segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Assassinato no Expresso do Oriente

Sempre gostei das adaptações dos livros de Agatha Christie para o cinema. Grandes filmes do passado mantiveram bem essa tradição. Provavelmente o livro mais famosa dessa escritora seja exatamente esse, "Assassinato no Expresso do Oriente". Aqui você encontrará todos os ingredientes que fizeram dessa pacata velhinha inglesa uma das maiores vendedores de livros de todos os tempos. Sempre há um mistério a se resolver e vários suspeitos geralmente em ambientes fechados. É quase uma experiência empírica. Com o ambiente controlado fica mais fácil estudar os objetos de estudo, que são justamente as pessoas suspeitas do crime que move toda a trama. Esse sempre foi o grande atrativo da obra de Agatha Christie: resolver um caso misterioso e desvendar a identidade do verdadeiro autor do crime.

Pois bem, nem faz muito tempo que assisti a versão de 1974. Um filme muito bom por sinal. Agora o ator e diretor Kenneth Branagh resolveu apostar numa nova adaptação. Como é de praxe nesse tipo de filme ele contou também com um elenco numeroso, cheio de nomes famosos, do passado e do presente. O problema é que Kenneth Branagh decidiu que iria fazer um produto fast food, de rápida digestão, a ser exibido nos cinemas comerciais de shopping center mundo afora. Uma decisão lamentável. Tudo parece acontecer rápido demais, sem explorar o clima e nem os personagens que rondam esse assassinato que ocorre justamente nesse trem tão famoso, o Orient Express. Esse aliás é o grande problema desse novo filme: a pressa. Praticamente tudo vai se atropelando, sem muita sofisticação, sem muita preocupação em se criar todo um ambiente sofisticado para contrastar justamente com o lado grotesco de um homicídio.

Em um filme assim temos que ter também uma caracterização perfeita do detetive Hercule Poirot. Nesse quesito nenhum ator até hoje conseguiu superar Peter Ustinov que foi a mais perfeita encarnação de Poirot no cinema. Talvez envaidecido por sua própria fama, o diretor Kenneth Branagh cometeu o erro fatal de se auto escalar como Poirot. Ficou péssimo. Ele não tem nem a corporação física de ser Poirot que sempre foi um figura bonachona, com quilinhos a mais e QI acima do normal. Tentando ser Poirot  Kenneth Branagh só se tornou muito chato! E o que dizer daquele bigode simplesmente horrível que ele ostenta no filme? Com o personagem central mal escalado tudo fica mais difícil. Para piorar ainda mais a situação a pressa não dá chance nenhuma para nenhum dos atores desse rico elenco se sobressair. Eles possuem apenas pequenos momentos, pequenos trechos que não fazem muita diferença. Assim o meu veredito final não é bom. Não gostei dessa nova versão que peca por querer ser comercial demais. Ficou com cara mesmo de fast food descartável.

Assassinato no Expresso do Oriente (Murder on the Orient Express, Estados Unidos, Inglaterra, 2017) Direção: Kenneth Branagh / Roteiro: Michael Green, baseado na obra escrita por Agatha Christie / Elenco: Kenneth Branagh, Penélope Cruz, Willem Dafoe, Michelle Pfeiffer, Judi Dench,  Johnny Depp / Sinopse: Durante uma viagem no Expresso do Oriente um homem é morto misteriosamente em sua cabine. Para descobrir o crime entra em cena o detetive Hercule Poirot que acaba descobrindo que praticamente cada um dos passageiros do trem teria um motivo para assassinar o tal sujeito.

Pablo Aluísio.

O Livro de Henry

Meu irmão mais velho se chama também Henry. Assim resolvi assistir a esse filme, por pura curiosidade mesmo. OK, não é o melhor motivo para se ver um filme, mas de vez em quando é interessante escolher dessa forma. O curioso é que o roteiro gira em torno da história de dois irmãos. Eles moram com a mãe solteira em uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos. O Henry do título é um dos meninos, só que ele definitivamente não é um garoto normal. Extremamente inteligente, curioso e culto, ele é o orgulho da sua mãe. Uma criança com o QI muito acima da média de seus coleguinhas da escola.

A vida vai seguindo até que Henry tem um ataque durante a noite. A partir daí começa o drama da família, já que no hospital ele é diagnosticado com um tumor cerebral. A partir desse ponto é conveniente não revelar muito mais sobre o enredo para não estragar as surpresas. Basta dizer apenas que a partir do momento em que Henry descobre que tem uma doença séria o filme muda de direção, infelizmente não para melhor, pois em determinado momento pensei que tudo iria se perder por causa dessa reviravolta. Ainda bem que os roteiristas recobraram a razão e o bom senso prevaleceu no final. Se tivesse seguido pelos rumos que tudo ia tomando certamente teria se tornado um dos filmes mais estranhos e bizarros que assisti nos últimos anos.

De qualquer forma não precisa se preocupar. O filme que parece familiar é mesmo "family friendly", para toda a família. No elenco o destaque vai para o garotinho Jaeden Lieberher como Henry. Parece ter sido natural para ele interpretar esse pequeno gênio. Tudo soa muito tranquilo em sua interpretação. Provavelmente o ator mirim seja também um desses prodígios. Naomi Watts interpreta sua mãe. Essa atriz tem se mostrado bem corajosa ultimamente, largando os papéis de mulheres bonitas para embarcar numa nova fase da carreira, ao estilo mais dramático. Outro ator que você vai reconhecer é o Dean Norris. Ele foi o cunhado de Walter White em "Breaking Bad", uma série fenomenal. Então é isso. "O Livro de Henry" não decepciona, apesar de em determinado momentos deixar uma sensação no espectador que tudo pode desmoronar de uma hora para outra. Isso não acontece, felizmente. Assista sem receios.

O Livro de Henry (The Book of Henry, Estados Unidos, 2017) Direção: Colin Trevorrow / Roteiro: Gregg Hurwitz / Elenco: Naomi Watts, Jaeden Lieberher, Dean Norris, Jacob Tremblay, Maddie Ziegler / Sinopse: Mãe solteira cria seus dois filhos numa pequena cidade do interior. Apesar da ausência do pai, eles são felizes. O filho mais velho Henry é um pequeno gênio de 12 anos de idade. A rotina deles muda quando Henry é diagnosticado com uma séria doença.

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de dezembro de 2017

Feito na América

O astro Tom Cruise vinha mesmo devendo um bom filme nesses últimos anos. Ele se limitou nesse tempo a estrelar produções milionárias de ação com roteiros bem cretinos. Aqui há uma pausa nesse estigma. Esse novo "American Made" conta uma história real bem interessante. É a história de um jovem piloto comercial da TWA que acaba se envolvendo com um agente da CIA. Em troca de um pagamento melhor ele aceita pilotar pequenos e velozes aviões em incursões pela América Central. São missões não oficiais que de certa forma fazem o jogo sujo do governo americano por debaixo dos panos.

Em uma dessas viagens ele acaba tomando contato com traficantes colombianos, eles mesmos, a quadrilha de Pablo Escobar e cia, que iria se denominar Cartel de Medellín! Nada poderia ser mais lucrativo do que aquilo. Voar em baixa altitude, levando cocaína da Colômbia para os Estados Unidos. Todos voos arriscados, onde o próprio piloto jogava a "carga" nos pântanos da Louisiana. Apesar do risco tudo começou a dar muito certo, a ponto do personagem de Cruise trazer outros pilotos para trabalharem para ele. Imaginem o tamanho do dinheiro que jorrou nessas operações. O mais bizarro de tudo é que ele não deixou de trabalhar para a CIA, traficando cocaína enquanto transportava armas para grupos armados patrocinados ilegalmente pelo governo dos Estados Unidos. Uma loucura completa, um caos!

O filme me agradou bastante. Claro, há alguns probleminhas. A escalação de Tom Cruise foi muito criticada. O verdadeiro piloto da histórica chamado Barry Seal era um sujeito gordinho, de cabeça grande, nada parecido com o galã Cruise. Isso porém não vejo com uma falha ou erro, mas apenas como uma opção na escalação do elenco. Claro que em certos momentos Cruise mais parece um remake de seu filme "Top Gun", mas não chega a atrapalhar. A única crítica que faria ao roteiro é que ele cai em certos clichês desse tipo de filme, como os exageros no tocante ao dinheiro ganho pelo piloto. De repente ele se vê em montanhas de maços de dinheiro, que ele precisa esconder em todos os lugares, até nos estábulos, no meio dos cavalos de sua propriedade. Exageros narrativos à parte, esse "Feito na América" é uma boa pedida para quem quer saber mais um pouco da história do crime, como também para quem estiver em busca de um bom filme no circuito mais comercial. Coisa bem rara hoje em dia.

Feito na América (American Made, Estados Unidos, 2017) Direção: Doug Liman / Roteiro: Gary Spinelli / Elenco: Tom Cruise, Domhnall Gleeson, Sarah Wright / Sinopse: Barry Seal (Tom Cruise) é um piloto de aviões comerciais que decide mudar de vida. Trabalhando na TWA, grande companhia de aviação dos Estados Unidos, ele decide largar o emprego para fazer missões secretas não oficiais para a CIA na América Central. Não satisfeito, descobre um jeito de ganhar muito dinheiro, traficando cocaína da Colômbia para seu país, sob as ordens do infame Cartel de Medellín, chefiado por Pablo Escobar.

Pablo Aluísio.

Regressão

Esse é um filme de suspense cujo tema explora a existência de seitas satânicas nos Estados Unidos. Baseado em fatos reais, a história se passa no começo dos anos 90. Bruce Kenner (Ethan Hawke) é um policial de interior que precisa desvendar um caso bem estranho, envolvendo uma jovem chamada Angela Gray (Emma Watson). Ela afirma que foi abusada sexualmente pelo próprio pai durante um ritual de satanismo envolvendo vários membros da comunidade. Kenner assim fica numa situação bem delicada, pois a investigação começa a desvendar a existência mesmo de um grupo satanista na sua cidade. Pior do que isso, até mesmo policiais de sua delegacia estariam envolvidos nisso.

