segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Os Guerreiros do Bronx

Título no Brasil: Os Guerreiros do Bronx
Título Original: 1990 - I guerrieri del Bronx
Ano de Produção: 1982
País: Itália
Estúdio: Deaf Internacional Films
Direção: Enzo G. Castellari
Roteiro: Dardano Sacchetti, Dardano Sacchetti
Elenco: Mark Gregory, Fred Williamson, Vic Morrow

Sinopse:
Em uma cidade pós-apocalíptica de Nova York, um policial se infiltra no Bronx, que se tornou um campo de batalha para várias gangues de rua assassinas.

Comentários:
Voltando no  tempo, em minhas memórias afetivas de cinéfilo, eu me lembro bem dessa fita pegando poeira na locadora Betamax onde eu costumava alugar filmes todas as semanas. Pois é, acredite, era uma época de tanta fartura nas videolocadoras no Brasil que até mesmo filmes ao estilo trash como esse ganhavam lançamentos em nosso país. E se eu não estou enganado esse filme foi lançado por aqui pelo selo Look Vídeo. E deixando esse lado da nostalgia de lado é bom salientar que esse filme italiano nada mais é do que outro filho bastardo de "Mad Max", provavelmente um dos filmes mais influentes da história do cinema. Acabou dando origem a uma série sem fim de filmes passados em mundos pós-apocalípticos.

Pablo Aluísio.

domingo, 9 de agosto de 2015

Cry-Baby

Título no Brasil: Cry-Baby
Título Original: Cry-Baby
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Focus
Direção: John Waters
Roteiro: John Waters
Elenco: Johnny Depp, Tracy Lords, Iggy Pop, Willie Dafoe e Amy Locane

Sinopse: 
A cidade é Baltimore, o ano é 1954. Wade "Cry-Baby" Walker (Johnny Depp) é um "Teddy Boy" que lidera um grupo de outsiders. No bairro e na escola tem o sugestivo apelido de "Cry-Baby" justamente por causa de algo bem singular em si mesmo: ele chora apenas por um olho! Embora se faça de durão ele na verdade está apaixonado pela bela Allison Vernon-Williams (Amy Locane), uma garota rica que parece estar fora de seu alcance uma vez que seus parentes o odeiam. Afinal todos pensam que "Cry-Baby" é apenas um delinqüente juvenil sem qualquer futuro pela frente.

Comentários:
Acredito que pouquíssimas pessoas vão lembrar desse filme. A razão é simples: poucas pessoas viram "Cry-Baby" na época de seu lançamento. No comecinho da carreira o jovem Johnny Depp já colocava as asinhas de fora estrelando um filme do cineasta (e maluco de plantão) John Waters. Quem assistiu já sabe, o filme é todo fora do convencional. Tem até a ex estrela pornô Traci Lords, que foi colocada no elenco como provocação mesmo: na época várias pessoas da indústria pornô estavam sendo presas por causa dela (mas isso é uma outra história). Sinceramente não me lembro de ter visto Cry-Baby na TV. Acho inclusive que deve ser inédito até em dvd no Brasil (me corrijam se estiver enganado). É um filme raro e dificil de achar mas recomendo aos fãs do trabalho de Depp pois ele está impagável na pele de um personagem que mistura de uma vez só James Dean, Marlon Brando e Elvis Presley. Ele também canta no filme (e não é que o cara já cantava bem há mais de 20 anos!). Não é de se espantar já que ele mesmo se considera um músico frustrado que virou ator por necessidade. Enfim, para quem gosta do cinema subversivo de Waters, "Cry-Baby" é um prato cheio - de brilhantina é claro!

Pablo Aluísio.

Duro de Matar - A Vingança

Título no Brasil: Duro de Matar - A Vingança 
Título Original: Die Hard: With a Vengeance
Ano de Produção: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: John McTiernan
Roteiro: Jonathan Hensleigh, Roderick Thorp
Elenco: Bruce Willis, Jeremy Irons, Samuel L. Jackson

Sinopse: 
Surge um novo terrorista, Simon Gruber (Jeremy Irons) que ameaça explodir dezenas de escolas de Nova Iorque caso não coloque as mãos no policial John McClane (Bruce Willis). Acontece que Simon é irmão de um criminoso que foi morto justamente por McClane (na trama do primeiro "Duro de Matar") e agora quer vingança. O que os policiais de Nova Iorque não sabem é que ele na realidade arma um grande golpe para desviar as atenções da autoridades. Enquanto elas correm para salvar as crianças ele rouba bilhões de dólares do banco central da cidade. 

Comentários:
Terceiro filme da franquia "Die Hard". A franquia não era mais do interesse de Willis e por isso a Fox teve que pagar um cachê recorde para o ator voltar para mais um filme de ação na pele do indestrutível John McClane. Aqui há dois bons aspectos a se considerar. O primeiro é a grandiosidade da produção. Há cenas realmente bem realizadas como a explosão de uma bomba no metrô de Nova Iorque. Outro ponto muito positivo é o elenco de apoio. Tanto Jeremy Irons (que interpreta um terrorista psicopata e frio) como Samuel L. Jackson (que faz um tira obcecado com racismo) estão muito bem em seus respectivos personagens. No saldo final é um filme de ação escapista, muito bem realizado, que consegue divertir bastante o espectador e os fãs da série.

Pablo Aluísio.

sábado, 8 de agosto de 2015

Alguém Lá em Cima Gosta de Mim

Título no Brasil: Alguém Lá em Cima Gosta de Mim
Título Original: Oh, God!
Ano de Produção: 1977
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Carl Reiner
Roteiro: Larry Gelbart, Avery Corman
Elenco: George Burns, John Denver, Teri Garr, Donald Pleasence, Ralph Bellamy, William Daniels

Sinopse:
Quando Deus aparece a um gerente assistente de mercearia como um velho de boa índole, o Todo-Poderoso o seleciona como seu mensageiro para o mundo moderno. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor roteiro adaptado (Larry Gelbart).

Comentários:
Filme mais do que simpático, na realidade é uma graça. Com muito bom humor (humor leve e divertido) acompanhamos um velhinho boa praça que na realidade é o própro Deus, descend na Terra para ver o que estaria acontecendo com a humanidade. Até hoje me lembro da cena final quando Deus (na interpretação maravilhosa do ator George Burns) se despede de seu pupilo e diz que vai andar por aí, pela natureza, para ver o que teria acontecido, o que fizeram com sua criação. Claro, uma mensagem ecológica, já naqueles tempos, década de 1970, quando isso nem era tão comum assim no cinema. Eu adorei esse filme e sempre recomendo. Nunca Deus surgiu tão carismático como vemos aqui. Uma maravilha mesmo!

Pablo Aluísio.

Frankenstein, o Monstro das Trevas

Título no Brasil: Frankenstein, o Monstro das Trevas
Título Original: Roger Corman's Frankenstein Unbound
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: The Mount Company
Direção: Roger Corman
Roteiro: Brian Aldiss, Roger Corman
Elenco: John Hurt, Raul Julia, Bridget Fonda, Jason Patric, Nick Brimble, Michael Hutchence

Sinopse:
A arma definitiva, que deveria ser segura para a humanidade, produz efeitos colaterais globais, incluindo deslizamentos no tempo e desaparecimentos. E nesse meio surge a lenda do Frankenstein.  E depois disso salve-se quem puder!

Comentários:
Eu me recordo que aluguei esse filme em uma locadora na época, ainda nos tempos das velhas fitas VHS e odiei, odiei o filme. Achei tudo muito ruim, com cenas absurdas como aquela em que o personagem de John Hurt passeia por uma aldeia medieval dentro de um carro moderno. Que porcaria era aquela? E o pior é que as pessoas daqueles tempos viam um carro moderno e achavam tudo muito natural. Completamente nonsense. O Roger Corman sempre foi o rei dos filmes B em Hollywood, filmes que fugiam dos padrões, mas no caso desse filme bem ruim ele certamente exagerou (e muito) na dose! E tem alguma coisa que preste? Tem o poster com os olhos costurados. Foi o que me fez alugar o filme... e quebrar a cara!

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros

O diretor Colin Trevorrow, que nunca tinha dirigido nada de importante antes na carreira, acabou realizando um filme bem genérico que não se importa em copiar descaradamente o formato e a fórmula do primeiro filme, dirigido por Steven Spielberg em 1993 (e lá se vão mais de vinte anos do lançamento original, estamos ficando mesmo velhos!). E qual seria essa fórmula antiga? Simples. Um parque de diversões temático, com dinossauros trazidos de volta à existência com a ajuda da tecnologia genética. Uma espécie de Disneyworld do mundo jurássico. Os bichanos expostos para o público formado basicamente por crianças e adolescentes. Entre eles estão dois irmãos, um pouquinho mais velho do que outro. Eles são sobrinhos de uma das executivas do Jurassic World. Aqui vemos a mão marota de Spielberg. Os dois garotos estão enfrentando o divórcio dos pais e a tiazona que mal tem tempo de dar atenção a eles mais parece uma mulher balzaquiana mal resolvida na vida que procura se afundar no trabalho para compensar a inexistência de um relacionamento sério e duradouro, com seus próprios filhos (Spielberg pelo visto ainda acredita na velha visão da mulher na cozinha, dona de casa, cuidando dos filhos, morando no subúrbio e sendo feliz! - Me poupe Sr. Midas do cinema).

