segunda-feira, 11 de junho de 2012

Bruna Surfistinha

Bruna Surfistinha se tornou famosa ao criar um blog onde contava os programas que fazia com seus clientes. A idéia deu tão certa que depois ela reuniu todo esse material e publicou o livro "O Doce Veneno do Escorpião", que acabou virando best seller no Brasil. A despeito de todo preconceito o fato é que Bruna Surfistinha, queiram ou não, é um típico produto da era da informática. Se não existisse a Internet ela provavelmente jamais sairia do anonimato. Esse filme é apenas mais um reflexo do sucesso da ex-garota de programa. "Bruna Surfistinha", o filme, tem vários problemas na minha forma de ver. O primeiro é de escalação de elenco. Deborah Secco até defende bem seu papel, ela está comprometida e concentrada no filme, o problema é que a verdadeira Bruna não tem nada a ver com ela. Sei que isso é uma questão bem relativa mas não consigo ver qualquer semelhança entre a personalidade da personagem interpretada por Deborah no filme e a Bruna Surfistinha real. Mesmo de forma inconsciente a atriz traz ao seu papel um tipo de sofisticação que inexiste na Bruna que vemos em entrevistas e aparições na TV. 

Não falo apenas da diferença de beleza física (que é acentuada) mas também de sua persona, das características que definem uma pessoa, nesse aspecto Deborah não consegue sumir dentro do papel, que é o diferencial que faz uma grande interpretação. Do elenco do filme dois nomes se destacam: Drica Moraes, muito bem no papel de cafetina e Cássio Gabus Mendes, um bom ator, aqui fazendo o personagem clichê do "cliente de bom coração". Sexualmente o filme não é sensual ou excitante. O roteiro segue de certa forma o padrão Globo de qualidade, ou seja, nada de muito ousado surge em cena. O filme apesar do tema polêmico tem apenas algumas poucas cenas de nudez mas tudo com muito pudor. Talvez o grande mérito do texto seja mesmo sua postura em relação à personagem principal. Ele não condena a garota que sai de casa para se prostituir. Claro que mostra aspectos negativos dessa vida mas não tenta dar lição de moral. Além disso, o que é mais importante, não glamouriza a vida de garota de programa - o que é um ponto positivo, sem dúvida. No saldo final se trata mesmo de um produto Global, com tudo de bom e ruim que isso significa. Não é um retrato fiel da Bruna Surfistinha real e acredito que nem seria essa a intenção dos produtores e nem o desejo do público. De qualquer forma arrisque, possa ser que você ache pelo menos curioso.  

Bruna Surfistinha (Bruna Surfistinha, Brasil, 2011) Direção: Marcus Baldini / Roteiro: José de Carvalho, Homem Olivetto baseado no livro "O Doce Veneno do Escorpião" de Bruna Surfistinha / Elenco: Deborah Secco, Cassio Gabus Mendes, Drica Moraes / Sinopse: Raquel é uma garota de classe média que briga com seus pais e resolve cair na vida da prostituição e programas, se tornando a partir daí conhecida como Bruna Surfistinha. 

Pablo Aluísio.

Confissões de Uma Garota de Programa

O filme tenta seguir o estilo Reality Show, aonde os atores fazem de tudo para tudo parecer casual, sem script, como se tudo fosse filmado de forma amadora. A Sasha Grey está em praticamente todas as cenas. Ela é bonita mas devo confessar que a achei extremamente antipática! Parece que sempre está em off, como se estivesse sorumbática, não cria empatia com o espectador e nem tenta ser muito simpática. É uma profissional de coração frio, que vai lá, faz o serviço com o cliente e vai embora. Nem no seu relacionamento com um instrutor de ginástica consegue passar algum tipo de calor humano. Talvez seja a própria personagem que tenha sido planejada assim, porém acredito que a antipatia seja natural na Sasha Grey. De qualquer forma parecendo sempre distante ela tenta encontrar o tom ideal do que seria o comportamento de uma prostituta de luxo. Como ela é atriz pornô na vida real isso pode até ser bem próximo da realidade da vida dessas garotas. A sensação que fica é que essas profissionais do sexo acabam desenvolvendo uma insensibilidade natural no trato com os homens. Como encaram o relacionamento sexual apenas como um negócio acabam se tornando insensíveis a esse tipo de aproximação. Sasha passa essa sensação. Ela apenas tolera a companhia dos clientes sem sentir nada em relação a eles que acabam se tornando apenas um número numa fila que parece não ter fim.

O roteiro em si parece não ter um enredo linear. São vários flashes da vida dela, atendendo um cliente atrás do outro, indo às compras, almoçando, passando alguns momentos com seu namorado. Na realidade nada de muito importante ou relevante acontece durante a curta duração do filme (pouco mais de sessenta minutos) e quando chega o The End o público certamente ficará com a impressão de ter perdido seu tempo. Pelo menos o argumento não glamouriza o estilo de vida da protagonista, o que já é um mérito e tanto. Enfim, o filme não é muito bom mas mesmo assim, com todos esses problemas, acho que ainda vale a pena tirar um tempinho para conhecer esse tipo de idéia, quem sabe você pode até gostar da proposta do diretor.

Confissões de uma Garota de Programa (The Girlfriend Experience, Estados Unidos, 2009) Direção: Steven Soderbergh / Roteiro: David Levien, Brian Koppelman / Elenco: Sasha Grey, Chris Santos, Philip Eytan / Sinopse: O filme acompanha o dia a dia de uma garota de programa de luxo chamada Chelsea (Sasha Grey), seus clientes, seus encontros e sua vida privada.