O filme não pode ser qualificado como de terror, no estilo clássico que conhecemos. Claro, por se basear em uma história real nem tudo acontece do jeito que os fãs de terror esperariam. O roteiro explora as diversas nuances da história contada por Angela, que parece ser chocante demais para ser verdade. Assim o tira interpretado por Ethan Hawke entra até mesmo em crise, pois sendo ele um cético, que não acredita em nada, em mundo espiritual, deuses, anjos e demônios, tudo se torna ainda mais complicado de aceitar. O roteiro procura por essa razão manter os pés no chão, embora adicione cenas bem interessantes de cultos demoníacos.

A primeira coisa que me chamou atenção no elenco desse filme foi a presença de Emma Watson. Ela é uma ativista feminista, sempre pregando o empoderamento das mulheres. Assim quando o filme começou fiquei bem desconfiado. Sua personagem parece bem tímida, recatada, vulnerável! Não era bem o tipo que esperaríamos ver Emma interpretando. Por isso pensei comigo mesmo: tem coisa aí. E realmente o filme dá uma reviravolta, que obviamente não vou contar aqui. Quando as coisas finalmente se revelam você percebe e entende exatamente o que Emma estaria fazendo nesse filme. No geral é um bom thriller de suspense, porém não foge muito do lugar comum. O interesse se mantém até o final que infelizmente não entrega tudo o que poderia se esperar. Mesmo assim vale a pena assistir, nem que seja pelo menos uma vez.

Regressão (Regression, Estados Unidos, 2015) Direção: Alejandro Amenábar / Roteiro: Alejandro Amenábar / Elenco: Ethan Hawke, Emma Watson, David Thewlis / Sinopse: Angela Gray (Emma Watson), uma jovem garota tímida, decide denunciar o abuso sexual que sofreu nas mãos de seu próprio pai. Além disso resolve denunciar uma seita satânica que funcionava e realiza cultos em sua cidade, contando com membros influentes dentro da comunidade. O policial Bruce Kenner (Ethan Hawke) é designado pelo departamento para investigar o caso, mas acaba se surpreendendo com o que acaba encontrando.

Pablo Aluísio.

sábado, 2 de dezembro de 2017

Bingo: O Rei das Manhãs

O filme é uma adaptação da vida real de um dos atores que interpretaram o palhaço Bozo no SBT durante os anos 80. Arlindo Barreto era o seu nome. Ator de filmes de pornochanchada ele acabou indo até o canal de Silvio Santos para um teste. Afinal precisava trabalhar. Acabou sendo aceito, interpretando o palhaço americano em um programa infantil que acabou fazendo bastante sucesso. Enquanto fazia o divertido personagem na frente das câmeras, afundava no vício em cocaína fora delas, o que o levou a situações absurdas, todas aproveitadas pelo roteiro.

O que vemos na tela porém é apenas parcialmente verdade. O roteiro do filme é uma mescla de histórias reais com pura ficção. Obviamente para evitar processos, os produtores não usaram o nome Bozo que é marca registrada de uma empresa americana. Mudaram para Bingo e criaram também um canal de ficção (SBT e Globo são citados no filme, mas com nomes diferentes). O próprio Arlindo também esclareceu que algumas cenas nunca aconteceram, como a que vemos o ator sangrando pelo nariz em pleno palco por causa do excesso de cocaína cheirada no camarim. Ele era divorciado, sua mãe era uma antiga estrela de TV, mas não morreu desprezada e depressiva como vemos no filme. 

Embora seja um bom filme, com temática interessante, "Bingo" não é tudo aquilo que foi dito por alguns críticos de cinema. É um filme bem realizado, mas que tropeça em alguns momentos, principalmente na parte mais dramática envolvendo os dramas pessoais do protagonista. Em certos momentos ficou com jeitão de novela da Globo, o que nem sempre é uma boa notícia. O ator Vladimir Brichta é seguramente um profissional talentoso que traz muita alma ao filme, mas o roteiro nem sempre está à sua altura. Na vida real havia cinco atores fazendo o Bozo, mas no filme tudo recai sobre ele. No geral é um bom filme nacional, apesar de pequenos e eventuais problemas de desenvolvimento. Dá para ver numa boa, sem maiores aborrecimentos.

Bingo: O Rei das Manhãs (Brasil, 2017) Direção: Daniel Rezende / Roteiro: Luiz Bolognesi, Fabio Meira / Elenco: Vladimir Brichta, Leandra Leal, Emanuelle Araújo, Raul Barreto / Sinopse: Baseado parcialmente em fatos reais o filme conta a história de um ator desempregado que acaba indo parar em um programa infantil interpretando um palhaço americano chamado Bingo! Com o sucesso de audiência vem também os exageros, como o uso de drogas e a companhia de mulheres bonitas. Seu relacionamento com o filho porém começa a se deteriorar.

Pablo Aluísio.

Três é Demais

Título no Brasil: Três é Demais
Título Original: Rushmore
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Wes Anderson
Roteiro: Wes Anderson, Owen Wilson
Elenco: Jason Schwartzman, Bill Murray, Luke Wilson, Olivia Williams, Brian Cox

Sinopse:
Jovem adolescente chamado Max Fischer (Jason Schwartzman) se apaixona perdidamente por sua nova professora. Tentando conquistá-la, ele comete o erro de pedir conselhos a Herman Blume (Bill Murray), pai de um de seus amigos. Herman então decide ele mesmo conquistar a professora, para a tristeza de Max. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Bill Murray).

Comentários:
Para um filme que tinha a proposta de ser uma comédia achei tudo bem chato. O humor de Wes Anderson não é para todo mundo. Ele é bem queridinho da crítica, por causa das temáticas muitas vezes estranhas de seus filmes, dos roteiros diferentes, das direções de arte bizarras, mas no geral sempre achei muito discurso teórico para poucas risadas. Filmes como "Os Excêntricos Tenenbaums", "Viagem a Darjeeling" e "A Vida Marinha com Steve Zissou" sempre me deixaram mais com tédio e sono do que qualquer outra coisa. Esse filme só não é o pior de sua carreira porque ele é salvo mais uma vez pela presença de Bill Murray. Embora Bill tenha em determinado momento de sua filmografia adotado um tipo de filme mais cult, cabeça, do que suas habituais comédias, aqui ele volta de certa forma ao seu velho estilo de fazer rir, com aquele sorriso de cinismo divertido que o fez famoso. Claro que não pode ser considerado um de seus melhores trabalhos, mas ele no final das contas acaba se tornando uma das poucas razões para se assistir a esse filme bem esquecível, que não conseguiu fugir do esquecimento depois de alguns anos. Wes Anderson não superou sua característica principal de ser um cineasta bem chato, para dizer a verdade.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

A Filha da Luz

Título no Brasil: A Filha da Luz
Título Original: Bless the Child
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio:  Paramount Pictures
Direção: Chuck Russell
Roteiro: Thomas Rickman
Elenco: Kim Basinger, Jimmy Smits, Rufus Sewell, Christina Ricci, Ian Holm, Michael Gaston

Sinopse:
Baseado na novela escrita por Cathy Cash Spellman, o filme "A Filha da Luz" conta a história de     
Maggie O'Connor (Kim Basinger), uma mulher que precisa cuidar da sobrinha autista depois que sua irmã a abandona, por ser viciada em drogas. Com o passar dos anos o que parecia ser apenas um caso de autismo na menina se revela muito mais, com poderes espirituais que ninguém poderia prever.

Comentários:
Quando o brilho de determinadas estrelas começa a se apagar, não tem jeito. Ok, a Kim Basinger nunca foi uma grande estrela de cinema, mas teve lá seu período de popularidade e fama, principalmente nos anos 80. Quando chegou os anos 90 a carreira dela começou a afundar, até chegar nesse ponto, já na virada do milênio, com esse filme muito fraco e ruim que não conseguiu fazer sucesso, isso apesar de seu tema que supostamente poderia atrair a atenção do público mais jovem. O diretor Chuck Russell só teve mesmo um filme bacana em sua filmografia que foi justamente "O Máskara". O resto vai de mediano a ruim como "O Escorpião Rei" e "A Hora do Pesadelo 3: Os Guerreiros dos Sonhos". Essa fitinha com a Kim não o ajudou muito nesse aspecto. Diante de tudo fica a pergunta inevitável: alguma coisa vale a pena nesse filme? Sim, para surpresa de muita gente o elenco de apoio é excepcionalmente bom, contando com o ótimo ator Rufus Sewell, com a estranha Christina Ricci e, como não poderia deixar de citar, a presença elegante de Ian Holm como um reverendo. Pena que nenhum deles teve muito espaço, afinal o estrelismo se apagando de Kim Basinger acabou ofuscando todo mundo. Uma pena.

Pablo Aluísio.

Liga da Justiça

Essas adaptações de quadrinhos para o cinema estão se tornando cada vez mais cansativas, principalmente quando são pretensiosas demais além da conta. Essa nova tentativa da DC em acertar nas telas de cinema é um exemplo disso. Aqui houve a reunião de um grupo de super-heróis, todos reunidos nessa liga da justiça. Estão lá o Batman, a Mulher-Maravilha, o Flash, o Aquaman e o Cyborg. O Superman também retorna depois de um breve período como morto! O roteiro não ajuda. Mesmo com tantos personagens famosos, pouca coisa funciona bem nesse filme. O vilão é genérico, mais um daqueles que querem trazer o apocalipse para o nosso mundo. Nada de novo no front. As cenas digitais mais incomodam do que qualquer outra coisa. Parece um game comum.