Isso é o de menos, melhor esquecer os personagens "humanos". Jurassic World é um filme de efeitos digitais, efeitos especiais e tecnologia. A criançada não quer saber de garotos fedelhos e nem tiazonas com problemas de relacionamento e vida profissional, a meninada quer ver os dinossauros! Nesse aspecto o filme é até bem interessante, mas apenas no que se refere aos dinos que realmente existiram em uma época remota da existência do nosso planeta. Isso porque os roteiristas não se contentaram com a riqueza natural do mundo pré-histórico e resolveram criar um híbrido genético, uma criatura mais mortal e feroz que um T-Rex, mais esperto que um Velociraptor e mais sagaz que um animal comum, nascido e gerado pela mãe natureza. Assim seguindo a velha máxima em filmes de ficção em que seres humanos se dão muito mal ao mexerem com o mundo natural, as coisas logo viram pelo avesso. A super máquina de matar engana seus tratadores e foge de sua jaula. Em pouco tempo começa a comer todo humano que encontra pela frente e o mais incrível de tudo é que o faz apenas pelo sabor de matar (ou matar de forma esportiva como bem salienta um futuro bife do bichão). Quando começa a matança é melhor você esquecer qualquer tentativa de achar um fiapo de roteiro pela frente. Vira tudo a mesma coisa, a turma corre de um lado para o outro e os dinossauros correm atrás de comida rápida e fácil. O banquete de carne humana está servido! "Jurassic World" não consegue ser um grande filme, mas rendeu horrores nas bilheterias, provando mais uma vez que não adianta procurar muito por inteligência nas filas de cinemas comerciais. Ela está definitivamente extinta na cabeça desse povo todo!

Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros (Jurassic World, Estados Unidos, 2015) Direção: Colin Trevorrow / Roteiro: Rick Jaffa, Amanda Silver, baseados na obra de Michael Crichton / Elenco: Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Ty Simpkins / Sinopse: Mais um filme da franquia cinematográfica de grande sucesso Jurassic Park. Os dinossauros estão de volta e estão vorazes.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Cold Mountain

"Cold Moutain" narra a estória de duas mulheres que, sozinhas, terão que enfrentar o desafio de sobreviver em um dos períodos mais conturbados da história norte-americana. A Guerra Civil levou todos os homens para o campo de batalha. Para trás ficaram apenas as mulheres, crianças e idosos, tentando levar em frente suas propriedades rurais da melhor forma possível. Ada (Nicole Kidman) é uma dessas mulheres. Ao lado de Ruby (Renée Zellweger) ela tenta tocar a fazenda deixada por seu pai. Não é algo fácil ou simples. Como se não bastassem os efeitos danosos da guerra elas ainda tem que lidar com o clima hostil e a falta de uma melhor infra-estrutura na região, o que torna tudo mais complicado. Ada tem esperanças que seu namorado Inman (Jude Law) volte vivo do front mas tudo se torna incerteza e apreensão. Enquanto o país se destroça a pequena vila de Cold Mountain tenta sobreviver ao caos em volta. "Cold Mountain" é um bom filme mas há alguns aspectos importantes a se considerar. Há um certo artificialismo na condução do roteiro. As situações em cena tentam imitar os grandes épicos clássicos do passado mas o resultado pode ser definido como irregular.

O projeto original tencionava ser estrelado por Tom Cruise e Nicole Kidman. Como eles tinham muitos problemas pessoais envolvidos, Cruise desistiu do filme, ficando apenas Nicole que sinceramente acreditava no bom roteiro. Seu objetivo era voltar ao topo, quem sabe até vencer um Oscar, pois seu papel era suficientemente forte e complexo para tal. Curiosamente ela acabou sendo esnobada pela Academia que resolveu premiar Renée Zellweger com o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Uma premiação controvertida pois em nenhum momento gostei plenamente de seu trabalho. O fato é que ela definitivamente confundiu um pouco o tipo de produção que participava. Sua personagem, a irascível Ruby, caiu na caricatura. Renée Zellweger surge exagerada em cena, com muitas caras e bocas e um sotaque completamente exagerado, beirando a fanfarronice. Quando ela foi premiada não fiquei menos do que surpreso. Em minha opinião Nicole Kidman está muito melhor. Ela certamente continua com aquela classe que lhe é inerente. Enquanto sua partner exagera para aparecer ela surge com fina delicadeza. Já Jude Law é o tipo de ator que nunca me agradou completamente. No saldo final "Cold Mountain" é sim um bom filme, que diverte mas que ficou no meio do caminho para se tornar uma obra importante. Enfim, entre mortos e feridos "Cold Mountain" apesar de não ser brilhante mantém um certo status. Vale a pena conhecer.

Cold Mountain (Cold Mountain, Estados Unidos, 2003) Direção: Anthony Minghella / Roteiro: Anthony Minghella / Elenco: Nicole Kidman, Renée Zellweger, Jude Law, Natalie Portman, Philip Seymour Hoffman, Giovanni Ribisi, Ray Winstone./ Sinopse: Durante a Guerra Civil duas mulheres tentam sobreviver ao caos reinante. Tentando levar a propriedade de seu pai em frente, a bela e jovem Ada (Nicole Kidman) e sua parceira Ruby (Renée Zellwegger) enfrentarão muitos desafios juntas. Vencedor do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante (Renée Zellwegger, contando ainda com indicações para Melhor Ator (Jude Law), Fotografia, Edição, Trilha Sonora e Melhor Canção Original ("Scarlet Tide" por Elvis Costello e "You Will Be My Ain True Love" por Sting);

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Mad Max - Estrada da Fúria

Título no Brasil: Mad Max - Estrada da Fúria
Título Original: Mad Max - Fury Road
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Austrália
Estúdio: Village Roadshow Pictures
Direção: George Miller
Roteiro: George Miller, Brendan McCarthy
Elenco: Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult, Hugh Keays-Byrne, Riley Keough
  
Sinopse:
Max Rockatansky (Tom Hardy) vaga por um mundo destruído e sem esperanças. Os bens mais valiosos do que restou da humanidade e da civilização são a gasolina para os motores e a água para a sobrevivência em um mundo deserto e hostil. Durante sua jornada ele acaba sendo feito prisioneiro por uma comunidade liderada por Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne), um homem conhecido por sua violência e pulso de ferro para com os seus prisioneiros de guerra, que usa como meras bolsas de sangue para seus guerreiros feridos. Tentando escapar de suas garras a jovem combatente Furiosa (Charlize Theron) resolve fugir para o deserto usando uma de suas máquinas de guerra. Com ela segue um grupo de jovens que se transformaram com os anos em verdadeiras escravas sexuais de Joe. Para Max essa pode ser a chance de finalmente recuperar sua liberdade perdida, mesmo que antes disso ele precise sobreviver a uma caçada mortal pelas areias do deserto.

Comentários:
É incrível que mesmo após tantos anos o diretor George Miller tenha sido tão inovador em uma franquia que ele mesmo criou, lá nos distantes anos 1970. Miller poderia ter optado por realizar um reboot preguiçoso, sem maiores inovações, até mesmo porque ele com a trilogia "Mad Max" original já entrou definitivamente na história do cinema. Seu grande mérito foi não ter se acomodado nas glórias passadas, procurando reinventar a todo momento sua maior criação. Esse novo filme é um primor de inovação. O diretor optou por uma linguagem bem mais moderna, histérica, insana e sem controle. Não há momentos para pausas ou descansos na mente do espectador. "Mad Max - Fury Road" é pura pauleira, da primeira à última cena. É literalmente um veículo sem freios cruzando o deserto sem fim. O enredo é simples, como convém a esse tipo de filme de ação, mas isso em nenhum momento surge como um defeito, pelo contrário, em torno de sua história nitidamente simplória Miller acelera e explode a tela com sensacionais cenas de puro impacto narrativo. Optando por um fotografia saturada e excessiva, o diretor acabou criando um mundo pós-apocalíptico como poucas vezes se viu. A questão é que esse tipo de estilo cinematográfico foi praticamente todo criado por Mad Max e após tantos anos de imitações baratas o produto que deu origem a tudo poderia soar banal e repetitivo. Para evitar esse tipo de armadilha Miller procurou inovar e nesse processo acabou sendo realmente brilhante.

Ouso até escrever que esse filme só não é superado pelo original de 1978 e isso por causa de sua importância histórica. Em termos de fluidez e ritmo nenhum outro filme da série se assemelha a nada do que se vê por aqui. Miller transformou acidentes espetaculares em pura obra de arte visual, totalmente alucinada, mas mesmo assim de uma beleza incrível! O elenco também se destaca, a começar por Charlize Theron. Para interpretar a guerreira Furiosa ele teve que ter parte de seu braço apagado digitalmente. Um trabalho visual simplesmente perfeito. Tom Hardy como o novo Max tampouco decepciona. Suas cenas iniciais mostram bem a luta pela sobrevivência nesse mundo em ruínas. O ator, que teve inúmeros problemas relacionados a abuso de drogas no passado, confessou depois em entrevistas que acabou se identificando com o estilo alucinante do filme. É bem por aí mesmo, o novo "Mad Max" chega a ser lisérgico! Caótico é pouco para definir. O resultado de tantas peças chaves bem colocadas no tabuleiro da produção se traduziu em um belo sucesso de público e crítica, a tal ponto que o estúdio já anunciou sua continuação, "Mad Max - The Wasteland" com a mesma equipe técnica e elenco. Se Mad Max continuar tão bom como nesse "Fury Road" novas sequências serão mais do que bem-vindas.

Pablo Aluísio.

