quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Entrevista: Robert Mitchum

Ele chega vestido com um elegante terno azul escuro risca de giz, mas ele certamente nunca será confundido com um banqueiro. Há um toque de cinismo sobre Robert Mitchum, um sentimento de que as regras foram feitas para diverti-lo.

Ele está aqui no Festival de cinema de Virgínia, diz o programa, porque ele encarna "a alma do filme noir". Sim. Isso é certamente correto. Em suas inflexões irônicas, em seus olhos sonolentos cínicos, na forma lacônica como ele lida com uma arma ou uma dama, ele encarna a essência de um dos mais obscuros gêneros cinematográficos norte-americanos.

Tudo isso é verdade e Mitchum se diverte com o título que lhe deram. "Nós chamávamos aquilo de cinema B, filmes B", disse ele . "Simplesmente porque a pura verdade era que nós não tínhamos dinheiro para uma grande produção, não tínhamos os equipamentos, não tínhamos as luzes, nós não tínhamos nem tempo. A única coisa que nós realmente tínhamos eram algumas boas histórias para contar."

É o meu trabalho estar no palco com Mitchum, e entrevistá-lo depois da exibição do filme "Out of the Past" (1947), um dos maiores filmes noir já feitos, aquele em que Jane Greer diz para Mitchum: "Você não é bom, e eu não sou boa. Nós fomos feitos um para o outro". E o filme onde, brinca Mitchum, todos morrem, mais cedo ou mais tarde. "Mas bem que eu queria viver mais naquele filme" - sorri o ator.

Assim que chega e se senta para a entrevista no palco, Robert Mitchum agradece todos os aplausos. Sorrindo ele diz: "Que maravilhosa recepção! Muito obrigado. A última vez que vi algo assim foi quando Rin Tin Tin, o cachorro, você sabe, foi apresentado para a imprensa no salão de convenções da MGM. O totó foi uma das maiores estrelas do cinema! E pensar que Rin Tin Tin não passava de um truque de câmera!..." Os jovens estudantes de cinema morreram de rir com a ironia cínica de Mitchum.

Eu conheci Mitchum muitos anos antes. Em 1967, em Dingle, Irlanda, durante as filmagens de "A Filha de Ryan". Passei a noite em sua casa de campo à beira-mar, bebendo, e ele observou: "David Lean filmou por um dia inteiro hoje e olha que ele está oito dias atrasado nos cronogramas de filmagens. Daqui uns sete anos ele termina o filme!". Mitchum implicava com a data de seu aniversário onde, segundo ele, tudo dava errado. "Uma vez peguei uma carona no meu aniversário para ir até Pittsburgh e fui parar em Steubenville, Ohio!" Depois de beber mais uns goles completa: "Marilyn Monroe morreu no dia do meu aniversário. Gostava dela, assim toda vez que completo anos, lembro da loira". Depois observa: "Nasci no dia errado. No meu aniversário jogaram a bomba atômica sobre Hiroshima! Não falta mais nada para acontecer nesse dia!" - Depois disso o velho Mitchum soltou uma gargalhada sonora.

O que eu aprendi durante esses tempos em que convivi com Robert Mitchum foi que ele era um cara de ótimo papo, muito descontraído e certamente daria uma ótima entrevista, desde que você não fizesse nenhuma pergunta que lhe aborrecesse. Afinal Mitchum tem seu próprio ritmo, sua própria melodia. No palco, na Virgínia, ele acendeu um cigarro da marca Pall Mall sob aplausos, soprou a fumaça, e suspirou. Mitchum nunca fez média.

- "Você tem sido um ator de cinema por 50 anos" - eu disse.

Silêncio. Um encolher de ombros.

