sábado, 6 de outubro de 2012

Medea

Antes de qualquer coisa é bom salientar que o texto de Medea (ou Medeia em nossa língua) é milenar. Escrito por Eurípides há séculos, só chegou indiretamente até nós por causa de Apolônio de Rodes que teve acesso aos textos originais na biblioteca de Alexandria (que infelizmente seria destruída anos depois). É considerada uma das maiores obras da tragédia grega clássica e historiadores estimam que tenha sido escrita por volta de 450 anos antes de Cristo. Assim quando assisto uma peça ou um filme baseado nesse texto mitológico assumo uma postura de extremo respeito e devoção em relação à genialidade e a originalidade da cultura humana, desde seus primórdios. Aqui a obra ganhou a versão na visão do diretor Lars Von Trier. Egresso do movimento Dogma o diretor rejeita certos maneirismos do cinema mais tradicional para imprimir na tela uma linguagem mais solta, espontânea e natural. Mesmo assim não deixa o respeito ao texto original de lado, procurando dar um sopro de vida nova mas sem passar por cima da tradição do manuscrito clássico.

Dito isso fiquei realmente comovido com o talento de Lars Von Trier ao lidar com uma obra tão importante. Lars brinda o espectador com imagens belíssimas, de grande teor simbólico. Por exemplo, ao lidar com a perda de sua humanidade, Lars coloca Medea andando no horizonte sobre uma terra árida, inóspita. Uma alegoria da desertificação da própria alma da personagem. Além disso usa com extrema elegância e inteligência os elementos de cena que dispõe. Há uma profusão de tomadas utilizando-se de sombras, ventos, névoas - tudo manipulado com raro brilhantismo. A produção é modesta mas isso não impede que o diretor use o que tem em mãos com delicadeza e sabedoria. O elenco, todo nativo do país de Lars, assume uma postura teatral de excelente impacto. O resultado final não poderia ser menos do que excelente. Mais um trabalho essencial desse talentoso e genial cineasta.

Medea (Suécia, 1988) Direção: Lars von Trier / Roteiro: Lars von Trier, Carl Theodor Dreyer, Preben Thomsen baseado na obra de Euripides / Elenco: Udo Kier, Kirsten Olesen, Henning Jensen / Sinopse: Medea é uma nobre que se vê no meio de uma série de traições promovidas pelos detentores do poder. Buscando por vingança ela não hesitará em sacrificar tudo aquilo pelo que mais ama nessa vida.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Dogville

O mundo é hostil. Essa é a mensagem que permeia todo o enredo de Dogville, um dos filmes mais instigantes e inovadores do cinema moderno. Assinado por Lars Von Trier o argumento é uma crônica sobre a maldade e a hipocrisia humanas. Usando como microcosmo uma pequena cidade do oeste americano vamos acompanhando as atrocidades e explorações cometidas contra Grace Margaret Mulligan (Nicole Kidman), uma forasteira que chega nessa localidade e descobre, da pior maneira possível, como a humanidade é hipócrita, sórdida, imunda. Todos os moradores cultivam externamente uma postura de bondade, de ética, de moralidade. Por baixo das convenções sociais porém existe um mar de ódios, sentimentos mesquinhos, invejas, desejos baixos, mostrando a verdadeira face da corja local. Lars aqui usa esse grupo populacional para expor toda a sociedade humana. Através do micro ele tenta mostrar ao espectador o macro, o cerne da hipocrisia humana elevada à nona potência. O diretor sempre procurou em seus filmes expor teses, defender argumentos. O seu ponto de vista aqui é muito simples de entender. O que Lars propõe é simplesmente expor as vísceras do mundo em que vivemos. A lição básica é: que não se deve confiar em ninguém pois o mundo na verdade é sim muito hostil.

Além do tema central Lars também inova na própria maneira de se realizar um filme. A linguagem utilizada é totalmente inovadora e singular. A produção não tem cenários, nem portas, nem ambientes. Toda a pequena cidade do Colorado no qual se passa a estória de Dogville simplesmente não existe. Apenas marcas no chão mostram os limites entre as casas, as ruas e os logradouros públicos. A idéia é certamente genial mas pegou muita gente de surpresa no lançamento do filme. Os mais desavisados com o cinema transgressor de Lars ficaram inicialmente um pouco perdidos diante de tudo aquilo mas logo se ambientaram, até porque o texto de Dogville é tão substancial, tão bem escrito que tudo o mais se torna meramente secundário. Para que portas e janelas se o próprio argumento do filme já é tão maravilhoso? O elenco está genial. Como sempre Lars extraiu tudo o que podia de seus atores. Para Nicole Kidman as filmagens se transformaram em uma experiência visceral que ela até hoje não consegue esquecer. O resultado de tanto preciosismo surge na tela. Não resta a menor dúvida que essa foi a maior atuação de sua carreira. Kidman se entrega de corpo e alma à sua personagem e não me admira que tenha saído das filmagens com os nervos em frangalhos! Dogville é uma experiência tão marcante que não deixou ninguém ileso  O espectador também não ficará imune ao que se passa em cena. Por isso realço o convite, se ainda não viu Dogville não perca mais tempo. Esse é um filme realmente essencial. Uma obra prima do gênio Lars Von Trier. No final da exibição, quando as luzes se acenderem e você voltar à realidade certamente concordará com a mensagem do cineasta. Sim, o mundo é hostil.

