terça-feira, 18 de setembro de 2012

Os Cinco Rapazes de Liverpool

Definitivamente o melhor filme já realizado sobre as origens dos Beatles. O foco é voltado basicamente para os meses em que a banda esteve em Hamburgo se apresentando em boates de strip tease de má reputação e casas de shows de quinta categoria. Eram jovens, inexperientes mas acima de tudo corriam atrás do sonho de um dia se tornarem famosos no mundo inteiro. É justamente esse o ponto mais relevante do filme pois capta o momento da juventude dos rapazes de Liverpool quando tudo era possível e não havia limites para sonhar. O roteiro é caprichado, muito fiel do ponto de vista histórico e resgata a figura de Stuart Stutcliffe do esquecimento. Ele era o melhor amigo de John Lennon na época, um companheiro de farras que o guitarrista integrou ao grupo, mesmo não sando músico e não sabendo tocar direito nenhuma nota. De fato em Hamburgo os Fab Four eram na realidade cinco. Esse fato inusitado inclusive deu origem a um dos lemas publicitários do filme que até hoje soa bem bolado. Dizia o poster original de Backbeat: “Conheça John, Paul, George, Pete e... Stu?!” Além de Stuart outra personagem dos primórdios do grupo ganha também destaque nessa produção: a artista plástica Astrid Kirchherr (interpretada pela linda Sheryl Lee no auge de sua beleza). Astrid não era apenas a namorada de Stu mas também uma pessoa influente entre os Beatles, tanto que teve papel fundamental na mudança de visual do grupo. Saiu o estilo “Teddy Boy” com muito couro negro e entrou uma imagem mais sofisticada, com cabelos lisos de franjas – que se tornaria a marca registrada do grupo em sua primeira fase.

John Lennon é interpretado em Backbeat pelo ótimo ator Ian Hart. Sua caracterização realmente é perfeita, inclusive conseguindo reproduzir perfeitamente o timbre de voz característico de Lennon. De fato temos que admitir que todos os Beatles estão bem caracterizados em cena, exceto talvez Pete Best que surge bastante apagado dentro do roteiro (talvez porque ele logo tenha sido tirado do conjunto sendo substituído por Ringo Starr que tinha mais carisma e presença de palco). O roteiro não tem medo também em tocar em temas polêmicos como a morte de Stuart Stutcliffe. Morto precocemente na flor da idade por causa de um problema cerebral. Durante anos rolou um boato de que o próprio John Lennon teria algo a ver com seu problema de saúde. Lennon era um sujeito brigão na juventude e vivia se metendo em brigas de bar. Consta em algumas versões que foi durante uma dessas brigas de rua que Stu foi severamente ferido ao ter sua cabeça batida em um muro. Verdade ou ficção? Nunca saberemos. O que porém podemos ter certeza é que Backbeat é um ótimo retrato do grupo em seu início. É o verdadeiro Gênesis dos Beatles. Quem diria que aqueles garotos iriam se transformar no conjunto de rock mais popular da história? Coisas do destino. Assista ao filme e tente entender os caminhos que levaram os rapazes de Liverpool para esses picos da glória, da fama e do sucesso.

Os Cinco Rapazes de Liverpool (Backbeat, Estados Unidos, 1994) Direção: Iain Softley / Roteiro: Iain Softley, Michael Thomas, Stephen Ward / Elenco: Stephen Dorff, Ian Hart, Sheryl Lee, Rob Spendlove, Jennifer Ehle, Gary Bakewell, Chris O'Neill, Frieda Kelly / Sinopse: O filme acompanha o começo da carreira do grupo musical The Beatles. Aqui vemos os cinco rapazes ingleses de Liverpool tentando alcançar o sucesso em Hamburgo na Alemanha.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Face Oculta

Essa é uma pequena obra prima, praticamente desconhecida do grande público que sinceramente mal sabe o que está perdendo. O filme tem um começo que em nada nos faz pensar que algo de interessante vai acontecer com o desenrolar do filme. Mero engano. O filme cresce muito pois o cotidiano da pequena Peacock vai revelando coisas bizarras e terríveis. O filme me lembrou muito Psicose de Hitchcock pelas razões que não irei revelar aqui pois corre-se o risco de simplesmente estragar o filme para quem vai assistir pela primeira vez. 

Basta dizer que esse é um thriller psicológico classe A. Ideal para estudantes de psiquiatria forense. O ator Cillian Murphy dá show de interpretação. O papel que faz exige bastante e ele se saí extremamente bem. Embora não seja muito conhecido de nome todos logo vão se lembrar dele por seu papel mais popular, o de Espantalho do filme Batman. A ótima atriz Ellen Page também faz um dos principais papéis, a de uma típica "white Trash" do sul dos EUA, com um filho e sem perspectiva nenhuma na vida. Completando o elenco ainda temos Susan Sarandon, excelente como sempre. Se não assistiu ainda corra para ver pois esse filme é pra lá de interessante. 

Face Oculta (Peacock, Estados Unidos, 2010) Direção: Michael Lander / Roteiro: Michael Lander, Ryan O Roy / Elenco: Cillian Murphy, Ellen Page, Susan Sarandon, Josh Lucas, Bill Pullman, Graham Beckel, Keith Carradine, Eden Bodnar, Chris Carlson, Flynn Milligan, Virginia Newcomb, Jaimi Paige / Sinopse: Um acidente de trem numa cidadezinha do meio oeste americano revela um grande secreto envolvendo um pacato bancário da região.  