- "Bem, fazer caretas e falar linhas de textos escritos por outra pessoa não é realmente uma cura para o câncer, você sabe, mas eu sei fazer isso. Se você pode fazer com alguma graça, então melhor. Eu tive sorte. Fiz bons filmes por aí nesses anos todos. No final do dia você fica satisfeito com tudo"

- "Em "Out of the Past" você co-estrelou ao lado de Kirk Douglas. Você sempre foi muito descontraído e relaxado. Ele parecia ser mais focado, intenso"

- "Bem, Kirk era muito sério sobre tudo. Pouco antes de "Out of the Past", Betty Jane Greer e eu vi um roteiro que veio da Paramount chamado "O Estranho Amor de Martha Ivers". Kirk ficou muito interessante nele. Assim nós dissemos: "vamos deixar ele fazer esse filme, o estúdio tinha oferecido aquilo para nós mas eu disse, deixe pra lá, aparecerá outro texto bom". Ele passava o tempo todo com um lápis sobre o ouvido fazendo anotações em suas falas no script. Eu não estava nem aí para isso!" - afirma rindo bastante o ator.

- Você acha que houve alguma competição entre vocês?

- "Sim. Mas ele era um tipo diferente de ator. Eu era apenas um cara. É a tal coisa, por parte dele talvez. Eu era apenas o cara contratado"

O público em Virginia estava planejando assistir filmes noir durante todo o fim de semana: "The Big Sleep" (1946), "Detour", "Sunset Boulevard", "Ace in the Hole", "Os Imorais", "Gilda", "Chinatown" e outro filme com Robert Mitchum chamado "Farewell, My Lovely". Muitos dos filmes foram feitos há 40 ou 50 anos mas o interesse era enorme, o que comprovava que o filme noir não tem idade.

O público adorou as convenções sociais da época - como o hábito de fumar o tempo todo dos personagens. Sobre isso Mitchum não perdeu a piada: "Out of the Past (Fuga ao Passado, no Brasil) é talvez o maior filme já feito sobre o cigarro, eu fumo o tempo todo, Kirk também. Eu nem o via direto atrás de tanta fumaça" - o público cai na gargalhada.

- "Eu ainda fumo demais. A minha geração fumou muito. Pedir um cigarro era uma boa forma de puxar uma conversa." - resume sobre aqueles tempos o velho Mitchum.

- "Será que vocês tem alguma idéia de como fazer uma piada envolvendo o consumo de cigarros hoje em dia?" Eu perguntei.

- "Não, não... " - foi logo cortando Mitchum.

- "Porque há mais tabagismo neste filme do que em qualquer outro filme eu já vi" - completei.

- "Nunca pensei sobre isso. Era charmoso fumar naqueles tempos. Algumas atrizes tinham hálito de fumo! Para falar a verdade nem me lembro mais desse filme...mas me lembro dos cigarros, eram muito bons" - pisca o ator!

- "Você nunca reviu o filme?

- "Eu vi no cinema na época no dia de estreia, depois acho que o revi alguma vez, mas já faz tanto tempo que eu não sei... "

Depois de mais algumas perguntas, ele finalmente saiu para jantar com sua esposa, Dorothy, durante a exibição de mais alguns filmes noir. Depois, no restaurante, perguntei-lhe sobre "The Night of the Hunter" (O Mensageiro do Diabo, 1955), o grande filme dirigido por Charles Laughton, no qual interpretou o pregador sinistro que tinha em suas mãos tatuadas as palavras "Amor" tatuado de um lado, e "ódio" na outra.

- "Charles (Laughton) me ligou" - lembra Mitchum - "... e disse: Robert? Aqui quem fala é Charles. Ontem recebi um script horrível. Uma porcaria. Mas podemos fazer algo completamente diferente com ele. Com o dinheiro do estúdio faremos um grande filme. Deixem eles pensarem que estamos fazendo o filme que eles querem. Faremos algo nosso!. Então marcamos um encontro para discutir o projeto. Ele queria filmar em West Virginia ou Ohio mas o orçamento não permitia. Depois disse que chamaria Shelley Winters pois seu cachê era baixo, pouco mais de 25 mil dólares. Foi um filme feito com pouco dinheiro. Charles não era só diretor, às vezes era figurinista e até sonoplasta. Em compensação era um cineasta fantástico. Ele era como John Huston ou pessoas assim. Ele não lhe dizia o que fazer ou o que seu personagem estaria pensando. Alguém como Cukor diria: 'Agora, ele está pensando isso, e isso ...' E eu respondia: 'É Sério isso?!' Mas Charles era um cineasta sutil. Ele ajudava a montar a cena, junto com o ator, e depois agradecia pelo resultado. Era muito gratificante.  As pessoas sempre querem saber por que ele nunca dirigiu outro filme. O que posso dizer? Ele morreu cedo demais, foi por isso"

Na volta da entrevista diante do público no festival Mitchum percebeu que já tinha o público na palma da sua mão. Ele contou sobre sua afeição por Charles Laughton, mas todos queriam saber sobre outros grandes diretores com que ele trabalhou.