Pablo Aluísio.

domingo, 10 de junho de 2012

A Morte Negra

Pensei que seria mais uma daquelas bobagens medievais que o cinema americano vem fazendo ultimamente mas para minha total surpresa o filme não é nada disso - pelo contrário, é um filme muito, muito bom! Gostei de praticamente tudo, do argumento, da ambientação, do roteiro inteligente e das boas interpretações. Confesso que fiquei esperando uma reviravolta ao estilo realismo fantástico mas felizmente isso não acontece! O roteiro conseguiu fugir do óbvio - como virar uma bobagem adolescente cheia de monstros - e fincou o pé na realidade e no racional, o que lhe deu um ótimo posicionamento de cinema adulto (e correto do ponto de vista histórico). 

O enredo mostra bem a realidade do homem medieval europeu. Imerso em uma religiosidade fanática ele não consegue entender porque tantas pessoas morrem em tão pouco tempo. Dentro daquele contexto ficou fácil para culpar a própria humanidade pela peste, pregando a crença que tudo não passaria de um castigo de Deus para com a humanidade. Nesse contexto somos levados a acompanhar um grupo de enviados do Bispo a uma pequena vila que não estaria sendo afetada pela peste negra (o que seria claro indicio de que forças diabólicas estariam atuando no local). Não adianta falar mais para não estragar. Basta apenas dizer que do período enfocado (alta idade média) esse foi um dos melhores filmes que já assisti. Recomendo muito - se ainda não viu corra atrás.  

A Morte Negra (Black Death, Estados Unidos, 2010) Direção: Christopher Smith / Roteiro: Dario Poloni / Elenco: Eddie Redmayne, Sean Bean, Carice van Houten / Sinopse: Na Idade Média, durante a proliferação da Peste Negra, enviados a um pequeno vilarejo inglês entram em contato com as crenças da população local. 

Pablo Aluísio.

O Destino Bate à Sua Porta

A grande maioria dos cinéfilos conhece essa estória através do remake que foi feito muitos anos depois com Jack Nicholson e Jessica Lange. Esse aqui é o filme original mostrando a trama de assassinato orquestrada por dois amantes contra o marido mais velho da garota. Na trama somos apresentados a um vagabundo errante, Frank Chambers (John Garfield), que chega até uma lanchonete de beira de estrada numa cidadezinha da Califórnia. O pequeno estabelecimento é tocado por Nick (Cecil Kellaway) e sua jovem esposa, a bela Cora (Lana Turner). Logo Frank cai nas graças de Nick e este o contrata para trabalhar no local. Não demora muito para que Frank e Cora se sintam atraídos um pelo outro. A partir daí tudo caminha para um desfecho trágico pois o casal de amantes começa a planejar um jeito de liquidar Nick para continuarem juntos sem o velho marido que agora se tornou um estorvo na vida deles. 

O roteiro chama atenção pela sordidez dos eventos. O casal age de forma natural mas planeja um assassinato com raro sangue frio. A personagem de Lana Turner (belíssima em cena) não parece ter maiores conflitos pelo que está fazendo, aliás é justamente ela que concebe a idéia e passa para o amante Frank Chambers. No fundo ela está de olho não apenas na lanchonete do marido mas também em um rico seguro de vida no nome dele (algo que negará depois). A produção é a primeira em língua inglesa baseada no livro que lhe deu origem, escrito pelo autor James M. Cain. Hollywood só se interessou pela estória após ela ter sido filmada duas vezes, uma na França e outra na Itália. Esse pode ser considerado o primeiro grande papel de expressão de Lana Turner. Antes desse personagem amoral, Cora, ela apenas passeava sua beleza em cena sem grandes interpretações a tiracolo. Como era uma starlet apenas tirava proveito de sua beleza e nada mais. Aqui porém já foi exigida bem mais em seu papel, tanto que ganhou grandes elogios da crítica na época. Outro que também está muito bem é John Garfield, em um papel que ficaria melhor com Jack Nicholson décadas depois. A caracterização de Jack é muito mais rica pois expõe os motivos de Frank Chambers com mais intensidade. Na pele de Garfield não conseguimos entender muito bem suas motivações para um crime tão bárbaro. Em conclusão diria que "O Destino Bate à Sua Porta" vale por um direção segura e pela bela atuação de Lana Turner mas a despeito de tudo isso não consegue ser superior à versão de Bob Rafelson em um caso raro de remake superior ao original.  

O Destino Bate à Sua Porta (The Postman Always Rings Twice. Estados Unidos, 1946) Direção: Tay Garmett / Roteiro: Harry Huskin, Niven Busch baseados no livro de James M. Cain / Elenco: Lana Turner, John Garfield, Cecil Kellaway / Sinopse: Jovem esposa com seu amante planejam a morte de seu marido mais velho para herdar sua lanchonete e um seguro de vida de 10 mil dólares.  

Pablo Aluísio.

Não Tenha Medo do Escuro

Complicado até mesmo dizer o que está errado em "Não Tenha Medo do Escuro", são tantos os equívocos que nem sei por onde começar. O filme conta a estória de um casal (Katie Holmes e Guy Pearce) que compram uma antiga casa há muito abandonada. Não precisa ser muito perspicaz para saber que a casa esconde terríveis segredos em seu passado. Para piorar ainda mais a situação a jovem filha do marido vai morar com o casal a contragosto. Partindo dessa premissa era de se esperar que algo próximo a um terror psicológico seria oferecido ao espectador. Doce ilusão. O roteiro joga qualquer sutileza no lixo e parte para a pura e simples bobagem. O uso exagerado de efeitos digitais também não ajuda. As criaturas que vão surgindo são mal desenhadas, geralmente mostradas fora de foco e para piorar muito derivativas e sem graça. De fato não metem medo nem em criancinha.