Pablo Aluísio.

O Talentoso Ripley

Título no Brasil: O Talentoso Ripley
Título Original: The Talented Mr. Ripley
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax, Paramount Pictures
Direção: Anthony Minghella
Roteiro: Anthony Minghella
Elenco: Matt Damon, Gwyneth Paltrow, Jude Law, Cate Blanchett, Philip Seymour Hoffman, Jack Davenport
  
Sinopse:
Tom Ripley (Matt Damon) não é um sujeito comum. Ele tem o dom natural para copiar o modo de ser das pessoas, além de as manipular com maestria. Ao viajar para a Europa ele acaba se aproximando do casal formado por Dickie Greenleaf (Jude Law) e Marge Sherwood (Gwyneth Paltrow). No começo ele parece ser apenas uma pessoa agradável e amigável, mas logo surgem suspeitas sobre as suas reais intenções.

Comentários:
Boa adaptação do romance escrito por Patricia Highsmith. O enredo é tecido sobre as sutilezas do comportamento humano, mostrando que nem sempre uma amizade pode ser criada apenas por sentimentos nobres e verdadeiros. Um aspecto curioso é que o filme, apesar de ser americano, procurou copiar o melhor do estilo do cinema europeu. Por isso, para muitos, o filme tem um ritmo um pouco arrastado, quase parando. Essa crítica é porém injusta. Como a trama é baseada em nuances comportamentais, era mesmo de se esperar que existisse um certo tempo para desenvolver todas elas. Melhor para o elenco que assim teve a oportunidade de dar o melhor de si em termos de atuação. Embora todo o trio protagonista esteja muito bem (até o limitado Matt Damon se sobressai), eu gostaria de dar o devido crédito para o grande (em todos os aspectos) Philip Seymour Hoffman. Ele não tem um grande papel dentro da trama, isso é verdade, mas acaba roubando o show em todos os momentos em que surge na tela. Sua morte, causada por uma overdose acidental, deixou um vácuo muito grande dentro da indústria americana de cinema. Por fim, a título de informação, é importante salientar que "The Talented Mr. Ripley" virou uma espécie de queridinho da crítica americana em seu lançamento, o que proporcionou ao filme ser indicado a cinco categorias no Oscar, incluindo Melhor Ator (Jude Law), Melhor Roteiro Adaptado (para o próprio diretor Anthony Minghella que também escreveu o texto do roteiro) e Melhor Direção de Arte (para a dupla formada por Roy Walker e Bruno Cesari, em um reconhecimento mais do que merecido). Então é isso, um filme americano com todo o jeitão do elegante cinema europeu, em uma espécie de estudo da alma humana em frangalhos. Incisivo, mordaz e cruel nas medidas certas.

Pablo Aluísio.

domingo, 16 de setembro de 2012

Flores do Oriente

Durante a invasão japonesa na China um grupo de refugiados de guerra fica encurralado dentro de uma Igreja Católica em Nanjing. John Miller (Christian Bale) é um agente funerário americano que finge ser um padre para escapar da morte. Ao seu lado se encontram alunas do convento e várias prostitutas que entraram no local fugindo das tropas imperiais japonesas. "Flores do Oriente" é uma produção entre China e Estados Unidos que denuncia os crimes de guerra do Japão em 1937 quando o exército daquele país promoveu massacres e barbaridades contra a população civil local. É bem conhecido a selvageria das tropas japonesas nas cidades invadidas da China. Roubos, chacinas, torturas, execuções sumárias e estupros eram recorrentes e comuns. No fundo os soldados do imperador se comportaram como verdadeiros selvagens, bárbaros insanos, sem um pingo de civilidade ou respeito aos direitos humanos. Na estória do filme, baseado em fatos reais, a situação é muito delicada pois as alunas do convento eram crianças em essência e os japoneses obviamente queriam promover um estupro coletivo contra elas. Uma barbaridade inominável. Eram animais e agiam como tais.

Tudo em nome de um regime brutal comandado por um Imperador que o Japão considerava uma divindade. No fundo o Imperador Hiroito era apenas um sujeito baixinho, míope e com os dentes tortos, mas enfim. "Flores do Oriente" é muito bem produzido com ótima reconstituição de época. A cidade de Nanjing surge arrasada em cena, com corpos apodrecendo pelas ruas mostrando toda a selvageria do exército do sol nascente. O elenco é liderado por Christian Bale que curiosamente já havia participado de um filme cuja trama se passava praticamente na mesma época quando era apenas um garotinho, "Império do Sol" de Steven Spielberg. Em suma, "Flores do Oriente" serve não apenas como denúncia dos crimes cometidos mas também como reflexão pois mostra que em tempos de guerra todos os freios morais, humanos e legais simplesmente desaparecem, principalmente quando existe uma ideologia brutal por trás de tudo.