Corrente do Mal

Título no Brasil: Corrente do Mal
Título Original: It Follows
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Northern Lights Films
Direção: David Robert Mitchell
Roteiro: David Robert Mitchell
Elenco: Maika Monroe, Keir Gilchrist, Olivia Luccardi
  
Sinopse:
Jay Height (Maika Monroe) é uma garota como qualquer outra de sua idade. Entre a escola e a sua casa ela começa a ter seus primeiros namorados, entre eles um jovem atraente que a leva para o cinema no fim de semana. O que Jay nem desconfia é que o tal bonitão na verdade deseja se livrar de uma maldição terrível que lhe foi passada após praticar sexo casual com uma desconhecida numa boate. Após dopar sua companheira o sinistro jovem, que muito provavelmente tenha até mesmo inventado um nome falso, lhe informa que agora ela está condenada a ver aparições de almas penadas vindo em sua direção! O que ela deve fazer quando isso acontecer? Correr o mais rapidamente que puder para salvar sua vida...

Comentários:
Bom, você certamente já ouviu falar em doenças sexualmente transmissíveis, certo? Claro que sim. O que você obviamente nunca ouviu falar foi em assombrações sexualmente transmissíveis, não é mesmo? Pois então fique sabendo que o roteiro desse filme usa justamente essa estranha ideia para compor seu bizarro enredo. Imagine um grupo de jovens, com os hormônios em ebulição... agora pense no que eles estariam fazendo em suas horas vagas... Ora, transando entre si, é claro! O problema é que junto com o prazer vai também uma maldição, um terrível fardo de ver pessoas mortas em todos os lugares e o pior, vindo em sua direção! O argumento esquisito, criado pelo próprio diretor que também assina o roteiro, não parece muito comum, tanto que já houve até quem quisesse comparar o estilo fora dos padrões desse cineasta praticamente novato com o diretor M. Night Shyamalan, o que convenhamos é um pouco demais da conta. Talvez o ritmo lento, quase contemplativo da narrativa tenha levado alguns a levantar essa esdrúxula comparação!

De qualquer maneira, como pura experiência cinematográfica, esse terror até que tem algumas coisinhas interessantes. Se não chega a ser bom, pelo menos a tentativa de levar adiante uma história tão estranha já é por si só um ponto positivo a favor. Outro fato que me chamou atenção é que o diretor e roteirista Mitchell não parece muito preocupado em explicar nada, a questão é simplesmente colocada em cena, os mortos vão surgindo e acabou. Não se sabe de onde estão vindo, o que querem, como seria possível quebrar esse encanto macabro, nada... assim tudo parece como uma bizarra condenação para esses esses jovens que transaram com quem não deveriam. Um moralismo disfarçado tentando fazer uma estranha analogia com a AIDS? Quem vai saber... acho que nem o próprio diretor saberia responder a esse tipo de pergunta. De uma forma ou outra a moral da história é a de que sempre é bom usar camisinha, vai que numa bobeira você acabe pegando uma maldição dos diabos dessa pela frente...

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Preto e Branco

Título no Brasil: Preto e Branco
Título Original: Black or White
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Relativity Media
Direção: Mike Binder
Roteiro: Mike Binder
Elenco: Kevin Costner, Octavia Spencer, Gillian Jacobs, Bill Burr, Mpho Koaho
  
Sinopse:
Elliot Anderson (Kevin Costner) é um advogado quase aposentado que precisa lidar com a maior tragédia de sua vida, a morte de sua esposa em um acidente de trânsito. A questão se torna ainda mais delicada porque Elliot agora terá que criar sozinho sua jovem neta, uma menina negra, fruto de um relacionamento complicado de sua filha, também já falecida, com um rapaz desajustado que simplesmente foi embora após seu nascimento. A morte de sua esposa faz com que a avó paterna da garota, Rowena Jeffers (Octavia Spencer), passe a exigir a presença de sua neta em sua casa, já que em sua opinião a menina precisa agora de uma nova figura materna como referência. A idéia não parece ser a ideal para Elliot, o que acaba desencadeando uma tensão racial entre as duas famílias da menina que são de etnias e origens bem diferentes. Filme vencedor do African-American Film Critics Association (AAFCA) na categoria de Melhor Atriz (Octavia Spencer). Também indicado ao Black Reel Awards.

Comentários:
Em pouco menos de seis meses dois filmes estrelados por Kevin Costner, ambos enfocando questões raciais, foram lançados nos cinemas americanos. Em "McFarland dos EUA" (já comentado aqui no blog) tínhamos um treinador americano branco que enfrentava o desafio de treinar uma equipe formada por jovens latinos pobres. Em "Black or White" mais uma vez o mesmo argumento vem à tona, só que ao invés de explorar o problema do latino imigrante das periferias das grandes cidades, temos a tensão racial entre um advogado branco, avô de uma netinha negra e a família dela por parte de pai, que deseja ter a guarda da garotinha, mas sem o seu apoio. Quando isso acontece começam os questionamentos: Seria ele um racista, a tal ponto de negar a convivência da menina com seus parentes negros que moram numa região mais pobre e humilde da cidade? Ou apenas um sujeito devastado pela morte da esposa que não quer mais problemas em sua vida? O roteiro deixa claro desde o começo que o personagem de Costner não é um racista, mas um homem que está decidido a vencer na disputa pela guarda da criança. E quando esse tipo de disputa surge em um tribunal todas as armas parecem válidas, principalmente quando os advogados de sua avó negra (em excelente atuação de Octavia Spencer) decidem jogar sujo. A questão mais importante desse filme, principalmente para o profissional da área jurídica, é demonstrar que a ética precisa se impor ao simples desejo de vencer uma ação judicial.

Não é inventando mentiras ou impondo uma verdadeira chantagem social e emocional sobre o magistrado que se conseguirá realizar a verdadeira justiça. Há limites e esses devem ser respeitados. Qualificar alguém de racista apenas por ele ser um branco que deseja continuar com a guarda da neta negra é, além de uma calúnia infame, também um vitimismo fora de propósito, que ultrapassa qualquer tipo de ética profissional. No mais, gostei bastante da atuação de Kevin Costner. Seu personagem tem problemas com bebidas, é um bom homem, mas que se vê no meio de uma luta bem sórdida para falar a verdade. Octavia Spencer também se destaca mais uma vez. Uma atriz com muita expressividade. Sua personagem também não é a de uma má pessoa, mas apenas uma avó preocupada com o destino da criação de sua neta e que nesse processo acaba fazendo concessões demais aos seus advogados. Além deles há vários personagens secundários bem interessantes, como o jovem professor de matemática (interpretado pelo talentoso Mpho Koaho). Assim no final o que temos aqui é um roteiro articulado, bem honesto, que toca em um tema extremamente delicado. Um bom filme, ideal para uma reflexão posterior bem sincera sobre os rumos que a sociedade anda trilhando ultimamente sobre a questão racial. 

Pablo Aluísio.

Frontera

Título Original: Frontera
Título no Brasil: Ainda Não Definido
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Magnolia Pictures
Direção: Michael Berry
Roteiro: Michael Berry, Louis Moulinet
Elenco: Ed Harris, Eva Longoria, Michael Peña, Amy Madigan
  
Sinopse:
Roy (Ed Harris) é um xerife aposentado que toca sua propriedade rural no Arizona, localizada bem na fronteira entre Estados Unidos e México. O lugar acaba virando rota de imigrantes ilegais mexicanos que atravessam o deserto em busca de uma vida melhor nas cidades americanas. Durante uma cavalgada a esposa de Roy, Olivia (Amy Madigan), encontra dois mexicanos tentando atravessar a fronteira e resolve lhes ajudar, oferecendo água e um cobertor. Para seu azar um grupo de adolescentes, usando os rifles de seu pai, atiram nos mexicanos, mas acaba assustando o cavalo de Olivia, que cai e bate com a cabeça nas pedras de um riacho seco. O trágico acontecimento desencadeia uma série de eventos de consequências imprevisíveis. Filme vencedor do Women Film Critics Circle Awards.

Comentários:
Muito bom esse filme passado no moderno oeste americano. O roteiro explora o drama dos imigrantes ilegais mexicanos que arriscam suas vidas todos os dias em busca de uma vida melhor nos Estados Unidos. O enredo assim acaba mostrando a vida de dois casais que vivem em lados opostos da fronteira. O casal americano é formado por Roy (Ed Harris) e Olivia (Amy Madigan). Eles possuem uma pequena fazenda na fronteira. É justamente lá que o ex-xerife Roy aproveita sua aposentadoria ao lado da mulher que sempre amou. O casal mexicano é formado por Miguel (Michael Peña) e Paulina (Eva Longoria). Com a esposa grávida e sem trabalho, Miguel resolve fazer a travessia da fronteira em busca de uma vida melhor, passando pelo deserto do Arizona e no meio das terras de Roy. Um trágico acontecimento acaba unido o destino de todos eles. Um dos bons motivos para se assistir a esse filme é a narrativa que mostra em detalhes os problemas sociais que criam esse tipo de imigração e a exploração dos coiotes, criminosos que vivem de extorquir e explorar a miséria alheia, realizando um verdadeiro tráfico de seres humanos naquela região. Quando a esposa de Roy morre após cair do cavalo a polícia americana logo coloca a culpa nos mexicanos, mas Roy, policial experiente e com muitos anos de investigações nas costas, não fica convencido com a conclusão oficial do xerife e resolve ir atrás, ele mesmo, em busca de respostas. Acaba descobrindo que há muito mais por trás dos acontecimentos, como ele inicialmente desconfiava. O elenco é muito bom e dois membros do elenco se destacam. O primeiro é o sempre ótimo Ed Harris. Ele interpreta esse velho xerife de poucas palavras, mas com muita experiência de vida. Tentando manter sempre sua postura de homem durão ele engole sua dor e vai em busca dos verdadeiros fatos que envolveram a morte de sua esposa de longos anos. O outro destaque vem da atriz Eva Longoria que interpreta Paulina, uma mexicana que tenta atravessar a fronteira com ajuda de coiotes e acaba sofrendo todos os tipos de abusos possíveis, inclusive de natureza sexual. Um retrato cruel, mas sincero, de um drama humano que ocorre todos os dias entre esses dois países, tão próximos e tão diferentes entre si.

