domingo, 4 de novembro de 2012

Frost / Nixon

Nem sempre a história é tão interessante do ponto de vista dramático que justifique sua transposição de forma fiel para os palcos ou para as telas. Um exemplo é esse "Frost / Nixon". O filme enfoca a polêmica sessão de entrevistas que o ex-presidente norte americano Richard Nixon concedeu ao jornalista inglês David Frost em 1977. Como se sabe Nixon havia renunciado ao seu cargo após o escândalo de Watergate. O que todos queriam saber era se Nixon confessaria ou não sua participação nos eventos que o levaram à renúncia do cargo mais poderoso do planeta. Na realidade dos fatos Nixon jamais confessou publicamente que teria participado de todos aqueles atos ilegais, nem na entrevista com David Frost e nem em lugar nenhum. Porém como isso tiraria grande carga de dramaticidade para a peça original em que o filme foi baseado, optou-se por alguns desvirtuamentos dos fatos reais. Com isso a peça e consequentemente o filme se tornaram bem mais interessantes do ponto de vista da pura dramaturgia, embora nesse processo tenham também perdido sua veracidade histórica. Mesmo com todas essas observações o filme não conseguiu escapar de um verdadeiro bombardeamento por parte da imprensa americana que o acusou de ser uma mera peça de ficção, sem qualquer laço com a entrevista real. Fred Schwarz, jornalista do prestigiado National Review sedimentou sua opinião da seguinte forma: "Frost / Nixon é uma tentativa de usar a história, transformar em retrospectiva uma derrota em uma vitória."

É curioso como Richard Nixon ganhou status de grande estadista perto de sua morte. Quando renunciou ele teve sua imagem pública destruída mas ao longo dos anos foi recuperando sua reputação e morreu sendo ovacionado pela grande imprensa americana, a mesma que tanto contribuiu para sua queda monumental. Para interpretar um personagem com tantas nuances e detalhes psicológicos e de personalidade, apenas um ator como Frank Langella poderia se sair bem sucedido. Ele passa longe de ser fisicamente parecido com Nixon e dispensou uso de maquiagem para fazer o papel, algo que Anthony Hopkins usou em excesso no filme de Oliver Stone e que acabou lhe tirando parte importante de sua expressão facial. Aqui Langella preferiu surgir em cena de cara limpa. O resultado é realmente maravilhoso pois em grande parte do filme esquecemos completamente da face do verdadeiro Nixon e nos concentramos na caracterização de Langella que é realmente soberba. Injustamente não venceu o Oscar de melhor ator, perdendo o prêmio mais esperado. Aliás o filme apesar de indicado para todos os principais prêmios da Academia (filme, ator, direção, roteiro adaptado e edição) saiu de mãos vazias da premiação. Fruto talvez da má vontade de certos articulistas que centraram fogo contra o filme. Não faz mal, "Frost / Nixon" está acima disso. Um filme inteligente com roteiro marcante que vai certamente agradar os espectadores que prezam por um bom filme embasado em grandes atuações.

Frost / Nixon (Estados Unidos, 2009) Direção:  Ron Howard / Roteiro: Peter Morgan / Elenco: Frank Langella,  Michael Sheen, Michael Sheen, Sam Rockwell, Kevin Bacon, Matthew MacFadyen, Oliver Platt, Rebecca Hall / Sinopse: Frost / Nixon mostra os bastidores, os acertos e finalmente a entrevista que o ex-presidente Richard Nixon concedeu ao jornalista inglês David Frost na década de 70.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - That's The Way It Is

Essa é a trilha sonora do filme "Elvis é Assim" da MGM. Na ocasião o estúdio ainda tinha Elvis sob contrato e com sua volta aos palcos decidiu-se filmar o cantor ao vivo em Las Vegas. Seria mais barato e bem mais interessante já que seus filmes convencionais vinham cambaleando já há um bom tempo. Hoje o fã de Elvis agradece de joelhos a decisão da Metro pois nos legou ótimas imagens dos concertos do grande astro nessa cidade em 1970. Se não fosse pelo documentário teríamos ficado privados de tantos momentos especiais. Esse disco tem algumas curiosidades. Por se tratar de um documentário de um show ao vivo era de se esperar que o material do álbum fosse retirado diretamente das apresentações mas isso não ocorre. É basicamente um disco de estúdio,gravado por Elvis em Nashville. Ao vivo mesmo apenas poucas faixas sendo as mais marcantes "I Just Cant't Help Believin'" e "You've Lost That Lovin' Feelin'". O Elvis que surge nas músicas desse trabalho passa llonge do roqueiro rebelde da década de 1950. É um novo artista, com novo repertório, de músicas emocionais, baladas românticas e instrumental caprichado. O roqueiro de brilhantina cantando sobre chicletes, cachorros quentes, sapatos azuis e ursinhos de pelúcia já não fazia sentido para um homem de sua idade, com novos interesses e sentimentos.

Também esqueça a trágica imagem de seus últimos dias quando o excesso de drogas abalou o ser humano de forma cruel. Aqui Elvis ainda mantinha uma boa forma física, com apresentações viris e empolgantes que em nada ficavam a dever ao rebolativo roqueiro da década de 50. Algumas pessoas acham que ao longo dos anos Elvis ficou muito depressivo, cantando sobre o amor perdido. Pois é justamente o tema central dessa seleção de músicas. A única canção que destoa um pouco desse estilo é a agitada "Patch It Up" que injeta uma boa dose de energia no repertório contemplativo das demais gravações. Particularmente gosto muito da simplicidade emotiva de "Mary In The Morning" e do refrão kármico de "I've Lost You". Apesar da boa seleção a música que define todo o trabalho é realmente a monumental  "Bridge Over Troubled Water". A versão original era de Paul Simon mas ele, apesar de bom cantor, tinha uma voz pouco expressiva e de impacto. No vozeirão de Elvis a canção ganha adornos de suntuosidade extrema, beirando o operístico. Um registro indicado para quem ainda acredita que Elvis se resumia a sua Pelvis rebolante escandalzadora..Então fica a dica para quem quiser conhecer um Elvis Presley mais romântico, cantando o amor sem receios. Um bom álbum de um artista único.

Elvis Presley - That's The Way It Is (1970)
I Just Cant't Help Believin'
Twenty Days And Twenty Nights
How The Web Was Woven
Patch It Up
Mary In The Morning
You Don't Have To Say You Love Me
You've Lost That Lovin' Feelin'
I've Lost You
Just Pretend
Stranger In The Crowd
The Next Step Is Love
Bridge Over Troubled Water]

Pablo Aluísio.

sábado, 3 de novembro de 2012

The Killing

Outra série que tem me chamado muita atenção nos últimos meses é The Killing. Eu sou fã das produções do canal AMC. Para quem já produz Mad Men, Breaking Bad, Hell On Wheels e outras não poderia haver erro. Por isso comecei a acompanhar The Killing. No começo o clima sórdido, sombrio, fez com que o desenrolar da trama se tornasse pesado, penoso até, mas isso faz parte da característica da série em si. Já conhecemos a feia cidade de Seattle de outros programas como Grey´s Anatomy, Rookie Blue etc, mas nunca a cidade esteve tão realista como aqui. Chove o tempo todo, há um clima de depressão no ar e o espectador é logo encoberto pelo sufocante ar local. Além de escura a cidade é úmida pois é cercada de florestas por todos os lados. Para completar ainda não tem o melhor dos aromas pois é uma cidade portuária - com aqueles portos bem decrépitos, sujos e mal conservados. Não poderia assim haver melhor local para se passar essa estória.

Na trama acompanhamos dois policiais tentando desvendar a morte de uma adolescente que foi encontrada dentro do porta-malas de um carro afundado em um lamaçal local. Após investigações se descobre a identidade da garota. O problema básico é que sua morte parece estar ligada a uma rede de prostituição da cidade cujos serviços são fartamente utilizados por poderosos e políticos influentes da região. Pois é, não é apenas no Brasil que políticos poderosos usam e abusam de redes de prostituição - lá no "puritano" Estados Unidos parece acontecer a mesma coisa. Obviamente como há peixe grande na rede os tiras enfrentarão todos os tipos de problemas para solucionar o assassinato. O elenco é muito interessante. A policial Linden é interpretada pela talentosa Mireille Enos. Ela parece estar sempre com problemas. Além da vida profissional tem que se virar para cuidar de um filho entrando na adolescência sem a ajuda do pai do garoto. É uma realidade estressante ao extremo. Já o outro tira é o oposto dela. Ex-viciado, com jeito de marginal de rua, sua caracterização feita pelo ator Joel Kinnaman é acima da média. Ele inclusive está timidamente entrando também no cinema agora com filmes como o novo Robocop. Enfim, "The Killing" é uma ótima pedida para quem gosta de séries policiais com tramas de mistério envolvendo assassinatos. É viciante porque você sempre vai correr atrás das pistas, o levando a um novo episódio e a outro e a outro... nesse processo a diversão estará garantida. Não deixe de conhecer.

