terça-feira, 7 de março de 2017

Bem-Amada

Título no Brasil: Bem-Amada
Título Original: Beloved
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Jonathan Demme
Roteiro: Akosua Busia
Elenco: Oprah Winfrey, Danny Glover, Yada Beener
  
Sinopse:
Durante o ano de 1873 a ex-escrava, agora liberta, Sethe (Oprah Winfrey), reencontra um velho conhecido, ainda dos tempos da escravidão numa grande plantation conhecida ironicamente como "Doce Lar". O velho  Paul (Danny Glover) que apenas um lugar sossegado e tranquilo para passar os últimos anos de sua vida. O que era apenas paz acaba se tornando misterioso com a chegada de uma jovem conhecida apenas como Beloved (Thandie Newton), que definitivamente não é uma garota normal, como todas as outras. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Figurino (Colleen Atwood).

Comentários:
O povo brasileiro em geral não sabe quem é Oprah Winfrey. Isso é fácil de entender já que ela é uma estrela da TV americana, mais conhecida em seu próprio país. Pois bem, uma tentativa de Oprah em atingir outros públicos foi justamente aqui nesse filme, que tem como tema central o período da escravidão negra nos Estados Unidos durante o século XIX. É em termos gerais um bom filme, com ótima produção, bela reconstituição histórica, tudo que um espectador de bom gosto poderia exigir. O roteiro, por mais curioso que possa ser, também tenta explorar um pouco do misticismo que havia nessas grandes plantações de algodão do sul, onde a mão de obra escrava enriquecia os senhores da plantação, donos das terras a perder de vista. Talvez para não polemizar muito, talvez para não ofender certa parcela de seu público, Oprah preferiu deixar de lado os temas mais relacionados à questão racial de lado. Não é um filme com um certo rancor dos brancos, nem levanta bandeiras ideológicas, no fundo é mesmo um bom drama, passado em uma época particularmente complicada para os afro-americanos. Vale a pena conferir. 

Pablo Aluísio.

Perseguindo Abbott

Título no Brasil: Perseguindo Abbott
Título Original: Survivor
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Lionsgate
Direção: James McTeigue
Roteiro: Philip Shelby
Elenco: Pierce Brosnan, Milla Jovovich, Angela Bassett, James D'Arcy, Dylan McDermott, Robert Forster
  
Sinopse:
A embaixada americana em Londres tem uma nova agente de imigração chamada Kate Abbott (Milla Jovovich). Assim que ela começa a trabalhar percebe que há algo errado no serviço de emissão de vistos para os Estados Unidos. Um grupo de pessoas suspeitas estão sendo claramente protegidas por algum figurão. Ela parece disposta a descobrir o que de fato estaria acontecendo, mas antes disso descobre que está na mira de um perigoso assassino profissional disposto a tudo para tirá-la do meio do caminho dos terroristas que querem entrar nos Estados Unidos de todas as maneiras possíveis.

Comentários:
O filme é de rotina. Uma fita de ação sem maiores novidades. O grande atrativo é reencontrar o ator Pierce Brosnan em um papel que lembra até mesmo seus antigos filmes como James Bond. Claro, aqui ele não é um agente secreto, mas sim um assassino profissional conhecido como "O Relojoeiro" que acaba sendo contratado por um grupo de terroristas. Seu palco de batalha são as ruas de Londres, que acabaram sendo muito bem fotografadas aqui. Brosnan ainda mantém o charme, apesar do peso da idade que vai se tornando cada vez mais óbvio. Ele sai pelas ruas da capital inglesa portando uma arma com silenciador, procurando eliminar a agente Kate Abbott, interpretada pela sempre péssima Milla Jovovich. Mesmo após tantos anos Milla não parece ter melhorado em nada, o que não deixa de ser um viés para o filme como um todo. Como o matador de Brosnan se torna bem mais interessante do que ela (e até mais carismático, apesar de ser um sujeito frio e psicopata), acabamos torcendo para o lado errado - o que demonstra que há algo de errado na escolha do elenco! Tirando a clara incapacidade da atriz principal, o que sobra é um bom thriller de ação e perseguição. Duas cenas de destacam no meio da correria e explosões: um ataque planejado e executado por Brosnan em um pequeno restaurante londrino e um tiro certeiro (e mais do que explosivo) na fachada de um prédio residencial que acaba em colapso completo. Enfim, nada demais você encontrará nessa produção, apenas diversão ligeira, o que atualmente acaba sendo até mesmo muito bem-vinda.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de março de 2017

