluísio.

O Último Exorcismo 2

O primeiro “O Último Exorcismo” (que curiosamente não foi o último!) era um mockumentary que reciclava antigos filmes de terror (a referencia mais óbvia era “O Exorcista”) que acabou caindo nas graças do grande público, rendendo uma bilheteria muito boa para seu orçamento modesto. Na época de seu lançamento chamei a atenção para o fato do material promocional do filme ser muito bem feito – com imagens nos cartazes que jamais fizeram parte do filme em si. Como em Hollywood não se perde a chance de ir atrás de boas bilheterias o filme agora rende essa continuação. Curiosamente o formato do primeiro filme é deixado de lado. Agora os produtores optaram por uma narrativa mais tradicional. O roteiro como não poderia deixar de ser é cheio de furos e não explica como a garota sobreviveu ao final do filme anterior. Clímax aliás que foi severamente criticado em seu lançamento por ser muito exagerado e sem noção. Depois de tudo aquilo que aconteceu é muito complicado aceitar uma continuação na estória, afinal tudo parecia soar como definitivo.

Assim como acontecia no filme “O Exorcista” aqui a protagonista também é uma jovem que é atormentada por um demônio (e imitando os passos do filme clássico também temos aqui uma entidade do mal que atende por um nome bizarro, Abalam). Pois bem, o filme começa mostrando a jovem Nell (Ashley Bell), que após os acontecimentos do primeiro filme tenta reconstruir sua vida. Ela é enviada para um abrigo de jovens e começa a ter uma nova perspectiva de vida, levando uma vida normal, longe da visão fatalista religiosa em que cresceu. Sua vida caminha relativamente bem, e ela pela primeira vez experimenta uma existência normal quando do nada recomeçam as manifestações demoníacas. A partir daí o filme mostra toda a sua fragilidade. O roteiro é um festival de clichês sem nenhuma originalidade. O uso de recursos fáceis para assustar o público também mostra o esgotamento do filão. De certa forma esse filme me lembrou bastante de “O Exorcista 2” outra produção que não tinha mais o que contar pois esse é o tipo de enredo que só admite uma adaptação para o cinema pois a estória se fecha em si mesmo, não havendo qualquer justificativa para uma continuação, a não ser render uns trocados a mais nas bilheterias. Melhor ignorar.

O Último Exorcismo 2 (The Last Exorcism 2: The Beginning of the End, Estados Unidos, 2013) Direção: Ed Gass-Donnelly / Roteiro: Damien Chazelle, Ed Gass-Donnelly / Elenco: Ashley Bell, Andrew Sensenig, Spencer Treat Clark, Judd Lormand, Raeden Greer / Sinopse: A garota Nell (Ashley Bell) volta a ser atormentada por manifestações demoníacas. Continuação de “O Último Exorcismo”.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

O Reino

Talvez o público não agüente mais falar nas intervenções americanas no Oriente Médio ou talvez o roteiro maniqueísta e manipulador tenha ultrapassado o limite do bom senso, não se sabe ao certo, mas o fato desse filme ter sido tão pouco visto talvez demonstre o esgotamento e saturação do tema no cinema. Afinal se todos os dias vemos na TV os equívocos americanos nos países árabes porque pagaríamos para ver a mesma coisa no cinema? O enredo mostra os esforços do agente do FBI Ronald Fluery (Jamie Foxx) em investigar um grave atentado promovido contra cidadãos americanos no Oriente Médio. Atuando em outro país, tendo que lidar com outra cultura e leis, o obstinado agente federal não mede esforços para chegar nos verdadeiros culpados dos atos terroristas. Jamie Foxx teve aqui a chance de demonstrar aos estúdios que poderia arcar com a responsabilidade de estrelar um sucesso, baseado apenas em sua presença do elenco, sem qualquer outro nome por trás. Infelizmente não deu muito certo pois o filme foi mal nas bilheterias.