David Lean, por exemplo. Então Mitchum relembrou o estilo do cineasta no set: "David iria sentar lá na cadeira, pensando, pensando e pensando um pouco mais. Ficava sentado, olhando o horizonte,  pensando por horas e horas no set. Soube que quando estava filmando Lawrence da Arabia ele ficou tanto tempo na cadeira que pegou uma insolação! Depois tiveram que levar ele de lá às pressas porque uma guerra havia estourado perto do local das filmagens" - diz, divertindo-se Mitchum sobre o famoso diretor - "E ele estava na cadeira quando a guerra começou..." - mais uma vez o público caiu na gargalhada.

Perguntado sobre o que havia achado da refilmagem de seu filme de 1962 com Robert De Niro em seu antigo papel, Mitchum desconversou afirmando que não havia ainda assistido o filme de Martin Scorsese.

Alguém na plateia perguntou-lhe sobre de Marilyn Monroe e seu rosto se suavizou.

"Eu a amava" - disse ele - "Eu a conhecia desde quando ela tinha uns 15 ou 16 anos de idade. Era colega de trabalho de seu primeiro marido na linha na fábrica da Lockheed em Long Beach. Foi quando eu a conheci. E eu a conhecia muito bem. E ela foi uma linda menina.... muito, muito tímida. Ela teve o que hoje é reconhecido como agorafobia, tinha pavor de sair no meio das pessoas. Naquela época eles formavam um casal comum, como qualquer outro. Ela era muito doce e feliz. Mas daí o marido foi servir na Marinha longe de casa e o casamento acabou. A revi no estúdio, por acaso, anos depois. Fizemos filmes juntos e gostávamos de rir muito. Sei que muitos a exploraram em seus anos em Hollywood. Isso é triste".

E o que dizer de Humphrey Bogart? - alguém perguntou. Como ele era?

- "Sim, eu o conhecia. Bogey e eu éramos bons amigos. Uma vez ele me disse: 'Você sabe, a diferença entre você e eu e os outros caras, não sabe?... - o jeito dele falar isso foi muito engraçado. Bebia do café da manhã ao jantar e não ficava embriagado, impressionante. Lá pelas três da tarde eu já estava caído no chão, bêbado, quando ia na casa do Bogey e ele, que havia bebido tanto quanto eu, estava lá, sóbrio, com copo na mão e o terno impecável. Nunca vou entender aquilo!" - brinca Mitchum.

Havia um monte de alunos da Universidade de Virgínia na plateia, e um deles perguntou: " Ah, o Sr. Mitchum, dada a sua atitude despreocupada em direção de cinema, o que você acha de um festival como este, que estuda cinema de forma crítica e analiticamente? "

- "Minha o quê?"

- " Sua atitude ocasional ... "

- "Sim, sim, eu consegui o papel casual. Qual foi a outra parte?"

Todos riram.

- "O que você acha dos festivais de cinema?"

- "Eles são freak shows. É como um show de aberrações de um parque de diversões de quinta categoria. Assim que uma estrela de Hollywood confirma a presença as estações locais de TV são avisadas. É como se uma girafa fosse solta no seu quintal. As pessoas nunca vêem uma girafa tomando banho na piscina da sua casa, então todo mundo vai lá ver. Com os atores de cinema é a mesma coisa!"