Eu achei tudo muito parecido com um filme de horror trash dos anos 80 chamado "O Portão". Tal como lá aqui temos esses pequenos seres demoníacos que vão infernizando a vida de uma família. Os tais "demoninhos" dariam origem a um personagem infantil muito popular nos Estados Unidos: A fada dos dentes. Mas nem adianta ir muito além para tentar explicar o que diabos é essa fada. O que é preciso saber mesmo é que "Não Tenha Medo do Escuro" é terrivelmente ruim e sem sustos. Clichês aos montes e atores sem inspiração. Pensar que o bom Guilhermo Del Toro se envolveu em algo assim me deixa espantado. Enfim, tenha medo da ruindade do filme, não do escuro. rs.

Não Tenha Medo do Escuro (Don't Be Afraid of the Dark, Estados Unidos, 2010) Direção: Troy Nixey /Roteiro: Guillermo del Toro, Matthew Robbins / Elenco: Katie Holmes, Guy Pearce, Bailee Madison, Jack Thompson / Sinopse: Jovem casal muda para uma nova casa onde eventos estranhos começam a acontecer. Imaginação ou manifestação do sobrenatural?

Pablo Aluísio.

Decisões Extremas

Existe uma certa tradição nos EUA de telefilmes que mostram pessoas enfrentando graves problemas de saúde. São os conhecidos "filmes de doença". Esse aqui não nega sua origem - produzido pelo canal aberto CBS e pelo próprio astro Harrison Ford, o filme foca a luta de um pai, Jonh Crowley (Brendan Fraser), em busca de tratamento para dois de seus filhos que sofrem de uma doença rara de origem genética que ataca o sistema muscular das crianças. Em sua busca ele acaba conhecendo o pesquisador Dr Robert Stonehill (Ford) que tenta sintetizar uma enzima que irá evitar a morte daqueles que sofrem desse mal. O roteiro obviamente aproveita o fato real que por si só já por demais dramático (crianças em estado terminal) para obviamente exagerar no melodrama (afinal quem não irá sensibilizar com esse tipo de problema?). O que o salva de ser totalmente meloso é a interessante forma com que retrata os bastidores da indústria de pesquisas nos EUA. Tentando conciliar interesses financeiros com humanitários o argumento curiosamente coloca o personagem de Brendan Fraser como um técnico comercial da área que tem que conciliar o sucesso lucrativo da busca dessa enzima com o desespero que enfrente em sua própria casa pois seus filhos estão no limite de idade da expectativa de vida de quem sofre essa doença (9 anos de idade). 

O elenco está burocrático mas na minha opinião adequado a esse tipo de produção. Harrison Ford demonstra sinais de sua idade, bocejando e se mostrando quase sempre bem irritado em cena (obviamente fazendo parte de sua personagem mas também adequado ao seu conhecido mal humor em Hollywood). Brendan Fraser deixa seu lado herói de filmes como "A Múmia" para encarnar um paizão que luta pela sobrevivência de seus filhos (e ele está bem adequado, gordinho e envelhecido aliás). Outro que nos surpreende pelos cabelos brancos é Alan Ruck, que você talvez não conheça de nome mas que irá reconhecer imediatamente ao vê-lo em cena (ele é o amigo esquisito de Mathew Broderick em "Curtinho a Vida Adoidado"); O diretor Tom Vaughan é proveniente da tv, com longa lista de telefilmes em sua filmografia o que é bem adequado para a proposta desse filme. Enfim, "Decisões Extremas" talvez seja mais indicado para quem esteja de alguma forma envolvido com o problema mostrado no filme, fora isso provavelmente vá interessar a poucos.  

Decisões Extremas ((Extraordinary Measures, Estados Unidos, 2010) Direção: Tom Vaughan / Roteiro: Robert Nelson Jacobs baseado no livro de Geeta Anand / Elenco: Brendan Fraser, Keri Russell, Harrison Ford / Sinopse: Um pai e um pesquisador tentam encontrar a cura para uma rara doença genética que atinge crianças. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Perfume de Mulher

A década de 90 foi bem generosa para Al Pacino. Na verdade foi justamente nesses anos que ele colecionou sucessos de público e crítica, uma situação bem diferente da que viveu na década de 80 quando estrelou o mega fracasso "Revolução". A repercussão desse filme foi tão ruim que muitos se apressaram para decretar o fim da carreira de Al Pacino em Hollywood. Um completo exagero certamente. Depois de ficar três anos longe das telas ele foi voltando à velha forma. Estrelou o bom policial "Vítimas de  uma Paixão" que deu bom retorno de bilheteria e a partir daí não parou mais. Sua carreira foi retomando fôlego e depois de sucessos como "Dick Tracy" e "O Poderoso Chefão III" ele finalmente havia retornado ao grupo seleto dos grandes astros. Até que em 1992 caiu em suas mãos a chance de estrelar esse "Perfume de Mulher", produção americana que na realidade seria remake do excelente filme italiano Profumo di donna, de 1974, dirigido por Dino Risi e com elenco liderado pelo talentoso Vittorio Gassman. Pacino já tinha em mente há anos tentar novamente concorrer ao Oscar de Melhor ator uma vez que esse prêmio da Academia seria a concretização definitiva de sua volta ao topo em Hollywood.

