quinta-feira, 6 de junho de 2013

Inimigo Meu

Uma pequena obra prima da ficção cientifica da década de 80. Assim podemos definir esse “Inimigo Meu” que marcou bastante, tanto que até hoje é relembrado com muito carinho pelo público. O enredo em si é bem simples mas maravilhosamente desenvolvido. Após uma batalha feroz dois astronautas combatentes caem em um planeta inóspito. Se trata de um humano, Willis Davidge (Dennis Quaid) e um alienígena, Jeriba 'Jerry' Shigan (Louis Gossett Jr). Como são inimigos inicialmente tentam prejudicar um ao outro ao máximo. A intenção é obviamente liquidar o inimigo no solo, uma vez que isso não foi possível no ar. O problema é que ambos estão isolados naquele local, sem nenhuma perspectiva de serem resgatados. Para todos os efeitos são dados como mortos. Os anos passam e de repente eles se dão conta que a sobrevivência depende do apoio mutuo, da colaboração entre eles. Assim começam a se ajudar em pequenas coisas até que se tornam grandes amigos, confidentes e até mesmo irmãos.

“Inimigo Meu” tem um dos melhores roteiros já feitos no mundo da ficção. Essa afirmação pode até mesmo soar um pouco fora de propósito para alguns mas se formos analisar bem a mensagem do filme é simplesmente sublime e maravilhosa. De certa forma é uma alegoria até mesmo sobre o que acontecia no mundo naquela época. Em meados dos anos 80 a guerra fria ainda era uma realidade. Vivia-se eternamente no medo de ocorrer uma guerra nuclear entre União Soviética e Estados Unidos, numa bipolaridade de nações armadas e prontas para o conflito. “Inimigo Meu” colocava assim dois inimigos que vivem em um planeta isolado mas que precisam deixar essa disputa de lado para sobreviver. Entendeu a metáfora? Simplesmente genial. Assim como os personagens do filme, EUA e URSS tinham que aprender a conviver juntos, se ajudarem, para sobreviver mutuamente. O filme em análise é isso, um grande manifesto pela paz e pela solidariedade de todos, independentemente de onde você veio ou de que lado está. “Inimigo Meu” é sem dúvida um dos mais inteligentes argumentos já filmados no cinema americano.

Inimigo Meu (Enemy Mine, Estados Unidos, 1985) Direção: Wolfgang Petersen / Roteiro: Barry Longyear, Edward Khmara / Elenco: Dennis Quaid, Louis Gossett Jr., Brion James / Sinopse: Em um planeta distante e inóspito dois combatentes aprendem que para sobreviver naquela ambiente hostil terão que ajudar um ao outro. Nasce assim um grande laço de amizade e solidariedade entre quem supostamente deveria se comportar como um inimigo.

Pablo Aluísio.

O Especialista

A idéia era boa, reunir Sylvester Stallone e Sharon Stone em um filme de ação que não deixasse também a sensualidade de lado. Stallone estava desesperado por um grande sucesso de bilheteria afinal causar impacto nos cinemas com seus filmes já não era algo tão fácil como nos anos 80. Alguns projetos equivocados, outros mal sucedidos, acabaram nublando o status de grande astro do ator. Infelizmente o roteiro não trazia grandes novidades. Aqui o ator interpretava o personagem Ray Quick, um ex-perito em explosivos da agência de inteligência americana. Após uma operação mal sucedida ele resolvera abandonar tudo, se aposentando precocemente nas areias das praias de Miami. Sua vida sossegada chega ao fim quando May Munro (Sharon Stone) vem lhe pedir ajuda numa missão de captura e vingança contra uma poderosa família do crime organizado comandada por Joe Leon (Rod Steiger) e seu filho Tomas (Eric Roberts).

Eles tinham sido responsáveis pela morte dos pais de May e ela agora sente que tem a oportunidade ideal para saciar sua sede de justiça. Outro personagem interessante na trama é Ned Trent (James Woods), também egresso das fileiras da CIA (onde trabalhou ao lado do personagem de Stallone) mas que agora se tornou membro da quadrilha da poderosa máfia local. “O Especialista” desperdiça bons atores como James Woods e Rod Steiger em papéis convencionais demais. A direção é burocrática, jamais ousando, nunca saindo do feijão com arroz dos filmes de ação da época, tudo obviamente seguindo a fórmula dos action movies da década de 80 por causa da presença de Stallone, o que de certa forma prejudicou o resultado. No final o interesse é todo desviado para o casal Stallone / Stone. Eles fazem tudo para elevar o nível de sensualidade do enredo mas o resultado se mostra bem morno. Sharon Stone estava lindíssima mas seu trabalho como atriz nesse filme é abaixo da média. Hoje em dia vale como curiosidade muito embora tenha envelhecido bastante em sua proposta.

O Especialista (The Specialist, Estados Unidos, 1994) Direção: Luis Llosa / Roteiro: John Shirley, Alexandra Seros / Elenco: Sylvester Stallone, Sharon Stone, James Woods, Rod Steiger, Eric Roberts / Sinopse: May Munro (Sharon Stone) tenta se vingar da morte de seus pais e para isso conta com a ajuda de um especialista em explosivos que havia trabalhado para a CIA, Ray Quick (Sylvester Stallone).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Indiana Jones e o Templo da Perdição

É curioso que Steven Spielberg tenha dado continuação ao seu grande sucesso de bilheteria “Caçadores da Arca Perdida”. Por essa época o cineasta não via com bons olhos seqüências de filmes de sucesso, tanto que chegou a declarar que odiava a idéia de um bom filme virar uma espécie de “franquia comercial” no cinema. Obviamente a raiva de Spielberg tinha endereço certo: as várias continuações (todas bem ruins) que o estúdio havia feito de “Tubarão”, um filme que Spielberg considerava sua obra prima, com roteiro fechado em si, sem possibilidade de se levar em frente. Claro que anos depois ele próprio mudaria de opinião e daria origem a muitas franquias com seu nome, principalmente como produtor executivo, mas por essa época o diretor ainda poderia ser considerado um purista e idealista da sétima arte (quando se tornou dono de estúdio Spielberg jogou fora tudo o que havia dito nesses anos). Pois bem, talvez por pressão do estúdio ou de seu amigo George Lucas o fato é que ele voltou para realizar a primeira seqüência de sua carreira: “Indiana Jones e o Templo da Perdição”. O arqueólogo mais famoso da história do cinema estava de volta às telas.

Assim que o filme chegou aos cinemas recebeu uma saraivada de críticas, pois os especialistas o consideraram violento demais para um público infanto-juvenil. Alguns anos atrás George Lucas reconheceu isso, de que a fita era realmente sangrenta além do que seria razoável. Atribuiu isso a problemas pessoais pelos quais passava enquanto escrevia a estória do filme. Segundo Lucas ele estava se divorciando de sua primeira esposa que estava levando quase tudo o que ele havia conquistado em anos e anos de trabalho e essa situação frustrante se refletiu em seu trabalho. Lucas escreveu cenas violentas, de cultos primitivos, onde pessoas tinham seu coração arrancado do peito, ainda batendo. “Era uma metáfora do que eu mesmo sentia” – explicou depois. Revisto hoje em dia “Indiana Jones e o Templo da Perdição” ainda se mostra uma boa película, com doses certas de ação e aventura, inclusive com cenas que se tornaram das mais lembradas da série mas em termos de comparação se torna bem inferior ao filme seguinte, “Indiana Jones e a Última Cruzada”. E de fato é bem violento, principalmente nas cenas de sacrifícios humanos, uma violência gratuita desnecessária. Analisando bem esse filme só não consegue ser pior do que “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal” que é realmente péssimo. Também seria demais, convenhamos.

Indiana Jones e o Templo da Perdição (Indiana Jones and the Temple of Doom, Estados Unidos, 1984) Direção:  Steven Spielberg / Roteiro: George Lucas, Willard Huyck, Gloria Katz / Elenco: Harrison Ford, Kate Capshaw, Jonathan Ke Quan / Sinopse: O arqueólogo Indiana Jones (Harrison Ford) vai até a índia em busca de uma mitológica pedra preciosa. Lá acaba se envolvendo em uma série de aventuras em palácios e lugares exóticos e misteriosos. Indicado ao Oscar de Melhor Trilha Sonora. Vencedor do Oscar de Melhores Efeitos Especiais.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Um Divã Para Dois

Após 30 anos de casamento a rotina, a monotonia e o marasmo se abatem sobre um casal comum. Todos os dias Arnold (Tommy Lee Jones) acorda, toma seu café da manhã, lê o jornal e vai para o trabalho. Na volta assiste ao seu programa favorito de esporte e vai dormir – em um quarto separado da esposa. No dia seguinte a mesma rotina, tudo igual, sem qualquer mudança. Kay (Meryl Streep), a esposa, começa a se sentir profundamente infeliz nessa rotina sem brilho, chata e desgastante. A paixão parece enterrada e para piorar o sexo inexiste. Há quatro anos eles não tem mais nenhuma vida intima. Desesperada ela resolve procurar por ajuda para salvar seu casamento e encontra o que procurava em um livro escrito por um especialista em terapia de casais. O autor, o Dr Feld (Steve Carell em personagem não humorístico), promete aparar as arestas para trazer a felicidade novamente ao leito conjugal. Para isso oferece em sua cidade natal no Maine uma terapia intensiva de casais. Inicialmente Kay tenta convencer seu marido a ir com ela até lá para o tratamento mas esse se recusa totalmente, até que no último minuto cede e segue viagem ao lado da esposa para tentar entender o que se passa em seu relacionamento de tantos anos.