Animais Noturnos

Título no Brasil: Animais Noturnos
Título Original: Nocturnal Animals
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Focus Features
Direção: Tom Ford
Roteiro: Tom Ford
Elenco: Amy Adams, Jake Gyllenhaal, Michael Shannon, Aaron Taylor-Johnson, Laura Linney, Michael Sheen
  
Sinopse:
Baseado no romance escrito por Austin Wright, o filme "Animais Noturnos" conta a história de Susan Morrow (Amy Adams). Trabalhando em uma galeria de arte, ela começa a se sentir frustrada em sua vida pessoal e profissional. Sua galeria não vai bem e seu marido vai se tornando cada vez mais distante. Nesse ponto de sua vida ela começa até mesmo a se questionar se o ama de verdade e se tomou a decisão certa ao se casar com ele. Ao receber o manuscrito do novo livro escrito por seu ex-marido, Edward Sheffield (Jake Gyllenhaal), ela começa a entrar em uma grande crise existencial sobre as escolhas que fez ao longo de sua vida. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Michael Shannon). Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Aaron Taylor-Johnson).

Comentários:
Muito se falou sobre a injustiça de não se ter indicado a atriz Amy Adams ao Oscar. Ela realmente está em uma fase excepcional na sua carreira, sendo que em 2016 ela poderia ter sido facilmente indicada ao prêmio de melhor atriz tanto por seu excelente trabalho em "A Chegada" como por esse "Animais Noturnos". Ambas as indicações seriam merecidas. Em relação a esse papel, ela se sobressai ao interpretar uma mulher que em determinado momento de sua vida fica em dúvida sobre as escolhas que fez. Ela teve uma paixão no passado que foi boicotada por sua família, já que o rapaz era um escritor fracassado e pobre. Certamente ela gostava bastante dele, mas pressionada pela mãe, que dizia ser sua escolha um homem considerado romântico e fraco demais, acabou optando por um bonitão que conheceu na universidade, um sujeito frio e bastante vazio. Com problemas na empresa (ela dirige uma galeria de arte), tudo piora quando seu ex resolve lhe mandar o manuscrito de seu novo romance, intitulado "Animais Noturnos" para ela ler em primeira mão. O livro é inclusive dedicado a ela. 

Assim o roteiro começa a explorar duas linhas narrativas: a primeira com Amy lendo o tal romance e a segunda mostrando a própria história do manuscrito escrito por Edward, o escritor fracassado, interpretado por Jake Gyllenhaal. Com isso temos na verdade dois gêneros cinematográficos convivendo no mesmo filme, com um drama existencial em primeiro plano (a vida da personagem de Amy Adams) e a trama de assassinato e brutalidade, exposta no livro que ela lê. Tudo muito bom, bem costurado por um roteiro extremamente eficiente. No quadro geral o filme se destaca por explorar o lado do arrependimento, da busca por uma redenção pelos erros do passado. O próprio enredo do manuscrito que a protagonista lê é, no fundo, uma metáfora sobre a conturbada relação que ela teve com seu autor no passado. O personagem que se sobressai lá é um pai de família que se vê numa situação extrema e que em seu final precisa provar que não é um fraco, um homem sem brio. Tudo o que a mãe de Adams o acusava de ser. Tecnicamente bem acima da média, com subtexto inteligente, esse filme certamente merecia um melhor reconhecimento por parte da academia.

Pablo Aluísio.