The Killing (The Killing, EUA, 2011 - 2012) Direção: Ed Bianch, Phil Abraham, Phil Abraham / Roteiro: Veena Sud, Søren Sveistrup, Jeremy Doner / Elenco:  Mireille Enos,  Billy Campbell,  Joel Kinnaman / Sinopse: Rosie Larsen (Katie Findlay) é uma adolescente encontrada morta no porta-malas de um carro abandonado. Para descobrir quem a matou os policiais Sarah Linden (Mireille Enos) e Stephen Holder (Joel Kinnaman) são designados pelo Departamento de Polícia. O que encontrarão pelo caminho os levará direto a grandes figurões da cidade de Seattle.

Episódios comentados:

The Killing 3.01 - The Jungle
Uma jovem garota de apenas 14 anos de idade, que trabalha como prostituta nas ruas de Seattle, é encontrada morta. O assassinato é extremamente violento, com requintes de grande crueldade. Imediatamente o detetive Stephen Holder (Joel Kinnaman) é indicado para solucionar o crime. Ele logo relembra de um antigo caso que foi investigado por sua ex-parceira, Sarah Linden (Mireille Enos). O método de execução é o mesmo e o modus operandi do assassino se mostra semelhante ao que Linden teve que lidar no passado. A questão porém é que um homem foi acusado dos crimes anteriores e atualmente se encontra no corredor da morte, mas pelo visto o verdadeiro serial killer continua à solto. O alvo acaba sendo basicamente o mesmo: jovens garotas que vagam pelas ruas da grande cidade. Teria mesmo havido um erro nas investigações de Linden no caso original? Na outra linha narrativa acompanhamos duas garotas jovens que passam o dia pelas ruas de Seattle - uma delas consegue uma cama quente para passar a noite numa instituição religiosa, já a outra  que foi expulsa de casa pela própria mãe (que mais parece uma daquelas mulheres sem quaisquer valores morais) fica no meio da rua e sem alternativas acaba entrando em um carro na madrugada para mais um programa. Pode ser o serial killer agindo novamente. Esse segmento do enredo é muito interessante porque mostra o outro lado da sociedade americana, onde existe muita pobreza, miséria e falta de perspectivas, principalmente pelos mais jovens que muitas vezes ficam desempregados e são colocados à margem da sociedade. Uma boa amostra para quem acha que a América é a terra dos sonhos, onde tudo é fácil e simples. Pelo contrário. A realidade da moçada que vive pelas ruas de Seattle é muito triste. Jogadas à própria sorte elas tentam sobreviver embaixo do frio e da chuva. Esse é o primeiro episódio da terceira temporada da premiada e consagrada série "The Killing". Na primeira e segunda temporadas tive uma sensação ruim que os roteiristas esticavam ao máximo a trama, causando um certo cansaço no espectador. De fato havia uma certa lentidão em desenvolver os personagens e solucionar os mistérios, mesmo assim nunca deixei a série de lado porque de fato havia um produto de qualidade ali. Esse certo marasmo era fruto da própria característica dos escritores, uma maneira de seguir os passos dos programas europeus, que possuem esse timing diferenciado das séries americanas. O que não se pode negar é que se trata de mais um bom seriado da AMC, canal maravilhoso que ultimamente tem chegado a competir até mesmo com a poderosa HBO. A iniciativa é a mesma: produzir séries que fujam do lugar comum. / The Killing 3.01 - The Jungle (EUA, 2013) Direção: Ed Bianchi / Roteiro: Veena Sud / Elenco: Mireille Enos, Joel Kinnaman, Elias Koteas.

The Killing 3.02 - That You Fear the Most
Sarah Linden (Mireille Enos) deixou o seu serviço na polícia de Seattle. Velhos hábitos porém são complicados de se deixar de lado. Ela acaba se envolvendo novamente em uma investigação policial. Procurada por seu antigo parceiro, Stephen Holder (Joel Kinnaman), ela descobre alarmada que o modos operandi de um serial killer que ela investigou no passado está de volta. O problema é que há uma pessoa no corredor da morte acusado justamente daqueles crimes! Assim ela teme ter condenado a pessoa errada, deixando o verdadeiro psicopata solto. Ela então se empenha em cumprir uma investigação informal do crime e acaba descobrindo que, assim como acontecia nos crimes do passado, esse assassino também é daqueles que levam uma lembrança de suas vítimas, no caso anéis que ele retira das jovens moças que assassina. Além disso através dos desenhos de um garoto ela acaba descobrindo uma vala, bem no meio da floresta, cheia de corpos de jovens garotas! O terror, ao que tudo indica, está de volta à sua vida! Se você gosta de boas séries policiais "The Killing" é uma boa pedida. Extremamente bem escrita e produzida sempre apresenta roteiros instigantes e viciantes. Não deixe de assistir. / The Killing 3.02 - That You Fear the Most (EUA, 2013) Direção: Lodge Kerrigan / Roteiro: Veena Sud, Dan Nowak / Elenco: Mireille Enos, Joel Kinnaman, Elias Koteas.

The Killing 3.05 - Scared and Running
As duas primeiras temporadas de "The Killing" exigiram uma certa dose de paciência, isso porque a trama foi sendo alongada além do necessário em minha opinião. Nessa terceira temporada a história está fluindo de maneira muito mais eficiente. O caso policial central envolve o desaparecimento de uma jovem adolescente, uma garota filha de uma família completamente desestruturada. Vivendo pelas ruas ao lado de outros jovens pobres e desamparados como ela, logo se torna alvo de um pedófilo insano que curte realizar vídeos de pedofilia dentro da pousada de sua própria mãe, localizada na região mais pobre e miserável de Seattle. Para piorar esse quadro por si só já tão terrível, muitas delas foram mortas após participarem dessas fitas. Resta a Linden (Mireille Enos) e Holder (Joel Kinnaman) tentar encontrar o paradeiro da jovem antes que ela seja assassinada também. Assim nesse episódio eles promovem várias buscas, nos bosques, nos arredores, até mesmo dentro de canos de aquedutos abandonados. No centro de todo o problema parece estar a própria mãe da menina desaparecida. Uma mulher imatura, que ficou grávida na adolescência, se tornou mãe solteira e viu de certa forma sua vida ser destruída aos pedaços. Mal ligando para a filha ela acabou se envolvendo com homens errados ao longo dos anos. Agora, ao que tudo indica, ela realmente perdeu o rumo completamente, se envolvendo emocionalmente com aquele que pode ser justamente o assassino de sua filha. / The Killing 3.05 - Scared and Running (EUA, 2013) Direção: Daniel Attias / Roteiro: Veena Sud, Coleman Herbert / Elenco: Mireille Enos, Joel Kinnaman, Elias Koteas.

The Killing 3.06 - Eminent Domain
A série "The Killing" é um caso curioso. As duas primeiras temporadas esticaram em demasia uma trama que facilmente caberia em apenas uma. Mesmo assim, exigindo uma dose extra de paciência por parte do espectador, resolvi seguir em frente, mesmo em que em determinados momentos tenha mesmo ficado irritado com a falta de um ritmo mais eficiente no desenrolar dos acontecimentos. Nessa terceira temporada os roteiristas acertaram na mão. Na verdade a série é muito boa, daquelas em que você mesmo não estando plenamente satisfeito não abre mão. Conforme os episódios avançam vamos entendendo a importância do trabalho do ator Joel Kinnaman dentro do programa. Ele que está começando também uma boa carreira no cinema (vide os recentes "RoboCop" e "Noite Sem Fim") acabou se tornando a alma desse seriado. Pois bem, nessa nova temporada ficamos sabendo que Sarah Linden (Mireille Enos) cometeu um erro crucial no passado quando indiciou em seu inquérito policial o suspeito Ray Seward (Peter Sarsgaard) de ter matado a própria esposa. Levado a julgamento acabou condenado à morte. Os episódios acompanham sua rotina em direção ao cadafalso, ao mesmo tempo em que mostra sua resignação em tudo o que lhe foi imputado. Em "Eminent Domain" seu vizinho de cela no corredor da morte não aguenta mais a pressão de estar naquele buraco há mais de 3 anos e resolve colocar um fim em tudo, se matando enforcado com o próprio lençol da cama. Ray assiste a tudo, impassível. Enquanto isso Linden e Holder (Kinnaman) continuam atrás de um pedófilo assassino que grava filmes pornôs com menores de idade para depois os assassinar, jogando seus corpos em uma floresta próxima de Seattle. Barra pesada. Não houve nenhum acontecimento mais importante nesse episódio, mas isso não significa que ele seja irrelevante para quem anda acompanhando essa temporada. Só espero que os roteiristas não voltem a enrolar como aconteceu nas temporadas passadas. / The Killing 3.06 - Eminent Domain (EUA, 2013) Direção: Keith Gordon / Roteiro: Veena Sud, David Wiener / Elenco: Mireille Enos, Joel Kinnaman, Elias Koteas.