Atribuo isso ao roteiro que não se exime de passar ao espectador uma visão muito preconceituosa, diria até mesmo racista, contra os árabes em geral. Os agentes americanos em ação, por exemplo, não procuram se dar ao trabalho de conhecer as leis e a cultura do país onde atuam. Passam por cima de tudo com a truculência que lhes é habitual. Além disso cometem o grave erro de generalizar a situação, a ponto de tornar qualquer um suspeito, pelo simples fato de ser árabe. De certa forma o filme não parece estar preocupado em discutir os grandes temas que envolvem as intervenções militares americanas naqueles países. Ao invés disso investe em cenas de ação, nem sempre com bons resultados. Sendo assim o filme acaba virando um belo retrato da forma como muitos americanos encaram esses conflitos. Para eles os terroristas estão em todas as partes e praticamente todos os árabes são suspeitos em potencial. No final da exibição a única certeza que tiramos é que de fato os americanos não parecem ter a menor noção da raiz dos problemas políticos e sociais do Oriente Médio.

O Reino (The Kingdom, Estados Unidos, 2007) Direção: Peter Berg / Roteiro: Matthew Michael Carnahan / Elenco: Jamie Foxx, Jennifer Garner, Jason Bateman, Chris Cooper, Andrew Espósito / Sinopse: Agente federal do FBI investiga um atentado terrorista contra americanos em um distante país árabe.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Se Beber Não Case

É bem complicado entender o gosto do grande público. Algumas superproduções acabam não fazendo sucesso nenhum enquanto outros filmes que ninguém apostava se tornam grandes sucessos de bilheteria. Esse último caso parece ser o de “Se Beber Não Case”, comédia que chegou aos cinemas sem nenhum alarde e começou a crescer assim que se espalhou a chamada “propaganda boca a boca”. Agora complicado mesmo é entender o que tanta gente viu de especial nessa comédia. A estória se passa em Las Vegas, a cidade do pecado, no dia seguinte a uma despedida de solteiro que ao que tudo indica saiu do controle. São três amigos, que seriam os padrinhos de casamento do noivo mas que acabam acordando com uma tremenda ressaca em um quarto de hotel da cidade. Para piorar eles não tem a menor idéia do que aconteceu na noite anterior.

O roteiro assim começa a desvendar os acontecimentos, seguindo determinadas “pistas” que vão surgindo pelo caminho, inclusive com a presença de um tigre, isso mesmo, um tigre do boxeador Mike Tyson. Em minha opinião são dois os problemas básicos de “Se Beber Não Case”. O primeiro e mais evidente é o fato de ser uma comédia de uma piada só. Os caras beberam além da conta, ficaram chapados e amanhecem arrasados, tentando entender o que aconteceu. E é só isso o que acontece. O segundo problema do filme é seu ritmo irregular, que perde o timing necessário para comédias desse estilo. Basta lembrar de “A Última Festa de Solteiro”, clássico do humor dos anos 80, para perceber isso. De positivo apenas a sempre divertida presença do ator Zach Galifianakis. Fora isso nada mais digno de nota – a não ser que você ache realmente engraçado ficar por quase duas horas vendo um bando de marmanjos de ressaca!

Se Beber Não Case (The Hangover, Estados Unidos, 2009) Direção: Todd Phillips / Roteiro: Jon Lucas, Scott Moore / Elenco:  Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis, Justin Bartha, Heather Graham, Mike Tyson / Sinopse: Um grupo de caras acordam com uma grande ressaca em Las Vegas. Eles não lembram exatamente o que aconteceu na noite anterior e começam a se surpreender com o que encontram no quarto de hotel onde estão.

Pablo Aluísio.

Recontagem

Provavelmente muita gente que acompanha política internacional se recorda dos problemas envolvendo a disputa presidencial americana durante as eleições de 2000 entre George W. Bush e Al Gore. Na época houve uma disputa acirrada entre os dois candidatos, praticamente lutando voto a voto. Depois das urnas terem sido cerradas começou um grande impasse no estado da Flórida após se descobrir que as cédulas de votação eram confusas, complicadas de se votar e completamente ultrapassadas em sua técnica. Pois é, a nação mais desenvolvida e tecnológica do planeta ainda faz eleição com votos de papel, onde o eleitor tem que fazer vários furinhos para escolher seus candidatos preferidos. Na Flórida a situação ainda era pior porque grande parte do eleitorado era composta de pessoas idosas que não conseguiam compreender o sistema adotado de votação. Muitos eleitores se confundiram ou não conseguiram fazer os tais furinhos nas cédulas. O que se seguiu foi uma verdadeira guerra jurídica entre Republicanos e Democratas, pois o vencedor na Flórida seria também o novo presidente dos Estados Unidos.