O diretor  Zack Snyder teve que abandonar o filme antes de encerradas as filmagens. Houve uma tragédia em sua família. Penso que nem se ele tivesse terminado seu trabalho a coisa ficaria melhor. O problema é que a trama é banal demais, nada muito original ou diferente do que você já viu em outros filmes desse estilo. Nem momentos que supostamente teriam potencial para ajudar se salvam da banalidade. A volta de Superman ao mundo dos vivos é um desses momentos. Nada muito inspirador, nada muito bem feito. Na verdade é uma decepção. Todos os personagens se tornam bem vazios, porque não há tempo de desenvolver nenhum deles. Quando fui assistir a essa nova produção da DC / Warner, fui com as expectativas baixas pois o filme foi severamente criticado. Nem as resenhas dos leitores habituais dos quadrinhos foram positivas. Devo concordar com todos eles. Esse "Liga da Justiça" é realmente bem fraco.

Liga da Justiça
(Justice League, Estados Unidos, 2017) Direção: Zack Snyder / Roteiro: Chris Terrio, Joss Whedon / Elenco: Ben Affleck, Henry Cavill, Gal Gadot, Jason Momoa, Amy Adams, Jeremy Irons, Diane Lane, J.K. Simmons, Ray Fisher, Ezra Miller, Ciarán Hinds / Sinopse: O Batman (Affleck) resolve formar uma liga de super-heróis, contando com a ajuda da Mulher-Maravilha (Gadot), Aquaman (Momoa), Flash (Miller) e Superman (Cavill). Todos precisam enfrentar um vilão vindo do espaço, o Lobo da Estepe (Hinds) que de posse de três artefatos poderosos, deseja trazer o apocalipse até o nosso mundo.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

O Mundo em Seus Braços

Título no Brasil: O Mundo em Seus Braços
Título Original: The World in His Arms
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Raoul Walsh
Roteiro: Borden Chase, Horace McCoy
Elenco: Gregory Peck, Ann Blyth, Anthony Quinn
  
Sinopse:
O Capitão Jonathan Clark (Gregory Peck) lidera uma tripulação de veleiros que realiza viagens periódicas até o distante Alaska. O objetivo é trazer novas cargas de peles de focas para serem vendidas nas grandes cidades americanas. De volta a San Francisco ele resolve se hospedar em um hotel chique e luxuoso. Sua intenção é vender sua carga e aproveitar seus dias de folga com muitas festas, bebidas e mulheres. Nesse ínterim é procurado por uma condessa russa, Marina Selanova (Ann Blyth), que deseja contratar seus serviços para viajar até o Alaska, onde seu tio é governador. Clark não se anima muito com a ideia, afinal de contas ele detesta russos em geral. O que ele definitivamente não contava era se apaixonar perdidamente pela amável e linda nobre.

Comentários:
Aventura com doses de humor marcam esse "The World in His Arms". O diretor Raoul Walsh obviamente se inspirou nos antigos filmes de Michael Curtiz, estrelados pelo astro Errol Flynn, para criar sua obra. O contexto histórico vai até o século XVIII, quando os Estados Unidos começavam a pensar seriamente em comprar o vasto território do Alaska da Rússia Czarista. O personagem interpretado por Gregory Peck é um americano que vai até lá para caçar e depois vender as peles das focas no continente. Isso claro o coloca em confronto com autoridades russas que ainda dominavam a região. O roteiro porém não tem muita preocupação em ser historicamente correto. Ao invés disso aposta mesmo no romance do capitão com a condessa. Ela é interpretada pela linda atriz Ann Blyth que havia se destacado em filmes como "Alma em Suplício" (1945), "Mildred Pierce" (também de 1945, quando arrancou uma indicação ao Oscar) e "O Grande Caruso" (1951). Ann era inegavelmente talentosa, mas aqui com forte maquiagem, só consegue mesmo ser um bibelô de luxo na tela. Já Peck passa por um sufoco para não ser ofuscado pela vigorosa interpretação de Anthony Quinn. Ele interpreta um navegador português, falastrão e expansivo, que vira e mexe tenta passar a perna no personagem de Gregory Peck. A personalidade do personagem de Quinn acaba sendo uma das coisas mais divertidas do filme, principalmente quando solta algumas palavras em nosso idioma, tudo claro com aquele sotaque macarrônico que torna tudo ainda mais engraçado. A produção é boa, com cenas gravadas usando o sistema de Back Projection, ou seja, os atores atuavam em estúdio, com cenas do Alaska sendo projetadas em uma tela atrás deles. Na época isso era bem comum, até porque levar toda uma equipe de filmagem até aquela região distante e fria seria impensável. Enfim é isso. Um filme sem maiores pretensões a não ser o puro divertimento. Aventura, humor e cenas de mar para os que adoram esse tipo de produção.

Pablo Aluísio.

domingo, 26 de novembro de 2017

Sonho de Amor

Título no Brasil: Sonho de Amor
Título Original: Song Without End
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Charles Vidor, George Cukor
Roteiro: Oscar Millard
Elenco: Dirk Bogarde, Capucine, Geneviève Page
  
Sinopse:
Biografia do famoso pianista e compositor clássico Franz Liszt (1811 - 1886). Nascido na Hungria o jovem Liszt logo se torna um dos mais celebrados concertistas de Paris. Através de apresentações memoráveis ele vira um astro da música na cidade. Após conhecer uma nobre condessa francesa, Marie D'Agoult (Geneviève Page), ele resolve se casar e se retirar dos palcos, aproveitando seu talento apenas para compor grandes peças clássicas. A vida fora do palco porém não lhe traz felicidade. Isolado, ele decide retornar para um concerto em Paris, mesmo contra a vontade da esposa. Depois atendendo a pedidos de uma nobre russa, a princesa Carolyne Wittgenstein (Capucine), resolve ir até a Rússia para se apresentar ao próprio Czar em pessoa. A viagem porém acaba despertando o amor entre ele e a princesa. O problema é que ambos são casados, o que desencadeia um grande escândalo em toda a Europa. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Música (Morris Stoloff e Harry Sukman). Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria Melhor Filme - Musical.

Comentários:
Belo romance histórico que mostra uma fase particularmente complicada na vida do celebrado maestro e pianista clássico Franz Liszt (Dirk Bogarde). Ele tinha tanto talento para fazer concertos maravilhosos como para se envolver em problemas pessoais fora dos palcos. Um romântico incurável que acabou se envolvendo em um grande escândalo pessoal quando se apaixonou por uma princesa russa casada com um dos homens de confiança do Czar. A questão é que o próprio Liszt também era casado com uma condessa francesa, tinha dois filhos e muitos problemas em sua vida amorosa. Seu casamento não era feliz, pois sua esposa considerava a profissão de pianista pouco segura e de certa maneira em sua visão nobre e esnobe, tinha certa vergonha do marido ser um músico. Preconceitos da época. Assim tentou transformar Liszt em um compositor de renome, ficando fora dos palcos, algo que ela também considerava indigno. Pressionado por essa visão mesquinha da mulher ele acabou encontrando sua alma gêmea em uma princesa russa (interpretada pela bela atriz Capucine). Infelizes em seus respectivos casamentos tentaram de todas as formas lutar por esse amor, mas era uma situação considerada extremamente escandalosa pela sociedade da época. Em um tempo em que o divórcio não era aceito nem pelas autoridades públicas e nem pela Igreja, Franz Liszt e sua amada Carolyne Wittgenstein tiveram então de ir contra tudo e contra todos para concretizar sua paixão. Além de ter uma trama muito bem escrita o filme também se destaca pelas excelentes cenas musicais. O ator Dirk Bogarde tinha certa formação musical, mas jamais poderia tocar com as próprias mãos as complicadas peças de Liszt ao piano. Assim acabou sendo dublado por um especialista. Isso porém jamais transparece em cena pois ele demonstra grande talento em "dublar" muito bem os concertos. A direção de arte é primorosa e a reconstiuição de época magistral. Filmado em Vienna, na Austria, o filme é uma maravilhosa fusão de música clássica com cinema clássico. Uma bela obra cinematográfica com muito estilo, elegância e finesse. Um show de cultura para o público em geral. 

Pablo Aluísio.

sábado, 25 de novembro de 2017

Quando Descem as Sombras

Título no Brasil: Quando Descem as Sombras
Título Original: The Night Walker
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: William Castle
Roteiro: Robert Bloch
Elenco: Robert Taylor, Barbara Stanwyck, Hayden Rorke, Judi Meredith
  
Sinopse:
Irene Trent (Barbara Stanwyck) é casada há muitos anos com Howard Trent (Hayden Rorke), mas não o ama. Ele está cego, velho e paranóico, pois tem certeza que sua esposa o está traindo com um homem mais jovem, alto e bonito. A vida para Irene assim perde o interesse, a felicidade e ela começa a sofrer inúmeros pesadelos com uma pessoa idealizada que definitivamente não consegue identificar. Com a ajuda do advogado Barry Morland (Robert Taylor) ela tentará desvendar esse mistério, agravado ainda mais com a morte inexplicável de Howard.