The Killing 3.07 - Hope Kills
A vida não é fácil, principalmente se você é jovem, pobre e lésbica nas ruas de Seattle. Assim como acontece no Brasil, quando muitos homossexuais precisam se entregar à prostituição para sobreviver, o mesmo ocorre nos Estados Unidos. Nessa temporada de "The Killing" acompanhamos um grupo de garotas que passam os seus dias pelas ruas da cidade, trocando sexo barato por alguns trocados. Quando várias delas são mortas brutalmente a dupla de policiais Sarah Linden (Mireille Enos) e Stephen Holder (Joel Kinnaman) entram no caso para tentar descobrir a verdadeira identidade do assassino em série. Para sua surpresa as investigações acabam levando à figura de um renomado pastor protestante da região, que inclusive trabalha em um abrigo para jovens sem teto. Pensando bem, não poderia haver melhor lugar para um psicopata desses trabalhar. Ao lidar com jovens desamparadas ele acaba se tornando o próprio protótipo do lobo em vestes de ovelha. Para Holder ele se enquadra perfeitamente no perfil do criminoso pedófilo e assassino. Insistindo em seguir seus instintos, ele acaba descobrindo no departamento de polícia que o sujeito definitivamente não é quem diz ser e o pior de tudo: ele estaria usando uma identidade falsa, de um homem que teria morrido há 2 anos. Com o cerco fechado não existem maiores dúvidas sobre sua real intenção. Com uma ficha criminal que o aponta como indiciado em um desaparecimento de outra jovem no Arizona, o mistério vai realmente sendo solucionado. Mais um bom episódio de "The Killing", excelente série policial que se passa na ruas sinistras e alagadas dessa feia e escura Seattle (pelo visto chove todos os dias sem parar por lá!). Enfim, se não conhece e não acompanha a série, nunca é tarde para começar. / The Killing 3.7 - Hope Kills (EUA, 2013) Direção: Tricia Brock / Roteiro: Veena Sud, Brett Conrad / Elenco: Mireille Enos, Joel Kinnaman, Elias Koteas.

The Killing 3.08 - Try
A agente Sarah Linden (Mireille Enos) cai em uma armadilha. Sem saber acaba se tornando refém em seu próprio carro. O sequestrador é o pastor cujas investigações apontam como o responsável pela morte das jovens e adolescentes que se utilizam do abrigo que ele administra. Um teto provisório nas noites frias para adolescentes que passam o dia pelas ruas. Um disfarce perfeito para pedófilos assassinos em geral. Com uma arma na cabeça, o sujeito manda Linden dirigir, indo para uma região isolada. Ela então fica planamente convencida que chegara finalmente sua hora pois provavelmente será morta em um lugar inóspito bem no meio da floresta. Como último recurso de sobrevivência ela consegue deixar seu rádio ligado sem que o criminoso perceba, o colocando bem escondido ao lado de sua cadeira, obviamente com a intenção de chamar a atenção dos outros policiais que agora começam a sentir sua falta. Para sorte dela seu parceiro, Stephen Holder (Joel Kinnaman), consegue captar ao ouvir a transmissão clandestina uma dica preciosa passada por ela, dando a direção para onde está indo, um antigo píer desativado em Seattle. A partir daí tudo vira um jogo de gato e rato, onde o mais importante de tudo é tentar sobreviver. Um excelente episódio, com carga de suspense na medida certa. Inicialmente, pelo andar da carruagem, você ficará quase convencido que Linden será mesmo morta! Os roteiristas conseguiram criar um clima de tensão que permeia toda a trama. Além disso o desfecho é bem fora do que usualmente se espera, fugindo do lugar comum em situações como essa! Fora dos padrões e muito bem idealizado. Dessa terceira temporada é certamente um dos melhores episódios. / The Killing 3.08 - Try (EUA, 2013) Direção: Lodge Kerrigan / Roteiro: Veena Sud, Nic Sheff / Elenco: Mireille Enos, Joel Kinnaman, Elias Koteas.

The Killing 3.09 - Reckoning
Finalmente depois de vários episódios em busca de um assassino de jovens adolescentes que vivem pelas ruas de Seattle, os policiais Sarah Linden (Mireille Enos) e Stephen Holder (Joel Kinnaman) descobrem sua verdadeira identidade. Aqui surge um aspecto curioso. O verdadeiro assassino já havia surgido na série como suspeito bem lá atrás, ainda nos primeiros episódios. Depois os roteiristas colocaram outros suspeitos no meio de caminho e só agora, na reta final da temporada, voltaram a ele. Muitos não gostaram muito disso, acusando a série de ter enrolado durante muito tempo. Na minha forma de ver a situação isso é de até esperado. Não iriam resolver o caso tão facilmente como se esperava - até porque se isso acontecesse a temporada teria no máximo quatro a cinco episódios. Enganando o espectador, o levando a acreditar em falsas pistas, a coisa rendeu bem mais. O pesar nesse episódio vem pela morte de Bullet (Bex Taylor-Klaus), uma garota lésbica que serviu de informante para Holder durante grande parte da temporada. O curioso é que muita gente pensa que se trata de um ator interpretando uma garota lésbica, mas na verdade a Bex é realmente uma menina, bonita e tão talentosa que muita gente boa por aí pensou que era realmente um jovem rapaz interpretando sua personagem feminina. Pois bem, a morte de Bullet mexe mesmo com Holder. O cara simplesmente desaba, desabafando sobre si mesmo. Ele ainda se vê como um doidão viciado em metanfetamina! Para piorar ele confunde as coisas e tenta de forma bem desastrada beijar sua própria colega, Linden, que desvia no último segundo, gerando um enorme constrangimento entre os dois! (não tem jeito, sempre que uma série mostra dois policiais parceiros em atividade, mais cedo ou mais tarde a tensão sexual entre eles acaba despertando esse tipo de situação). Afinal, quem realmente ainda acredita que um homem e uma mulher que se sentem atraídos um por outro, podem ser apenas bons amigos? / The Killing 3.09 - Reckoning (EUA, 2013) Direção: Jonathan Demme / Roteiro: Veena Sud, Dan Nowa / Elenco: Mireille Enos, Joel Kinnaman, Elias Koteas.

The Killing 3.10 - Six Minutes
Esse episódio é todo centrado na execução do personagem Ray Seward (Peter Sarsgaard, ótimo em cada momento). Ele foi condenado a morrer na forca após ser condenado pela morte de sua esposa na frente de seu próprio filho, um garotinho de apenas 10 anos de idade. Sarah Linden (Mireille Enos) acredita que ele pode ser inocente, uma vez que um anel pertencente a sua esposa foi encontrado entre os souvenirs das vítimas de um pedófilo assassino que foi preso (em trama explorada no episódio anterior). Assim as últimas horas de vida de Ray acabam se transformando numa verdadeira maratona para Linden. Ela tenta um adiamento com o Procurador-Geral, tentando de todo jeito evitar que Ray seja pendurado na corda. Nesse meio tempo ela acaba tendo uma surpresa desagradável ao encontrar o filho de Ray, que foi lhe fazer a última visita antes de sua morte. O garoto, em sua inocência, acaba dizendo a Linden que seu pai estava presente mesmo no momento da morte de sua mãe e que ele definitivamente nunca foi a pessoa inocente como ela pensa crer. Que reviravolta! Com essa mudança de visão da realidade, do que realmente aconteceu, a cabeça de Linden entra em parafuso e ela não consegue mais saber em que direção deve seguir. Continuar tentando o adiamento da execução ou deixar ele morrer para que se cumpra enfim a justiça? Dessa temporada esse é seguramente um dos melhores episódios, não apenas por mostrar os últimos momentos de um condenado no corredor da morte, mas também por explorar as várias nuances que a personalidade humana pode apresentar, ora surgindo como um inocente sendo condenado injustamente à morte, ora mostrando como para muitos psicopatas é fácil vestir a vestimenta do coitadismo e do vitimismo. Uma boa aula sobre a complexidade da alma humana. / The Killing 3.10 - Six Minutes (EUA, 2013) Direção: Nicole Kassell / Roteiro: Veena Sud / Elenco: Mireille Enos, Joel Kinnaman, Elias Koteas.

