terça-feira, 18 de julho de 2017

Mato Hoje, Morro Amanhã

Depois de passar cinco anos numa cadeia por um crime que não cometeu, o rancheiro Bill Kiowa (Brett Halsey) é finalmente libertado. Cumpriu finalmente toda a sua pena. Na saída da prisão ele é perguntado o que sente nessa hora. Sua resposta: "Eu não sinto nada! Apenas ódio!". E é justamente esse ódio que vai mover suas atitudes dali em diante. Ele quer matar o homem que o colocou atrás das grades, um assassino e assaltante conhecido como "El Fuego". O problema é que esse criminoso não está só. Ele comanda uma grande quadrilha que vive de roubar e matar passageiros de diligências. Apenas com outro grupo de pistoleiros Kiowa conseguirá vencê-lo. Assim ele começa a recrutar seus homens, sujeitos conhecidos por causa de suas habilidades com as armas. Esse western spaghetii chamado "Mato Hoje, Morro Amanhã" sempre foi muito elogiado pela crítica, principalmente por causa de seu bom roteiro. A explicação para isso tem nome: Dario Argento. O mestre dos filmes de terror deu uma pausa em sua carreira e resolveu escrever esse enredo e esse roteiro. Desde as primeiras cenas descobrimos como Argento era habilidoso como escritor. Ele utilizou os clichês do gênero e os manipulou como poucos, em seu proveito e em favor do filme como um todo. Pegando elementos de filmes diversos, inclusive alguns clássicos como "Sete Homens e um Destino" ele criou uma estória redondinha, sem falhas, que se fecha muito bem em si mesma. Para isso não faltaram os elementos que todos já conhecemos como a jornada de vingança, a união em prol de um objetivo comum e o duelo final. Nenhuma novidade para dizer a verdade, mas Argento soube como manter a atenção do espectador até o fim. Coisa de mestre realmente.

O elenco também é muito bom e interessante, a começar por Bud Spencer, um dos atores mais populares no Brasil. Com seu jeito bonachão, em contraste com seu corpanzil imenso, Spencer tinha muito carisma. Nos filmes que fez ao lado de Terence Hill havia muito mais espaço para o humor. Aqui ele ainda existe (como na cena da barbearia), porém seu personagem é um pouquinho mais sério. O astro do filme na verdade nem é Spencer, mas sim Brett Halsey que usou o pseudônimo de Montgomery Ford. Ele era bem parecido com Franco Nero e o uso de um figurino quase completamente semelhante ao de Django reforçou ainda mais essa semelhança. A diferença básica era que Brett era americano, ao contrário de Nero. Por fim uma informação curiosa: O filme no Brasil também é conhecido como "Hoje eu... Amanhã você!". Isso era comum de acontecer nos anos 60 e 70, quando as emissoras de TV mudavam os títulos dos filmes. Nos cinemas eles tinham recebido outro nome. Coisas de Brasil...

Hoje Eu... Amanhã Você / Mato Hoje, Morro Amanhã (Oggi a me... domani a te!, Espanha, Itália, 1968) Direção: Tonino Cervi / Roteiro: Dario Argento, Tonino Cervi / Elenco: Brett Halsey, Bud Spencer, Wayde Preston / Sinopse: Após passar anos na cadeia, Bill Kiowa (Brett Halsey) quer vingança contra o responsável por sua prisão e pela morte e estupro de sua esposa, uma jovem nativa. Para isso ele decide formar um grupo de pistoleiros e homens rápidos no gatilho. Ele quer saciar sua sede de ódio e justiça.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Alien Thunder

Esse filme nunca foi lançado oficialmente nos cinemas no Brasil. Uma pena pois é uma produção das mais interessantes que explora a figura dos nativos americanos. Após serem derrotados nas chamadas guerras indígenas (aquelas onde o General Custer foi morto por guerreiros de Cachorro Louco e Touro Sentado), muitas tribos foram tiradas de suas terras e enviadas para desertos hostis onde não existiam caças, plantações e meios de vida. Subjugados, muitos índios, principalmente os mais jovens e fortes, não aceitaram essa situação, entrando em guerra novamente contra o homem branco. Essa produção, também conhecida nos Estados Unidos como "Dan Candy's Law" mostra um desses jovens guerreiros que revoltados com sua situação e de sua gente resolve se insurgir contra os soldados americanos. Ele foge da reserva e começa um reinado de terror, até que um grupo de homens, caçadores de recompensas, é enviado para caçar os nativos revoltosos. O filme é dos anos 70 e apresenta uma boa produção. A direção ficou a cargo de um cineasta canadense, Claude Fournier, que trouxe um certo ritmo mais cadenciado ao filme, como se fosse um western americano dirigido por um francês! Donald Sutherland lidera o elenco. Com seus grandes olhos de peixe morto ele dá muita frieza e crueldade ao seu personagem, algo até bem adequado para a proposta desse faroeste. Então é isso, caso se depare com esse pouco conhecido western não deixe de conferir. Vale a pena.

Alien Thunder (Estados Unidos, Canadá, 1974) Direção: Claude Fournier / Roteiro: George Malko / Elenco: Donald Sutherland, Gordon Tootoosis, Chief Dan George / Sinopse: O ex-caçador de recompensas e agora sargento da cavalaria Dan Candy (Donald Sutherland) é designado para caçar e matar índios fugitivos. Ele está disposto a matar todo pele vermelha que encontrar em seu caminho. Filme baseado em fatos históricos reais.

Pablo Aluísio.

O Filho da Estrela Nascente

Título no Brasil: O Filho da Estrela Nascente
Título Original: Son of the Morning Star
Ano de Produção: 1991
País: Estados Unidos
Estúdio: Republic Television, The Mount Company
Direção: Mike Robe
Roteiro: Evan S. Connell, Melissa Mathison
Elenco: Gary Cole, Rosanna Arquette, Stanley Anderson, George Dickerson, Terry O'Quinn, Dean Stockwell

Sinopse:
Enviado pelo governo americano para combater guerreiros rebeldes das nações Sioux e Apache, o General George Armstrong Custer (Gary Cole) acaba caindo em uma emboscada numa região conhecida como Little Bighorn. O dia é 25 de junho de 1876 e a chacina da Sétima Cavalaria dos Estados Unidos entraria para a história. Filme vencedor do Primetime Emmy Awards nas categorias de Melhor Som, Figurino e Edição. 

Comentários:
Essa é uma minissérie que foi lançada no Brasil, no mercado de vídeo VHS, em edição dupla. A intenção dos produtores foi contar de forma isenta e historicamente correta a verdadeira história do General Custer e a Sétima Cavalaria. Como se sabe esse foi um dos eventos mais famosos da história do velho oeste americano, quando Custer e seus homens foram derrotados e mortos por nativos liderados por Cachorro Louco e Touro Sentado. A morte dos soldados e seu general traumatizou os americanos na época, a tal ponto que o exército entrou definitivamente na chamada guerra indígena, onde centenas de milhares de índios foram mortos em batalhas sangrentas e brutais. Outros foram despachados para territórios desertos, hostis, onde muitos morreram de fome ou pela exaustão de se viver em lugares tão impróprios para a vida humana. Assim o roteiro procura responder a pergunta que perdurou por todos esses séculos: Custer era um verdadeiro herói ou um carniceiro que foi fazer o serviço sujo do governo americano, matando homens, mulheres, idosos e crianças sem distinção? No meio da barbárie se destacam as boas cenas de luta e a reconstituição histórica perfeita que fez esse filme ser premiado pelo Emmy, o Oscar da TV americana. Hoje em dia essa produção anda meio esquecida. Pessoalmente nunca vi uma reprise nos canais de TV a cabo. Seria uma boa ideia resgatar esse bom momento televisivo sobre um dos generais mais controversos da história dos Estados Unidos e sua colonização rumo ao oeste selvagem. 

Pablo Aluísio.

domingo, 16 de julho de 2017

Filmes no Cinema - Edição XV

Uma semana fraca em termos de novos filmes nos cinemas. Os grandes filmes do Oscar ainda não foram lançados e não há nenhum blockbuster no cardápio. O filme mais interessante da lista é "The Post - A Guerra Secreta", nova direção assinada por Steven Spielberg. O elenco traz Meryl Streep e Tom Hanks. A história, baseada em fatos reais, mostra a luta entre o jornal The Post e o governo do presidente Richard Nixon. O editor  Ben Bradlee (Tom Hanks) e a dona do Post, Kat Graham (Meryl Streep), descobrem uma série de informações comprometedoras do envolvimento do governo americano na Guerra do Vietnã e precisam brigar muito - inclusive juridicamente - para que tudo seja divulgado para o povo. Essa produção está concorrendo ao Oscar nas categorias de Melhor Filme e Melhor Atriz (Meryl Streep, de novo!). É a tal coisa, se tiver que ver apenas um filme essa semana nos cinemas, esse é o indicado.

"Artista do Desastre" é a segunda melhor opção entre os novos filmes em cartaz. A história conta a trajetória de Tommy Wiseau (James Franco), um sujeito que sonha em se tornar um grande diretor de cinema em Hollywood, mas que acaba se tornando o pior de todos os tempos, segundo muitos críticos. Mesmo assim, com tudo contra, ele não deixa se abater e segue fazendo seus filmes ruins em série! Essa produção, bem pessoal de James Franco, que atuou e dirigiu, deu a ele um Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator. O filme também está indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Adaptado. Tudo seria uma ótima notícia para Franco se ele também não tivesse sido atingindo em cheio na onda de acusações de assédio sexual que avassala Hollywood. Com isso o nome do ator virou tóxico e ele muito provavelmente não verá seu filme se sagrando vencedor na noite máxima do cinema americano. Também não se espera que seja um sucesso de bilheteria, justamente por causa das acusações.