O Instituto

Supostamente baseado em fatos reais, o filme mostra um instituto de tratamento psiquiátrico do século XIX que tinha a proposta de tratar mulheres com problemas mentais. Usando de métodos científicos avançados para a época, o lugar acabou virando referência. Depois da morte de seus pais, abalada e fragilizada emocionalmente, a jovem Isabel Porter (Allie Gallerani) resolve passar uma temporada na instituição. Ela pensa que o lugar na verdade seria uma espécie de spa mais sofisticado, só que ela estava completamente equivocada sobre isso. Ao ser internada ela passa aos cuidados do Dr. Cairn (James Franco), um psiquiatra que aparente ser um médico comum. Por trás da fachada de profissional respeitado se esconde um sujeito completamente sádico e insano que vai colocar a sanidade mental de sua paciente no limite. Ele desconstrói a personalidade de Isabel, a manipulando psicologicamente de todas as formas. O resultado acaba sendo o pior possível.

Esse filme me pareceu como uma tentativa de voltar ao passado. De certa maneira ele me lembrou dos antigos filmes da Hammer dos anos 70, só que sem o mesmo charme e criatividade. O roteiro avança muito na esquisitice, colocando no meio do caminho uma estranha e bizarra seita de rituais satânicos que usa como sacrifícios humanos as pobres garotas que estão internadas no tal instituto. Esse exagero em seu enredo faz com que o filme perca todo o seu potencial de assustar. Isso se dá em razão do absurdo que vai se tornando cada vez mais frequente. Como se não bastassem todos aqueles homens fazendo rituais ridículos de satanismo que não convencem ninguém, ainda temos que aturar um James Franco usando um bigode postiço, tentando se passar como médico de filmes de terror. É uma caracterização absurda e nada convincente também.

O filme assim é bem fraco. Todo o potencial de se criar horror dentro de uma instituição psiquiátrica se perde. A caracterização histórica não é boa e os atores não parecem bem inseridos dentro da trama. O roteiro não é nada original, usando de clichês ridículos, com direito até mesmo a uma assistente corcunda e sinistro. James Franco produziu, dirigiu e atuou nesse projeto bem pessoal. Não sei quais eram suas verdadeiras intenções, só sei dizer que tudo acabou sendo muito mal executado. Ele é mais divertido em suas comédias sobre maconheiros da Califórnia. Nunca deveria ter tentando entrar nesse tipo de filme de terror. Definitivamente não é a sua praia.

O Instituto (The Institute, EUA, 2017) Direção: James Franco, Pamela Romanowsky / Roteiro: Adam Rager, Matt Rager / Elenco: Allie Gallerani, James Franco, Vincent Alvas, Pamela Anderson, Carmen Argenziano / Sinopse: Jovem da aristocracia resolve passar uma temporada em uma instituição psiquiátrica no século XIX sem saber que o lugar na verdade é uma hospício, onde a tortura e a violência são constantemente usados contra as pacientes internadas.

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de março de 2017

X-Men 2

Título no Brasil: X-Men 2
Título Original: X-Men 2
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Marvel Studios
Direção: Bryan Singer
Roteiro: Zak Penn, David Hayter
Elenco: Famke Janssen, Patrick Stewart, Hugh Jackman, Ian McKellen, Halle Berry, Anna Paquin, Rebecca Romijn
  
Sinopse:
O grupo de mutantes conhecidos como X-Men são liderados pelo professor Charles Xavier (Patrick Stewart). Eles agora precisam enfrentar um novo desafio, um mutante assassino que está colocando em risco a vida do presidente dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que espalha terror e destruição por onde passa. Seu maior objetivo é destruir a escola de mutantes dirigida pelo professor Xavier. Quem será ele? Filme indicado ao Empire Award UK na categoria de Melhor ator (Hugh Jackman). Também indicado ao MTV Movie Awards.