Dogville ((Dogville, Suécia / Estados Unidos, 2003) Direção:: Lars von Trier / Roteiro: Lars Von Trier / Elenco: Nicole Kidman, Harriet Andersson, Lauren Bacall, James Caan, Jean-Marc Barr./ Sinopse: Durante a grande depressão da década de 1930 a jovem Grace (Nicole Kidman) chega num pequeno vilarejo no interior dos EUA. No começo é muito bem acolhida pelos moradores mas em pouco tempo começa a ser explorada em um processo de degradação de sua condição. O que poucos sabem é que Gracie está sendo procurada, tanto por um grupo de gangsters como pela polícia da região.

Pablo Aluísio.

Contra o Tempo

Título no Brasil: Contra o Tempo
Título Original: Source Code
Ano de Produção: 2011
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Duncan Jones
Roteiro: Ben Ripley
Elenco: Jake Gyllenhaal, Michelle Monaghan, Vera Farmiga
  
Sinopse:
Colter Stevens (Jake Gyllenhaal) é um militar americano que é escolhido para participar de uma série de testes para a ciência. Esse é um projeto secreto do governo que poderá revolucionar para sempre o mundo científico. Ele assim se torna assim uma cobaia dentro de uma experiência inédita envolvendo regresso no espaço - tempo. Filme indicado ao Visual Effects Society Awards e ao Sci Fi and Fantasy Writers of America.

Comentários:
Aqui vão algumas considerações iniciais: "Contra o Tempo" é um filme extremamente bem elaborado, pensado e construído. Ele lida com muitos temas que inclusive vão passar em branco para a maioria dos espectadores (como o conceito de universos paralelos) e o mais interessante de tudo, o filme só tem 8 minutos de duração! Isso mesmo, embora obviamente sua metragem não seja essa, o fato é que o filme se desenvolve apenas nesses oito minutos de trama e nada mais. Claro que poderia ser bem cansativo assistir algo assim, nesse formato, mas o roteiro é tão bem desenvolvido que não ficamos aborrecidos, pelo contrário, o argumento realmente flui bem nesse aspecto. Além disso o manejo eficiente de conceitos físicos como tempo, espaço, universos paralelos, teoria do caos e relação causa e efeito são tão bem articulados que convidam o espectador a rever o filme várias vezes para que ele consiga penetrar em todas as nuances do intrigante argumento. Uma boa revisão naquele seu velho livro de física da escola também ajuda na compreensão do roteiro do filme. Como conceito "Contra o Tempo" é muito bom e por incrível que pareça consegue ao mesmo tempo ser boa diversão. Algo que é bem raro para filmes assim, conceituais. Na minha forma de pensar o filme mesmo bem construído apresenta alguns furos de lógica. Não vou aqui desenvolver esses furos pois seria impossível delimitar eles sem entregar toda a história - algo que não farei para não estragar o filme para quem ainda não o assistiu. Mesmo assim, se ignorarmos esses pequenos deslizes racionais, teremos enfim um ótimo programa, inteligente, bem sacado e com final surpresa (e altamente científico, por mais incrível que isso possa parecer). Enfim, recomendo bastante e sugiro para quem gostar do filme que procure conhecer os novos campos de estudo da física moderna. Certamente muita coisa foi utilizada pelos roteiristas nesse campo, o que não deixa de ser um atrativo a mais.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

16 Quadras

Esse foi o último filme do grande realizador Richard Donner. Depois de se unir com grande sucesso a Mel Gibson na franquia "Máquina Mortífera" o diretor resolveu repetir a dose para quem sabe alcançar o mesmo sucesso de antes. Ficou apenas na intenção. Apesar de ter outro grande nome dos filmes de ação no elenco (Bruce Willis, bem envelhecido) a produção nunca decola, nunca empolga. Talvez o roteiro de situação única não convença. O roteiro tem toques de inspiração em antigos westerns psicológicos de tensão - chega a lembrar "Matar ou Morrer" - mas naufraga. O enredo gira em torno do policial veterano Jack Mosley (Bruce Willis). Com passado nebuloso, acusado de ter sido corrupto, ele aceita a perigosa missão de levar uma testemunha por 16 quadras até o tribunal para que ele ajude a enviar para a prisão um criminoso extremamente perigoso. Nem é preciso explicar que no caminho ele sofrerá todo tipo de atentados e tentativas de assassinato.

O enredo corre à mil, mas não consegue deixar de ser cansativo. Até a caracterização de Bruce Willis ajuda a deixar tudo mais enfadonho. Não que falte ação nas cenas, pelo contrário, o filme é movimentado e agitado, o problema é que muita coisa que acontece com os personagens simplesmente não tem explicação! Por exemplo, quem irá acreditar que a Polícia de Nova Iorque inteira não teria condições de levar uma testemunha a um tribunal na própria cidade? E que criminoso seria louco o suficiente para destruir meia cidade só para matar uma testemunha? Muito inverossímil, ainda mais depois dos ataques terroristas de 11 de setembro quando as forças de segurança dos EUA ficaram ainda mais sofisticadas e armadas. Enfim, 16 Quadras se torna decepcionante por causa dos nomes envolvidos. Se não tivesse sido dirigido por Richard Donner muito provavelmente nem ficaríamos tão decepcionados mas como o cineasta está no comando do filme o gostinho de decepção se torna inevitável.