E é justamente em cima desse quadro caótico que o filme “Recontagem” se passa. Kevin Spacey, ótimo como sempre, interpreta Ron Klain, o advogado do Partido Democrata que tentará de todas as formas promover uma recontagem dos votos da Flórida. Já Tom Wilkinson vive o advogado do Partido Republicano, James Baker, que tentará impedir esse procedimento. Na época me recordo muito bem desse impasse, que não saiu dos noticiários. De fato foi bem constrangedor perceber como o sistema eleitoral dos Estados Unidos era falho, arcaico e propenso a ter inúmeros erros. Nesse quesito o Brasil com suas urnas eletrônicas está muitos anos a frente dos americanos. Em relação ao filme em si o recomendo apenas para quem gosta de acompanhar os bastidores da política de uma das maiores eleições do planeta – aquela que escolhe o presidente americano. Embora seja um filme que todos saibam o final (George W. Bush se sagrou vitorioso) o fato é que “Recontagem” se torna muito instrutivo por apresentar as manipulações que certamente surgem em situações onde o poder supremo de uma nação está em jogo. Nesse quadro não há vilões e nem mocinhos mas apenas interesses, muitos deles acima dos ideais de democracia e verdade.

Recontagem (Recount, Estados Unidos, 2008) Direção: Jay Roach / Roteiro: Danny Strong / Elenco: Kevin Spacey,  Tom Wilkinson, Laura Dern, John Hurt, Bruce Altman, Bob Balaban, Ed Begley Jr / Sinopse: Durante as eleições presidenciais de 2000 um erro no sistema eleitoral da Flórida coloca em um grande impasse a escolha do novo presidente dos Estados Unidos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Diamante de Sangue

“Diamante de Sangue” expõe uma das maiores contradições do continente africano. Ao mesmo tempo em que possui algumas das maiores riquezas naturais do mundo é também o lugar mais miserável do planeta. O filme se passa em Serra Leoa e mostra essa dura realidade. Leonard DiCaprio interpreta Danny Archer, um sul-africano que se tornou contrabandista de diamantes. Seu objetivo é colocar as mãos em um raríssimo exemplar cor-de-rosa. Para isso ele conta com a ajuda de um nativo, o negro Solomon Vandy (Djimon Hounsou). Enquanto o Archer quer o precioso diamante para vender no mercado negro e assim ganhar uma fortuna, Vandy só deseja mesmo ajudar sua numerosa família. Já a jornalista americana Maddy Bowen (Jennifer Connelly) cruza o caminho de ambos com a intenção de escrever sobre o que ocorre em Serra Leoa antes que essas preciosas pedras entrem no mercado europeu e americano, onde serão negociadas por verdadeiras fortunas, sendo expostas em luxuosas lojas de jóias raras e finas.

Como disse certa vez um famoso economista: “Não existe almoço grátis no capitalismo”. De fato, mal sabem as mulheres o que se esconde por trás daquele anel de diamante dado por namorados ou maridos. O próprio nome “diamante de Sangue” é perfeito para definir os descaminhos que essas pedras cruzam desde o momento em que são descobertas em minas na África até o momento em que viram finos presentes de romances açucarados em países de primeiro mundo. Guerras, conflitos, exploração do trabalho humano, degradação, mortes... o filme tenta expor esse quadro, muitas vezes adotando um tom quase documental, outras vezes adotando as regras do entretenimento puramente Hollywoodiano. O resultado se mostra a meio caminho da plena conscientização das platéias e a mera diversão para as fãs de Leonardo DiCaprio, que de certa forma havia perdido um pouco o tom certo de sua carreira após o megasucesso de Titanic. Aqui felizmente ele volta a ser o que sempre foi em minha opinião, um ator talentoso e envolvido em projetos realmente relevantes.

Diamante de Sangue (Blood Diamond, Estados Unidos, 2006) Direção: Edward Zwick / Roteiro: Charles Leavitt / Elenco: Leonardo DiCaprio, Jennifer Connelly, Stephen Collins, Benu Mabhena, Ntare Mwine, Djimon Hounsou, David Harewood / Sinopse: Um contrabandista branco de diamantes e um nativo negro tentam colocar as mãos em um raro diamante cor-de-rosa em Serra Leoa durante a década de 90. Ao lado deles uma jornalista tenta documentar tudo para escrever sobre o caminho que essas pedras preciosas percorrem antes de chegar ao mercado dos países ricos. Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Ator para Leonardo DiCaprio.

Pablo Aluísio.