A terapia começa e marido e mulher finalmente colocam todos os problemas em panos limpos numa série de sessões com o famoso terapeuta. Começa assim esse interessante filme chamado “Um Divã Para Dois”. Um roteiro muito inteligente, sensível, que mostra os perigos que rondam uma união que cai na rotina, na comodidade de uma vida no controle remoto. Esse tipo de argumento poderia facilmente cair na chatice se não fosse pelo inspirado casal central. Meryl Streep está ótima como uma esposa submissa, até tímida, mas que não consegue mais suportar a infelicidade de seu casamento. Já Tommy Lee Jones está perfeito no papel do rabugento e mal humorado marido que definitivamente não entende os anseios da esposa já que considera seu casamento igual a muitos outros, com filhos criados e três décadas de relacionamento. Para ele os altos e baixos são normais e o sexo acaba se tornando mesmo um mero detalhe depois de muitos anos juntos. Esse é o tipo de filme que deve ser recomendado para pessoas que estejam na mesma faixa etária do casal retratado no roteiro. Certamente em um ou outro aspecto se tornará familiar a esse público. Afinal de contas administrar um relacionamento por tantos anos pode ser bem mais complicado do que se pensa. No mais a grande conclusão dessa estória é bem mais simples de entender: procure valorizar sua companheira, entenda suas necessidades e desejos, antes que seja tarde demais.

Um Divã Para Dois (Hope Springs, Estados Unidos, 2012) Direção: David Frankel / Roteiro: Vanessa Taylor / Elenco: Meryl Streep, Tommy Lee Jones, Steve Carell, Jean Smart / Sinopse: Casal em crise após décadas de casamento resolve ir até o Maine para participar de uma terapia de casais. A intenção é entender o que anda errado no relacionamento para salvar o casamento de tantos anos.

Pablo Aluísio.

Desejos

Produção requintada que reuniu mais uma vez dois dos grandes símbolos sexuais do cinema nas décadas de 80 e 90: Richard Gere e Kim Basinger. Eles já tinham atuado juntos antes em “Sem Perdão” (No Mercy, 1986) um filme muito mal sucedido que não agradou a ninguém, nem ao público e nem à crítica. Era o momento errado uma vez que a carreira de Gere estava em sua pior fase, em uma época em que nenhuma produção que contasse com ele no elenco conseguia fazer sucesso. Em “Desejos” Gere já estava reconciliado com o êxito comercial. “Uma Linda Mulher” levantou de vez a carreira do astro que assumindo seus cabelos grisalhos estrelou um sucesso atrás do outro. Já Kim Basinger procurava por algo diferente, uma vez que seu papel em “Nove Semanas e Meia de Amor” havia marcado tanto sua carreira que ela não conseguia mais nenhum tipo de oferta que não fosse a de interpretar loiras sensuais e ousadas. O roteiro de “Desejos” vinha bem a calhar pois era bem diferente daquele tipo de personagem.

O enredo se passa em San Francisco. É lá que vive um renomado psiquiatra, o Dr. Isaac Barr (Richard Gere). Violando todos os códigos de ética da profissão ele acaba atravessando uma linha que jamais poderia ser desrespeitada na relação com seus pacientes. Em determinado momento ele começa a se envolver com assuntos privados de uma de suas clientes. Ela tem uma irmã que é casada com um homem violento e hostil, membro de uma quadrilha de bandidos. O médico acaba se apaixonando por ela e deseja que se separe o mais rápido possível. O problema é que nem tudo é o que aparenta ser. Após a morte do marido violento o médico começa a ser considerado como suspeito do crime, entrando em uma rede de assassinatos e mentiras do qual não consegue mais se desvencilhar. “Desejos” sofreu algumas pesadas críticas em seu lançamento pois alguns críticos acharam o filme pretensioso demais. Comparações com “Um Corpo Que Cai” foram feitas e a produção foi desacreditada. Bobagem, considero certamente um bom filme, com roteiro inteligente e clima de enredo sofisticado. Gere e Basinger estão bem em seus papéis e a direção segura de Phil Joanou mantém o interesse do espectador. Um filme que anda esquecido mas que merece ser redescoberto. Um bom momento na carreira de Richard Gere.

Desejos (Final Analysis, Estados Unidos, 1992) Direção: Phil Joanou / Roteiro: Robert Berger, Wesley Strick / Elenco: Richard Gere, Kim Basinger, Uma Thurman,  Eric Roberts / Sinopse: Médico conceituado acaba se vendo envolvido numa rede de crimes e mentiras após se envolver com a irmã de uma de suas pacientes.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 3 de junho de 2013

A Jóia do Nilo

Já que “Tudo Por Uma Esmeralda” se tornou um grande sucesso de bilheteria sua continuação viria mais cedo ou mais tarde, era apenas uma questão de tempo. Afinal de contas em Hollywood nada se desperdiça, até filmes que não dão margem a seqüências acabam ganhando novas produções, tudo obviamente em busca de gordas bilheterias. Michael Douglas não queria voltar ao personagem do aventureiro cínico Jack T. Colton. Em entrevistas na época o ator explicou que fazer o primeiro filme tinha sido muito divertido mas que aquilo certamente não era bem o caminho que ele queria seguir como intérprete sério. De fato Douglas estava obcecado em ganhar um Oscar para ser finalmente reconhecido dentro da indústria não apenas como um astro de sucesso mas também como um profissional respeitado no meio. Era óbvio que ele não chegaria nesse status interpretando personagens como Jack T. Colton, um “Indiana Jones” mais ácido e falastrão.

O estúdio porém não desistiu. As ofertas continuaram a chegar na mesa de Michael Douglas até o ponto em que a proposta, segundo as próprias palavras do ator “se tornou indecente”. O cachê era milionário! Com todo aquele dinheiro sobre a mesa Michael Douglas finalmente disse sim ao projeto. Também ganhou partes na bilheteria, caso o filme se tornasse um novo sucesso. De certa forma esse “A Jóia do Nilo” faz parte daquele tipo de continuação que conhecemos bem, ou seja, é um filme feito para ser igual ao primeiro, com mudanças pontuais aqui e acolá, para ficar tudo menos óbvio demais. Ao invés da estória se passar na América do Sul temos agora o casal de aventureiros na África, em busca novamente de uma jóia maravilhosa e rara, tal como acontecia na primeira aventura.  O fã de “Tudo Por Uma Esmeralda” certamente não teve o que reclamar. As mesmas cenas ao estilo aventura em ambientes hostis estão presentes e o carisma do casal volta a funcionar em cena. Não é um grande filme, de fato é bem inferior ao primeiro, mas pelo menos mantém o clima divertido. E diversão é, em última análise, tudo o que esse filme queria proporcionar ao seu espectador. Missão cumprida então.

A Jóia do Nilo (The Jewel of the Nile, Estados Unidos, 1984) Direção: Lewis Teague / Roteiro: Mark Rosenthal, Lawrence Konner, Diane Thomas / Elenco: Michael Douglas, Kathleen Turner, Danny DeVito / Sinopse: O casal formado pelo aventureiro Jack T. Colton (Michael Douglas) e pela romancista Joan Wilder (Kathleen Turner) volta a viver grandes aventuras, só que dessa vez no norte da África.

Pablo Aluísio.

Gato de Botas

Esse milionário mercado de animações acaba de ganhar uma nova provável franquia. A Dreamworks já havia feito isso com a bem sucedida série de animações do Shrek e agora tenta transformar o Gato de Botas (que apareceu como coadjuvante em Shrek 2) em uma nova série de filmes independentes, caminhando com seus próprios passos. Ao que tudo indica deu certo uma vez que fez sucesso de público e critica. De fato temos aqui um bom produto, bem roteirizado, com ótimo timing de humor e um personagem bem carismático, à prova de falhas. Dublado pelo ator Antonio Banderas o felino conseguiu até mesmo uma inesperada indicação ao Globo de Ouro de melhor animação, uma surpresa para muitos certamente. Embora não tenha a mesma verve irônica e mordaz do que o Shrek o vôo solo do Gato de Botas agrada, não apenas às crianças mas aos pais também, ensinando também pequenas lições morais e de amizade aos pequeninos.

A trama aproveita a estória bem conhecida de João e o Pé de Feijão. Aqui o Gato de Botas tenta colocar as mãos nos famosos feijões mágicos que levará ele e seus companheiros até o castelo do gigante, onde reza a lenda existe uma ave que coloca ovos de ouro. Ao seu lado vão juntos outros bons personagens, todos bem desenvolvidos, como o “Ovo” Humpty (voz de Zach Galifianakis, o barbudinho de “Se Beber Não Case”) e uma gatinha esperta que também quer ter a chance de levar sua parte no tesouro (dublada pela atriz latina Salma Hayek). E por falar em latinidade a animação não se furta em mostrar toda a ginga e dança das mais tradicionais músicas espanholas. Outro que marca presença nos microfones de dublagem é o ator e diretor Billy Bob Thornton. Meio sumido das telas ele diverte bastante carregando no sotaque caipira do casca grossa Jack. Assim fica a recomendação de mais essa boa animação dos estúdios Dreamworks. Você certamente não se arrependerá de assistir.

Gato de Botas (Puss in Boots, Estados Unidos, 2011) Direção: Chris Miller / Roteiro: Charles Perrault, Tom Wheeler / Elenco (vozes): Antonio Banderas, Salma Hayek, Zach Galifianakis, Billy Bob Thornton / Sinopse: O Gato de Botas, seu amigo Ovo e gatinha Kitty tentam colocar as mãos no tesouro do gigante das nuvens.

Pablo Aluísio.

Velozes e Furiosos 6

E lá vamos nós de novo... eis aqui o sexto filme da franquia “Velozes e Furiosos” que está chegando aos cinemas brasileiros. A essa altura do campeonato ninguém pensaria que essa série fosse tão longe mas os sucessivos sucessos de bilheteria das continuações não deixam tudo acabar. O curioso é que a cada filme os roteiristas tentam superar o anterior e assim os enredos vão ficando cada vez mais alucinados, cada vez mais inverossímeis e mentirosos a tal ponto que se por acaso houver um “Velozes e Furiosos 7” eu sinceramente não sei onde isso tudo vai parar. Bom, depois do último filme rodado no Rio todos os membros da equipe de Dominic Toretto (Vin Diesel) e Brian O'Conner (Paul Walker) estão ricos e aposentados e nem pensam mais em voltar ao velho ritmo. Brian, por exemplo, agora está curtindo uma de paizão ao lado da mulher. As coisas começam a mudar quando um agente do governo (interpretado pelo The Rock em pessoa, Dwayne Johnson) resolve contatar Toretto para que ele volte à ativa. Até porque se isso não acontecesse não haveria mais filme nenhum, não é mesmo?