Pablo Aluísio.

Deixa Rolar

Título no Brasil: Deixa Rolar
Título Original: Playing It Cool
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Voltage Pictures
Direção: Justin Reardon
Roteiro: Chris Shafer, Paul Vicknair
Elenco: Chris Evans, Michelle Monaghan, Topher Grace, Luke Wilson
  
Sinopse:
Chris Evans interpreta um roteirista de Los Angeles que é contratado para escrever um novo roteiro de mais uma comédia romântica de verão. O problema é que ele pessoalmente jamais acreditou no amor. Cínico e calejado por anos e anos de decepções amorosas, ele acredita que tudo isso, o romantismo e todos os sentimentos de paixão que o envolvem, não passam de bobagens criadas pela arte e a literatura ao longo dos séculos. Sua visão de mundo acaba mudando radicalmente quando ele conhece uma nova garota em uma evento de caridade na sua cidade. Uma mulher que não apenas pensa como ele, mas também tem seu modo de agir. Em pouco tempo o roteirista amargo e desiludido acaba se descobrindo completamente apaixonado por ela, para sua imensa surpresa!

Comentários:
Eis aqui uma comédia romântica que pretende criticar justamente as... comédias românticas! Contraditório não é mesmo? Pois bem, a premissa desse argumento é justamente dar voz aos mais céticos, aos que já desistiram de acreditar no chamado amor verdadeiro. Para essa gente tudo não passaria de uma enorme bobagem piegas. A verdade nua e crua seria a de que relacionamentos em geral não passariam de meros arranjos de comodidade para os envolvidos. Chris Evans parece bem à vontade em seu papel. Seu personagem tem a imaginação fértil, como convém a todo escritor e por essa razão grande parte de seus sentimentos e pensamentos acabam virando metáforas visuais na tela (como por exemplo a imagem que ele tem de seu próprio coração, como a de um velho detetive cínico dos anos 1940 que acende um cigarro atrás do outro, sempre com uma expressão de desilusão na face). O roteiro assim brinca o tempo todo com a imaginação de seu protagonista, ora o colocando em situações e narrativas contadas por terceiros, ora como um herói de animação (como quando seu velho avô resolve lhe contar a história de como conheceu e se apaixonou por sua avó). 

De maneira em geral há boas soluções narrativas (como a mudança ininterrupta de planos de sequências), mas a sensação que fica é a de que o filme, sendo bem sincero, não consegue escapar de ser no final das contas apenas mais uma comédia romântica como tantas outras. Para uma produção feita justamente para ser apenas mais uma, até que nem seria tão ruim, mas o problema é que "Playing It Cool" quer ser justamente a antítese disso tudo. Assim naufraga em suas próprias ambições. Se formos analisar bem o roteiro, ele não foge muito daquele velho esquema que mostra um sujeito desiludido e cético em relação ao amor que acaba nesse processo se apaixonando perdidamente por uma garota, indo atrás dela como um náufrago em busca de uma tábua de salvação. Se o seu roteiro fosse mais esperto, inovador e ousado o resultado geral certamente teria sido bem melhor. Do jeito que está é apenas mais uma historinha de amor batida, com um visual moderninho e nada muito além disso.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

O Estranho

Título no Brasil: O Estranho
Título Original: The Stranger
Ano de Produção: 2014
País: Chile
Estúdio: Sobras International Pictures
Direção: Guillermo Amoedo
Roteiro: Guillermo Amoedo
Elenco: Lorenza Izzo, Cristobal Tapia Montt, Ariel Levy
  
Sinopse:
Um sujeito errante resolve retornar para sua antiga cidade em busca de informações sobre o que teria acontecido com sua ex-esposa. Ele se considera uma pessoa doente e condenada por sua estranha condição. Evitando sempre o dia, ele vaga pelas noites completamente solitário. Depois que é espancada pelo filho de um policial numa praça pública começam a surgir coisas estranhas pelo meio do caminho. Mesmo esfaqueado e alvejado por armas de fogo nada parece colocar um fim em sua vida. Agora o estranho está decidido a se vingar de todos aqueles que o agrediram e espancaram.

Comentários:
Cansado da mesmice dos filmes americanos? Está procurando por uma nova abordagem do velho tema envolvendo vampiros? Pois bem, aqui está uma opção diferente. Esse filme de terror chileno procura trazer uma visão diferente do universo vampiresco. O protagonista é uma criatura da noite, um tipo de vampiro diferente. Ele não é intrinsecamente mau e nem está em busca de novas presas. Ao contrário disso é um sujeito perturbado que não consegue viver nessa sua nova condição. Mesmo procurando evitar confusão ele acaba sendo envolvido numa delas ao ser espancada por jovens valentões de rua que o confundem com um sem-teto. Os jovens o espancam violentamente e pensando que ele está morto decidem dar um fim em seu corpo. O que eles nem desconfiam é que estão lidando na verdade não com uma pessoa normal, mas sim com um vampiro que voltará para acertar contas com todos eles. Sua maior preocupação é evitar que seu sangue entre em contato com outras pessoas, pois em suas próprias palavras ele estaria contaminado e infectado por uma terrível doença. 

Ao contrário de outros vampiros de outras produções o personagem central desse filme não vê sua condição como algo que lhe dê poderes, mas sim como uma verdadeira maldição que ele precisa suportar a cada dia. Por essa razão não espere ver vampiros tradicionais ou moderninhos demais nesse filme, eles não usam capas e nem muito menos brilham ao sol. Por fora parecem mesmo pessoas comuns, como qualquer uma que passe ao seu lado na rua. Tampouco estão empenhados em passar adiante sua condição, muito pelo contrário, tudo se torna um fardo, algo quase impossível de se lidar. Os efeitos especiais e a maquiagem são os mais discretos possíveis. O enredo é bem desenvolvido e o resultado final agrada. O filme inclusive caiu nas graças do produtor e diretor americano Eli Roth (de "O Albergue", "O Último Exorcismo" e tantos outros filmes) que resolveu patrocinar o lançamento da produção nos Estados Unidos, onde ganhou elogios de certas publicações especializadas em terror. Assim deixamos a dica para você que considera que filmes sobre vampiros já estão esgotados. Há sempre uma nova visão tentando renovar esse tipo de tema. 

Pablo Aluísio.

Os Filmes Perdidos da II Guerra Mundial

Título no Brasil: Os Filmes Perdidos da II Guerra Mundial
Título Original: WWII in HD
Ano de Produção: 2009
País: Estados Unidos
Estúdio: History Channel, Lou Reda Productions
Direção: Frederic Lumiere
Roteiro: Frederic Lumiere
Elenco: Gary Sinise, Rob Lowe, Justin Bartha
  
Sinopse:
Documentário em seis episódios que conta as principais batalhas da II Guerra Mundial, através de registros reais capturados por cinegrafistas militares americanos, ingleses a franceses. Momentos cruciais do maior conflito da história são enfocados, entre eles o Dia D, quando tropas aliadas invadiram o norte da França dando origem a uma ofensiva inédita na história rumo à vitória contra as forças armadas alemãs. Premiado pela International Documentary Association, MovieGuide Awards e News & Documentary Emmy Awards.

Comentários:
Para quem gosta de história esse é um documentário excelente e isso não apenas por trazer um material maravilhoso de cenas reais, mas sim por trazer um inegável lado humano para tudo o que aconteceu. Pense bem, uma coisa é você tomar conhecimento dos números, das estatísticas e das baixas ocorridas durante a guerra. Outra coisa completamente diferente é ouvir sobre os acontecimentos contados diretamente dos lábios daqueles que conseguiram sobreviver. Quando isso acontece a fria matemática da guerra ganha um contorno completamente diferente. Além disso o ufanismo, tão comum em filmes de propaganda de guerra, é deixado de lado. Tomamos conhecimento, por exemplo, que a invasão do Dia D não foi apenas um êxito completo, mas sim uma batalha aguerrida e sangrenta onde muitas coisas não deram certo ou não saíram como foi inicialmente planejado. Os soldados americanos foram jogados em praias como Omaha sem o devido planejamento. Os foguetes lançados de navios não chegaram até as forças nazistas e o pior de tudo, o bombardeio promovido pela força aérea foi totalmente ineficaz, errando seus alvos por causa do mal tempo que assolava a região. A grande lição que fica de documentários como esse é a de que guerras são vencidas pela bravura e coragem do soldados anônimos do front e não apenas pelos generais que geralmente ganham toda a fama, isso muitas vezes à custa de muito sangue alheio. Uma lição de história que não pode ser esquecida.

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de agosto de 2015

Apocalipse

Título Original: Extinction
Título no Brasil:Apocalipse
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Espanha, França
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Miguel Ángel Vivas
Roteiro: Juan de Dios Garduño, Alberto Marini
Elenco: Matthew Fox, Jeffrey Donovan, Quinn McColgan, Valeria Vereau
  
Sinopse:
Em um futuro próximo a humanidade é desolada pela proliferação de um novo vírus mortal, desconhecido da ciência, que transforma todos os infectados em vampiros sedentos de sangue. No meio do caos um casal e seu amigo mais próximo conseguem sobreviver a um ataque que mata todos os passageiros de um ônibus. A mulher está grávida, o que torna tudo ainda mais desesperador. Após ter sua filha, a mãe não consegue escapar de um novo ataque. Só resta aos dois últimos sobreviventes levarem o pequeno bebê para um lugar isolado e seguro. Nove anos depois, eles que acreditavam terem sido os únicos que sobreviveram ao apocalipse, descobrem que definitivamente não estão mais sozinhos naquele mundo gelado e sem vida.