Braddock 3 - O Resgate

O filme começa na queda de Saigon em 1975. Enquanto os últimos militares americanos tratam de evacuar o local o  Coronel James Braddock (Chuck Norris) tenta encontrar sua esposa, uma vietnamita que trabalha como intérprete na embaixada americana, naquele momento já completamente cercada por uma multidão de refugiados que tentam entrar de todo jeito no prédio. Mesmo com a ameaça Braddock resolve ir atrás de sua mulher a procurando pelas ruas da cidade mas tudo acaba saindo errado e ele pensa erroneamente que ela está morta. Passam-se os anos e Braddock agora vive nos EUA quando é procurado por um reverendo católico que mantém um lar para crianças órfãs em Saigon. O religioso pretende comunicar ao militar americano que ao contrário do que ele pensa sua esposa ainda vive no Vietnã e não é só – ela também tem um filho que afirma ser de Braddock. Chocado com a noticia ele decide voltar às selvas do Vietnã para resgatar sua esposa e filho da ditadura comunista brutal que impera no país. Chegando lá porém acaba sendo aprisionado por um sádico militar do exército do Vietnã, o General Quoc (Aki Aleong), que agora deseja se vingar de tudo o que aconteceu na guerra.

“Bradock 3 – O Resgate” foi dirigido pelo irmão mais jovem de Chuck Norris, Aaron Norris. O roteiro também é do próprio Chuck Norris que aqui quis denunciar a situação de filhos de militares americanos que ainda vivem no país asiático, muitas vezes sofrendo de preconceito por serem mestiços do invasor estrangeiro. Tudo bem intencionado mas é óbvio que se tratando de um filme com Chuck Norris da década de 80 o enfoque se concentra mesmo na mais pura ação! É curioso porque Norris não se acanha e recicla os mais variados clichês de outros filmes de ação famosos da época. Há uma cena de tortura que lembra bastante Rambo II inclusive. O clímax também me fez lembrar de “Comando Para Matar” quando apenas um homem consegue vencer todo um exército, colocando tudo abaixo por onde passa. Mas o interessante é que mesmo sendo muito derivativo de outras produções da década de 80, “Braddock 3” não é tão ruim como muitos dizem por aí. O filme é ágil, tem boas cenas de lutas e explosões e é um filme tipicamente de Chuck Norris na produtora Cannon Group. A única diferença mais substancial é o fato do coronel ter que lidar com um jovem que é seu filho – o que até gera alguns momentos bem piegas. No saldo final porém a verdade é que “Braddock 3” diverte os fãs de Chuck Norris. O filme entrega exatamente aquilo que se espera dele.

Braddock 3 – O Resgate (Braddock: Missing in Action III, Estados Unidos, 1988) Direção: Aaron Norris / Roteiro: Chuck Norris, Steve Bing, James Bruner / Elenco: Chuck Norris, Aki Aleong, Roland Harrah III / Sinopse: O Coronel James Braddock (Chuck Norris) volta ao Vietnã para resgatar sua esposa e seu filho, que ficaram para trás após a saída do exército americano na região em 1975.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Penetras Bons de Bico

Algumas comédias se notabilizam pela simplicidade. Idéias simples que acabam dando muito certo, geralmente rendendo enredos divertidos e agradáveis sem qualquer pretensão. E quando encontram os atores certos então tudo saiu maravilhosamente bem. Foi justamente o caso desse “Penetras Bons de Bico”, um filme despretensioso, com uma idéia muito simples por trás do argumento que caiu no gosto do público, rendendo uma excelente bilheteria. Credito esse sucesso em particular ao ótimo dueto de atores, Owen Wilson e Vince Vaughn. Convenhamos os dois são ótimos nesse tipo de papel, a do sujeito muito cara de pau que só pensa mesmo em se dar bem, conquistando o maior número de gatas disponíveis para depois cair fora rasteiramente. Machismo? Bom, algumas mulheres podem até mesmo se sentir ofendidas pelas “táticas” aplicadas pelos dois cafajestes mas no final também se renderão ao ótimo bom humor que permeia toda a estória.

