sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O Poderoso Joe

Esse personagem surgiu pela primeira vez no cinema americano na década de 40. Ele é de certa forma  um reflexo do enorme sucesso que King Kong alcançou. Seria um genérico criado por um estúdio rival para capitalizar em cima do tema que foi tão bem explorado por Kong. O filme original se chamava "Mighty Joe Young" e foi lançado em 1949. Cinquenta anos depois os estúdios Disney resolveram ressuscitar o antigo gorila e o trouxeram de volta nesse bom remake, que não chega a surpreender em nada, mas que pode ser visto como boa diversão. Bem realizado, com efeitos especiais de primeira linha (que podem soar levemente datados hoje em dia), o filme é indicado para o público mais jovem, na faixa etária que vai até os 16 anos. O enredo é simples: Gregg O´Hara (Bill Pacton) é um especialista em expedição pelo continente africano. Ele procura por um lendário gorila de tamanho desproporcional, quase gigante, que virou um tipo de lenda em sua região. Seu objetivo é encontrar o animal para levá-lo a um santuário nos Estados Unidos. Agindo assim ele o salvará de ser alvejado por caçadores ambiciosos.

Para tornar mais fácil sua localização o cientista conta com a ajuda de Jill (Charlize Theron) que conhece o grande primata desde garota. Ao longo dos anos ela conseguiu desenvolver uma espécie de linguagem que lhe permite se comunicar com Joe. A ida de Joe para a América porém não será tão fácil como se imagina. Basta ler esse argumento para perceber como ele é praticamente semelhante ao do clássico King Kong. No fundo o filme original da década de 40 nada mais era do que uma bela desculpa para trazer novamente um monstro em forma de gorila gigante destruindo a civilização. E isso "O Poderoso Joe" tem de sobra. No elenco o que se destaca mesmo é a presença da linda Charlize Theron, ainda uma desconhecida tentando alcançar um lugar ao sol. Jovem e bonita ela ofusca totalmente o grande Joe, que obviamente fica babando em sua estonteante presença. Enfim, fica aí a dica para hoje: O Poderoso Joe, um filme genérico para quem adora o velho King Kong. 

O Poderoso Joe (Mighty Joe Young, Estados Unidos,1998) Direção: Ron Underwood / Roteiro: Lawrence Konner, Mark Rosenthal, Holly Goldberg Sloan / Elenco: Charlize Theron, Bill Paxton, Rade Serbedzija, Naveen Andrews, David Paymer, Peter Firth, Regina King, John Alexander. / Sinopse: Cientista americano tenta levar um gorila gigante da África para os Estados Unidos, uma tareja que se mostrará muito complicada.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O Diário de Bridget Jones

O tempo passa rápido demais. Eu me recordo que há mais de dez anos quando o nome da texana Renée Zellweger foi anunciado para fazer o papel de Bridget Jones a reclamação foi generalizada. Isso porque Jones era uma personagem tipicamente britânica que já tinha seu público formado por causa dos livros de grande sucesso editorial. E qual era a razão de todo esse sucesso? Bridget Jones era muito humana, uma mulher comum que lutava contra os estereótipos impostos pela sociedade. Ela tinha mais de 30 anos, era solteira, com peso acima da média, fumava e se comportava de forma inadequada. Se em países como Brasil mulheres com esse perfil sofrem preconceito imagine na Inglaterra onde os padrões sociais são bem mais rígidos! Mesmo com toda essa pressão Bridget Jones não deixava de sonhar, ser irônica e dentro de suas possibilidades, ser feliz. Com tanta personalidade não é de se admirar que tenha criado tanta identificação em suas leitoras. Claro que uma personagem tão querida assim se torna bem complicada de transpor para as telas mas diante do resultado final desse filme podemos ter certeza que tudo saiu a contento. Até a americana Renée Zellweger se saiu maravilhosamente bem. Contratou uma especialista em sotaques e realmente brilhou falando exatamente como uma inglesa de sua posição social.

Como se não bastasse a atriz ainda se esforçou para trazer o biótipo de Bridget Jones, engordando vários quilos em um curto espaço de tempo. Em entrevistas defendeu o direito das mulheres serem acima de tudo "normais", bem longe dos ideais de beleza impostos por revistas e agências de moda. Eu achei bem curiosas suas declarações pois logo após a conclusão do filme Renée se submeteu a um rigoroso regime com baterias de exercícios físicos para recuperar a forma, ficando mais de acordo com os mesmos padrões de magreza que criticou durante o lançamento do filme! Será que tudo o que falou foi da boca pra fora? É possível. Voltando ao filme: O Diário de Bridget Jones é uma comédia romântica muito simpática mas de certa forma menos ácida do que o livro no qual se inspirou. Isso porém não é defeito ou demérito até porque nem sempre adaptações de livros no cinema costumam ser fiéis. Agora inegavelmente o charme e o carisma de Renée Zellweger emprestaram muita força para a personagem em cena. Ela tem esse jeito pessoal de ficar bem pouco á vontade, nervosinha, chegando a se tornar atrapalhada. Isso casou muito bem com sua personagem resultando tudo em ótimos momentos de humor. O filme não foi um sucesso espetacular nas bilheterias mas se saiu bem, rendendo quase quatro vezes o seu custo inicial o que abriu as portas para uma continuação. Para quem ainda duvidava do potencial de se tornar uma estrela de Renée Zellweger a produção veio como uma confirmação do brilho próprio da atriz.