Comentários:
Quando se pensa que o universo dos vampiros no cinema já está completamente esgotado, sem novidades, eis que surge essa pequena produção que consegue surpreender. O enredo em sua forma simples é muito bem desenvolvido, principalmente por investir nos personagens. São três sobreviventes tentando levar em frente suas vidas em um mundo em ruínas, congelado e completamente desolado. São dois adultos e uma criança, uma garotinha de nove anos chamada Lu (interpretada pela excelente atriz mirim Quinn McColgan). Durante longos anos eles viveram isolados no que restou de uma cidadezinha americana perdida do meio oeste. Livre de ataques de vampiros eles começam a pensar, de forma equivocada, que não existem mais criaturas da noite. O frio intenso que se abateu sobre o planeta os leva a crer que eles foram extintos pelo clima hostil. Ledo engano. Depois que quase uma década isolados, Patrick (Matthew Fox) é atacado em um antigo supermercado abandonado. Esse é um novo tipo de vampiro, mais evoluído, embora trazendo traços que irão acabar ajudando os seres humanos que sobreviveram. São completamente cegos, com audição precária. Por outro lado deixaram completamente os vestígios humanos que um dia tiveram. 

Agora mais parecem bestas, predadores sanguinários, com garras e uma ferocidade fora do normal, que vagam sem rumo pelo mundo em busca do agora raro sangue humano. Definitivamente "Extinction" é uma grata surpresa nessa nova safra de filmes de terror. O curioso desse roteiro (que foi adaptado do livro escrito pelo espanhol Juan de Dios Garduño) é que ele busca elementos dos universos de outros monstros de terror (como a ideia do apocalipse zumbi) para mesclar com um mundo devastado por uma praga de vampiros insanos. Vamos convir que vampiros sempre foram bem mais interessantes que zumbis, não é mesmo? Há muito mais a explorar em relação a eles. A maquiagem é muito bem feita e o clima de suspense, principalmente na meia hora final, demonstra que a fita é acima da média. Afinal de contas existe algo mais amedrontador do que vampiros bestiais tentando entrar em sua casa pelas janelas e entre as paredes? Como há muitas perguntas sem respostas no meio do caminho e como o final deixa aberto uma porta para futuras sequências, é muito provável que desse filme venha a nascer uma nova franquia de terror, o que definitivamente não seria uma má ideia. Como é um bom filme, novas continuações seriam muito bem-vindas.

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de agosto de 2015

Homem-Formiga

Título no Brasil: Homem-Formiga
Título Original: Ant-Man
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Marvel Studios
Direção: Peyton Reed
Roteiro: Edgar Wright, Joe Cornish
Elenco: Paul Rudd, Michael Douglas, Corey Stoll, Evangeline Lilly, Michael Peña
  
Sinopse:
Depois de cumprir pena por furto, Scott Lang (Paul Rudd) finalmente ganha a liberdade. A vida fora da prisão porém não é fácil. Embora tenha um diploma de engenharia ele não consegue emprego justamente por causa de sua ficha suja. Sem alternativas e após ser demitido de uma lanchonete de fast food, Scott aceita a proposta de entrar na casa de um senhor rico que está de férias. Há um cofre no local e uma expectativa de que lá dentro exista muitas jóias e dinheiro. Após entrar na residência ele descobre para seu desapontamento que tudo o que existe dentro do tal cofre é uma velha roupa e um capacete bem estranho, algo que irá mudar sua vida para sempre, embora ele nem desconfie disso. Filme indicado ao Teen Choice Awards nas categorias de melhor ator (Paul Rudd) e melhor atriz (Evangeline Lilly).

Comentários:
Filmes adaptados dos personagens da Marvel Comics andam rendendo milhões todos os anos. Para aproveitar a onda de sucesso o estúdio está até mesmo trazendo à tona produções enfocando personagens mais secundários desse universo. Um deles é justamente esse Homem-Formiga que poucos conhecem, apesar de ter sido criado já há bastante tempo, mais especificadamente em 1962 por Stan Lee e Jack Kirby. Inicialmente o esquisito super-herói era apenas um membro pouco importante dos Vingadores, mas agora muito provavelmente com o lançamento desse filme venha a surgir um interesse renovado em suas aventuras. Devo confessar que praticamente não o conhecia, nem suas origens e nem muito menos suas principais características. Assim quando resolvi conferir no cinema foi como se estivesse sendo apresentado pela primeira vez ao personagem. No geral gostei do filme, ele tem um roteiro bem bolado, um protagonista simpático, um vilão com ótimo design e doses certas de bom humor espalhadas em praticamente todas as cenas e sequências. Esse é o tipo de filme que me lembrou bastante "Blade", não por se tratar de personagens semelhantes, mas sim porque sendo um herói de segundo escalão se abrem maiores oportunidades de o explorar de forma mais livre, sem as amarras que perseguem personagens de quadrinhos mais famosos como o Homem de Ferro ou Batman.

Como poucos o conhecem as chances de trazer coisas novas, inovando, é bem maior. O grande nome do elenco é obviamente o veterano Michael Douglas. Ele interpreta o cientista Dr. Hank Pym que aliás foi o primeiro Homem-Formiga dos quadrinhos, o original criado por Stan Lee. Aqui ele está envelhecido e desiludido com os rumos das pesquisas que podem diminuir em milhares de vezes o tamanho de seres, entre eles o homem. Nas mãos erradas tal invenção poderia causar o caos dentro da sociedade. Por isso ele resolve escalar o ex-presidiário Scott Lang para voltar a usar seu antigo uniforme. Paul Rudd dá vida a Scott e pela primeira vez em sua carreira tem a chance de estrelar um blockbuster. Sua escalação revelou ser certeira pois com o seu passado de comediante, Rudd acabou se saindo muito bem nas cenas mais engraçadas, com feeling de comédia. A direção foi entregue a Peyton Reed, especializado em comédias românticas. Embora nunca tivesse dirigido um filme de super-herói antes ele acabou também se saindo muito bem, trazendo uma bem-vinda leveza ao filme que o tornou ainda mais agradável. Então é isso, "Ant-Man" é divertido, simpático e bem humorado. Para um domingão no cinema com muita pipoca não poderia haver nada mais adequado. Assista sem receios e boa diversão.

Pablo Aluísio.

domingo, 26 de julho de 2015

Um Tira no Jardim de Infância

Arnold Schwarzenegger construiu sua carreira nos anos 80 com filmes de ação bem violentos e truculentos e de repente começou a querer ir por outros caminhos. Um exemplo é esse mais do que chatinho "Um Tira no Jardim de Infância". A comédia anterior do ator, "Irmãos Gêmeos", era realmente divertida e tinha boas cenas, bem boladas até. Além do mais fez sucesso suficiente para que Schwarzenegger se convencesse de que era uma comediante talentoso. Não era. A graça do filme anterior se baseava muito mais no baixinho Danny DeVito. Aqui o brutamontes resolveu segurar sozinho o humor ao lado de um bando de crianças - não deu muito certo. O roteiro, nada criativo ou inspirado, no fundo se desenvolvia apenas com uma única piada, a do sujeito durão e barra pesada que tinha que se virar para tomar conta da meninada. Haja paciência!

No filme Arnold Schwarzenegger interpreta o detetive John Kimbele. Ele é designado pelo departamento de polícia para proteger a esposa e o filho de um importante traficante de drogas internacional. Assim ele se disfarça de professor de jardim de infância para ficar mais perto do filho do criminoso mas isso vira um pesadelo pois ele precisa cuidar não apenas do garoto mas também das outras 40 crianças de sua sala de aula. Nem precisa dizer que Arnold Schwarzenegger está mais canastrão do que nunca. Numa cena em especial ele grita - de forma totalmente bizonha e mal feita - tentando mandar a gurizada calar a boca! Vergonha alheia completa. Felizmente "Um Tira no Jardim de Infância" não fez sucesso. Caso contrário o ator iria estrelar uma comédia sem graça atrás da outra. Definitivamente essa não era a praia dele.

Um Tira no Jardim de Infância (Kindergarten Cop, Estados Unidos,1990) Direção: Ivan Reitman / Roteiro: Ivan Reitman / Elenco: Arnold Schwarzenegger, Penelope Ann Miller, Pamela Reed, Linda Hunt, Carroll Baker, Richard Tyson / Sinopse: Policial durão (Schwarzenegger) se infiltra disfarçado de professor de jardim de infância para proteger o filho de uma importante rede de tráfico de drogas internacional.

Pablo Aluísio.

Firefox - A Raposa de Fogo

Título no Brasil: Firefox - A Raposa de Fogo
Título Original: Firefox
Ano de Produção: 1982
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Alex Lasker, Wendell Wellman
Elenco: Clint Eastwood, Freddie Jones, David Huffman

Sinopse: 
Clint Eastwood interpreta Mitchell Gant, um piloto que recebe um missão extremamente perigosa: entrar na União Soviética em plena guerra fria para roubar um super avião dos russos. A nova arma dos soviéticos é completamente inovadora, com controles neurais jamais vistos antes, uma nova tecnologia totalmente nova para as forças armadas americanas.

Comentários:
Ao longo de uma carreira longa e produtiva o ator, diretor e produtor Clint Eastwood raras vezes decepcionou seus fãs. Aqui não seria diferente. Co-produzido por sua companhia cinematográfica Malpaso (juntamente com a Warner) e dirigido pelo próprio Clint, "Firefox - A Raposa de Fogo" é certamente um dos bons momentos da filmografia de Eastwood. O filme tem ação, aventura e suspense em doses generosas. Seu jeito durão também cai como uma luva para seu papel. Poucas palavras e muita ação. É sem dúvida um bom entretenimento com belas e bem boladas cenas de combate aéreo, apesar de compreensivelmente alguns dos efeitos soarem datados hoje em dia. Mas vale a pena. Clint como sempre mantendo o bom nível de qualidade de seus filmes.