E afinal do que se trata o filme? John e Jeremy (Owen Wilson e Vince Vaughn, respectivamente) são dois caras que querem se dar bem com as mulheres. Entre as técnicas mais utilizadas por eles está a paquera de mulheres solteiras em casamentos. Afinal elas ficam muito sensibilizadas nesse tipo de evento. Se tornam presas fáceis. Como praticamente nunca são convidados para essas festas resolvem entrar de penetras mesmo, com a maior cara de pau possível, geralmente se fazendo passar por parentes distantes que afinal ninguém se lembra. Obviamente a última coisa que passa por suas cabeças é assumir qualquer tipo de compromisso com essas garotas. Tudo gira apenas em torno da diversão completamente descompromissada. O filme é isso, uma sucessão de festas de casamento onde os dois vão entrando sem convites, apenas com a lábia. Conquistando uma garota aqui, outra acolá, eles geralmente acabam sumindo no dia seguinte, sem deixar qualquer rastro, é claro! Recentemente Vince Vaughn esteve no programa de Ellen DeGeneres para anunciar a nova parceria com o mesmo Owen Wilson. O novo filme se chamará no Brasil “Os Estagiários” e contará a estória de dois caras que vão estagiar no Google! Espero que seja tão divertido como esse filme aqui!

Penetras Bons de Bico (Wedding Crashers, Estados Unidos, 2005) Direção: David Dobkin / Roteiro: Steve Faber, Bob Fisher / Elenco: Owen Wilson, Vince Vaughn, Rachel McAdams, Camille Anderson, Diora Baird, Will Ferrell, Jane Seymour / Sinopse: Dois caras de pau entram em todas as festas sem convites, como penetras, para conquistar as garotas solteiras dos casamentos.

Pablo Aluísio. 

A Liga Extraordinária

Alan Moore não tem mesmo sorte nas adaptações de suas obras para o cinema. Geralmente ele fica tão aborrecido com tudo, que sai de sua reclusão para reclamar do resultado e pedir que seu nome seja retirado dos créditos dos filmes (algo que nunca dá certo pois os produtores sabem que seu nome também ajuda na promoção, gerando melhores bilheterias). Uma de suas obras mais violentadas foi justamente esse “A Liga Extraordinária”, que na arte dos quadrinhos funcionou maravilhosamente bem, se tornando um clássico do gênero, mas que no cinema só resultou em desapontamento e decepção. O enredo original era muito bem bolado e trabalhado. Moore reuniu vários grandes personagens de clássicos da literatura e os colocou a serviço de apenas uma estória. Assim estão lá  Allan Quatermain,  Capitão Nemo, Dorian Gray (da obra de Oscar Wilde), Mina Harker (de Drácula),  Dr. Henry Jekyll e Edward Hyde. O interessante é que como praticamente todos esses livros já estão em domínio público Alan Moore pode usar todos esses famosos personagens sem pagar verdadeiras fortunas em direitos autorais. Uma jogada de mestre, tanto do ponto de vista de sua imaginação quanto comercial.

Já nas telas de cinema o desastre foi quase completo. Os personagens foram manipulados dentro do roteiro, alguns que não tinham importância dentro da trama foram alçados a protagonistas por causa da celebridade dos atores que os interpretavam, como foi o caso de Sean Connery e seu Allan Quatermain. Para agradar aos americanos alguns personagens da literatura dos Estados Unidos foram adicionados ao filme, sob completa revelia de Alan Moore. A direção de arte do filme se tornou excessiva, feita para impressionar o público. O problema é que o uso sem limites dos efeitos digitais acabou descaracterizando a trama original que era muito mais centrada na inteligência dos personagens. Assim ao invés de assistirmos a uma intrigada trama de suspense ficamos a ver Mr Hyde dando uma de Hulk digital pelos céus de uma Londres de Pixel. Nada animador. Com tantos erros o filme acabou indo muito mal de bilheteria. Sua recepção foi tão ruim que Sean Connery, ao que tudo indica, encerrou sua carreira no cinema. Espero que ele volte algum dia pois não fica nada bonito ter algo como “A Liga Extraordinária” como seu filme de despedida, ainda mais em seu caso com tantas obras maravilhosas de que participou ao longo da carreira.

A Liga Extraordinária (The League of Extraordinary Gentlemen, Estados Unidos, 2003) Direção: Stephen Norrington / Roteiro: James Dale Robinson, baseado na obra de Alan Moore e Kevin O'Neill / Elenco: Sean Connery, Peta Wilson, Stuart Townsend / Sinopse: uma galeria de personagens famosos da literatura inglesa e americana se unem para combater um grande perigo para a humanidade.

Pablo Aluísio.