16 Quadras (16 Blocks, Estados Unidos, 2006) Direção: Richard Donner / Roteiro: Richard Wenk / Elenco: Bruce Willis, Mos Def, David Morse, Alfre Woodard, Jenna Stern / Sinopse: Policial de Nova Iorque resolve levar uma testemunha por 16 quadras até o tribunal. A missão não vai ser nada fácil pois um grupo criminoso vai tentar de todas as formas liquidar a testemunha.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Colombiana - Em Busca de Vingança

Garota presencia a morte dos pais por traficantes colombianos. Após conseguir fugir do bando acaba indo atrás de seu tio nos Estados Unidos. Lá acaba se tornando uma das melhores assassinas profissionais do mercado. Não tardará para que parta em busca de vingança!  Esse “Colombiana” é baseado em um roteiro do conhecido diretor Luc Besson. A estória guarda enorme semelhança com “Nikita” e não traz maiores novidades. Na realidade é uma jogada de marketing para atrair o público latino que vive nos EUA. Como se sabe é cada vez maior a presença de imigrantes latinos naquele país então era natural que mais cedo ou mais tarde a indústria cultural americana criasse alguns personagens e filmes para o consumo dessa fatia do publico. Em termos de roteiro e argumento “Colombiana” não traz nada de novo. As sequências de perseguições e tiroteios são bem realizadas mas derivativas. O filme procura utilizar a linguagem mais exagerada, com várias cenas inverossímeis ao estilo “Adrenalina” e "Carga Explosiva" (o diretor inclusive é o mesmo). Algumas vezes a técnica funciona mas em outras não, se tornando forçado demais.

Entre as seqüências que mais chamam atenção duas se destacam; a que se passa em cima de uma piscina com tubarões e uma luta corporal entre a personagem principal e um traficante. Uma briga surreal usando de utensílios domésticos (como toalhas e escovas de dentes) que é bem coreografada. Os vilões, como não poderiam deixar de ser, são caricaturais e vazios. Zoe Saldana (de Avatar) não brilha mas também não compromete. Ela se mostra esforçada no papel que obviamente lhe exigiu muito em termos físicos. Não a achei excepcionalmente sensual ou bonita mas provavelmente seja o aspecto de seu próprio papel que não abre muito espaço para esse tipo de caracterização. O roteiro foca na pura ação e não se preocupa em absoluto em desenvolver qualquer personagem mais a fundo. No final das contas o filme só deve ser recomendado mesmo apenas aos fãs mais ligados ao gênero de pura ação pois para cinéfilos em geral “Colombiana” vai soar mesmo bem vazia e sem conteúdo.  O filme não chega a aborrecer em nenhum momento, é bem movimentado e tem boa produção (até Johnny Cash está presente na trilha sonora) mas em resumo fica por aí mesmo. 

Colombiana - Em Busca de Vingança Colombiana, Estados Unidos, 2011) Direção: Olivier Megaton / Roteiro: Luc Besson, Robert Mark Kamen / Elenco: Zoe Saldana, Lennie James, Graham McTavish, Callum Blue, Michael Vartan / Sinopse: Garota presencia a morte dos pais por traficantes colombianos. Após conseguir fugir do bando acaba indo atrás de seu tio nos Estados Unidos. Lá acaba se tornando uma das melhores assassinas profissionais do mercado. Não tardará para que parta em busca de vingança!

Pablo Aluísio.

Avatar

Título no Brasil: Avatar
Título Original: Avatar
Ano de Produção: 2009
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: James Cameron
Roteiro: James Cameron
Elenco: Sam Worthington, Sigourney Weaver, Michelle Rodriguez, Zoe Saldana
  
Sinopse:
Fantasia que mostra um mundo distante que é invadido por uma civilização que quer dominar o lugar, impondo sua visão colonialista ao pacífico povo local. Ao lado de humanos os nativos começam a lutar por sua liberdade e pela natureza de seu planeta. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (Mauro Fiore), Melhores Efeitos Especiais (Joe Letteri, Stephen Rosenbaum e Richard Baneham) e Melhor Direção de Arte (Rick Carter e Robert Stromberg). Filme indicado ao Oscar de Melhor Filme.

Comentários:
Avatar é uma das maiores enganações da história do cinema. Um filme que não se parece com um filme, já que não tem peças vitais para isso como um roteiro bem escrito, um argumento convincente e atuações decentes. É um produto feito único e exclusivamente para mostrar os avanços tecnológicos em efeitos digitais e nada mais. Falar do roteiro ridículo e mal escrito de Avatar é chover no molhado. Escrito por James Cameron, ele repete todos os problemas de filmes anteriores de sua filmografia. O argumento é piegas, boboca e se apoia numa mensagem tipicamente de ecochatos. Apelar para o sentimentalismo é válido, desde que se tenha o talento para isso como Spielberg. No caso de Cameron tudo desanda para a simples breguice. Em termos de atuação Avatar também inexiste. Poucas são as atuações "live action", sendo a maioria das cenas apenas virtuais. Isso talvez não fosse grande problema se a dupla central do filme não fosse completamente medíocre. Não consigo até hoje determinar quem é pior, Sam Worthington ou Zoe Saldana. São simplesmente péssimos! O Sam inclusive por causa do sucesso desse filme espalhou sua canastrice para outros projetos que poderiam dar certo, sem sua insignificante presença, como aconteceu com "Fúria de Titãs". Já a Zoe parece que vai desaparecer sem deixar rastros (graças a Deus!). A lamentar apenas a presença de Sigourney Weaver nisso. Ela tenta, mas não há salvação para "Avatar" no quesito atuação. A única coisa que sustenta é a presença pesada de efeitos digitais. São bem feitos, é preciso reconhecer, mas também cansam. A tentativa de fazer um mundo super colorido e bonito, além de irreal demais, é chato. Nenhum lugar do universo é assim. Só a mente de um ecochato emo para criar aquilo. Aliás falando em criação esse é outro problema grave de "Avatar" já que o filme é também supostamente um dos grandes plágios do cinema mundial. Parece que nada em "Avatar" foi originalmente criado. Quando o filme foi lançado os internautas mostraram de onde veio todo aquele universo nada original: antigas publicações de quadrinhos, capas de discos de rock progressivo e filmes da Disney como "Pocahontas". Sobrou semelhanças até para com o western "Dança com Lobos". Enfim não adianta ir adiante mostrando os defeitos de Avatar (eles são muitos). Só um marketing agressivo como foi feito para justificar o sucesso absurdo. Avatar é banal, derivativo, boboca e chato. Aliás nem é um filme, é um programa de computador. Como gosto de filmes, ele me soa até hoje como uma tremenda bobagem.