Pablo Aluísio.

sábado, 25 de julho de 2015

Jardins de Pedra

Depois do fim da Guerra do Vietnã os americanos procuraram exorcizar os traumas desse que foi seguramente o conflito mais desastroso de sua história recente. Assim o cinema acabou cumprindo de certa maneira essa função, usando a obra cinematográfica como terapia coletiva do desastre daquela nação. Muitos filmes foram realizados tendo como tema central o Vietnã, principalmente na década de 1980, período em que as melhores produções sobre o assunto foram realizadas. Em "Jardins de Pedra" o aclamado diretor Francis Ford Coppola procurou mudar o ponto de vista, o foco sobre o tema. Ao invés de mostrar o drama dos militares americanos no meio das selvas do sudeste asiático ele optou por mostrar o outro lado da guerra, a dos corpos de jovens americanos sendo enviados de volta para casa, para serem sepultados em cemitérios militares, com toda a pompa e cerimônia a que tinham direito. Esse é o enfoque desse roteiro que sempre considerei um dos mais criativos e reveladores sobre o conflito que ceifou muitas vidas, todas elas em vão, lamento dizer. Coppola, com muita sensibilidade, captou muito bem esse aspecto pouco visto e pouco lembrado de uma matança em grande escala como aquela.

Assim desfilam pela tela todos os dramas das famílias, dos entes queridos e também dos encarregados desses enterros. Afinal  imagine ter que trabalhar eternamente em luto, enterrando dezenas de seus companheiros de armas todos os dias, sem trégua ou descanso. É um excelente filme, mas não ousaria dizer que é uma obra fácil, para todos os gostos. Talvez por isso tenha fracassado comercialmente em seu lançamento. Para o público americano já era complicado lidar com a derrota americana no Vietnã, agora entenda como era bem pior ter que assistir o enterro dos seus soldados. É de fato um filme para um tipo de espectador mais refinado, específico. Sua grande lição é a de que em uma guerra estatísticas não podem ser encaradas como mera matemática, mas sim com humanidade, pois todos aqueles números representam na verdade pessoas que perderam suas vidas em combate.  

Jardins de Pedra (Gardens of Stone, Estados Unidos, 1987) Direção: Francis Ford Coppola / Roteiro: Nicholas Proffitt, Ronald Bass / Elenco: James Caan, Anjelica Huston, James Earl Jones, Dean Stockwell, Mary Stuart Masterson / Sinopse: O filme "Jardins de Pedra" conta a dura realidade de um grupo de militares norte-americanos durante a guerra do Vietnã. Eles tinham a função de enterrar os colegas mortos no campo de batalha.

Pablo Aluísio.

F/X: Assassinato sem Morte

Esse filme até que foi badaladinho no passado. E quando escrevo a palavra "passado" estou me referindo, claro, aos anos 80. O interessante é que seu enredo gira em torno de um especialista em efeitos especiais, só que como todos sabemos não existiam efeitos digitais naquela década, apenas efeitos analógicos. E talvez daí venha ainda o charme dessa franquia. Sim, franquia, pois apesar de seus resultados modestos (o filme chamou mais a atenção nas locadoras do que nos cinemas) houve uma continuação, algo que ninguém nem esperava.

O filme era estrelado pelo ator Bryan Brown, figura conhecida por causa de seus olhos esbugalhados. Outra boa presença no elenco veio com Brian Dennehy, de Rambo, um ótimo ator, completamente subestimado, especializado em interpretar vilões vis e malvadões. Enfim é isso. Uma boa lembrança de um bom filme, que nem fez muito sucesso, mas que de vez em quando ainda é lembrado por aí, em fóruns de cinéfilos pela net.

F/X: Assassinato sem Morte (F/X, Estados Unidos, 1986) Direção: Robert Mandel / Roteiro: Robert T. Megginson, Gregory Fleeman / Elenco: Bryan Brown, Brian Dennehy, Diane Venora / Sinopse: Um especialista em efeitos especiais de filmes é contratado para simular uma matança na vida real para um plano de proteção de testemunhas, mas encontra sua própria vida em perigo.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Treze Homens e um Novo Segredo

Título no Brasil: Treze Homens e um Novo Segredo
Título Original: Ocean's Thirteen
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Steven Soderbergh
Roteiro: Brian Koppelman, David Levien
Elenco: George Clooney, Brad Pitt, Matt Damon, Al Pacino, Andy Garcia, Casey Affleck

Sinopse:
O criminoso e ladrão sofisticado Danny Ocean (George Clooney) decide reunir seu velho bando para mais um roubo ousado e perigoso. O alvo agora é um novo e luxuoso Cassino. O plano é modificar o resultado das apostas, para que todos ganhem e levem à falência o novo empreendimento de jogos.

Comentários:
Esse foi o terceiro filme de uma franquia que havia começado lá atrás, com um remake de um antigo filme de Frank Sinatra. Os dois filmes anteriores renderem bem e por essa razão decidiram então levar esse enredo até o fim. Já estava tudo um tanto saturado, vamos convir. Olhando-se com maior atenção chega-se facilmente na conclusão que todos os roteiros são iguais, com pequenas e pontuais derivações, que não chegam a ser originais. Eu assisti esse filme no cinema, mas sem empolgação. Sabia de antemão que seria tudo do mesmo. George Clooney continuaria brincando com sua conhecida canastrice, haveria um roubo como pano de fundo e várias reviravoltas. Os roteiros já não conseguiam surpreender ninguém. Nem ao menos a presença de um elenco coadjuvante de luxo - com direito a Al Pacino - parecia empolgar ninguém. E de fato o filme comercialmente ficou pelo meio do caminho. Pena que um elenco tão bom e com tantos nomes famosos não tivessem um bom roteiro por trás para trabalhar. O ponto de vista que prevaleceu aqui foi o comercial, não o artístico. Não deu muito certo pensar assim. No final das contas o filme teve uma bilheteria fraca e acabou com a brincadeira. De bom mesmo apenas um ou outra cena mais bem editada. De resto era apenas uma tentativa de faturar mais uma vez com uma velha, antiga e desgastada fórmula de fazer cinema. Nada muito além disso.

Pablo Aluísio.

O Imbatível

Existem filmes que você assiste, mas que com o tempo acaba esquecendo que viu algum dia. Esse "O Imbatível" se encaixa bem nessa categoria, pelo menos no meu ponto de vista, partindo das minhas lembranças pessoais. Qual é a história que esse roteiro nos conta? Vamos para a sinopse oficial, traduzida diretamente para nossa língua materna. Diz a sinopse: "Quando o campeão dos pesos pesados ​​George "Iceman" Chambers aterrissa na prisão, o gângster que manda no lugar organiza uma luta de boxe com o atual campeão da prisão".

Então temos aqui um filme de prisão com toques de Rocky? Calma, não é bem assim. O filme não tem a triste melancolia dos filmes famosos do Sly. Na verdade é bem mais barra pesada, valorizando o lado animal do ser humano aprisionado entre grades de uma prisão. É um bom filme, valorizado por um elenco essencialmente negro, muito empenhado em atuar bem. Se você curte lutas de vida ou morte em ambientes limites, esse é o seu filme, meu caro.

O Imbatível (Undisputed, Estados Unidos, 2002) Direção: Walter Hill / Roteiro: David Giler, Walter Hill / Elenco: Wesley Snipes, Ving Rhames, Peter Falk, Michael Rooker / Sinopse: Dentro de uma prisão brutal, um campeão de boxe precisa mostrar sua coragem e sua capacidade de luta, fora e dentro dos ringues.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Para Wong Foo, Obrigada por Tudo! Julie Newmar

A primeira coisa que vem à mente de alguém que toma conhecimento do título desse filme pela primeira vez é se perguntar quem é afinal Julie Newmar? Ela era a atriz que interpretava a Mulher-Gato naquela série popular do Batman na TV americana durante os anos 60. E o que isso tem a ver com esse filme? Bom, tudo gira muito em cima de uma antiga foto, com dedicatória, assinada pela Julie Newmar. Por isso o filme tem esse título tão diferente (e não adianta culpar os tradutores brasileiros, pois o título original em inglês é justamente esse mesmo!). Sem dúvida algo impossível de se colocar nas marquises dos antigos cinemas do passado. Não haveria espaço e nem letras suficientes.  

Na divertida história três drag queens viajando pelo interior dos Estados Unidos vão parar em uma cidadezinha careta e conservadora do interior e uma vez lá decidem agitar o lugar. Claro que as semelhanças com a produção australiana "Priscilla, a Rainha do Deserto" ficam mais do que óbvias. De qualquer forma parte da graça do filme foi colocar três notórios machões de Hollywood como travestis. Assim temos o galã de musicais adolescentes Patrick Swayze todo maquiado e com longos vestidos femininos, o durão de filmes de ação Wesley Snipes usando sutiãs e o mais cômico John Leguizamo se divertindo como nunca como uma trans afetada. Enfim, divertido e inofensivo, essa produção celebra acima de tudo a alegria de viver da cultura LGBT.

Para Wong Foo, Obrigada por Tudo! Julie Newmar (To Wong Foo Thanks for Everything, Julie Newmar, Estados Unidos,1995) Direção: Beeban Kidron / Roteiro: Douglas Carter Beane / Elenco: Wesley Snipes, Patrick Swayze, John Leguizamo / Sinopse: Três drag queens agitam uma pequena cidadezinha do interior dos Estados Unidos. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de melhor ator (Patrick Swayze) e melhor ator coadjuvante (John Leguizamo).

Pablo Aluísio. 