Comentários:
O produtor e diretor William Castle foi uma espécie de Alfred Hitchcock mais popularesco e menos talentoso. Ao longo de sua carreira ele investiu em um cinema bem fantasioso e de certa maneira também bastante sensacionalista. Mesmo assim conseguiu alcançar o êxito comercial, criando uma verdadeira legião de fãs na época (em grande parte formado por crianças e adolescentes). Aqui Castle investe no misterioso mundo dos sonhos e pesadelos. Sua personagem principal não consegue mais separar sonhos de realidade e sofre bastante com isso, agravado ainda mais pelo fato de ser uma mulher infeliz e frustrada, afundada em um casamento sem amor, sem afeto e cheio de problemas. Ela sonha com uma vida sentimental plena, mas isso parece cada dia mais distante. Ao invés de viver com o amor de sua vida ela leva uma vida medonha ao lado do marido, um sujeito rico, porém desalmado, desconfiado e até mesmo violento (em determinada cena a espanca com sua bengala). Castle porém não está interessado em filmar um drama sobre desilusões amorosas e sim um suspense de terror e crime. Assim o velho Howard logo morre em circunstâncias inexplicáveis, o que dá origem a uma série de eventos estranhos, bizarros que passam a atormentar a mente de Irene. Apesar de ter alguns bons momentos, como o sinistro casamento rodeado de bonecos de cera, o roteiro não se sustenta por muito tempo. O que começa de forma promissora vai decaindo de qualidade ao longo do filme. Surgem desdobramentos na trama sem explicação e a solução do mistério acaba se tornando inverossímil demais para ser levado à sério. No final das contas só recomendamos o filme para os que já são fãs do cinema de William Castel. Para os demais tudo soará mesmo como algo ultrapassado demais para ser levado em conta.

Pablo Aluísio.

Jack, o Estripador

Título no Brasil: Jack, o Estripador
Título Original: Jack the Ripper
Ano de Produção: 1958
País: Inglaterra
Estúdio: Mid Century Film Productions
Direção: Robert S. Baker, Monty Berman
Roteiro: Jimmy Sangster, Peter Hammond
Elenco: Lee Patterson, Eddie Byrne, Betty McDowall
  
Sinopse:
1888. Londres. Uma série de mulheres são encontradas mortas. Todos os assassinatos possuem algo em comum, levando a polícia londrina a ter certeza que o autor dos crimes é a mesma pessoa. Com a ajuda de um policial americano e sob pressão da Scotland Yard, o inspetor O'Neill (Eddie Byrne) precisa desesperadamente descobrir a identidade do verdadeiro assassino e o colocar atrás das grades o mais rapidamente possível, algo que não será tão simples de realizar. História baseada em fatos reais.

Comentários:
Apesar do tema interessante, envolvendo um dos mais famosos serial killers da história, esse filme apresenta muitos problemas. O principal deles é apostar em um enredo puramente ficcional. Tirando as mortes do assassino, que de fato aconteceram e chocaram a Inglaterra vitoriana, nada mais do que você verá em cena foi real ou aconteceu realmente. Tudo bem que a verdadeira identidade de Jack jamais foi solucionada inteiramente (embora recentemente estudos envolvendo até mesmo DNA comprovem que ele teria sido Aaron Kosminski, um imigrante russo que foi para a Inglaterra em busca de novas oportunidades de vida), mas a questão é que deveriam ter caprichado um pouco mais. Para falar a verdade é um filme que, apesar de hoje em dia ostentar um certo status cult, não passa de uma produção simples e sem maiores atrativos. Logo após as mortes o roteiro sugere que o assassino seria um renomado médico de Londres, um sujeito com título de nobreza (uma velha suspeita que teria envolvido até mesmo o médico da casa real na época dos crimes). Depois as pistas vão sendo deixadas ao espectador, sendo que a maioria delas não passam de farelos de pão para confundir o caminho em direção ao verdadeiro culpado. As mortes das prostitutas, que deveria ser um dos pontos altos do filme, jamais se mostram bem feitas. Não são bem realizadas e contém erros grosseiros em relação ao que aconteceu. Na verdade as vítimas sequer surgem estripadas, ignorando até mesmo o nome que tornou infame o assassino por todos esses anos. Em suma, para quem estiver em busca de um bom filme sobre esse famoso serial killer não recomendaria essa antiga produção. Muito ultrapassada, com óbvio jeito de filme B. Ela é modesta demais em seus objetivos e resultados e deixa bastante a desejar. Esqueça!

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Meu Maior Amor

Título no Brasil: Meu Maior Amor
Título Original: My Foolish Heart
Ano de Produção: 1949
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: Mark Robson
Roteiro: Julius J. Epstein, Philip G. Epstein
Elenco: Susan Hayward, Dana Andrews, Kent Smith, Lois Wheeler
  
Sinopse:
Após vários anos de casamento, Eloise Winters (Susan Hayward) não consegue mais esconder sua frustração e infelicidade. Acontece que ela se casou com um homem que não amava. Para superar isso bebe cada vez mais, algo que se torna insuportável para seu marido. Após vários meses sem rever sua amiga Mary Jane (Lois Wheeler) ela a recebe em casa e começa a recordar os anos felizes do passado, quando viveu uma grande história de amor ao lado do militar Walt Dreiser (Dana Andrews). O destino porém não quis que esse grande romance se eternizasse. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Susan Hayward) e Melhor Música Original ("My Foolish Heart" de Victor Young e Ned Washington).

Comentários:
Um belo drama romântico cujo roteiro extremamente sentimental procura explorar a vida infeliz e cheia de mágoas da protagonista Eloise Winters. Interpretada com maestria pela talentosa atriz Susan Hayward, ela é uma mulher que não conseguiu encontrar a verdadeira felicidade em sua vida amorosa. Após ver o grande amor de sua vida partir, ela afunda em um mar de sentimentos de ressentimento, mágoas e frustrações que não consegue mais lidar. Para suportar começa a beber e afiar cada vez mais a sua acidez verbal, usando como alvo justamente seu atual marido, um homem que ela definitivamente nunca amou! Em situações assim a vida conjugal logo se torna um verdadeiro inferno doméstico, o que faz com que a iminência do divórcio se torne cada vez mais presente. O roteiro é na verdade um longo flashback. Após receber a amiga Mary Jane em seu lar problemático, Eloise começa a recordar o passado e assim o espectador é levado até os anos em que ela era apenas uma jovem estudante. Durante um baile conhece o bonito e charmoso Walt Dreiser (Dana Andrews) e fica logo perdidamente apaixonada por ele. Um caso de amor à primeira vista! Ao contrário dos outros homens de sua idade, Dreiser também tem um bom humor à toda prova, o que o torna ainda mais atraente. Depois de alguns encontros e desencontros eles começam finalmente um romance ardente, mas os Estados Unidos entram na Segunda Guerra Mundial e Dreiser é logo convocado para servir em um dos bombardeiros da força aérea americana sobre a Europa. A partir daí a vida de Eloise muda para sempre. Particularmente gostei de tudo no filme, do seu ritmo, do clima romântico, nostálgico e afetuoso, mas principalmente da atuação de Susan Hayward. Indicada ao Oscar merecidamente por essa atuação ela está em estado de graça em cena. É interessante porque é um dos filmes em que a atriz está mais bonita, valorizada enormemente por uma bela fotografia em preto e branco, além de um figurino elegante que realça ainda mais sua beleza. Para os que admiram a carreira de Susan esse é certamente um filme obrigatório. Já para os românticos de plantão será com certeza um excelente programa para assistir a dois. Está mais do que recomendado. 

Pablo Aluísio.

O Amor que Me Deste

Título no Brasil: O Amor que Me Deste
Título Original: Homecoming
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Mervyn LeRoy
Roteiro: Sidney Kingsley, Jan Lustig
Elenco: Clark Gable, Lana Turner, Anne Baxter, John Hodiak
  
Sinopse:
A vida corre maravilhosamente bem para o Dr. Ulysses Johnson (Clark Gable), um médico de sucesso e cirurgião respeitado, que agora colhe os frutos de seu êxito profissional ao inaugurar sua própria clínica particular. Ele planeja em breve se casar com a doce e terna Penny Johnson (Anne Baxter), sua noiva de muitos anos. Ela parece ser o tipo de mulher que se tornará a esposa ideal, atenciosa e devotada ao seu amado. Tudo muda da noite para o dia porém quando os Estados Unidos entram na II Guerra Mundial. Atendendo o chamado da pátria o Dr. Johnson se alista nas forças armadas. Com a patente de Major é enviado para a Europa onde conhece a enfermeira e tenente Jane 'Snapshot' McCall (Lana Turner) que irá balançar o seu coração.

Comentários:
Muitos cinéfilos só conhecem o trabalho do mito Clark Gable através de seus mais famosos filmes, como por exemplo, o clássico "E o Vento Levou". A carreira do ator porém foi muito além disso. Um exemplo temos aqui nesse romance de guerra chamado "O Amor que Me Deste". Inicialmente é importante frisar que embora sua história se passe na II Guerra o foco de seu roteiro é realmente os dramas passionais pelos quais passa o protagonista, Dr. Johnson (Gable). Ele acha que finalmente encontrou o rumo certo de sua vida ao ver sua carreira profissional ser um sucesso ao mesmo tempo em que pretende se casar com a bela Penny (Baxter), para ele naquele momento de sua vida, a mulher ideal de seus sonhos. Suas convicções mudam completamente quando ele vai para a guerra, trabalhar como médico no front. Lá ele descobre finalmente o lado humano da medicina, de sua profissão, ao ter que lidar com jovens combatentes morrendo em suas mãos. Ao mesmo tempo começa a nutrir uma paixão pela tenente 'Snapshot' (Turner) que trabalha ao seu lado como enfermeira. Ela é o extremo oposto de sua querida Penny. Enquanto a mulher que deixou nos Estados Unidos é submissa e pacata, tipicamente uma dona de casa e do lar, a tenente é espevitada, brigona e petulante! Mesmo sendo tão diferente da outra o Dr. Johnson logo se vê apaixonado por ela! A independência de Snapshot e sua disposição para encarar o Major de frente acaba se revelando algo extremamente atraente para ele. Muitos homens realmente sentem uma grande atração por mulheres desafiadoras e independentes!

