sábado, 16 de fevereiro de 2013

Armageddon

Ontem um meteoro passou raspando pela Terra e outro (sem ligação com o anterior) cruzou os céus da Rússia causando vários transtornos para a população local (com vários feridos mas, graças a Deus, sem vítimas fatais). Isso me lembrou de “Armageddon”, uma bobagem dirigida por Michael Bay. Bom, esse é aquele tipo de diretor que ninguém leva à sério, rei dos filmes chicletes ao lado de James Cameron (o mentor desse tipo de cineasta) e o terrível Roland Emmerich. Eu gosto de me referir a esse trio como a turma do algodão doce porque todos os seus filmes (sem exceções) são obras vazias, sem conteúdo nenhum, criadas para arrecadarem muita bilheteria em cinemas de shopping center e mais nada. Como um algodão doce que compramos em eventos festivos, os filmes desses diretores são bonitos de se ver, coloridos, mas não alimentam em nada. Um exemplo é justamente esse “Armageddon” de Michael Bay, que só não consegue ser pior do que Emmerich com suas bobagens em série. Claro que cientificamente “Armageddon” é uma grande besteira mas se você estiver procurando apenas por uma diversão escapista, descartável, pode até ser que lhe sirva para alguma coisa.

Na trama acompanhamos a chegada de um asteróide ao nosso planeta. Diante da certeza da colisão um diretor da NASA (Billy Bob Thornton, simplesmente ridículo como cientista) resolve elaborar um grande plano para deter a destruição que o impacto causará ao chegar na Terra. Assim ele agrupa uma série de profissionais que considera os ideais para a missão, entre eles um perfurador de poços de petróleo (Bruce Willis, pagando mico). Como todo bom blockbuster chiclete esse também tem um romance de araque para o caso de haver mulheres na platéia. O casinho aqui é entre o canastrão Ben Affleck e a gatinha Liv Tyler (na época sensação da juventude mas hoje em dia praticamente sumida do cinema). O plano é simples, interceptar o asteróide, implantar uma arma nuclear nele e explodir tudo, cessando assim o perigo para a existência da humanidade tal como a conhecemos. E como reza a cartilha da turma do algodão doce temos muitos e muitos efeitos especiais, toneladas deles, de todos os tipos, para distrair o espectador da falta de roteiro da produção. É o tipo de filme que faz sucesso mesmo em cinemas de shopping center, tudo muito sem consistência ou importância. Descartável ao extremo, assista e jogue fora. Para Michael Bay o filme deve ter sido uma catarse pois ele pode desenvolver todos os seus cacoetes que fazem em conjunto seu cinema chiclete. Já para o cinéfilo que procura por bons filmes “Armageddon” vai soar mesmo como um meteoro caindo em sua cabeça.

Armageddon (Armageddon, Estados Unidos, 1998) Direção: Michael Bay / Roteiro: J. J. Abrams, Jonathan Hensleigh, Tony Gilroy, Shane Salermo, Robert Roy Pool / Elenco: Bruce Willis, Billy Bob Thornton, Ben Affleck, Liv Tyler, Will Patton, Steve Buscemi, William Fichtner, Owen Wilson, Michael Clarke Duncan / Sinopse: Para deter um impacto de um asteróide no Planeta Terra a NASA convoca um grupo de homens para destruir a rocha no espaço antes que ela se espatife em nosso Planeta. Indicado aos Oscars de Edição de Efeitos Sonoros, Efeitos Visuais, Canção Original (I Don't Want to Miss A Thing) e Som. Vencedor do Framboesa de Ouro nas categorias de Pior Ator (Bruce Willis), Pior Direção, Pior Canção Original (I Don't Want to Miss A Thing), Pior Filme, Pior Casal em Cena, Pior Roteiro e Pior Atriz Coadjuvante (Liv Tyler).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Um Jantar Para Idiotas

É aquele tipo de comédia que você vai assistir sem expectativa nenhuma. O filme é aquela coisa toda de comédia americana mas tem algumas peculiaridades interessantes. De certa forma o personagem do Steve Carell me lembrou muito os papéis que Jerry Lewis fazia nas décadas de 1950 e 1960. São ambos idiotas (no sentido mais ameno do termo) que possuem uma certa ternura, uma inocência em relação ao mundo que os tornam cativantes e carismáticos. Entre eles o que mais se destaca é o interpretado pelo ator e comediante Zach Galifianakis (de "Se Beber Não Case"). Seu modo completamente estúpido de ser logo se torna destaque no meio daquela coleção de personagens bizarros. Ele não faz força para ser engraçado, na realidade me lembrou muito uma frase do Chaplin que dizia que o sucesso para fazer rir era parecer o mais sério e natural possível. O Zach tem muito disso, ele não faz graça de forma alarmante como um Jim Carrey, por exemplo, mas sim o extremo oposto disso, geralmente apenas surgindo em cena, o que basta para ficar engraçado.

O enredo é dos mais simplórios. Tim (Paul Rudd) é um profissional tentando vencer na vida que acaba sendo designado para organizar o chamado “Jantar Para Idiotas”, um evento onde ele deverá convidar as mais estranhas e bizarras personalidades para servirem de entretenimento e diversão para ricaços entediados. Até aí nada demais, há cenas realmente engraçadas e outras que simplesmente não funcionam. O enredo se passa quase que inteiramente no tal jantar e os humoristas vão se sucedendo na tentativa de fazer rir o espectador. A trilha sonora é excepcionalmente boa - tem até The Beatles, imagine você! - mas tirando isso (e algumas coisas que realmente me fizeram rir) o filme é apenas ok. O ator Paul Rudd, por exemplo, segue com sua sina de "ator escada" para os comediantes. Sorte dele já que sozinho provavelmente não funcionaria. O filme é isso, uma comédia bem despretensiosa, se você não esperar muito pode até quem sabe dar algumas risadas com ela. PS: Antes que me esqueça, os ratinhos são um charme!