A intenção agora é ajudar o governo a colocar as mãos em Shaw (Luke Evans), um ex-militar que tenta chantagear o mundo com uma guerra eletrônica, o que arruinaria todos os principais sistemas de comunicação, deixando as populações à mercê de ataques terroristas. Para convencer Toretto a voltar com sua equipe ele mostra uma foto recente de Letty (Michelle Rodriguez), que até aquele momento era dada como morta! Ela agora está ao lado de Shaw, numa situação complicada de se entender. Para tentar desvendar esse mistério, todo o grupo volta ao campo de batalha! Com cenas rodadas principalmente em Londres “Velozes e Furiosos 6” acelera mesmo é nas situações mais exageradas de toda a franquia. Até os carros deixaram de ser suficientes e as perigosas cenas de corrida agora contam até com tanques russos de última geração. Como se isso não bastasse há ainda uma cena final com um enorme cargueiro Tupolev russo que Brian, Toretto e cia tentam impedir de decolar. A edição é fora do controle, nervosa, sem freios. No meio de tanta correria os furos do roteiro (eles existem aos montes) vão até mesmo perdendo a importância. No fundo “Velozes e Furiosos 6” se contenta apenas em agradar os fãs da franquia (e não propriamente em mudar a opinião de quem odeia a série), por isso se você se enquadra no primeiro grupo pode ir ao cinema sem medo de se decepcionar. Já os que nunca engoliram essa franquia, bom, não será nesse sexto filme que irão começar a gostar de tudo. Melhor ficar o mais longe possível.

Velozes & Furiosos 6 (Fast & Furious 6, Estados Unidos, 2013) Direção: Justin Lin / Roteiro: Chris Morgan, Gary Scott Thompson / Elenco: Vin Diesel, Paul Walker, Dwayne Johnson, Luke Evans, Michelle Rodriguez / Sinopse: Para impedir que um ex-militar comece uma verdadeira guerra eletrônica contra os principais meios de comunicação do mundo um policial se une a um grupo de criminosos.

Pablo Aluísio.

Acredite em Lobisomens

Pois é, acredite, esse filme existe! É uma produção canadense que tenta revitalizar o desgastado monstro. Antes de qualquer coisa vamos ao enredo: dois adolescentes começam a desconfiar do novo vizinho. Apesar de pilotar uma moto potente e ter um visual bonitão ele também desperta suspeitas, principalmente porque todas as garotas que entram em sua casa não são mais vistas. A situação se torna insustentável depois que Loren (Nina Dobrev), usando um telescópio amador, vê uma das jovens sendo mortas por ele. A partir daí ela tenta de tudo, inclusive chamando a policia mas não há rastros e sinais das vitimas. Desesperada ela vai até o encontro de um astro da tv, um caçador famoso que apresenta um popular programa televisivo prestes a ser cancelado. O problema é que apesar de posar de grande aventureiro na telinha ele é na verdade apenas um canastrão! E agora, como Loren irá enfrentar o terrível monstro que mora ao lado?

Veja bem, se você é um expert em filmes de terror já deve ter notado alguma coisa estranha na sinopse acima! Pois bem, tente trocar o lobisomem por um vampiro no roteiro acima e o que essa estória vai lhe lembrar? Isso mesmo, “A Hora do Espanto”! Esse foi um das cópias mais descaradas que já vi em toda a minha vida de cinéfilo, um plágio mal disfarçado de um dos filmes de terror mais famosos dos anos 80, uma vergonha senhoras e senhores. Junte a isso o fato do elenco ser todo formado por estrelinhas de seriados e você vai começar a entender e sentir o tamanho do absurdo. A vizinha adolescente bisbilhoteira é interpretada por Nina Dobrev, sim, ela mesma, a Elena Gilbert da série popular série teen “The Vampire Diaries”. Bem jovem ela já mostrava todos os seus maneirismos que usaria depois na série da Warner. Já o “grande caçador branco” é interpretado por Kevin Sorbo! Não lembra dele? Ora, é o Hercules, daquela série que passava no SBT (da mesma produtora de Xena – a Princesa Guerreira!). Ainda bem que os efeitos especiais não são apenas digitais (bem ruins, por sinal). O que salva tudo no final nesse campo é o uso também de efeitos analógicos, com uso de animatronics (muito popular nos anos 80). Mas isso é pouco no final de contas. “Acredite em Lobisomens” é mesmo terrível, no mal sentido da palavra.

Acredite em Lobisomens (Never Cry Werewolf, Canadá, 2008) Direção: Brenton Spencer / Roteiro: John Sheppard / Elenco: Nina Dobrev, Kevin Sorbo, Peter Stebbings / Sinopse: A vida de dois irmãos adolescentes muda completamente quando um novo vizinho se muda para a casa ao lado. Bonitão e com uma moto possante ele traz muitas jovens à sua casa mas elas nunca mais são vistas novamente.

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de junho de 2013

Bernardo e Bianca

Depois da morte de Walt Disney o seu estúdio, considerado o melhor do mundo em termos de animação, entrou em uma grande crise criativa. A idéia de lançar longas de animações anualmente foi de Disney, que investiu nisso por anos a fio. Um antigo sonho que ele transformou em realidade. Depois de sua morte os executivos da companhia resolveram levar em frente os ideais do fundador mas a realidade foi que sem a presença dele coordenando os trabalhos, os filmes animados foram ficando cada vez mais desinteressantes, sem brilho, nada marcantes. Essa fase de maré baixa durou muitos anos, só chegando ao fim praticamente no lançamento de “A Pequena Sereia”. Essa foi de fato uma animação que mudou os rumos do estúdio, o trazendo de volta ao topo (onde está até hoje). Isso porém não significa que durante os anos de crise não surgiu nada de interessante ou relevante no estúdio, longe disso.

Um exemplo de boa animação dos estúdios Disney nesse período fraco foi esse “Bernardo e Bianca”, que conseguiu romper o marasmo que vinha imperando dentro do estúdio, conseguindo novamente cativar o público (algo que há muitos anos não acontecia). Foi uma produção cara e complicada. Incomodada com as críticas dos filmes anteriores os estúdios resolveram adotar a filosofia de Walt Disney de trabalho duro e busca do perfeccionismo a todo custo. Para se ter uma idéia do esforço a produção durou longos quatro anos. Vários roteiristas se sucederam ao longo desse tempo e muitas modificações foram acrescentadas. Também houve uma inédita fusão entre animadores veteranos e jovens recém saídos dos cursos de arte, o que proporcionou à animação um sopro de ar fresco no que vinha se fazendo. Curiosamente muitos desses novos talentos iriam comandar a volta ao topo da Disney nos anos que viriam. O bom resultado nas bilheterias provou que o caminho era aquele mesmo. A Disney iria levar algum tempo ainda para criar outras obras primas (como “O Rei Leão” e a própria “A Pequena Sereia”) mas o trajeto de volta ao pico já estava traçado.

Bernardo e Bianca (The Rescuers, Estados Unidos, 1977) Direção: John Lounsbery, Wolfgang Reitherman / Roteiro: Margery Sharp, Larry Clemmons / Elenco (vozes): Bob Newhart, Eva Gabor, Geraldine Page / Sinopse: Dois ratinhos, Bernardo e Bianca, são designados por uma organização para salvar uma garotinha do outro lado do oceano que havia pedido por ajuda através de uma garrafa jogada ao mar. Juntos eles tentarão cumprir sua grande missão!

Pablo Aluísio.

Armadilha do Destino

Após um violento acidente de carro no meio de uma floresta remota um homem abre lentamente seus olhos. Ele certamente pouco entende o que está acontecendo. Olhando ao redor começa a perceber a situação em que se encontra. Sua perna está presa nas ferragens e um corpo jaz sem vida no banco de trás. Ao recobrar lentamente sua consciência ele começa a se perguntar quando ocorreu o acidente, como foi parar ali e o mais importante de tudo, quem ele é! Começa assim “Armadilha do Destino”, um filme diferente, com uma proposta bem ousada. Durante praticamente toda a narrativa vamos acompanhando o homem acidentado tentando achar um meio de sobreviver no meio daquela situação hostil. Primeiro ele tenta sair do carro onde se encontra. Depois começa a literalmente se arrastar pelo meio da selva em busca de socorro. De repente surge uma mulher em sua frente mas para seu desespero não passa de um delírio.

Para complicar ainda mais sua situação limite pequenos flashes de lembranças vão surgindo em sua mente. De inicio são apenas relances de memória mas no geral as imagens não são nada boas pois ao que tudo indica ele na realidade é um assaltante de bancos que após uma fuga espetacular da policia teve seu carro, junto aos comparsas, caindo ladeira abaixo no meio da mata fechada da região. Mas será que é isso mesmo? E como se tudo isso não fosse ruim o bastante a tal aparição da mulher que vai e volta no meio dos arbustos nada mais parece ser do que o espírito da mulher que ele matou no meio da ação criminosa. “Armadilha do Destino” não é um filme fácil que vai agradar a todos os públicos. No fundo temos aqui um roteiro conceitual, que a despeito de se desenrolar praticamente todo em apenas uma situação (o personagem principal tentando sobreviver no meio da floresta) ainda consegue desenvolver aspectos interessantes. Praticamente não há diálogos e na maior parte do tempo temos apenas Adrien Brody em cena. O filme também joga o tempo todo com a verdadeira identidade do “homem” (já que seu personagem também não tem nome). Basta isso para entender a proposta da produção. Assim se você estiver em busca de algo diferente, que fuja do lugar comum, então esse filme certamente pode ser uma boa opção.

Armadilha do Destino (Wrecked, Estados Unidos, 2010) Direção: Michael Greenspan / Roteiro: Christopher Dodd / Elenco: Adrien Brody, Caroline Dhavernas, Ryan Robbins / Sinopse:  Após sofrer um grande acidente no meio de uma floresta remota e não lembrar de mais nada um homem tenta sobreviver à situação limite em que se encontra.

Pablo Aluísio.