Comentários:
Primeira continuação das aventuras do X-Men no cinema, ao custo de 110 milhões de dólares! É a tal coisa. Nunca fui leitor de quadrinhos, por isso não conheço muito os mutantes dos gibis, assim os filmes sempre foram praticamente minha única aproximação com esse universo criado por Stan Lee. De modo em geral eu gosto desses filmes com os X-Men. Claro, para quem nunca leu o material original, as coisas podem parecer um pouco mais complicadas, mas no quadro geral o roteiro explora mesmo essa situação de dualidade entre ter poderes especiais ao mesmo tempo em que se é alvo de discriminações na sociedade. Embora os roteiros desses filmes não fossem lá grande coisa, eles acabavam se salvando pelo elenco (sempre muito bom, bem escolhido) e pelos efeitos visuais (que, como sabemos, logo se tornam datados por causa do avanço da tecnologia, o que não deixa de ser uma pena). Outro aspecto que sempre me chamou atenção nessa franquia era o fato da extrema importância dada pelos roteiros à personagem de Jean Grey! Interpretada pela atriz Famke Janssen (que nunca conseguiu ter uma grande carreira no cinema). Se formos pensar bem a Grey, no final das contas, é sempre a protagonista das estórias, deixando personagens bem mais populares (e clássicos) como Wolverine e o próprio Professor Charles Xavier em segundo plano! Talvez os fãs dos quadrinhos possam explicar melhor. Para mim, por outro lado, sempre foi um aspecto que me impressionou. Então é isso, em tempos de lançamento de "Logan" nos cinemas, que traz a despedida final do ator Hugh Jackman de Wolverine, é sempre bom rever os antigos filmes da série. Não há nenhuma obra prima nessa franquia, nada é muito espetacular, mas sem dúvida todos os filmes acabam se tornando uma boa diversão.

Pablo Aluísio.

Instinto

Título no Brasil: Instinto
Título Original: Instinct
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Spyglass Entertainment, Touchstone Pictures
Direção: Jon Turteltaub
Roteiro: Gerald Di Pego
Elenco: Anthony Hopkins, Cuba Gooding Jr., Donald Sutherland
  
Sinopse:
Após dois anos perdido na selva de Ruanda, na África, o pesquisador Dr. Ethan Powell (Anthony Hopkins) é finalmente encontrado. Ele não parece bem psicologicamente falando. Ao que tudo indica ele perdeu sua capacidade de se comunicar, agindo como um animal selvagem. Um caso que é passado para o psiquiatra Dr. Theo Calder (Cuba Gooding Jr.), que começa a procurar por uma resposta médica para a estranha condição de seu paciente. Estaria realmente louco ou tudo seria fruto de algum trauma psicológico que sofreu? 

Comentários:
Embora considere Anthony Hopkins um dos melhores atores de sua geração, nunca consegui gostar desse filme. Na verdade considero essa produção a mais equivocada de toda a sua carreira. É um filme com roteiro muito ruim, história sem pé e nem cabeça... e o pior de tudo: uma canhestra interpretação do próprio Hopkins. É muito complicado entender como um ator tão sofisticado e elegante como ele aceitou interpretar um personagem basicamente físico, sem nenhuma nuance maior em termos psicológicos. Tudo é muito mal desenvolvido e nem o bom elenco de apoio (contando com, entre outros, Donald Sutherland) consegue salvar o filme do desastre completo. Eu me recordo que quando aluguei o filme (ainda nos tempos das locadoras de vídeo VHS) não pude deixar de ficar muito surpreso pela má qualidade do filme como um todo. É algo obsoleto, sem razão de ser. Inegavelmente é um passo em falso na brilhante filmografia de Anthony Hopkins! Infelizmente ninguém é perfeito, nem os grandes atores da história do cinema. Só podemos lamentar no final das contas.

Pablo Aluísio.

sábado, 4 de março de 2017

Assassin's Creed

Título no Brasil: Assassin's Creed
Título Original: Assassin's Creed
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Regency Enterprises
Direção: Justin Kurzel
Roteiro: Michael Lesslie, Adam Cooper
Elenco: Michael Fassbender, Marion Cotillard, Jeremy Irons, Charlotte Rampling, Brendan Gleeson
  
Sinopse:
Durante séculos cavaleiros templários e assassinos (um grupo rival) se enfrentam na Europa. Agora eles estão em luta para colocar as mãos em um artefato histórico poderoso, a maçã do Éden, que se acredita ser o mesmo citado no livro do gênesis. Para saber o lugar exato onde foi parar a maçã, os templários criam uma tecnologia inovadora que permite sondar a memória genética dos atuais descendentes dos antigos assassinos.