Um Jantar Para Idiotas (Dinner for Schmucks, Estados Unidos, 2010) Direção: Jay Roach / Roteiro: Andy Borowitz, David Guion, Michael Handelman / Elenco: Steve Carell, Paul Rudd, Zach Galifianakis, Jemaine Clement, Jeff Dunham, Bruce Greenwood, Ron Livingston, Stephanie Szostak / Sinopse: Tim (Paul Rudd) é um bem sucedido empresário que acaba sendo designado para organizar o chamado “Jantar Para Idiotas”, um evento onde ele deverá convidar as mais estranhas e bizarras personalidades para servirem de entretenimento e diversão para ricaços entediados.

Pablo Aluísio.

Doce de Mãe

Título no Brasil: Doce de Mãe
Título Original: Doce de Mãe
Ano de Produção: 2012
País: Brasil
Estúdio: Globo Filmes
Direção:  Ana Luiza Azevedo, Jorge Furtado
Roteiro: Ana Luiza Azevedo, Miguel da Costa Franco
Elenco: Fernanda Montenegro, Marco Ricca, Mariana Lima, Louise Cardoso, Matheus Nachtergaele, Daniel de Oliveira 

Sinopse: Fernanda Montenegro faz o papel de dona Picucha, uma senhorinha de 85 anos que vai levando sua vida muito bem. Viúva há décadas e morando ao lado de sua empregada fiel, amiga de todas as horas, ela decide ajudar um jovem rapaz que está passando por muitos problemas em sua vida. Sua vida bucólica e pacata começa a mudar quando sua empregada decide se casar. Seus filhos acham que ela não poderá mais morar sozinha depois que a empregada se for, então começam a discutir com quem Dona Picucha deve morar a partir de então.

Comentários:
A Globo vai exibir esse simpático "Doce de Mãe" hoje na Sessão da Tarde como uma homenagem singela ao talento da grande atriz Fernanda Montenegro. Eu costumo dizer que o Brasil possui grandes atores e atrizes, o que falta muitas vezes mesmo é material de qualidade para tantas pessoas talentosas. Afinal fazer novela pode ser financeiramente interessante mas não podemos dizer o mesmo sob o aspecto puramente cultural. Esse "Doce de Mãe" é um bom filme, leve, diria até despretensioso mas funciona muito bem graças à presença muito especial de Fernanda Montenegro. Aliás esse papel lhe valeu pela primeira vez o Emmy, o Oscar da TV americana, o que não é pouca coisa. Modesta, Fernanda não quis fazer grande alarde sobre a premiação, o que vai bem de encontro à sua personalidade. Amenizou tudo afirmando: "Eu, às vezes, acho que sou uma velhinha maluca. Todo velho tem uma zona de 'maluqueira', eu acho". Modéstia pura, claro, já que Fernanda Montenegro é uma das grandes damas da dramaturgia brasileira, um mito em sua profissão. Assim não deixe de prestigiar a atriz hoje, conferindo esse simpático filme que mostra o cotidiano das famílias brasileiras, algo que conhecemos tão bem!

Pablo Aluísio.

Cowboys do Espaço

Aposentadoria é uma palavra que definitivamente não faz parte do vocabulário de Clint Eastwood. Sempre ativo e atuante, lançando novos filmes todos os anos, o velho astro não dá sinais de que vá se aposentar um dia, isso apesar de sua idade avançada. O que não significa que não possa brincar com esse fato nas telas. Clint parece se divertir com o fato de que mesmo na terceira idade ainda é mais produtivo e trabalhador do que muito garotão por aí. Um exemplo do bom humor do diretor e ator pode ser conferido nesse simpático “Cowboys do Espaço” cujo roteiro está recheado de piadinhas com a idade não só de Clint mas de todo seu elenco de apoio, formado por veteranos como James Garner, Tommy Lee Jones e Donald Sutherland. O enredo também brinca com o fato de mandar todos esses senhores idosos ao espaço para uma missão especial da NASA. Acontece que um velho satélite da agência espacial apresenta graves problemas, podendo inclusive cair na Terra. Como se trata de uma tecnologia obsoleta, desconhecida dos jovens astronautas na ativa, a NASA resolve convocar os profissionais do espaço da época em que o satélite foi lançado, uma vez que apenas eles podem consertar o artefato. Inverossímil? Inicialmente sim mas por uma dose de sorte na mesma época em que o filme chegava aos cinemas a agência espacial americana anunciava a ida do mais velho astronauta de volta ao espaço, o americano John Glenn. O fato real acabou gerando grande publicidade grátis ao filme pois a missão da NASA ganhou todas as principais manchetes de notícias ao redor do mundo. Apesar disso o filme não conseguiu se tornar exatamente um sucesso de bilheteria.

Anos depois, em entrevistas, Clint Eastwood esclareceu que o projeto inicialmente contava com Jack Nicholson e Sean Connery como primeiras opções para os personagens mas eles, por um motivo ou outro, declinaram do convite. Nicholson alegou que já havia interpretado um astronauta veterano em “Laços de Ternura” e por isso não queria de certa forma repetir aquele tipo de personagem. Já Connery estava muito aborrecido com a Warner por causa de problemas contratuais de filmes anteriores. De fato Sean se aposentaria pouco depois com o fiasco de bilheteria de “A Liga Extraordinária”. De qualquer modo, apesar de não ser um filme brilhante, “Cowboys do Espaço” é simpático e bem realizado dentro de sua proposta inicial – que é unir comédia e aventura em um só filme. Alguns críticos acusaram a produção de ser uma mera cópia de filmes do passado como “Os Eleitos” mas esse tipo de colocação não tem muito sentido. Clint em momento algum quis realizar um épico sobre a corrida espacial, pelo contrário, sua intenção foi mesmo apenas brincar com sua idade ao lado de seus colegas veteranos do cinema. Olhando por esse lado não há como desgostar desse filme. Não é o melhor do diretor, passa longe disso, mas nem só de obras primas vivem os grandes cineastas. Dentro da categoria “diversão descompromissada” esse “Cowboys dos Espaço” já está bom demais.