Pablo Aluísio.

Príncipe da Pérsia

Eu estou impressionado com a ruindade dos roteiros de blockbusters que tem saído de Hollywood. Além de serem ruins são todos iguais entre si. Vejam o seguinte argumento: "Grupo de pessoas lutam entre si para conquistar um objeto importante no enredo". Pois bem esse argumento foi utilizado em três filmes pipoca que assisti apenas nas últimas semanas. Em "Esquadrão Classe A" todos corriam atrás de matrizes de fabricação de dinheiro, em "Encontro Explosivo" todos corriam atrás de baterias ou pilhas de energia infinita e agora nesse "Príncipe da Pérsia" todos correm atrás de um adaga que fez o tempo voltar ao passado. Tudo igual, pelo amor de Deus, tenha santa paciência. Tudo bem que é baseado em um game e nos jogos não há realmente nenhuma estória para contar mas deveriam ao menos elaborarem um roteiro mínimo ao filme pois basicamente o que vemos aqui é uma sucessão de correrias que não levam a lugar nenhum. O diretor Mike Newell até se esforçou para realizar um filme visualmente bonito, com cenas bem trabalhadas no aspecto visual, mas isso é muito pouco para uma obra tão vazia.

Acho que "Avatar" deixou um rastro de roteiros vagabundos por onde passou. De repente os produtores caíram na real e descobriram que nem era mais preciso fazer um roteiro decente, bastava colocar efeitos especiais e correrias, mais nada. Esse "Príncipe da Pérsia" é derivativo da primeira à última cena. Originalidade zero. Não passa de uma fórmula requentada, no caso os filmes de "Mil e Uma Noites" das décadas de 40 e 50 dos estúdios Universal. Se aquelas já eram produções B feitas para cinemas poeira, imagine isso. O elenco também não tem muito o que fazer além de correr de um lado para o outro. O Jake deve desistir desse tipo de filme, definitivamente não é a praia dele. Dos vilões nem vou comentar - todos estereotipados em um roteiro de quinta categoria. Uma pena que atores do nível de Bem Kingsley e Alfred Molina não tenham qualquer material para trabalhar. O que lhes resta é apenas gritar, fazer expressões furiosas e pra variar correr pra lá e pra cá (isso é basicamente tudo o que elenco faz em cena mesmo) Definitivamente 2010 foi terrível nos chamados filmes chiclete. Esse aqui certamente é um dos piores da safra.

Príncipe da Pérsia (Prince of Persia: The Sands of Time, Estados Unidos, 2010) Direção: Mike Newell / Roteiro: Carlo Bernard, Jordan Mechner, Doug Miro, Boaz Yakin / Elenco: Jake Gyllenhaal, Gemma Arterton, Ben Kingsley, Alfred Molina, Toby Kebbell, Richard Coyle./ Sinopse: Baseado no jogo de game "Príncipe da Pérsia" mostra a estória de Dastan (Jake Gyllenhaal) e sua adaga mágica que traz poderes ilimitados a quem a possui.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Presságio

Tudo começa quando uma garotinha começa a receber mensagens em linguagem matemática. Os números que escreve em uma folha de papel não parecem fazer qualquer sentido e todos interpretam como números simplesmente aleatórios. 50 anos depois a mensagem acaba chegando nas mãos do professor de ciências John Koestler (Nicolas Cage). Ele é cético em relação ao aspecto religioso das pessoas embora seja filho de um pastor protestante. Os números porém  lhe chamam atenção e ele acaba descobrindo uma conexão entre as datas de grandes catástrofes e as sequências numéricas que foram escritas pela colegial tantos anos atrás. Intrigado resolve investigar as origens do estranho escrito. Quando foi lançado esse "Presságio" foi impiedosamente malhado pela crítica. A fita porém conseguiu alcançar um relativo êxito comercial e aqui no Brasil, como sempre acontece com os filmes de Nicolas Cage, conseguiu se tornar um grande sucesso. "Presságio" não é ruim como algumas críticas insistem em dizer. A produção lida com muitos temas ao mesmo tempo, isso é um fato, mas o roteiro procura amarrar todas as pontas soltas que vão surgindo no desenrolar da estória.

Não é de hoje que podemos notar a obsessão dos americanos com o chamado "fim do mundo". Basta apenas ligar a tv a cabo e constatar o grande número de programas que procuram desvendar o tema. Seja sob o ponto de vista religioso, seja sob o ponto de vista científico. O roteiro de "Presságio" nesse aspecto procura abordar todas as visões de uma só vez, o que poderá desagradar a muitos espectadores. Há uma preocupação em colocar tudo no mesmo caldeirão: profecias, religião, ufologia, etc. A mistura pode soar indigesta para alguns. Atirando para todos os lados o resultado realmente torna-se sem foco mas não chega a aborrecer. Claro que um corte seria bem vindo pois o filme é excessivamente longo para o tema a que se propõe, mesmo assim poderá facilmente agradar aos que gostam desse tipo de temática. Eram os Deuses Astronautas? Há vida inteligente fora do nosso planeta? O fim está próximo? O que são profecias? Como será o dia do juízo final? Qual é o futuro da humanidade após o fim de nosso mundo? Todas essas perguntas tentam ser respondidas pelo texto do argumento desse filme. Se for de seu interesse, arrisque. 