Comentários:
Mais uma adaptação de games. Como não jogo videogames não conhecia muito bem esse universo de "Assassin's Creed". Assim tudo soou como novidade. Basicamente se trata de uma luta secular entre cavaleiros templários (sim, no filme eles ainda existem e são bem atuantes) e os assassinos. Cal Lynch (Michael Fassbender) é descendente de Aguilar, um notório assassino do passado que sabia onde havia ido parar a tal maçã do Éden. Com o uso da tecnologia ele será analisado geneticamente para sondar as memórias de seu antepassado, ajudando os templários a descobrirem o paradeiro do tal artefato religioso. Lendo assim até parece algo bem interessante nesse nicho de fantasia e aventura. É bom não ir criando muitos expectativas sobre isso. O roteiro é bem vazio, a questão histórica nunca é muito bem explorada e tudo se resume em justificativas para uma série de cenas de ação. Os tais assassinos, por exemplo, nunca explicam direito sua causa. Eles apenas combatem os cavaleiros templários, que por sua vez, querem ter todo o poder do mundo. Michael Fassbender não tem muito o que fazer, a não ser suprir as exigências físicas de seu personagem. O aspecto histórico é desperdiçado e esse é apenas um dos problemas do filme. Com locações passadas em antigos monumentos religiosos da Espanha, era de se esperar que o filme tivesse uma fotografia mais bonita, mas os produtores trocaram as belezas naturais pelo simples uso da computação gráfica (parecendo mais um game do que um filme de verdade). No fim tudo se torna bem cansativo, ainda mais porque o diretor Justin Kurzel optou por fazer um filme longo demais, absurdamente enrolativo. Filmes baseados em games precisam de agilidade, porque esse não é um público acostumado a filmes lentos e parados. Além disso o público alvo desse filme não tem a interatividade própria dos games, o que piora ainda mais a situação. Enfim, é isso. Só recomendo para gamers e adolescentes. Se por acaso você estiver em busca de algo histórico, esqueça! Esse filme não terá nada para lhe oferecer.

Pablo Aluísio.

Sempre Amigos

Título no Brasil: Sempre Amigos
Título Original: The Mighty
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax
Direção: Peter Chelsom
Roteiro: Charles Leavitt
Elenco: Sharon Stone, Kieran Culkin, Gena Rowlands, Elden Henson, John Bourgeois, Rudy Webb
  
Sinopse:
Um garoto gordinho e solitário, que sempre foi vítima de bullying, acaba encontrando a amizade verdadeira ao conhecer um menino que sofre de uma doença degenerativa. Juntos eles sonham e brincam como se estivessem na corte do lendário Rei Arthur. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Drama (Sharon Stone). Também indicado na categoria de Melhor Música ("The Mighty" de Sting e Trevor Jones).

Comentários:
Adaptação para o cinema da novela dramática escrita por Rodman Philbrick. Eis aqui um bonito drama produzido e bancado pela atriz Sharon Stone. Ela emprestou sua fama e seu prestígio dentro do cinema para divulgar esse drama bem humano, muito embora sua personagem tenha pequena participação dentro da trama. Curiosamente por esse pequeno papel Sharon acabou sendo indicada a vários prêmios por sua atuação, em especial o Globo de Ouro. Para uma atriz como ela, que sempre foi considerada apenas uma estrela de Hollywood que venceu na carreira por sua beleza foi uma mudança e tanto nos ares de sua filmografia. De qualquer forma os verdadeiros astros desse elenco são as crianças, o elenco juvenil e mirim. Eles roubam as atenções pois apesar de serem ainda bem jovens demonstram grande talento em cena. Um aspecto curioso é a presença e atuação de Kieran Culkin, membro menos conhecido da família Culkin, irmão mais jovem de Macaulay Culkin.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Um Limite Entre Nós