Cowboys do Espaço (Space Cowboy, Estados Unidos, 2000) Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Ken Kaufman, Howard Klausner / Elenco: Clint Eastwood, Tommy Lee Jones, Donald Sutherland, James Garner, Lee Majors, Rade Serbedzija / Sinopse: Um velho satélite da NASA apresenta graves problemas, podendo inclusive cair na Terra. Como se trata de uma tecnologia obsoleta, desconhecida dos jovens astronautas na ativa, a agência espacial americana resolve convocar os profissionais do espaço da época em que o satélite foi lançado, uma vez que apenas eles podem consertar o artefato. Mesmo na terceira idade eles aceitam a missão de voltar ao espaço!

Pablo Aluísio.

A Profecia

A figura do Anticristo sempre foi muito explorada pelo cinema americano. Um das produções mais famosas sobre esse misterioso personagem foi “A Profecia”, um clássico dos filmes de terror e suspense. O enredo narra a estória de um diplomata americano (Gregory Peck, sempre ótimo) que ao lado de sua esposa aguarda com ansiedade o nascimento de seu primeiro filho. Durante o parto porém as coisas não saem bem e a criança morre. Para não abalar sua mulher ele acaba tomando uma decisão extrema: adota uma criança às pressas, um recém-nascido de origem completamente desconhecida. No começo sua idéia dá bons frutos pois a criança cresce forte e sadia porém quando completa uma certa idade começa a manifestar estranhos poderes paranormais que irão mudar o rumo e o destino de toda a sua família. É mais do que curioso o enredo dessa produção pois o garoto, o simpático e amável Damien (Harvey Stephens), é na realidade o Anticristo em pessoa. Ele irá crescer e em um futuro próximo levará a humanidade para sua própria danação, como está escrito inclusive nas escrituras sagradas.

“A Profecia” fez tanto sucesso que deu origem a várias continuações e a uma refilmagem (remake) em 2006, todas desnecessárias. O roteiro desse primeiro filme é conclusivo, se fechando em si mesmo, não sendo necessário se alongar ou levar o enredo adiante como fez os produtores em busca de bilheterias fáceis. Além do roteiro realmente intrigante, que mexia bastante com as crenças do puritano povo americano, “A Profecia” original se destacava também por seu excelente elenco, a começar pelo grande mito Gregory Peck. Que baita ator ele era! Nunca assisti uma atuação de Peck que não fosse altamente digna. Aqui ele repete a dose, interpretando o embaixador americano que acaba adotando o garotinho Damien. Interessante porque ao longo de sua carreira Peck não fez filmes de terror, se concentrando em dramas, filmes de guerra e westerns. Quando resolveu participar desse aqui mal sabia que estava entrando em um dos maiores clássicos do gênero! "A Profecia" mostra acima de tudo que para se fazer um bom filme de terror não é preciso encher a tela de monstros sanguinários ou efeitos especiais gratuitos. Basta um bom roteiro, um argumento interessante e boas atuações. Some-se a isso uma excelente trilha sonora incidental e você terá realmente um clássico em mãos. É um filme para se assistir e entender porque os filmes de suspense e de terror de antigamente eram bem melhores e mais inteligentes do que os que são produzidos hoje em dia.

A Profecia (The Omen, Estados Unidos, 1976) Direção: Richard Donner / Roteiro: David Seltzer / Elenco: Gregory Peck, Lee Remick, Harvey Stephens / Sinopse: Diplomata Americano no exterior (Gregory Peck) acaba adotando um garotinho de origem desconhecida. Conforme se passam os anos o menino começa a desenvolver estranhos poderes paranormais que irão dar origem a uma série de eventos misteriosos e sombrios.

Pablo Aluísio.

Corrida Mortal

“Corrida Mortal” é o remake de “Corrida da Morte”, produção B da década de 1970 que tinha no elenco um ainda bastante jovem Sylvester Stallone. Embora seja uma refilmagem há diferenças substanciais entre as duas produções. Aqui o filme mescla vários fatores contemporâneos (crise econômica, superlotação de presídios e reality shows) para criar aquilo que seria o entretenimento supremo para as massas, uma nova versão dos jogos de gladiadores só que tendo como protagonistas prisioneiros de uma instalação de segurança máxima que são colocados em uma disputa mortal, uma corrida sem regras onde o principal objetivo é sobreviver e ganhar a liberdade. Aos perdedores só resta a morte na pista. Assim podemos perceber que em “Corrida Mortal” há uma mistura incrível de vários filmes e referências tudo jogado de uma só vez nesse verdadeiro caldeirão pop por excelência. Há elementos de “Mad Max” (como sempre), de “O Sobrevivente” (filme com Arnold Schwarzenegger, baseado em livro de Stephen King) e até mesmo o famoso Rollerball, filme sensação que ajudou a criar várias imitações baratas ao longo de todos esses anos.

“Corrida Mortal” foi realizado para três tipos de pessoas. Para os que adoram filmes de ação com carros envenenados, para os fãs de Jason Statham (aqui mais casca grossa do que o habitual) e para os admiradores de Roger Corman, o famoso diretor de filmes B, que ao longo da vida realizou centenas de filmes (sem perder um tostão segundo ele próprio gosta de dizer). O espírito que norteia todo o filme é o de Corman, sem dúvida, embora aqui o orçamento seja mais do que generoso. A direção foi entregue a Paul W.S. Anderson, que os fãs das franquias de Resident Evil e Alien vs. Predador conhecem muito bem. Ele obviamente acelerou ao máximo a condução da estória, injetando doses extras de adrenalina nas sequências de corridas. Os fãs de filmes de ação desenfreada certamente não terão o que reclamar. A produção aliás fez bonito nas bilheterias, tanto que virou uma nova franquia (há pouco foi lançado “Corrida Mortal 3” mas sem Jason Statham). Enfim, “Death Race” não faz feio na categoria filmes apocalípticos de ação. Quem curte corridas de carros também vai gostar bastante. No fundo é um eficiente produto do gênero. Vale a pena acelerar para conferir essa produção.