Flores do Oriente (Jin Lín Shí San Chai / The Flowers of War, Estados Unidos, Japão, 2011) Direção: Yimou Zhang / Roteiro: Heng Liu / Elenco: Christian Bale, Paul Schneider, Shigeo Kobayashi, Ni Ni, Xinyi Zhang, Atsurô Watabe, Shawn Dou, Yuan Nie, Tianyuan Huang, Kefan Cao, Takashi Yamanaka / Sinopse: Grupo de refugiados de guerra ficam encurralados numa Igreja Católica durante a brutal invasão japonesa na cidade de Nanjing na China.

Pablo Aluísio.

As Crônicas de Spiderwick

Após o fim do casamento de seus pais dois irmãos gêmeos, sua irmã e sua mãe vão morar em uma antiga casa em ruínas. Ao encontrarem um livro mágico são transportados para um mundo de fantasia onde habitam fantásticas criaturas. Baseado na série de livros homônima de Tony DiTerlizzi e Holly Black o filme "As Crônicas de Spiderwick" vai certamente cair no gosto dos mais jovens pois segue basicamente a trilha deixada por outros sucessos do cinema como a franquia "O Senhor dos Anéis", "História Sem Fim" e "Labirinto". A tônica obviamente é de fantasia, realismo fantástico, onde convivem os jovens da família ao lado de seres imaginários e mágicos. A produção é caprichada, tudo de extremo bom gosto na direção de arte. Os jovens atores são carismáticos e seguram bem as pontas. No núcleo mais adulto se destaca Mary-Louise Parker como a mãe dos garotos. 

O diretor Mark Waters já tem experiência em filmes que mostrem o universo juvenil. Seu maior êxito foi "meninas Malvadas", um excelente retrato da vida de jovens americanas no High School (equivalente ao nosso ensino médio). Também se destacou em "Sexta Feira em Apuros", um dos melhores filmes sobre troca de identidades, outro estrelado pela atriz Lindsay Lohan. Seu filme mais recente foi "Os Pinguins do Papai" com Jim Carrey, uma produção mais voltada para o público infantil. Em suma, se você gosta de filmes de fantasia, ambientados em universos mágicos ao estilo conto de fadas esse "As Crônicas de Spiderwick" pode certamente ser uma boa opção.  

As Crônicas de Spiderwick (The Spiderwick Chronicles, Estados Unidos, 2008) Direção: Mark Waters / Roteiro: Karey Kirkpatrick, David Berenbaum, John Sayles / Elenco: Freddie Highmore, Sarah Bolger, Seth Rogen, Mary-Louise Parker, David Strathairn, Izabella Miko / Sinopse: Após o fim do casamento de seus pais dois irmãos gêmeos, sua irmã e sua mãe vão morar em uma antiga casa em ruínas. Ao encontrarem um livro mágico são transportados para um mundo de fantasia onde habitam fantásticas criaturas.

Pablo Aluísio .

sábado, 15 de setembro de 2012

Hick

Luli McMullen (Chloë Grace Moretz) é uma garota de 13 anos que tem uma vida familiar disfuncional. Sua mãe é irresponsável, infiel e não lhe dá apoio e nem atenção. Seu pai é um bêbado incurável, sempre chamado por sua mãe de fracassado. Cansada dessa vida de brigas e bebedeiras ela resolve certa manhã simplesmente ir embora de casa. Coloca na bolsa seus poucos pertences pessoais, entre eles uma arma .45 que ganhou de aniversário, e parte para a estrada atrás de carona. Pretende ir para Las Vegas com o objetivo de começar vida nova. Pelo caminho vai encontrando os tipos mais incomuns como Glenda (Blake Lively), uma viciada em cocaína, e um cowboy manco (Eddie Redmayne) que se apaixona por ela. Esse "Hick" faz parte daquele subgênero americano conhecido como "Road Movie". O enredo é todo passado na estrada, com personagens marginais em situações extremas. A garotinha interpretada por Chloë Grace Moretz é uma adolescente que não aguenta mais sua vida familiar e resolve partir para conhecer o mundo lá fora. O que encontra são almas perdidas, pessoas sem esperança, vivendo no limite. 

O filme é interessante porque é desenvolvido sob o ponto de vista da jovem. Ela gosta de desenhar e assim vai fazendo esboços das pessoas que conhece pelo meio do caminho. Obviamente que por ser tão jovem ela se expõe a todos os tipos de riscos, inclusive sexuais, mas o filme nesse aspecto não vai até as últimas consequências, poupando o espectador de detalhes mais sórdidos ou ofensivos. A estória é baseada na novela de Andrea Portes e tem toques autobiográficos pois a autora também fugiu de casa na adolescência. Misturando fatos reais com ficção o resultado é muito bom, bem interessante e até mesmo cativante em relação aos sonhos da jovem garota. Em resumo "Hick" é uma boa pedida para quem estiver em busca de filmes com temáticas mais alternativas, diferenciadas. Vale a indicação certamente.  

Caipira (Hick, Estados Unidos, 2012) Direção: Derick Martini / Roteiro: Andrea Portes / Elenco: Chloë Grace Moretz, Eddie Redmayne, Juliette Lewis, Blake Lively, Alec Baldwin / Sinopse: Uma adolescente resolve fugir de casa por não aguentar mais o caótico ambiente familiar. No caminho para Las Vegas encontra pessoas incomuns e exóticas.  

Pablo Aluísio.