Chuck Berry – O Mito do Rock

Documentário em tom de celebração que homenageia um dos grandes pioneiros da história do rock, Chuck Berry. No palco, ao seu lado, fazendo aquilo que sabe de melhor, surgem grandes nomes como Keith Richards dos Rolling Stones, Eric Clapton e até Julian Lennon para tocar junto a esse grande músico e compositor, um sujeito que sem favor nenhum criou, ao lado de muitos outros nomes de peso, as bases estéticas do rock americano nos anos pioneiros da década de 1950. Recentemente Berry esteve na Argentina para uma série de shows e o resultado foi melancólico, uma vez que a idade finalmente chegou no artista o impedindo de se apresentar bem e com o antigo vigor. Felizmente para seus fãs esse documentário traz um dos melhores concertos de Berry onde ele esbanja carisma, vitalidade e exuberância, ao destilar sua incrível coleção de grandes canções, algumas entre as mais conhecidas do gênero. Embora não fosse mais o jovem que incendiou a América nos anos dourados, ainda era capaz de eletrizar uma grande platéia.

Intercalando tudo temos pequenos trechos onde Berry aproveita para falar um pouco de sua carreira e vida. De forma muito modesta explica, por exemplo, que suas canções falavam de coisas comuns aos jovens da época. A identificação faria com que suas músicas se transformassem em sucesso. De uma singeleza impar Berry demonstra que falava nas letras sobre a escola, pois a maioria de sua platéia nos anos 50 anda estava na escola. Do mesmo modo louvava os carrões da época pois esse era o sonho de todo adolescente da América. Por fim diz que também compunha sobre amor porque afinal de contas todo mundo um dia já esteve apaixonado na vida (ou ainda está, dependendo do ponto de vista). Quando perguntado sobre seus problemas com a Polícia (Berry foi preso várias vezes) ele corta de maneira nada sutil a intenção do diretor encerrando tudo afirmando que “esse não seria o local e nem o momento para falar sobre isso”. Coisas de Chuck Berry, certamente. Too Much Monkey Business, afinal! Também brinca com o fato de ter ficado anos sem falar com Jerry Lee Lewis pois ambos disputavam entre si para saber quem era o melhor! Embora curiosos esses trechos não conseguem ofuscar o que há de melhor no filme: a maravilhosa música de Chuck Berry que fez a cabeça de todos os grandes roqueiros da história, desde Elvis Presley até Beatles, passando por Rolling Stones a Eric Clapton. Se isso não for ser realmente genial não sei mais o que isso significa. Hail Hail Chuck Berry!

Chuck Berry - O Mito do Rock (Chuck Berry Hail! Hail! Rock 'n' Roll, Estados Unidos, 1987) Direção: Taylor Hackford / Roteiro: Taylor Hackford, Chuck Berry / Elenco: Chuck Berry, Ingrid Berry, Eric Clapton, Keith Richards, Robert Cray, Bo Diddley, Julian Lennon / Sinopse: Documentário sobre concerto realizado por Chuck Berry onde recebe grandes nomes do mundo da música.

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de junho de 2013

O Mistério da Libélula

Filmes espiritualistas geralmente conseguem bom êxito cinematográfico. Embora o espiritismo seja inexpressivo como crença nos EUA alguns filmes estão sendo realizados nessa linha (muito embora nem mesmo seus realizadores tenham plena consciência disso). Um dos mais interessantes e marcantes nesse estilo foi “O Mistério da Libélula”. Na trama acompanhamos a complicada recuperação emocional do Dr. Joe Darrow (Kevin Costner). Ele é um respeitado médico de Chicago especializado em traumas que sofre um grande abalo em sua vida ao ser informado da morte de sua querida esposa em um acidente de ônibus na distante Venezuela, onde participava de uma campanha humanitária no terceiro mundo. A tragédia se torna algo que ele simplesmente não consegue superar.

Embora não seja uma pessoa mística ou de fé o médico começa a perceber algumas manifestações sobrenaturais ao seu redor. Sua esposa tinha uma pequena marca de nascença em forma de libélula e de repente, em momentos diversos, ele começa a ver mais e mais essa marca por onde passa. Deduz assim que sua esposa esteja de alguma forma tentando entrar em contato com ele. Destruído emocionalmente, sem condição de seguir em frente no trabalho, Joe então resolve ir até a Venezuela para conhecer in loco o trabalho desenvolvido por sua esposa falecida. Lá descobrirá algo que jamais imaginaria encontrar. O que mais se destaca nesse bom “O Mistério da Libélula” é seu inteligente roteiro. As situações, que poderiam facilmente cair no lugar comum ou na vulgaridade espiritual acabam tendo um tratamento muito digno, muito instigante. O interesse assim se mantém desde o começo até o bom final. Se você gosta de temas nessa linha, não deixe de assistir.

O Mistério da Libélula (Dragonfly, Estados Unidos, 2002) Direção: Tom Shadyac / Roteiro: Brandon Camp, Mike Thompson / Elenco: Kevin Costner, Susanna Thompson, Joe Morton / Sinopse: Médico começa a perceber uma tentativa de comunicação por parte de sua esposa falecida meses antes. Em busca de respostas resolve ir atrás de pistas de sua morte.

Pablo Aluísio.

Ganhar ou Ganhar - A Vida é um Jogo

Paul Giamatti é um ator que se encaixa perfeitamente bem nesse tipo de papel. Aqui ele interpreta um advogado que a duras penas mantém um escritório de advocacia ao lado de um amigo, contador. As causas são poucas, não rendem muito dinheiro e as contas são muitas. Sua sorte parece mudar quando ele arranja um novo cliente, o sr. Leo Poplar (Burt Young), uma pessoa idosa cuja filha simplesmente sumiu. Começando a sofrer sintomas de demência o sr. Leo não pode mais viver sozinho em sua casa como sempre viveu. O Estado então pede sua custódia mas Mike (Paul Giamatti), seu advogado, tem uma idéia melhor. Ele se tornará seu curador, cuidará dele, de suas necessidades e em troca receberá um cheque do serviço social no valor de US$ 1.500 dólares mensais. O problema é que Mike na verdade não quer cuidar de idoso nenhum. Assim que recebe o dinheiro instala o Sr. Leo em um asilo. Afinal quem descobrirá?

As coisas porém se complicam totalmente quando do nada surge o neto do Sr. Leo, um jovem que fugiu da casa da mãe, que mora em Ohio. Ele vem tentar morar com o avô pois não consegue mais suportar a vida sem controle de sua mãe, que tem problemas com drogas. Sem saber direito o que fazer com ele, Mike o instala em sua casa provisoriamente. E para sua surpresa descobre que o garoto é muito bom em luta romana, esporte que Mike ensina em uma escola nas horas livres. Embora pareça tudo se encaixar a realidade mostrará que Mike nunca esteve tão enrolado em sua vida pessoal e profissional como agora. Esse “Win Win” é um bom filme. Não chega perto de outras obras excelentes estreladas por Paul Giamatti mas mantém o bom nível. Ele está muito bem no papel do advogado que não é essencialmente uma pessoa má mas apenas um sujeito que vê uma oportunidade de ganhar um dinheiro fácil sem ninguém saber. O problema é que tudo vai por água abaixo em pouco tempo, levando ele a correr o risco até mesmo de perder sua licença para advogar. Há uma série de bons personagens rondando sua vida, o que ajuda a manter o interesse do espectador. Um bom entretenimento que se não vai mudar sua vida pelo menos servirá como bom passatempo.

Ganhar ou Ganhar - A Vida é um Jogo (Win Win, Estados Unidos, 2011) Direção: Thomas McCarthy / Roteiro: Thomas McCarthy / Elenco: Paul Giamatti, Amy Ryan, Bobby Cannavale, Burt Young / Sinopse: Advogado tenta dar um pequeno golpe no Estado através de seu cliente idoso mas vê seus planos se enrolarem após o aparecimento do neto dele. Agora terá que contornar a complicada situação para não correr o risco de perder sua licença de advocacia.

Pablo Aluísio.

Nas Montanhas dos Gorilas

Ao longo dos anos a consciência ecológica contou com a preciosa ajuda de centenas de heróis anônimos que lutaram ao seu modo pela preservação das espécies, muitas vezes em locais longínquos e de complicado acesso. Muitos desses cientistas, especialistas e ecologistas acabaram pagando um preço alto por tentar manter a preservação do meio ambiente para as futuras gerações. Uma das histórias mais tocantes nesse sentido é a da vida da pesquisadora ambientalista Dian Fossey (Sigourney Weaver). Uma mulher destemida, corajosa e ousada que dedicou sua vida para a preservação dos gorilas que vivem em montanhas isoladas de Ruanda, na África. Mesmo vivendo em regiões isoladas de difícil acesso, os gorilas eram cobiçados por caçadores da região que viam neles uma fonte de renda fantástica pelo alto preço que tais animais conseguiam alcançar no mercado negro. Fora isso havia também a matança indiscriminada, patrocinada por fazendeiros da região, preocupados com a expansão de seus próprios negócios.

O cenário é a África, esse continente tão esquecido e empobrecido, geralmente assolado por guerras civis e tribais que não fazem o menor sentido para os que não nasceram naqueles locais. “Nas Montanhas dos Gorilas” é uma produção muito bem intencionada, que conscientiza sobre o meio ambiente e que conta com uma das melhores atuações da carreira da atriz Sigourney Weaver. Aqui ela deixa os blockbusters de lado para contar a história real da pesquisadora Dian Fossey, em um roteiro muito bem escrito e trabalhado. Sua atuação foi devidamente reconhecida e ela foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz. O filme, como não poderia deixar de ser, foi de complicada produção. Em busca de uma melhor veracidade a equipe e o elenco subiram nas mesmas montanhas que Fossey desenvolveu seu trabalho, todas localizadas em regiões inóspitas. Assim todos que estavam envolvidos no filme acabaram enfrentando o mesmo clima hostil e as mesmas adversidades que Fossey teve que enfrentar. Mesmo assim valeu o esforço. O espectador sai da sessão sabendo um pouco mais dessa incrível personagem e sua luta em favor dos primatas. Afinal cinema não é apenas diversão mas também um excelente meio e instrumento de conscientização social. Dentro desse aspecto o filme se sai maravilhosamente bem. Dá novamente voz e espaço para essa grande pessoa que foi atrás de seus ideais de preservação, mesmo tendo que lutar arduamente para isso.