Corrida Mortal (Death Race, Estados Unidos, 2008) Direção: Paul W. S. Anderson / Roteiro: Paul W. S. Anderson / Elenco: Jason Statham, Ian McShane, Tyrese Gibson, Joan Allen, Robin Shou, Janaya Stephens / Sinopse: Um prisioneiro de um presídio de segurança máxima, Jansen Ames (Jason Statham), é forçado a participar de uma corrida de vida e morte que será transmitida ao vivo para todo o mundo. Em caso de vitória o corredor ganhará a liberdade. Em caso de derrota, a morte será inglória.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Encontro Explosivo

June (Cameron Diaz) é uma garota normal que sem querer acaba se envolvendo em um jogo envolvendo espiões, segredos militares e assassinos profissionais. Depois de descobrir algo comprometedor ela se torna a contragosto “parceira” do misterioso e enigmático Wilner (Tom Cruise) que ao que tudo indica se trata de um agente do serviço secreto mas que pode ser também apenas um assassino profissional em serviço. Juntos partem para diversas partes do mundo, onde vivem grandes momentos de tensão e aventura. Perseguições, tiroteios, caçadas humanas e tudo mais que um verdadeiro espião tem direito. Procurando sair vivos de tantas situações de perigo terão que aprender finalmente a confiar um no outro. Finalmente resolvi dar uma chance e assistir a esse "Encontro Explosivo". Definitivamente o filme é decepcionante. Muito derivativo tenta pegar carona em filmes de ação alucinantes como os que são regularmente estrelados por Jason Statham. A referência mais óbvia vem da franquia “Carga Explosiva”. Mas esqueça qualquer mudança para melhor ou originalidade dessa produção. O que funciona com Jason não funciona com Cruise. Sua cara de garoto bonito não serve para esse tipo de papel que exige atores com estilo e jeito de caras durões como o próprio Jason Statham. Cruise mais parece um Mauricinho querendo impressionar a namorada loira e burra. Isso aborrece depois de um certo tempo.

O roteiro também não se sai melhor pois é outro ao estilo "Esquadrão Classe A", ou seja, muita explosão, muita correria e todo mundo indo atrás de um objeto (em "Esquadrão Classe A" era uma matriz para fabricar dinheiro e aqui uma bateria "que nunca acaba"!). Pois bem, se não serve para os fãs de ação talvez sirva para as fãs de Tom Cruise mas pode desistir pois a química dele com a senhorita Diaz é outra decepção. Com uma interpretação exagerada, olhos arregalados e vidrados, Cruise não consegue ser romântico em nenhum momento e nem passa qualquer tipo de paixão visível ao espectador. Depois que o ator pulou no sofá da apresentadora Oprah nos EUA as coisas meio que saíram dos trilhos na carreira dele. Ele brigou com seu agente, demitiu sua equipe de apoio e por fim foi demitido da Paramount Pictures. Interessante que aqui notamos a diferença que fez essa perda para a carreira dele, pois duvido que ele faria algo tão grotesco se ainda estivesse com o estúdio (que afinal de contas praticamente construiu sua passagem ao estrelado). Aqui nada se salva. A senhorita Diaz continua canastrona, como sempre. Cruise não convence e o roteiro é uma piada de tão mal escrito que é. No final das contas a única coisa explosiva é realmente o filme em si já que é definitivamente uma bomba!

Encontro Explosivo (Knight and Day, Estados Unidos, 2010) Direção: James Mangold / Roteiro: Dana Fox, Scott Frank / Elenco: Tom Cruise, Cameron Diaz, Maggie Grace, Peter Sarsgaard, Paul Dano, Marc Blucas / Sinopse: Sem querer uma garota comum acaba se envolvendo em um jogo de espionagem internacional onde espiões treinados e assassinos profissionais travam uma luta implacável pela posse de um artefato industrial de grande valor.

Pablo Aluísio.

Ninguém é Perfeito

Título no Brasil: Ninguém é Perfeito
Título Original: Flawless
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Tribeca Productions
Direção: Joel Schumacher
Roteiro: Joel Schumacher
Elenco: Robert De Niro, Philip Seymour Hoffman, Barry Miller

Sinopse:
Walt Koontz é um policial ultra conservador que sofre um derrame. Na sua recuperação ele começa a ver o mundo de uma outra maneira, inclusive se tornando próximo e amigo de uma drag queen, Rusty (Philip Seymour Hoffman), em momento inspirador. Filme indicado ao Screen Actors Guild Awards.

Comentários:
Esse é um bonito filme, com roteiro versando sobre tolerância, recomeço, mudança de valores. Os dois personagens principais tinham tudo para se odiarem (um é conservador, o outro gay), porém o destino os aproxima. Robert De Niro, sempre um ator interessante, aqui não está tão marcante. Todos os méritos em termos de atuação vão mesmo para o talentoso Seymour Hoffman. Travestido de drag queen ele rouba todas as atenções. Embora haja algum humor o filme é realmente bem dramático, numa produção feita pela própria companhia de De Niro, a Tribeca Productions. Curiosamente a direção foi dada a  Joel Schumacher, que definitivamente nunca foi cineasta desse tipo de filme. Enfim, não deixe de conferir, um bom drama especialmente indicado para o público GLSTB.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Magic Mike

É bem complicado analisar um filme como esse. Não é questão de preconceito pelo fato dos personagens principais serem todos stripers mas sim pela falta de uma justificativa melhor para a própria existência desse “Magic Mike”. Tudo parece soar como mera desculpa para as várias e várias cenas de strips masculinos, uma atrás da outra, praticamente sem interrupção. Intercalando tudo temos apenas um fiapinho de estória que tenta criar alguma profundidade para esses marmanjos musculosos que ganham a vida se exibindo para mulheres. No Brasil esse tipo de coisa teve seu auge de sucesso no chamado “Clube das Mulheres” mas hoje em dia só sobrevive praticamente como entretenimento para o público gay. Aliás por falar em gays eles foram completamente riscados do mapa na produção que não quis criar nenhum vínculo entre aqueles dançarinos e a cultura gay, muito embora ambos andem de mãos dadas na vida real já que muitos stripers masculinos são também garotos de programa para homossexuais endinheirados. Deixando isso de lado o que vemos é realmente um enredo bem fraco, que tenta se apoiar unicamente no apelo sexual dos atores. Curiosamente tudo é feito até com muito pudor (há obviamente nudismo parcial nas seqüências mas o diretor puxa o freio de mão para algo realmente mais ousado).