O roteiro também trabalha muito bem na mudança de personalidade do personagem de Gable. Antes da guerra, enquanto trabalha como médico de sucesso nos Estados Unidos, ele se mostra como um sujeito egocêntrico, centrado em si mesmo e mais preocupado em ficar rico com a medicina do que qualquer outra coisa. Chega ao ponto de recusar o pedido de ajuda de um médico que estudou ao seu lado na faculdade para ajudar pessoas pobres que estão morrendo por um surto de malária em um vilarejo pobre de sua região! Quando vai para a guerra e vê o sofrimento de jovens americanos perdendo suas vidas em prol de uma causa, ele muda completamente seu modo de ver o mundo e passa a entender finalmente que a medicina não pode ser encarada apenas em seu sentido mercadológico! Um roteiro muito bem trabalhado nesse sentido. Em termos de elenco, além da sempre preciosa atuação de Clark Gable, temos uma Lana Turner bem diferente. Ela se despiu de maiores vaidades para esse papel, abraçando um visual bem mais casual, praticamente sem maquiagem, o que curiosamente realçou ainda mais sua beleza natural. Seu desempenho é ótimo, a ponto inclusive de ter sido considerada injustiçada por não levar uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz naquele ano. Sua química ao lado de Gable também funciona muito bem o que é crucial em um romance como esse. A direção foi entregue ao sofisticado cineasta Mervyn LeRoy, um diretor que valorizava especialmente o lado mais humano dos seus personagens. No geral "Homecoming" é um grande filme, uma excelente produção do cinema clássico americano, valorizado ainda mais por sua proposta principal ao demonstrar que o amor pode brotar nas situações mais diversas, inclusive em pleno campo de batalha de uma das mais sangrentas guerras da história.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

A Noiva Desconhecida

Título no Brasil: A Noiva Desconhecida
Título Original: In the Good Old Summertime
Ano de Produção: 1949
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Robert Z. Leonard
Roteiro: Albert Hackett, Frances Goodrich
Elenco: Judy Garland, Van Johnson, S.Z. Sakall, Buster Keaton
  
Sinopse:
Veronica Fisher (Judy Garland) e Andrew Delby Larkin (Van Johnson) trocam cartas românticas apaixonadas por um serviço de correspondência para pessoas que desejam arranjar um novo amor, porém não conhecem a verdadeira identidade um do outro. O que eles nem desconfiam é que verdade já se conhecem e muito, pois são colegas de trabalho, vendedores da loja de instrumentos e partituras musicais do Sr. Otto Oberkugen (S.Z. Sakall). Pior do que isso, eles não simpatizam mutuamente e vivem brigando, o que causará inúmeros problemas quando resolverem finalmente marcar um encontro às escuras. Filme indicado ao WGA Award na categoria de Melhor Musical.

Comentários:
Judy Garland era uma artista completa. Dançava, cantava e atuava muito bem. Ela se consagrou ainda muito jovem quando interpretou Dorothy no clássico imortal "O Mágico de Oz". Depois daquele filme inesquecível a MGM a escalou para várias produções obviamente aproveitando seus inúmeros talentos. Nesse "A Noiva Desconhecida" Judy já não surge como aquela encantadora garotinha. Ela agora é uma mulher adulta em busca de trabalho. Depois de muito procurar ela acaba arranjando um emprego de vendedora na simpática loja do rabugento Sr. Otto. Em uma época em que ainda não havia discos, lojas como essas faturavam bastante vendendo partituras musicais. Essas por sua vez eram tocadas em saraus elegantes nas casas das famílias mais ricas de Chicago. Para mostrar como eram as músicas dessas partituras todas as lojas precisavam ter em seu quadro de funcionários uma cantora ou cantor para interpretar as partituras aos clientes. É justamente isso que a personagem de Garland faz em seu trabalho, o que abre margem para vários números musicais bem suaves e ternos. O roteiro desse filme traz além de boas canções uma trama romântica que consegue ser ao mesmo tempo bem divertida. Veronica (Garland) sonha em encontrar o homem de seus sonhos. 

Para isso ela acaba entrando em um programa de correspondência anônima onde troca cartas apaixonadas com potenciais pretendentes. E ela acaba se apaixonando por um deles, sem saber que na verdade o autor dos belos poemas de amor é o seu próprio colega de trabalho, o Sr. Larkin (Johnson) de quem ela inclusive não gosta e nem simpatiza. Esse argumento provavelmente lhe lembrará de um filme com Tom Hanks e Meg Ryan chamado "Mens@gem Pra Você". A coincidência é facilmente explicada pois ambos os filmes foram baseados na peça "Parfumerie" de Miklós László. A única diferença óbvia é que a segunda versão dos anos 1990 se aproveitou da popularização da informática para aproximar os dois apaixonados anônimos que ao invés de trocarem cartas usavam E-Mails. Fora isso temos basicamente as mesmas situações. De uma forma ou outra o fato é que "A Noiva Desconhecida" é um belo romance musical muito simpático, leve e divertido, contando com a presença muito especial da imortal Judy Garland que inclusive colocou sua própria filhinha, ainda bebê (nada menos do que a futura estrela Liza Minnelli), na última cena do filme. Um momento realmente encantador que serve para fechar com chave de ouro esse carismático musical.

Pablo Aluísio.

Ainda Serás Minha

Título no Brasil: Ainda Serás Minha
Título Original: Somewhere I'll Find You
Ano de Produção: 1942
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Wesley Ruggles
Roteiro: Charles Hoffman, Walter Reisch
Elenco: Clark Gable, Lana Turner, Robert Sterling
  
Sinopse:
Paula Lane (Lana Turner) é uma jovem jornalista em busca de sua primeira grande chance profissional. Depois de um tempo tentando ser levada a sério ele consegue ser enviada pelo jornal onde trabalha como correspondente de guerra na Indochina. Se a vida profissional vai bem para Paula, o mesmo não se pode dizer dos assuntos do coração. Ela namora sério com Kirk 'Junior' Davis (Robert Sterling), mas na verdade é loucamente apaixonada por seu irmão, Jonathon 'Jonny' Davis (Clark Gable). Enquanto tenta decidir com quem ficará todos são enviados para o oriente para registrar a nova guerra mundial que se aproxima.

Comentários:
Um filme pouco conhecido nos dias de hoje que conta com duas grandes estrelas em seu elenco: o eterno galã Clark Gable e uma das atrizes mais populares daquela época, a bela loira platinada Lana Turner. O jornalista interpretado por Gable traz várias características que marcaram muito sua carreira nas telas. Ele é levemente cínico, faz o estilo mais cafajeste e sempre tem uma ironia mordaz na ponta de língua. Para completar seu jeito mau caráter ele também começa a se insinuar para a própria noiva de seu irmão, a também jornalista Paula Lane (Lana Turner). E ela é caidinha por ele. Sempre se provocando com diálogos picantes os dois passam o filme inteiro se separando e voltando. O irmão de Gable faz o tipo certinho para fazer um contraponto com o tipo conquistador inveterado do famoso galã. Por falar em diálogos alguns deles são extremamente ousados. Em determinado momento Gable conhece uma garota de programa em um bar e ela lhe diz com toda a sensualidade que está pronta para apagar sua tocha na cama do quarto de hotel! Ora, nos anos 1950 isso causaria um verdadeiro problema por causa do falso moralismo do Macartismo. Já em plena segunda guerra não havia esse problema, uma vez que a autocensura ainda não havia chegado para valer nos estúdios. O roteiro tem um pegada leve, de comédia romântica mesmo, com boas cenas de amor entre Gable e Turner. Lana era muito sensual e como estava ainda bem jovem quando fez o filme sensualiza muito bem a cada momento - com direito até a mordidinhas na orelha de Clark Gable. Já para quem for atrás de cenas de batalha é melhor desistir. Só existe uma sequência rápida de guerra, já no final, com menos de 10 minutos de duração. A coisa toda foi construída mesmo em torno do triângulo amoroso dos protagonistas (Gable, Turner e Sterling). Fora disso não há maiores atrativos para quem procura por algo diferente ou mais movimentado.

Pablo Aluísio

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Todos os Irmãos Eram Valentes

Filmes de aventuras nos sete mares se tornaram uma das maiores tradições da era de ouro de Hollywood, em sua fase clássica. Aqui temos mais um exemplo, só que ao contrário dos filmes estrelados por Errol Flynn, aqui não temos piratas e nem lutas de capa e espada. A história se passa em meados do século XIX, quando prosperou na costa leste dos Estados Unidos uma rica indústria pesqueira baseada no óleo retirado das baleias. Esse produto era usado para diversos fins, era muito lucrativo e por isso a caça a esses animais se proliferou. O protagonista do filme é justamente um capitão de um veleiro baleeiro chamado Joel Shore (Robert Taylor). De volta ao lar depois de passar dois anos no Pacífico Sul, ele decide se casar com a bela Priscilla 'Pris' Holt (Ann Blyth), representando aqui a amada deixada para trás. Depois de uma breve cerimônia, Shore é contratado para capitanear uma nova embarcação. Ele aceita o convite, mas deixa claro que não irá apenas atrás das baleias, mas também atrás de seu irmão, Mark Shore (Stewart Granger), que seguindo a tradição familiar também era um capitão de veleiros. Durante uma viagem pelos mares do sul ele simplesmente desapareceu. Assim Joel decide seguir seus passos, mesmo sabendo que ele poderia naquela altura já estar morto.

O filme tem uma bonita produção. A direção de fotografia a cargo de George J. Folsey foi inclusive indicada ao Oscar, merecidamente aliás. O filme foi realizado no Caribe, nas costas da Jamaica, o que trouxe um visual belíssimo para as cenas. Outra indicação deveria ter sido dada para os efeitos especiais. Há cenas extremamente bem realizadas durante a caça às baleias, cenas inclusive que me lembraram bastante do grande clássico Moby Dick (que aliás tem sua história passada no mesmo contexto histórico do enredo desse filme, trazendo daí suas semelhanças). Outro fato curioso é que o filme ainda contou com navios verdadeiros, que ainda existiam na época, fazendo com que uma grande dose de veracidade histórica acompanhasse o elenco nesses ricos cenários. Enfim, um filme de sete mares mais do que recomendado. Com um roteiro bem sóbrio, não apelando para duelos de espadas com piratas e coisas afins, esse filme surpreende por ser ao mesmo tempo bem pé no chão, sem com isso perder sua dose de diversão e aventura.