O Diário de Bridget Jones (Bridget Jones' Diary, Estados Unidos, 2001) Direção: Sharon Maguire / Roteiro: Helen Fielding, Richard Curtis, Andrew Davies / Elenco: Rénee Zellweger, Colin Firth, Hugh Grant, Gemma Jones, Jim Broadbent, Embeth Davidtz, Shirley Henderson, Sally Phillips, James Callis./ Sinopse: Bridget Jones (Renée Zellweger) é um solteirona com problemas de auto estima que encontra uma grande chance de finalmente subir em sua carreira. Além disso está prestes a encontrar o homem de seus sonhos. Porém nada disso será fácil.

Pablo Aluísio.

Quatro Amigas e Um Jeans Viajante

O cinema direcionado ao público jovem já teve dias melhores mas de vez em quando surge alguma produção que vale a pena assistir pelo menos uma vez. É o caso desse "Quatro Amigas e um Jeans Viajante" que foi baseado no livro de sucesso da escritora Anne Brashares, muito querida entre o público adolescente feminino. Seu universo obviamente se baseia na vida de garotas da idade de seu público leitor. Assim acompanhamos em sua sobras os amores, os pensamentos e anseios de jovens na faixa de 15 a 18 anos. Esse aqui conta a estória de quatro amigas que vão vivendo as experiências dessa fase de sua vida. Ligando tudo uma velha calça jeans surrada vai sendo  usada sucessivamente por todas elas. O elenco é especialmente interessante para o público mais ligado em séries americanas pois o quarteto principal do filme é todo dessa área. Lá estão Alexis Bledel de "Gilmore Girls", Blake Lively de "Gossip Girl" e Amber Tamblyn de "Joan of Arcadia". O filme é indicado, claro, para adolescentes pois certamente elas vão se identificar com as situações que as protagonistas vivem.

Como se trata de uma adaptação de um livro famoso entre o público teen e como o tom da produção é livre de baixarias e afins, "Quatro Amigas e um Jeans Viajante" acabou fazendo bastante sucesso, o que garantiu uma continuação alguns anos depois. O diretor  Ken Kwapis também veio do mundo das séries de TV americanas e esse segue, até o momento, como seu maior sucesso de bilheteria. Como não poderia deixar de ser para um filme como esse a trilha sonora também se destaca com vários sucessos que depois fizeram bonito nas principais paradas dos EUA. Enfim, é isso. "Quatro Amigas e um Jeans Viajante" é uma boa opção para a galerinha mais jovem, que ainda está naquele momento tão complicada da vida de todos, a conturbada adolescência. Para eles fica a dica.

Quatro Amigas e Um Jeans Viajante (The Sisterhood Of The Traveling Pants, Estados Unidos, 2005) Direção: Ken Kwapis / Roteiro: Delia Ephron, Elizabeth Chandler / Elenco: Amber Tamblyn, Blake Lively, Alexis Bledel, America Ferrera, Bradley Whitford, Nancy Travis, Rachel Ticotin, Jenna Boyd / Sinopse: Quatro amigas na adolescência passam por mudanças, amores e situações dramáticas em suas vidas. Baseado no best seller da literatura juvenil de mesmo nome escrito por Anne Brashares.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Espelho, Espelho Meu

Depois do grande sucesso da versão cinematográfica de Alice dirigido por Tim Burton praticamente todo estúdio em Hollywood anunciou uma nova versão de algum conto de fadas. Esse "Espelho, Espelho Meu" foi apenas mais um deles. O mais curioso é que não é o único a ser feito tentando trazer de volta às telas o conto de fadas "Branca de Neve e os Sete Anões". Há um outro projeto bem mais ambicioso estrelado por Kristen Stewart. Se aquele tem cara de "Branca de Neve invade a Terra Média" por causa da semelhança absurda da produção com a franquia "O Senhor dos Anéis" esse aqui é bem mais modesto em suas pretensões. O projeto é mais um ataque de egolatria de Julia Roberts que há tempos procura reencontrar o caminho do sucesso. Não será com esse "Mirror, Mirror" que ela vai alcançar os seus objetivos. O filme foi lançado na semana em que "Jogos Vorazes" dominava as bilheterias o que fez o filme ser praticamente ignorado - embora não tenha sido o fracasso todo que algumas notícias divulgaram. A tônica aqui é realmente de filme infantil, uma produção feita para as crianças embora tome certas liberdades com o conto original (nem sempre de forma feliz). Os anões foram provavelmente os personagens mais prejudicados. Na versão de Disney - a melhor já feita até hoje - eles eram trabalhadores divertidos, pessoas do bem. Já aqui viram um bando de ladrões, salteadores, infames. Embora o roteiro tente trazer um certo humor e suavidade ao grupo eles surgem em cena mal encarados, antipáticos, nada parecidos com os anões que conhecemos em nossa infância. Também surgem com nomes diferentes, nada simpáticos, um inclusive é chamado de "Açougueiro", imagine você! As pernas de pau que usam é outra coisa totalmente fora de propósito, sem qualquer atrativo.

A atriz que faz Branca de Neve, Lily Collins, foi prejudicada por uma maquiagem muito pesada, nada sutil ou elegante. Com sobrancelhas enormes e pretas tudo soa muito deselegante. O pior é que a moça é bonita, não precisavam estragar seu bonito rosto com tudo aquilo. Será que a Julia Roberts a enfeiou propositalmente com medo dela roubar o filme? Não duvido nada. Se fez isso então ela agiu exatamente como a rainha má que interpreta o que não seria surpresa nenhuma. Ao natural Lily é bela, delicada e lembra em certos momentos Audrey Hepburn mas no filme surge praticamente "escondida" sob a maquiagem fora de tom. A produção do filme também não é melhor. A direção de arte é muito excessiva, não particularmente bonita ou de bom gosto. Tudo é muito kitsch, mesmo sendo um conto de fadas deveriam ter trilhado um caminho mais soft do que é apresentado em cena. O roteiro também não agrada. Tenta contar a velha estória de uma forma inovadora o que é um erro. Contos de fadas foram escritos e passados de gerações em gerações para ensinar valores morais e culturais para a criançada. São simples por natureza e devem permanecer assim. Qualquer tentativa de mudar sua essência é bem condenável sob qualquer ponto de vista. Provavelmente Jacob e Wilhelm Grimm estejam se revirando na tumba com o que fizeram com sua estorinha. Lamentável.