E se você é um adolescente em busca de um filme pipoca nos cinemas, a dica é "Maze Runner: A Cura Mortal". Esse é mais um dessa série que já virou uma franquia de segunda linha no nicho de público jovem. É uma espécie de primo pobre de "Jogos Vorazes". O roteiro, básico, explora as aventuras de Thomas (Dylan O' Brien). Contaminado por um novo vírus mortal ele parte em busca da cura e descobre no processo que toda a humanidade está em perigo! Bobagem, enfim, mas que provavelmente vai agradar ao público na pré-adolescência, ali na faixa dos 13, 14 anos de idade. Se for o seu caso, aproveite!

Finalizando deixa a dica de uma produção para quem curte cinema europeu. É uma produção francesa chamada "Visages, Villages". Em tom de documentário somos apresentados a dois artistas Agnès Varda e JR, que juntos ganham a vida promovendo exposições de fotografias e imagens em lugares públicos. O destaque vai para a aparição no filme do consagrado Jean-Luc Godard, dando alguns depoimentos. Vale a pena conhecer.

Pablo Aluísio.

sábado, 15 de julho de 2017

60 Segundos

Título no Brasil: 60 Segundos
Título Original: Gone in Sixty Seconds
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Dominic Sena
Roteiro: H.B. Halicki, Scott Rosenberg
Elenco: Nicolas Cage, Angelina Jolie, Robert Duvall, Giovanni Ribisi, Scott Caan, Timothy Olyphant

Sinopse:
Ex-piloto de corridas, Randall "Memphis" Raines (Nicolas Cage) se torna ladrão de carros. Ele é bem sucedido em seus roubos por implantar um método impecável, onde consegue roubar um veículo em apenas 60 segundos. Quando seu irmão resolve entrar também no "ramo", Memphis decide fazer de tudo para salvá-lo do mundo do crime.

Comentários:
Mais um filme com a marca, a assinatura do produtor Jerry Bruckheimer. Quem conhece seus filmes já sabe mais ou menos o que vai encontrar pela frente: ação frenética, cenas absolutamente inverossímeis, roteiro e atuação dispensadas e muitas explosões. Em determinado momento Bruckheimer chegou na conclusão de que sabia exatamente o que o público jovem queria encontrar nos cinemas. Subestimando completamente a inteligência de seu público ele mandou ver, produzindo dezenas de filmes praticamente iguaizinhos. Esse "Gone in Sixty Seconds" pelo menos ainda tem alguns atrativos como, por exemplo, o elenco que conta com Robert Duvall (o que ele está fazendo aqui?), Angelina Jolie (ainda bem jovem, no começo da carreira e fama) e  Nicolas Cage (em mais uma tentativa de levantar sua carreira do ponto de vista comercial). Já o diretor Dominic Sena não passava de um garoto de recados de Jerry Bruckheimer. Seu único bom filme foi justamente o primeiro que dirigiu, "Kalifornia - Uma Viagem ao Inferno", depois disso nada de muito relevante. Para quem havia despontado dirigindo clips de Janet Jackson na MTV já estava de bom tamanho. Filme indicado no MTV Movie Awards na categoria Melhor Sequência de Ação.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Colossal

Filme maluco, estranho mesmo, mas que ainda assim não deixa de ser curioso e interessante. Começa como draminha romântico quando Gloria (Anne Hathaway) chega mais uma vez de ressaca no apartamento do namorado. Ela tem problemas com alcoolismo, está desempregada e pelo visto não se importa muito em arranjar um emprego. Ao invés disso vai para a farra todas as noites. O namorado, claro, perde a paciência e coloca um fim no romance. Pior do que isso, a coloca para fora do apartamento. Sem grana, sem emprego e sem ter onde morar, ela acaba voltando para a antiga casa dos pais, no interior. Arranja um emprego de garçonete no bar de um velho conhecido de infância e aí... começa a acontecer algo pra lá de esquisito! Um monstro surge em Seul, destruindo toda a cidade e Gloria percebe que ele repete tudo o que ela faz, inclusive os mais simples gestos! Que maluquice é essa? Que tipo de ligação ela teria com aquela criatura? Bom, já para sentir que temos aqui um roteiro totalmente fora dos padrões, diria até mesmo bizarro ao extremo.

O curioso de tudo é que essa mistura de filme trash oriental com drama romântico americano acaba funcionado! Ok, a maioria das pessoas em determinado momento vão se levantar da sala de cinema e ir embora, isso é meio óbvio. Porém quem comprar a estranha ideia desse roteiro vai acabar no mínimo se divertindo, apesar das esquisitices que encontrará pela frente. Esse diretor espanhol, o Nacho Vigalondo, não tem muitos trabalhos na direção, sendo mais conhecido em seu país como roteirista (dos bons!). Acredito que apesar da presença da estrelinha americana Anne Hathaway pouca gente vai acabar embarcando nesse filme surreal. De qualquer forma vale a dica se você estiver em busca de algo diferente, bem diferente...

Colossal (idem, Estados Unidos, Espanha, Coreia do Sul, 2016) Direção: Nacho Vigalondo / Roteiro: Nacho Vigalondo / Elenco: Anne Hathaway, Jason Sudeikis, Austin Stowell / Sinopse: Gloria (Anne Hathaway) é uma garçonete americana que descobre ter uma bizarra e estranha ligação com um monstro que está destruindo a cidade de Seul, na Coreia do Sul! Filme premiado no Austin Fantastic Fest na categoria de Melhor Direção (Nacho Vigalondo).

Pablo Aluísio.

Perdidos em Nova York

Título no Brasil: Perdidos em Nova York
Título Original: The Out-of-Towners
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Sam Weisman
Roteiro: Neil Simon, Marc Lawrence
Elenco: Steve Martin, Goldie Hawn, John Cleese, Mark McKinney, Oliver Hudson, Valerie Perri

Sinopse:
O casal Henry (Steve Martin) e Nancy (Goldie Hawn) decide ir para Nova iorque, para passear e se divertir um pouco. O filho deles foi para a universidade e agora, com tempo livre, eles acreditam que precisam de férias e descanso, só que a viagem que deveria ser de lazer logo se torna uma grande confusão!

Comentários:
Esse filme é um remake de uma antiga comédia com Jack Lemmon. Eu adoro os roteiros escritos por Neil Simon. Ele já havia escrito um roteiro antes para o ator e comediante Steve Martin que resultou no muito bom "O Rapaz Solitário", um filme com um excelente humor melancólico, que fazia graça das situações mais tristes que se possa imaginar. Aqui Simon voltou a trabalhar ao lado de Martin, mas o resultado se mostrou bem pior, diria menos inspirado. Talvez a presença de Goldie Hawn, com seus grandes olhos azuis e estilo mais espalhafatoso tenha levado Simon a amenizar essa nova adaptação. O resultado acabou saindo pior do que o esperado. Assim grande parte de sua sutileza se perdeu. É um filme fraquinho, que rende algumas poucas boas piadas durante o filme inteiro. Cai no velho problema do roteiro de uma piada só! A viagem para Nova Iorque e os inúmeros problemas que vão surgindo. Nada mais. O filme não foi bem de bilheteria, sendo considerado um dos grandes fracassos comerciais daquela temporada, o que colocou o próprio Steve Martin na geladeira por algum tempo, uma vez que em Hollywood fracassos sucessivos de bilheteria não são perdoados!

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 13 de julho de 2017

O Último Concerto

Título no Brasil: O Último Concerto
Título Original: A Late Quartet
Ano de Produção: 2012
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Pictures
Direção: Yaron Zilberman
Roteiro: Seth Grossman (screenplay), Yaron Zilberman
Elenco: Philip Seymour Hoffman, Christopher Walken, Catherine Keener, Imogen Poots, Mark Ivanir, Liraz Charhi

Sinopse:
Um quarteto de música clássica entra em crise quando um dos membros, Peter Mitchell (Christopher Walken), é diagnosticado com Mal de Parkinson. Ele quer deixar o grupo, o que acaba levando todos a uma série de brigas, mágoas e desentendimentos que tinham ficado escondidos por anos.

Comentários:
Bom filme. O cenário é o mundo erudito da música clássica. Um quarteto de câmara vai se esfacelando após anos tocando juntos. São bem sucedidos no meio, mas os conflitos vão se mostrando cada vez mais insuperáveis. Robert (Hoffman) e Juliette (Keener) são casados. O que um dia foi paixão, se acabou. Ela não quer mais continuar com ele, que procura se consolar nos braços de uma dançarina espanhola de música flamenca. Assim que Juliette descobre a traição tudo desmorona. O pior é que eles precisam superar isso, pois trabalham juntos, no quarteto de cordas. Para piorar o clima de tensão, o veterano Daniel (Mark Ivanir), que toca o primeiro violino, se envolve com a filha deles, uma jovem estudante de violino. Claro que isso acaba criando muitas brigas, algumas inclusive violentas. E para estragar o que já anda mais do que ruim, Peter (Walken), o grande elo de ligação entre todos os músicos, acaba sendo diagnosticado com Mal de Parkinson, o que o impedirá de continuar tocando dentro de um meio tão concorrido e elitista, que não aceita falhas no palco. Esse roteiro revela que mesmo nos meios musicais mais eruditos ainda há muitos problemas de relacionamento para se manter um grupo unido, tal como se fosse uma bandinha de rock qualquer. Além da excelente trilha sonora (com destaque para as peças de Ludwig van Beethoven que ouvimos durante todo o filme) o grande destaque vai para o elenco. Todos estão maravilhosamente inspirados, com Philip Seymour Hoffman e Christopher Walken "duelando" muito bem em cena. Walken inclusive, sempre tão lembrado pelos exageros e maneirismos, finalmente se contém. É uma pena que Hoffman tenha falecido tão jovem ainda, vítima de uma overdose de drogas. Ao se assistir filmes como esse percebemos claramente como sua ausência faz muita falta no cinema de hoje em dia.