Por falar em elenco a trama gira basicamente em torno da vida de três personagens centrais. O primeiro é o próprio Magic Mike (Channing Tatum). Vivendo de trabalhos braçais (como na construção civil e na construção de móveis residenciais) ele se apresenta em clubes noturnos de stripers apenas para juntar uma grana para abrir seu próprio negócio. O ator Channing Tatum mostra intimidade com o babado, até porque ele próprio viveu de tirar a roupa antes de sua carreira como ator decolar. O segundo personagem é um jovem de apenas 19 anos que perde sua bolsa de estudos numa universidade após agredir o seu técnico de futebol. Sem grana e sem emprego topa entrar no jogo que é comandado por Dallas (Matthew McConaughey), um veterano striper que agora comanda seu próprio show e que tem planos de levar seu grupo para uma casa noturna maior e mais moderna em Miami (a estória do filme se passa em Tampa, na Flórida). Embora tenha esse núcleo dramático envolvendo todos esses personagens esqueça essa questão pois tudo é bem superficial mesmo e como escrevemos tudo parece uma simples desculpa para os fortões rebolarem até dizer chega! Por falar neles é uma pena ver Matthew McConaughey regredir com esse tipo de papel, logo ele que vinha apresentando um bom trabalho em filmes realmente bons nos últimos anos. O seu Dallas no filme não passa de um cretino e ele para falar a verdade não diz a que veio se limitando a andar de fio dental pra lá e pra cá. Enfim é isso, “Magic Mike” não tem segredo, é apenas um filme apelativo que usa as cenas de strips de seus atores para chamar a atenção de seu público alvo – mulheres apenas. Para os homens heteros que estiverem em busca de bom cinema é bom desistir de tentar encontrar algo aqui pois certamente ficarão nus com a mão no bolso.

Magic Mike (Magic Mike, Estados Unidos, 2012) Direção: Steven Soderbergh / Roteiro: Reid Carolin / Elenco: Channing Tatum, Matthew McConaughey, Joe Manganiello, Alex Pettyfer, Matt Bomer, Olivia Munn / Sinopse: Magic Mike conta a estória de um grupo de stripers masculinos que tentam ganhar a vida tirando a roupa para mulheres em um clube noturno.

Pablo Aluísio. 

Força Policial

Filmes policiais nunca saem de moda. Também são facilmente mesclados com outros gêneros, podendo se tornar filmes policiais de ação, com muitos tiros e perseguições ou então dramas mais densos, com desenvolvimento maior de situações dramáticas envolvendo os principais personagens. É nessa segunda categoria que se enquadra esse “Força Policial”, bom momento do gênero nas telas. O enredo mostra uma família que de geração em geração vai formando novos homens da lei. Desde o patriarca Francis (Jon Voight) até seus filhos Francis Jr. (Noah Emmerich) e Ray (Edward Norton). Como se não bastasse a família de tiras ainda é completada pela presença do cunhado Jimmy (Colin Farrell). As coisas começam a se complicar quando Ray toma conhecimento de uma denúncia de corrupção envolvendo seu cunhado. A dramaticidade surge do conflito interno que começa a assolar o policial, afinal como agir quando algo assim acontece? Deveria ele tomar partido incondicional de um membro da sua família ou adotar uma postura essencialmente ética, levando em frente as investigações para se chegar ao fundo da verdade, mesmo que essa seja a pior possível para os interesses de sua família?

Como se pode perceber o filme se desenvolve em torno dos personagens interpretados pelos atores Colin Farrell e Edward Norton. De Norton sempre esperamos boas atuações pois ele realmente é um profissional muito talentoso. Aqui ele encarna perfeitamente o policial que fica em completa crise existencial ao ter que decidir por sua fidelidade à corporação ou sua lealdade familiar. O argumento, que discute ética e honestidade de uma forma bastante inteligente, encontra um intérprete à altura de seu dilema de índole pessoal. Por outro lado a maior surpresa em termos de atuação vem com Colin Farrell, ator bem mais limitado, que tem ultimamente estrelado filmes ruins com atuações igualmente medonhas. Aqui ele está surpreendentemente bem, talvez por influência do colega de cena. Consegue inclusive levantar dúvidas no espectador sobre seu real caráter. Afinal é realmente um tira corrupto ou apenas um policial sendo injustamente acusado? O resultado final é dos melhores. Sem medo de errar qualifico “Força Policial” como uma das melhores produções do gênero nos últimos anos. Dramaticamente bem desenvolvido, não abre mão da tensão e do suspense, tudo emoldurado em um bom roteiro que não abre brechas para soluções fáceis. Curiosamente o filme deveria ter sido filmado em 2001 mas foi arquivado pelo estúdio por causa dos acontecimentos de 11 de setembro. Não era de bom tom colocar tiras corruptos nas telas naquele momento em que os policiais estavam sendo vistos como heróis daquela tragédia. Mesmo atrasado o filme diverte, entretém e mantém um bom nível e por isso deve ser conhecido por quem deseja assistir a um bom drama policial. Está mais do que recomendado.

Força Policial (Pride and Glory, Estados Unidos, 2008) Direção: Gavin O'Connor / Roteiro: Joe Carnahan, Gavin O'Connor / Elenco: Edward Norton, Colin Farrell, Noah Emmerich, Jennifer Ehle, Chris Astoyan, Lake Bell, Jon Voight, / Sinopse: Policial que faz parte de uma grande família de policiais é acusado de ser corrupto. Seria a acusação um fato ou uma forma de atingir todo o clã policial de que faz parte?