Espelho, Espelho Meu (Mirror, Mirror, Estados Unidos, 2012) Direção: Tarsem Singh / Roteiro: Jason Keller, Marc Klein, Melisa Wallack baseado no conto de fadas escrito por Jacob Grimm e Wilhelm Grimm / Elenco: Lily Collins, Julia Roberts, Armie Hammer, Nathan Lane, Sean Bean / Sinopse: Branca de Neve (Lily Collins) fica sob os cuidados da madrasta, a Rainha (Julia Roberts) após seu pai desaparecer na floresta negra.

Pablo Aluísio.

Cosmópolis

"Cosmópolis" não é um filme fácil. A estória se passa quase toda dentro de uma limousine de luxo. É de dentro dela que o excêntrico milionário Eric Packer (Robert Pattinson) vê o mundo ai seu redor. No fundo ele apenas tenciona ir até o seu barbeiro preferido, que fica do outro lado de Nova Iorque. O problema é que o caminho de seu escritório até lá não será nada fácil pois o presidente dos Estados Unidos se encontra na cidade, o que significa avenidas interditadas, muita segurança pelas ruas e manifestações generalizadas atrapalhando o já caótico trânsito da cidade. Assim, enquanto ele não consegue chegar em seu destino vai recebendo as pessoas dentro de sua carro. Executivas de sua indústria, jovens gênios da informática (retratados como nerds bobocas), prostitutas e até seu médico pessoal entram na limousine para tratar assuntos com o milionário. Ele por sua vez tem dois problemas urgentes a lidar: seu casamento com uma garota muito incomum (e milionária como ele) e a preocupação com a moeda chinesa pois sua valorização ou desvalorização nas bolsas pode significar lucros imensos ou prejuízos avassaladores para ele. 

Como se pode perceber "Cosmópolis" não é uma produção feita para agradar a todo mundo. De fato o filme acabou se tornando campeão no quesito "abandono". Muitas pessoas simplesmente não compram a idéia do filme (que se passa todo dentro do banco traseiro de um carro) e simplesmente vão embora no meio da exibição. As duas pessoas que assistiam ao meu lado não aguentaram e abandonaram a exibição com pouco mais de 30 minutos. Realmente sua narrativa pode se tornar absolutamente intragável para o grande público. A idéia pouco usual é mais um projeto do sempre surpreendente cineasta David Cronenberg. O problema é que agora nem a crítica e nem o público gostaram do resultado. O filme foi lançado em Cannes pois o diretor esperava uma reação maravilhosa ao argumento inovador. Não foi o que aconteceu. O público odiou e a crítica detestou. Assim "Cosmópolis" naufragou no grande festival, sendo acusado de ser muito enfadonho, chato e aborrecido. Para piorar o filme é estrelado pelo ídolo teen Robert Pattinson, que surge em cena apático, desmotivado, sem inspiração. De fato nem as fãs de Crepúsculo apreciarão o filme. É uma idéia que simplesmente não deu certo. Até dá para assistir sem abandonar pela metade mas isso vai exigir um esforço extra do espectador que terá que ter uma dose extra de paciência para aguentar as excentricidade de Cronenberg. Arrisque e tente chegar até o final.

Cosmópolis (Cosmópolis, Estados Unidos, 2012) Direção: David Cronenberg / Roteiro: David Cronenberg / Elenco: Robert Pattinson, Samantha Morton, Jay Baruchel, Paul Giamatti, Kevin Durand, Juliette Binoche, Sarah Gadon, Mathieu Amalric, Emily Hampshire / Sinopse: Enquanto tenta atravessar Nova Iorque para ir em seu barbeiro preferido, um milionário vai recebendo diversas pessoas no banco de trás de sua luxuosa limousine.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Dúvida

Meryl Streep tem uma filmografia muito rica e para minha surpresa a cada ano praticamente surge uma obra prima estrelada pela atriz. Sua capacidade de estar em excelentes produções é incomparável. No meio de tantas preciosidades é até comum que alguns desses filmes passem relativamente despercebidos. Um exemplo é esse "Dúvida". Baseado na peça teatral de John Patrick Shanley, que também assina o roteiro e a direção, a trama se passa em uma escola católica no ano de 1964. O mundo havia mudado, havia um ar de renovação e frescor nos costumes e na nova geração mas dentro dos muros daquela instituição de ensino ainda reinava a disciplina e a austeridade, tão inerentes à doutrina católica. Nesse ambiente de forte tradição chega para lecionar um padre jovem, cheio de novas idéias. O padre Flynn (Philip Seymour Hoffman, como sempre ótimo) tenta trazer um pouco de inovação dentro daquele ambiente mas bate de frente com a conservadora irmã Aloysius Beauvier (Meryl Streep), que deseja que tudo continue do jeito como está. Ela acredita na força da disciplina e do respeito e não parece nem um pouco disposta a abrir mão disso.