Por Favor, Matem Minha Mulher

Um filme chamado "Por Favor, Matem Minha Mulher" jamais seria lançado nos dias de hoje. E nem tiro a razão de quem reclamaria, pois a violência contra a mulher é uma realidade e fazer humor em cima disso seria mesmo um tanto vulgar, um ponto além do razoável. Porém temos que levar em conta também que a intenção de Danny DeVito e do trio ZAZ (os diretores do filme) não era essa, em definitivo. O que eles queriam mesmo era tirar uma onda com certos filmes do passado, em especial algumas tramas que foram usadas em filmes do mestre Alfred Hitchcock. Vale a pena? Olha temos que admitir que envelheceu um bocado.

É fato que o que era engraçado nos anos 80 nem sempre será considerado divertido nos dias de hoje. Os tempos são outros, se passaram 40 anos! (nossa, como o tempo passa rápido!) e assim não há muita salvação para o humor dessa comédia. Curiosamente DeVito não parece ter se firmado como um nome viável para estrelar seus próprios filmes. Logo ele estaria de volta ao grande rol dos atores coadjuvantes. Nada muito além disso.

Por Favor, Matem Minha Mulher (Ruthless People, Estados Unidos, 1986) Direção: Jim Abrahams, David Zucker, Jerry Zucker / Roteiro: Dale Launer / Elenco: Danny DeVito, Bette Midler, Judge Reinhold / Sinopse: Baseado na peça "The Ransom of Red Chief", o filme conta a história de um marido que deseja de todas as formas se livrar de sua esposa, uma verdadeira megera!

Pablo Aluísio.

terça-feira, 21 de julho de 2015

James Dean

Título no Brasil: James Dean
Título Original: James Dean
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: TNT
Direção: Mark Rydell
Roteiro: Israel Horovitz
Elenco: James Franco, Michael Moriarty, Valentina Cervi

Sinopse: 
Tentativa de recriar na tela parte da vida do famoso ator e mito James Dean (1931 - 1955). Saído de uma pequena cidadezinha do meio oeste americano o jovem que sonhara um dia se tornar um ator acaba encontrando o sucesso na capital mundial do cinema, Hollywood, durante a década de 1950. Após realizar apenas três filmes encontrou tragicamente a morte numa estrada da Califórnia, virando dessa maneira um dos maiores mitos jovens da história dos Estados Unidos.

Comentários:
Desde que morreu precocemente e virou mito da sétima arte tentam reconstruir em um filme a história do ator James Dean. Infelizmente tal como aconteceu com Elvis todas as tentativas falharam de uma forma ou outra. Esse "James Dean" foi um telefilme produzido pelo canal TNT nos EUA que tentou celebrar Dean na data de aniversário de sua morte. Não deu muito certo. Nem James Franco parece convencer como o eterno ídolo rebelde e nem tampouco sua história é levada de forma adequado para o espectador. Dean tinha uma forma bem peculiar de se comportar mas Franco não consegue mesmo convencer (apesar de em certos momentos ficar fisicamente bem parecido com Dean). Seus cacoetes e forma de agir, andar e falar logo desandam para a mais grotesca caricatura. Além disso incomoda muito a forma pouco ousada que o roteiro trata a biografia de Dean. Os roteiristas certamente confundiram os personagens que ele interpretou na tela em seus filmes com a sua própria personalidade, da vida real. Também houve uma tentativa pouco discreta de varrer para debaixo do tapete as nada convencionais escolhas de Dean no que se refere aos seus relacionamentos sexuais. Nada de mostrar ou explorar o lado mais bissexual do astro. Enfim, tudo realmente deixa a desejar. Só serve mesmo para deixar ainda mais saudosos os fãs do astro imortal.

Pablo Aluísio.

Demônios de Alcatraz

Eu fui ao cinema assistir a esse filme e ao mesmo tempo nunca o assisti completamente. Explico. Nessa época - estamos falando em 1987, 88, por aí - eu era um jovem estudante Marista que ia bastante aos cinemas com amigos do colégio. E quando o filme era ruim (ei, esse foi o caso) as brincadeiras e algazarras saíam um pouco do controle. Assim eu e meus antigos amigos acabamos sendo expulsos do cinema Municipal da minha cidade! Bons tempos, a vida era pura diversão mesmo!

Hoje em dia revendo a ficha técnica desse filme curiosamente classificado como uma "comédia de horror" pude verificar que se tratava na verdade de um filme B sem maior relevância. Diria que em minhas lembranças mais antigas ele soava mesmo como um filme Z, de baixa qualidade. Não foi à toa que zoamos muito dentro do cinema. Por fim, deixo uma pergunta sem respostas... como um filme tão ruim como esse conseguiu ser exibido por uma semana no melhor cinema da minha cidade? Eu não tenho a menor ideia...

Demônios de Alcatraz (Slaughterhouse Rock, Estados Unidos, 1987) Direção; Dimitri Logothetis / Roteiro: Dimitri Logothetis / Elenco: Toni Basil, Nicholas Celozzi / Sinopse: Um homem com claros problemas mentais começa a ter alucinações envolvendo a desativada prisão de Alcatraz. E quando chega no lugar para uma viista enlouquece completamente.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Jean Charles

Título no Brasil: Jean Charles
Título Original: Jean Charles
Ano de Produção: 2009
País: Brasil
Estúdio: Imagem Filmes
Direção: Henrique Goldman
Roteiro: Henrique Goldman, Marcelo Starobinas
Elenco: Selton Mello, Ewan Ross, Daniel de Oliveira, Marek Oravec

Sinopse: 
Baseado em fatos reais o filme mostra a triste história de Jean Charles (Selton Mello), brasileiro que morava em Londres e que foi morto de forma brutal e cruel pela polícia inglesa ao ser confundido com um terrorista no metrô da capital britânica.

Comentários:
O filme que conta a história do brasileiro morto em Londres após ser confundido com um terrorista. Selton Melo como sempre muito bem, dessa vez acompanhado de vários atores amadores (alguns deles pessoas que viveram mesmo ao lado do Jean Charler real, como sua prima no papel dela mesma). Bom filme, apesar de apresentar um roteiro simples, sem grandes inovações. A bem da verdade o que temos aqui é mais uma história triste envolvendo brasileiros no exterior. Pessoas que sem muitas oportunidades em nosso país decidem ir para os chamados países de primeiro mundo. O problema central é que por pior que seja o Brasil o fato inegável é que todos que decidem mudar tão radicalmente assim de vida acabam virando cidadãos de segunda classe nessas nações ditas desenvolvidas (isso quando conseguem a cidadania estrangeira e não viram simplesmente imigrantes ilegais). O Brasil é um país cheio de contrastes e injustiças? Certamente sim, mas até que ponto ir para outro país vai mudar essa situação? Enfim, recomendo para quem acha que apenas a justiça brasileira não funciona ou que apenas nossos policiais são brutais e despreparados. Na altamente civilizada Inglaterra também é assim! Pasmem...

Pablo Aluísio.

O Auto da Compadecida

Título no Brasil: O Auto da Compadecida
Título Original: O Auto da Compadecida
Ano de Produção: 2000                        
País: Brasil
Estúdio: Globo Filmes
Direção: Guel Arraes
Roteiro: Guel Arraes, Adriana Falcão, baseados na obra de Ariano Suassuna
Elenco: Matheus Nachtergaele, Selton Mello, Rogério Cardoso, Denise Fraga, Diogo Vilela, Marco Nanini, Lima Duarte, Fernanda Montenegro 

Sinopse: 
João Grilo (Matheus Nachtergaele) e Chicó (Selton Mello) se envolvem em muitas confusões no interior do nordeste brasileiro quando tentam convencer o Padre João (Rogério Cardoso) a participar do enterro de uma cachorrinha. Some-se a isso ataque de cangaceiros e maridos ciumentos e você terá um belo retrato da cultura popular do nosso país. 

Comentários:
Eu considero Ariano Suassuna um dos grandes gênios das nossas letras. É isso não é uma frase vazia. A genialidade desse autor consistiu em tentar preservar a cultura popular, mais especificadamente nordestina, para acima de tudo mostrar seu valor. "O Auto da Compadecida" é até hoje considerada sua obra prima. O enredo de realismo fantástico mescla com grande talento e brilhantismo personagens reais, literatura de cordel e folclore. No meio de tudo surge o humor, muito bem escrito e interpretado pelos talentosos Matheus Nachtergaele e Selton Mello. A estória foi adaptada por Ariano a partir de um antigo cordel de feira que chegou em suas mãos quando era ainda muito jovem. Era um engraçado enredo onde um homem popular do nordeste tentava enterrar sua cachorrinha com tudo o que ela tinha direito, até com a presença de um padre na hora do funeral. Suassuna adaptou esse conto popular e inseriu no meio de tudo dois personagens reais que conheceu em sua infância no interior nordestino, os matutos picarescos João Grilo e Chicó. Curiosamente os Trapalhões já tinham realizado uma adaptação do "O Auto da Compadecida" alguns anos antes mas nada se compara a esse excelente trabalho de Guel Arraes. Um momento de orgulho para o cinema brasileiro.

Pablo Aluísio.

domingo, 19 de julho de 2015

Casanova

Sinceramente falando não consegui gostar da proposta desse filme "Casanova". Como o próprio título já deixa claro, o roteiro mostra aspectos da vida do famoso conquistador Giacomo Casanova (1725 - 1798), lendário amante italiano que se tornou imortal por causa da extensa bibliografia que foi escrita sobre sua vida ao longo de anos e anos. O problema básico dessa nova versão foi a sempre lamentável tentativa de se mudar um homem que viveu no século XVIII para os valores atuais. Essa modernização acabou descaracterizando todo o personagem. Não que o ator Heath Ledger não fosse talentoso, muito longe disso, apenas não era o papel adequado a ele naquele momento de sua carreira. Ledger não se adaptou bem, não demonstrando ter qualquer tipo de ligação com os modos e a forma de ser de uma pessoa que viveu naquela época.