The Killing 3.11 - From Up Here
Eu costumo dizer que "The Killing" é uma das melhores séries policiais da TV americana, mas você precisará ter uma dose extra de paciência para acompanhar. Na verdade muito de seu sucesso se deve ao par de detetives policiais formado por Sarah Linden (interpretada pela ruiva e talentosa Mireille Enos) e Stephen Holder (sempre com boas atuações de Joel Kinnaman, sim ele mesmo, o ator que estrelou o novo remake de RoboCop). A cada temporada há um novo psicopata a se caçar. A questão é que os episódios acabam se revelando intrigados ao extremo, com reviravoltas em torno de reviravoltas. Assim não estranhe se você passar toda a temporada pensando que o criminoso é um determinado personagem para no final surgir de dentro da cartola a verdadeira identidade do assassino, deixando todo mundo surpreso. Foi justamente o que aconteceu nessa terceira temporada. Esse é o penúltimo episódio da temporada e só agora os roteiristas resolveram deixar as coisas mais claras. O curioso é que nos Estados Unidos os dois últimos episódios foram exibidos em sequência pela canal amc, tal como se fosse um longa-metragem. Achei muito bom o resultado final. Eu já tinha me aborrecido bastante com lentidão das duas primeiras temporadas, mas agora mais calejado aproveito melhor o ritmo bem peculiar de "The Killing". Paciência é a chave para curtir a série melhor. Além disso é sempre divertido saber que o verdadeiro serial killer estava ali bem próximo dos personagens principais, praticamente na escrivaninha ao lado! Ops, acho que estou revelando demais... assim vou encerrando por aqui! / The Killing 3.11 - From Up Here (EUA, 2013) Direção: Phil Abraham / Roteiro: Veena Sud, Eliza Clark / Elenco: Mireille Enos, Joel Kinnaman, Elias Koteas.

The Killing 3.12 - The Road to Hamelin
Último episódio da terceira temporada. Nos Estados Unidos foi exibido junto com o episódio anterior em um especial de duas horas de duração. O texto a seguir conterá spoiler, então se você vem acompanhando a série e não deseja saber dados essenciais para o desfecho da trama sugiro que pare de ler por aqui. Pois bem. Essa temporada se desenvolveu completamente em cima de investigações para descobrir quem seria o serial killer de adolescentes, jovens garotas perdidas que viviam pelas ruas de Seattle. A maioria delas pobres, provenientes de famílias disfuncionais. Nas ruas elas acabam no ramo da prostituição, mesmo sendo um crime duplo, primeiro porque a própria prostituição é um ato criminoso naquele estado e segundo porque todas elas eram menores de idade, o que configuraria pedofilia. Um submundo horrível em uma das cidades mais desenvolvidas e prósperas da América. Durante os 12 episódios a suspeita recaiu sobre diversos personagens, desde pedófilos conhecidos pela polícia, passando por um condenado no corredor da morte, até um policial do departamento. De fato Sarah Linden (Mireille Enos) e Stephen Holder (Joel Kinnaman) estão convencidos no começo do episódio de que o verdadeiro assassino de adolescentes seria o colega Carl Reddick (Gregg Henry). Realmente o assassino era um policial, mas a dupla acabou errando o alvo, suspeitando do tira errado. Durante uma visita na casa do detetive James Skinner (Elias Koteas, que também interpreta um policial em outra série, "Chicago PD"), Linden descobre que a filha de Skinner está usando um anel que pertenceu a uma das vítimas do psicopata. Ligando as pontas ela finalmente descobre que o verdadeiro serial killer é Skinner, alguém que esteve ao lado deles o tempo todo. Uma típica reviravolta de roteiristas mais calejados. Até que achei interessante o desfecho dessa temporada, ainda mais na cena final quando Linden e Skinner vão atrás de uma das últimas vítimas do policial. Eles travam um ótimo diálogo no carro, com Skinner tentando demonstrar as motivações que o levaram a cometer todos os crimes. O que se revela nessa cena é uma mente muito, muito doentia. Um desfecho acima da média para uma série que, apesar de muitas vezes torrar nossa paciência, sempre manteve um ótimo nível. Agora vamos em frente rumo em direção para a quarta e última temporada. / The Killing 3.12 - The Road to Hamelin (EUA, 2013) Direção: Daniel Attias / Roteiro: Veena Sud, Dawn Prestwich / Elenco:  Mireille Enos, Joel Kinnaman, Elias Koteas.

Pablo Aluísio. 

Jumper

Alguns filmes recentes só existem por causa dos efeitos digitais. Quanto maior o uso desse tipo de tecnologia melhor. Roteiro? Se torna bem secundário. Com a proliferação de salas de cinemas em shopping centers esse tipo de produção acabou ganhando seu local ideal para exibição. O jovem que vai nesse tipo de multiplex pouco está se lixando para um roteiro melhor trabalhado ou um argumento convincente. Bons diálogos? Nem pensar. Ele quer mesmo é ver efeitos digitais de última geração e nada mais. São pessoas essencialmente visuais, que foram criadas jogando videogames e nem se importam se o texto é bom ou algo que o valha. "Jumper" é isso, pixel puro, nada mais. O personagem principal é um Jumper, um sujeito que consegue pular as barreiras do tempo e espaço. Ele pode estar em Paris pela manhã e "saltando" no tempo espaço pode ir almoçar nas pirâmides do Egito. Que poder é esse? De onde veio? Quais as implicações de algo assim em nosso universo? Aonde foram parar as leis da física? Esqueça qualquer tipo de questionamento sobre isso. Ele pula e pronto. Sentiu a profundidade do filme? Pois é...

O diretor Doug Liman aliás é especialista em filmes vazios. Ele estreou na carreira dirigindo uma bela pérola trash chamada "O Vestibular da Morte" - durma-se com um barulho desses! Depois dirigiu seu maior sucesso até o momento, o filme de ação pela ação "Sr e Sra Smith", novamente sem sinal de roteiro por perto. Aqui ele tenta, junto com o estúdio, transformar o inexpressivo  Hayden Christensen em astro. Quem não ligou o nome à pessoa basta recordar da sofrível nova trilogia de Star Wars. Sim, ele fazia o Darth Vader naqueles filmes. Depois disso sua carreira foi se apagando, apagando... Depois do fracasso do fraco "Mistério na Rua 7" (leia resenha no blog "Terror & Ficção - Pablo Aluísio") todos parecem convencidos que o rapaz não leva jeito para a coisa e que é apenas um sortudo da vida que foi escalado por George Lucas, sabe-se lá o porquê, para interpretar um dos personagens mais famosos da cultura pop. Depois disso ele parece seguir os passos desse seu personagem daqui, ou seja, sumir tão rapidamente como apareceu. Os cinéfilos de bom gosto certamente agradecem.

Jumper (Jumper, Estados Unidos, 2008) Direção: Doug Liman / Roteiro: Steven Gould, David S. Goyer, Simon Kinberg, Jim Uhls / Elenco: Hayden Christensen, Samuel L. Jackson, Diane Lane, Jamie Bell, Rachel Bilson, Tom Hulce, Michael Rooker, Kristen Stewart. / Sinopse: Jovem tem o poder de "pular" o tempo e o espaço com grande facilidade. Seus poderes porém lhe trarão grandes problemas.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Valente

A Disney comprou recentemente a Lucasfilm e com isso se tornou a dona dos direitos autorais da saga Star Wars mas antes disso também havia adquirido um dos gigantes do cinema atual, o estúdio Pixar, de tantos sucessos e filmes inovadores. Esse Valente é um reflexo do domínio completo que a Disney agora exerce sobre a Pixar. Antes as duas empresas se uniam para produção e distribuição das animações da Pixar mas não havia hierarquia entre elas, tanto que viviam em pé de guerra pelo controle criativo. Agora o quadro mudou, a Disney é dona da Pixar e com isso a antiga ousadia do inovador estúdio de animação fundado por Steve Jobs foi para o ralo. Por sete bilhões de dólares a Pixar agora nada mais é do que um braço do poderoso grupo Disney. O reflexo dessa nova relação se vê na tela. Valente é mais um produto Disney do que Pixar para falar a verdade. Não há ironia e nem humor negro, tudo é dentro dos rígidos controles da toda poderosa casa do ratinho Mickey.