Pablo Aluísio.

Shrek Terceiro

Título no Brasil: Shrek Terceiro
Título Original: Shrek the Third
Ano de Produção: 2007
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks Animation
Direção: Chris Miller, Raman Hui
Roteiro: William Steig, Andrew Adamson
Elenco: Mike Myers, Cameron Diaz, Eddie Murphy, Antonio Banderas, Julie Andrews, Justin Timberlake, John Cleese                                                    
Sinopse:
Com a morte do Rei, pai de Fiona, Shrek deve assumir o trono e se tornar o novo Rei, só que ele não quer ser coroado, pois jamais pensou em sentar no trono real. Assim ele parte ao lado do burro e do Gato de Botas em busca de alguém para ser o novo Rei daquelas terras...

Comentários:
Essa franquia de animação do ogro verde Shrek rendeu um filme até bacaninha (o original) e uma sequência bem fraca. Essa terceira parte só existe mesmo por motivos comerciais pois os filmes anteriores renderam muita bilheteria. A DreamWorks não iria perder mais uma chance de faturar bem nos cinemas pela terceira vez. O problema é que não havia mais estorinha para contar, pois o livro original já tinha sido explorado ao máximo. Assim o estúdio criou essa estorinha praticamente do nada, apelando mesmo por razões financeiras. O filme é claro bem feito, bem realizado do ponto de vista técnico. Só não tem mesmo um roteiro muito convincente. Obviamente as crianças que adoram o Shrek não queriam nem saber disso, só se divertir nos cinemas. Com custo de 160 milhões de dólares essa terceira parte rendeu incríveis 440 milhões de dólares no mercado americano e internacional! Uma cifra incrível para uma animação tão fraquinha. É no final das contas a força do personagem entre a criançada, nada mais do que isso. Já os adultos vão mesmo torcer o nariz, uma vez que não há muito o que curtir aqui. Para os negócios em Hollywood porém o filme foi maravilhoso, enchendo os cofres mais uma vez dos estúdios de Spielberg. Business is business! Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Animação. Também indicado ao Annie Awards na categoria de Melhor Direção.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

McLaren

Título no Brasil: McLaren
Título Original: McLaren
Ano de Produção: 2017
País: Inglaterra, Nova Zelândia
Estúdio: FB Pictures, General Film Corporation
Direção: Roger Donaldson
Roteiro: James Brown, Matthew Metcalfe
Elenco: Bruce McLaren, Jack Brabham, Mario Andretti, Alastair Caldwell, Dwayne Cameron, Emerson Fittipaldi

Sinopse:
Documentário sobre a vida e carreira do piloto de Fórmula 1 Bruce McLaren. Nascido na distante Nova Zelândia ele teve uma carreira magistral nas pistas ao se mudar para a Inglaterra. Campeão em diversas categorias do automobilismo, acabou fundando sua própria equipe, igualmente vencedora nas pistas.

Comentários:
Bom, se você gosta de Fórmula 1 certamente precisa assistir a esse filme. O nome McLaren é um dos mais conhecidos do automobilismo. A equipe é especialmente conhecida dos brasileiros porque foi nessa equipe de automobilismo que o piloto Ayrton Senna venceu seus principais títulos. Assim esse documentário conta a história do fundador da equipe, Bruce McLaren. Sua história é das mais interessantes. Na infância ele teve uma doença que o deixou paralisado por dois anos, preso na cama. Ao se recuperar ele começou a correr na pequena equipe fundada por seu pai. Campeão nas pistas de seu país acabou chamando atenção de uma equipe de Fórmula 1 inglesa, a Cooper, que o contratou. A partir daí Bruce McLaren não parou mais, se tornando um vencedor não apenas nessa categoria, mas em diversas outras. Foi uma vida dedicada às competições esportivas, ficando firme no volante mesmo após sofrer um acidente que quase o matou. Naqueles tempos a Fórmula 1 era bem menos profissional, mais romântica e também mais perigosa. Os carros tinham um design de tubo, o que aumentava ainda mais os riscos. Um aspecto histórico interessante é saber que o piloto Jack Brabham (que também seria o fundador de outra escuderia famosa da F1) foi uma espécie de mentor de McLaren. O brasileiro Emerson Fittipaldi também dá o seu depoimento. O documentário está cheio de imagens reais, corridas da época, tiradas do acervo pessoal de McLaren. Para quem é fã dessa modalidade esportiva o filme se torna assim simplesmente obrigatório. Muito bom em termos cinematográficos, recomendo bastante.

Pablo Aluísio.

O Retorno da Múmia

Título no Brasil: O Retorno da Múmia
Título Original: The Mummy Returns
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Stephen Sommers
Roteiro: Stephen Sommers
Elenco: Brendan Fraser, Rachel Weisz, Dwayne Johnson, John Hannah, Aharon Ipalé, Alun Armstrong

Sinopse:
A múmia do antigo faraó Imhotep é levada do Egito para Londres. Exposto no museu, o velho corpo do monarca novamente se levanta de seu leito de morte milenar, começando uma nova onda de violência e terror. Caberá ao explorador e aventureiro Rick O'Connell (Fraser) eliminar essa nova ameaça.

Comentários:
Sequência de "A Múmia". Antes de qualquer coisa é importante explicar que esse não é obviamente o novo filme de Tom Cruise e nem tampouco o filme original, clássico do terror. Essa era uma outra franquia dos anos 90, uma tentativa da Universal em revitalizar os seus antigos monstros do passado (algo que a Universal quer fazer de novo agora, provando que o estúdio está há anos sofrendo de falta de novas ideias!). Pois bem, eu sempre vi esses filmes do Brendan Fraser como paródias ou galhofas que juntava tudo em um só pacote, com os antigos filmes servindo de inspiração para esse novo modelo, que tinha também uma nova roupagem tirada da série Indiana Jones. Claro que se no filme de Spielberg tudo era levado mais à sério, aqui logo se opta pelo humor. O personagem de Fraser é basicamente um bobão, embora com momentos de herói. Essa mistura sempre me incomodou. É tudo muito chatinho. Os efeitos especiais são ótimos, excelentes, mas também gratuitos. Vale como uma Sessão da Tarde muito, muito descompromissada. É um filme pipoca Made in Hollywood, com tudo de ruim e bom que isso venha a significar. Só lamento mesmo a presença da talentosa Rachel Weisz. Ela sempre foi uma ótima atriz... e aqui fica perdida em um filme com péssimo roteiro. Uma pena. Então é isso. No geral é um filme para se assistir e jogar fora, como um fast food qualquer, um copo de refrigerante ou o saco de pipoca que no final da sessão você deixa na lata de lixo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 11 de julho de 2017

John Wick - Um Novo Dia para Matar

Título no Brasil: John Wick - Um Novo Dia para Matar
Título Original: John Wick - Chapter 2
Ano de Produção: 2017
País: Estados Unidos
Estúdio: Summit Entertainment
Direção: Chad Stahelski
Roteiro: Derek Kolstad
Elenco: Keanu Reeves, Common, Laurence Fishburne, John Leguizamo, Riccardo Scamarcio, Ian McShane

Sinopse:
John Wick (Keanu Reeves) é um assassino profissional que é contratado pelo mafioso italiano Santino D'Antonio (Riccardo Scamarci). Sua missão é matar a própria irmã de Santino, que subiu na hierarquia da organização Camorra. Wick não queria fazer o "serviço", mas precisa cumprir o que lhe foi determinado para não quebrar as regras do crime organizado.

Comentários:
Esse filme é a continuação de "De Volta ao Jogo" de 2014. O ator Keanu Reeves volta assim a interpretar o assassino profissional John Wick. Como o filme anterior deu certo nas bilheterias era mesmo previsível que Hollywood voltaria a explorar essa estória. Aliás o final em aberto desse segundo filme deixa claro que haverá um terceiro filme. Pois é, Reeves emplaca assim mais uma franquia de sucesso em sua carreira. Como em time que se está ganhando não se mexe, manteve-se basicamente a estrutura do filme original. Há uma trama bem simples que dá sustentação a uma série de cenas de ação, grande parte delas bem exageradas. Em defesa do filme é bom deixar claro que ele é feito para quem gosta de filmes de ação ao estilo anos 80. Logo na cena inicial vemos como se dará o restante, com uma cena ultra violenta (onde Wick mata duas dezenas de inimigos). O protagonista invade um bunker da máfia russa para buscar seu carro roubado. Depois ele é contratado (a contragosto) por um membro da Camorra. a máfia italiana, para matar sua própria irmã, que está no topo da hierarquia criminosa. Isso porém é o que menos importa. O que vale mesmo são as inúmeras cenas de lutas, tiroteios, perseguições de carros, etc. Nesse aspecto não há o que reclamar pois tudo é bem realizado. As cenas de pancadaria são bem coreografadas e conforme vimos em várias cenas de making off que vazaram na internet, foram feitas pelo próprio Reeves, que dispensou dublês. Em suma, tudo o que você precisa para gostar desse filme é responder a seguinte pergunta: você gosta desse tipo de filme de ação? Se a resposta for positiva, pode ter certeza que vai se divertir com esse John Wick 2.

Pablo Aluísio.