Ao invés disso passa a sensação constrangedora de que é apenas um australiano do século XX vestindo roupas de época, como se fossem meras fantasias, enquanto tenta criar algum processo de identificação com sua pífia atuação. Pior é o uso inadequado de uma direção de arte bonita, mas imprópria para os objetivos do filme. Assim acabaram matando o próprio legado de Casanova, um sujeito amoral e dado a conquistas vazias, tudo para satisfazer seu ego faminto. Nesse roteiro o lado mau caráter de Giacomo foi varrido para debaixo do tapete, surgindo no lugar um dândi romântico bonzinho, tipicamente de romances do século XIX, algo que o verdadeiro Casanova jamais foi. Erraram tudo por um século de diferença! Em suma, misturaram escolas literárias e épocas diversas, confundindo a essência de personagens de obras da literatura bem diferentes entre si. Diante de tantos erros o filme realmente não teve salvação.

Casanova (Casanova, Estados Unidos, 2005) Direção: Lasse Hallström / Roteiro: Jeffrey Hatcher, Kimberly Simi / Elenco: Heath Ledger, Sienna Miller, Jeremy Irons, Lena Olin / Sinopse: O filme conta a história do conquistador Casanova, mas sob um viés moderno e progressista.

Pablo Aluísio.

Caminhando com Dinossauros

Título no Brasil: Caminhando com Dinossauros
Título Original: Walking with Dinosaurs 3D
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos, Inglaterra, Índia
Estúdio: BBC Earth, BBC Worldwide
Direção: Barry Cook, Neil Nightingale
Roteiro: John Collee
Elenco: Charlie Rowe, Karl Urban, Angourie Rice

Sinopse:
Durante um passeio pelo interior do país, dois adolescentes, ao lado de seu tio paleontólogo, vão reconstruindo a história de algumas espécies de dinossauros cujos fósseis foram encontrados. Assim o espectador é levado até o período cenozóico da Terra onde conhece o pequeno Patchi, um dinossauro recém nascido que enfrentará ao longo de sua vida diversos desafios em busca de sua sobrevivência.

Comentários:
A proposta me pareceu bem original. A intenção de ensinar e educar sobre Paleontologia de uma forma divertida e leve me soou bem criativa. A ideia é justamente essa! Ao acompanharmos a vida de um pequeno Patchi até sua idade adulta vamos aprendendo também sobre a era em que os grandes dinossauros reinaram em nosso planeta. Sempre que surge uma nova espécie na tela pequenos comentários são inseridos, esclarecendo o nome do dino, o significado da expressão que lhe denomina e o tipo de dinossauro que era (herbívoro ou carnívoro). Os personagens principais são carismáticos e o enredo ainda ensina bons valores para a criançada como o valor da família - a segurança do grupo, da manada - e a persistência em continuar em frente, enfrentando os desafios da vida. De quebra ainda mostra a grandeza dos bons sentimentos. Os animais não são falantes - eles não mexem a boca quando falam, por exemplo - mas ao invés disso há narrações em off em primeiro pessoa, levando ao espectador os pensamentos e sentimentos dos animais pré-históricos. Nesse ponto gostei dos diálogos espirituosos e cheios de bom humor. Certamente foram escritos assim para que o público mais jovem - crianças e adolescentes em especial - pudessem se identifiquem melhor com os dinossauros. Quando vi que a BBC estava envolvida logo presumi que a produção não era apenas diversão e entretenimento mas que trazia também uma proposta educativa - e foi justamente isso que encontrei. Uma animação simpática, leve, muito bem realizada e instrutiva. Leve seus filhos para conhecer. A ciência nem sempre é chata ou enfadonha como muitos podem pensar. Vale a pena.

Pablo Aluísio.

sábado, 18 de julho de 2015

Peggy Sue, Seu Passado a Espera

Definitivamente nunca gostei de "Peggy Sue", o que não deixa de ser algo surpreendente. Não é segredo para absolutamente ninguém que eu sempre gostei muito dos anos 1950. A cultura, tanto do ponto de vista musical como cinematográfica, sempre me agradou muito. Assim é de se admirar que eu realmente não tenha apreciado esse filme nostálgico sobre uma mulher que descobre que sua vida definitivamente não tomou o rumo certo. Frustrada e deprimida, ela acaba desejando voltar ao passado, em plenos anos 50, para consertar todos os seus erros. Então sem muita explicação lógica lá está a personagem de Kathleen Turner de volta aos anos de colégio, aos primeiros amores e passos na vida. A diferença agora é que ela tem uma mente de uma mulher madura e calejada pelas experiências vividas e assim começa a mudar tudo, pensando em finalmente ter um destino melhor para seu futuro. As coisas parecem no lugar nesse filme assinado pelo mestre Francis Ford Coppola, um dos meus diretores preferidos.

O problema é que o enredo nunca se encaixa direito. De fato é necessário uma dose fora do normal de cumplicidade para curtir o filme em seu proposta principal. Quando a volta ao passado é jogada assim na cara do espectador, sem nenhuma explicação melhor, as coisas realmente ficam comprometidas. Se você não comprar a ideia do roteiro nos primeiros 20 minutos tudo vai acabar indo por água abaixo. Muito provavelmente é o que aconteceu no meu caso. Apesar de ser um fã da cultura vintage não consegui absorver a proposta (ou falta dela) de um roteiro que soa muitas vezes muito forçado e sem sentido. A direção de arte é bonita, a trilha sonora é recheada de grandes clássicos e Kathleen Turner está deslumbrante com seu figurino nostálgico. Nem tudo isso porém salva o filme de si mesmo. Uma grande pena. Faltou realmente uma dose maior de imaginação de seus roteiristas.  

Peggy Sue, Seu Passado a Espera (Peggy Sue Got Married, Estados Unidos, 1986) Direção: Francis Ford Coppola / Roteiro: Jerry Leichtling, Arlene Sarner / Elenco: Kathleen Turner, Nicolas Cage, Barry Miller / Sinopse: Uma mulher olha para o passado e deseja reviver seus anos de juventude para consertar algumas coisas! Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Kathleen Turner), Melhor Fotografia (Jordan Cronenweth) e Melhor Figurino (Theadora Van Runkle). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical e Melhor Atriz (Kathleen Turner).

Pablo Aluísio.

Gatinhas e Gatões

Falar sobre comédias adolescentes dos anos 80 sem falar em John Hughes é simplesmente impossível. Quando ele morreu (precocemente) em 2009 os fãs de cinema que cresceram naquela época tiveram um grande choque,  já que poucos cineastas conseguiram captar os anseios, os dramas e os pensamentos dos jovens como ele. Infelizmente como acontece com muitos artistas John Hughes não foi devidamente reconhecido em vida. Seus filmes faziam bastante sucesso e eram adorados pelo público mas a crítica, sempre esnobe e com o nariz levantado, fazia pouco de sua obra. Azar o deles. Quem cresceu assistindo aos deliciosos filmes de Hughes nos cinemas durante os anos 80 jamais vai esquecer seu toque genial quando lidava com aquela época tão turbulenta na vida de todos nós, a adolescência. O curioso é que embora seja hoje tão lembrado pelos cinéfilos o fato é que Hughes dirigiu apenas nove filmes em toda a sua carreira! Alguns deles se tornaram verdadeiros clássicos oitentistas como por exemplo o eternamente cultuado "Curtindo a Vida Adoidado" e "Clube dos Cinco", o mais bem escrito de sua curta filmografia.

A estréia do diretor no cinema foi justamente nesse "Gatinhas e Gatões" de 1984. Esse fiz questão de rever recentemente. Ao terminar a exibição fica óbvio para o espectador mais atento que todos os ingredientes que tornaram os filmes de Hughes tão queridos ao longo dos anos já se encontravam aqui. A começar pelo elenco, liderado pela atriz teen Molly Ringwald, a grande musa do diretor. A primeira cena já mostra as intenções de Hughes em discutir temas sérios de uma forma bem mais leve, nada pesado, bem longe do dramalhão. Molly que interpretava a personagem chamada Samantha Baker acorda no dia de seu aniversário de 16 anos e descobre para sua tristeza que ninguém liga para a data. Ninguém lembra que é o aniversário dela! Já imaginou o drama para uma adolescente passar por isso. Se a vida familiar é complicada a escola nem se fala. Ela tem uma paixão platônica (muito comum nessa idade) pelo cara mais bonito da escola mas ele nem sabe que ela existe! Impossível não se identificar não é mesmo? Para piorar um nerd (Anthony Michael Hall, hilário) fica pegando no pé dela! Assim Hughes junta em uma só trama relativamente simples todos os típicos problemas da idade de uma adolescente comum. Não é para menos que essas fitas eram sucessos tanto de bilheteria como de locações depois no mercado de vídeo. Eram comédias adolescentes certamente, mas que tocavam em pontos importantes para quem era jovem e estava vivendo aquilo em sua vida pessoal. John Hughes era realmente genial, pena que as pessoas em geral só entenderam a falta que ele faz no cinema depois de sua morte. De qualquer modo nunca é tarde para recordar...

Gatinhas e Gatões (Sixteen Candles, Estados Unidos, 1984) Direção: John Hughes / Roteiro: John Hughes / Elenco: Molly Ringwald, Anthony Michael Hall, Justin Henry / Sinopse: O filme narra os anseios, paixões e dramas na vida de uma adolescente de 16 anos no dia de seu aniversário.

Pablo Aluísio.