Depois disso a plateia veio abaixo com palmas e risos. Robert Mitchum é muito simpático e brincalhão. Um dos grandes atores do cinema clássico que nunca se levou muito à sério. Foi um prazer entrevistar ele. Melhor do que ver uma girafa no quintal.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Marilyn Monroe - Contradições de uma Estrela

Marilyn Monroe tinha uma personalidade muito volátil. Para muitos especialistas que leram suas biografias e relatos da época, de pessoas que viveram ao lado da atriz, ela no mínimo seria bipolar, com tendência a ser limítrofe, o que talvez explique muitos de seus atos ao longo da vida. Definitivamente não era fácil viver ou trabalhar ao seu lado. Era exigência primária ter muita paciência ou então muita compreensão pelos atos e decisões que ela tomava.Marilyn poderia ser doce e amável, ser terna e carinhosa ao máximo e poucos segundo depois virar o avesso disso. Ela tinha uma personalidade que poderia ser considerada medrosa ao extremo em determinados momentos e depois ser ousada, corajosa e desafiadora. Isso se reflete com seu complicado comportamento nos sets de filmagens onde ela poderia morrer de medo de entrar no trabalho, para filmar sua próxima cena e ao mesmo tempo poderia também demonstrar muita coragem de enfrentar os executivos mais poderosos da Fox face a face, impondo exigências absurdas em seus contratos.

Medo de ser aceita e exigências descabidas para essa mesma aceitação. Essa era a Marilyn. Um produtor que conviveu muito com a triz em seus anos na Fox chegou a declarar: "Marilyn Monroe era o médico e o monstro. Isso mesmo. Ela poderia ser a melhor profissional do mundo em um dia e a pior de todos os tempos no dia seguinte! Muitos diretores se recusaram a trabalhar ao seu lado por causa disso. Não havia segurança nenhuma que ela terminaria um filme! Era roleta russa!"

Em seus casamentos a mesma coisa. Seus maridos sentiram na pele o que era tentar manter um relacionamento estável com uma estrela de cinema loira, linda e... neurótica! Marilyn se casava muitas vezes por impulso, para logo depois, em poucas semanas, perder o interesse pelo marido. Quando ignorada, ela tentava de todas as maneiras conquistar um homem, mas logo que ele se revelava apaixonado, ela perdia o interesse por ele. Caso se tornasse submisso, como aconteceu com seu último marido, o escritor e dramaturgo Arthur Miller, a coisa toda desandava para a pura humilhação. No final desse casamento Marilyn passou a ter desprezo pelo marido.  Ela odiava homens fracos, sem personalidades fortes. Ao mesmo tempo não conseguia se ver como submissa dentro de nenhum casamento. Uma equação que levou todos os seus casamentos para o fracasso completo.

Pablo Aluísio.

A Morte de Judy Garland

A eterna Doroth de "O Mágico de Oz" teve uma morte bem triste. Judy foi uma das estrelas mais populares da MGM. Ela começou a carreira artística muito cedo, pressionado pela mãe, uma pessoa má que a forçava trabalhar sem descanso, segundo suas próprias palavras. A verdade é que ela nunca chegou a ter infância e juventude, como outras pessoas de sua idade. Sempre havia a pressão do trabalho, dia após dia. Em determinados momentos das filmagens ela chegava a trabalhar por até 17 horas diárias! Um absurdo.

Com tanta cobrança ela acabou se viciando em pílulas dadas pelos próprios executivos da MGM. As tais bolinhas eram consumidas em grandes quantidades. Até porque Judy tinha que cantar, dançar e atuar de forma impecável. O tempo passou, inúmeros casamentos fracassaram e suas finanças quebraram. Quando passou dos trinta anos de idade ninguém mais queria contratá-la em Hollywood.  A outrora estrela da MGM começou a cantar em pequenos bares por cachês irrisórios, coisa de 150 dólares por noite.

No final de sua vida ela estava falida, endividada, tentando fazer seu quinto casamento dar certo. Foi a Londres em busca de uma proposta. Uma rede de cinemas queria usar seu nome, mas depois desistiu. Foi um baque para a pobre Judy pois ela estava contando com esse dinheiro para pagar suas dívidas. Pior do que isso, ela estava magra demais, frágil, sem estrutura física ou psicológica para enfrentar tanto stress. O relacionamento com os filhos era complicado. Nenhum deles compareceu ao seu último casamento. Nenhum dos filhos mais fazia parte de sua vida pois havia muitas brigas no passado a se superar.