Assim a escola St. Nicholas vira palco de um luta interna pelo coração e mente de seus alunos. De um lado o pensamento mais inovador e liberal do padre Flynn, do outro a austeridade e autoridade da irmã Beauvier. Com o advento da política de direitos civis a escola acaba aceitando seu primeiro aluno negro, o rapaz Donald Miller (Joseph Foster). Sua entrada na instituição é vista como uma revolução pelo padre Flynn que se aproxima do novo aluno para lhe orientar em sua nova escola. Essa estreita amizade porém acaba criando boatos, alimentados pela jovem irmã James (Amy Adams). Era justamente isso que esperava a personagem de Meryl Streep pois o rumor se torna uma grande arma para ela em sua queda de braço com Flynn. "Dúvida" é um filme extremamente inteligente, bem escrito, que se baseia principalmente em atuações de alto nível e diálogos ricamente construídos. A presença de um trio de atores tão talentoso torna a experiência de assistir "Doubt" um enorme prazer. A guerra entre os dois personagens principais é sutil, psicológica, mas não menos cruel. De certa forma é um retrato do conflito interno vivido hoje pela Igreja Católica. Em suas entranhas também se trava uma guerra entre membros mais conservadores e outros mais liberais. A tensão é latente e o roteiro de "Dúvida" joga excepcionalmente bem com esse dualismo. Em suma, eis uma das melhores obras cinematográficas surgidas nos últimos anos. Não deixe de assistir.

Dúvida (Doubt, Estados Unidos, 2008) Direção: John Patrick Shanley / Roteiro: John Patrick Shanley / Elenco:  Meryl Streep, Philip Seymour Hoffman, Amy Adams, Viola Davis, Alice Drummond / Sinopse: Um jovem padre da linha mais liberal da Igreja Católica, Flynn (Philip Seymour Hoffman), entra em choque com a conservadora Aloysius Beauvier (Meryl Streep). Em jogo o modo de administrar a escola. A irmã acredita em disciplina, ordem e tradição. Já o padre acredita em liberdade, inovação e renovação. Está assim armado o conflito entre ambos. Vencedor do Screen Actors Guild Awards de melhor atriz para Meryl Streep.

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de dezembro de 2012

O Lorax

Mais uma animação baseada na obra de Theodor Seuss Geisel (1904 - 1991), autor mais conhecido como Dr. Seuss. Suas estórias, muito líricas e singelas, procuravam ensinar valores humanos às crianças. Seu texto é muito rico e em sua singeleza conseguia passar grandes mensagens para os mais jovens. Esse "O Lorax" é uma de suas obras mais conhecidas. Publicado originalmente em 1971, esse pequeno conto ecológico demonstrava a preocupação do autor em relação ao desmatamento sem controle das grandes reservas florestais. Seu alvo é a indústria, que destrói a natureza para lucrar cada vez mais. Na estória acompanhamos um jovem garoto de 12 anos que resolve ir atrás de uma árvore de verdade pois na cidade em que mora tudo é feito de plástico e materiais industriais. Não existe mais natureza pois ela foi devastada por um poderoso industrial que agora enriquece vendendo ar puro engarrafado. Lorax é o guardião da floresta que tenta de algum modo salvar a natureza. A mensagem como se vê é muito bonita e tocante e cria consciência ecológica nas crianças, isso muito antes da ecologia virar moda mostrando que o Dr. Seuss estava bem à frente de seu próprio tempo. Era um humanista e esse humanismo ele conseguiu passar com raro brilhantismo para seus 60 livros publicados. De certa forma era um artista tão inspirado quanto Walt Disney, só que de forma mais modesta ia divulgando suas idéias através de seus vários personagens, muitos dos quais estão sendo adaptados para o cinema.

A animação é uma produção conjunta entre a Universal e a Illumination Entertainment. Como se pode perceber ao longo do filme esse é a mesma companhia que produziu o grande sucesso "Meu Malvado Favorito". Alguns personagens desse filme inclusive fazem pequenas aparições ao longo de "Lorax". A  Illumination deixou bastante a desejar com sua animação anterior, "Hop - Rebeldes sem Páscoa" mas agora voltam à boa forma e ao sucesso de bilheteria pois "Lorax" conseguiu romper a barreira dos 300 milhões de dólares em faturamento, um número realmente excepcional para uma animação como essa. No fundo esse sucesso prova apenas a imensa qualidade do material que foi criado pelo Dr. Seuss. Não basta apenas ter tecnologia para produzir uma animação bonita, tem que ter conteúdo e isso Seuss tinha de sobra. Assim fica a recomendação. "O Lorax", uma pequena parábola sobre os problemas da sociedade industrial em que vivemos.

O Lorax (The Lorax, Estados Unidos, 2012) Direção: Chris Renaud, Kyle Balda / Roteiro: Ken Daurio baseado na obra do Dr. Seuss / Elenco (Vozes):  Zac Efron, Taylor Swift,  Danny DeVito,  Taylor Swift,  Betty White / Sinopse: Um jovem ambicioso pretende vender seu novo produto, uma malha resistente e eclética feita a partir de árvores da floresta. Após conseguir industrializar sua invenção ele começa a destruir toda a floresta da região onde mora. Para defender a natureza surge Lorax.

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de dezembro de 2012

O Aviador

Howard Hughes (1905 - 1976) não era um sujeito comum. Filho único de um dos maiores industriais dos Estados Unidos, já nasceu bilionário. Excêntrico ao extremo, cheio de manias, entrou para a história americana por causa de seus projetos ousados e inovadores. Foi o primeiro a visualizar a oportunidade de tornar comercialmente viável uma rota de aviação para transporte regular de passageiros entre Estados Unidos e Europa. Investiu em filmes na era de ouro de Hollywood, criando sob sua produção alguns clássicos imortais da sétima arte. Além disso foi figura de ponta em suas indústrias pois amava tecnologia e investiu pesadamente na área criando nesse processo uma série de invenções que até hoje fazem parte do dia a dia de milhares de pessoas mundo afora. Era aventureiro e revolucionário mas em segredo escondia vários problemas mentais que foram minando o homem ao longo dos anos. Com uma história tão rica não faltaria assunto certamente para contar sua biografia no cinema. O diretor Martin Scorsese há muitos anos queria mostrar a vida de Howard Hughes nas telas e conseguiu após receber um excelente roteiro feito sob encomenda escrito por John Logan. O texto era enxuto e se focava nos aspectos mais interessante da vida de Hughes, exatamente o que Scorsese buscava há muitos anos.