Quero Ser John Malkovich

Título no Brasil: Quero Ser John Malkovich
Título Original: Being John Malkovich
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Spike Jonze
Roteiro: Charlie Kaufman
Elenco: John Cusack, John Malkovich, Cameron Diaz, Catherine Keener, Octavia Spencer, Charlie Sheen

Sinopse:
Certo dia Craig Schwartz (John Cusack) descobre que abrindo uma determinada porta ele tem acesso à mente do ator John Malkovich! Tudo o que ele vê, pensa e sente, Craig também sente. A coisa começa a sair do controle conforme ele vai ficando cada vez mais obcecado em sondar a mente do famoso ator! Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Roteiro, Melhor Direção e Melhor Atriz Coadjuvante (Catherine Keener).

Comentários:

O diretor Spike Jonze é um dos queridinhos da crítica americana. Ponto. Isso significa que não importa o que ele faça, não importa as ideias bizarras que ele transforme em filme. Sempre haverá uma multidão de críticos o elogiando, chamando de gênio, mestre, etc... Exagero puro! Não tenho dúvida que Spike Jonze tem seus méritos, ele sempre procurou fazer filmes diferentes, com tendência a se tornarem cults. Porém dizer que ele seria algum tipo de genialidade do cinema já é demais! Jornalistas em geral possuem esse tipo de cacoete irritante. Eles elegem seus preferidos e não conseguem mais dar um passo à frente. Esse "Being John Malkovich" é seguramente um dos filmes mais esquisitos dele (e olha que de obras estranhas sua filmografia está cheia!). A ideia de fazer alguém entrar na mente do ator John Malkovich funciona por mais ou menos 20 minutos. Depois disso se torna cansativo. Você se esforça para gostar, para achar tudo aquilo muito artístico, mas depois de um tempo a situação se torna bem chata. Além de cansativo o roteiro sofre daquele velho problema que conhecemos bem, a de ficar batendo na mesma tecla, cena após cena. Nada muda, as coisas vão ficando cada vez mais esquisitas e isso é basicamente tudo o que acontece. Como é também uma obra "freak" por definição e escolha, não espere maiores explicações sobre o que está acontecendo. É apenas a opção de Jonze em atrair críticas positivas sondando o surreal, a esquisitice extrema. Como puro cinema porém tudo é bem vazio e deserto de atrativos. Melhor não procurar ser John Malkovich e nem perder seu tempo com esse filme estranho e sem graça.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

O Julgamento de Nuremberg

Título no Brasil: O Julgamento de Nuremberg
Título Original: Nuremberg
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: British American Entertainment, TNT
Direção: Yves Simoneau
Roteiro: Joseph E. Persico, David W. Rintels
Elenco: Alec Baldwin, Max von Sydow, Brian Cox, Christopher Plummer, Michael Ironside, Charlotte Gainsbourg

Sinopse:
Após o fim da II Guerra Mundial o promotor Robert H. Jackson (Alec Baldwin) é designado para acusar os principaís líderes do nazismo que ainda estavam vivos, entre eles o Reichsmarschall Hermann Göring, um dos braços direitos do Führer Adolf Hitler. Indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Telefilme, Melhor Ator (Alec Baldwin) e Melhor Ator Coadjuvante (Brian Cox).

Comentários:
O julgamento de Nuremberg já foi usado como tema para vários filmes (alguns deles clássicos, inclusive), documentários e séries. Foi um julgamento marcante porque os principais nazistas foram levados ao tribunal justamente nesse momento histórico. Os principais líderes que sobreviveram foram julgados nesse julgamento. Claro que todos esperavam ver Hitler perante um tribunal, respondendo por seus crimes contra a humanidade, mas ele se suicidou antes disso. Ele não queria ser exposto como troféu pelos aliados, vencedores da guerra, numa jaula, como ele mesmo disse antes de estourar seus miolos. Assim resolveu dar um tiro na cabeça, deixando ordens expressas de incinerarem seu corpo com gasolina, no lado de fora de seu Bunker em Berlim. Hoje em dia, do ponto de vista jurídico, o julgamento de Nuremberg é considerado um erro. Existe um fundamento em direito chamado de princípio do juiz natural, que impede que órgãos judiciários sejam formados para julgar um caso específico. Foi justamente o que aconteceu em Nuremberg. O poder judiciário deve pré existir aos crimes e aos casos levados a julgamento e não serem constituídos para julgar determinados criminosos. Em Nuremberg um tribunal foi formado às pressas justamente para julgar os nazistas do III Reich. Os vencedores da guerra julgando os perdedores. Nesse processo se perde a imparcialidade, tão importante como princípio jurídico fundamental. De qualquer maneira, pelo fato de termos uma situação extrema, até se pode justificar um pouco a formação desse tribunal ad hoc!. Deixando esses problemas jurídicos de lado, temos aqui um bom filme (ou melhor dizendo, telefilme). No Brasil foi lançado em VHS, mas nos EUA ele foi exibido em dois episódios pelo canal TNT. Vale por resgatar essa história. Em termos de produção também não há nada o que reclamar. Tudo ok, com boa precisão histórica, bem fiel aos fatos reais.

Pablo Aluísio.

Tigerland - A Caminho da Guerra

Título no Brasil: Tigerland - A Caminho da Guerra
Título Original: Tigerland
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Regency Entertainment
Direção: Joel Schumacher
Roteiro: Ross Klavan, Michael McGruther
Elenco: Colin Farrell, Matthew Davis, Clifton Collins Jr, Tom Guiry, Russell Richardson, James Macdonald

Sinopse:
A história do filme se passa em setembro de 1971. Os Estados Unidos estão na Guerra do Vietnã. Um novo pelotão de recrutas então chega no Fort Polk para treinamento intensivo antes de ser enviado para o front asiático. Para que o treinamento seja bem sucedido os soldados são enviados para um pântano, conhecido pelos recrutas como Tigerland!

Comentários:
A safra de filmes sobre a Guerra do Vietnã já havia passado quando surgiu esse "Tigerland" nos cinemas americanos. Um herdeiro tardio de um ciclo que já havia chegado ao fim. É a tal coisa, a fase que havia gerado tantas obras primas como "Apocalipse Now", "Platoon" e "Nascido Para Matar" já havia se esgotado, por isso não houve muita repercussão desse lançamento fora de época. De maneira em geral essa é até uma boa fita de guerra. No Brasil foi lançada diretamente no mercado de vídeo VHS, não chegando aos cinemas. Isso demonstrava que o filme não havia feito muito sucesso comercial no mercado internacional. Em termos de elenco temos um ainda muito jovem Colin Farrell. Na época ninguém o conhecia e ele passava longe de ser um astro de Hollywood. O resto do elenco também era todo formado por jovens desconhecidos, o que até ajudou o filme em certo aspecto, pois o espectador acabava acreditando com mais facilidade que aqueles eram mesmo jovens prestes a serem jogados na lama do Vietnã. A velha regra da imersão dentro de um filme. Há personagens interessantes, inclusive um recruta que deseja um dia se tornar escritor. Ele faz amizade com outro soldado, Roland Bozz, um texano mais casca grossa. Muito do enredo se desenvolve justamente nas amizades e inimizades entre todos aqueles militares. No mais o diretor Joel Schumacher realizou um filme que mesmo não sendo uma obra marcante, consegue ser eficiente, inegavelmente bom. Schumacher, conhecido por algumas bombas cinematográficas indefensáveis, aqui pelo menos segurou bem a onda. Filme premiado no Boston Society of Film Critics Awards e no London Critics Circle Film Awards na categoria de Melhor Ator (Colin Farrell).

Pablo Aluísio.

domingo, 9 de julho de 2017

O Planeta dos Macacos

Título no Brasil: O Planeta dos Macacos
Título Original: Planet of the Apes
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Tim Burton
Roteiro: Pierre Boulle, William Broyles Jr
Elenco: Mark Wahlberg, Helena Bonham Carter, Tim Roth, Michael Clarke Duncan, Paul Giamatti, Kris Kristofferson

Sinopse:
Depois de um incidente com sua missão espacial o capitão Leo Davidson (Mark Wahlberg) chega em um estranho planeta, onde os macacos falam e são mais desenvolvidos do que os seres humanos, tratados como verdadeiros animais irracionais e primitivos. Filme indicado ao BAFTA Awards nas categorias de Melhor Figurino (Colleen Atwood) e Melhor Maquiagem (Rick Baker, Toni G e Kazuhiro Tsuji).

Comentários:
Muita gente não gostou desse remake de Tim Burton. Eu vou contra a corrente. Desde a primeira vez que assisti gostei desse novo "Planet of the Apes". Claro, não vou comparar com o clássico de 1968, pois esse continua imbatível (sendo melhor até do que os filmes mais recentes). Dito isso devo dizer que Tim Burton realmente fez um bom trabalho nessa produção de 2001. O filme, como era de se esperar em qualquer obra assinada por Burton, tem um design de produção excelente, uma fantástica direção de arte. Claro que muitos reclamaram de partes do roteiro, como na tão falada cena final com a estátua de Lincoln como macaco, mas o que isso no final realmente importa? É um clímax aberto a todos os tipos de interpretações e isso é algo positivo e não negativo. Filmes com finais fechadinhos demais são cansativos. Deixar a porta aberta pode trazer debates interessantes, visões diferentes, etc. A arte serve justamente para esse tipo de coisa. No mais é um filme que vale a pena ter na coleção. Há cenas realmente excelentes, como a que inspirou o próprio poster original. Até mesmo Mark Wahlberg está bem e olha que na época ele era bem mais limitado do que hoje em dia. Além disso o elenco de apoio é mais do que bacana, contando com o ótimo Paul Giamatti, o gigante simpático Michael Clarke Duncan e até o cantor country travestido de ator Kris Kristofferson. Em suma, gostei na época que chegou aos cinemas e continuo gostando hoje em dia. Esse pode ser considerado sem favor nenhum um dos bons filmes do controverso Tim Burton. Sua visão dark combinou muito bem com o universo criado por Pierre Boulle.

Pablo Aluísio.