É o que chamaria de uma animação quadradinha, onde tudo parece dentro dos padrões morais da Disney. A heroína é uma garota ruiva de longos cabelos encaracolados que se recusa a aceitar se casar com os pretendentes arranjados por seus pais. Para se ver livre de um destino com um homem de quem não gosta, ela acaba recorrendo a uma bruxa que, em troca de uma valiosa jóia, lhe dá um bolinho mágico que segundo ela vai impedir que sua mãe lhe force a casar com um homem que mal conhece. O problema é que ao comer uma pequena fatia do bolo a Rainha, mãe da ruivinha Merida (voz de Kelly Macdonald), acaba se transformando em um grande urso da floresta. Agora ela terá que tentar de tudo para reverter o feitiço. Como a própria mocinha diz em determinado momento do filme "Lendas são lições de vida". Valente assim vai pelo mesmo caminho, ensinando os filhos a ouvirem melhor os conselhos de seus pais. É praticamente um conto de fadas, sem maiores ousadias criativas. A animação obviamente é do mais alto nível mas o produto final deixa um gostinho desconfortável de que a Pixar está devidamente amordaçada e domada. Uma pena. Será que os personagens de George Lucas seguirão pelo mesmo caminho? Só o tempo dirá...

Valente (Brave, Estados Unidos, 2012) Direção: Mark Andrews, Brenda Chapman / Roteiro: Brenda Chapman, Irene Mecchi / Elenco - Vozes:  Kelly Macdonald, Emma Thompson, Kevin McKidd, Billy Connolly, Robbie Coltrane, Julie Walters, John Ratzenberger, Craig Ferguson / Sinopse: Princesa não quer se casar com os pretendentes arranjados por seus pais. Em busca de uma saída acaba recebendo de uma bruxa na floresta um bolinho mágico que vai impedir que isso aconteça.

Pablo Aluisio.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Fogo Contra Fogo

Mais um filme com Bruce Willis que não encontra espaço nos cinemas, indo diretamente para o mercado de venda direta ao consumidor. Será que o antigo astro de filmes de ação está acabado definitivamente? Ainda não. O que vem ocorrendo com Willis é que ele vem colocando seu nome para aluguel de produções pequenas que passariam despercebidas sem seu nome no elenco. É um mero chamariz de público. Um exemplo é esse "Fire With Fire". Aqui pelo menos Willis está um pouco menos preguiçoso do que o habitual, trabalhando mais, surgindo em várias cenas, embora seu personagem esteja longe de ser o principal da trama. Ele interpreta um policial obcecado por prender um criminoso cruel e sociopata que matou seu parceiro anos atrás. A grande chance acontece quando um bombeiro testemunha um crime numa loja de conveniências. O assassino é justamente o mesmo do ex parceiro do personagem de Willis. A partir daí a produção cai no clichê de sempre. O assassino vai tentar matar a testemunha e Bruce Willis com a ajuda do FBI vai tentar manter ele vivo até o julgamento no tribunal. A reviravolta acontece quando o bombeiro cansado daquele jogo de gato e rato resolve se armar ele mesmo para ir atrás de seus algozes. Encarnando Charles Bronson de "Desejo de Matar" ele sai liquidando um por um os membros da gangue de criminosos.

Nem precisa dizer que é justamente por isso que o filme decai tanto. O tema é batido e o ator que interpreta o bombeiro, Josh Duhamel, é fraco e sem jeito para bancar o herói de filmes de ação. Seu maior sucesso até aqui foi com a franquia Transformers. Obviamente o estúdio está tentando transformá-lo em um novo herói de ação mas até agora não convenceu muito. Como se não bastasse ainda temos que agüentar  o rapper 50 Cent fazendo uma pequena participação. Ele definitivamente deveria retornar para sua carreira musical porque como ator ele é realmente sofrível, péssimo. Outra presença que chama a atenção é a do ator Julian McMahon que interpretava o egocêntrico cirurgião Christian Troy de Nip / Tuck, aqui interpretando um assassino profissional. Sua entrada em cena é responsável pelas melhores sequências do filme, como a do tiroteio no meio de um estacionamento. Fora isso nada de mais digno de nota. A cena final usa a abusa de efeitos digitais recriando fogo mas sem grande impacto. "Fire With Fire" é um ponto menor, quase obscuro, da carreira de Bruce Willis. Sua grande vantagem é ser curtinho, sem firulas, indo direto ao ponto. Infelizmente se rende a muitos clichês ao longo de sua duração mas pode ser encarado como um divertimento ligeiro caso não haja nada melhor para assistir.

Fogo Contra Fogo (Fire With Fire, Estados Unidos, 2012) Direção: David Barrett  / Roteiro: Lowell Cauffiel, Tom O'Connor / Elenco: Josh Duhamel, Rosario Dawson, Bruce Willis, Julian McMahon,  Vincent D'Onofrio,  Vinnie Jones,  Richard Schiff,  50 Cent / Sinopse: Bombeiro testemunha um assassinato, para garantir que sobreviva até o julgamento um grupo de policiais o colocam no serviço de proteção às testemunhas, o que acaba não garantindo sua integridade física. Sem opção ele então resolve ir atrás dos criminosos para um acerto de contas definitivo.

Pablo Aluísio.

Excision

Um filme surpreendente. Assim eu poderia definir adequadamente essa produção de complicada classificação. No enredo acompanhamos a vida da adolescente Pauline (AnnaLynne McCord); Ela tem uma família modelo, sua mãe Phyllis (Traci Lords) quer que sua filha entre para uma boa escola onde aprenderá a se comportar como uma verdadeira dama da sociedade. O problema é que Pauline não se enquadra, ela é completamente fora dos padrões. Seu comportamento bizarro chama a atenção. Ela recolhe animais mortos na rua e os coloca em sua bolsa, marca com um garoto da escola para que ele lhe tire a virgindade e o pior é que delírios com sangue são recorrentes em sua mente. Vivendo em constante estado que denota doença mental ela vai piorando cada vez mais. O problema de sua irmã mais jovem que sofre de uma grave doença nos pulmões não ajuda em nada. Pauline tem sonhos de um dia se tornar uma grande médica, cirurgiã de sucesso mas não tem qualquer sinal de equilíbrio mental para isso. O roteiro, muito inteligente, coloca o espectador dentro da mente perturbada de Pauline. Seus sonhos e delírios são um dos grandes atrativos do filme.

O elenco dessa produção é um grande destaque. AnnaLynne McCord está perfeita como a perturbada adolescente. Magra, despenteada, com cara e jeito de sociopata, a atriz se entrega ao seu personagem e o resultado é realmente de chamar atenção. Mais curiosa é a boa atuação de Traci Lords como sua mãe. A antiga diva pornô dos anos 80 está muito bem caracterizada no papel de uma mãe muito dominadora que quer impor sua visão e sua vontade para sua filha estranha. Lords demonstra muita desenvoltura em cena e surpreende mesmo o espectador. Grande trabalho. Por fim outra curiosidade que merece menção: a presença no elenco de um dos cineastas mais transgressores do cinema americano, John Waters! Aqui ele interpreta um pastor religioso que não sabe mais como agir na presença da bizarra adolescente. Além de Traci Lords e John Waters, ambos em grande forma, o filme ainda traz no elenco de apoio a atriz surda premiada com o Oscar, Marlee Matlin, e o sempre marcante Malcolm McDowell como um professor que tem que aturar Pauline em sala de aula. Em suma, Excision é uma pequena obra prima, um filme muito instigante que vai deixar muita gente de queixo caído. Seu final é um dos mais marcantes e perturbadores que vi ultimamente. Excision é estranho, bizarro, perturbador e muito bom! Está mais do que recomendado.