Para surpresa de muitos o diretor acabou escalando para o papel principal o ator Leonardo DiCaprio. Certamente ele não era parecido com Howard Hughes mas demonstrou ter tanta paixão pelo material e pelo roteiro que Scorsese simplesmente não conseguiu recusá-lo. Decisão acertada pois Leonardo demonstra muita sensibilidade para interpretar o famoso industrial. Fugindo de armadilhas fáceis que poderia cair por interpretar uma pessoa com problemas mentais, ele optou por uma atuação no tom correto, respeitosa e que nunca cai na caricatura. Embora excelente o ator foi completamente ignorado pelo Oscar que resolveu premiar sua partner em cena, a talentosa Cate Blanchett que aqui interpreta a grande Katherine Hepburn, um mito do cinema que era amiga pessoal de Hughes. Por falar em Oscar o filme teve várias indicações mas fora o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante dado a Blanchett, tudo o que conseguiu vencer foram Oscars técnicos (Edição, Direção de Arte, Figurino e Fotografia). Em minha opinião merecia mais. Uma produção que consiga captar tão bem a essência de uma pessoa tão complexa como Hughes merecia bem mais.

O Aviador (The Aviator, Estados Unidos, 2004) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: John Logan / Elenco: Leonardo DiCaprio, Cate Blanchett, Kate Beckinsale, Jude Law / Sinopse: Cinebiografia do industrial Howard Hughes, um homem à frente de seu tempo que tinha que lidar não apenas com os desafios de sua posição mas também com um terrível problema mental que o afligia.

Pablo Aluísio.

Killer Joe - Matador de Aluguel

A primeira coisa que chama atenção nessa adaptação para o cinema da peça teatral de Tracy Letts é a direção do cineasta William Friedkin, o mesmo do clássico "O Exorcista". Afastado do cinema há seis anos ele agora retorna com essa curiosa crônica sobre uma família completamente desestruturada que resolve contratar os serviços do assassino profissional Joe Cooper (Matthew McConaughey). Chris (Emile Hirsch), o filho mais velho, está cheio de dívidas, devendo a apostadores e bandidos de todos os tipos. Para pagar e escapar vivo ele contrata "Killer" Joe para matar sua própria mãe pois essa tem uma apólice de seguros no valor de 50 mil dólares. Para convencer o assassino a realizar o serviço sem o pagamento adiantado ele coloca sua própria irmã, Dottie (Juno Temple) como "garantia"! Ela é uma garota inocente que não tem muita consciência da crueldade de toda a situação. Como se pode perceber a trama é sórdida, cruel, mas o filme tenta de alguma forma suavizar as coisas. Não chega a assumir um tom cômico mas em contrapartida não carrega nas tintas. A família enfocada pelo roteiro é formada por brancos pobres do Texas. Pessoas que vivem em trailers, sem qualquer tipo de estrutura. Os pais são divorciados, o filho vive de pequenos golpes e todos sobrevivem à margem da lei. É o que os americanos chamam de "White Trash", uma denominação pejorativa para essa camada social.

O elenco traz o bom ator Emile Hirsch, do ótimo "Na Natureza Selvagem". Embora tenha tido um começo promissor o enorme fracasso comercial de "Speed Racer" quase acabou com a carreira do rapaz. Agora ele tenta um retorno, voltando para os pequenos filmes, de linha mais independente, que alavancaram sua vida profissional em seu começo. Matthew McConaughey também se destaca como o personagem principal, Killer Joe, um típico caipira red neck do Texas que é muito eficiente em seu "trabalho". Ele é policial mas nas horas vagas aceita encomendas de assassinatos. É curioso que muito da peça teatral esteja na estrutura do filme, principalmente em sua cena final quando praticamente todos os personagens se encontram para um acerto de contas definitivo. Diálogos bem estruturados e reviravoltas na trama mantém o interesse mas confesso que esperava um pouco mais do resultado final por causa da presença de William Friedkin. Ele não brilha tanto em sua direção, mantendo-se discreto o tempo todo, sem grandes arroubos de criatividade. De certa forma peca por omissão. Apesar disso no saldo final "Killer Joe" se destaca por causa de sua trama bem construída e pelo bom desempenho de seu elenco. Por essas razões vale a indicação.

Killer Joe - Matador de Aluguel (Killer Joe, Estados Unidos, 2012) Direção: William Friedkin / Roteiro:  Tracy Letts baseada em sua própria peça, "Killer Joe" / Elenco: Matthew McConaughey, Juno Temple, Emile Hirsch,  Thomas Haden Church,  Gina Gershon / Sinopse: Para saldar suas dívidas com apostadores e bandidos da região um jovem contrata os serviços profissionais de um assassino para matar sua própria mãe pois ela tem um seguro de vida no valor de 50 mil dólares. Com o dinheiro pretende pagar a todos mas as coisas não saem exatamente como ele planejava.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Assassino a Preço Fixo

Não faz muito tempo assisti com o ator Jason Statham o filme "13" que ele rodou ao lado de Mickey Rourke. Um filme de ação stricto senso, ou seja, muito pouco papo furado e ação ao extremo. Esse "Assassino a Preço Fixo" segue basicamente a mesma linha embora "13" fosse de certa forma mais inovador em sua estrutura. Aqui em "The Mechanic" Jason novamente está no submundo, só que vivendo um assassino profissional que se coloca numa situação limite em seu novo "serviço". O roteiro é bastante eficiente, as situações são colocadas sem perda de tempo, as cenas não precisam de muita delonga para acontecerem (ao contrário de filmes recentes de antigos astros de ação como Bruce Willis em que temos que aguentar um monte de piadinhas sem graça)."The Mechanic" não tem humor e nem piadinhas, mas sim ação e tensão da primeira à última cena (ainda bem!).