O Poderoso Chefinho

Título no Brasil: O Poderoso Chefinho
Título Original: The Boss Baby
Ano de Produção: 2017
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks Animation
Direção: Tom McGrath
Roteiro: Michael McCullers, Marla Frazee
Elenco: Alec Baldwin, Steve Buscemi, Jimmy Kimmel, Lisa Kudrow, Tobey Maguire

Sinopse:
O jovem Tim (Tobey Maguire) começa a relembrar seu passado, sua infância, quando tudo era perfeito. Filho único, a atenção de seus pais era toda voltada para ele, até o dia em que ele descobre que terá um irmãozinho. E conforme ele mesmo vai descobrir Boss Baby (Alec Baldwin) definitivamente não é um bebezinho comum! Filme premiado no Animator (International Animated Film Festival).

Comentários:
Nova animação do estúdio DreamWorks. A companhia aliás investiu pesado pois esse filme custou a bagatela de 125 milhões de dólares (um orçamento digno de grandes produções). O resultado tem sido muito bom nas bilheterias, já sendo considerado um dos sucessos da temporada. Uma boa notícia para a DremWorks que estava mesmo precisando de um sucesso nesse concorrido mercado de animações. Deixando de lado esses aspectos comerciais, a boa notícia é saber que o resultado realmente ficou muito bom. O roteiro explora a chamada "Síndrome do irmão mais velho", quando a chegada de um bebezinho tira o irmão mais velho do centro das atenções de seus pais. Obviamente o roteiro trata disso da forma mais bem animada que existe, entrando na mente muito imaginativa do garotinho. Outro ponto positivo vem da trilha sonora. Escolheram a bela balada "Blackbird" dos Beatles como tema central. Nada mais adequado. Outro ícone do rock, Elvis Presley, também não foi deixado de lado. Há uma cena muito divertida e engraçada quando os dois irmãos precisam pegar um avião para Las Vegas no aeroporto e encontram uma multidão de covers de Elvis, agindo da maneira mais afetada possível, com direito a bocas tortas e todos aqueles maneirismos que já conhecemos bem. O filme assim vai divertir tanto as crianças (o enredo trata de um tema universal que elas vão se identificar) como aos pais (que terão pelo menos uma trilha sonora legal para ouvir). Claro que pelo sucesso alcançado e pelo excelente argumento usando a amizade de dois irmãos essa animação provavelmente terá continuação. Porém como a estorinha se fecha muito bem em si, seria melhor não fazer nenhuma sequência. Essa animação já é muito criativa e bem feita. Não precisa de continuação.

Pablo Aluísio.

sábado, 8 de julho de 2017

Corpo Fechado

Título no Brasil: Corpo Fechado
Título Original: Unbreakable
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: M. Night Shyamalan
Roteiro: M. Night Shyamalan
Elenco: Bruce Willis, Samuel L. Jackson, Robin Wright, Spencer Treat Clark, Charlayne Woodard, Eamonn Walker

Sinopse:
David Dunne (Bruce Willis) consegue sair vivo de um grande desastre de trem. Qual seria o segredo de sua sobrevivência? Por que ele não morreu como todos os demais passageiros? O fato chama a atenção de Elijah Price (Samuel L. Jackson), que começa a ir atrás dos segredos de Dunne. O que ele acaba descobrindo o deixa completamente surpreso.

Comentários:
Afinal o diretor M. Night Shyamalan é um gênio do cinema ou um grande farsante? Quando ele começou a chamar a atenção com seus filmes muitos críticos perderam o bom senso e começaram a rotular o cineasta indiano de "O novo Alfred Hitchcock" e outras comparações bobocas, sem noção! A verdade é que M. Night Shyamalan tem obviamente bastante talento, faz bons filmes, mas também é muito irregular. Ele pode fazer um filme marcante, como também uma bomba enorme! Esse "Unbreakable" fica no meio termo. Eu particularmente nunca cheguei a gostar muito do filme. Provavelmente a surpresa do final foi estragada quando vi o filme pela primeira vez porque um amigo acabou me dando um daqueles spoilers mortais, que acabam entregando tudo. Mesmo assim ainda acredito que não ficaria muito impressionado pela tal reviravolta final. Ao contrário disso achei o filme até bem chatinho, maçante, com Bruce Willis em um papel que beira a antipatia. Usando um capuz cinza praticamente o filme inteiro, seu personagem me pareceu bem sorumbático, apesar de ter características heroicas, ou qualquer coisa nesse sentido. Já Samuel L. Jackson, interpretando um sujeito cujos os ossos se quebram com extrema facilidade, acabou se dando melhor, apesar de ser tecnicamente o vilão do filme. Enfim, um roteiro que tenta se inspirar nas histórias em quadrinhos, mas que na minha opinião só acabou sendo mesmo um filme meramente irregular.

Pablo Aluísio.

Um Anjo em Minha Vida

Título no Brasil: Um Anjo em Minha Vida
Título Original: The Preacher's Wife
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: The Samuel Goldwyn Company
Direção: Penny Marshall
Roteiro: Robert E. Sherwood
Elenco: Denzel Washington, Whitney Houston, Courtney B. Vance, Gregory Hines
  
Sinopse:
O bondoso Dudley (Denzel Washington) é um anjo enviado por Deus para ajudar no casamento em crise do reverendo Henry Biggs (Courtney B. Vance) e sua bela e simpática esposa Julia (Whitney Houston). Sua missão é unir novamente os dois, mas algo sai errado quando Julia começa a mostrar muito mais do que simples interesse no recém chegado ser angelical. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Música (Hans Zimmer).

Comentários:
Essa foi mais uma tentativa de transformar a cantora Whitney Houston em uma estrela de cinema. O roteiro é bem simples, onde aspectos religiosos, música e romance tentam se misturar em formato de comédia romântica inofensiva. Na verdade se trata de um remake do filme "The Bishops's wife" estrelado por Cary Grant em 1947. A mais notável diferença - além da inclusão de várias canções para Houston - vem da presença de um elenco predominantemente de artistas negros. Apesar disso não espere por uma obra de natureza ativista ou nada parecido. O tom é realmente muito leve, feito para a família. Apesar do carisma sempre presente de Denzel Washington e da simpática presença da estrela da música Whitney Houston (que nunca foi grande atriz, mas que sabia se impor apenas por ser bem carismática), o filme nunca decola. É, em poucas linhas, artificial demais. Nada convence, nem o roteiro com sua trama pseudo religiosa e nem a lição de moral que tenta passar ao espectador. Esse é daqueles filmes que você se esforça para chegar ao final após quase cochilar no sofá de tanto tédio a que é submetido. Quando o roteiro procura ser pueril demais a coisa desanda mesmo, sem força dramática tudo o que sobram são bocejos em série. É um filme indicado apenas para os fãs mais fiéis da cantora Whitney Houston e nada mais.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Meu Vizinho Mafioso

Título no Brasil: Meu Vizinho Mafioso
Título Original: The Whole Nine Yards
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Franchise Pictures
Direção: Jonathan Lynn
Roteiro: Mitchell Kapner
Elenco: Bruce Willis, Matthew Perry, Rosanna Arquette, Michael Clarke Duncan, Natasha Henstridge, Amanda Peet

Sinopse:
Jimmy Tudeski (Bruce Willis) é um assassino profissional, membro de uma infame família mafiosa. Para sair um pouco da mira de inimigos ele acaba alugando uma casa no subúrbio, onde vira vizinho do dentista Nicholas "Oz" Oseransky (Matthew Perry). Para surpresa de ambos os dois parecem estar no alvo de matadores!

Comentários:
Ok, Bruce Willis é sim um comediante talentoso, ou melhor escrevendo, ele pelo menos foi um comediante talentoso. Digo isso com experiência de causa, pois conheci Bruce Willis não como um brutamontes armado até os dentes, mas sim como um charmoso (e engraçado) detetive na série "A Gata e o Rato" (que era exibido na Globo durante os anos 80). Assim não ficaria desconfortável com Willis fazendo humor, pelo contrário, ficaria com nostalgia. O problema surge quando o roteiro não tem graça. Aí fica complicado. Embora Willis seja um ator com ótimo feeling de humor, pouca coisa se salva nesse "The Whole Nine Yards". Embora tenha sido lançado nos cinemas na época, no circuito comercial brasileiro, preferi esperar seu lançamento no mercado de vídeo. Estava com um pé atrás. E realmente é um filme bem mais ou menos, onde é necessária uma cumplicidade fora do comum para gostar. Nem a presença de Bruce Willis, de volta às comédias, nem o bom elenco de apoio, salvam o filme do fiasco. É bem chatinho, forçado, insistindo numa piada só! Ruim, enfim. O curioso é que comercialmente a fita foi bem, ganhando inclusive uma sequência, essa porém bem pior do que o primeiro filme. O que já era ruim aqui, piorou ainda mais no péssimo "Meu Vizinho Mafioso 2". Simplesmente fuja dos dois!

Pablo Aluísio.

O Povo Contra Larry Flint

Título no Brasil: O Povo Contra Larry Flint
Título Original: The People vs. Larry Flynt
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Milos Forman
Roteiro: Scott Alexander, Larry Karaszewski
Elenco: Woody Harrelson, Courtney Love, Edward Norton, Crispin Glover, Brett Harrelson, Donna Hanover

Sinopse:
Para superar seus problemas financeiros um pequeno comerciante chamado Larry Flynt (Woody Harrelson) resolve investir no ramo da pornografia, considerada até aquele momento um crime pelo Estado. Ao longo dos anos ele conseguirá erguer uma verdadeira indústria em cima disso, porém ao mesmo tempo terá também que travar longas batalhas judiciais, em penosos processos contra seus empreendimentos.