Nas Montanhas dos Gorilas (Gorillas in the Mist: The Story of Dian Fossey, Estados Unidos, 1988) Direção: Michael Apted / Roteiro: Harold T.P. Hayes, baseado nos escritos de Dian Fossey / Elenco: Sigourney Weaver, Bryan Brown, Julie Harris / Sinopse: Cinebiografia da pesquisadora e ambientalista Dian Fossey (1932 – 1985) que dedicou sua vida à preservação dos gorilas das montanhas de Ruanda. Filme indicado a cinco Oscars: Melhor Atriz (Sigourney Weaver), Edição, Trilha Sonora, Roteiro e Som.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Beleza Americana

“Beleza Americana” é uma crônica sobre a rotina monótona de um casamento sem atrativos. Além disso o filme expõe o tédio de uma vida suburbana sem graça vivida pelo personagem principal, que não consegue mais lidar com aquela situação sem fim. No caso temos Kevin Spacey interpretando Lester Burnham. Ele é um pai de família suburbano que está preso numa rotina chatíssima que envolve ir para um emprego de que não gosta, voltar para casa, lidar com uma mulher insuportável e uma família que em última analise não dá a menor bola para ele e no dia seguinte voltar para a mesma maçante e insuportável rotina diária. Sua vidinha muda de perspectiva quando ele muda de atitude e resolve fazer algumas coisas que jamais passariam por sua cabeça, entre elas sonhar com um caso extraconjugal completamente escandaloso com a melhor amiga da filha adolescente. Jogando o juízo pela janela ele resolve experimentar um pouco de vida pois definitivamente aquilo que vive é apenas uma escravidão tediosa disfarçada de boas intenções.

“Beleza Americana” também critica de forma excepcionalmente talentosa os valores hipócritas de uma sociedade completamente acomodada. O personagem de Kevin Spacey está inserido em uma vida tão medíocre que o auge de seu dia – como ele mesmo informa ao espectador em off – é se masturbar escondido de todos. Basta isso para entender o que ele sente. O elenco é excelente e mais uma vez temos uma interpretação de Kevin Spacey que pode ser qualificada, sem exagero, como brilhante. Considero Spacey um dos maiores talentos de sua geração, um interprete de nuances, pequenos detalhes, que apenas os espectadores mais atentos conseguem captar. Sua cara impassível de tédio e sentimentalismo barato são impagáveis. Outra que merece menção honrosa é Annette Bening. Sua personagem é um retrato muito claro do tipo de esposa que não consegue mais separar a felicidade da infelicidade pois está mergulhada nas profundezas de uma vida familiar de fachada. Ela deixa de viver a sua própria vida para viver em um espelho, feito apenas para refletir falsas impressões para as outras pessoas. Uma obra brilhante.

Beleza Americana (American Beauty, Estados Unidos, 1999) Direção: Sam Mendes / Roteiro: Alan Ball / Elenco: Kevin Spacey, Annette Bening, Thora Birch, Wes Bentley / Sinopse: Um pai de família entediado e infeliz tem que lidar com uma rotina de vida massacrante. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias Melhor Filme Drama, Melhor Direção (Mendes) e Melhor Roteiro (Alan Ball). Vencedor de cinco Oscars nas categorias Melhor Filme, Melhor Direção (Sam Mendes), Melhor Ator (Kevin Spacey), Melhor Roteiro Original (Alan Ball) e Melhor Fotografia.

Pablo Aluísio.

domingo, 26 de maio de 2013

João e Maria – Caçadores de Bruxas

A primeira vez que ouvi falar nesse projeto pensei que tudo não passava de uma piada de mau gosto. Afinal o conto infantil “João e Maria” era de uma singeleza cativante, uma estorinha de poucas linhas para ensinar os pequeninos do perigo de se confiar em pessoas estranhas. Eu me recordo inclusive que “João e Maria” fazia parte das cartilhas de ensino fundamental quando eu era apenas um garotinho de sete anos. Mas eis que finalmente o anúncio se tornou oficial: sim, “João e Maria” iria virar filme milionário em Hollywood, com direito a orçamento generoso e elenco caro! Pensei comigo mesmo: “Eles enlouqueceram de vez?!” Gente, eu já tinha escrito isso aqui antes e volto a repetir: contos de fadas nasceram para serem simples, são cativantes justamente por isso, ensinam para as crianças alguns pequenos valores morais. Mas como “Alice” de Tim Burton foi um enorme sucesso de bilheteria algum engravatado de Hollywood certamente pensou ter descoberto a fórmula do sucesso. Ledo engano.

É bem chato isso mas estamos vendo cada conto de fadas virar filme, em cada adaptação pior do que a outra (inclusive o gerador de toda essa modinha, “Alice” que também era ruim de doer). “João e Maria” não é exceção a essa regra. Em poucas palavras é um filme bem ruim, sem roteiro nenhum, com ares de “Anjos da Noite”, “Van Helsing” e até “Matrix” (acredite se quiser!). O filme começa mostrando o pequeno conto que todos conhecemos. Duas crianças, João e Maria, são deixados na floresta. Atraídos por uma pequena casa feita de doces eles acabam parando nas mãos de uma bruxa má que tenta engordá-los para depois os levar ao forno em banho maria (trocadilho infame!). Mas o feitiço acaba virando contra o feiticeiro e quem acaba sendo queimada viva é a bruxa malvada. Passam-se os anos e agora João e Maria são adultos. Eles ganham a vida caçando bruxas nas pequenas cidades e florestas por onde vivem essas figuras malignas. Tudo corre bem até que surge uma nova bruxa, muito mais poderosa do que as demais, que sabe de muitas coisas, inclusive do passado dos irmãos. Deu para sentir o drama? Bem, falar o quê mais sobre esse filme?! “João e Maria” tem muitos efeitos digitais mas o roteiro é medíocre. Idem o elenco. Até João virou diabético de tanto comer doce (é sério, está no filme, não é brincadeira!). Enfim, melhor esquecer. Compre o conto de fadas para seus filhos e leiam as belas estorinhas para eles dormirem. Você ganha muito mais. Só não vá passar esse abacaxi para eles, pois os danos culturais (e cerebrais) podem ser irreversíveis.

João e Maria – Caçadores de Bruxas (Hansel & Gretel: Witch Hunters, Estados Unidos, 2013) Direção: Tommy Wirkola / Roteiro: Tommy Wirkola, baseado no conto infantil "João e Maria" / Elenco: Jeremy Renner, Gemma Arterton, Famke Janssen / Sinopse: Adaptação para o cinema do famoso conto infantil João e Maria. Aqui os pequenos irmãos estão adultos e saem em busca de bruxas más que comem criancinhas na floresta.

Pablo Aluísio.

Batman – O Mistério da Mulher Morcego

Você já ouviu falar da Batwoman? Não, não estou me referido à Batgirl, que todos os fãs do Batman sabem muito bem ser a Bárbara Gordon. Estou falando de Batwoman, a Mulher Morcego! Pois é justamente a apresentação dessa nova personagem no universo de Gotham City que essa animação se propõe a fazer. Na estória Batman, em mais um dia de rotina combatendo a criminalidade em sua cidade, acaba se deparando com uma misteriosa mulher, mascarada e com um uniforme que lembro o próprio Batman. Ela também está combatendo o crime mas deixa o cavaleiro das trevas intrigado pois ele não tem qualquer associação com essa nova heroína.

Ao lado de Robin procura por pistas para tentar identificar sua verdadeira identidade. Acaba chegando em três possíveis suspeitas. A primeira é Kathleen 'Kathy' Duquesne, filha mimada de um mafioso ligado ao Pinguim. A segunda suspeita recai sobre Dr. Roxanne 'Rocky' Ballantine, uma especialista em informática que trabalha nas indústrias Wayne e por fim Batman entende ser possível que a Batwoman seja na verdade Sonia Alcana, uma nova policial subordinada ao Comissário Gordon. E afinal quem seria realmente a Batwoman? “Batman – O Mistério da Mulher Morcego” tem boa trama mas tecnicamente é apenas razoável, fruto é claro do fato de ter sido lançada já há algum tempo. Mesmo assim fica a dica para os fãs do personagem de Bob Kane.

Batman - O Mistério da Mulher Morcego (Batman: Mystery of the Batwoman, Estados Unidos, 2003) Direção: Curt Geda / Roteiro: Alan Burnett, baseado no personagem Batman criado por Bob Kane / Elenco (vozes): Kevin Conroy, Kimberly Brooks, Kelly Ripa / Sinopse: Uma nova heroína surge nos céus de Gotham City chamada Batwoman. Mas quem seria ela? Em busca de respostas Batman e Robin começam a investigar a nova e misteriosa personagem.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Hemingway & Gellhorn

Ernest Hemingway (1899 – 1961) foi um dos maiores escritores da literatura americana. Embora fosse brilhante com as letras era um sujeito complicado de se viver. Sempre envolvido em brigas, caçadas, mulheres e bebidas, acabou criando uma mítica em torno de si mesmo e suas aventuras. Esteve presente em vários conflitos armados e foi justamente em um deles, na guerra civil espanhola, que se apaixonou por Martha Gellhorn, uma jornalista que atuava como correspondente de guerra. Enquanto o general Franco dizimava seus opositores (formados principalmente por voluntários que foram lutar pela democracia na Espanha), Hemingway e Gellhorn se apaixonavam perdidamente. E é justamente essa a história central dessa boa produção do canal HBO. Com Clive Owen e Nicole Kidman interpretando os personagens centrais o filme tenta captar aspectos da genialidade de Ernest Hemingway, ao mesmo tempo em que destrincha seu romance com Martha Gellhorn. É uma obra que exige fôlego do espectador pois tem mais de duas horas e meia de duração mas no final não decepciona, embora tenha alguns pequenos problemas.