Judy acabou sendo encontrada morta no banheiro de um apartamento, após o que se supõe ter sido uma overdose acidental de drogas prescritas. Ela não conseguia mais dormir direito e após anos e anos de abusos com drogas precisava sempre aumentar ainda mais as dosagens. Judy foi ao banheiro pela madrugada, mas perdeu a consciência e caiu para a frente. Seu marido não notou sua ausência e só no dia seguinte foi até lá, a encontrando morta. Segundo os peritos Judy já estava morta há horas, já apresentando sinais de rigidez cadavérica.

A autópsia revelou que ela tomou uma dose fatal de barbitúricos. Esse tipo de droga sempre foi extremamente prejudicial, viciante e perigosa pois até mesmo um pequeno erro na dosagem poderia ser fatal. Nos anos 60 ainda era receitada com certa regularidade, sendo que hoje em dia só é indicada em casos extremos. Também apresentou uma magreza extrema, pois provavelmente estava desnutrida. Amigos próximos disseram após sua morte que ela desenvolveu um trauma alimentar desde a adolescência, pois os produtores geralmente a acusavam de estar gorda. Com isso Judy passou a ter medo de comer, o que acabou arruinando seu organismo com o passar dos anos. Ela passava dias sem comer nada! Provavelmente sofria de uma bulimia não diagnosticada. Judy teve uma morte trágica, mas jamais será esquecida pelos amantes da sétima arte, pois ela estrelou alguns dos maiores clássicos da história do cinema.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Cinema Clássico - Marilyn Monroe



10 Curiosidades Sobre o Vampiro da Noite

1. O Script de Christopher Lee no filme não era exatamente longo! Na verdade ele só tinha treze linhas de diálogo para dizer durante todo o enredo. Sobre isso Lee diria que o seu Drácula era na essência um monstro e monstros não são muito de bate papo. O Conde do filme só troca diálogos com um único personagem durante todo o filme, Jonathan Harker.

2. Depois de 30 anos desaparecida a capa que Christopher Lee usou no filme apareceu numa loja de fantasias de Londres. Uma relíquia para a história do cinema inglês ela seria vendida em um leilão por 50 mil dólares. Antes da ser colocada à venda porém a casa de leilões contratou Lee para reconhecer a peça e marcar sua autenticidade.

3. Houve um acidente durante as filmagens. Numa cena que deveria ser ao mesmo tempo aterrorizante e sensual o ator caiu em um buraco no set de filmagens, atingindo a dublê da personagem Mina. Apesar do constrangimento e da dor não houve ferimentos mais graves.

4. Em sua autobiografia o ator confessou que recebeu apenas 750 libras por sua atuação como Drácula no filme. A Hammer alegou não ter maiores recursos para pagar um cachê melhor. Lee, por outro lado, estava precisando de trabalho e aceitou o pouco que lhe ofereceram. Nos filmes seguintes ele iria endurecer o jogo, pedindo cachês cada vez mais altos a cada sequência, além de privilégios que não havia tido, como um camarim próprio, por exemplo.

5. O filme foi dirigido por Terence Fisher, veterano cineasta inglês que morreu em 1980. Ele iria dirigir ainda "As Noivas do Vampiro" (1960) e "Drácula, o Príncipe das Trevas" (1966). Também assinaria outros clássicos do terror com monstros famosos como Frankenstein em produções como "A Vingança de Frankenstein" (1958) e "Frankenstein Tem que Ser Destruído" (1969).

6. O Vampiro da Noite recebeu três prêmios do Hugo Awards nas categorias de Melhor Direção (Terence Fisher), Melhor Roteiro Adaptado (Jimmy Sangster) e Melhor História (dado como homenagem a Bram Stoker, autor do livro original).

7. Quando o filme foi lançado no mercado americano a distribuidora daquele país resolveu mudar o título do filme para "Horror of Dracula" por questões envolvendo direitos autorais. Também pesou em favor da decisão o fato de que os americanos responsáveis pela distribuição tinham receios que o filme fosse confundido com o clássico estrelado por Bela Lugosi, que inclusive estava para ser exibido pela primeira vez na TV americana pelo canal CBS.