Por Uma Noite Apenas

Max Carlyle (Wesley Snipes) é um bem sucedido profissional que consegue conciliar o sucesso na carreira com uma bem estruturada família. Ao visitar um amigo de longa data que sofre de Aids, Charlie (Robert Downey Jr.), ele por acaso acaba conhecendo a sensual Karen (Nastassja Kinski). Após uma breve aproximação materializada numa aventura de apenas uma noite, ambos acabam se reencontrando tempos depois com consequências para todos. Detalhe: ela também era casada! "Por Uma Noite Apenas" é uma tentativa de mudança de ares na carreira de Wesley Snipes. Aqui ele tenta emplacar como galã, embora o resultado tenha sido bem abaixo das expectativas. Ao seu lado ressurge em cena a bela Nastassja Kinski que tanto sucesso fez na década de 80 mas que andava realmente sumida das telas e dos palcos. Em termos de elenco o curioso mesmo é ver Robert Downey Jr em papel coadjuvante servindo de escada para os demais atores que interpretam os personagens centrais. Downey Jr estava passando por problemas profissionais decorrentes do uso abusivo de drogas e tinha que aceitar o que lhe aparecia pela frente. Aqui ele está correto mas contido.

"Por Um Noite Apenas" foi dirigido e roteirizado pelo cineasta Mike Figgis. Seu texto é uma vitrine das complicadas relações amorosas do mundo atual onde traições ocorrem a todo momento por variados motivos. No caso o personagem de Wesley Snipes representa o homem bem sucedido tanto do ponto de vista profissional quanto familiar, que não precisava em hipótese algum trair sua esposa mas o faz sem motivo aparente. A traição pela simples traição. Obviamente que o roteiro coloca algumas armadilhas moralistas no meio do caminho dos personagens infiéis. Mas mesmo esse viés conservador não atrapalha a produção em si, que é muito chic, sofisticada. Vale a pena ser conhecido e assistido por pelo menos uma vez. Um filme diferente que levanta bons temas sobre os motivos da traição masculina no dias que se seguem.

Por Uma Noite Apenas (One Night Stand, Estados Unidos, 1997) Direção: Mike Figgis / Roteiro: Mike Figgis / Elenco: Wesley Snipes, Nastassja Kinski, Robert Downey Jr.,Ming-Na, Kyle MacLachlan / Sinopse: Um homem e uma mulher casados resolvem trair seus conjuges numa noite trazendo várias consequências para suas vidas pessoais.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O Leitor

Dentro da atual situação do cinema americano, onde prevalecem as produções infanto-juvenis, uma obra como "O Leitor" é mais do que bem-vinda. Aqui temos um filme com temática adulta, muito sutil e de bom gosto, tocando em assuntos delicados de forma muito sensível e talentosa. O roteiro é baseado no romance "Der Vorleser" do escritor alemão Bernhard Schlink e mostra a aproximação de uma mulher mais velha, já madura, com um rapaz que se oferece como leitor de livros de sua escolha. Hanna Schmitz (Kate Winslet) tem um passado nebuloso e violento que tenta esconder da melhor forma possível. Já o jovem Michael (David Kross) não parece se importar com o passado dela mas sim com o seu presente. Não tarda para que ele crie uma avassaladora paixão por Hanna. O mais interessante nesse argumento é o fato de mostrar o lado sensual e amoroso de pessoas que são essencialmente vistas pela sociedade como indivíduos desprovidos dessas qualidades. É o caso de Hanna que durante a II Guerra Mundial havia servido em funções de carrasco para o regime nazista. Alguém consegue imaginar sensualidade e desejo sexual em uma nazista convicta? Essa é a proposta subliminar no filme. De certa forma a produção tenta desmistificar essa visão que insiste em colocar fora da categoria humana antigos colaboradores do regime mais brutal que já foi exercido na história. 

"O Leitor" acabou sendo bastante elogiado em seu lançamento, de forma justa e merecida aliás. Um dos grandes trunfos do filme é a atuação da atriz Kate Winslet. Deixando definitivamente os dias de "Titanic" para trás ela aqui desenvolveu um de seus melhores trabalhos, talvez o melhor. Sua personagem tem uma extensa gama de emoções e sentimentos conflitantes a expor na tela mas Kate consegue com muita delicadeza expor tudo isso em cena. O fruto de uma atuação tão sensível e comovente veio na forma de prêmios após a exaltação de sua atuação. Kate Winslet venceu o Oscar, o Globo de Ouro e o Bafta, os três mais importantes prêmios do cinema. Como se não bastasse ajudou "O Leitor" a ser reconhecido em seu conjunto, colaborando decisivamente para que o filme fosse indicado a várias outras categorias da Academia como Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Fotografia. Um saldo final merecido para uma bela obra cinematográfica.  

O Leitor (The Reader, Estados Unidos, 2008) Direção: Stephen Daldry / Roteiro: David Hare, baseado no livro "Der Vorleser" do escritor alemão Bernhard Schlink / Elenco: Kate Winslet, Ralph Fiennes, Bruno Ganz, Alexandra Maria Lara, David Kross / Sinopse: O filme mostra o romance entre uma mulher mais velha, Hanna Schmitz (Kate Winslet), e o jovem Michael (David Kross) durante o pós segunda guerra mundial. 