Presságio (Knowing, Estados Unidos, 2008) Direção: Alex Proyas / Roteiro: Ryne Douglas Pearson, Juliet Snowden / Elenco: icolas Cage, Rose Byrne, Adrienne Pickering, Nadia Townsend, Ben Mendelsohn, Chandler Canterbury, Terry Camilleri, Angie Diaz, Sally Anne Arnott, Liam Hemsworth, Lara Robinson, Anna Anderson / Sinopse: Um professor de ciências tenta decifrar a linguagem matemática de um texto escrito há 50 anos por uma garotinha. O que irá descobrir é algo que o deixará estarrecido.

Pablo Aluísio. 

domingo, 30 de setembro de 2012

Bruce Springsteen

Bruce e Trump
Bruce e Trump - Hoje o cantor Bruce Springsteen declarou que era simplesmente vergonhoso que um sujeito como Donald Trump estivesse prestes a vencer as eleições americanas. Para Bruce sua ascensão nas pesquisas era algo preocupante, aliás ele disse mais do que isso, para Bruce só o simples fato de Trump disputar as eleições presidenciais já era por si só uma grande vergonha para os Estados Unidos.

Essa declaração realmente deixou muita gente surpreendida. Isso porque Bruce sempre foi mais alinhado ao Partido Republicano (o mesmo que Trump está concorrendo as eleições) do que por seu rival, o Partido Democrata. A questão porém não se limita a isso. O fato é que tal como acontece na política brasileira, o cenário americano parece saturado em termos políticos. Trump é realmente um bufão. Uma celebridade que resolveu brincar de presidenciável e que acabou vencendo primárias e mais primárias, se tornando o candidato republicano à Casa Branca. O pior é que o outro lado não parece melhor. Hillary Clinton é apenas mais uma continuação sem brilho das administrações de seu marido (nos agora distantes anos 90) e Obama (que se revelou para muitos setores um presidente fraco, sem pulso e sem decisão). Nos últimos dias inclusive imagens de Hillary passando mal - e quase desmaiando antes de entrar em um carro - demonstraram que ela não parece ter muitas condições de saúde para seguir em frente.

A classe artística - com exceções - resolveu por isso apoiar em peso Hillary. Como o voto nos Estados Unidos não é obrigatório a luta é para que o eleitor saia de casa para votar em algum dos candidatos. O problema é que isso definitivamente não é fácil. Nenhum deles parece despertar grande entusiasmo entre o povo americano. Esse fator - a abstenção - parece favorecer Trump, já que seu eleitorado, mais conservador e engajado, tende a ir votar em maior número do que os saturados admiradores de Clinton. O futuro, bom, esse ninguém sabe ao certo. De minha parte penso que Trump vencerá as eleições, para desespero de Bruce e cia. Quem viver verá...

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Prometheus

Quando “Prometheus” foi anunciado as expectativas em fãs do gênero Ficção ficaram altas. Não era para menos. Era o retorno de Ridley Scott a um universo do qual ele já legou grandes filmes na história do cinema. Além disso havia uma tênue ligação entre essa produção e a série Aliens (que se confirma na cena final do filme). Pois bem, passado a euforia inicial o que sobrou após sua exibição é o gosto amargo da decepção. Eu queria gostar do filme, queria muito, mas foi impossível. “Prometheus” até começa bem, o argumento é intrigante, não há como negar: uma expedição científica vai até uma região remota do universo em busca de pistas sobre a origem da humanidade. Pesquisadores estudaram antigos registros arqueológicos de diferentes civilizações e todas elas apontavam para um lugar específico do cosmos. E é justamente para lá que um grupo de pesquisadores parte em busca das origens da raça humana na terra. Já deu para perceber que no fundo estamos diante de uma derivação de uma tese muito conhecida dentro da ufologia que defende que os humanos no fundo descendem de astronautas vindos de outros planetas. Essa teoria ficou bastante conhecida do público em geral por causa do livro “Eram os Deuses Astronautas?” de Erich Von Däniken. Como se pode perceber a premissa é muito boa mas infelizmente o desenvolvimento é de amargar. O roteiro não tem sutileza, é muito fantasioso, cheio de furos e ignora aspectos óbvios ao longo do filme. Em nenhum momento se desenvolve melhor a própria exploração naquele distante ponto do universo. Tudo é mal desenvolvido, mal explorado. O texto é realmente péssimo. Os diálogos são constrangedores e o script mal escrito. A única coisa que se salva é o aspecto técnico visual da produção. De fato pode-se dizer que “Prometheus” é um filme bonito de se ver mas isso adianta alguma coisa quando não há nenhum conteúdo por trás?

Esqueça qualquer esperança de encontrar um roteiro inteligente pela frente. “Prometheus” só consegue ser grotesco no final das contas. Os membros do grupo, que supostamente deveriam ser pessoas cultas e preparadíssimas para uma missão tão importante, não passam de ignóbeis que se comportam como adolescentes bobocas. Falam palavrões, um atrás do outro e não demonstram qualquer conduta científica ou profissional em nenhum momento. A caracterização e o desenvolvimento do roteiro são mal feitos. Como se não bastasse os personagens são totalmente desprovidos de carisma. Sem um foco o público logo deixa de se importar com o que acontece com eles em cena. Nenhum papel é marcante e os atores não parecem muito interessados. Há cenas que deveriam ser supostamente impactantes mas que só conseguem dar vergonha alheia (como a da auto-cirurgia para retirada de um monstro espacial em forma de lula do ventre de uma tripulante). Em outra sequência ainda mais estúpida um biólogo espacial acha uma “gracinha” uma criatura que surge no meio de uma caverna sinistra. Sua atitude é sem noção e totalmente inverossímil. Essas situações mal escritas, mal executadas, vão minando a credibilidade de “Prometheus” aos poucos. O que parecia ser muito promissor acaba desbancando para o infantilóide, para a irrelevância. Cientificamente o filme é uma piada. Nada do que se vê na tela pode ser levado minimamente à sério nesse sentido. Nenhuma ideia do roteiro dará margem a qualquer tipo de debate sério. Sendo sincero é um filme de monstros infanto-juvenil com verniz de falsa profundidade. O resultado final, não há como negar, é bem decepcionante. Filme fraco em essência, vazio, metido a intelectual (sem ser) e que só causa decepção em quem assiste. Não é inteligente, não é profundo, não é nada, é apenas uma tremenda bobagem decepcionante. Que decepção Sr. Ridley Scott!