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Redenção

Em um primeiro momento somos levados a crer que esse filme é mais um daqueles action movies sem muita consistência ou conteúdo, afinal é estrelado por Gerard Butler (de 300) que no pôster ostenta uma arma de grosso calibre. O titulo original do filme, "Machine Gun Preacher", também ajuda na confusão uma vez que uma produção que tem como nome uma referência a um pastor (pregador) armado com uma metralhadora não ajuda a desfazer o equivoco. Na verdade “Redenção” conta uma história das mais interessantes. Baseado em fatos reais conhecemos através do filme a figura de Sam Childers (Gerard Butler). Logo no começo do enredo ele surge saindo de uma prisão de segurança máxima. Havia sido preso por tráfico de drogas. O sujeito não é dos mais agradáveis. Ladrão, motoqueiro, viciado em heroína e violento ao extremo. Após uma noite de excessos que termina no esfaqueamento de um homem que ele havia dado carona, Sam decide seguir os passos de sua esposa, uma ex-stripper que havia encontrado a paz na religião. Assim ele decide ser batizado e finalmente encontra Jesus em sua conturbada vida.

Larga os amigos da criminalidade, deixa as arruaças de lado e começa a trabalhar de forma honesta na construção civil. Depois disso sua vida finalmente deslancha. Ele resolve abrir sua própria empresa de construção e se torna um homem muito bem sucedido. Mas quem pensa que tudo termina aí está enganado. Sam em um impulso religioso passa a entender que tudo o que recebeu foi graça de Deus e que teria que retribuir de alguma maneira, ajudando ao próximo como foi ajudado. Assim decide ir até a África para ajudar na construção de escolas e orfanatos para crianças vitimas da guerra civil. O problema é que para levar adiante sua causa humanitária ele tem que lidar com rebeldes armados até os dentes. Então ele forma sua própria milícia de combatentes para seguir em frente em sua missão. “Redenção” vale muito a pena pois mostra uma pessoa que resolveu colocar os ensinamentos de solidariedade cristã na prática. Foi para o lugar mais miserável do mundo para ajudar o próximo e pagou o preço por sua ousadia. Obviamente há cenas de ação mas elas não são em absoluto o foco do filme. A mensagem é muito mais interessante, mostrando que não importa o tamanho do problema, se cada um fizesse sua pequena parte o mundo certamente seria um lugar melhor para se viver. Sem dúvida temos aqui uma bela lição de vida.

Redenção (Machine Gun Preacher, Estados Unidos, 2011) Direção: Marc Forster / Roteiro: Jason Keller / Elenco: Gerard Butler, Michelle Monaghan, Kathy Baker / Sinopse: Após se converter um ex-presidiário resolve ir até a África para ajudar crianças órfãs da guerra civil que assola a região. Para levar em frente sua missão de construir escolas e igrejas ele tem que enfrentar rebeldes armados que não aceitam sua presença no local. Filme baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

Apocalypse Now

Um dos maiores clássicos da história do cinema. A idéia não era nova, longe disso. Na verdade se trata de uma adaptação do famoso livro Heart of Darkness de Joseph Conrad. Um dos primeiros cineastas a se interessar em levar para as telas esse texto foi o mitológico Orson Welles. Infelizmente foi mais um dos inúmeros projetos dele que nunca chegaram a virar filme. Coube então ao mestre Francis Ford Coppola encarar o desafio. Logo de cara resolveu que iria modificar completamente o contexto histórico da estória. O diretor em parceria com o roteirista (e também diretor) John Milius decidiu que seria melhor trazer o enredo para algo mais próximo da realidade contemporânea. Assim eles levaram todos os anseios, todas as divagações filosóficas e toda a sordidez da trama para o meio da Guerra do Vietnã. O personagem mais enigmático agora seria um Coronel americano completamente enlouquecido que desaparecia no meio das entranhas da selva asiática. Assim que escreveu as últimas linhas de seu novo texto Coppola sabia que apenas um grande ator daria conta da complexidade e das nuances psicológicas desse profundo personagem. Marlon Brando, que havia brilhado em “O Poderoso Chefão”, era obviamente um nome ideal para viver o Coronel Kurtz. Após negociações complicadas finalmente Brando resolveu entrar no projeto. Para o papel do Capitão Willard, que sairia em missão pela selva, com o objetivo de encontrar Kurtz, Coppola escolheu Martin Sheen. Ambas as escolhas foram acertadas e tudo parecia correr muito bem. Mal sabia Coppola no pesadelo em que estava prestes a entrar.

As filmagens foram completamente caóticas. Logo no começo dos trabalhos o ator Martin Sheen teve uma parada cardíaca. O clima hostil das Filipinas não ajudava em nada, arrasando cenários e atrasando as filmagens, que logo estouraram o orçamento, levando o estúdio a pressionar cada vez mais o diretor. Brando relembrou em seu livro de memórias o caos reinante. Ele havia surgido no set bem acima do peso, logo entendendo os problemas que assolavam os trabalhos. Muitos membros da equipe estavam doentes com doenças tropicais e Coppola tentava de forma desesperada colocar alguma ordem naquela confusão. Brando então resolveu colaborar, participando de forma muito mais ativa do que costumava fazer. Começou a mexer no roteiro, trazendo novas idéias para o diretor. Também resolveu, por conta própria, cortar todo o cabelo, ficando completamente careca (uma decisão que se mostraria muito acertada como se pode ver depois que o filme ficou pronto). Sua intenção era criar uma imagem mítica para seu personagem, que surgiria como um Buda insano no meio da selva. Como não era um ator comum, que aceitasse scripts e roteiros sem discutir, resolveu mexer em seu personagem cada vez mais. Aconselhou Coppola a deixar Kurtz dentro de uma penumbra de mistério e sombras durante todo o filme, só surgindo de forma triunfante na cena final. Essa foi outra ótima sugestão de Brando para Apocalypse Now. De fato ele praticamente roubou o filme em seus minutos finais em um longo e conturbado monólogo – em que o ator misturou diálogos previamente escritos com pura improvisação, colocando inclusive pensamentos e devaneios de sua própria vida pessoal. Usando desse recurso Brando conseguiu produzir um de seus maiores momentos no cinema. Ele próprio reconheceria depois que Coppola era realmente um gênio pois lhe abriu espaço dentro do filme para atuar e colocar suas aptidões cênicas com total liberdade. O resultado final foi simplesmente uma das maiores obras primas da história do cinema. Um filme sensorial, sombrio e muito complexo sob qualquer ângulo que se analise.