Todos os Irmãos Eram Valentes (All the Brothers Were Valiant, Estados Unidos, 1953) Direção: Richard Thorpe / Roteiro: Harry Brown, baseado na novela histórica escrita por Ben Ames Williams / Elenco: Robert Taylor, Stewart Granger, Ann Blyth / Sinopse: Destemido capitão de um navio baleeiro em expedição pelos mares do Pacífico Sul decide procurar pelo paradeiro de seu irmão, também capitão, que desapareceu há alguns meses nas ilhas daquela região inexplorada e selvagem.

Pablo Aluísio.

Ratos Humanos

Na véspera do julgamento do gângster Benjamin Costain (Lorne Greene), a principal testemunha de acusação é covardemente assassinada. Isso cria um grande problema para o promotor público Lloyd Hallett (Edward G. Robinson) que deseja ver a condenação de Costain de todas as formas. Assim ele vai até a prisão estadual para tentar convencer Sherry Conley (Ginger Rogers), que está em regime fechado, a testemunhar contra Costain. Em troca de seu testemunho ele promete uma comutação em sua pena. Sherry parece intimidada e nada disposta a aceitar o convite. O promotor então decide tirá-la da prisão por alguns dias, para levá-la até um apartamento no centro da cidade, onde terá maiores chances de fazer Sherry testemunhar contra o criminoso. Ela passa assim a ser protegida pelo tira Vince Striker (Brian Keith). Não será algo fácil de fazer, já que o mafioso já descobriu que o promotor deseja usá-la no julgamento. Agora ele pretende matá-la de todas as formas, pois sua liberdade está em jogo.

"Ratos Humanos" é um bom filme de gângster. Toda a trama se passa em apenas dois dias, justamente os que antecedem o grande julgamento do mafioso Costain. Tudo é feito para que Sherry (interpretada por Ginger Rogers, com cabelos bem curtinhos) aceite testemunhar contra o criminoso que o promotor interpretado pelo ator Edward G. Robinson quer que seja condenado e deportado do país. O papel de Robinson aliás não deixa de ser bem curioso pois ele fez sua carreira interpretado gângsters perigosos, mas aqui surge do lado da lei, como um promotor. A direção de Phil Karlson é enxuta. Ele se limita a contar bem sua história, sem perda de tempo e nem exageros. Ginger Rogers, que foi a atriz mais bem paga de Hollywood durante os anos 40, por causa de seus musicais ao lado de Fred Astaire, se saiu muito bem nesse papel mais dramático. Sua personagem fala pelos cotovelos, seus diálogos são longos, de complicada memorização, em grandes cenas e sequências. Ela aliás está em noventa por cento das cenas. Não foi um trabalho fácil. Mesmo assim se saiu muito bem, nessa atuação de sua fase mais madura. O grande atrativo desse filme vem justamente disso, da oportunidade de conferir mais o lado de atriz da estrela Ginger Rogers, que aqui obviamente não dança e nem canta. No final de tudo ela demonstra que era muito mais do que apenas uma grande dançarina. Era de fato também uma atriz de talento dramático admirável.

Ratos Humanos (Tight Spot, Estados Unidos, 1955) Direção: Phil Karlson / Roteiro: William Bowers, Leonard Kantor / Elenco: Ginger Rogers, Edward G. Robinson, Brian Keith, Lorne Greene / Sinopse: Sherry Conley (Ginger Rogers) é tirada da prisão pelo promotor público Lloyd Hallett (Edward G. Robinson). Ele pretende que ela seja testemunha contra o violento gângster Benjamin Costain (Lorne Greene). Para evitar que seja morta pelo criminoso, Lloyd a deixa sob a proteção do policial Vince Striker (Brian Keith).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Cowboy do Asfalto

Dar uma visão do cowboy americano da atualidade – essa é a proposta desse “Cowboy do Asfalto”, produção estrelada por John Travolta no auge de sua carreira. No filme acompanhamos as mudanças pelas quais passa Bud Davis (John Travolta), um rapaz do interior que se muda para a cidade grande em busca de novas oportunidades. E lá que seu tio vai lhe dar uma mão na busca de um emprego e um novo lugar para morar. Recém chegado logo começa a trabalhar numa refinaria como operário. Com os trocados que ganha durante a semana no trabalho duro o jovem Bud vai para os bailes de música country no fim de semana. Em uma dessas noites ele acaba conhecendo Sissy (Debra Winger), uma garota que adora o universo country. Depois de uma paixão avassaladora resolvem dar o grande passo de suas vidas, se casando de forma até prematura. O que parecia ser um belo caminho a trilhar em suas vidas infelizmente logo começa a ruir com os problemas do cotidiano. Falta de grana e meios para se viver melhor. A grande chance de dar a volta por cima acaba vindo em torno de uma competição esportiva de montaria ao touro mecânico, que promete pagar um belo prêmio ao último cowboy que conseguir ficar firme na montaria até o apito final.

“Cowboy dos Asfalto” é interessante porque conseguiu captar a vida de dois jovens comuns que apaixonados vivem as incertezas do casamento. Durante a semana eles pegam pesado no batente, geralmente em empregos desgastantes e sem nenhum atrativo mas extravasam suas frustrações durante o fim de semana quando se vestem como vaqueiros do interior, dançam e se divertem ao som de muita música country, participando de competições do gênero como a montaria no touro mecânico. Travolta, cheio de maneirismos, repete de certa forma seu tipo de interpretação que havia desenvolvido em filmes como “Grease” e “Os Embalos de Sábado à Noite”. A única novidade é o universo country ao seu redor. Melhor se sai Debra Winger como a jovem que só quer ser feliz ao lado do amor de sua vida. O filme tem muita música, dança (como era de se esperar de um filme com John Travolta naquela época) e romance. Revendo hoje em dia o filme ganha muito no aspecto nostalgia (principalmente para quem foi jovem nas décadas de 70 e 80) e por isso vale ser revisto. Ah e antes que me esqueça: a trilha sonora de “Cowboy do Asfalto” é um prato cheio para quem gosta de música country, inclusive com a participação de muitos cantores famosos na época. Se você é fã do estilo não deixe de ver.

Cowboy do Asfalto (Urban Cowboy, EUA, 1980) Direção: James Bridges / Roteiro: Aaron Latham, James Bridges / Elenco: John Travolta, Debra Winger, Scott Glenn / Sinopse: O filme narra os problemas e o romance de um casal de jovens que vivem em uma grande cidade americana mas que procuram preservar as suas origens dentro do universo country.

Pablo Aluísio.

A Balada de um Pistoleiro

Título no Brasil: A Balada de um Pistoleiro
Título Original: The Ballad of a Gunfighter
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos
Estúdio: Bill Ward Pictures
Direção: Bill Ward
Roteiro: Bill Ward
Elenco: Marty Robbins, Traveler, Joyce Redd, Nestor Paiva, Michael Davis, Laurette Luez
  
Sinopse:
Após o fim da guerra civil americana, um veterano confederado interpretado por Marty Robbins, resolve esconder o ouro roubado por seu bando em um pequeno e pobre vilarejo no velho oeste. Ele dá a fortuna para que o padre da pequena igreja local o esconda. Isso acaba criando uma grande tensão com o líder da quadrilha que deseja não apenas colocar as mãos no ouro como também na mulher de Robbins. Apenas o duelo de armas fumegantes colocará um fim na acirrada rivalidade.

Comentários:
Produção B que chegou a ser lançada no Brasil nos tempos do VHS. É curioso isso uma vez que o filme nunca foi exatamente popular ou conhecido, sendo de complicado acesso até mesmo entre colecionadores americanos. Isso se deve em parte ao fato de que a produtora original do filme, Bill Ward Pictures, faliu ainda na década de 1960, tendo seu acervo disperso, sendo que muitas dessas produções de faroeste de orçamento limitado simplesmente se perderam. Essa fita aqui sobreviveu. O destaque para o fã de western vem da presença do cowboy cantor Marty Robbins. Ele foi um astro de segundo escalão até bem popular naqueles anos, sempre dando pequenas canjas nos filmes, cantando uma ou outra música e desfilando com seu famoso cavalo branco Traveller (que chegou inclusive a ganhar seu próprio título de quadrinhos!). O filme como um todo é apenas razoável, bem ao estilo matinê. Na verdade era aquele tipo de produção mais modesta que fazia a alegria da garotada nos cinemas durante os fins de semana. Um produto nostálgico que a despeito de seu charme vintage perdeu muito com o passar dos anos. Datado e ultrapassado só valerá mesmo como item de raridade em sua coleção de faroestes. Como produto cinematográfico porém é uma obra menor.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Choque de Ódios

Título no Brasil: Choque de Ódios
Título Original: Wichita
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Allied Artists Pictures
Direção: Jacques Tourneur
Roteiro: Daniel B. Ullman
Elenco: Joel McCrea, Vera Miles, Lloyd Bridges
  
Sinopse:
1874. A cidade de Wichita é um dos lugares mais violentos do velho oeste. Não há lei e nem ordem. O que vale é a força das armas. Nesse ambiente onde tudo parece perdido chega um forasteiro chamado Wyatt Earp (Joel McCrea) que está disposto a aceitar o emprego que ninguém mais quer: o de xerife! Com a estrela de prata no peito e um colt nas mãos ele então parte disposto a limpar a cidade de todos os bandidos e foras da lei que encontrar pela frente. Não será algo fácil, mas Earp está decidido a vencer o desafio.