Prometheus (Prometheus, Estados Unidos, 2012) Direção: Ridley Scott / Roteiro: Jon Spaihts, Damon Lindelof / Elenco: Charlize Theron, Michael Fassbender, Noomi Rapace, Patrick Wilson, Idris Elba, Guy Pearce, Rafe Spall, Logan Marshall-Green, Kate Dickie, Sean Harris, Emun Elliott, Vladimir "Furdo" Furdik / Sinopse: Expedição científica vai a um lugar remoto do universo em busca das origens da humanidade.

Pablo Aluísio.

Minhas Mães e Meu Pai

"Minhas Mães e Meu Pai" é uma tentativa do cinema americano de entender as novas relações sociais e familiares que se disseminaram na sociedade atual. Aquela velha estrutura do pai dominador e da mãe submissa em um lar tradicional hoje em dia tem suas bases abaladas. A família monoparental, os laços homoafetivos e as diversas entidades familiares de pais divorciados que se formam novas famílias tem colocado por terra o modelo conservador de família ao qual os mais velhos se habituaram. A estória do filme reflete bem os meios alternativos de relacionamentos em que vivemos nos dias de hoje. O núcleo central do roteiro é formado por um casal de lésbicas, interpretadas com muito brilho por Julianne Moore e Annette Bening. Juntas elas tentam criar um casal de adolescentes, Joni (Mia Wasikowska) e Laser (Josh Hutcherson). O pai biológico de ambos é desconhecido e como estão prestes a entrar na universidade, o que lhes dará um novo rumo em suas vidas, decidem descobrir quem ele é, o que faz da vida, o que pensa. A procura pelo pai ausente acaba abalando a harmonia familiar de todos eles.

O curioso é que o filme não tenta criar dramalhões desnecessários em sua trama central. As mães não são retratadas como pessoas com algum tipo de problema comportamental ou algo do tipo. Pelo contrário, são mulheres normais, donas de seus destinos, produtivas em sua comunidade. Essa visão é um dos pontos mais positivos do roteiro pois mostra um casal homoafetivo sem qualquer estigma ou preconceito. Afora o fato de serem lésbicas e de seus filhos desejarem conhecer seu pai biológico que apenas doou seu material genético para o nascimento dos filhos, não há nada de anormal ou bizarro na família mostrada no filme. "Minhas Mães e Meu Pai" nasceu para um público pequeno, setorizado, mas logo chamou a atenção da crítica americana. Levado pela propaganda boca a boca a produção também foi contabilizando ótima bilheteria. O mais surpreendente é que acabou sendo indicado aos principais prêmios da Academia, entre eles Melhor Filme e Melhor Roteiro Original. A dupla central de atrizes também foi indicada aos principais prêmios, sendo que Annette Bening acabou vencendo na categoria Melhor Atriz no prestigiado Globo de Ouro. Em conclusão aqui está uma ótima produção, leve, divertida e socialmente consciente, que tenta entender os rumos que a família como entidade principal da sociedade vem tomando. Está mais do que indicado.

Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right, Estados Unidos, 2010) Direção: Lisa Cholodenko / Roteiro: Lisa Cholodenko e Stuart Blumberg / Elenco: Julianne Moore, Annette Bening, Mark Ruffalo, Mia Wasikowska, Josh Hutcherson / Sinopse: Os dois filhos adolescentes de um casal de lésbicas decide encontrar o paradeiro de seu pai biológico antes que entrem na universidade e suas vidas tomem um novo rumo.

Pablo Aluísio.

Resident Evil: Condenação

Título no Brasil: Resident Evil – Condenação
Título Original: Biohazard - Damnation
Ano de Produção: 2012
País: Estados Unidos, Japão
Estúdio: Sony Pictures Entertainment
Direção: Makoto Kamiya
Roteiro: Makoto Kamiya
Elenco: Courtenay Taylor, Matthew Mercer, Robin Sachs
  
Sinopse:
Em uma ex-República da União Soviética assolada por uma guerra civil, as tropas rebeldes decidem, em desespero, apelar para o uso de armas biológicas em suas forças. O problema é que tudo logo foge ao controle disseminando entre a população uma terrível praga, transformado a todos em zumbis. No meio do caos um agente americano tenta sobreviver pelas ruas da capital, sendo caçado pelos rebeldes e forças do governo.