Excision (Excision, Estados Unidos, 2012) Direção: Richard Bates Jr./ Roteiro: Richard Bates Jr. / Elenco:  AnnaLynne McCord, Traci Lords, Ariel Winter,  Roger Bart,  John Waters,  Malcolm McDowell, Marlee Matlin, Ray Wise / Sinopse: Adolescente muito estranha não consegue se encaixar nem na escola, nem nas amizades e nem em casa com a família. Dona de um comportamento estranho e bizarro ela tem que lidar com os problemas típicos de sua idade. Sem tratamento psicológico adequado porém ela aos poucos vai perdendo a noção da realidade do mundo ao seu redor.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Batman

Será que ainda havia espaço para os heróis em quadrinhos no cinema? Tentando responder a essa pergunta a Warner iniciou no final da década de 1980 a mais ousada e cara adaptação de um personagem de gibis até então. O escolhido foi o cavaleiro das trevas, Batman, da DC Comics. Claro que o personagem já tinha surgido nas telas antes mas aquelas estavam longe de serem produções classe A. Na verdade eram meros episódios de seriados na décadas de 50 ou então telefilmes adaptados ao cinema como o Batman super colorido da TV americana da década de 1960 com Adam West vestindo o uniforme do personagem. Todos sabiam que não seria uma adaptação fácil. O diretor escolhido, Tim Burton, tampouco agradou aos fãs. Ele tinha um estilo muito próprio, com direção de arte muito personalizada. Corria-se o risco de descaracterizar o famoso herói. Outro problema seria a escolha do ator para viver Batman. Os mais consagrados não queriam vestir a capa e os mais desconhecidos não tinham força suficiente nas bilheterias a ponto da Warner investir neles. O pior aconteceu quando o nome de Michael Keaton foi anunciado! Ele era basicamente um comediante de filmes engraçadinhos, meio careca e nada condizente com o perfil de Batman. Era uma escolha improvável e inadequada para praticamente todos os fãs. A situação melhorou um pouco logo depois quando Jack Nicholson aceitou viver o vilão Coringa. Era o que faltava ao filme, um grande ator, de enorme prestígio, para dar credibilidade à produção. Para ele seria mais do que interessante interpretar um personagem tão pop como aquele naquela altura de sua carreira! Nicholson arriscou de certa forma seu prestigio de ator dramático ao fazer um personagem de cartoon, mas para isso foi muito bem recompensado ganhando milhões em cima de uma porcentagem nas bilheterias estipulada em seu contrato. Sua atuação é muito fiel aos quadrinhos, diria até cartunesca, o que não deixa de ser conveniente para o personagem.

Como todos sabem Tim Burton sempre deixa sua assinatura impressa em seus filmes. O lado mais característico de seus filmes surge justamente na direção de arte, sempre inspirada e muito particular. A Gotham City que surge em cena é soturna, pessimista, sombria. Em certos aspectos procura de forma proposital imitar os próprios quadrinhos pois nada foi criado para o filme para aparentar realidade ou um ambiente real. Pelo contrário, a estética é obviamente inspirada na arte original da DC Comics  Quando chegou aos cinemas a bilheteria foi fenomenal, a curiosidade era imensa e Batman mostrava que tinha forças de atrair grandes multidões aos cinemas. A Warner também investiu pesado no licenciamento de produtos o que fez as lojas receberem uma enxurrada de mercadorias com a marca do personagem. Eram brinquedos, cadernos, álbuns de figurinhas, revistas, roupas, tênis e tudo mais que se possa imaginar. A receita multiplicou, mostrando a força do marketing agressivo que seria usada em produções posteriores. Visto hoje em dia o filme envelheceu um pouco e não pode ser comparado aos filmes de Christopher Nolan que são muito superiores, mesmo assim deve-se reconhecer que Batman 1989 é um marco nesse tipo de produção. Um filme que deu origem a toda essa moda de adaptações de quadrinhos que persiste até os dias de hoje.

Batman (Batman, Estados Unidos, 1989) Direção: Tim Burton / Roteiro: Sam Hamm, Tom Mankiewicz, Lorenzo Semple Jr., Warren Skaaren / Elenco: Jack Nicholson, Michael Keaton, Kim Basinger, Pat Hingle, Billy Dee Williams, Jack Palance, Robert Wuhl, Michael Gough, Lee Wallace, Tracey Walter, Wayne Michaels, Bruce McGuire / Sinopse: Após presenciar a morte de seus pais o jovem milionário Bruce Wayne (Michael Keaton) resolve combater o crime nas ruas de sua cidade, Gotham City.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Abraham Lincoln Caçador de Vampiros

A primeira impressão que tive ao tomar conhecimento da existência desse filme foi de hilaridade. Afinal a idéia era nitidamente absurda e nonsense, unir uma figura histórica como Abraham Lincoln com a mitologia dos vampiros. De fato poucas coisas soam tão bizarras como essa. Imediatamente me lembrei também de um antigo filme trash que tinha a mesma base de argumento chamado "Jesus Cristo Caçador de Vampiros". Como se pode ver a idéia não era tão original assim. Obviamente para evitar problemas religiosos se trocou Jesus por Lincoln e mudou-se a tônica do filme. Se o anterior era um lixo completo, um filme classe Z sem nenhuma importância, que se apoiava apenas no humor da situação absurda, essa é uma produção classe A, com o melhor que o cinema americano pode oferecer em termos técnicos. São dois filmes que partem do mesmo tipo de idéia sem sentido mas que são diametralmente opostos em seus resultados. "Abraham Lincoln Caçador de Vampiros" se leva muito à sério também. Não há lugar para piadinhas e nonsense, pelo contrário, o espectador é levado para um universo de realismo fantástico onde todos os personagens se levam completamente à sério, sem qualquer ironia ou humor presentes. Essa tônica de seriedade acaba contribuindo muito para seu resultado final que temos que reconhecer é muito bom, desde que você tenha consciência que esse é um produto pop para ser consumido como puro e simples entretenimento.

Como a moda dos vampiros não parece passar agora a mesclaram com a biografia de um dos mais queridos presidentes americanos da história, Abraham Lincoln (1809 - 1865). Ele se tornou um dos mais amados líderes daquele país porque conseguiu manter a União intacta. Foi durante seu governo que explodiu a guerra civil americana onde estados do sul lutaram para se separar da federação. Também é muito lembrado por ter sido o presidente que libertou os escravos de forma definitiva. Esse é o Lincoln da história, um  homem de origens humildes, filho de pobres trabalhadores rurais analfabetos, que persistiu e lutou em sua vida para aprender a ler e estudar, se tornado depois advogado e político bem sucedido. Já no filme o que temos é o uso de passagens da biografia de Lincoln misturadas com a mitologia vampiresca. A morte de sua mãe e de seu pequeno filho quando era presidente, são fatos históricos, mas no roteiro são atribuídas ao ataque de vampiros. Sua habilidade com machados, fruto de seu passado camponês, também é um fato histórico, mas aqui é usado para atacar seres da noite. O espectador deve se deixar levar pela diversão pura e simples e nesse aspecto o filme se torna muito interessante. Há ótimas cenas de aventura e ação como a perseguição no meio de  uma manada de cavalos em disparada ou a luta em cima de um trem de carga em movimento. O filme tem o dedo de Tim Burton na produção e isso se nota bem durante seu desenvolvimento. No final das contas é uma película divertida, movimentada e bem produzida. Embora o roteiro se leve bem à sério o espectador não deve levar o filme com seriedade, pelo contrário, tudo deve ser encarado como um grande filme pipoca. Agindo assim certamente você vai se divertir.

Abraham Lincoln Caçador de Vampiros (Abraham Lincoln: Vampire Hunter, Estados Unidos, 2012) Direção: Timur Bekmambetov / Roteiro: Seth Grahame-Smith, Simon Kinberg / Elenco: Dominic Cooper, Mary Elizabeth Winstead, Alan Tudyk, Rufus Sewell, Benjamin Walker, Anthony Mackie, Jimmi Simpson, Laura Cayouette, Robin McLeavy, Jaqueline Fleming, Erin Wasson / Sinopse: Após ver sua mãe ser morta por vampiros o jovem Abraham Lincoln decide se tornar um verdadeiro caçador de vampiros. Enquanto estuda para se tornar um advogado ele vai enfrentando os seres da noite em combate épicos. Sua vontade é encontrar e matar de uma vez por todas os responsáveis pela morte de sua querida mãe.

Pablo Aluísio.

sábado, 27 de outubro de 2012

Arena dos Sonhos

Produção pequena, diria até simples, mas muito simpática em sua proposta. Em "Arena dos Sonhos" acompanhamos a estória da garotinha Ida Clayton (interpretada pela talentosa atriz mirim Bailee Madison). Ela é criada por uma mãe solteira bastante ausente e seu maior desejo é encontrar seu pai perdido. Tudo o que ela sabe dele é que era um cowboy de rodeios de nome Walker. Procurando encontrá-lo ela acaba entrando na trupe de Terence Parker (James Cromwell). Ele é um velho peão de rodeios que agora ganha a vida liderando um grupo de jovens garotas que fazem acrobacias em seus cavalos conhecidas como "As Queridinhas do Rodeio" (do original "Sweethearts of the Rodeo"). Após entrar para o show, Ida começa a enfim procurar pelo paradeiro desconhecido de seu pai. "Arena dos Sonhos" é uma diversão inofensiva, soft, bem família. De fato é o típico filme recomendado para assistir com toda a família em um domingo preguiçoso após o almoço com todos reunidos em casa. Mesmo com nuances dramáticas em seu roteiro nada é potencializado nesse sentido, tudo é bem amenizado para não desagradar ninguém.