Comentários:
O lendário xerife Wyatt Earp inspirou muitos filmes de faroeste ao longo dos anos. Sua história, embora muito contestada por historiadores mais recentes, não deixa de dar frutos, mesmo nos dias de hoje. Já nos anos 1950 seu nome era sinônimo de chamariz para boas bilheterias. Aqui o ator Joel McCrea o interpreta. Sempre achei Joel muito adequado para esse personagem, não apenas pelo fato dele ter sido um ótimo astro de faroeste na era de ouro, como também pelo fato de ser ele mesmo muito parecido fisicamente com o verdadeiro Earp. Curiosamente essa lenda criada em torno do nome do velho homem da lei se deve muito a ele mesmo. No final da vida Earp foi até Hollywood servir como consultor para alguns filmes, ainda na época do cinema mudo. Lá teve contato com roteiristas e produtores que resolveram transformar sua própria história em material para vários filmes. Nessa versão, que é um tanto convencional para o cinema dos anos 50, o que mais chama a atenção é o elenco, realmente muito bom. Além de McCrea temos ainda a bela Vera Miles e a competência do veterano Lloyd Bridges. Assim embora o filme seja na média não deixa de se tornar uma ótima diversão nostálgica.

Pablo Aluísio.

Armando o Laço

Título no Brasil: Armando o Laço
Título Original: West of the Divide
Ano de Produção: 1934
País: Estados Unidos
Estúdio: Paul Malvern Productions
Direção: Robert N. Bradbury
Roteiro: Robert N. Bradbury
Elenco: John Wayne, Virginia Brown Faire, George 'Gabby' Hayes
  
Sinopse:
Dois cowboys, Ted Hayden (John Wayne) e seu amigo Dusty Rhodes (George 'Gabby' Hayes), se deparam com um fora da lei à beira da morte durante uma viagem pelo deserto do Arizona. O sujeito chamado Gatt Ganns esteve envolvido na morte e desaparecimento de um rico fazendeiro da região. Ao que tudo indica o próprio irmão da vítima era o autor do crime. Ted então resolve assumir a identidade do pistoleiro Ganns, para assim reunir mais provas contra as pessoas envolvidas no crime.

Comentários:
Muitos conhecem os filmes de John Wayne a partir dos anos 1950 ou então de uma fase mais avançada, já na década de 1970 quando realizou seus últimos filmes (Wayne faleceu em 1979). Assim a grande maioria de sua filmografia segue sendo ignorada por grande parte dos cinéfilos. O fato é que Wayne estrelou dezenas de filmes na década de 1930. Essas películas mais antigas podem ser encaradas como versões em faroeste dos filmes de matinê que eram bem populares naqueles tempos distantes. Em certo aspecto John Wayne ainda não havia encontrado seu estilo. Grandalhão, ele procurava seguir os passos de Tom Mix, inclusive usando seu figurino em cena. Grandes chapéus e armas absurdamente chamativas (cheias de detalhes dourados em seus canos, tal como era moda country daquele período). O filme tem roteiro básico, tudo muito simples, mas que certamente soava muito divertido para a garotada (que formava a massa do público para esse tipo de fita de bang bang). Com apenas 54 minutos o filme, apesar de extremamente curto, chegou a incomodar em seu lançamento pois para alguns setores era violento demais para os garotos que pegavam alguns centavos de dólar por uma entrada. Sinal de tempos mais inocentes e ingênuos, certamente.

Pablo Aluísio.

domingo, 19 de novembro de 2017

Hondo - Caminhos Ásperos

Hondo Lane (John Wayne) é um pistoleiro que atravessa o deserto sozinho ao lado de seu cão Sam durante as chamadas guerras Apaches. No caminho acaba encontrando um pequeno rancho onde vivem Angie (Geraldine Page) e seu pequeno filho. Estão sozinhos pois seu marido saiu atrás de parte de seu rebanho, mas jamais retornou. O problema é que em breve os Apaches chegarão no local e Hondo não consegue convencer a jovem senhora a abandonar o local onde vive. Esse "Hondo - Caminhos Ásperos" me surpreendeu por alguns motivos. O primeiro é o próprio personagem interpretado por John Wayne. Um pistoleiro de passado nebuloso. Sua caracterização de viajante no meio do nada ao lado de seu cachorro seria imitada anos depois em filmes tão diferentes como "Mad Max" (Há uma clara citação do diretor George Miller sobre isso) e até mesmo por Clint Eastwood em "O Estranho Sem Nome" (solidificando ainda mais a figura do pistoleiro solitário sem passado e nem identidade). Perceba que o roteiro não se preocupa em desvendar o passado de Hondo. Ele é sempre uma figura que parece guardar algum tipo de mistério sobre si mesmo, algo que ele não quer ou não pode revelar. Outro aspecto curioso na produção é a forma como Wayne lida com um papel de mestiço, algo que acontecia pela primeira vez em sua carreira. Hondo Lane é metade apache e metade branco. Por uma ironia do destino acaba se vendo envolvido em um conflito que mal consegue entender, envolvendo homens brancos e indígenas.

No final do filme, ao saber que provavelmente os apaches serão todos liquidados pela cavalaria americana, ele diz uma frase que resume seu estado de espírito: "Isso não será apenas o fim dos apaches, mas sim o fim de um modo de viver.... e um bom modo de se viver, é bom salientar". Quem diria que o conservador Wayne iria abrir espaço para um diálogo tão socialmente consciente e politicamente correto como esse? Deixando de lado todos esses aspectos sociais, é bom deixar claro que como puro cinema de entretenimento o filme funciona muito bem. Cinematograficamente falando o western é muito bom. Seu elenco, em especial, chama a atenção. Além de John Wayne - sempre uma presença carismática, aqui valorizado pelo bom personagem - ainda temos a grande atriz Geraldine Page dividindo a tela com ele. Considerada uma das grandes atrizes do cinema americano, nesse faroeste ela interpreta uma jovem rancheira que se recusa a abandonar seu lar frente à ameaça apache que ameaça vir das montanhas rochosas. Suas cenas com o Duke são muito boas e bem escritas, o que garantem a qualidade do filme também nos quesitos atuação e diálogo. John Wayne e Geraldine Page ficam praticamente sozinhos no rancho no terço inicial de "Hondo" e se não se entrosassem bem em cena certamente o roteiro perderia parte importante de seu impacto. Felizmente isso não ocorre. Ambos estão perfeitos em seus respectivos personagens. Em suma "Hondo" é um western de primeira, com belas atuações e cenários naturais grandiosos. Item para se ter em sua coleção.

Hondo - Caminhos Ásperos (Hondo, Estados Unidos, 1953) Direção: John Farrow / Roteiro: James Edward Grant, Louis L'Amour / Estúdio: Warner Bros / Elenco: John Wayne, Geraldine Page, Ward Bond / Sinopse: Durante as guerras índigenas um cowboy chamado Hondo Lane (John Wayne) chega até um rancho isolado, situado numa região distante e inabitada. O lugar está bem no meio do território onde índios e o exército americano lutam. Mesmo com o perigo rondando ela se recusa a ir embora, deixando tudo o que tem para trás. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Geraldine Page) e Melhor Roteiro Adaptado (baseado no conto "The Gift of Cochise").

Pablo Aluísio.

A Marca do Renegado

Título no Brasil: A Marca do Renegado
Título Original: The Mark of the Renegade
Ano de Produção: 1951
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Hugo Fregonese
Roteiro: Johnston McCulley, Robert Hardy Andrews
Elenco: Ricardo Montalban, Cyd Charisse, J. Carrol Naish

Sinopse:
Mesmo tendo nascido em origem nobre, Marcos Zappa (Ricardo Montalban) decide zarpar em um navio pirata do século XIX em busca de aventuras. Depois de cruzar os sete mares ele desembarca na costa da Califórnia, naquela época ainda sob domínio do império mexicano. Lá acaba sendo designado por um político influente para conhecer e conquistar o coração da filha de seu inimigo. O objetivo é desmoralizar a dinastia familiar de seu oponente. Zappa porém tem outros planos para esse relacionamento.

Comentários:
Pequeno filme de curta duração (pouco mais de 70 minutos de metragem) que mescla filmes de aventuras ao estilo "piratas dos sete mares" com western. O personagem de Ricardo Montalban vai parar na Califórnia dos tempos pioneiros, onde acaba enrolado numa série de intrigas políticas. O filme me deixou a impressão de tentar seguir os passos de outro grande sucesso da época, "A Marca do Zorro". A ambientação é praticamente a mesma, o personagem principal é um exímio espadachim, dado a aventuras e galanteios com as moças da região. E ele também tem sua marca, a letra "R" de renegado que foi colocada em sua testa. Falastrão e fanfarrão, é de fato uma adaptação, algumas vezes pouco sutil, do famoso personagem Zorro. Fica também claro o tempo todo que a Universal estava empenhada em transformar seu jovem ator, Ricardo Montalban, em um astro. Embora interprete o personagem de um pirata, ele logo demonstra suas origens nobres ao pedir pratos requintados e vinhos de qualidade nas tavernas por onde passa. Seu figurino também chama a atenção, bem vistoso e chamativo. Assim grande parte da película é investida no visual do sujeito, quase sempre sem camisa e mostrando uma ótima forma física. O filme não se destaca cinematograficamente em nada, a não ser se encarado como uma aventura escapista, com toques de western. Uma produção B, tipicamente de matinês.

Pablo Aluísio.

sábado, 18 de novembro de 2017

A Volta dos Homens Maus

Título no Brasil: A Volta dos Homens Maus
Título Original: Return of the Bad Men
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: Ray Enright
Roteiro: Charles O'Neal, Jack Natteford
Elenco: Randolph Scott, Robert Ryan, George 'Gabby' Hayes, Anne Jeffreys
  
Sinopse:
Uma quadrilha formada por alguns dos mais infames pistoleiros do velho oeste como Billy The Kid, Sundance Kid, os irmãos Youngers e os irmãos Daltons se unem para promover uma série de ações criminosas em pequenas cidades do território de Oklahoma. Uma jovem chamada Cheyenne (Anne Jeffreys) resolve também se unir ao bando, mas durante um assalto a banco acaba sendo atingida por um tiro certeiro em seu ombro. Após cavalgar por várias horas ela acaba indo parar na fazenda do rancheiro aposentado Vance (Randolph Scott) que resolve lhe ajudar. Como é uma garota muito jovem ainda, Vance entende que ela deve largar o mundo do crime, para dar um novo rumo em sua vida.