8. Uma sequência do filme ficou perdida por anos até que finalmente foi reencontrada do outro lado do mundo, no Japão. Uma cópia original preservada pela National Film center de Tóquio conseguiu salvar essa cena da destruição pois ela não era mais encontrada em cópias na Inglaterra.

9. As filmagens duraram praticamente três meses, começando em 11 de novembro de 1957 e terminando em 3 de janeiro de 1958. Curiosamente o filme estreou antes nos Estados Unidos numa exibição em Milwaukee, Wisconsin. Só uma semana depois é que o filme iria finalmente surgir nas salas de cinema britânicas (apesar do filme ser inglês)!

10. O filme foi incluído na lista "Os 1000 Filmes Que Você Precisa Assistir Antes de Morrer" escrita por Steven Schneider.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Mortos que Matam - Curiosidades

Vincent Price insistiu que deveria levantar pessoas reais para colocar na parte traseira do carro de seu personagem no filme. A razão? Mostrar verdadeiro cansaço, para melhorar sua atuação no filme. 

O estúdio decidiu mudar o nome do personagem principal. Assim Robert Neville se tornou Robert Morgan. O curioso é que esse filme é considerado o mais fiel ao livro original. Já as duas outras adaptações, A Última Esperança da Terra (1971) e Eu Sou a Lenda (2007), mantiveram o nome do protagonista do livro, mas mudaram diversas partes do enredo.

O filme foi rodado em grande parte na Itália. Isso foi um problema, principalmente em relação aos carros. Modelos americanos foram comprados pelo estúdio e suas placas mudadas, para dar a impressão ao espectador de que toda a estória se passava em San Francisco, na Califórnia.

O estranho prédio, em forma de OVNI ou em forma de cogumelos, em segundo plano por trás do Dr. Robert Morgan é o "Ristorante IL Fungo" localizado em Roma, construído em 1957.

Richard Matheson originalmente escreveu o roteiro em 1957. Naquela ocasião o estúdio havia planejado que o filme teria como diretor Fritz Lang. E que tudo seria produzido em parceria com a Hammer de Londres. Planos iniciais que ficaram pelo meio do caminho.

No roteiro a estória do filme se passa em 1968, ou seja, quatro anos no futuro, já que o filme chegou aos cinemas em 1964. No texto original o mundo chegaria ao fim antes dos anos 1970.

Charlton Heston assistiu a essa primeira versão antes de atuar em "A Última Esperança da Terra". Ele não gostou desse primeiro filme. Em sua opinião esse primeiro filme era mal produzido, sem grande orçamento. Antes do começo das filmagens de sua versão ele declarou ao diretor  Boris Sagal que "podemos fazer algo muito melhor do que a versão de Vincent Price".

Pablo Aluísio.

Doris Day: 90 anos

Segue texto que escrevi por ocasião dos 90 anos de aniversário da atriz Doris Day: Ontem a querida Doris Mary Ann Kappelhoff completou 90 anos de idade! O aniversário foi amplamente divulgado pela imprensa americana e (pasmem!) pela brasileira também (provavelmente a reboque do que era escrito lá fora). Um bom reflexo que mostra que a estrela da atriz ainda brilha, mesmo após tantos anos de sua aposentadoria. Não cabe aqui fazer mais um levantamento burocrático sobre seus filmes como a imprensa oficial fez. 

O que vale a pena mesmo é homenagear essa sobrevivente. Sim, a vida de Doris passou muito longe de seus personagens açucarados no cinema. Grande cantora, uma atriz de presença, ela perdeu tudo o que havia ganho por se envolver com homens errados. Um deles, seu marido, limpou sua conta corrente e desapareceu. Mulheres bonitas e de boa índole geralmente se envolvem com cafajestes - não me perguntem o porquê! 