Pablo Aluísio.

Machete

O ex-policial Machete (Danny Trejo) é contratado para matar um senador corrupto, interpretado por Robert De Niro. Para alcançar seu objetivo ele recruta uma série de ajudantes improváveis entre eles Luz (Michelle Rodriguez), Padre (Chech Marin) e April (Lindsay Lohan). Antes porém tem que lidar com Sartana (Jessica Alba), uma agente que está em seu encalço. "Machete" é mais um filme dirigido por Robert Rodriguez e segue basicamente um modelo que o próprio diretor já havia explorado antes em sua filmografia com "Planeta Terror" e "Grindhouse", ou seja, um filme pretensamente ruim, feito para ser ruim, baseado nas antigas fitas que passavam por meses a fio em cinemas poeira na década de 70. É uma sátira, uma forma de realizar filmes novos com a falta de qualidade dessas antigas produções. Seria algo próximo do que acontece também no cinema de terror, filmes modernos que tentam recriar o clima e o jeito de produções trash.

Aqui a sátira é em cima dos filmes de ação obtusos dos anos 70. Tudo propositalmente mal feito, absurdo, até a má qualidade das cópias é recriada durante o filme. Funciona? Depende muito de cada um. Para alguns a coisa toda logo se torna cansativa, para outros se torna divertido ver algo assim. Isso é resultado da própria formação desses cineastas. Robert Rodriguez (e também Tarantino) passaram sua juventude assistindo podreiras como essa e agora que são diretores famosos em Hollywood resolveram recriar o mesmo estilo ruim de fazer cinema. O próprio personagem "Machete" foi aproveitado de um falso trailer que o diretor havia usado em seus filmes anteriores. O resultado é irregular. Geralmente é bem divertido assistir a um antigo filme ruim de ação mas não tão divertido quanto se trata de uma cópia como esse "Machete". A ruindade deve vir naturalmente, não forçada e é justamente nesse aspecto que o filme falha. Até a escolha de um elenco classe A para um filme que deveria ser classe Z acentua esse problema. No final das contas é uma brincadeira, não das mais divertidas. Talvez fosse bem melhor se fosse real, se fosse um filme naturalmente ruim. Como está "Machete" só consegue ser uma cópia falsa e forçada.

Machete (Machete, Estados Unidos, 2010) Direção: Robert Rodriguez, Ethan Maniquis / Roteiro: Robert Rodriguez, Álvaro Rodríguez/ Elenco: Danny Trejo, Robert De Niro, Jessica Alba, Michelle Rodriguez, Steven Seagal, Lindsay Lohan, Cheech Marin, Don Johnson / Sinopse: O ex-policial Machete (Danny Trejo) é contratado para matar um senador corrupto, interpretado por Robert De Niro. Para alcançar seu objetivo ele recruta uma série de ajudantes improváveis entre eles Luz (Michelle Rodriguez), Padre (Chech Marin) e April (Lindsay Lohan). Antes porém tem que lidar com Sartana (Jessica Alba), uma agente que está em seu encalço.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O Golpista do Ano

Finalmente assisti. Até agora não consegui entender as verdadeiras intenções de seus realizadores. O filme é diferente, não se assume nem como comédia e nem como drama. Também coloca como centro do roteiro um casal de gays presidiários que vivem de dar golpes em outras pessoas. O personagem de Jim Carrey é particularmente doentio, um mentiroso incontrolável que usa de suas falsas identidades para se dar bem na vida. Já Ewan McGregor vai deixar muito fã de "Star Wars" embaraçado, pois interpreta o companheiro de Jim, um homossexual de bom coração que o conhece na cadeia. Para completar temos o brasileiro Rodrigo Santoro fazendo o primeiro namorado de Carrey.

Pessoas sensíveis demais podem se sentir ofendidas com o filme. Há cenas de violência, fraude, falsidade ideológica etc. O personagem de Jim Carrey me lembrou bastante o que Leonardo Di Caprio interpretou em "Prenda Me Se For Capaz". O problema é que é difícil simpatizar com o golpista de Carrey. Ao contrário do filme de Spielberg, aqui temos poucos motivos para torcer pelo personagem principal. Nos Estados Unidos o filme foi boicotado por certos setores por causa de seu tema ofensivo. Os personagens principais são criminosos e não se arrependem pelo que fazem. Moralmente realmente a produção deixa a desejar, não pelo fato de serem homossexuais mas pelo fato de serem criminosos sem culpa. Enfim, um filme complicado que provavelmente não vai cair no gosto dos fãs de Jim Carrey.