Antes de mais nada é importante chamar a atenção para o fato de ser uma produção televisiva o que obviamente significa ter um orçamento bem mais modesto do que de um filme para o cinema. Aqui os produtores resolveram inserir os personagens principais dentro de cenas reais da época, tudo realizado de forma digital. Funciona? Em alguns momentos sim, em outros não. Claro que esse tipo de decisão foi feita para deixar o orçamento mais enxuto, pois seria bem complicado (e caro) reproduzir cenas da guerra civil da Espanha e da invasão da China pelo Japão (lugares onde o casal passa parte de sua história). Assim sempre que há necessidade da inclusão de alguma cena mostrando esses eventos históricos se utiliza dessa artimanha. Nicole Kidman está, como sempre, maravilhosa. Para os fãs de seu “talento natural” fica o aviso de que há boas seqüências sensuais dela ao lado do ator Clive Owen. Na mais marcante delas os dois se entrelaçam nus em um quartel de hotel em Madrid enquanto a cidade é bombardeada por forças leais a Franco. Por falar em  Clive Owen tenho algumas observações a fazer em relação ao seu trabalho. O seu Ernest Hemingway não me agradou completamente. Além de não serem fisicamente parecidos, Owen muitas vezes cai na caricatura ao retratar um escritor machista, porcalhão e nada ético. De uma maneira ou outra, mesmo com todas essas reservas, ainda vale a pena assistir ao filme, nem que seja para ter uma noção didática sobre a guerra civil espanhola e o nascimento da grande obra literária “Por Quem Os Sinos Dobram”. Fica a recomendação então.

Hemingway & Gellhorn (Idem, Estados Unidos, 2012) Direção: Philip Kaufman / Roteiro: Jerry Stahl, Barbara Turner / Elenco: Nicole Kidman, Clive Owen, David Strathairn, Rodrigo Santoro, Peter Coyote / Sinopse: O filme narra a história de amor entre a jornalista e corresponde de guerra Martha Gellhorn (Nicole Kidman) e o escritor Ernest Hemingway (Clive Owen).

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Os Caça-Fantasmas 2

Não sei bem a razão mas algumas vezes nos deparamos com seqüências de filmes de que gostamos que simplesmente não dão certo. Todos os elementos estão lá, geralmente a mesma equipe técnica, elenco, direção mas a coisa simplesmente não funciona. Eu acompanho cinema há muitos anos e uma das maiores decepções que tive foi justamente com esse “Os Caça-Fantasmas 2”. Havia uma grande expectativa porque o primeiro filme tinha sido tão divertido e legal. As negociações para a realização do filme foram complicadas porque o ator Bill Murray pediu uma verdadeira fortuna para repetir seu personagem mas quando ele finalmente acertou seu cachê com o estúdio as expectativas foram às alturas. Ele inclusive declarou que o filme teria um dos melhores roteiros da história e que as gargalhadas seriam histéricas nas exibições do filme. Será que ele estava curtindo com a nossa cara? Tudo leva a crer que sim.

Não tem jeito, o filme é bem decepcionante. Eu me recordo que já na época não tinha gostado mas recentemente revi por acaso em um canal a cabo. Alguns filmes melhoram com o tempo, isso acontece muitas vezes, geralmente a pessoa está em um dia ruim e acaba não gostando muito do filme mas depois em uma revisão muda de idéia. Infelizmente não é o caso aqui. Todos os elementos parecem presentes, os atores, a direção, os efeitos especiais, tudo mas... o filme não funciona! O roteiro não é bom, essa é a verdade, e a despeito de toda a competência técnica nada de muito engraçado ou memorável acontece. No fundo tudo se torna muito mais infanto-juvenil do que no primeiro filme (reflexos do desenho animado?) e o gostinho de decepção se torna inevitável. Como conseqüência o filme não foi bem nas bilheterias o que pareceu encerrar a franquia nos cinemas. Agora teremos um remake ou uma continuação tardia (não se sabe ainda ao certo) e sinceramente temo pelo pior. Talvez esse seja um daqueles casos em que um filme legal só funcione em determinada época e por uma única vez. Pensando bem era melhor ter parado no primeiro filme mesmo.

Os Caça-Fantasmas 2 (Ghostbusters II, Estados Unidos, 1989) Direção: Ivan Reitman / Roteiro: Dan Aykroyd, Harold Ramis / Elenco: Bill Murray, Dan Aykroyd, Sigourney Weaver, Harold Ramis, Rick Moranis, Ernie Hudson / Sinopse: Os Caça-Fantasmas voltam para novas aventuras em Nova Iorque. Agora terão que enfrentar um novo e perigoso desafio.

Pablo Aluísio.

Alvo Duplo

Esse é o novo filme do astro Sylvester Stallone. O roteiro foi baseado na graphic novel "Du Plomb Dans La Tête" de Alexis Nolent. A primeira cena já dá bem uma idéia do que virá pela frente. Jimmy Bonomo (Sylvester Stallone) e seu parceiro entram em uma suíte de motel. Estão atrás de um policial corrupto que naquele momento está em um encontro intimo com uma garota de programa. Eles são assassinos profissionais e foram contratados para liquidar o policial em um típico serviço de queima de arquivo. Em poucos minutos o personagem de Stallone executa o serviço, eliminando seu alvo com três tiros certeiros. Depois vai até o banheiro onde se encontra a garota. Como se sabe testemunhas não devem ser deixadas para trás. Serviço feito, ele descobre que foi enganado. Provavelmente nada receberá pelo crime e o pior, se tornará ele próprio um alvo de seus “clientes”. Para tirar Jimmy do mapa, um outro assassino, mercenário, ex-combatente da legião francesa, é especialmente contratado para eliminar todos os vestígios do crime. Sem alternativas o personagem de Stallone sai em busca dos verdadeiros responsáveis por tudo, ao mesmo tempo em que se alia com um policial oriental que está na cidade em busca de respostas para uma investigação criminal que ao que tudo indica tem fortes ligações com as mortes.

Assim começa “Alvo Duplo” mais uma produção de ação que agora mostra Stallone em um papel pouco comum na sua carreira, a de assassino profissional, um sujeito que faz o que deve ser feito, sem pensar muito em questões éticas ou morais. O principal antagonista de Stallone na trama é outro assassino profissional como ele, interpretado pelo ator havaiano Jason Momoa, o mesmo que recentemente tentou dar certo no cinema como Conan. Ele também é conhecido por fazer o papel de Khal Drogo em “Game of Thrones”. É um sujeito forte e com tipo ideal para filmes de ação e pancadaria mas não tem muito carisma para falar a verdade. Sua luta final com Stallone se dá com machados o que faz com que Sly pergunte ironicamente: “O que é isso?! Somos vikings agora?!”. Esse é um pequeno momento bem humorado em um filme seco, cru, de pura ação, sem qualquer tipo de preocupação em desenvolver melhor seus personagens. O diretor veterano Walter Hill entrega um filme típico de sua carreira. Cineasta que dirigiu no passado filmes famosos de ação como “Ruas de Fogo”, “Inferno Vermelho” e “O Último Matador” volta ao seu estilo preferido. Nada de perda de tempo, dando ao espectador o que ele espera de uma fita assim. O resultado dessa forma de pensar e dirigir é justamente um filme violento, forjado em muitos tiros, lutas corporais e sangue. Em certos momentos até me lembrei de “Os Senhores do Crime”, principalmente na cena em que Stallone luta ferozmente contra um inimigo numa sala de massagem. Todo tatuado a cena é bem parecida com a seqüência do filme de David Cronenberg. Deixando isso de lado acredito que “Alvo Duplo” irá agradar aos fãs de Stallone. Não é um grande filme e nem será considerado um de seus melhores no futuro, mas de um modo em geral consegue ao menos divertir em seus (poucos) 85 minutos de duração.

Alvo Duplo (Bullet to the Head, Estados Unidos, 2012) Direção: Walter Hill / Roteiro: Alessandro Camon, i baseado na graphic novel "Du Plomb Dans La Tête" de Alexis Nolent / Elenco: Sylvester Stallone, Sung Kang, Jason Momoa / Sinopse: Bonomo (Sylvester Stallone) é assassino profissional que se torna alvo após matar um policial corrupto a mando de um chefão do mundo crime. Agora ele próprio terá que sobreviver a uma caçada por sua cabeça, pois seu antigo cliente não quer deixar nenhuma pista no meio do caminho. 

Pablo Aluísio.

O Acordo

Sem medo de errar começo a resenha dizendo que esse é muito provavelmente o melhor filme da carreira de Dwayne Johnson, também conhecido como The Rock. Não se trata de um filme de ação descerebrado, sem roteiro nenhum, com uso de pura pancadaria gratuita. “O Acordo” está muito longe disso. Na realidade o que temos aqui é um bom roteiro, com um enredo que realmente prende a atenção, fugindo sempre das fórmulas fáceis do gênero. Na estória Dwayne Johnson interpreta um bem sucedido empresário do ramo de transportes da construção civil. Divorciado, ele agora está em um belo momento da vida, realizado profissionalmente, com um bom relacionamento com sua esposa atual e pai de uma adorável filhinha. As coisas começam a mudar quando seu primeiro filho (que mora com a sua ex-esposa) resolve de forma impensada entrar no esquema de tráfico de drogas de seu amigo, Graig. Pego em flagrante pela agência antidrogas dos EUA ele vai preso imediatamente.

Encarcerado ele tem duas opções. Ou entrega outros traficantes e assim diminui sua pena ou então encara no mínimo dez anos de cadeia. O problema é que ele não conhece outros criminosos pois só tinha contato com Graig. Para ajudar na situação de seu filho, Dwayne resolve tomar uma atitude radical: ele mesmo decide procurar por traficantes da área para em um acordo com a promotoria diminuir o tempo de prisão de seu filho. Através de um ex-detento que trabalha em sua firma ele entra em contato com uma gangue de criminosos que entende ser uma boa opção traficar as drogas através dos caminhões da empresa de Johnson. A partir daí os acontecimentos tomam rumos inesperados. Uma das melhores coisas desse “O Acordo” é sua tentativa de sempre manter os pés no chão. O personagem de “The Rock” não é um super-herói de ação que sai matando um exército de bandidos de uma vez só. Pelo contrário, é um pai de família que entra em um negócio sujo para livrar seu filho de uma longa pena, uma vez que provavelmente não sobreviverá à dura realidade da cadeia. O filme tem um ótimo elenco de apoio, com destaque para a sempre excelente Susan Sarandon e um clima de tensão e medo que abrilhanta ainda mais o resultado final. É sem dúvida um filme bem acima da média das produções atuais do gênero.