Também recomendo a produção para os que tem interesse de conhecer um pouco o mundo dos rodeios nos Estados Unidos. Tudo é muito profissional, organizado e para um grupo como as "Queridinhas do Rodeio" não falta trabalho e apresentações a fazer. Claro que as garotas tem uma vida puxada, sempre em excursão, vivendo na estrada. A vida emocional delas também não é nada fácil pois fica complicado até mesmo para elas terem um relacionamento mais estável e duradouro. Entre as Cowgirls a que mais tem destaque é aquela chamada de Kansas (tal como o Estado americano) que sonha em largar a estrada para se firmar com um cowboy do qual está apaixonada. Enfim, se você gosta do universo country, dos rodeios, dos cavalos e de Cowgirls, então está mais do que recomendado esse "Arena dos Sonhos", um filme doce, leve e divertido para todas as idades.

Arena dos Sonhos (Cowgirls n' Angels, Estados Unidos, 2012) Direção: Timothy Armstrong / Roteiro: Stephan Blinn, Timothy Armstrong / Elenco: Bailee Madison, James Cromwell, Jackson Rathbone,  Frankie Faison,  Kathleen Rose Perkins / Sinopse: Garotinha sonha um dia conhecer seu pai, um cowboy de rodeios que desapareceu de sua vida. Para tentar encontrá-lo ela entra em um grupo de Cowgirls de rodeio chamado "As Queridinhas do Rodeio". A partir daí sua vida na estrada será cheia de surpresas e aventuras.

Pablo Aluísio.

The Borgias

A fórmula deu certo com The Tudors então era apenas questão de tempo para que outro personagem da história voltasse às telas para uma nova série. Antes de mais nada é importante esclarecer que esse tipo de programa não tem maiores preocupações em ser historicamente correto. Eventos, datas e até mesmo aspectos dos próprios protagonistas são modificados em prol do puro entretenimento. O mesmo ocorre aqui com um dos papas mais infames da história, Alexandre VI (1431 – 1503). Nascido Rodrigo Borgia ele ficou muito mais conhecido do que outros papas por causa de sua biografia sui generis. Alexandre VI tinha filhos, três para ser mais exato, estava sempre se envolvendo em guerras, subornos e até assassinatos. Seu papado foi o apogeu do que depois ficou conhecido como “O Reinado das Prostitutas”. A denominação terrível foi reservada para uma linhagem de papas devassos, corruptos e sanguinários que não tinham nada ou quase nada a ver com a essência da doutrina cristã. Muitos deles só chegaram ao trono de São Pedro após corromperem, roubarem e até mesmo comprarem seu lugar no posto de líder máximo da religião mais popular do mundo ocidental. A morte de Alexandre VI aliás não foi nada digna. Como se sabe o Papa em vida foi acusado de envenenar vários dos Cardeais da cúpula da Igreja que lhe faziam oposição. Pois bem, há evidências fortes que o próprio Alexandre VI teria sido envenenado por seu filho, César Borgia, o que mostra bem a forma de agir e pensar dos Bórgias da história. Era realmente um ninho de cobras. E pensar que a Igreja Católica esteve nas mãos de pessoas tão infames como essas.

Na série Rodrigo Borgia é interpretado com maestria pelo sempre bom Jeremy Irons. Eis um ator de que particularmente gosto muito. O curioso é que os aspectos mais condenáveis de Alexandre VI estão em sua caracterização mas ao mesmo tempo há uma leve sensação de arrependimento e tristeza pelos rumos que sua tão amada Igreja tomou. Seus dois filhos não eram exemplos de absolutamente nenhuma conduta cristã e o Papa se aproveitava disso para os usarem no complicado jogo de xadrez da política da época. Embora o Papa Borgia tenha tido em vida uma infinidade de inimigos, na série eles são reduzidos a poucos, com o firme propósito de não saturar o espectador. Algo assim já havia acontecido em The Tudors e agora é repetido novamente. Embora não seja o ideal do ponto de vista histórico não há como negar que ajuda e muito na dramaturgia dos episódios, tornando tudo mais fluido e descomplicado. Na trama da série ganha destaque sua filha, Lucrecia Borgia, interpretada pela linda atriz  Holliday Grainger . A Lucrecia da história era uma devassa que colecionou amantes e desafetos na mesma proporção. Em The Borgias sua personalidade é mais amenizada e sutil. O bom gosto da produção conta ainda com o talento do diretor Neil Jordan. Seu auge criativo aconteceu na década de 90 quando dirigiu os excelentes Traídos pelo Desejo, Entrevista Com o Vampiro e Michael Collins - O Preço da Liberdade. Depois de um período afastado do cinema ele agora finalmente retorna com essa nova série histórica. Espero que essa parceria renda ainda mais frutos pois Jordan é um artesão de grande talento.


The Borgias (The Borgias, Estados Unidos, 2011 – 2012) Criado por Neil Jordan / Roteiros de Neil Jordan / Elenco: Jeremy Irons, François Arnaud, Holliday Grainger,  Peter Sullivan,  Sean Harris,  David Oakes / Sinopse: A saga da família Borgia que se tornou uma das mais poderosas de seu tempo após Rodrigo Borgia se tornar o Papa Alexandre VI. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Recém Casados

Recém Casados começa onde 99% das comédias românticas terminam: no casamento dos protagonistas. Como se pode perceber essa é a única diferença maior desse filme bem Sessão da Tarde para todos os outros que seguem nessa mesma linha de produção. É curioso porque apesar do argumento bem cafona (case-se e morra de tédio com seu marido boboca) esse tipo de película ainda insiste em fazer sucesso. Certamente é o tipo de coisa indicada para as mulheres, de preferência muito românticas, porque para os marmanjos vai ser complicado aguentar a canastrice sem limites de Ashton Kutcher, um ator muito, mas muito fraco mesmo que se repete sempre, fazendo o mesmo tipo de personagem filme após filme, série após série. Ele deveria mesmo era levar um prêmio de sobrevivência pois é de se admirar que alguém tão ruim consiga emplacar uma carreira tão longa!

Já a falecida Brittany Murphy também está limitada, mas por culpa do papel é claro. Ao contrário do idiota do Ashton ela tinha realmente talento e mostrou bem isso em filmes melhores como "A Garota Morta". Infelizmente morreu precocemente logo quando começara a despontar por personagens e atuações melhores. O mundo certamente é cruel, pois ela que tinha talento se foi e o Ashton continua por ai esbanjando saúde e enchendo nossa paciência com seu estilo ruim de atuação. No mais ainda se salva a boa fotografia de Veneza, uma cidade que é melhor vista por fotos do que ao vivo pois seus bonitos canais são bem fedorentos. Enfim é isso, Recém Casados, um filme descartável que só é recomendado para as moças mais ingênuas que ainda conseguem acreditar naquela velha lorota que o casamento traz felicidade e é a apoteose da vida das pessoas. 

Recém Casados (Just Married, Estados Unidos, 2003) Direção: Shawn Levy / Roteiro: Sam Harper / Elenco: Ashton Kutcher, Brittany Murphy, Christian Kane, David Moscow, Monet Mazur, David Rasche./ Sinopse: Casal de pombinhos vai passar a lua de mel em Veneza. Chegando lá a esposa descobre que: A) se casou com um  idiota e B)  talvez tenha feito uma grande besteira em sua vida!

Pablo Aluísio.

Rambo IV

Será que é válido ressuscitar um personagem após tantos anos? Sylvester Stallone parece acreditar que sim. Ao lado de Rocky Balboa, Rambo foi o maior ícone da carreira cinematográfica de Sly. Baseado em um livro único no qual morria no final, os produtores mudaram tudo deixando Rambo vivo para ressurgir em Rambo II e Rambo III. Quando todos já tinham dado por encerrado a franquia eis que o ator resolveu trazer o velho veterano de guerra de volta para o front de batalha. Penso que teria sido melhor ter deixado a trilogia original em paz. Se quisessem trazer Rambo de volta que o fizessem porém como um novo filme, com novos atores, tentando inaugurar uma nova franquia. Até um remake sendo fiel ao livro original seria bem vindo. Falando francamente Stallone não tem mais idade para interpretar Rambo. Aqui ele se esconde sob um pesado figurino negro e tenta reviver os anos de glória. Não deu muito certo. Rambo é essencialmente um herói de ação que exige muito de seu intérprete. Se Stallone já está com uma idade mais avançada para o papel que abrisse espaço para um novo ator.