O Golpista do Ano (I Love You Phillip Morris, Estados Unidos, 2008) Direção: Glenn Ficarra, John Requa / Roteiro: Glenn Ficarra, John Requa / Elenco: Jim Carrey, Ewan McGregor, Rodrigo Santoro, Leslie Mann, Jessica Heap, Michael Wozniak, Tony Bentley, Nicholas Alexander, Michael Beasley, Marcus Lyle Brown. / Sinopse: Um casal de gays vive de dar golpes em pessoas honestas. Com o dinheiro fazem viagens, compram roupas caras e se divertem.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Sherlock Holmes

Sherlock Holmes (Robert Downey Jr) e seu amigo John Watson (Jude Law) decidem entrar na luta contra o crime na Inglaterra durante a era vitoriana. Esse é o primeiro filme da nova franquia sobre Sherlock Holmes no cinema. O interessante é que recentemente assisti dois filmes sobre Sherlock Holmes em um curto espaço de tempo. Primeiro vi esse blockbuster e depois assisti "A Vida Intima de Sherlock Holmes" dirigido por Billy Wilder. A diferença é grande entre as produções. O Sherlock de Guy Ritchie, como todo blockbuster que se preze, valorizou muito mais a ação do que a inteligência e esse é seu grande erro. Convenhamos que Sherlock Holmes é um personagem de intelecto. Ele não resolve seus casos dando murros nos outros, o verdadeiro Sherlock resolve os mistérios usando da inteligência e dedução. O problema é vender um filme assim para os adolescentes que vão aos cinemas hoje em dia. Simplesmente não dá. Hoje impera a linguagem do videogame entre os mais jovens onde tudo é muito rápido e movimentado. Tramas elaboradas demais também podem confundir o público acostumado a filmes fast food.

Desse modo pouca coisa sobrou do verdadeiro Sherlock Holmes. Provavelmente apenas o nome do personagem, aqui utilizado como chamariz comercial. O charme, a elegância e a inteligência foram deixados de lado. Se você não exigir muito na fidelidade com o Sherlock original a produção pode até se tornar um entretenimento ligeiro. Sherlock é visualmente bem realizado e algumas pequenas passagens até que nos lembram, mesmo que vagamente, ser esse um filme do personagem de Conan Doyle. Agora, se formos comparar com o personagem da literatura, aí realmente o filme se torna bem sofrível. Acertou quem disse que no fundo apenas usaram a popularidade do nome Sherlock Holmes. Queriam criar uma nova franquia e usaram o nome do morador mais famoso de Baker Street para fins puramente comerciais. Os fãs dos livros certamente ficarão decepcionados, já os adolescente que vão ao cinema podem, quem sabe, se interessar pelo personagem, indo atrás para conhecer o verdadeiro Sherlock Holmes, aquele que está nas páginas escritas por Arthur Conan Doyle. Se isso acontecer então já valeu a existência dessa produção.

Sherlock Holmes (Sherlock Holmes, Estados Unidos, 2009) Direção: Guy Ritchie / Roteiro: Anthony Peckham, Michael Robert Johnson, Simon Kinberg, Lionel Wigram baseados na obra de Arthur Conan Doyle / Elenco: Robert Downey Jr., Jude Law, Rachel McAdams, Mark Strong, Kelly Reilly, Eddie Marsann, James Fox, Hans Matheson / Sinopse: Sherlock Holmes (Robert Downey Jr) e seu amigo John Watson (Jude Law) decidem entrar na luta contra o crime na Inglaterra durante a era vitoriana.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

As Torres Gêmeas

Como hoje é 11 de setembro vale a pena recordar desse filme que enfocou a grande tragédia que se abateu sobre a cidade de Nova Iorque em 2001. Antes de qualquer coisa é interessante citar o fato de que mesmo após mais de uma década dos atentados nenhum grande filme foi realizado sobre o trágico acontecimento. Nenhuma produção de ponta ou obra de arte foi criada em cima do 11 de setembro. Isso é um fato. O que temos até agora são apenas filmes medianos como esse. Por que isso aconteceu? Penso que o 11 de setembro atingiu tão fundo na alma daquele país que até hoje eles não conseguiram assimilar bem tudo o que aconteceu. A impressão que fica foi que toda a nação americana realmente ficou traumatizada com o tamanho e a eficiência do ataque terrorista. Os americanos tinham aquela mentalidade de que eram inatingíveis, que suas forças de segurança jamais deixariam que algo assim acontecesse. 

Quando os aviões bateram nas torres eles ficaram sem reação imediata. Como se viu eles realmente não estavam preparados para o que efetivamente ocorreu em Nova Iorque naquela data. Foi realmente uma surpresa e um choque. Dito isso vamos ao filme propriamente dito. "As Torres Gêmeas" conta a história real dos policiais John McLoughlin (Nicolas Cage) e Will Jimeno (Michael Pena). Após o colapso de uma das torres eles ficaram soterrados sob centenas de toneladas de escombros! De fato foram um dos poucos sobreviventes do ataque terrorista. A primeira parte do filme, mostrando os acontecimentos anteriores ao atentado, tem um ritmo lento, pouco interessante. Já o segundo ato é mais interessante pois a reconstituição é extremamente bem feita em seus mínimos detalhes. O problema é que o filme mesmo melhorando levemente nunca emplaca, nunca empolga. Talvez todos nós estejamos fartos do assunto que foi massivamente explorado pela mídia desde 2001 ou talvez o roteiro não seja tão instigante, caindo na vala comum. A escolha de Oliver Stone para dirigir o filme também foi equivocada. Esse é um cineasta contestador que gosta de expor as feridas da América. Já o roteiro desse filme tem doses extras de patriotada, como não poderia deixar de ser. O texto tenta a todo custo lamber as feridas deixadas pelos ataques. Em vão. Stone certamente não foi a escolha certa, notamos nitidamente um desconforto no trabalho dele. O resultado se vê na tela pois o filme parece truncado. A verdade pura e simples é que talvez nunca tenhamos um grande clássico no cinema sobre o 11 de setembro. O povo americano é muito centrado em si mesmo e odeia ver eventos históricos como esses retratados na tela grande. Eles não querem recordar suas derrotas mas sim suas vitórias, o que é normal. A conclusão que chegamos é que as feridas do 11 de setembro ainda estão bem abertas e longe de serem cicatrizadas.  