E como toda grande obra prima o filme causou reações diversas em seu lançamento. Não era o corte ideal para Coppola, ele fez várias concessões comerciais ao estúdio que queria um filme menos profundo e complexo porém mais acessível. Mesmo assim Coppola conseguiu chegar a uma versão intermediária que agradou tanto a ele como ao estúdio (só depois de muitos anos o diretor conseguiria lançar o filme do jeito que inicialmente planejou). “Apocalypse Now” é uma notável crônica sobre a América e seu envolvimento na guerra do Vietnã, um conflito sem sentido, moldado por interesses obscuros e contraditórios. O Coronel Kurtz, brilhantemente interpretado por Marlon Brando, era um retrato do enlouquecimento não apenas de um homem perdido no meio da selva mas também um retrato da própria insanidade do envolvimento americano no Vietnã. Era a América perdendo sua própria razão e racionalidade. O resultado final de tantos talentos trabalhando juntos não poderia resultar em outra coisa. “Apocalypse Now” é uma obra de arte simplesmente magnífica.

Apocalypse Now (Apocalypse Now, Estados Unidos, 1979) Direção: Francis Ford Coppola / Roteiro: Francis Ford Coppola, John Milius, Michael Herr baseados no livro Heart of Darkness de Joseph Conrad / Elenco: Marlon Brando, Robert Duvall, Martin Sheen, Frederic Forrest, Albert Hall, Sam Bottoms, Laurence Fishburne, Dennis Hopper / Sinopse: O capitão Willard (Martin Sheen) parte em busca do paradeiro do Coronel Kurtz (Marlon Brando) que desapareceu nas entranhas da selva do Vietnã. A busca irá se transformar em um pesadelo de delírio e insanidade. Vencedor da Palma de Ouro em Cannes. Premiado com os Oscars nas categorias Melhor Fotografia e Melhor Som. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias Melhor Direção, Melhor Ator Coadjuvante (Robert Duvall) e Melhor Trilha Sonora Original.

Pablo Aluísio.

Planeta Terror

Lá vai o enredo sem sentindo nenhum: Casal de médicos, William (Josh Brolin) e Dakota Block (Marley Shelton), em uma noite de trabalho que parecia ser rotineiro acabam tendo que atender pacientes que apresentam sinais de infestação de um novo vírus, completamente desconhecido da ciência. Como não poderia deixar de ser em um filme assim a contaminação acaba transformando seus infectados em zumbis! “Planeta Terror” é uma sátira que funciona também como homenagem aos antigos filmes Z podreiras que enchiam a programação dos cinemas poeira mundo afora. O filme é divertido, não resta dúvida. A primeira hora do filme é realmente muito engraçada, principalmente o médico com o medidor de temperatura na boca atendendo pacientes infectados. Sua esposa cheia de seringas também não deixa de ser hilária. Como já foi dito aqui, o filme é na verdade um "trash planejado". Como Tarantino e Rodriguez tem anos e anos de experiência assistindo todos os trashs imagináveis eles resolveram juntar todos os clichês, todos os diálogos toscos e todas as canastrices possíveis e resolveram colocar tudo em um filme só. É como usar uma fórmula já gasta e batida há anos justamente para parodiar esse tipo de filme.

O próprio Tarantino dá o ar de sua graça interpretando um militar maluco e tarado (duas coisas que ele tem cara de ser, sinceramente). Apesar do bom começo (inclusive o trailer de Machete que acabaria virando filme), não há como negar que “Planeta Terror” cai nos trinta minutos finais. Nessa terça parte final se sobressaem as cenas totalmente sem nexo, com muita pirotecnia e tiros. O humor negro vai sumindo aos poucos do roteiro em detrimento da ação, que até tenta ser também engraçada mas não consegue, o que é uma pena já que eu mesmo dei umas três boas gargalhadas na primeira parte do filme, algo que não se repetiu depois. De qualquer forma o espectador não perderá seu tempo ao ver essa "tosquice". Curiosamente devo confessar que apesar de ter dado boas risadas aqui gostei mais de "Death Proof" do Tarantino. Os dois são absolutamente (e deliciosamente) absurdos, mas o filme do diretor cultuado se sai melhor no final das contas. Enfim, não deixe de assistir os dois antes de comerem seus cérebros.

Planeta Terror (Planet Terror, Estados Unidos, 2007) Direção: Robert Rodriguez / Roteiro: Robert Rodriguez / Elenco: Freddy Rodríguez, Rose McGowan, Marley Shelton, Josh Brolin, Michael Biehn, Naveen Andrews, Michael Parks, Jerili Romeo / Sinopse: Casal de médicos, William (Josh Brolin) e Dakota Block (Marley Shelton), em uma noite de trabalho que parecia ser rotineiro acabam tendo que atender pacientes que apresentam sinais de infestação de um novo vírus, completamente desconhecido da ciência. Como não poderia deixar de ser em um filme assim a contaminação acaba transformando seus infectados em zumbis!

Pablo Aluísio.