O papel ajudava certamente. Pacino interpretaria um militar linha dura, o tenente-coronel Frank Slade, que agora enfrentava o maior desafio de sua vida, a cegueira. Muitos podem dizer que Pacino escolheu um personagem com deficiência para amolecer o coração dos membros da Academia e assim levantar seu tão cobiçado Oscar. Acho essa visão muito simplista e até mesmo cínica. Não basta apenas estar na pele de um personagem como esse mas também é necessário mostrar um talento nato em cena. Pacino certamente está grandioso em cada momento. Sua intensidade geralmente é confundida com exagero ou maneirismos mas não aqui - considero sem favor algum uma de suas mais brilhantes atuações. Mesmo atuando ao lado de um parceiro relativamente fraco em cena (o inexperiente Chris O´Donnell), Pacino consegue superar todas as adversidades, proporcionando ao público mais um momento inesquecível de sua carreira. O filme foi indicado ao Oscar de melhor filme, roteiro adaptado e diretor mas perdeu essas estatuetas. O reconhecimento porém veio com o prêmio de melhor ator para Al Pacino. Foi sua redenção pessoal, o momento em que deixou tudo o que havia acontecido de ruim em sua carreira para iniciar um novo recomeço em sua vida artística. Um renascimento que os cinéfilos agradecem até os dias de hoje.

Perfume de Mulher  (Scent of a Woman, Estados Unidos, 1992) Direção: Martin Brest / Roteiro: Bo Goldman baseado na obra de Giovanni Arpino / Elenco: Al Pacino, Chris O'Donnell, James Rebhorn, Philip Seymour Hoffman,  Gabrielle Anwar / Sinopse: Durante um feriado de dia de ação de graças um velho militar cego, o tenente coronel Frank Slade (Al Pacino) contrata os serviços de um jovem para lhe ajudar em Nova Iorque. Ele resolve ir a bons restaurantes, encontrar seus familiares e depois tomar uma decisão crucial sobre sua vida e seu destino. Filme premiado com o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor ator para Al Pacino.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Désirée - O Amor de Napoleão

Napoleão Bonaparte (Marlon Brando) é um general francês que em sucessivas batalhas acaba conquistando vastas terras e países. Feroz no campo de batalha, ele se rende ao amor de Désirée Clary (Jean Simmons), uma linda jovem que encanta o grande conquistador.  Marlon Brando fez esse filme com literalmente uma espada sobre sua cabeça. Acontece que ele abandonou o set de "O Egipcio" depois de discutir com o produtor e sair falando aos quatro ventos que o filme "era uma tremenda porcaria com péssimo roteiro, um dos piores que já tinha visto na vida". O estúdio então o processou em algumas centenas milhares de dólares. Na audiência inaugural perante o juiz Marlon acabou entrando no seguinte acordo: ele filmaria Desirée do mesmo estúdio e se livraria do processo em que estava envolvido.

Apesar de ter feito o filme por acordo judicial Brando resolveu causar o maior número de problemas possíveis no set de Desirée. Errava as cenas de propósito e fazia sotaques inadequados ao imperador francês, como um inglês arcaico ou um caipira do sul dos EUA; Claro que tudo resultou em muita dor de cabeça para a produção, sempre refilmando as cenas em que Brando propositalmente destruía. O auge de sua rebeldia foi ter levado uma mangueira de bombeiro para o luxuoso set e molhar todo o cenário, estragando inclusive as luxuosas roupas da produção. Ele estava se vingando do processo que sofreu. Apesar das confusões o filme foi terminado e se tornou um grande sucesso da carreira de Brando que depois disse em tom irônico: "O público americano não é dos mais inteligentes que existem do mundo".

Desirée - O Amor de Napoleão (Désirée, Estados Unidos, 1954) Direção: Henry Koster / Roteiro: Annemarie Selinko, Daniel Taradash / Elenco: Marlon Brando, Jean Simmons,  Merle Oberon, Michael Rennie, Cameron Mitchell / Sinopse: Napoleão Bonaparte (Marlon Brando) é um general francês que em sucessivas batalhas acaba conquistando vastas terras e países. Feroz no campo de batalha, ele se rende ao amor de Désirée Clary (Jean Simmons), uma linda jovem que encanta o grande conquistador.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Hancock

Dividiu opiniões, alguns gostaram outros detestaram. Fico no meio termo. Nunca espero muito dos filmes de Will Smith, sei que ele é na essência um ator de blockbusters, então não espero muito e por isso não me decepciono. Esse Hancock pega carona na moda de filmes de super heróis mas apresenta algumas poucas novidades: A mais nítida delas é o próprio personagem central, Hancock. Ao invés de ser um sujeito valoroso, íntegro, dotado de responsabilidades para o bem comum da população ele é na verdade um beberrão, irresponsável e que não está nem aí para nada. É um super anti-herói, vamos dizer assim. A grande surpresa do filme é a presença de Charlize Theron, uma atriz talentosa demais para servir de mera escada para Smith. Confesso que ver Charlize em produções como essa me deixam desanimado e frustrado. Prefiro que ela faça mais filmes sérios e com temáticas mais profundas do que esse chiclete de verão. No começo de sua carreira ainda era aceitável ela estar em um produto como esse apenas como meio de viabilizar sua escalada ao estrelado mas agora?! Depois de vencer o Oscar e ser reconhecida como uma atriz de talento e conteúdo?! Até hoje não consegui entender porque ela aceitou participar de um filme assim - com um personagem tão derivativo, vazio, sem importância!