Em poucas palavras um filme pra apreciadores de filmes de ação sem amenidades e nem bobagens sem graça. Na verdade "Assassino a Preço Fixo" é assim por um motivo muito simples: é uma releitura de um antigo sucesso de Charles Bronson, ator que durante anos realizou filmes de pura ação para os fãs do gênero. Os filmes de Bronson não eram os mais bem produzidos do mundo e nem contavam com roteiros elaborados mas dentro de sua proposta eram bem honestos, não enganando o espectador em nenhum momento. "The Mechanic" é justamente isso. Quem paga para assistir sabe de antemão do que se trata e não é enganado levando gato por lebre. No elenco de apoio dois nomes se destacam: o veterano Donald Sutherland (em um papel pequeno mas importante na trama) e Ben Foster (um ator cujo trabalho gosto muito, sem muito a apresentar em termos de interpretação pois o filme é de ação e não abre margem para maiores vôos nesse sentido mas mesmo assim uma boa adição ao elenco). Em conclusão "Assassino a Preço Fixo" é um competente veículo para os admiradores do gênero ação e pancadaria sem firulas.

Assassino a Preço Fixo (The Mechanic, Estados Unidos, 2011) Direção: Simon West / Roteiro: : Richard Wenk/ Elenco: Jason Statham, Ben Foster, Donald Sutherland, Nick Jonas, Christa Campbell, Jeff Chase, Beau Brasso, Eddie J. Fernandez / Sinopse: Arthur Bishop (Jason Statham) é um assassino profissional que tem uma missão extremamente complicada a realizar: matar seu próprio chefe, Harry (Donald Sutherland). A missão não será tão simples como as demais.

Pablo Aluísio.

Treme

Mais uma ótima série com o selo HBO, que praticamente nunca erra em suas produções. O nível da produção é alto e os roteiros são extremamente bem escritos. O que me levou inicialmente a acompanhar Treme desde o começo foi sua ótima trilha sonora que se utiliza da rica musicalidade de New Orleans, a cidade que é um dos berços do Jazz americano. Os personagens são bem carismáticos (com destaque para o de John Goodman, ótimo como sempre)  A tônica é muito realista, mostrando os desafios da população em reerguer a cidade depois da passagem do furacão Katrina. O que vemos em cena é que não são apenas os políticos brasileiros que são ineficientes mas os americanos também - e muito! Mesmo após tantos anos a cidade continua completamente destruída. Os moradores só contam com eles mesmos para tentar reverter a situação. A burocracia e a crise nos EUA combinadas tornaram tudo muito mais complicado. O Estado americano se mostra tão incompetente quanto o brasileiro. Políticos corruptos a rodo e muita licitação fraudulenta. Parece familiar para você? Pois é. Nós brasileiros criamos essa mentalidade equivocada que apenas a nossa classe política é corrupta e ineficiente sendo a americana um primor. Ledo engano, os políticos americanos são tão corruptos quanto os nossos, os prefeitos e vereadores dos ianques são iguaizinhos. Treme mostra perfeitamente isso. 

O argumento tenta mostrar o cotidiano de típicos moradores da cidade. Assim temos a família negra que perdeu sua casa e não tem onde morar; o professor e escritor universitário que usa a internet para atacar o governo que nada faz em prol da população sem ajuda governamental; a advogada que tenta encontrar um jovem negro que desapareceu sob a custódia da polícia local (também tão violenta e corrupta quanto a nossa); o músico negro que tenta sobreviver de sua arte; a jovem cozinheira que tenta sobreviver numa cidade devastada e por fim um DJ e aspirante a músico que ama a cidade, mesmo ela estando toda quebrada. O retrato de todos esses personagens é muito humano. A série é um tapa na cara da classe política dos EUA e um retrato revelador de seus moradores. New Orleans também é um dos personagens da série. Cidade com muita personalidade e cultura marcante (diferente da maioria das cidades americanas que não tem carisma nenhum), a comunidade tenta sobreviver um dia de cada vez mesmo que tudo ao redor esteja mofado, destruído, alagado. Para piorar ainda mais todos têm que lidar com as altas taxas de criminalidade que assolam as ruas após a tragédia. Enfim, recomendo bastante. Quem ainda não conhece não deixe de dar uma olhada.

Treme (Treme, Estados Unidos, 2010 - 2012) Criado por Eric Overmyer e David Simon / Direção: Anthony Hemingway, Ernest R. Dickerson, Agnieszka Holland entre outros / Roteiro: Eric Overmyer, David Simon, George Pelecanos, entre outros / Elenco: Khandi Alexander, Rob Brown, Kim Dickens, John Goodman, Melissa Leo, Steve Zahn / Sinopse: A série "Treme" mostra a luta do dia a dia dos moradores de New Orleans que tentam voltar ao normal mesmo após o desastre natural que se abateu sobre a comunidade. Abandonados pela classe política eles tentam reerguer tudo contando apenas com si mesmos.