Comentários:
“Resident Evil – Condenação” é mais uma produção digital dos estúdios Sony. Se você gostou de “Tropas Estelares – Invasion” certamente vai gostar desse aqui também já que o conceito é praticamente o mesmo: a adaptação em alta tecnologia digital de uma franquia de terror bem sucedida no cinema convencional. Como a Sony é a detentora dos direitos autorais de todas essas séries ela tem ousado na transposição dessas estórias para a animação puramente digital. Os resultados tem se mostrado bem satisfatórios pois assim como ocorreu com Tropas Estelares esse aqui também se revela como um produto muito bem realizado, extremamente bem feito no aspecto técnico e pasmem, com roteiros bem escritos, muitas vezes melhor até do que os dos filmes das franquias originais! Aqui por exemplo há toda uma preocupação em explicar o cenário político do país, com uma introdução longa e muito bem realizada para que o espectador se situe na estória em termos de localização geográfica e contexto histórico. Além desse cuidado o filme ainda disponibiliza aos que gostam de monstros vários tipos de criaturas, cada uma mais bem idealizada do que a outra. A novidade para os fãs de Resident Evil é o surgimento de mega zumbis gigantes com  força sobrenatural. Já os zumbis tradicionais, aqueles que estamos acostumados a ver nos filmes, estão em menor número e aparecem bem pouco para falar a verdade, o que é bem-vindo pois acredito que aquele tipo já está mais do que ultrapassado e saturado. Por fim, e nunca é demais chamar a atenção para esse fato, a animação é do mais alto nível. Detalhes como os fios de cabelos dos personagens se mexendo ao sabor do vento são bem nítidos. Tudo é extremamente bem realizado. Para falar a verdade no final das contas gostei bem mais desse “Condenação” do que o último filme da franquia Resident Evil. Aqui pelos menos temos mais situações diferentes e  tramas paralelas mais bem criadas e desenvolvidas. Assim fica a dica, “Resident Evil – Condenação”, uma boa pedida para os fãs dessa série de terror.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O Homem Que Odiava as Mulheres

Na década de 1960 uma série de mortes envolvendo jovens mulheres coloca a polícia em alerta. A imprensa logo denomina o novo serial killer de "O Estrangulador de Boston" por causa da forma que mata suas vítimas. Após várias investigações finalmente se chega ao principal suspeito dos crimes: Albert de Salvo (Tony Curtis). História baseada em fatos reais. O interessante nesse "O Homem que Odiava as Mulheres" é que ele foi feito ainda no calor dos acontecimentos, o serial killer tinha acabado de ser preso e ainda nem havia ido a julgamento. Havia todo um debate se ele era ou não mentalmente capaz de ir para o tribunal do juri por seus crimes. Curioso é que assisti também um filme feito recentemente sobre o mesmo caso. Hoje, por exemplo, há sérias dúvidas se o homem que foi preso pela policia era o verdadeiro assassino. Muito se especula e grande parte dos especialistas entende que Albert de Salvo foi apenas um bode expiatório arranjado pelo departamento de policia para aliviar a pressão popular sobre si. No filme isso não aparece. Ele é mostrado como o serial killer, indiscutivelmente. Na verdade o próprio De Salvo se beneficiou diretamente desse filme pois ganhou muito com os lucros do uso de sua história. Isso indignou tanto os familiares das vítimas que foi aprovada uma lei depois proibindo esse tipo de comercialização sobre crimes violentos.

Deixando esses detalhes de lado é bom deixar claro que apesar de ser estrelado por Tony Curtis o filme é todo de Henry Fonda, trazendo uma dignidade enorme ao seu papel (ele faz o chefe da operação de caça ao criminoso). Grande ator, prova todo seu talento em cada diálogo. Nas cenas de interrogatório fica claro a diferença de grandeza entre ele e Tony Curtis, que apesar do esforço não consegue ficar à altura do papel. Nas cenas em que aparece perturbado mentalmente sua falta de preparo aparece nitidamente. Sinceramente não deu para o Curtis. Nas mãos de um grande ator roubaria o filme de Fonda, como isso não acontece só resta ao veterano dominar completamente a cena. O diretor Fleischer optou por um tom quase documental, com muito uso de câmera subjetiva para colocar o espectador no centro dos acontecimentos. O filme assim se torna bem interessante para pessoas que estudam o tema envolvendo matadores em série. Vale a pena ser conhecido.

O Homem que Odiava as Mulheres (The Boston Strangler, Estados Unidos, 1968) Direção: Richard Fleischer /  Roteiro: Edward Anhalt baseado no livro de Gerold Frank / Elenco: Tony Curtis, Henry Fonda, George Kennedy, Mike Kellin e Hurd Hatfield / Sinopse: Na década de 1960 uma série de mortes envolvendo jovens mulheres coloca a polícia em alerta. A imprensa logo denomina o novo serial killer de "O Estrangulador de Boston" por causa da forma que mata suas vítimas. Após várias investigações finalmente se chega ao principal suspeito dos crimes: Albert de Salvo (Tony Curtis). História baseada em fatos reais.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Os Vingadores

É o sonho realizado de todo fã das histórias em quadrinhos da Marvel. Unir todos os seus principais personagens em apenas um filme. Até porque se deu certo no próprio universo dos gibis não seria diferente em sua adaptação para as telas. De fato o filme é muito bem realizado, divertido, com roteiro esperto que não tenta ser o que não é, além de manter bem nítido e vivo o espírito da obra original. Não é pretensioso, não é metido a ser intelectual e nem tenta reinventar a roda. “Os Vingadores” é assim um bom comic filmado. Quando o projeto foi anunciado a primeira coisa que pensei foi que seria muito complicado dar conta de tantos personagens em um só filme de forma que não ficasse cada um deles vazio e disperso. O filme tenta contornar isso mantendo um ritmo ágil, tentando mostrar um pouquinho de cada um deles, criando cenas em que suas personalidades apareçam no filme. Alguns com mais destaque e outros com menos. Para enfrentar tantos super-heróis de uma vez só o argumento obviamente pedia um super-vilão, ou uma reunião de todos eles. O caminho encontrado foi destacar o velho e bom Loki (Tom Hiddleston) do universo de Thor (Chris Hemsworth) que se une a uma raça alienígena para dominar o planeta Terra. Embora essa coisa de “dominar o mundo” seja meio démodé até que funciona bem aqui. O importante ao espectador é aproveitar a pipoca enquanto vai se divertindo com os acontecimentos na tela, tudo sem muita pretensão pois se formos pensar muito a diversão acaba sendo estragada.