As Torres Gêmeas (World Trade Center, Estados Unidos, 2006) Direção: Oliver Stone / Roteiro: Andrea Berloff / Elenco: Nicolas Cage, Michael Pena, Douglas J. Aguirre, Maria Bello, Maggie Gyllenhaal, Jon Bernthal, Stephen Dorff / Sinopse: "Torres Gêmeas" acompanha a história de dois policiais que se encontram no centro do grande atentado terrorista ocorrido em 11 de setembro de 2001. 

Pablo Aluísio.

Conduzindo Miss Daisy

Quando "Conduzindo Miss Daisy" venceu o Oscar de Melhor Filme muitos ficaram surpresos. O filme era considerado o azarão daquele ano e conseguiu superar todos os favoritos. Produção pequena, mas muito charmosa, "Conduzindo Miss Daisy" mostrava a relação de amizade que se prolongava por muitos anos entre a senhora branca do título e seu chofer negro. O filme é cativante e trata a questão racial com extremo cuidado e bom gosto. O fato de ter vencido o Oscar não deveria ter surpreendido tantos assim. O problema do racismo, principalmente em Estados do Sul dos EUA, jamais foi superado de verdade, ainda é uma chaga aberta naquela sociedade. O roteiro ao mostrar uma amizade verdadeira entre um negro e uma branca tocou fundo novamente no problema, levando a simpatia dos membros da Academia, sempre dispostos a premiar filmes que tenham a coragem de tocar em assuntos polêmicos e relevantes. 

Esse também é um filme de atuações, acima de tudo. O roteiro se apóia quase que inteiramente entre a relação de amizade dos personagens interpretados por Morgan Freeman e Jessica Tandy. Ambos estão muito inspirados em cena, esbanjando talento e carisma. Para Jessica Tandy em particular a produção pode ser considerada uma justiça tardia feita em homenagem à longa carreira da atriz nos palcos e telas. Embora muito respeitada no meio teatral americano Jessica Tandy jamais conseguiu se tornar uma estrela de primeira grandeza no cinema, embora fosse mais talentosa que muitas delas. De certo modo foi uma atriz injustiçada pelo cinema ao longo de sua extensa carreira artística. O Oscar que recebeu por sua interpretação de Miss Daisy foi de certa forma um pedido de desculpas da indústria de cinema americano em relação a ela, por ter sido tão subestimada por tantos anos. Morgan Freeman também foi indicado mas não conseguiu levar o Oscar para casa. Idem Dan Aykroyd, um ator de comédias, que conseguiu pela primeira e única vez uma indicação ao prêmio. "Conduzindo Miss Daisy" acabou sendo indicado a nove prêmios e venceu quatro (Filme, Atriz, Roteiro Adaptado e Maquiagem). Também venceu o Globo de Ouro de Melhor Filme e Melhor Atriz (Jessica Tandy). Com tanto reconhecimento não precisa mais de recomendação. Tudo é extremamente delicado e bem escrito. Mostra acima de tudo que basta um roteiro bem desenvolvido, bem trabalhado para realizar um belo filme, aqui no caso um pequeno belo filme, quase um poema cinematográfico. Merece ser redescoberto.  

Conduzindo Miss Daisy (Driving Miss Daisy, Estados Unidos, 1989) Direção: Bruce Beresford / Roteiro: Alfred Uhry, baseado em sua própria peça teatral / Elenco: Jessica Tandy, Morgan Freeman, Dan Aykroyd, Patti LuPone, Esther Rolle / Sinopse: O filme retrata a longa amizade de uma senhora branca do sul dos EUA, Miss Daisy (Jessica Tandy), e seu chofer negro, Hoke Colburn (Morgan Freeman).  

Pablo Aluísio.

Batman: O Cavaleiro das Trevas - Parte 1

Já bastante envelhecido e afastado do uniforme de Batman há dez anos o milionário Bruce Wayne vê sua Gotham City ser devorada por uma onda de crimes sem precedentes. Liderados por um criminoso irracional, centenas de jovens resolvem entrar para as fileiras de uma gangue auto denominada “Os Mutantes”. Espalhando terror e violência entre os habitantes da cidade o grupo acaba ameaçando a vida do comissário Gordon, nas portas de sua aposentadoria. Vendo tudo ruir ao seu redor Bruce Wayne resolve agir vestindo novamente seu personagem, Batman, para limpar as ruas da cidade pela última vez. Essa nova animação da Warner e DC Comics traz para as telas uma das estórias mais conhecidas do universo de Batman, a Graphic Novel de Frank Miller. Não é de hoje que a Warner vem investindo em produções assim, animações feitas para venda direta aos fãs de Batman. Curiosamente o resultado tem sido muito acima da média, para a alegria dos fãs do homem morcego.