Pablo Aluísio

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O Código

Luke Wright (Jason Statham) é um policial que cai em desgraça após entregar tiras corruptos de Nova Iorque. Sem meios de sobrevivência entra para o mundo da luta livre onde acaba descontentando uma máfia de apostas. Perseguido se esconde nas ruas da cidade, em abrigos para sem tetos. Desiludido decide colocar um fim em sua vida no metrô mas no último momento percebe uma pequena garotinha chinesa (Catherine Chan) fugindo de capangas da máfia chinesa. Decide ajudá-la e acaba se envolvendo numa terrível conspiração criminosa envolvendo as máfias russas e chinesas e a banda podre da polícia nova-iorquina."Safe" é o novo filme do astro dos filmes de ação, Jason Statham. Ele já tem seu público formado de admiradores e realiza produtos destinados para esse tipo de público de filmes de muita ação e pancadaria, por isso nem adianta reclamar que suas produções não possuem roteiro e nem boas atuações. Jason não está em cena para atuar mas sim para bater, dar tiros, sopapos e distribuir porradas a atacado!

Esse "Safe" certamente vai satisfazer seu público. O filme me lembrou muito os filmes de ação e artes marciais de Hong Kong. A edição é nervosa, rápida e não perde muito tempo em situações dramáticas. Nos primeiros 20 minutos de filme a trama é apresentada rapidamente, tanto a estória do tira vivido por Jason quanto da garotinha órfã que superdotada é usada pela máfia chinesa para decorar dados sigilosos como senhas, números e receitas de sua organização criminosa. As cenas de pancadaria são em grande número e pelo menos há uma boa sequência com Jason em cima de um vagão de metrô em Nova Iorque. De resto o filme traz no elenco de apoio o sumido Chris Sarandon (o vampiro do primeiro "A Hora do Espanto"). Ele tem apenas duas cenas mas que valem para mostrar que o ator está ainda atuante no cinema. Enfim, "Safe" é indicado para o público que gosta dos filmes de Jason Statham. Para quem o detesta é melhor ficar longe pois o filme é justamente aquilo que parece, sem maiores surpresas.

O Código (Safe, Estados Unidos, 2012) Direção: Boaz Yakin / Roteiro: Boaz Yakin / Elenco: Jason Statham, Catherine Cham, Chris Sarandon / Sinopse: Ex policial conhecido como "o lixeiro" (apelido dado pois gostava de limpar as ruas da escória) acaba ajudando ao acaso uma garotinha chinesa perseguida pelas máfias chinesas e russas. Com seu estilo "quebra ossos" tenta manter a menina a salvo.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Monster - Desejo Assassino

O cinema americano já mostrou a vida sinistra de muitos assassinos em série mas esse "Monster" tem um diferencial importante. Mostra a história real de Aileen Wuornos (Charlize Theron), uma das mais famosas Seial Killers americana, acusada de matar vários homens em sua trajetória. O modus operandi de Aileen era relativamente simples: Ela era prostituta de rua e saía geralmente com caminhoneiros ou homens mais velhos. Assim que o programa era acertado eles iam a lugares remotos. Lá Aileen os matava a tiros e depois os roubava, levando consigo tudo o que conseguia encontrar de valor com seus "clientes". Fruto de uma infância terrível onde sofreu abusos de toda ordem, ela se iniciou muito jovem na prostituição, com apenas 13 anos. Todos esses fatos acabaram criando na assassina um transtorno de personalidade conhecido como Borderline. Esse problema mental é causado por histórico de exposição a traumas durante a infância e juventude. As pessoas que desenvolvem essa doença geralmente são impulsivas e não agem de forma racional. Curiosamente mesmo sendo diagnosticada com esse mal ela foi julgada e sentenciada à morte pela justiça americana. Se fosse no Brasil não sofreria pena e nem prisão mas apenas Medida de Segurança. Enviada a uma instituição adequada teria tratamento e acompanhamento médico.

O grande destaque de "Monster", como não poderia deixar de ser, vem da brilhante atuação da atriz Charlize Theron. Vista até  aquele momento como apenas uma beldade nas telas, Charlize aqui surpreende. Com forte maquiagem a atriz fez de tudo para literalmente incorporar a verdadeira assassina. O resultado é excepcional. Theron deixa de existir para dar lugar a Aileen! Ela fez um trabalho primoroso onde reproduz até os mínimos detalhes de ser da verdadeira assassina. Ver uma atuação desse nível e depois ter que encarar essa talentosa profissional fazendo papel de bruxa má em remake de Branca de Neve realmente me deixa perplexo. De qualquer modo Charlize foi reconhecida pelos grandes prêmios pois venceu o Oscar de Melhor Atriz, além de ter sido premiada com o Urso de Prata de Veneza e o Globo de Ouro. Também merece destaque a atuação inspirada de Christina Ricci, que interpreta a namorada lésbica de Charlize no filme. Sem medo de me equivocar digo que é o melhor momento de ambas as atrizes em suas vidas profissionais. Nem antes e nem depois conseguiram desenvolver um trabalho melhor do que esse. Em conclusão afirmo que "Monster" não é uma produção fácil e nem leve. Seu tema é pesado e sua trama não é nenhum conto de fadas. Mesmo assim temos aqui uma obra não menos do que brilhante. Uma ótima crônica que tenta registrar para a posteridade a triste existência de Aileen Wuornos. Não deixe de conferir.

Monster - Desejo Assassino (Monster, Estados Unidos, 2003) Direção: Patty Jenkins / Roteiro: Patty Jenkins / Elenco: Charlize Theron, Christina Ricci, Bruce Dern, Scott Wilson, Lee Tergesen./ Sinopse: O filme conta a história real de Aileen Wuornos (Charlize Theron), assassina em série que se tornou famosa nos Estados Unidos por uma longa série de mortes contra homens que a contratava como prostituta. O filme traz uma visão dura e cruel dessa criminosa.