Na luta para ganhar espaço entre tantos personagens queria destacar apenas um detalhe que achei importante. O roteiro abriu espaço demais para dois personagens que em si são secundários demais dentro desse universo da Marvel. Em minha opinião foi dado tempo demais para a Viúva Negra (Scarlett Johansson) e o Gavião Arqueiro (Jeremy Renner). Como esses dois atores tem maior status em Hollywood do que alguns dos que interpretaram os demais heróis o roteiro se preocupou demais em criar uma base para ambos. Suas cenas são chatas e demasiadamente longas. Certamente o mais prejudicado de todos eles foi o Capitão América (Chris Evans), que surge sem maior importância no meio de tudo o que vemos na tela. Talvez se o Chris Evans tivesse um agente melhor do que a Scarlett as coisas teriam sido melhores para o filme em geral. Enfim é isso. “Os Vingadores” é um produto puramente pop, feito para fãs dos gibis que já ganharam há muito tempo seu próprio espaço na cultura ocidental. É uma produção que só pode ser encarada como diversão descompromissada mesmo. Aliás esse aspecto despretensioso é a melhor coisa do filme. Seu sucesso de bilheteria estrondoso já garante futuras aventuras com o grupo – isso inclusive está bem claro no final aberto da produção. Agora só nos resta esperar por mais aventuras desses personagens tão carismáticos e tão caros para a nossa cultura pop.

Os Vingadores (The Avengers, Estados Unidos, 2012) Direção: Joss Whedon / Roteiro: Joss Whedon / Elenco: Robert Downey Jr, Chris Evans, Chris Hemsworth, Mark Ruffalo, Scarlett Johansson, Samuel L. Jackson, Jeremy Renner, Stellan Skarsgård, Cobie Smulders, Gwyneth Paltrow, Tom Hiddleston / Sinopse: Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Capitão América (Chris Evans), Thor (Chris Hemsworth), Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), Hulk (Mark Ruffalo), Viúva Negra (Scarlett Johanson) e Nick Fury (Samuel L. Jackson) se unem para salvar a Terra de uma invasão de um poderoso exército alienígena comandado pelo vilão Loki  (Tom Hiddleston).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

As Bruxas de Eastwick

Título no Brasil: As Bruxas de Eastwick
Título Original: The Witches of Eastwick
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: George Miller
Roteiro: Michael Cristofer
Elenco: Jack Nicholson, Cher, Susan Sarandon, Michelle Pfeiffer
  
Sinopse:
Três lindas mulheres, Alexandra (Cher), Jana (Susan Sarandon) e Sukie (Michelle Pfeiffer) moram numa pequena cidade da Nova Inglaterra chamada Eastwick. Suas vidas estão dominadas por uma rotina tediosa e maçante e suas vidas amorosas se encontram em frangalhos. Entediadas acabam clamando pelo aparecimento de um homem ideal que venha suprir o vazio de suas vidas. E eis que após uns dias ele surge mesmo na cidade. Daryl Van Horne (Jack Nicholson) é um rico e excêntrico forasteiro que chega no local para virar a vida dos moradores de ponta cabeça. Mas afinal quem ele é realmente? Filme indicado ao Oscar na categoria Melhor Som (Wayne Artman, Tom Beckert) e Melhor Música (John Williams).

Comentários:
Filme que mescla humor, romance e pitadas de terror que fez muito sucesso nos anos 80. "As Bruxas de Eastwick" continua muito charmoso mesmo após tantos anos. Seu roteiro é envolvente e nunca deixa o filme cair no marasmo. A direção é segura, provando que George Miller realmente era realmente um cineasta talentoso que conseguia transitar bem em praticamente todos os gêneros cinematográficos. Muitos não acreditavam que o mesmo diretor que havia dirigido "Mad Max" se sairia bem filmando esse roteiro que tinha um toque mais sutil e sofisticado. Estavam todos errados. Com o apoio de um ótimo elenco o diretor acabou rodando um pequeno clássico dos anos 80. Não precisa ser muito inteligente para entender que Eastwick é um filme cuja força vem da interpretação inspirada de Jack Nicholson. Interpretando o magnata Daryl Van Horne o ator nunca deixa o filme cair. Usa e abusa de sua caracterização, passando a sensação ao espectador de que acima de tudo ele está se divertindo como nunca nesse papel. As três atrizes (Cher, Pfeiffer e Sarandon) também estão muito bem, cada uma procurando explorar bem sua própria personalidade nas telas. Do elenco feminino porém achei a cantora e atriz Cher um pouco apagada, principalmente se formos lembrar de outras atuações fortes dela - as comparações deixam isso bem claro. Afinal ela teve que dividir espaço com Nicholson e suas duas companheiras em cena. Tecnicamente falando "As Bruxas de Eastwick" também não envelheceu em demasia. Como é uma obra baseada em interpretações (e não apenas em efeitos especiais) esses só ganham maior importância no final do filme, mas mesmo assim são discretos e pontuais o que ajudou bastante ao filme vencer o teste do tempo. A produção inclusive foi premiada com o BAFTA de melhores efeitos especiais daquele ano. Enfim, "As Bruxas de Eastwick" sobreviveu bem ao tempo e hoje é uma boa amostra do cinema de fantasia da década de 1980. Vale a pena ver e rever sempre que possível.

Pablo Aluísio.