Comentários:
A duras penas o empresário Larry Flynt construiu o império Hustler, uma empresa focada em revistas de mulheres nuas e pornografia. Ele foi um pioneiro, o que significou também que precisou se defender nos tribunais dos ataques dos setores mais puritanos e conservadores da sociedade americana. Esse filme procurou contar parte de sua história, em especial seu envolvimento e conturbado relacionamento com Althea Leasure (Courtney Love), uma stripper, prostituta e viciada em drogas. Essa personagem foi "interpretada" (entre aspas mesmo, pois foi quase uma incorporação de si mesma em cena) de Courtney Love, a eterna viúva de Kurt Cobain do Nirvana. Seu estilo naturalmente decadente, imoral e escandaloso caiu muito bem no papel que interpretou. Mesmo elogiando ainda achei um pouquinho exagerada a indicação de Love ao Globo de Ouro de Melhor Atriz. Aí acho que forçaram um pouco a barra. Já seu parceiro Woody Harrelson dá verdadeiro show de atuação. Falando como um caipira como Flynt ele rouba a cena, chegando inclusive a ser indicado ao Oscar por sua atuação. O filme aliás foi indicado a dois prêmios, o outro foi para o diretor Milos Forman que em minha opinião sempre foi um dos mais talentosos cineastas que passaram por Hollywood. E o fato dele dirigir outra cinebiografia aqui só engrandeceu o resultado como um todo. Enfim, excelente produção que disseca os podres de um país prestes a abraçar a liberdade de expressão em todos os seus segmentos, até mesmo naqueles considerados os piores imagináveis.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 6 de julho de 2017

A Múmia

Tom Cruise já não é mais o mesmo. Esse seu novo filme na Universal Pictures não conseguiu se tornar um sucesso, apesar da agressiva campanha de marketing. Com orçamento de 125 milhões de dólares faturou pouco mais de 30 milhões no mercado americano. Foi um pouquinho melhor no mercado internacional, mas mesmo assim ainda não se pagou nas bilheterias. Em resumo: é praticamente um fracasso comercial. E isso não foi injusto. O problema é que Cruise tem se concentrado apenas em fazer blockbusters vazios nesses últimos anos e o público já demonstra sinais de estar cansado disso. Cansaram do Cruise, essa é a verdade. Mas e o filme, é bom? Esse filme na verdade é o primeiro de uma série que a Universal quer lançar, todos trazendo os velhos monstros clássicos do estúdio. Com o selo de Dark Universe, eles querem resgatar filmes com Drácula, Frankenstein, Lobisomen, o Homem Invisível, enfim, toda a galeria dos antigos personagens de terror da era clássica da Universal Pictures. É uma boa ideia, mas também é preciso caprichar um pouco mais nesse resgate. Esse primeiro filme com a Múmia deixa bastante a desejar nesse ponto. Cheio de efeitos especiais e furos de roteiro, jamais consegue convencer ou prender a atenção. Ao contrário disso deixa aquela sensação incômoda de que mais uma vez estamos perdendo tempo.

O enredo gira em torno de um grupo de militares que no Iraque acaba descobrindo uma antiga tumba de uma princesa que viveu no antigo Egito. Na verdade ela fez um pacto com o Set, o Deus da Morte. Por isso jamais deixou de viver. Aprisionada numa tumba com mércurio (retiraram essa ideia da tumba real do primeiro imperador da China), a princesa ganha vida novamente depois que seu sarcófago é aberto. Tom Cruise interpreta um desses militares que acaba virando alvo da maldição da múmia, ficando preso pela eternidade ao destino da monstruosidade que retorna à vida. Através de um roteiro pouco original (consegui rapidamente ver plágios envolvendo diversos filmes como "Força Sinistra" e "Um Lobisomem Americano em Londres" com direito a um amigo em estado de putrefação avançada ao longo do filme), esse novo "A Mùmia" não me convenceu. Para piorar os roteiristas resolveram colocar personagens de "O Médico e o Monstro" no meio da trama. O que funcionou em séries como "Penny Dreadfull" aqui não deu muito certo. Enfim, se depender desse primeira produção da Dark Universe não teremos muitos revivals interessantes. Uma pena!

A Múmia (The Mummy, Estados Unidos, Inglaterra, 2017) Direção: Alex Kurtzman / Roteiro: David Koepp, Christopher McQuarrie / Elenco: Tom Cruise, Russell Crowe, Sofia Boutella, Annabelle Wallis / Sinopse: Equipe de militares americanos descobre por acaso a tumba milenar da princesa do antigo Egito Ahmanet (Sofia Boutella). No passado ela matou sua família em busca do poder absoluto do império. Também fez um pacto com Set, o Deus da Morte. Agora ela está de volta à vida, trazendo morte e destruição por onde passa.

Pablo Aluísio.

Drácula

O livro de Bram Stoker é provavelmente o romance mais adaptado para o cinema, em todos os tempos. São inúmeras as versões. Essa aqui procurou seguir, em linhas gerais, a estória criada por Stoker. Como todos sabemos tudo começa quando o jovem advogado Jonathan Harker (Murray Brown) chega numa região isolada da Hungria (o correto seria a Romênia, mas o roteiro do filme preferiu as terras húngaras). Ele está lá para negociar com um antigo nobre, o Conde Drácula (Jack Palance). Sua intenção é vender propriedades ao redor de Londres. O Conde é um sujeito estranho, de poucas palavras e nada amigável. Seu castelo parece abandonado há décadas e tudo cheira a morte. Casualmente Drácula vê a foto de uma jovem e ele fica impressionado com a semelhança dela com seu grande amor do passado. Depois dessa introdução (que leva praticamente dois terços do filme) as coisas começam a acontecer rapidamente (sim, a edição não é das melhores). Quando reencontramos Drácula ele já está na Inglaterra, colecionando vítimas. Quem primeiro se interessa pelas mortes é um pesquisador e médico, o Dr Van Helsing (Nigel Davenport). Ele tem teorias próprias sobre o acontecido, entre eles o fato de haver vampiros na cidade, algo que ninguém acredita. Mesmo assim o médico começa a criar um plano para capturar Drácula.

Como se vê o enredo é praticamente o mesmo do livro original escritor por Bram Stoker. Há modificações pontuais, que não mudam sua essência. Para os cinéfilos a grande atração vem do fato do Conde Drácula ser interpretado por Jack Palance. Atuar em filmes de terror era algo completamente novo em sua carreira. Palance fez carreira interpretando cowboys, pistoleiros, em filmes de western e depois grandes e fortes guerreiros em épicos. Nada com contos e histórias de horror. Sua caracterização do famoso vampiro se resume a alguns grunhidos e algumas frases breves que ele declama em tom firme, pautado e quase inaudível (como se fosse um psicopata!). A maquiagem se resume aos dentes postiços. Efeitos especiais são praticamente inexistentes. Com poucos recursos o diretor usa mais de luz e sombra para criar o clima adequado. No geral não chega a ser uma grande adaptação, sendo mais louvável pelo fato de optar por tentar seguir os escritos de Stoker mais ao pé da letra. Fora isso é uma produção bem mediana com resultados igualmente modestos.

Drácula (Dracula, Estados Unidos, 1974) Direção: Dan Curtis / Roteiro: Richard Matheson / Elenco: Jack Palance, Simon Ward, Nigel Davenport / Sinopse: Depois de comprar uma propriedade nos arredores de Londres, o misterioso Conde Drácula (Palance) começa a fazer suas vítimas na região. A série de mortes desperta a atenção do Dr. Van Helsing (Nigel Davenport) que acredita existir um vampiro como o autor das mortes. Logo ele começa uma verdadeira caçada contra a estranha criatura da noite. Filme também conhecido no Brasil como "Drácula - O Demônio das Trevas".

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Wilson

Esse filme "Wilson" é mais um adaptado dos quadrinhos, só que ao invés de super-heróis salvando o mundo temos aqui um sujeito bem comum... ou quase isso. O desenhista Daniel Clowes, que criou o personagem principal, realmente teve uma grande inspiração. Ele apenas deu vida a um solteirão na faixa dos 40 anos que apenas passeia por sua própria existência, muitas vezes exagerando na sinceridade de seu modo de ser. Sua mulher o abandonou anos atrás, pois era viciada em drogas, e ele ficou sozinho ao lado de sua cadelinha de estimação. Casualmente acaba descobrindo seu local de trabalho e ao reencontrá-la descobre que é pai! Wilson pensava que sua esposa havia abortado, mas ela acabou dando a criança (uma menina) para adoção! Com isso ele vai atrás dela, dando origem a todos os tipos de situações constrangedoras.

O roteiro tem uma certa ternura por seu protagonista, mas sem fugir da realidade de que ele é um tremendo de um esquisitão. A interpretação do ator Woody Harrelson caiu muito bem, já que ele também sempre foi um ator especializado em tipos bizarros e esquisitos. Seu Wilson não é uma pessoa que você queira muito por perto. Ele é sem noção, fala coisas absurdas e na maioria das vezes sua sinceridade sem filtros acaba chocando todo mundo. É aquele tipo de sujeito que muitas vezes fala verdades inconvenientes sem ter maldade nenhuma, apenas por não ter muita noção das coisas e do mundo em que vive. Poderia ser qualificado até mesmo como um portador da síndrome de Asperger... quem sabe... só que obviamente o roteiro não quer transformar nada em drama. É uma comédia para rir dos momentos embaraçosos, e é só!