O Acordo (Snitch, Estados Unidos, 2013) Direção: Ric Roman Waugh / Roteiro: Ric Roman Waugh, Justin Haythe / Elenco: Dwayne Johnson, Nadine Velazquez, Jon Bernthal, Susan Sarandon, J.D. Pardo, Harold Perrineau, Michael Kenneth Williams, Benjamin Bratt, Barry Pepper / Sinopse: Para livrar o filho de uma longa pena por tráfico de drogas um pai desesperado entra em acordo com a promotoria federal. Ele se infiltrará dentro de uma rede de traficantes locais em troca de redução da pena de seu filho.

Pablo Aluísio.

Silent Hill – Revelação 3D

Silent Hill virou franquia, quem diria. O primeiro filme me agradou bastante principalmente pela direção de arte primorosa que realmente jogava o espectador em um universo único, bizarro, sem definição. Apesar das críticas que sofreu achei um filme de terror realmente interessante, nada condizente com o que diziam dele em resenhas raivosas. Agora com o sucesso de filmes em 3D os produtores voltam à tona lançando “Sillent Hill – Revelação 3D”. Seguindo os passos de “Massacre da Serra Elétrica 3D” o filme tenta pegar carona nessa nova moda de Hollywood que investe em filmes de terror em terceira dimensão. Afinal se deu certo uma vez provavelmente dará certo de novo. Na trama acompanhamos Heather Mason (Adelaide Clemens) e seu eterno inferno pessoal. Ela tenta fugir das forças inexplicáveis que rondam sua vida. Sem compreender do que se trata tenta de alguma forma se livrar delas. A coisa piora ainda mais quando se pai desaparece sem explicação nenhuma.

Em busca de respostas acaba retornando ao universo de pesadelos e delírios que a atormentam desde quando era uma simples garotinha. Como se pode perceber em termos gerais o enredo segue os passos do primeiro filme, o que não é de se espantar já que se trata de uma adaptação do famoso game de terror japonês. É o tipo de produto que se destaca mais pelo estilo e visual do que propriamente por aspectos como roteiro, direção ou atuação. De certa maneira me lembra até de outro clássico de terror, “Hellraiser”, pois ambos possuem um estilo único, com personagens que parecem nascer dentro de um universo próprio e singular, sem qualquer semelhança com qualquer outro filme do gênero. A boa notícia é que o “Silent Hill – Revelação” tenta manter a qualidade do primeiro filme, embora seja levemente inferior. A produção também faz bom uso do 3D o que certamente vai agradar aos fãs dessa técnica. Se é fã dos games e do mundo de “Silent Hill” não deixe de assistir.

Silent Hill - Revelação (Silent Hill: Revelation 3D, Estados Unidos, 2012) Direção: Michael J. Bassett / Roteiro: Michael J. Bassett / Elenco: Adelaide Clemens, Kit Harington, Carrie-Anne Moss, Sean Bean, Radha Mitchell / Sinopse: Garota em busca do paradeiro de seu pai acaba dentro do universo aterrorizante e bizarro de Silent Hill.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Amor Profundo

Filmes desse estilo sempre são interessantes, principalmente para quem é particularmente interessado em história e costumes da sociedade. O roteiro mostra um aspecto em que muitas mulheres provavelmente vão se identificar. A personagem principal da trama é Hester Collyer (Rachel Weisz). Aparentemente é uma jovem que tem tudo que toda mulher almeja em sua vida, uma boa posição social, uma excelente reputação, uma vida financeira estável e confortável e um bom casamento – ela é casada com um influente e prestigiado juiz. A questão é que a verdadeira felicidade sempre parece ser algo mais. Embora seja casada ela não se sente realizada ou feliz do ponto de vista emocional. Por isso, contra todas as convenções sociais, morais e religiosas, resolve arriscar tudo ao se envolver com outro homem, um piloto da força aérea, interpretado pelo bom ator Tom Hiddleston. Não demora muito para ela entender que na sociedade a hipocrisia e a mentira são mais bem aceitos do que a verdade e a busca pela felicidade plena.

“Amor Profundo” é um drama ao velho estilo. A estória não tem pressa de acontecer e a teia de relacionamentos vai se construindo aos poucos, de forma gradual. Eu particularmente gosto desse estilo de narrativa, mas entendo que o público atual vai acabar se sentindo um pouco entediado com o desenrolar da trama. Em tempos atuais, onde os filmes precisam ter um ritmo acelerado, feito para jovens com déficit de atenção, é muito prazeroso encontrar uma obra assim em cartaz. O filme mostra muito bem as rígidas regras sociais vigentes no período pós-guerra, onde um caso extraconjugal poderia arruinar a vida de uma esposa. Na mentalidade de então era preferível que a mulher mantivesse um casamento de fachada, mesmo que se sentisse extremamente infeliz do que partir para novas experiências, ouvindo o seu coração abertamente. Reconstituição de época maravilhosa, excelentes figurinos e um sensível elenco completam o quadro. Rachel Weisz está cada vez melhor. Suas cenas à beira do suicido são grandiosas e não me admirei em nada quando foi indicada ao Globo de Ouro por sua sensível atuação. Enfim, “Amor Profundo” é pesado, dramático e complexo e por isso merece ser assistido por pessoas em busca de algo mais cultural e relevante nos cinemas.

Amor Profundo (The Deep Blue Sea, Estados Unidos, 2012) Direção: Terence Davies / Roteiro: Terence Davies / Elenco: Rachel Weisz, Tom Hiddleston, Ann Mitchell, Jolyon Coy, Karl Johnson / Sinopse: Durante o pós-guerra, esposa infeliz no casamento com um importante juiz decide ouvir seu coração ao se relacionar com um piloto da força aérea.

Pablo Aluísio. 

Matemática do Amor

Se você estiver em busca de um filme modesto, com estorinha cativante e uma trilha sonora com muita música indie, então indico esse “Matemática do Amor”. Jessica Alba interpreta um papel completamente oposto à imagem que criou por todos esses anos. Se na vida real a atriz é conhecida por seus dotes físicos e beleza, aqui ele deixa tudo isso de lado para interpretar uma tímida professora de matemática do ensino fundamental. Seu pai tem um problema de saúde indefinido e sua mãe cansada de ver a filha não fazendo nada de sua vida arranja um emprego para ela como professora na escola local. Detalhe interessante para os brasileiros: Sonia Braga faz a mãe da personagem de Alba. Sem nenhum glamour, não usando maquiagem e assumindo a idade a atriz acaba surpreendendo, mesmo em um papel coadjuvante.

No novo emprego a meiga professora Mona Grey (Alba) conhece um professor de ciências boa pinta e começa a ver uma luz no fim do túnel de sua solidão. Também começa a superar seu problema de TOC (Transtorno obsessivo compulsivo) que a faz contar tudo ao redor, vendo números em todos os lugares, até mesmo quando bate de forma insistente na madeira de móveis em geral, cadeiras, mesas, etc. É louvável o esforço de Jessica Alba em dar veracidade ao seu papel. Ela propositalmente se enfeia ao máximo, usa roupas cafonas e um penteado realmente horrível (uma franjinha fora de moda). Pela tentativa de fazer algo fora de sua zona de conforto acabei simpatizando com ela durante todo o filme. No geral é um filme inofensivo, bem ao estilo “Sessão da Tarde”, que ajuda a passar o tempo de forma bem descompromissada. Vale a pela assistir nem que seja pelo menos uma única vez.

Matemática do Amor (An Invisible Sign, Estados Unidos, 2010) Direção: Marilyn Agrelo / Roteiro: Pamela Falk, Michael Ellis / Elenco: Jessica Alba, Chris Messina, Sônia Braga / Sinopse: Tímida professora de ensino médio se apaixona por professor de ciências na escola onde trabalha. Ao mesmo tempo tenta superar as inseguranças e anseios em sua vida.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 21 de maio de 2013

K-19: The Widowmaker

Apesar de não ter dirigido o filme esse foi um dos projetos mais pessoais de Harrison Ford. Ele entrou depois que o estúdio já havia começado a pré-produção do filme mas assim que aceitou participar do elenco começou também a exigir mudanças. As primeiras foram no roteiro que não agradavam a Ford. O texto original era baseado em um fato real ocorrido com um submarino nuclear soviético perto da costa dos Estados Unidos. Um fato histórico que quase levou as duas nações a um conflito armado. Ford porém não gostou desse enfoque e pediu que alterações fossem feitas. Nessa modificação certamente “K-19” perdeu em realidade e fidelidade histórica mas também ganhou em aventura e agilidade. Outro problema surgiu quando Harrison Ford decidiu que interpretaria seu personagem, um oficial da marinha vermelha, com forte sotaque russo! O estúdio não concordava com a decisão pois isso poderia prejudicar o filme comercialmente, mas Ford não deu ouvidos.

No meio de tantas intervenções do astro principal no filme (ele chegou até mesmo a implicar com o material promocional do filme), o estúdio não teve outra alternativa a não ser aceitar tudo de forma passiva. Afinal Harrison Ford era um dos maiores campeões de bilheteria da história do cinema americano e tinha certamente força para fazer impor sua vontade. Quando o filme finalmente foi lançado porém as expectativas logo se transformaram em decepções. O público não comprou a idéia do filme e “K-19”, assim como o submarino que retratava em seu enredo, afundou de forma desastrosa nas bilheterias. A verdade é que o filme não empolga, não convence. Ford está especialmente ruim em sua caracterização mais parecendo um lunático do que um oficial graduado das forças armadas soviéticas. Junte-se a isso os problemas de ritmo e as forçadas de barra do roteiro. “K-19” também foi alvo de criticas por parte dos familiares dos marinheiros mortos no evento real e dos veteranos da marinha que acharam tudo um grande desrespeito. Definitivamente foi uma película de guerra que não deu muito certo.