Já Will Smith segue na dele! O ator surgiu como comediante de TV e conseguiu realizar uma bem sucedida transição para o mundo do cinema aonde conseguiu emplacar um grande sucesso de bilheteria atrás do outro. Ele se tornou o rei do verão norte-americano. "Hancock", por exemplo, conseguiu uma excelente bilheteria mesmo sendo um filme muito fraco em termos artísticos. O fato é que o ator começa a se segurar nas fórmulas fáceis, ou seja, filmes com muito marketing e efeitos digitais, além das inevitáveis continuações sem fim. Depois de Homens de Preto 3 ele agora aposta na sequência de Hancock, prevista para chegar aos cinemas em 2014. Será que o repertório do ator finalmente chegou ao fim? Ao que tudo indica, sim. Basta ver seus futuros projetos já anunciados por seu agente: "Eu Robô 2", "Bad Boys 3", "Hancock 2"... pelo visto o ator vai se segurar agora em seus antigos sucessos para levar a carreira em frente. De resto fica o conselho: se estiver realmente a fim de ver algum blockbuster com personagens em quadrinhos procure pelos originais da Marvel ou da DC Comics. "Hancock" nada mais é que uma paródia - e nem das mais inteligentes. Entre um whisky falsificado do Paraguai e um original escocês de fábrica você nunca vai escolher o primeiro não é mesmo?

Hancock (Hancock, Estados Unidos, 2008) Direção: Peter Berg / Roteiro: Vincent Ngo, Vince Gilligan / Elenco: Will Smith, Charlize Theron, Jason Bateman,  Jae Head / Sinopse: John Hancock (Will Smith) tem superpoderes tais como aqueles que vemos nos grandes personagens de quadrinhos. O problema é que Hancock passa muito longe do bom mocismo. Ele bebe, arranjar confusões, promove bagunças e arruaças e demonstra ser um grande irresponsável. Seus modos porém irão mudar com a chegada de um novo desafio em sua vida.

Pablo Aluísio.

Invasão USA

Mais uma produção da Cannon estrelado por Chuck Norris. Esse aqui é bem mais violento que a média dos filmes do ator, que já eram conhecidos por sua violência extrema. Em plena década de 80, onde os filmes de ação eram qualificados pelo número de mortes em cena, Invasão USA se destacou pela quantidade enorme de mortes que o personagem de Norris produz. O curioso é que o roteiro foi co-assinado pelo próprio ator que parece ter perdido a paciência com nuances psicológicas de seus papéis anteriores. Aqui ele queria mesmo era ação pura, violência acima de tudo. Nada de conteúdo psicológico envolvido, apenas violência extrema, tão extrema que se torna até cartunesca. Aqui Norris interpreta o ex- agente da CIA  Matt Hunter. Aposentado ele vive no meio dos pântanos da Louisiana onde tem como diversão sair no braço com os crocodilos locais. Seu hobby é interrompido quando o governo dos Estados Unidos começa a sofrer uma série de golpes vindos de atos terroristas que possuem como objetivo confundir a opinião pública. espalhando desordem e caos social dentro da sociedade, levando a população a se revoltar contra o governo. A situação vai se deteriorando a cada momento e as forças de segurança do país já não conseguem controlar o caos implantado. Sem outra alternativa o Estado resolve recrutar novamente a única pessoa que pode resolver com tudo de forma rápida e eficaz: Chuck Norris!

Assim Chuck Norris entra em cena. Mais sisudo e carrancudo do que nunca não demora muito para começar a distribuir sopapos e  kick roundhouses nos vilões que surgem na sua frente. Na época o filme era levado à sério mas revisto hoje em dia é impossível não notar que muitas das exageradas cenas de Norris acabaram virando uma comédia involuntária. Em uma das cenas mais absurdas, por exemplo, Norris participa de um duelo ao estilo do velho oeste só que ao invés de pistolas ele e seu inimigo usam bazucas!!! Isso mesmo, um duelo de bazucas!!! Em outra cena que ficou muito divertida Norris abre dois buracos enormes nas paredes ao lado de uma porta pois desconfia que há bandidos o esperando de dentro da sala. Após explodir praticamente tudo ele acaba entrando pela única porta que ficou de pé no local. Por isso "Invasão USA" é um filme de ação da década de 80 com 100% de pedigree, violento, exagerado e nada politicamente correto. Há quem afirme inclusive que Norris estava procurando com toda essa violência animalesca seguir os passos de Stallone em Cobra mas essa informação está completamente equivocada uma vez que Cobra só seria feito um ano após Invasão USA, que é anterior. Assim se alguém imitou alguém foi Stallone e não Chuck Norris, até porque Chuck Norris jamais imitaria alguém como diz uma das suas piadinhas que rolam na internet! Reavaliado hoje em dia o saldo final é no mínimo muito divertido. Tudo o que caracterizou a década de 80 está presente nesse filme. As cenas inverossímeis, o herói durão que sozinho mata todo um exército inimigo e claro o estilo ímpar das produções da Cannon, que queiram ou não, também fez escola nesse tipo de produção. Assista e entenda porque jamais os Estados Unidos serão invadidos.

Invasão USA (Invasion U.S.A, Estados Unidos, 1985) Direção: Joseph Zito / Roteiro: James Bruner, Chuck Norris / Elenco: Chuck Norris, Richard Lynch, Melissa Prophet, Alexander Zale / Sinopse: Terroristas internacionais promovem uma série de atentados terroristas nos EUA tentando com isso causar caos e desordem social. Para acabar com o caos implantado o governo americano chama a única pessoa que poderá resolver tudo: Chuck Norris!

Pablo Aluísio.

Chloe - O Preço da Traição

Que os americanos são uns dos povos mais moralistas do planeta isso não resta a menor dúvida. Talvez tenha sido sua origem puritana, calvinista, não sei, o que sei é que "Chloe - O Preço da Traição" é uma das maiores provas disso. O enredo gira em torno de uma médica, interpretada por Juliane Moore, que resolve colocar o marido (Liam Neeson) à prova. Ela contrata uma prostituta de luxo, Chloe (Amanda Seyfried) para seduzir o esposo e com isso ter finalmente a prova de sua traição. Não precisa ir muito longe para saber no que isso tudo vai dar. Pois bem, é justamente nos minutos finais que todo o conservadorismo da mentalidade americana vem à tona. Na cabeça dos conservadores qualquer tipo de atitude fora do normal, do convencionalismo (até bobo) da monogamia deve ser punida de forma austera (já tínhamos visto algo parecido com "Atração Fatal" é bom frisar). "Chloe" também tem pretensões de ser um thriller soft erótico mas nesse aspecto não consegui ver nada sensual ou caliente. Até as cenas lésbicas mostradas no filme são assépticas, sem calor, sem tesão. 

A atriz Amanda Seyfield também não ajuda muito. Ela é bonita e tudo mais porém não tem o sex appeal adequado. Pena que Sharon Stone já passou da idade pois tenho certeza que se um personagem desses caísse em suas mãos na época em que era jovem e bonita, "Chloe" facilmente viraria um marco do gênero. Outro problema de "Chloe" é seu ritmo lento, quase parando. Faltou agilidade e esperteza para o diretor Atom Egoyam, pois tudo vai acontecendo em marcha lenta, tornando o filme muito paradão. A fotografia é bonita, o filme é bem realizado mas para o que se propunha faltou realmente sensualidade e erotismo. O que sobra no final das contas é justamente o moralismo de Tio Sam. 

 Chloe - O Preço da Traição (Chloe, Estados Unidos, 2009) Direção: Atom Egoyan / Roteiro: Erin Cressida Wilson, Anne Fontaine / Elenco: Julianne Moore, Amanda Seyfried and Liam Neeson / Sinopse: O enredo gira em torno de uma médica, interpretada por Juliane Moore, que resolve colocar o marido (Liam Neeson) à prova. Ela contrata uma prostituta de luxo, Chloe (Amanda Seyfried) para seduzir o esposo e com isso ter finalmente a prova de sua traição.  

Pablo Aluísio.

domingo, 27 de maio de 2012

Entrando Numa Fria Maior Ainda Com a Família

Enquanto Al Pacino coleciona prêmios nessa altura de sua carreira, Robert De Niro coleciona micos como esse muito fraco "Little Fockers". Não interessa que o filme renda bilheteria pois o prestigio de qualquer ator sério vai para o vaso sanitário ao participar de um produto tão raso e ruim como esse. O pior de tudo é que se trata realmente de um mico coletivo. Grandes nomes do passado como Dustin Hoffman e Barbara Streisand também estão embarcados nessa canoa furada. Como é que tanta gente boa topou fazer algo tão ridículo? Será que estão falidos ou algo parecido? Ver Streisand de tantas glórias no passado atuando aqui só traz vergonha alheia e pena. Nada funciona, o filme não tem uma estória para contar, as situações são sem graça e beiram o tédio (algo mortal para um filme que supostamente seria uma comédia). É um tipo de humor estúpido, rasteiro, debilóide, infame. O título original dessa pavorosa franquia já diz a que veio - um trocadilho idiota do nome da família com um palavrão bem conhecido da língua inglesa. De fato esse tipo de comédia só vá agradar a pessoas sem muito nível cultural ou educacional. O roteiro é completamente imbecilizado e o argumento sequer existe, de tão péssimo que é.

Ben Stiller continua péssimo, fazendo sempre o mesmo personagem, filme após filme. Novamente aqui ele entrega mais um personagem pamonha para acabar com nossa paciência. Comediante completamente sem graça ele se limita a fazer cara de paspalho por toda a sua filmografia. É especializado em vender lixo para um público idiota. Parece que os americanos gostam de seu tipo uma vez que ele está por ai já há um bom tempo. Bom, como diria Brando o público americano não é mesmo conhecido por sua inteligência e nem bom gosto. Ele é um tipo baixinho, franzino, sem expressão e só perde no quesito mediocridade para o também horrível Adam Sandler, esse campeão absoluto nessa categoria. Mas isso nem é o pior, o constrangedor mesmo é ver o grande Robert De Niro participando de cenas ridículas de flatulências e ereções involuntárias. Muito tosco. O que será que deu na cabeça dele para jogar seu prestígio assim pela latrina? Será que perdeu o prazer de atuar ou apenas virou um mercenário que aceita fazer qualquer tipo de filme apenas por causa do dinheiro? No meio de tanta coisa ruim apenas a gracinha Jessica Alba se salva. Voluntariosa ela tenta trazer alguma credibilidade à sua personagem, uma vendedora de remédios para disfunção erétil (um papel bem parecido já foi feito recentemente por Jake Gyllenhaal em "Amor e Outras Drogas"). Mesmo assim ganhou o Framboesa de Ouro de Pior atriz coadjuvante. Se ela é a melhor coisa do filme e levou o Framboesa imagine o resto! Aliás o filme foi fartamente indicado no Razzie Award concorrendo ainda nas categorias “Pior Roteiro” e novamente “Pior Atriz Coadjuvante” para Barbra Streisand, que poderia muito bem se aposentar sem passar por essa vergonha. Enfim, "Little Fockers" é chato como uma festa para crianças, só que no caso os palhaços sem graça são atores consagrados e você que pagou para ver esse abacaxi. Vai encarar?

Entrando Numa Fria Maior Ainda Com a Família (Little Fockers, Estados Unidos, 2010) Direção: Paul Weitz / Roteiro: John Hamburg, Larry Stuckey, Greg Glienna, Mary Ruth Clarke / Elenco: Robert De Niro, Ben Stiller, Owen Wilson, Dustin Hoffman, Barbra Streisand, Blythe Danner, Teri Polo, Jessica Alba, Laura Dern / Sinopse: Mais uma continuação da franquia sem graça Fockers. Aqui a família tem que lidar com bebezinhos chatinhos que puxaram aos pais nos quesitos aborrecimento e tédio.

Pablo Aluísio.

O Homem do Oeste

Link Jones (Gary Cooper) foi criado em uma família de ladrões, assassinos e bandidos. Após cometer alguns crimes ao lado de seu tio e mentor Dock Tobin (Lee J. Cobb) ele foge e tenta reconstruir sua vida numa distante e pequenina vila do velho oeste. Anos depois durante um assalto ao trem onde viajava Link acaba descobrindo que seu tenebroso passado está de volta para atormentar sua vida! "O Homem do Oeste" é seguramente um dos melhores faroestes psicológicos da história do cinema americano. O filme tem uma carga de tensão absurda durante toda sua duração. O espectador não consegue desgrudar os olhos dos acontecimentos e o roteiro escrito pelo expert Reginald Rose joga excepcionalmente bem com toda a situação. A trama toda se passa em menos de 24 horas - desde o momento em que o trem que leva Link é assaltado até sua chegada com o bando de Dock Tobin numa fantasmagórica e abandonada cidade no meio do deserto de Mojave (um dos locais mais hostis dos EUA).

Godard considerava "O Homem do Oeste" um dos melhores westerns já feitos. Não discordo em nada de sua opinião. Gary Cooper está excelente no papel de um homem que busca redenção mas que não consegue se livrar de uma vida de balas e mortes. Embora esteja excepcionalmente bem em cena temos que admitir que no quesito interpretação o filme pertence mesmo a Lee J. Cobb. No papel do malvado e cruel tio do personagem de Cooper, Cobb contrói uma magnífica caracterização. Um velho ladrão, pistoleiro, transpirando maldade e ruindade por todos os poros. Sua atuação realmente impressiona e fica marcada para os fãs de western. Perfeita. Por fim vale a pena lembrar que "O Homem do Oeste" não foi dirigido por qualquer um mas sim pelo genial cineasta Anthony Mann de tantos westerns excepcionais como "Winchester 73" e "Um Certo Capitão Lockhart". Um craque no estilo. Enfim recomendo "O Homem do Oeste", um faroeste brilhante que não deve faltar na coleção de nenhum cinéfilo fã do gênero.

O Homem do Oeste (Man Of The West, Estados Unidos, 1958) Direção: Anthony Mann / Roteiro: Reginald Rose baseado no livro de Will C. Brown / Elenco: Gary Cooper, Julie London, Lee J. Cobb / Sinopse: Link Jones (Gary Cooper) foi criado em uma família de ladrões, assassinos e bandidos. Após cometer alguns crimes ao lado de seu tio e mentor Dock Tobin (Lee J. Cobin) ele foge e tenta reconstruir sua vida numa distante e pequenina vila do velho oeste. Anos depois durante um assalto ao trem onde viajava Link acaba descobrindo que seu tenebroso passado está de volta para atormentar sua vida!

Pablo Aluísio.

sábado, 26 de maio de 2012

Robin Hood - O Príncipe dos Ladrões

Robin Hood segue sendo um personagem controvertido. Até hoje os historiadores não chegaram a uma conclusão definitiva se ele foi uma pessoa real que viveu na Inglaterra durante a Idade Média ou se é apenas fruto da imaginação de trovadores, poetas e prosadores medievais. O máximo que se conseguiu chegar através de documentos históricos foi a confirmação da existência de não apenas um mas de dois criminosos famosos da época que lutavam contra o terrível Xerife de Nothingham. Muito provavelmente os escritores medievais resolveram fundir ambos em apenas um personagem apenas, surgindo daí a figura lendária de Robin Hood tal como a conhecemos. Inicialmente habitando as páginas da literatura Robin logo foi adotado nos primórdios do nascimento do cinema. Não é de se admirar pois esse é seguramente um personagem talhado para a sétima arte. Nas aventuras de Robin Hood temos emoção, romance e a eterna luta do bem contra o mal. Embora medieval Robin Hood parece mesmo ter sido criado para as telas. Essa aqui é uma das versões mais simpáticas e bem realizadas. Kevin Costner no auge de sua popularidade resolveu encarar esse projeto do amigo Kevin Reynolds que trazia para o público atual as irresistíveis estórias do príncipe dos ladrões, que roubava dos ricos para dar aos pobres. O curioso é que Costner não acreditava muito no filme, confessando inclusive que o fez mais por consideração ao amigo cineasta do que por qualquer outra razão. Mal sabia ele que esse iria se tornar um de seus grandes sucessos no cinema. (sua bilheteria ultrapassou os 400 milhões de dólares, um enorme êxito para a década de 90).

E qual afinal foi a razão de tanto sucesso? Simples, o filme respeita e mantém a essência e o espírito do personagem. Robin Hood é isso: aventura, paixão e muita ação. O resultado fica bem longe do mais recente filme feito que se tornou bem chato ao se preocupar em ser historicamente correto demais. Essa produção da Warner não nega as origens do herói e se assemelha bastante até mesmo ao clássico estrelado por Errol Flynn. A trama se passa na Inglaterra medieval do século XII. Robin Hood (Kevin Costner) é um veterano das cruzadas do Rei Ricardo Coração de Leão (Sean Connery) que volta para seu lar após muitos anos na terra santa. Ao retornar descobre que sua querida terra está sob as ordens do infame Xerife de Nothingham (Alan Rickman, sempre inspirado) que não hesita em explorar e humilhar os mais pobres e humildes da região. Acusado injustamente de um crime que não cometeu Robin encontra refúgio na floresta de Sherwood onde encontra uma comunidade de foras-da-lei. Decidido a lutar contra as injustiças acaba criando um verdadeiro mito em torno de seu nome, que representará pelos séculos afora a luta do homem comum contra o poder despótico dos poderosos. Destaque para o personagem mouro Azeem em carismática interpretação de Morgan Freeman e da participação especial de Sean Connery como o mitológico rei. Sua presença no filme inclusive foi escondido do grande público para criar surpresa no espectador na cena final quando finalmente surge na tela. Assim fica a dica para quem ainda não conhece: Robin Hood com Kevin Costner, uma aventura com o sabor das antigas matinês.

Robin Hood - O Príncipe dos Ladrões (Robin Hood: The Prince of Thieves, Estados Unidos, 1991) Direção: Kevin Reynolds / Roteiro: Pen Densham, John Watson / Elenco: Kevin Costner, Morgan Freeman, Mary Elizabeth Mastrantonio, Christian Slater, Alan Rickman, Geraldine McEwan, Michael McShane, Brian Blessed, Nick Brimble, Michael Wincott, Sean Connery / Sinopse: Nova versão para as aventuras do mitológico Robin Hood. Veterano das cruzadas ele é perseguido pelo Xerife de Nothingham tendo que fugir para a floresta onde começa a roubar dos ricos para dar aos pobres.

Pablo Aluísio.

Dirty Dancing

Baby (Jennifer Grey) é uma adolescente que vai com os pais passar férias em um resort no começo da década de 60. Lá conhece o dançarino e professor de dança Johnny Castle (Patrick Swayze) e fica completamente apaixonada por ele. "Dirty Dancing" segue sendo lembrado como um dos melhores musicais da década de 80. Com boa trilha sonora e roteiro romântico caiu no gosto das jovens da época e se tornou um tremendo sucesso de bilheteria rendendo uma fortuna em seu lançamento. Todos os ingredientes estavam lá: a jovem apaixonada pelo empregado bonitão e atraente, muita dança e músicas de sucesso. Quando foi lançado o filme foi severamente criticado por ser fútil e sem conteúdo. Bobagem. "Dirty Dancing" conseguiu muito bem dialogar com o universo juvenil, mostrando os primeiros amores das adolescentes, com seus ideais românticos, tudo em um clima de nostalgia muito bem reconstituído na tela. Até o fato da estória se passar na década de 60 caiu muito bem. No final a produção conseguiu agradar não só as jovens que iam ao cinema como também suas mães que ficaram com nostalgia de sua própria juventude.

Em essência o filme é uma diversão descompromissada que deve ser encarada dessa forma. Patrick Swayze no auge do sucesso e juventude encontrou o papel síntese de toda sua carreira. Bom bailarino, carismático e boa pinta ele logo se transformou no modelo de namorado que toda garota gostaria de ter em 1987. Não demorou muito para virar ídolo jovem tendo seu rosto estampado em posters que as adolescentes colavam nas paredes de seus quartos. Depois do sucesso de "Dirty Dancing" ele teve uma carreira de altos e baixos até sua morte precoce em 2009. Já Jennifer Grey, a Baby, não conseguiu se firmar na carreira. Após o sucesso de "Dirty Dancing" fez uma cirurgia plástica desastrosa em seu rosto pois não gostava do formato de seu nariz. O problema é que a cirurgia acabou mudando sua imagem e quando tentou voltar ao cinema ninguém mais a reconhecia! Sem espaço no cinema acabou indo para a TV onde fez vários telefilmes. Em suma é isso, "Ditty Dancing" é nostálgico, romântico e até mesmo cativante. Certamente pode ser considerado bobinho e inofensivo mas isso não é demérito pois nem todo filme tem a obrigação de mudar o mundo, muitas vezes a mera diversão já é mais do que bem-vindo e nesse aspecto não há o que discutir, o filme é divertido e leve. Se ainda não assistiu dê uma chance ao Ritmo Quente.

Dirty Dancing - Ritmo Quente (Dirty Dancing, Estados Unidos, 1987) Direção: Emile Ardolino / Roteiro: Eleanor Bergstein / Elenco: Patrick Swayze, Jennifer Grey, Jerry Orbach, Cynthia Rhodes / Sinopse: Baby (Jennifer Grey) é uma adolescente que vai com os pais passar férias em um resort no começo da década de 60. Lá conhece o dançarino e professor de dança Johnny Castle (Patrick Swayze) e fica completamente apaixonada por ele.

Pablo Aluísio.