A técnica segue a animação mais tradicional com pequenos trechos feitos em efeitos digitais. O Batman retratado aqui está com 55 anos de idade, melancólico e deprimido. Mesmo sentindo o peso da idade ele resolve retornar para mais um confronto contra o crime. Ao seu lado surge um novo Robin, na verdade uma garota, que sendo fã do super-herói decide segui-lo em suas aventuras. Dois vilões tradicionais do universo Batman surgem em cena, Duas Caras e Coringa, mas esse último aparece apenas em cenas pontuais. Sua participação certamente será decisiva na continuação que está prevista para ser lançada no ano que vem nos EUA. O traço foi feito em cima do que os fãs já conhecem da Graphic Novel original. Batman está pesado, soturno e velho. Sua forma física volumosa vai deixar muita gente surpreso. Seu maior inimigo é o chefe da gangue “Mutantes”, um sujeito musculoso e casca grossa que sai no braço com ele numa bem realizada sequência final, no meio da lama e do esgoto de Gotham. Outros acessórios e equipamentos de Batman surgem com algumas modificações interessantes. O Batmóvel, por exemplo, mais parece um tanque de guerra, com artilharia pesada. Há boas cenas de lutas e diálogos bem trabalhados. Embora essa adaptação seja sombria e pessimista não há como comparar com os filmes de Christopher Nolan. Como animação porém é bem eficiente. Produto bem feito que merece ser assistido pelos fãs do universo do homem morcego mesmo que ele esteja na terceira idade.

Batman: O Cavaleiro das Trevas - Parte 1 (Batman: The Dark Knight Returns, Part 1, Estados Unidos, 2012) Direção: Jay Oliva / Roteiro: Bob Goodman baseado nos personagens criados por Bob Kane e na Graphic Novel escrita por Frank Miller / Elenco: Peter Weller, Ariel Winter, Michael McKean / Sinopse: Um envelhecido Batman volta às ruas de Gotham City pela última vez para tentar barrar a onda de criminalidade que asola a cidade. Para isso terá que enfrentar uma gangue de jovens criminosos auto denominada "Os Mutantes".

Pablo Aluísio.

Falcão, O Campeão dos Campeões

Sylvester Stallone nunca foi bobo. Se uma fórmula estava dando certo por que mudá-la? O exemplo maior é esse filme “Over The Top” (que no Brasil recebeu um título espalhafatoso e, na minha opinião, sem impacto). A fórmula em questão já havia dado muito certo na série Rocky então o próprio Stallone resolveu requentar esse prato, criando uma espécie de genérico daquele seu personagem mais famoso. Aqui temos o mesmo argumento que foi usado em Rocky: um homem comum que tenta superar seus problemas pessoais vencendo no mundo dos esportes. A única diferença é que sai o boxe de Rocky e entra as competições de queda de braço de Falcão. No núcleo familiar acompanhamos a tentativa de Lincoln Hawk (Stallone) em se aproximar de seu único filho, um garoto introspectivo que foi criado em uma escola militar. Stallone repete aqui todos os seus maneirismos em cena. Usando de seu carisma ele tenta conquistar a amizade do filho que não vê há anos. “Falcão, o Campeão dos Campeões” foi lançado no auge da popularidade de Stallone na carreira mas curiosamente não conseguiu repetir o êxito de bilheteria de seus outros filmes na época. Só para relembrar o filme foi lançado nas telas logo após “Stallone Cobra” e pouco antes de “Rambo III” mas teve desempenho apenas mediano nas bilheterias americanas. Provavelmente o público não comprou a idéia de ver o astro disputando competições de quedas de braços com outros caminhoneiros ao longo de toda a fita.

O filme foi dirigido por Menahem Golan. Ele era um dos donos da Cannon Group, produtora muito atuante no cinema de ação da década de 80. Tendo dirigido Chuck Norris no sucesso “Comando Delta”, Golan agora dava um passo ousado contratando o maior nome do cinema na época. Por um cachê milionário ele trouxe Stallone para a Cannon mas o resultado modesto de faturamento logo desfez a parceria. Pouco tempo depois a própria Cannon fecharia as portas encerrando definitivamente suas atividades. Visto hoje em dia “Falcão – O Campeão dos Campeões” se revela até um bom passatempo. Claro que os longos anos que separam de seu lançamento deixaram “Falcão” datado. De qualquer forma se o espectador deixar isso de lado pode até mesmo se divertir com as cenas de queda de braço, tudo com muito suor e caretas por parte de Stallone e elenco. Embora tenha rendido uma bilheteria de respeito no Brasil o filme anda esquecido. No saldo final não deixa de ser uma boa opção para se conhecer a fórmula Stallone de fazer cinema na década de 80. Um pipocão que apesar dos anos ainda pode funcionar caso você não seja demasiadamente exigente.

Falcão – O Campeão dos Campeões (Over The Top, Estados Unidos, 1987) Direção: Menahem Golan / Roteiro: Sylvester Stallone, Gary Conway, David Engelbach, Stirling Silliphant / Elenco: Sylvester Stallone, Robert Loggia, Susan Blakely, Rick Zumwalt / Sinopse: Lincoln Hawk (Sylvester Stallone) é um caminhoneiro que participa de competições de quedas de braço. Agora terá que lidar com seu filho que não vê há muito tempo.

Pablo Aluísio.