De maneira em geral gostei do filme e de sua proposta. Não é aquele tipo de filme que vai além, rompendo com todas as barreiras, nada disso. Na verdade se formos analisar bem o que temos aqui é apenas uma comédia sobre um homem excêntrico, fora dos padrões, que no final das contas só quer se encaixar nesses mesmos padrões ditados pela sociedade (como ter um relacionamento convencional, com filhos e uma casa suburbana, etc). Por isso a grande tragicomédia de Wilson é saber que mesmo quando critica as banalidades da sociedade em geral, tudo o que ele mais quer é se enquadrar dentro desses mesmos limites banais. Um filme que faz refletir nesse sentido, embora na superfície seja apenas uma produção levemente divertida para se dar alguns sorrisos nervosos, nascidos do puro constrangimento.

Wilson (Wilson, Estados Unidos, 2017) Direção: Craig Johnson / Roteiro: Daniel Clowes / Elenco: Woody Harrelson, Laura Dern, Isabella Amara / Sinopse: Wilson (Woody Harrelson) é um quarentão meio esquisito que acaba descobrindo que é pai! Anos atrás sua ex-esposa, uma viciada em cocaína, havia lhe dito que tinha abortado da gravidez, mas ela estava mentindo pois deu a filha do casal para adoção. Sem pensar duas vezes Wilson então parte em busca da filha perdida, que ele nem sabia existir até aquele momento.

Pablo Aluísio.

A Reconquista

Título no Brasil: A Reconquista
Título Original: Battlefield Earth
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Roger Christian
Roteiro: Corey Mandell, J.D. Shapiro
Elenco: John Travolta, Forest Whitaker, Barry Pepper, Michael Byrne, Kim Coates, Sabine Karsenti

Sinopse:
Em um futuro distante o planeta Terra é invadido por uma raça de aliens gigantes que planejam escravizar toda a humanidade. Após a invasão devastadora, um grupo de humanos resolve então formar um grupo de resistência rebelde contra os seres espaciais. Filme vencedor de sete "prêmios" no Framboesa de Ouro, entre eles o de pior filme, pior ator (John Travolta), pior ator coadjuvante (Forest Whitaker) e pior diretor (Roger Christian).

Comentários:
Essa estranha ficção foi o maior fracasso comercial da carreira do ator John Travolta. Como se sabe ele faz parte de uma seita americana chamada Cientologia. A esquisita doutrina religiosa deles prega que o mundo foi colonizado por seres espaciais com três metros de altura! Baseando-se nisso o ator convenceu a Warner Bros a investir mais de 70 milhões de dólares na produção desse filme. Massacrado pela crítica americana, não rendeu praticamente nada nas bilheterias. Existem fracassos no cinema que são bem merecidos. Esse é um caso desses. Não há outro veredito, pois o filme é muito, muito ruim. Como se não bastasse o roteiro cheio de clichês por todos os lados temos ainda que aguentar o estranho visual de Travolta e companhia, tentando se passar por alienígenas gigantes com cabelos rastafaris! É demais da conta, vamos convir. Pior de tudo é que os efeitos especiais não convencem muito, deixando tudo cair rapidamente no tédio e no ridículo. Com tanta ruindade junta acabou vencendo um prêmio Framboesa de Ouro especial de "Pior filme da década!". Não precisa dizer mais nada! Provavelmente se exista um filme que Mr. Travolta quer esquecer em sua longa filmografia seguramente é esse! Uma bomba espacial de proporções épicas!

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de julho de 2017

A Jovem Rainha

Esse filme traz uma versão romanceada da vida da Rainha Kristina da Suécia. Durante a guerra dos trinta anos no século XVII seu pai, o Rei Gustaf, é morto em campo de batalha. Kristina assim se torna sua sucessora, mas era jovem demais para assumir o trono. Quando finalmente se torna monarca ela propõe uma série de reformas em seu país. Em sua opinião a Suécia não passava de uma nação gelada, isolada, povoada por pessoas ignorantes e sem cultura. Uma grande reforma educacional era assim necessária. Amante dos livros e da cultura, as propostas de Kristina iam contra os valores dos líderes protestantes que dominavam seu reinado. Outro ponto de choque contra esses religiosos era o fato de que Kristina queria assinar um tratado de paz com os reinos católicos, um dos principais motivos da guerra. Obviamente os luteranos queriam a guerra e fizeram de tudo para destronar a Rainha que queria a paz, acima de tudo.

Talvez por sofrer tanta repressão e oposição dos protestantes em seu reinado, Kristina aos poucos foi se aproximando dos católicos, absorvendo sua doutrina e o mais escandaloso de tudo: se convertendo ao catolicismo! Naquele período histórico os grandes pintores, escritores, escultores e artistas da Europa eram patrocinados pela Igreja Católica. Kristina, uma mulher apaixonada por arte e literatura acabou sendo atraída por Roma, para desespero de seus líderes religiosos do Luteranismo que condenavam qualquer tipo de arte sagrada, pois a considerava pura heresia! Para Kristina não poderia haver mentalidade mais obtusa e atrasada do que aquela!

O filme assim segue contando parte da vida da Rainha, inclusive lidando sem problemas com temas polêmicos, como a suposta homossexualidade de Kristina, que se recusava a casar para trazer um herdeiro ao trono da Suécia. Ao invés disso se tornava cada vez mais próxima de sua dama de companhia, uma condessa jovem a quem ela tinha verdadeira paixão. Até hoje historiadores discutem sobre a sexualidade de Kristina, mas sem chegar a uma conclusão definitiva. O roteiro do filme porém abraça sem problemas o lesbianismo da Rainha. De maneira em geral gostei muito dessa produção, pois via de regra adoro temas relacionados às grandes dinastias monárquicas da Europa. Caso esse seja também o seu caso deixo assim a recomendação desse bom filme, extremamente interessante do ponto de vista histórico.

A Jovem Rainha (The Girl King, França, Canadá, Suécia, 2015) Direção: Mika Kaurismäki / Roteiro: Michel Marc Bouchard / Elenco: Malin Buska, Sarah Gadon, Michael Nyqvist / Sinopse: O filme narra uma versão em tom de romance histórico de parte da vida da Rainha Kristina da Suécia (Malin Buska). Mulher culta e amante das artes e da ciência ela passa a sofrer uma constante e dura oposição dos líderes religiosos protestantes de sua país, que eram contra as reformas educacionais que a monarca queria implantar em sua nação. Filme indicada ao Canadian Screen Awards (Marjatta Nissinen).

Pablo Aluísio.

Alice Através do Espelho

Título no Brasil: Alice Através do Espelho
Título Original: Alice Through the Looking Glass
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney Pictures
Direção: James Bobin
Roteiro:  Linda Woolverton
Elenco: Mia Wasikowska, Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Anne Hathaway, Sacha Baron Cohen, Alan Rickman

Sinopse:
Alice (Mia Wasikowska) agora é uma capitã de um grande navio que cruza os sete mares. Ela retorna a Londres e encontra problemas envolvendo sua mãe. Ela corre risco de perder sua própria casa, agora hipotecada. Ao entrar dentro de um espelho acaba sendo levada de volta ao país das maravilhas, onde reencontra seus antigos amigos e a rainha má Iracebeth (Helena Bonham Carter) que agora quer manipular o tempo em seu favor. Filme indicado ao Grammy Awards na categoria Melhor Música - trilha sonora ("Just Like Fire" de Pink).

Comentários:
Era mais do que previsível o lançamento dessa sequência de "Alice" de Tim Burton. O primeiro filme rendeu mais de um bilhão de dólares nas bilheterias, um sucesso comercial fabuloso. Assim a Disney jamais deixaria passar a oportunidade de lançar mais um filme. O roteiro adaptou outro livro de Lewis Carroll lançado em 1871 chamado "Alice Através do Espelho e o Que Ela Encontrou Por Lá". Tim Burton porém resolveu cair fora, deixando a direção, se concentrando apenas na produção. O novo diretor escolhido foi James Bobin de "Os Muppets". Feito com um orçamento de 170 milhões de dólares esse segundo filme de "Alice" acabou decepcionando nas bilheterias, para grande decepção da Disney. Esse fracasso comercial foi até merecido. Ao invés de adaptarem mais fielmente o livro de Lewis Carroll, a Disney resolveu apostar em um roteiro que para as crianças vai soar confuso demais, com viagens no tempo e conceitos que ficariam bem em um filme da série "De Volta Para o Futuro", mas não em um filme infantil como esse, com a adorável personagem Alice. Exageraram demais nas mudanças da história, nos efeitos especiais e na maquiagem. O que era simples e inteligente virou burro e exagerado. O que de certa forma funcionava bem no primeiro filme, aqui acabou soando muito desnecessário. A atriz  Mia Wasikowska continua muito carismática e simpática, mas ela não tem mais idade para a personagem. Johnny Depp está mais bizarro do que o normal, com estranhos efeitos de computação gráfica que o deixaram com olhos enormes e estranhos. A novidade em termos de elenco vem com a participação do comediante Sacha Baron como o "Tempo". Pena que no meio dessa confusão de estilos e tramas, ele não faça mesmo qualquer diferença.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Ave, César!

Os irmãos Coen se enquadram naquele seleto grupo de cineastas que você deve acompanhar de perto, assistindo a todos os seus filmes, mesmo os que são apenas medianos. Eles são tão criativos que pelo menos alguma coisa relevante você encontrará em suas obras. Esse "Ave, César!" se propõe a ser uma comédia, uma sátira aos bons e velhos tempos da Hollywood dos anos clássicos. Porém o humor é tão sofisticado, que você terá que saber um pouco da história do cinema americano para se divertir completamente. Cada personagem, cada evento mostrado no filme, tem uma referência histórica com algo que efetivamente aconteceu no passado. A trama é relativamente simples e muito divertida. Um astro de Hollywood, um galã canastrão chamado Baird Whitlock (George Clooney), é sequestrado bem no meio das filmagens de um grande épico que conta a história de um general romano nos dias de Jesus. Levado a uma casa isolada ele encontra um grupo de roteiristas e escritores comunistas que tentam fazer sua cabeça sobre as injustiças do capitalismo. É obviamente uma referência aos anos do Macartismo, quando se iniciou uma verdadeira caça às bruxas contra profissionais de Hollywood que tivesse algum contato com o partido comunista. Tudo é levado numa fina ironia, muito bem desenvolvida.