Muita gente reclamou da falta de roteiro em Rambo III. Pois bem, Rambo IV é ainda pior nesse aspecto. A impressão que se passa é que Stallone já não tem mais nenhuma ideia nova para o personagem. Ele como roteirista falha feio nessa nova produção. Na verdade é um prato requentado dos dois filmes anteriores, sem tirar nem colocar muita coisa nova. A ação obviamente ganha o primeiro plano e Stallone recria uma daquelas sequências que eram tão populares nos anos 80 quando um só homem com uma metralhadora matava um exército inteiro. O exagero hoje em dia incomoda a não ser que o espectador veja tudo sob os olhos de uma doce nostalgia. E foi justamente esse sentimento que acabou salvando o filme do desastre completo. Ao longo dos anos as pessoas criaram carinho pelo personagem Rambo. O carisma de Stallone também se mantém intacto. Olhando friamente foram essas as colunas que sustentaram Rambo IV. Tirando isso o que sobra realmente é um filme muito derivativo, com roteiro rasteiro e atuações abaixo da crítica. No fundo o filme serve apenas como lembrança de uma era passada quando Rambo era um ícone supremo dos filmes de ação. Espero que uma vez saciado esse tipo de sentimento deixem o velho boina verde em paz ou então que recriem a franquia do zero, em um novo recomeço. Para Stallone restam os agradecimentos por ele ter feito o personagem por tantos anos. A partir de agora porém é melhor ele pendurar a farda porque senão tudo ficará embaraçoso demais

Rambo IV (Rambo IV, Estados Unidos, 2008) Direção: Sylvester Stallone / Roteiro: Sylvester Stallone, Art Monterastelli / Elenco: Sylvester Stallone, Julie Benz, Matthew Marsden, Graham McTavish, Reynaldo Gallegos, Jake La Botz, Tim Kang, Maung Maung Khin, Ken Howard, Linden Ashby, Sai Mawng, Paul Schulze./ Sinopse: John Rambo (Sylvester Stallone) vive isolado numa região remota da Tailândia. Ele então é contratado para levar um grupo de missionários que querem levar ajuda humanitária a um campo de refugiados na região. O que parecia ser apenas uma expedição de rotina logo vira um terrível pesadelo.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Star Trek

Essa história é muito longa. Começou há muitos anos na TV norte-americana. Depois de um cancelamento precoce renasceu no cinema, deu origem a muitos filmes, livros, fãs clubes, franquias, etc. Se existe um produto cultural que mereça ser chamado de universo, esse é o de Jornada nas Estrelas porque realmente é um universo próprio de produtos dos mais variados tipos. Além disso Star Trek conta com a legião de fãs mais devota que existe dentro da cultura pop. Seus fãs clubes são extremamente bem organizados e sempre são realizadas convenções, encontros e tudo o mais que você possa imaginar. Mexer com algo assim é mais do que melindroso. Assim quando a Paramount anunciou a intenção de recriar as estórias da tripulação original da nave Enterprise o rebuliço foi generalizado. Poderia um outro grupo de atores jovens dar vida aos famosos personagens da série original como Capitão Kirk, Spock e cia? Mesmo com alguns protestos o estúdio resolveu levar em frente o projeto. Entregou o filme nas mãos do conhecido J.J. Abrams (De Lost e muitas outras séries de TV) e pagou para ver o resultado dessa aventura.

Quando o resultado chegou nas telas a grande maioria dos fãs respirou aliviada. No tempos atuais, quando a tecnologia digital torna possível qualquer cena, o estúdio investiu a bagatela de 140 milhões de dólares naquele filme que prometia se tornar um novo começo, uma nova série de filmes de sucesso. Esse novo Star Trek realmente é um bom filme, tem excelente produção e como não poderia deixar de ser um roteiro bem escrito. Aliás é bom ter em mente que a longevidade de Jornada nas Estrelas se deve muito aos seus textos, pois os roteiros da série sempre foram extremamente originais e inovadores. Para o fã da velha guarda deve realmente ter sido um enorme prazer ver todas as naves de sua infância e juventude sob uma nova roupagem, extremamente high tech, proporcionada pela tecnologia de nossos dias. O elenco era certamente o ponto mais delicado desse novo filme. Certamente atores como William Shatner e Leonard Nimoy serão sempre  insubstituíveis mas até que a moçada aqui não decepciona. O filme fez bonito nas bilheterias mas a Paramount esperava por um resultado mais expressivo. Não faz mal, o caminho está aberto e novos filmes virão nos próximos anos. Os trekkers certamente agradecem.


Star Trek (Star Trek, Estados Unidos, 2009) Direção: J. J. Abrams / Roteiro: Alex Kurtzman, Roberto Orci baseados nos personagens criados por Gene Roddenberry / Elenco: Chris Pine, Zachary Quinto, Eric Bana, Winona Ryder, Zoe Saldana, Karl Urban, Bruce Greenwood, John Cho, Leonard Nimoy, Simon Pegg, Anton Yelchin. / Sinopse:  Décimo primeiro filme da franquia Jornada Nas Estrelas o filme traz de volta os personagens da série original da TV. No enredo acompanhamos os primeiros passos de James T. Kirk (Chris Pine) na Academia da Frota Estelar. Lá conhece o estranho vulcano Spock (Zachary Quinto). Juntos partirão para grandes aventuras indo onde nenhum homem jamais esteve.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Constantine

O personagem Constantine dos quadrinhos é muito diferente desse que vemos nessa adaptação para o cinema. Nos gibis Constantine é um verdadeiro anti-herói, um fumante inveterado, loiro, magro e nada atraente. Ele é o protagonista do grande sucesso Hellblazer, que mistura ecos do cinema noir com misticismo e magia. O clima é sombrio, de total desesperança. Como toda criação de Alan Moore, Constantine é um outsider, um sujeito á margem da sociedade, que pouco está ligando para as convenções sociais. Já no cinema Constantine é um sujeito bonitão, interpretado pelo canastrão e galã Keanu Reeves, com jeitão de surfista havaiano, fazendo o estilo mauricinho bem vestido. Seu cabelo é impecável e ele passa o tempo todo fazendo biquinhos. Assim o que temos em essência é uma equivocada releitura Hollywoodiana pouco fiel à obra original. Não adianta, Alan Moore definitivamente não tem sorte no cinema. Ele é um sujeito recluso que não dá entrevistas mas nas poucas e raras vezes que resolveu falar foi justamente para amaldiçoar os produtores de Hollywood e reclamar das bisonhas adaptações que suas obras geralmente ganham no cinema americano. Ele tem toda a razão.

Essa produção é um exemplo claro disso. O clima soturno de Hellblazer desaparece. Constantine na pele de Keanu Reeves vira um herói clássico sempre lutando ao lado do bem contra o mal. Seu cinismo desaparece completamente e o pior é que ele acaba ficando sem personalidade em cena, fruto da canastrice de Reeves que não consegue passar qualquer emoção ou expressão com veracidade. Para piorar o espectador ainda tem que engolir a presença medíocre de Shia LaBeouf, seguramente um dos piores atores já surgidos nos últimos anos. O projeto foi desenvolvido pelo estúdio para ser estrelado por Nicolas Cage, uma escolha bem mais adequada, mas depois por diferenças criativas com o diretor, ele resolveu cair fora. Provavelmente Cage pressentiu a bomba que vinha por aí. Por razões puramente comerciais então foi escalado o Keanu Reeves que com sua atuação obtusa jogou a última pá de cal na esperança dos fãs de quadrinhos. Seguramente uma escolha muito equivocada. O que sobrou de todo esse processo foi apenas um filme sem alma, sem identidade mas com centenas de tomadas de efeitos digitais. Uma produção vazia que não diz a que veio.

Constantine (Constantine, Estados Unidos, 2003) Direção: Francis Lawrence / Roteiro: Frank A. Capello, Kevin Brodbin, Mark Bomback / Elenco: Keanu Reeves, Rachel Weisz, Shia LaBeouf, Max Baker, Tilda Swinton, Gavin Rossdale / Sinopse: Constantine (Keanu Reeves) é um exorcista e ocultista que terá que enfrentar terríveis forças do mal.

Pablo Aluísio.