Comentários:
Mais um bom filme da carreira de Randolph Scott. Inicialmente o fã de western pode vir a pensar que se trataria de uma espécie de sequência de "A Terra dos Homens Maus" de 1946, também estrelado por Randolph Scott. É uma visão equivocada. São dois filmes diversos, com personagens diferentes. O único elo de ligação vem dos roteiros que se aproveitam de bandidos famosos do velho oeste para contar suas estórias. No filme anterior, por exemplo, havia o bando de Jesse James. Já aqui os roteiristas trouxeram outros nomes conhecidos como Billy The Kid (pouco aproveitado) e Sundance Kid (como um pistoleiro com ares de psicopatia). Uma das coisas que mais gostei desse filme foi seu roteiro, muito bem desenvolvido, com ênfase em todos os personagens. O Vance de Randolph Scott, por exemplo, acaba tendo dois interesses românticos na estória. Ora ele se interessa pela jovem cowgirl Cheyenne, ora pretende se casar com a bela e recatada Madge Allen (Jacqueline White). 

A melhor parte acontece quando resolve aceitar o convite para se tornar xerife em uma cidade recém inaugurada, durante a corrida da colonização no Oklahoma. Naqueles tempos as terras do oeste eram doadas pelo governo a quem chegasse primeiro (um fato histórico que foi bem aproveitado em muitos filmes de faroeste ao longo dos anos). Como dono da estrela de prata ele precisa limpar a região dos foras-da-lei e bandoleiros em geral. Uma coisa nada fácil de se conseguir. Agora em termos de elenco quem se destaca mesmo é o veterano George 'Gabby' Hayes. Com seu jeito bem peculiar, servindo como alívio cômico, ele acaba roubando a cena como um dono de banco que acaba se tornando alvo do bando de criminosos. Suas cenas são bem divertidas e Gabby acaba mesmo chamando todas as atenções para si. Por fim, para completar o pacote, a cena final acontece numa cidade fantasma, que na verdade serve de esconderijo para o bando de criminosos. Em suma, não falta mesmo nada nesse bem tradicional western americano da década de 40. Miais um belo momento da filmografia do grande Randolph Scott.

Pablo Aluísio.

Um Dólar para Matar

Título no Brasil: Um Dólar para Matar
Título Original: Bandidos
Ano de Produção: 1967
País: Itália, Espanha
Estúdio: EPIC, Hesperia Films S.A.
Direção: Massimo Dallamano
Roteiro: Romano Migliorini, Gianbattista Mussetto
Elenco: Enrico Maria Salerno, Terry Jenkins, María Martín
  
Sinopse:
O fora da lei Billy Kane (Venantini) lidera uma quadrilha de bandidos que resolve assaltar um trem em movimento. O saldo é trágico, um verdadeiro massacre. Kane não quer deixar testemunhas e por essa razão manda matar todos os passageiros e tripulantes. Excessivamente cruel, ele não quer deixar ninguém vivo que o possa prejudicar. Porém uma pessoa sobrevive, Richard Martin (Enrico Maria Salerno) que está disposto a acertar contas com Kane e seu bando. 

Comentários:
Mais um western spaguetti produzido no auge do estilo. O diretor Massimo Dallamano assinou como Max Dillman, para dar a falsa impressão de que era um cineasta americano. Uma bobagem, pois os produtores pensavam que assim haveria maior retorno comercial do filme. O fato que importa é que Massimo Dallamano demonstrou muito bem saber o que fazer com sua câmera. Ele criou ótimas sequências de tiroteios onde valorizou bastante o clima de tensão com pistoleiros se escondendo entre as ruelas empoeiradas de uma cidade do velho oeste. O roteiro investe na fórmula da vingança sem limites. Esse tipo de roteiro era bem comum no cinema italiano, pois se mostrava infalível para os admiradores desse tipo de produção. O elenco não traz nenhum astro mais conhecido. O ator Enrico Maria Salerno não era muito conhecido. A boa notícia era que ele foi muito bem dirigido por Dallamano que soube extrair o seu melhor em cena. A trilha sonora não é o que poderíamos dizer como marcante, mas é eficiente. Talvez o excesso de repetições prejudique um pouco, mas temos que dar um desconto pois era algo bem presente em vários filmes spaghetti. Assim deixamos a dica para os que gostam de um bom filme italiano de faroeste, com muitos duelos e violência estilizada. Certamente esses não vão se decepcionar.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Trinity... Os Sete Magníficos

Título no Brasil: Trinity... Os Sete Magníficos
Título Original: Una Ragione Per Vivere e Una Per Morire
Ano de Produção: 1972
País: Itália, Espanha, França
Estúdio: Atlántida Films, Europrodis
Direção: Tonino Valerii
Roteiro: Rafael Azcona, Ernesto Gastaldi
Elenco: James Coburn, Telly Savalas, Bud Spencer, Georges Géret
  
Sinopse:
Um ex-militar, veterano de guerra, resolve reunir novamente os homens que faziam parte de seu batalhão, para que juntos participem de um ousado roubo de ouro confederado. A fortuna está em um forte militar chamado Holmes. O lugar é muito seguro, o que torna qualquer tipo de tentativa de roubá-lo duplamente perigoso. Nada porém que impeça que todos aqueles ex-soldados tentem a sorte grande, afinal de contas se conseguirem êxito em seus planos criminosos ficarão ricos pelo resto de suas vidas. 

Comentários:
Veja como são as coisas. Esse western Spaghetti foi lançado nos cinemas com esse título "Trinity... Os Sete Magníficos" que é completamente equivocado. Tudo não passaria de uma manobra comercial para atrair o público brasileiro. O fato é que não se trata de um filme com Trinity. Não há o menor sinal da figura de Terence Hill em toda a fita. A única ligação é a presença de seu parceiro Bud Spencer no elenco e nada mais. Assim quando o filme foi relançado no mercado brasileiro de vídeo, já no final dos anos 80 (bem no auge da febre das locadoras VHS), a distribuidora Canal 3 resolveu dar outro título comercial, "O Massacre no Forte Holm", que embora não tenha sido o melhor era bem mais coerente. A primeira coisa que realmente se destaca nesse faroeste é o elenco. Incrível como atores americanos de sucesso como James Coburn e Telly Savalas resolveram aceitar propostas para trabalharem no cinema italiano. Era uma prova da força que aquela indústria tinha na época. Aliás a palavra certa era justamente essa. Os produtores italianos criaram uma verdadeira indústria, com a produção e lançamento de filmes em série, tal como se fazia nos Estados Unidos. Com o pagamento de cachês atraentes não foi de se admirar que profissionais americanos tenham cruzado o Atlântico em busca de trabalho. Além disso como os filmes de faroeste andavam em baixa na América, nada mais natural do a mudança para o velho continente (até Henry Fonda pegou o avião rumo a Roma!). O resultado é inegavelmente muito bom. Não há nenhuma pretensão em ser uma obra de arte ou qualquer coisa parecida. A intenção é realmente a diversão e nesse ponto não há nada do que reclamar. Os fãs de Spaguetti consideram esse filme uma verdadeira obra prima dos anos 70. Quem ousaria discordar de suas opiniões?

Pablo Aluísio.

O Especialista - O Vingador de Tombstone

Título no Brasil: O Especialista - O Vingador de Tombstone
Título Original: Gli specialisti
Ano de Produção: 1969
País: Itália, França, Alemanha
Estúdio: Adelphia Compagnia Cinematografica, Les Films Marceau
Direção: Sergio Corbucci
Roteiro: Sabatino Ciuffini, Sergio Corbucci
Elenco: Johnny Hallyday, Françoise Fabian, Sylvie Fennec
  
Sinopse:
Bret Dixon (Johnny Hallyday) é um pistoleiro do velho oeste que chega na pequena cidade de Blackstone para um acerto de contas. Acontece que seu irmão foi linchado de maneira covarde por alguns membros da população da cidade. Dixon quer saber o motivo e quem promoveu a morte horrível de seu irmão. Ele quer vingança contra cada um dos assassinos infames, os responsáveis por essa barbaridade indescritível.

Comentários:
Todo fã de western spaguetti (ou como gostam de dizer os mais sofisticados, Euro-Western) sabe que um dos grandes mestres desse tipo de filme foi o italiano Sergio Corbucci (nascido em Roma em 1926, falecido em 1990). Ao invés de investir apenas em ação e tiroteios, Corbucci procurava também trazer um background psicológico para todos os seus personagens. O protagonista aqui é um exemplo. interpretado pelo bom Johnny Hallyday (que apesar do nome americano era francês de nascimento, natural da bela Paris), ele é um pistoleiro solitário em busca não tanto de justiça, mas sim de vingança. Seu irmão foi morto de forma covarde pelos cidadãos ditos decentes da cidade. Um linchamento em praça pública. Ele foi acusado de ter roubado um dinheiro que deveria ter trazido com segurança de Dallas. A questão é que em volta dessa acusação sem fundamento se esconde vários interesses escusos, envolvendo membros influentes daquela sociedade. Para muitos críticos da época o diretor Sergio Corbucci teria errado a mão apenas numa questão: ele exagerou no clima sufocante e deprimente na qual se passa a estória. Não penso dessa forma. Na realidade o que vemos aqui é uma tentativa desse cineasta em criar um ambiente psicologicamente sufocante. Não é à toa que Sergio Corbucci é ainda hoje cultuado pelos filmes que dirigiu.

Pablo Aluísio.