O mais interessante é que o filme não fica por aí. Há inúmeras referências a diversos atores e diretores da era de ouro do cinema americano, passando por um ator cowboy que não tinha talento nenhum para atuar (mesclando Tom Mix a Audie Murphy), um dançarino de musicais que é na verdade o grande elo de ligação com os soviéticos (uma mistura de Errol Flynn com Gene Kelly), até uma atriz cheia de problemas pessoais, especializada em fazer filmes com danças em piscinas (numa óbvia referência à atriz sereia Esther Williams). E tentando contornar todas as situações delicadas surge Eddie Mannix (Josh Brolin), um sujeito contratado pelos estúdios cujo trabalho consistia basicamente em abafar escândalos, resolver problemas pessoais dos astros e estrelas, mantendo o estúdio funcionando normalmente.

É um bem humorado retrato da época em que imperava o Star System, quando os estúdios cuidavam pessoalmente de cada ator e atriz que estivesse sob contrato. Esse sistema durou até meados dos anos 1960, quando os grandes estúdios americanos se cansaram de exercer a função de babás de adultos infantilizados com problemas emocionais (algo que poderia ser dito de praticamente 90 por cento das estrelas). A partir daí cada um que cuidasse de sua própria vida. Assim esse "Ave, César!" é uma aula nostálgica, com muito bom humor, de um tempo que não existe mais. Gostei bastante desse filme. Bem produzido, com ótimo roteiro, é uma dessas produções inteligentes que estão cada vez mais raras ultimamente.

Ave, César! (Hail, Caesar!, Estados Unidos, 2016) Direção: Ethan Coen, Joel Coen / Roteiro: Ethan Coen, Joel Coen / Elenco: Josh Brolin, George Clooney, Ralph Fiennes, Scarlett Johansson, Tilda Swinton, Alden Ehrenreich, Channing Tatum, Frances McDormand, Jonah Hill, Christopher Lambert / Sinopse: Eddie Mannix (Josh Brolin) é um "faz tudo" de um grande estúdio de cinema em Hollywood que precisa resolver todos os problemas que vão surgindo envolvendo astros e estrelas. As coisas pioram quando o ator Baird Whitlock (George Clooney) é raptado por roteiristas comunistas que pedem 100 mil dólares de resgate. Filme indicado ao Oscar e ao BAFTA Awards na categoria Melhor Design de Produção (Jess Gonchor e Nancy Haigh).

Pablo Aluísio.

Supernova

Título no Brasil: Supernova
Título Original: Supernova
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Walter Hill
Roteiro: William Malone, Daniel Chuba
Elenco: James Spader, Lou Diamond Phillips, Angela Bassett, Peter Facinelli, Robin Tunney, Wilson Cruz

Sinopse:
No século 22 uma espaçonave recebe um chamado de socorro de uma equipe médica há muito desaparecida. A região do universo onde estão é praticamente desconhecida, no espaço profundo da galáxia. Quando resgatam parte da tripulação um dos membros demonstra ter um comportamento estranho. Além disso agora a nave precisa sobreviver á força gravitacional de uma estrela em supernova, prestes a explodir.

Comentários:
Boa ficção que gostei bastante quando assisti pela primeira vez. Hoje em dia esse filme está praticamente esquecido, o que é uma pena, pois tem muitos méritos. Seguindo de certa maneira os passos de "Aliens" (não tem jeito, essa franquia influenciou toda uma geração de filmes do estilo Sci-fi), o roteiro procura ter um aspecto mais científico e até mesmo filosófico. Durante a trama um objeto ganha destaque, um artefato que pode conter vida alienígena. Claro que algo assim acaba criando uma tensão entre todos os tripulantes. Esse aspecto serve para desenvolver ainda mais o suspense dentro do roteiro, com ótimos resultados. Mesmo que os efeitos especiais estejam um pouco datados (o que era previsível acontecer), o filme ainda se mantém interessante, por causa justamente de sua história. Temos que reconhecer que a presença de James Spader no elenco ajuda muito no quesito atuação. Spader, atualmente fazendo sucesso na série "The Blacklist", é aquele tipo de ator cool, quase sempre fazendo o papel de vilão, que vale sempre a pena acompanhar, seja qual for o filme ou série em que estiver atuando. Por fim uma Curiosidade: o diretor Walter Hill assinou o filme com o pseudônimo de Thomas Lee! Ótimo cineasta, muito reconhecido por seus filmes de ação, não se sabe ao certo o que o fez se esconder atrás de um nome de ficção! Provavelmente estava inspirado pelo próprio filme que estava dirigindo, quem sabe...

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de julho de 2017

Becoming Cary Grant

Título Original: Becoming Cary Grant
Título no Brasil: Ainda não definido
Ano de Produção: 2017
País: Estados Unidos
Estúdio: Yuzu Productions
Direção: Mark Kidel, Mark Kidel
Roteiro: Mark Kidel, Mark Kidel
Elenco: Cary Grant,  Judy Balaban, Mark Glancy, Barbara Jaynes, Kent Victor Schuelke, David Thomson

Sinopse:
Documentário exibido recentemente nos Estados Unidos pelo canal Showtime mostrando aspectos privados e bem pessoais da vida do ator americano Cary Grant. Baseado em relatos do próprio Grant o filme desvenda a conturbada infância do futuro astro de Hollywood, quando ele foi abandonado pelos pais, indo morar em um orfanato mantido pelo Estado. O filme procura também mostrar sua ascensão rumo à fama e ao sucesso. Documetário indicado no Cannes Film Festival.

Comentários:
Excelente documentário que mostra um lado pouco conhecido da vida do ator Cary Grant. Seu pai internou sua mãe por problemas psiquiátricos quando Grant era apenas uma criança. Sem ter a menor intenção de ter a responsabilidade de criá-lo sozinho, acabou jogando o garoto em um orfanato. Por essa razão Grant levou por toda a vida esse trauma, tentando superar o sentimento de abandono e perda. Também criou uma personalidade mesquinha em relação ao dinheiro. Sua sovinice era lendária, mesmo rico e famoso não jogava suas roupas foras, usando meias furadas, tudo para economizar o máximo possível. O documentário também explora o problema de Grant com as drogas e as bebidas. Ele sempre procurou afogar suas mágoas no copo, em bares por toda a Los Angeles. Em relação às drogas encontrou o LSD nos anos 60 e pensando tratar-se apenas de mais uma substância química que servisse como remédio para seus problemas emocionais foi fundo no uso da droga. O roteiro só traz uma falha digna de nota, ao não explorar a grande amizade que ele teve com outro ator famoso, o cowboy Randolph Scott. Provavelmente para não dar pano para a manga sobre as inúmeras fofocas de que eles tiveram um caso homossexual, os produtores resolveram deixar isso de fora. De qualquer maneira esse "Becoming Cary Grant" é certamente o melhor documentário já realizado sobre esse grande astro de Hollywood, em sua fase de ouro, no auge do inesquecível cinema clássico dos Estados Unidos. Não deixe de assistir.

Pablo Aluísio.

A Última Fronteira

A atriz Charlize Theron interpreta a diretora de uma organização não governamental que presta assistência médica em regiões de conflito e miséria na África ocidental. A região é devastada por uma guerra civil que parece nunca ter fim. Por essa razão todos os médicos que trabalham naquele lugar sofrem risco de vida. Durante uma viagem de reconhecimento, ela acaba se apaixonando por um cirurgião idealista, Miguel Leon (Javier Bardem). Inicialmente relutantes eles acabam vivendo um conturbado caso amoroso, bem no meio do caos do inferno do continente africano. O tipo de idealismo que move um médico que vai até a África trabalhar em organizações ao estilo "Médicos Sem Fronteiras" é algo admirável. Principalmente quando sabemos que todos eles podem ser mortos por guerrilheiros africanos a qualquer momento. Essa gente não deseja a paz e nem o bem das pessoas. Pelo contrário, quanto maior o dano promovido contra as populações, melhor é o resultado para esses grupos armados. Não é por outra razão que a África hoje é o continente onde mais se realizam massacres e genocídios em massa. Diante de um quadro tão avassalador é de se perguntar por que um médico europeu (ou americano) joga fora um bom trabalho em hospitais de primeira linha para ir trabalhar em um lugar que mais se parece o inferno na Terra?

O roteiro desse filme investe em duas linhas. Mostra o relacionamento problemático entre o casal de médicos e a situação de caos que vive essa parte da África. Há cenas de extrema brutalidade, principalmente quando milícias armadas invadem os acampamentos dos médicos estrangeiros ou quando seus comboios são assaltados, geralmente por crianças armadas até os dentes! Nada é tão ruim que não possa ser piorado no continente africano. Por fim fica a reflexão: por anos os africanos culparam o colonialismo europeu por seus problemas. Pois bem, passaram-se décadas de independência e a maioria dos países africanos continuam miseráveis e devastados por sangrentas e insanas guerras civis! De quem seria a culpa agora?

A Última Fronteira (The Last Face, Estados Unidos, 2016) Direção: Sean Penn / Roteiro: Erin Dignam / Elenco: Charlize Theron, Javier Bardem, Adèle Exarchopoulos / Sinopse: Wren (Charlize Theron) e Miguel Leon (Javier Bardem) são dois médicos que se apaixonam na África, durante uma expedição de ajuda médica a populações pobres da África ocidental. Filme indicado a Palma de Ouro no Cannes Film Festival.

Pablo Aluísio.