Pablo Aluísio.

Ruby Sparks - A Namorada Perfeita

Calvin Weir-Fields (Paul Dano) é um jovem escritor em crise criativa que acaba criando em seus textos aquela que seria a namorada perfeita - simpática, amiga, leal, sensual e meiga. Ele lhe dá o nome de Ruby Sparks e pretende escrever com esse personagem o seu próximo grande livro. O problema é que a própria Ruby se materializa em sua vida, se tornando uma pessoa real e não uma mera invenção ficcional. Sabendo que pode determinar os atos de Ruby apenas escrevendo o que espera dela em uma folha de papel, o escritor acaba entrando numa grande confusão. Lida assim a sinopse a primeira impressão é que Ruby Sparks é uma comédia romântica das mais bobas mas para minha surpresa não é. O filme se leva à sério, exagera nas tintas do drama e procura levantar, mesmo que de forma bem superficial, a questão do livre arbítrio e da imagem que projetamos dos outros em nós mesmos. 

A Ruby não tem vontade própria, ela faz o que seu criador deseja. Assim ele projeta nela tudo aquilo que esperaria de uma namorada perfeita mas esse tipo de coisa logo se revela um desastre para Calvin e os outros ao redor. Infelizmente o enredo parte dessa premissa absurda e se o espectador não comprar a idéia do filme então tudo vai por água abaixo. O tom mais sério da trama também pode afastar um pouco seu público alvo, que seria as adolescentes. De qualquer modo o resultado final não é ruim, apenas previsível. O argumento não explica porque uma personagem de ficção se materializou na vida real e os demais personagens do filme assumem isso com absurda naturalidade. O ator que faz o escritor Calvin, Paul Dano, é pouco carismático, para não dizer chato. Quem acaba segurando o filme nas costas é mesmo sua parceira de cena, Zoe Kazan, que também assina o roteiro. Ela é neta do grande cineasta e autor Elia Kazan. Fazendo a fofinha Ruby Sparks ela foi a responsável direta por eu ter ido até o fim do filme. Ela manteve meu interesse. Em suma, Ruby Sparks não é nenhuma maravilha da sétima arte. Embora colocado no nicho das comédias românticas procura ser um pouco mais inteligente do que habitualmente se faz nesse gênero. Não vai agradar a todo mundo mas se você não for muito exigente pode até servir como passatempo para um domingo à noite. 

Ruby Sparks - A Namorada Perfeita (Ruby Sparks, Estados Unidos, 2012) Direção: Jonathan Dayton, Valerie Faris / Roteiro Zoe Kazan / Elenco: Zoe Kazan, Antonio Banderas, Paul Dano, Alia Shawkat, Deborah Ann Woll, Annette Bening, Steve Coogan, Chris Messina, Elliott Gould, Aasif Mandvi / Sinopse: Escritor em crise de criatividade resolve criar uma personagem de ficção que atendesse a tudo aquilo que ele desejaria numa verdadeira "namorada perfeita". O problema é que sua personagem ganha vida no mundo real, levando muitos problemas para o pacato escritor.

Pablo Aluísio.

domingo, 25 de novembro de 2012

A Lenda dos Guardiões

Por mais incrível que isso possa parecer a verdade é que "A Lenda dos Guardiões" é uma animação sobre a II Guerra Mundial. Explico. O roteiro é totalmente inspirado nos eventos da Grande Guerra que abalou o mundo nos anos 40. Na verdade essa animação é uma alegoria daqueles acontecimentos. Senão vejamos: existem dois grandes grupos de aves. O primeiro grupo é formado por corujas que se consideram "Puras" (tal qual os nazistas e sua teoria da raça superior, os arianos). Esse grupo do "mal" também tem um líder carismático que escraviza e doutrina as corujinhas mais jovens (juventude Hitlerista) e as usam nos campos de batalha. Existe também toda aquela ideologia que já conhecemos bem dos regimes ditatoriais.

Já o outro grupo, chamado de "Guardiões" tem um personagem que é obviamente inspirado no primeiro ministro inglês durante a II Guerra: Winston Churchill. É um velho turrão, com passado de glórias no campo de batalha. Para completar assim como Churchill o personagem do filme também escreveu suas memórias contando as suas lutas do passado, inspirando a jovem corujinha do filme. O mais curioso dessa animação é que ela tenta passar simpatia e humanidade pelas corujas, um bicho que não tem quase nenhuma tradição nos personagens animados. Em algumas regiões do Brasil inclusive as pobres corujinhas são símbolos de forças do mal e até mesmo mal agouro (azar ou maldição). Por isso é bastante interessante o trabalho desenvolvido aqui. Um bom passatempo e uma boa alegoria sobre o maior conflito armado da humanidade. Em poucas palavras: World War II for Kids!

A Lenda dos Guardiões (Legend of the Guardians: The Owls of Ga'Hoole, Estados Unidos, 2010) Direção:  Zack Snyder / Roteiro: John Orloff, John Collee / Elenco (vozes): Emilie de Ravin, Hugo Weaving, Ryan Kwanten, Helen Mirren, Geoffrey Rush / Sinopse: Soren é uma jovem coruja que adora histórias de guerra contadas por seu pai. Ele lhe coloca a par sobre a lenda dos guardiões, guerreiros da mitologia que lutaram contra as forças do mal.  Soren nem desconfia que em breve estará envolvido em grandes aventuras com o mitológico grupo alado..

Pablo Aluísio.