K-19: The Widowmaker (Idem, Estados Unidos, 2002) Direção: Kathryn Bigelow / Roteiro: Louis Nowra, Christopher Kyle / Elenco: Harrison Ford,  Liam Neeson, Sam Spruell, Peter Stebbings, Christian Camargo / Sinopse: Submarino das forças armadas russas é levado a uma missão onde testará todos os seus limites, colocando EUA e o império vermelho em rota de colisão. Baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

A Informante

Filme que denuncia um dos maiores escândalos da história da ONU (Organização das Nações Unidas). Baseado em fatos reais o enredo mostra a luta de Kathryn Bolkovac (Rachel Weisz), uma jovem policial americana que é designada pela ONU para trabalhar na Bosnia Herzegovina. Como se sabe desde o fim dos regimes socialistas do leste europeu muitos países se fragmentaram, sendo um dos mais atingidos nesse processo a antiga Iugoslávia. Depois de anos de guerra civil várias nações surgiram como Croácia e Bósnia. Kathryn começa como investigadora de pequenos casos e depois começa a ser promovida na carreira. Em um novo posto, de hierarquia mais elevada, começa a descobrir a existência de uma grande rede de tráfico humano, que leva garotas jovens e pobres de países do leste europeu para casas de prostituição na Bósnia. Para sua grande surpresa descobre também que os principais clientes eram, ora vejam só, funcionários e membros de equipes de empresas privadas e órgãos internacionais como a própria ONU. Tentando denunciar tudo o que acontecia a oficial acabou sendo perseguida e depois demitida de suas funções. Uma história escabrosa!

O filme choca o espectador porque mostra um completo desvirtuamento de valores. Pessoas que deveriam zelar pela paz e segurança daquelas populações acabaram se envolvendo em crimes horríveis. Os chefões desses esquemas de tráfico humano e prostituição jogavam todas aquelas garotas jovens e bonitas em um verdadeiro terror. Os locais onde viviam mais pareciam masmorras medievais, com correntes e completa falta de higiene. Para piorar elas viravam verdadeiras escravas pois os cafetões não deixavam voltar ao seu país de origem antes que pagassem todas as suas contas de despesas, algo que as impedia de fugir daquele show de horrores. O pior de tudo porém é saber que americanos e europeus, agentes enviados para a Bósnia para ajudar a população local se aproveitavam disso, se envolvendo até o pescoço com todos esses crimes. Triste e lamentável. O filme é muito bom, extremamente bem roteirizado e conta com o grande talento da atriz Rachel Weisz, que tem se destacado cada vez mais em produções relevantes, de excelente nível cinematográfico. Não deixe de conhecer “A Informante” que mostra que de boas intenções o inferno realmente está cheio!

A Informante (The Whistleblower, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, 2010) Direção: Larysa Kondracki / Roteiro: Larysa Kondracki, Eilis Kirwan / Elenco: Rachel Weisz, Vanessa Redgrave, Monica Bellucci / Sinopse: Policial americana a serviço da ONU na Bósnia acaba descobrindo uma rede de tráfico humano e prostituição envolvendo membros da organização. Depois de revelar tudo acaba sofrendo todos os tipos de pressões para abafar o caso.

Pablo Aluísio.

Confusões em Família

Antes de mais nada é preciso ignorar o péssimo título nacional desse filme. O nome original é “City Island”, justamente a região onde o personagem principal mora, nos arredores de Nova Iorque, em uma antiga vila de pescadores. Ele é Vince Rizzo (Andy Garcia), um pai de família comum que ganha a vida como agente penitenciário. Casado com Joyce (Julianna Margulies), pai de dois filhos, ele seria como qualquer outro americano da classe trabalhadora daquele país se não fosse por um pequeno detalhe: fã do ator Marlon Brando ele sonha, em segredo, se tornar um ator profissional. Para isso freqüenta às escondidas um curso de teatro em Nova Iorque e se aventura a fazer testes pela cidade em busca de uma oportunidade. Com medo de sofrer reprimendas por parte de sua família, freqüenta as aulas sem falar nada para ninguém. Ao mesmo tempo tem que lidar com um filho adolescente desbocado e rebelde e uma filha, que ele pensa estar indo para a faculdade, mas que na realidade é uma stripper em um clube adulto de New Jersey.

Para piorar ainda mais sua conturbada vida familiar descobre que um dos novos detentos da prisão onde trabalha é seu filho bastardo, fruto de um antigo caso de juventude. Tentando ajudar o rapaz (que não sabe que ele é o seu pai verdadeiro) o leva para casa sob condicional. Não demora muito para aos poucos todos os segredos familiares sejam descobertos. “City Island” é um projeto bem pessoal do ator Andy Garcia que produziu o filme. Aqui ele presta uma homenagem às pessoas que mesmo diante de todas as dificuldades pessoais, familiares, etc não perdem a capacidade de sonhar e ir atrás de seus objetivos. A vida familiar de seu personagem é caótica mas no meio de tudo aquilo ele ainda, muito humildemente, tenta abrir caminho na complicada carreira de ator em Nova Iorque. No elenco um dos maiores destaques vem com a presença da atriz Julianna Margulies. Na série “The Good Wife” ela interpreta uma advogada de muita fibra e classe. Já aqui ela faz uma dona de casa suburbana sem nenhuma sofisticação, em um papel que realça seu grande talento dramático. Assim fica a dica desse pequeno filme que certamente vai agradar a muitos.

Confusões em Família (City Island, Estados Unidos, 2009) Direção: Raymond De Felitta / Roteiro: Raymond De Felitta / Elenco: Andy Garcia, Julianna Margulies, Steven Strait / Sinopse: Pai de família comum sonha em se tornar ator profissional como seu grande ídolo, Marlon Brando, ao mesmo tempo em que tem que lidar com sua família mais do que problemática.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Afinado no Amor

Alguns atores fazem sucesso na carreira e sinceramente não consigo entender a razão. Não tem carisma, não são bons intérpretes, não tem talento. Quando o assunto é humor então o que dizer de um comediante sem graça? É justamente o caso desse Adam Sandler. O sujeito basicamente só sabe fazer um tipo de papel, não é engraçado e nem muito menos talentoso, além de ter uma lista incrível de filmes simplesmente pavorosos no currículo mas.... mesmo assim lá está Sandler, ano após ano, lançando seus abacaxis no cinema. Provavelmente se formou naquela escola de “atores” onde quanto pior, melhor. Egresso da TV, mais precisando do Saturday Night Live, Sandler prova que o público americano de fato não é dos mais inteligentes, sofisticados e nem cultos do planeta, tamanha a atenção que lhe dão em todos os filmes bombas que lança!

Esse aqui foi um de seus primeiros sucessos no cinema. Ele interpreta um cantor de casamentos chamado Robbie que se apaixona pela gracinha Julia (Drew Barrymore). Ela é garçonete e está comprometida para desapontamento de Robbie. Ele por sua vez amarga uma fossa sem fim desde que levou um fora de sua ex-namorada. Dando vexames nos casamentos em que trabalha, por causa da depressão que se abate sobre ele, Robbie começa a ter dificuldades até para arranjar novos eventos. Sua salvação virá mesmo através de Julia, a garota de seus sonhos. Bom, se formos comparar “Afinado no Amor” com algumas porcarias que Sandler fez depois na carreira chegaremos na conclusão que esse é quase um “Cidadão Kane” de sua filmografia! Mesmo assim é bem fraco, muito meloso e apelativo – com a óbvia ajuda de uma trilha sonora escolhida justamente para isso. De bom mesmo apenas a simpática presença de Barrymore que ajuda a passar o tempo. Agora complicado mesmo é suportar o mala do Sandler mas aí vai depender da tolerância de cada um com a canastrice alheia.

Afinado no Amor (The Wedding Singer, Estados Unidos, 1998) Direção: Frank Coraci / Roteiro: Tim Herlihy / Elenco: Adam Sandler, Drew Barrymore, Christine Taylor / Sinopse: Cantor de casamentos de quinta categoria se apaixona por garçonete enquanto tenta curar a dor de cotovelo de um fora colossal que levou. O problema é que a garota está comprometida.

Pablo Aluísio.

Parker

Título no Brasil: Parker
Título Original: Parker
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Taylor Hackford
Roteiro: John J. McLaughlin
Elenco: Jason Statham, Jennifer Lopez, Nick Nolte
  
Sinopse:
Com roteiro baseado no romance policial escrito por Donald E. Westlake, o filme "Parker" conta a estória nada convencional de Johnny Parker (Jason Statham), um criminoso e ladrão profissional de bancos que acaba sendo traído por seu grupo e deixado para morrer em uma estrada. Recuperado da traição que visava lhe matar ele decide retornar para um acerto de contas final e sangrento com todos os que quiseram sua morte. Filme indicado ao World Stunt Awards.

Comentários:
“Parker” é mais um filme de ação estrelado por Jason Statham que foi exibido nos cinemas brasileiros. A bilheteria foi muito boa, diga-se de passagem. Ao contrário de outras fitas de ação de rotina do ator esse aqui traz algumas novidades. A primeira delas – e mais visível – é a presença da atriz e cantora Jennifer Lopez que parece ter deixado as comédias românticas de lado para investir em mais filmes de ação como esse. Por mais incrível que possa parecer até que ela não se sai mal. A trama de Parker é relativamente simples. Baseado nos livros de grande sucesso Flashfire, de autoria do escritor Donald E. Westlake, o filme narra as estórias de Parker (Jason Statham), um ladrão profissional que a despeito de viver à margem da lei segue padrões de comportamento e códigos de ética que determinam que seus serviços devem ser limpos, sem morte ou danos a pessoas inocentes. O problema é que Parker se une a um grupo de assaltantes que não pensam da mesma forma e após um roubo em que tudo vai mal ele é traído, ferido e deixado para morrer no meio da estrada. Recuperado é hora de partir para o acerto de contas. Para conseguir seu objetivo Parker (Statham) resolve colocar então um plano em execução, se disfarçando de texano milionário, com a qual pretende se vingar daqueles que quase o mataram. O diretor que dirige Jason Statham dessa vez é o cineasta Taylor Hackford, profissional talentoso que entre outros filmes dirigiu “Advogado do Diabo”. O problema central que podemos perceber em “Parker” é que Hackford definitivamente não tem muita intimidade com os filmes de ação. Embora “Parker” vá por vários caminhos (é um thriller com pitadas de romance e comédia também) o fato é que em essência essa é uma fita de ação e o diretor comete um pecado mortal nesse tipo de filme: ele perde o pique em vários momentos, deixando a produção cair em um incomodo marasmo. De qualquer forma, no saldo final, fica a boa novidade de ver Jason Statham saindo um pouco de seu habitual, encarando um roteiro diferente (apesar dos furos). Para os fãs do ator certamente será uma boa opção. 

Pablo Aluísio.