Harry Brown

Harry Brown (Michael Caine) tenta levar sua vida após a morte de sua esposa. Na terceira idade, viúvo e ex-fuzileiro naval ele começa a acompanhar a degradação de sua outrora pacífica e pacata vizinhança. As gangues começam a se proliferar infestando seu bairro com drogas e violência. A situação se torna insuportável após a morte de seu melhor amigo Leonard (David Bradley), morto por um grupo de jovens violentos. Como a justiça e as autoridades não conseguem mais parar a violência, Harry resolve fazer justiça pelas próprias mãos. Acabei de assistir esse Harry Brown. O que posso dizer? Primeiro elogiar Michael Caine. Esse ator tem uma longa filmografia, que alterna filmes excepcionais com porcarias horrorosas. Durante um tempo ele ficou conhecido como o ator que topava qualquer coisa. Mas a idade veio e parece ter feito bem a ele pois atualmente tem sido bem mais criterioso. Ele sempre foi bom ator, apenas não escolhia direito os filmes que fazia. Pelo menos acredito que trocou de agente pois o nível de seus filmes tem melhorado demais. É o caso desse “Harry Brown” que é particularmente indicado para quem não aguenta mais a violência urbana e o descaso das autoridades com a situação.

O roteiro segue a linha "justiceiro limpando as ruas com as próprias mãos". Apesar do inicio calmo o filme vai crescendo em violência e termina em um banho de sangue típico dos filmes de Rambo. Eu sinceramente não considero que a única solução para a violência seja mais violência, proposta que o filme parece apoiar. De certa forma o argumento é do tipo "para resolver o problema das drogas basta liquidar os drogados". Que a juventude está aí nas ruas, se envolvendo cada vez mais na criminalidade não é novidade para ninguém. Apenas acredito que a solução não seja a que o filme indica. De qualquer forma deixando essas questões de lado o filme certamente é um bom entretenimento, só não o levem à sério demais.

Harry Brown (Harry Brown, Estados Unidos, 2009) Direção: Daniel Barber / Roteiro: Gary Young / Elenco: Michael Caine, Emily Mortimer, Iain Glen, Ben Drew / Sinopse: Harry Brown (Michael Caine) tenta levar sua vida após a morte de sua esposa. Na terceira idade, viúvo e ex-fuzileiro naval ele começa a acompanhar a degradação de sua outrora pacífica e pacata vizinhança. As gangues começam a se proliferar infestando seu bairro com drogas e violência. A situação se torna insuportável após a morte de seu melhor amigo Leonard (David Bradley), morto por um grupo de jovens violentos. Como a justiça e as autoridades não conseguem mais parar a violência, Harry resolve fazer justiça pelas próprias mãos.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Liz & Dick

Elizabeth Taylor conheceu Richard Burton no set de filmagens de “Cleópatra”. Inicialmente não simpatizam um com o outro. Burton achou Liz muito afetada e ela o considerou muito rude. Porém conforme as filmagens avançaram eles acabaram se apaixonando na frente de todos. Até aí nada demais até porque não era nenhuma novidade que astros se apaixonassem durante os filmes. O problema é que ambos já eram casados e a imprensa moralista da década de 60 teve um prato cheio para suas revistas de fofocas. E o casal não deixou por menos, dando vexames públicos, brigando na frente de todo mundo, fazendo as pazes, se divorciando, se casando novamente e tudo o mais que tinham direito. Logo se tornaram uma sensação dos tablóides sensacionalistas e assim foram por anos. Burton e Taylor pareciam mesmo ter sido feitos um para o outro. Aproveitando a morte da atriz e sua repercussão os produtores de TV correram para levar às telas essa história de amor. Oportunismo? Certamente, até porque a indústria de entretenimento dos EUA nunca teve muito pudor sobre isso e não seria agora que criariam vergonha na cara. A pressa e o oportunismo talvez justifiquem as falhas de Liz & Dick. Era de se esperar que uma produção que enfocasse pessoas tão famosas e glamorosas tivesse ao menos elegância e sofisticação – mas desista se estiver em busca de algo assim. Na verdade tudo soa muito fraco mesmo nesse telefilme.

A edição é mal feita, tudo vai surgindo na tela sem muito capricho e cuidado. Elizabeth Taylor é interpretada pela atriz problemática Lindsay Lohan. Além de não ser parecida fisicamente com Liz em nada, Lindsay não faz a menor questão de atuar bem ou pelo menos tentar reproduzir seus trejeitos. Ao contrário disso se apóia única e exclusivamente em sua maquiagem para tentar lembrar a famosa atriz. Sua atuação assim é muito fraca e não empolga em nada. É óbvio que ela não criou nenhum trabalho de pesquisa para o filme, atuando no controle remoto. Complicado até mesmo ficar acreditando que estamos vendo Liz em cena e não Lindsay com sua voz rouca e seus lábios cheios de botox! Melhor se sai Grant Bowler como Richard Burton. Ele também não é nada parecido com o ator retratado mas compensa isso incorporando Burton de tal forma que ficamos impressionados com sua atuação. A dicção característica de Burton, principalmente nas cenas em que declama algum trecho de Shakespeare, realmente impressiona. Só decai um pouco nas cenas de embriaguez de Burton. O ator era um desses bêbados malvados e desbocados que quebravam tudo quando estava alcoolizado mas o filme provavelmente não quis o retratar com extrema fidelidade pois poderia decepcionar os fãs do casal famoso. Outra falha é a pouca atenção e o pouco espaço que é aberto no roteiro para a obra de Liz e Burton. Apenas três filmes são citados em todo o filme (Cleópatra, Vips e Quem Tem Medo de Virginia Wolf?) mas tudo de forma bem superficial e vazia. No final de tudo fica a decepção. Quem gosta da história do cinema pode até mesmo achar interessante mas como retrato à altura dos envolvidos deixa bastante a desejar. Liz e Burton mereciam certamente coisa melhor.

Liz & Dick (Liz & Dick, Estados Unidos, 2012) Direção: Lloyd Kramer / Roteiro: Christopher Monger / Elenco: Lindsay Lohan, Grant Bowler, Theresa Russell / Sinopse: O filme narra a conturbada história de amor de Elizabeth Taylor e Richard Burton. Ambos se conhecem no set de filmagens de “Cleópatra” e se tornam amantes apesar de serem casados. Depois de muitos escândalos finalmente se casam, se separam e depois se casam novamente em um romance com muitas brigas e vexames públicos. Baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio