segunda-feira, 30 de abril de 2012

Prece Para Um Condenado

Um dos melhores filmes da carreira de Mickey Rourke também é um de seus mais subestimados. Nesse excelente filme o ator interpreta um terrorista do IRA (Exército Revolucionário Irlandês) que entra em crise existencial após um atentado mal sucedido aonde pessoas e crianças inocentes morreram. Rourke ficou tão comovido pela luta dos irlandeses contra os ingleses que acabou tatuando a sigla do grupo em seu próprio braço. Nas filmagens deu entrevistas corajosas defendendo a causa do IRA mesmo sabendo que tais declarações iriam mais cedo ou mais tarde se voltarem contra ele. As filmagens não foram simples. Logo no primeiro dia de trabalho Rourke entrou numa séria briga com um dos produtores executivos. Acontece que Mickey aceitou realizar o filme baseado em um roteiro que o estúdio queria mudar de última hora. Com medo de perdas financeiras os produtores queriam deixar a crise existencial do personagem de Rourke de lado para investir em mais ação. O ator ficou possesso. Numa das entrevistas que deu para a agência Reuters atacou o produtor do filme: "Esse cara pousou de pára quedas no primeiro dia de gravação e disse que o roteiro estava muito introspectivo e sem movimento. Então quis mudar tudo, tirando o drama para colocar cenas de tiroteiro e ação. Era atroz! Ele queria um filme de Chuck Norris! Eu falei que se mudassem iria embora naquele mesmo dia. Se você estiver lendo essa entrevista saiba que você não passa de um imbecil!"

A briga de Rourke pareceu surtir algum efeito mas os problemas com o filme continuaram. Pelo tema polêmico a produção enfrentou sérios problemas com o estúdio antes de seu lançamento. Foi proposta uma mudança de edição, numa tentativa de amenizar o tom provocativo do roteiro. Rourke entrou na briga novamente e foi aos jornais denunciar o que estavam fazendo com o filme. No meio da confusão o filme foi mal lançado e distribuído, o que talvez explique o fato de ser tão pouco conhecido. Rourke também ficou revoltado com o corte final dado pelos produtores. Em sua forma de pensar muito do potencial do filme foi simplesmente jogado fora. De qualquer forma a fita chegou ao mercado de vídeo no Brasil na época e alcançou um relativo sucesso em nossas locadoras no encalço de "Coração Satânico". Hoje é um filme complicado de se achar mas merece ser conhecido pelo tema importante e pela ótima atuação de Rourke, em um de seus momentos mais inspirados. Certamente poderia ter sido melhor se não tivesse enfrentado tantos problemas mas pela coragem de Rourke vale muito a pena ser redescoberto.

Prece Para Um Condenado (A Prayer for the Dying, Inglaterra, 1987) Direção: Mike Hodges / Roteiro: Edmund Ward Baseado no livro "A Prayer for the Dying" de Jack Higgins / Elenco: Mickey Rourke, Bob Hoskins, Alan Bates, Sammi Davis / Sinopse: Martin Fallon (Mickey Rourke) é um terrorista do IRA (Exército Revolucionário Irlandês) que entra em crise existencial após participar de um atentado mal sucedido aonde pessoas e crianças inocentes morreram.

Pablo Aluísio.

domingo, 29 de abril de 2012

A Lista de Schindler

Oskar Schindler (Liam Neeson) é um industrial alemão que aproveita a Guerra para ganhar muito dinheiro em sua fábrica. Gozando de livre trânsito nos altos escalões nazistas ele consegue que vários judeus sejam enviados para trabalhar em sua linha de produção. Ao tomar conhecimento do massacre promovido contra o povo judeu resolve ajudar de alguma forma. Solicitando cada vez mais mão de obra consegue evitar que milhares de pessoas sejam enviadas para os campos de extermínio do sistema nazista. Nesse processo sua fábrica acaba se tornando um precioso refúgio e uma salvação para famílias inteiras de judeus. Baseado em fatos reais esse foi o filme que trouxe a Spielberg o que mais lhe faltava na carreira: reconhecimento da Academia. Por anos o diretor tentou se desvencilhar de sua fama de diretor Peter Pan que só conseguia realizar bons filmes para o público infanto-juvenil. Com “A Lista de Schindler” ele mudou essa imagem pois provou que conseguia realizar uma grande obra baseada em temas relevantes e importantes. O tema certamente lhe era caro pois o próprio Spielberg tinha origens judaicas. Embora isso não tenha sido um ponto focal em sua vida até aquele momento ele resolveu usar o filme como forma de encontrar novamente suas origens ao mesmo tempo em que prestava homenagem ao verdadeiro Schindler que salvou da morte certa aqueles que depois ficariam conhecidos como “os sobreviventes de Schindler”  O próprio lema principal do filme calcado na frase "Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro" reflete bem isso. Ele aliás é um dos poucos alemães presentes no chanado "Jardim dos Justos", um local onde o povo judeu honra a memória daqueles que lhe ajudaram no holocausto nazista.

O diretor resolveu filmar em preto e branco para criar identidade imediata no espectador com as cenas reais do holocausto que chegou até nós. Além disso não criou concessões, procurando mostrar o horror nazista sem qualquer subterfúgio. Isso acabou criando problemas comerciais para o filme pois ele foi classificado como proibido para menores de 18 anos nos EUA – o único em toda a carreira de Spielberg que entrou nessa categoria. Além do filme em si Spielberg resolveu ir além e através de um projeto excepcional resolveu colher os depoimentos dos sobreviventes de Schindler em vídeo para registro histórico. Esse material acabou sendo utilizado para a elaboração de uma verdadeira biblioteca visual, com o testemunho gravado de todos os que ainda estavam vivos. Do ponto de vista histórico realmente é um material de extrema relevância. Curiosamente as críticas mais contundentes ao filme em si acabaram partindo da ex-esposa de Schindler. Ela não perdeu tempo para falar muito mal do industrial para a imprensa. Para ela Oskar Schindler não era nenhum herói virtuoso mas sim um irresponsável que a deixou com inúmeras dívidas que acabaram lhe arruinando financeiramente. Não importa, o que realmente vale a pena destacar é que essa é uma produção do mais alto nível e um momento de apoteose na carreira de Spielberg. Público e crítica, quase sempre às turras, abraçaram “A Lista de Schindler”  de forma unânime. Além da excelente bilheteria o filme venceu os Oscars de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora, Melhor Direção de Arte, Melhor Edição e foi indicado ainda aos prêmios de Melhor Ator (Liam Neeson), Ator Coadjuvante (Ralph Fiennes), Figurino, Maquiagem e Edição de Som. Spielberg finalmente conquistava o que tanto almejava durante todos aqueles anos. Um coroamento digno de um filme tão bom quanto esse.

A Lista de Schindler (Schindler's List Estados Unidos, Inglaterra, 1993) Direção: Steven Spielberg / Roteiro: Steve Zaillian / Elenco: Liam Neeson, Ben Kingsley, Ralph Fiennes, Caroline Goodall, Jonathan Sagall / Sinopse: O filme baseado em fatos reais mostra a luta do industrial Oskar Schindler em salvar o maior número possível de judeus. Os recrutando para sua fábrica ele os salvou dos campos de extermínio nazistas.

Pablo Aluísio.

sábado, 28 de abril de 2012

Alguém Tem Que Ceder

Harry Langer (Jack Nicholson) é um executivo milionário da indústria da música que gosta de se relacionar com garotas bem mais jovens do que ele. Sua namorada Marin (Amanda Peet), que tem idade para ser sua filha, decide então lhe apresentar sua mãe, Erica (Diane Keaton) em sua casa de praia. Durante a visita porém Harry começa a passar mal e sofre uma parada cardíaca. Sob os cuidados de Erica e do médico boa pinta Julian (Keanu Reeves) ele começa a se recuperar. De repente nota que está começando a se interessar romanticamente pela mãe de sua namorada! Erica, por sua vez, também está começando a se interessar por um homem mas não por ele e sim pelo jovem médico bonitão. Sem perceber acaba se formando um triângulo amoroso entre todos eles. "Alguém Tem Que Ceder" é uma comédia romântica com excelente elenco que tenta vender esse gênero para um público mais maduro. Jack Nicholson dá uma pausa em seus personagens mais introspectivos e profundos para surgir em cena na pele do cafajeste Harry, um sujeito bem vazio que gosta mesmo é de um bom rabo de saia juvenil. Ao se deparar com uma mulher mais velha, interessante e atraente, ele acaba repensando sua própria forma de ver as mulheres. Pronto para uma nova experiência ele tenta conquistar a mãe de sua jovem namorada, o problema é que para ser bem sucedido vai ter que vencer a competição com o médico interpretado por Keanu Reeves (novamente disponibilizando ao seu público mais uma atuação ao seu estilo, ou seja, bem medíocre).

Quem segura as pontas do filme mesmo é a dupla Nicholson e Keaton. Ex-musa de Woody Allen aqui Diane Keaton surge bem mais bonita, sofisticada, com belo figurino. Sua química ao lado do velho Jack funciona muito bem e juntos são responsáveis pelos melhores momentos do filme que, apesar de não ser uma maravilha, funciona como bom passatempo descompromissado, especialmente recomendado para mulheres mais maduras que conservam seu romantismo intacto. A diretora e roteirista Nancy Meyers optou por algo bem leve, soft. Evita apelar para o dramalhão e realiza uma boa crônica de costumes, com ênfase nos relacionamentos em que há uma grande diferença de idade entre os envolvidos (geralmente homens bem mais velhos com mulheres jovenzinhas). O saldo final é agradável, além do mais é sempre um prazer renovado rever o grande Jack Nicholson, mesmo que seja em filmes considerados menores de sua rica filmografia.

Alguém Tem Que Ceder (Something's Gotta Give, Estados Unidos, 2003) Direção e Roteiro: Nancy Meyers / Elenco: Jack Nicholson, Diane Keaton, Amanda Peet, Keanu Reeves, Jon Favreau, Michael J. Fox. / Sinopse: Harry Langer (Jack Nicholson) é um homem bem mais velho que namora a jovem Marin (Amanda Peet) mas acaba se apaixonando por sua mãe, a bela e madura Erica (Diane Keaton).

Pablo Aluísio. 

Máquina Mortífera 2

Primeira sequência de "Lethal Weapon" lançado dois anos antes. Se Mel Gibson estava em busca de um sucesso de bilheteria e uma nova franquia para estrelar e levantar sua carreira ele acertou em cheio. O filme é o que se pode chamar de blockbusters anos 80. Ação, roteiro simples e piadinhas aqui e acolá. Nesse segundo filme quem faz o alívio cômico é o ator Joe Pesci. Seu personagem é um contador que em troca de informações de seus clientes mafiosos entra no serviço de proteção às testemunhas. Curioso que os vilões do filme são arianos sul africanos que usando de imunidade diplomática montam uma enorme rede de tráfico e lavagem de dinheiro nos EUA. Na época em que o filme foi realizado ainda havia grande revolta mundial por causa do regime racial do Apartheid que vigorava naquela país. O próprio ator que faz o vilão tem uma semelhança enorme com o primeiro ministro sul africano da época. Mais direto do que isso impossível. Além disso esse mesmo regime de separação absoluta entre brancos e negros acabou levando o líder Nelson Mandela a se tornar um símbolo ao redor do mundo. Quando o filme foi lançado ele ainda cumpria pena de prisão. Por essa razão a fita foi proibida de ser exibida nos cinemas sul africanos. Isso porém não iria durar muito. Quando o regime caiu, Mandela acabou se tornando presidente da África do Sul por vários anos.

O filme obviamente envelheceu. As cenas vistas hoje em dia são mais do que clichês. Nos anos 80 eles tinham bastante preferência por cenas exageradas de ação como se pode ver na cena em que Riggs (Mel Gibson) derruba toda uma casa que fica no alto de uma colina. Na outra sequência vemos vários carros de policia batendo e voando uns sobre os outros numa movimentada rua de Los Angeles (chegou até mesmo a me lembrar de outro sucesso da época, a comédia musical "Os Irmãos Cara de Pau"). Nos bastidores Mel Gibson já demonstrava ter problemas com alcoolismo o que o levou a ter várias brigas no set com o diretor Richard Donner. Ele muitas vezes chegou atrasado e alcoolizado para rodar suas cenas. Como foi uma superprodução contou-se até mesmo com luxos como contratar o trio George Harrison, Tom Petty e Jeff Lynne para compor a trilha sonora. Nessa revisão cheguei a me lembrar de uma ou outra cena já que fazia muitos anos desde que havia assistido pela última vez. A única coisa que ainda me lembrava claramente do filme era aquela cena em que Gibson deslocava seu próprio ombro para se safar de uma camisa de força. Pois é, desde aquele tempo o Mel já era completamente alucinado! Em suma vale pela nostalgia e pelo tom absurdo que os filmes de ação da década de 80 sempre apresentavam de um maneira ou outra.

Máquina Mortífera 2 (Lethal Weapon 2, Estados Unidos, 1989) Direção: Richard Donner / Roteiro: Jeffrey Boam / Estúdio: Warner Bros, Sony Pictures / Elenco: Mel Gibson, Danny Glover, Joe Pesci, Joss Ackland, Patsy Kensit / Sinopse: Os policiais Martin Riggs (Mel Gibson) e Robert Murtaugh precisam proteger um informante enquanto investigam o envolvimento de diplomatas sul africanos com o tráfico de drogas internacional e lavagem de dinheiro. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Sonoras (Robert G. Henderson e Alan Robert Murray). Vencedor do BMI Film & TV Awards na categoria de Melhor Música (Eric Clapton, Michael Kamen e David Sanborn).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Rookie

Um dos filmes menores de Clint Eastwood que acabou ficando esquecido. Na época de seu lançamento o filme foi malhado impiedosamente pela crítica mas houve certamente um exagero. A fita é em essência um policial de rotina que tentou transformar Charlie Sheen em astro do primeiro time. É curioso que dois profissionais tão diferentes tenham trabalhado juntos aqui. Clint Eastwood é o exemplo da austeridade, sempre cumprindo o cronograma de seus filmes, nunca estourando o orçamento determinado pelo estúdio. Já Sheen é o extremo oposto disso, um ator com longo histórico de problemas, atrasos, brigas e envolvimento com drogas e prostitutas. Quando a Warner produziu Rookie sua fama ainda não estava tão deteriorada nesse aspecto mas em pouco tempo sua falta de profissionalismo ficaria evidente. O set de Rookie foi movimentado. Eastwood não admitia indisciplina e nem atraso no tempo previsto de filmagens e teve que lidar com um deslumbrado Charlie Sheen, nem um pouco preocupado em ser "certinho" nas filmagens. Nem é preciso esclarecer que os dois não se deram bem juntos.

De certa forma o que aconteceu nos bastidores era um reflexo da própria premissa do filme, onde vemos uma tumultuada relação entre um veterano e um novato. A produção é classificada como sendo de ação e realmente se resume a isso. Não há nenhum grande toque de Midas artístico por parte do diretor Eastwood, que parece empenhado em apenas disponibilizar ao seu público um eficiente policial com várias cenas de tiroteios, explosões e perseguições de carros em alta velocidade. Sheen não funciona muito no papel. Ele já não era nenhum garotão - coisa que seu papel exigia - e passava longe de transparecer imaturidade em cena. O elenco de apoio conta com duas presenças interessantes: Raul Julia, tentando trazer algum conteúdo ao seu vazio personagem e Sônia Braga, tentando novamente emplacar no mercado americano. Embora bonita sua presença acrescenta pouco ao filme em si. No saldo final "Rookie" não sai da média das produções da década de 80 nesse estilo  - embora filmado em abril de 1990 o filme segue o padrão da década anterior que havia acabado há pouco tempo. Vale como curiosidade, principalmente para entender porque Charlie Sheen nunca conseguiu virar um astro como Tom Cruise no mundo do cinema.

Rookie - Um Profissional do Perigo (The Rookie, Estados Unidos, 1990) Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Boaz Yakin, Scott Spiegel / Elenco: Clint Eastwood, Charlie Sheen, Raul Julia, Sônia Braga, Tom Skerritt,  Lara Flynn Boyle / Sinopse: Nick Pulovski (Clint Eastwood) é um policial veterano que tem que lidar com um tira novato,  David Ackerman (Charlie Sheen). Juntos unirão forças para perseguir um perigoso criminoso, Strom  (Raul Julia).

Pablo Aluísio.

Amor Obsessivo

Julie (Jess Weixler) é uma garçonete em Nova Iorque que acaba se apaixonando pelo escritor Max Oliver (Willem Dafoe). Esse está ainda tentando superar a perda de sua esposa, recém falecida. Após um encontro ele decide de forma impulsiva e prematura convidar ela para ir até a Itália, onde pretende escrever seu novo romance. Mesmo hesitante um pouco ela aceita e juntos vão para uma bucólica cidadezinha italiana no Mediterrâneo. Lá sem ter muito o que fazer Julie acaba se interessando pelo passado da ex esposa de Max, chegando ao ponto de se tornar obcecada por ela. "Amor Obsessivo" é um filme independente rodado na Itália com ares de cinema de arte. A jovem diretora Giada Colagrande tenta criar um trama psicológico em torno do relacionamento entre Julie e Max mas sem maiores resultados. O filme é praticamente todo passado num casarão clássico italiano, onde os dois tentam manter uma rotina de normalidade e paixão mas sem nunca chegar a lugar nenhum. A produção também falha em tentar mostrar uma suposta rivalidade entre Julie e uma amiga que vai passar alguns dias em sua nova casa. Tudo soa bastante artificial e sem maior impacto.

O elenco se apoia bastante na dupla central, Willem Dafoe e Jess Weixler. Ela é uma atriz bonita mas não consegue dar conta do papel. A personagem que interpreta, Julie, começa a ficar obcecada em determinada parte do filme mas Jess não consegue em momento algum trazer alguma veracidade a esse estado emocional em sua caracterização. Suas caras e bocas, além de expressões ruins fazem o filme perder seu potencial mais dramático. Já Willem Dafoe não se sai melhor. Preguiçoso em cena, não se envolve muito. Passeando pra lá e pra cá com sandálias de dedo seu personagem é passivo, sem carga emocional. Em conclusão esse "Amor Obsessivo" é uma vã tentativa de se realizar um filme de arte. Faltou maior talento para se chegar lá.

Amor Obsessivo (A Woman, Estados Unidos, Itália, 2010) Direção: Giada Colagrande / Roteiro: Giada Colagrande / Elenco: Willem Dafoe, Jess Weixler, Stefania Rocca / Sinopse: Julie (Jess Weixler) é uma garçonete em Nova Iorque que acaba se apaixonando pelo escritor Max Oliver (Willem Dafoe). Esse está ainda tentando superar a perda de sua esposa, recém falecida. Após um encontro ele decide de forma impulsiva e prematura convidar ela para ir até a Itália, onde pretende escrever seu novo romance.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Highlander, O Guerreiro Imortal

Antes que estraguem de vez com Highlander em mais um remake idiota resolvi conferir o original mais uma vez. Concordo com a opinião dominante: Highlander jamais deveria ter tantas continuações horríveis como teve. É um filme que se fecha em si mesmo, não tendo lógica nenhuma os filmes que vieram depois. Em termos narrativos o filme é bem eficiente com duas linhas narrativas bem enxutas (uma no passado mostrando sua origem nas terras altas escocesas) e outra no presente (onde ele se esconde sob uma falsa identidade em Nova Iorque). O roteiro não perde muito tempo com detalhes, é uma fita que nasceu para ser ágil, sem muita perda de tempo, o que transparece inclusive na explicação da origem dos imortais (que no fundo não são explicados, como se fossem frutos apenas de um evento natural).

No elenco a curiosidade fica por conta da caracterização de Sean Connery. Para uma pessoa que se orgulha das tradições escocesas fica no mínimo estranho ele aparecer como um misto de espanhol / egípcio em cena! Sua participação não é lá grande coisa mas dentro do contexto consegue ser marcante. O filme envelheceu, obviamente, principalmente em seus efeitos especiais. Na cena final a animação utilizada fica muito evidente. De qualquer forma a trilha sonora do Queen é muito adequada (mais até do que me lembrava) e Lambert não compromete (apesar de ser apático em alguns momentos). Enfim é isso. Highlander deveria ter ficado por aqui mas a ganância fez surgir várias continuações toscas e um remake que vem por aí que provavelmente vai ser igualmente horrível. Highlander era imortal mas no cinema conseguiram matar o personagem.

Highlander, O Guerreiro Imortal (Highlander, Estados Unidos, 1986) Direção: Russell Mulcahy / Roteiro: Gregory Widen, Gregory Widen / Elenco: Christopher Lambert, Roxane Hart, Clancy Brown, Sean Connery, Beatie Edney / Sinopse:: Connor MacLeod (Christopher Lambert) faz parte de uma estranha linhagem de imortais que se enfrentam ao longo dos séculos entre eles para cumprir a lenda que afirma só poder existir um imortal.

Pablo Aluísio.

Matrix

Quando "Matrix" surgiu nos cinemas causou grande repercussão. Era uma ficção com um argumento bem mais elaborado do que se estava acostumado a ver. De certa forma nada mais era do que uma visão pop feita em cima de crenças e conceitos bem mais profundos do conhecimento humano em relação à religião, filosofia e teorias de conspiração em geral. Como a juventude via de regra não gosta muito de ler, não indo direto às fontes dessa idéias, Matrix vinha bem a calhar pois tudo o que tinham que fazer era assistir a essa produção. Claro que todos esses conceitos foram tratados no roteiro do filme de forma bem mais superficial, apenas tangendo a verdadeira essência na qual se baseou. Seria uma espécie de cartilha de ABC sobre filosofia para jovens que não conheciam ou não queriam ler os grandes filósofos da cultura ocidental como Platão, Sócrates, etc. Até porque "Matrix" nada mais é do que um chiclete pop feito em cima do mito da caverna.de Platão. Mesmo assim não há como negar que apesar de ser mesmo um produto de cultura pop comercial "Matrix" serviu ao menos para criar o interesse nos jovens nesse tipo de tema. Esse aliás é o seu grande mérito: despertar a curiosidade dos mais jovens sobre esse tipo de questionamento existencial.

O enredo todos já conhecem: Neo (Keanu Reeves) é um jovem programador em um futuro distante que descobre ser a realidade apenas uma mera simulação. O mundo real parece ser um lugar inóspito controlado por computadores que mantém os corpos dos seres humanos em eterno torpor alimentado por ilusões meramente virtuais. Para enfrentar as máquinas no mundo real, Neo resolve se unir a outros rebeldes que pensam como ele, como Morpheus (Laurence Fishburne) e Trinity (Carrie-Anne Moss). A produção, feita em cima de um avassalador nível técnico (que venceu os Oscars de Melhor Edição, Efeitos Visuais, Som e Efeitos Sonoros) tenta desnortear o espectador enquanto o roteiro procura trilhar um rumo para aquilo tudo que vemos na tela. "Matrix" fez tanto sucesso que virou trilogia mas conforme as sequências foram sendo lançadas fomos descobrindo que os diretores irmãos Wachowski não conseguiram ficar à altura das expectativas, se perdendo pelo meio do caminho. De qualquer modo mesmo "Matrix" se perdendo nas suas sequências não podemos deixar de louvar seus méritos. É cultura pop em essência, cinema chiclete sim, mas que tentou ser mais inteligente do que a média geral do que estava sendo feito. Pena que as continuações não conseguiram desenvolver tudo a contento.

Matrix (Matrix, Estados Unidos, 1999) Direção: Larry Wachowski), Andy Wachowski / Roteiro: Larry Wachowski, Andy Wachowski / Elenco: Keanu Reeves, Laurence Fishburne, Carrie-Anne Moss, Hugo Weaving, Joe Pantoliano, Gloria Foster./ Sinopse: Neo (Keanu Reeves) é um jovem programador em um futuro distante que descobre ser a realidade apenas uma mera simulação. O mundo real parece ser um lugar inóspito controlado por computadores que mantém os corpos dos seres humanos em eterno torpor alimentado por ilusões meramente virtuais. Junto dos rebeldes resolve enfrentar as máquinas que escravizaram a humanidade.

Pablo Aluísio.

Coração de Cavaleiro

O tempo é interessante. Eu me recordo que quando "Coração de Cavaleiro" chegou aos cinemas brasileiros em 2001 muitos críticos arrasaram com o filme e um de seus alvos principais de chacotas foi o fato do filme ser estrelado por Heath Ledger. Os jornalistas fizeram piada com a tentativa do estúdio em lançar Ledger para o estrelato. O ator foi satirizado de várias formas, tachado de inepto, pouco talentoso e medíocre. O tempo passou, Ledger fez grandes filmes após esse e com Batman se consagrou definitivamente com um grande ator. Curiosamente muitos que o desqualificaram impiedosamente em "Coração de Cavaleiro" se viram depois elogiando sua atuação como Coringa na famosa produção. A nota de lamento vem pelo fato de Ledger ter partido muito cedo, justamente no momento em que despontava para o auge de sua carreira. Diante de uma morte tão prematura (e sem explicação para muitos até hoje) sobrou como seu legado apenas sua filmografia que analisada friamente mostra sua grande versatilidade pois ele participou de filmes bem diversos, de quase todos os gêneros.

Esse "Coração de Cavaleiro" foi um deles. Realmente se tratou de uma tentativa de transformar o ator em ídolo juvenil. O filme foi concebido para tentar levar ao público mais jovem o charme das antigas produções épicas de Hollywood, mais especificamente àquelas passadas na Idade Média. A trama é simples:
William Thatcher (Heath Ledger) é filho de um camponês que sonha um dia se tornar cavaleiro. Como se sabe na Idade Média a sociedade era rigidamente hierarquizada, onde se tornava quase impossível subir na escala social. Quem era de filho de camponeses geralmente morria camponês. Apenas nobres de alta estirpe viravam cavaleiros. O filme gira em torno desse sonho do rapaz mas não se preocupe, a produção não se leva tanto à sério assim. Tudo é levado em tom mais leve, soft, sem grandes pretensões. Chegam ao ponto de usar uma trilha sonora moderna (com músicas do Queen) em uma produção de época! No fundo isso nem importa muito. De fato "Coração de Cavaleiro" tem que ser assistido apenas como entretenimento ligeiro, fugaz. Ledger parece se divertir com o filme então o espectador deve seguir pelo mesmo caminho. Não é marcante, mas até que como produto pop tem seus méritos e para os fãs do ator se torna obrigatório.

Coração de Cavaleiro (A Knight's Tale, Estados Unidos, 2001) Direção: Brian Helgeland / Roteiro: Brian Helgeland / Elenco: Heath Ledger, Mark Addy, Rufus Sewell, Shannyn Sossamon, Paul Bettany, Laura Fraser, Alan Tudyk / Sinopse: William Thatcher (Heath Ledger) é filho de um camponês que sonha um dia se tornar cavaleiro. Para realizar seus sonhos acaba se envolvendo em muitas aventuras ao lado de seus amigos.
 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Contra o Tempo

Um soldado americano acaba sendo selecionado para fazer parte de uma experiência envolvendo regresso no tempo / espaço. Algumas considerações iniciais: "Contra o Tempo" é um filme extremamente bem elaborado, pensado e construído. Ele lida com muitos temas que inclusive vão passar em branco para a maioria dos espectadores (como o conceito de universos paralelos) e o mais interessante de tudo, o filme só tem 8 minutos de duração. Isso mesmo, embora obviamente sua metragem não seja essa, o fato é que o filme se desenvolve apenas nesses oito minutos de trama. Claro que poderia ser bem cansativo assistir algo assim, nesse formato, mas o roteiro é tão bem desenvolvido que não ficamos aborrecidos, pelo contrário, o argumento realmente flui bem nesse aspecto. Além disso o manejo eficiente de conceitos físicos como tempo, espaço, universos paralelos, teoria do caos e relação causa e efeito são tão bem articulados que convidam o espectador a rever o filme várias vezes para que ele consiga penetrar em todas as nuances do intrigante argumento. Uma boa revisão naquele seu velho livro de física da escola também ajuda na compreensão do roteiro do filme.

Como conceito "Contra o Tempo" é muito bom e por incrível que pareça consegue ao mesmo tempo ser boa diversão. Algo que é bem raro para filmes assim, conceituais. Na minha forma de pensar o filme mesmo bem construído apresenta alguns furos de lógica. Não vou aqui desenvolver esses furos pois seria impossível delimitar eles sem entregar toda a estória - algo que não farei para não estragar o filme para quem ainda não viu. Mesmo assim, se ignorarmos esses pequenos deslizes racionais, teremos enfim um ótimo programa, inteligente, bem sacado e com final surpresa (e altamente científico, por mais incrível que isso possa parecer). Enfim, recomendo bastante e sugiro para quem gostar do filme que procure conhecer os novos campos de estudo da física moderna. Certamente muita coisa foi utilizada pelos roteiristas.

Contra o Tempo ((Source Code, Estados Unidos, 2011) Direção: Duncan Jones / Roteiro: Ben Ripley / Elenco: Jake Gyllenhaal, Michelle Monaghan, Vera Farmiga / Sinopse: Um soldado americano acaba sendo selecionado para fazer parte de uma experiência envolvendo regresso no tempo / espaço.

Pablo Aluísio.

O Retorno a Howard´s End

O Retorno a Howard´s End é mais um excelente drama de costumes dirigido por James Ivory, o mais britânico dos diretores americanos. Com elenco de primeira o filme retrata o complicado relacionamento de duas irmãs (Emma Thompson e Helena Bonham Carte) com um rico burguês da classe alta, interpretado pelo sempre ótimo Anthony Hopkins. No centro de tudo surge Howard´s End, uma casa tradicional familiar, disputada por todos. O interessante em "O Retorno a Howard´s End" é que apesar de Anthony Hopkins ser creditado como o ator principal - aparecendo em primeiro lugar nos créditos - seu papel não é em definitivo o central. Na realidade a principal personagem é interpretada por Emma Thompson em um papel complicado (uma solteirona que não tem papas na língua, falando pelos cotovelos que se casa com um rico dono de empresa). Em torno dela vários personagens curiosos desfilam: uma irmã também solteirona que não sabe muito bem o que quer da vida, um irmão tímido, de pouca presença e um pouco afeminado e um casal que ela mal consegue saber de quem se trata mas que será importante no desfecho da trama. Seu trabalho lhe valeu o merecido Oscar de Melhor atriz daquele ano.

Eu considero Howard´s End um bom filme da safra de James Ivory mas não o melhor. Ele fica bem abaixo de "Vestígios do Dia", esse sim uma obra prima. De qualquer forma a elegância da produção, o bom gosto dos figurinos, a excelente reconstituição de época (quem gosta de veículos antigos vai certamente apreciar os modelos que aparecem em cena) e a boa atuação dos atores mantém o filme em um excelente patamar de qualidade. O filme inclusive venceu na categoria de melhor direção de arte. O roteiro não tem a fluidez de "Vestígios do Dia" mas credito isso muito mais ao próprio livro em que foi inspirado (que por si só é bem minucioso, detalhista, com várias sub-tramas em seus capítulos). Trazer toda a riqueza da obra de E.M. Forster para as telas certamente não é uma tarefa das mais simples. O esforço do roteirista veio na premiação de melhor roteiro adaptado, um prêmio que em minha opinião não foi muito justo. De quialquer forma a produção em um contexto geral é realmente excelente, particularmente indicada para quem quer assistir uma elegante crônica sobre costumes ingleses no começo do século passado. Sutileza, charme e elegância não irão faltar, certamente.

O Retorno a Howard´s End (Howards End, Japão / Inglaterra, 1992) Direção: James Ivory / Roteiro: Ruth Prawer Jhabvala / Elenco: Anthony Hopkins, Emma Thompson, Vanessa Redgrave, Helena Bonham Carter, Joseph Bennett, Prunella Scales, Adrian Ross Magenty. / Sinopse: o filme retrata o complicado relacionamento de duas irmãs (Emma Thompson e Helena Bonham Carte) com um rico burguês da classe alta, interpretado pelo sempre ótimo Anthony Hopkins. No centro de tudo surge Howard´s End, uma casa de campo tradicional e familiar, almejada por todos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Busca Implacável

Bryan Mills (Liam Neeson) é um ex agente da CIA que tem sua filha sequestrada por um grupo de criminosos. Em busca dela ele acaba caçando os sequestradores pelo continente europeu, numa busca que beira à obsessão pessoal. "Taken" foi um projeto pensado e executado para transformar Liam Neeson em um novo herói dos filmes de ação. Aqui ele conta com um eficiente produto, de edição rápida, cortes ágeis e muita correria, perseguições e caçadas humanas. Bem ao gosto do público atual. Sua filha está nas mãos de uma quadrilha especializada em prostituição internacional, muito comum nos países do leste Europeu (República Tcheca, Hungria e Romênia). Curiosamente optou-se no filme pela França, muito provavelmente para aproveitar as belas locações de Paris. Eu pessoalmente achei um produto bem realizado, tecnicamente muito bem feito embora em termos de roteiro e argumento não traga nenhuma novidade. Liam Neeson se esforça mas não empolga. Sua carreira não foi projetada e nem começou para ser um ator de filmes de ação, sua participação aqui é uma tentativa apenas.

O filme foi dirigido pelo cineasta francês Pierre Morel. Eu não tenho boas referências sobre ele uma vez que dirigiu Carga Explosiva com Jason Statham. Eu considero esse filme simples ação pela ação sem nenhuma idéia dentro. O curioso é que apesar de ser bem modesto em termos artísticos acabou fazendo sucesso e virou franquia. Uma produção que também foi roteirizado por Luc Besson, conhecido diretor francês. Besson é uma figura interessante no cinema internacional. Ele geralmente posa de intelectual e participa de júris de festivais famosos mas parece gostar de fazer fortuna com filmes como esse "Taken" que ele obviamente não gosta muito de creditar a si mesmo. Em suma, "Busca Implacável" pode até funcionar se você estiver a fim de ver um filme como puro entretenimento escapista. Mais do que isso não encontrará aqui.

Busca Implacável (Taken, Estados Unidos, 2008) Direção: Pierre Morel / Roteiro: Luc Besson, Robert Mark Kamen / Elenco: Liam Neeson, Maggie Grace, Famke Janssen / Sinopse: Bryan Mills (Liam Neeson) é um ex agente da CIA que tem sua filha sequestrada por um grupo de criminosos. Em busca dela ele acaba caçando os sequestradores pelo continente europeu, numa busca que beira à obsessão pessoal.

Pablo Aluísio.

Speed Racer

Alguns filmes tinham tudo para dar certo! Orçamento milionário, elenco excelente, efeitos digitais dos mais modernos mas... curiosamente acabam virando literalmente um desastre. Esse é o caso desse Speed Racer, uma produção que foi muito aguardada e que todos tinham esperanças que seria uma ótima releitura do famoso personagem que fez a alegria dos mais jovens durante as décadas de 60 e  70. Infelizmente logo as esperanças se transformaram em desapontamento e decepção. É uma pena, Speed Racer é um dos personagens de cultura pop mais cativantes que existem. Criado por Tatsuo Yoshida, Speed Racer foi inspirado nos filmes de corrida estrelados por Elvis Presley na década de 60. A animação original chamada  Mach Go Go Go foi um enorme sucesso no Brasil e fazia a alegria da garotada da época. Todos os ingredientes já estavam na animação original: muita aventura, carros fantásticos (entre eles o inesquecível Mach 5) e uma galeria de excelentes personagens que gravitavam em torno de Speed. O problema é que os irmãos Wachowski (de Matrix) fizeram uma tremenda lambança nessa adaptação para o cinema.

O que era simples foi estragado pelo exagero visual dos diretores. Ao invés de filmar ótimas sequências de corrida com carros reais em pistas de verdade os cineastas optaram por realizar um delírio digital com jeito de videogame que acabou desagradando a todo mundo, dos antigos fãs da charmosa animação aos mais jovens que não curtiram o resultado. Ao custo de 120 milhões de dólares o filme não conseguiu recuperar seus custos de produção, mesmo com o uso massacrante de marketing pesado do estúdio. Até os excelentes Emile Hirsch e Susan Sarandon surgem perdidos em seus respectivos personagens. Pouca coisa se salva nessa produção muito equivocada para falar a verdade. O roteiro, muito mal escrito, consegue ser pior do que muitos dos episódios televisivos de Speed. Até o charme da relação entre Speed e o Corredor X se perde completamente. Enfim, um desastre que provavelmente matou o personagem nos cinemas por um longo tempo. Uma pena, o velho Speed certamente merecia algo muito melhor do que isso!

Speed Racer (Speed Racer, Estados Unidos, 2008) Direção: Andy Wachowski, Lana Wachowski / Roteiro: Andy Wachowski, Lana Wachowski baseado nos personagens criados por Tatsuo Yoshida / Elenco: Emile Hirsch, Nicholas Elia, Susan Sarandon, John Goodman, Christina Ricci, Matthew Fox / Sinopse: Speed Racer (Emile Hirsch) é um piloto de corridas que se envolverá em grandes aventuras ao lado de seus amigos, familiares e o misterioso Corredor X (Matthew Fox).

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 23 de abril de 2012

O Código da Vinci

"O Código da Vinci" é certamente um dos mais curiosos produtos culturais surgidos nos últimos anos. A obra original de Dan Brown é um caldeirão de teorias da conspiração, história deturpadas, meias verdades, religião apócrifa e mil e uma coisas todas emboladas, tentando manter uma coesão mínima para que o leitor não se perca completamente. Nesse balaio de gatos são misturadas sem a menor cerimônia as biografias dos gênios Da Vinci e Newton, um suposto casamento de Jesus de Nazaré e Maria Madalena, sociedades secretas como o Priorado de Sião, Cavaleiros Templários e o diabo a quatro. Tudo isso tem um nome: pseudociência. Dan Brown na realidade não descobriu nada, não revelou nenhum segredo histórico e nem tampouco mostrou a verdadeira história de Jesus Cristo. Sua única grande habilidade é realmente dar uma falsa camada de respeitabilidade a um monte de bobagens sem nenhum fundamento. Por isso há duas formas de encarar sua obra: ou o leitor cai na lorota do escritor e acredita naquilo que lê e nesse caso estará fazendo papel de bobo ou então encara tudo como simples entretenimento escapista. Nessa última hipótese não há problema algum. É apenas uma estória divertida para passar o tempo.

O filme "O Código da Vinci" terminou não agradando nem os leitores de Dan Brown e nem os cinéfilos que nunca tinham lido uma linha escrita por ele. Foi uma produção muito criticada talvez porque se criou uma absurda expectativa sobre o filme. Como eu sempre gosto de dizer nem tudo que funciona na literatura dá certo nas telas. Algumas obras inclusive são impossíveis de adaptar com êxito. "O Código da Vinci" nesse aspecto até que não é um desafio insuperável. A adaptação é correta, burocrática certamente, mas no final não havia mais nada além do que aquilo que se vê em cena para se levar aos cinemas. A própria obra de Dan Brown é um tipo de Pulp Fiction mais sofisticado mas que nunca deixa de ser em essência uma tremenda pseudociência, bem bolada, bem arquitetada mas que não consegue ser mais do que uma grande bobagem no final das contas. O filme, como não poderia deixar de ser, teve uma bilheteria monstruosa, de quase 1 bilhão de dólares o que mostra a força do livro, um best seller. Não há nada de errado em assistir e até mesmo gostar do filme, só não se deve encarar  toda aquela salada como verdade - porque definitivamente não é. O elenco é liderado por Tom  Hanks, com um dos cortes de cabelo mais bizarros do cinema. Sua atuação não é grande coisa, também o personagem não abre muito espaço para isso. Já a direção de Ron Howard surge pesada, burocrática, quadrada, sem ousadia. O resultado final definitivamente não foi nada memorável.

O Código da Vinci (The Da Vinci Code, Estados Unidos, 2006) Direção: Ron Howard / Roteiro: Akiva Goldsman, baseado no livro de Dan Brown / Elenco: Tom Hanks, Ian McKellen, Alfred Molina, Jean Reno, Audrey Tautou, Paul Bettany. / Sinopse: Robert Langdon (Tom Hanks) é um conceituado professor especializado em símbolos históricos que se vê envolvido numa intrigada rede de conspirações onde o que parece ser uma sociedade secreta faz de tudo para encobrir uma terrível verdade da história.

Pablo Aluísio.

Você Não Conhece Jack

Jack Kevorkian (Al Pacino) é um médico defensor da chamada morte assistida. Pessoas com doenças incuráveis teriam direito a finalizar suas próprias vidas sem dor e nem sofrimento com o auxílio de um médico ao lado. O filme mostra a luta do médico pela legalização desse procedimento de atendimento a pacientes terminais. "Você Não Conhece Jack" já nasceu polêmico por causa de seu personagem principal que acabou ficando conhecido como o "Dr Morte". O filme é muito bom e a interpretação do Pacino mereceu todos os prêmios. O alto nível de interpretação porém não se restringe somente a ele. Susan Sarandon também tem uma participação muito digna, trazendo muita humanidade a uma personagem que até poderia ter sido mais bem explorada. Ela sempre foi uma liberal em defesa de causas sociais semelhantes e não me admira em nada estar no elenco dessa produção. Danny Huston que interpreta o advogado também se sobressai, embora em alguns momentos fique caricato. Em termos técnicos repito: o filme é muito bom, acima da média. A HBO mantém seu alto padrão de qualidade. Embora seja um telefilme tenho certeza que se fosse lançado no cinema ninguém notaria a diferença, tal sua qualidade.

Já sobre Jack Kevorkian, o "Dr Morte" sua atuação desperta admiração e ódio em doses semelhantes. Alguns acreditam ser bastante válida sua visão enquanto outros simplesmente abominam esse procedimento que no fundo não passaria de um suicídio assistido por um profissional de saúde. A chamada "Máquina de suicídio" realmente me pareceu algo fora dos padrões da razoabilidade. Em alguns países, inclusive o Brasil, o induzimento e auxílio ao suicídio é crime previsto no código penal. Nos EUA os grupos religiosos nunca aceitaram os métodos do médico e por isso ele foi processado até o fim de seus dias. O médico morreu ano passado sem conseguir legalizar o seu invento e o debate continua principalmente envolvendo familiares de pacientes terminais em confronto com grupos religiosos e de apoio à vida! O assunto pelo visto vai longe ainda. De qualquer forma o filme serve como belo documento de suas idéias, para o bem ou para o mal.

Você Não Conhece Jack (You Don't Know Jack, Estados Unidos, 2010) Direção: Barry Levinson / Roteiro: Adam Mazer / Elenco: Al Pacino, Brenda Vaccaro, John Goodman. Susan Sarandon, Danny Huston / Sinopse: Jack Kevorkian (Al Pacino) é um médico defensor da chamada morte assistida. Pessoas com doenças incuráveis teriam direito a finalizar suas próprias vidas sem dor e nem sofrimento com o auxílio de um médico ao lado. O filme mostra a luta do médico pela legalização desse procedimento de atendimento a pacientes terminais.

Pablo Aluísio.