O fato é que depois de uma carreira muito bem sucedida em Hollywood ela teve que recomeçar sua vida. Foi para a TV, tentou emplacar sucessos na telinha (em um de seus programas nos anos 80 recebeu um Rock Hudson corroído pela AIDS) e também enveredou por outros caminhos. Fundou uma instituição de apoio a animais abandonados e seguiu em frente. Talvez magoada pela falta de consideração que o show business tem por seus antigos ídolos abandonou completamente sua carreira de atriz no cinema. Não parece ter olhado para trás. Seu último filme a ser lançado comercialmente nos cinemas foi no distante ano de 1968 com "Tem um Homem na Cama da Mamãe". De lá para cá sempre manteve uma postura de distância dos grandes estúdios.

Também procurou pela privacidade perdida em seus anos de estrela. Se tornou reclusa com seus animais e não faz aparições públicas. Há uns dois anos resolveu ir a um mercadinho perto de sua casa e foi fotografada por paparazzis, sempre em busca de uma invasão da privacidade alheia. Doris estava com roupas informais, cabelos longos e despenteados e obviamente mostrando as marcas do tempo. Infelizmente a foto foi parar nas revistas de fofocas americanas em um típica demonstração de frivolidade dessas publicações. Isso porém não importa em nada. Doris Day sempre será lembrada pelos 39 filmes que realizou. Muito bom que ela tenha abraçado a causa da defesa dos animais, até porque todos precisamos de um objetivos para levantarmos cedo pela manhã. Hoje, aos 90 anos (quem diria) ela parece ser uma mulher serena e realizada. Um belo final feliz para um dos maiores símbolos da era de ouro em Hollywood. Parabéns Doris!

Pablo Aluísio.

domingo, 23 de setembro de 2007

Meu Reino por um Amor - Curiosidades

Errol Flynn e Bette Davis nãos e deram bem nas filmagens. Ela era uma atriz orgulhosa de sua profissão e não via com bons olhos o estilo galã de Flynn. Em sua biografia o ator relembrou que ela desferiu um tapa de verdade nele durante uma das cenas. Flynn aceitou numa boa, mas percebeu que ela agiu assim com uma certa maldade. Anos depois ela lhe diria que havia sido proposital, para ver se ele finalmente atuava bem! 

Bette Davis brigou com o estúdio porque queria Laurence Olivier no papel do Conde Essex. Segundo Davis o roteiro tinha diálogos extremamente bem escritos que exigia um grande ator em cena. Só que os produtores não aceitaram suas sugestões e contrataram Errol Flynn. Anos depois Davis encontraria Olivia de Havilland e diria a ela que Flynn tinha realizado um bom trabalho no filme e que ela, na época, tinha sido injusta com o ator.

Bette Davis teve as sobrancelhas removidas pela equipe de maquiagem do filme. Isso porque a rainha Elizabeth I também não as tinham, por um costume de época. O problema é que segundo a própria Bette Davis elas nunca mais cresceram adequadamente, o que a levou a ter que desenhá-las com lápis para os filmes que faria depois. Era algo que Davis iria se arrepender pelo resto de sua vida. 

Quando o filme foi realizado Bette Davis tinha uma grande diferença de idade com a rainha Elizabeth I. Quando a monarca se apaixonou pelo Conde Essex ela tinha 63 anos de idade. Quando o filme foi feito a atriz Bette Davis tinha aproximadamente a metade dessa idade. A equipe de maquiagem do filme então a envelheceu para que parecesse uma senhora já em idade mais avançada. 

Para dar a ilusão de calvície, Bette Davis raspou a cabeça dois centímetros na frente para mostrar uma testa alta sob as perucas vermelhas de Elizabeth. A rinha tinha sérios problemas de calvície. Alguns historiadores afirmam inclusive que ela morreu praticamente careca, o que escondia sob pesadas e volumosas perucas ruivas. 

A rainha Elizabeth I e o Conde de Essex tinham laços familiares, o que levava alguns membros da corte a qualificar o romance como incestuoso. O primeiro roteiro do filme explorava esse aspecto, mas o diretor Michael Curtiz decidiu cortar essa parte pois em sua opinião o público não teria qualquer interesse em saber disso. 

Pablo Aluísio.