Que Denzel Washington é um dos mais talentosos atores do cinema americano atual, isso todos os cinéfilos já sabem. O que não se esperava é que ele poderia ir além, subir um degrau acima. Pois nesse novo filme "Fences" ele conseguiu. Posso dizer, sem medo de me equivocar, que essa é a grande interpretação da carreira de Denzel. Nunca vi nada igual em sua filmografia antes e olha que sou fã desse ator há muitos anos. Ele está realmente magistral na pele de Troy Maxson, um trabalhador comum que tenta sobreviver dia a dia, apesar de todos os desafios que precisa enfrentar. Não se trata de um herói, Troy na verdade está mais para um daqueles personagens trágicos e humanos criados por Tennessee Williams. Ele tem muitos defeitos, inúmeros deles, mas a despeito disso se torna uma figura grandiosa, marcante, mesmo com todos os aspectos desprezíveis de sua personalidade. Troy tem um relacionamento conturbado, realmente difícil, com os filhos. Sua visão cruel do mundo, a absorção de seus fracassos pessoais, suas falhas de caráter e sobretudo seu casamento nada perfeito com a sofrida esposa Rose (em magistral interpretação da atriz Viola Davis) selam o conjunto desse excepcional personagem, um verdadeiro presente para Denzel Washington. Depois de assistir a essa sua atuação posso afirmar, sem qualquer medo de errar, que a sua não premiação na última noite do Oscar foi seguramente uma das grandes injustiças do prêmio em sua história. Um absurdo Denzel não ter sido premiado como melhor ator por esse filme! Ele incorporou Troy de uma maneira quase sobrenatural. Esqueça o Denzel que você conhece, aqui ele está quase irreconhecível pois é um trabalho ímpar em sua carreira. Fantástica atuação!

O roteiro tem claramente uma estrutura teatral, até porque foi baseado na peça escrita por August Wilson. Ele captou como poucos o cotidiano de uma família negra na América dos anos 1950. O pai, um jogador de beisebol fracassado, precisa lidar todos os dias com o que o destino lhe reservou. Nada de fama, nada de riquezas e nem sucesso, apenas o trabalho duro para sustentar sua família. O interessante é que ao lado das amarguras de sua vida ele ainda consegue criar uma áurea muito rica, até mesmo divertida, quando se mete a contar velhas histórias absurdas, mentiras deslavadas, que vão se tornando engraçadas com o passar dos anos. Tudo para escapar do tédio da vida cotidiana. Com isso Denzel acabou tendo alguns dos melhores diálogos já escritos para declamar em cena. Magistral! Todos os personagens em cena - basicamente uma família negra, com alguns amigos - são extremamente bem desenvolvidos. Desde a presença opressiva de Troy, passando por sua esposa Rose, representando todas as dificuldades da vida de uma esposa e mãe, seus filhos e até mesmo seu irmão, um homem com problemas mentais causados por ferimentos de guerra, em brilhante atuação do ator Mykelti Williamson. Tudo se encaixa excepcionalmente bem na trama. De todos os filmes que concorreram ao Oscar na categoria de Melhor Filme esse é, até o momento, o melhor que assisti. Não ter vencido em mais categorias é uma prova da politicagem rasteira que impera na academia. Se o critério fosse puramente meritório, com certeza "Fences" teria tido uma sorte melhor. Grande filme, realmente imperdível.

Um Limite Entre Nós (Fences, Estados Unidos, 2016) Direção: Denzel Washington / Roteiro: August Wilson / Elenco: Denzel Washington, Viola Davis, Stephen Henderson, Jovan Adepo, Russell Hornsby, Mykelti Williamson / Sinopse: Troy (Denzel Washington) é um pai de família que trabalha como lixeiro na cidade onde vive. Além das dificuldades do trabalho duro, ele ainda precisa lidar com todos os problemas familiares que vão surgindo em sua vida, sempre com uma visão peculiar, própria, do mundo. Filme premiado no Oscar e no Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Viola Davis). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator (Denzel Washington), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Filme.

Pablo Aluísio.

Mickey Olhos Azuis

Título no Brasil: Mickey Olhos Azuis
Título Original: Mickey Blue Eyes
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Castle Rock Entertainment
Direção: Kelly Makin
Roteiro: Adam Scheinman, Robert Kuhn
Elenco: Hugh Grant, James Caan, Jeanne Tripplehorn, Burt Young, James Fox, Gerry Becker
  
Sinopse:
Michael Felgate (Hugh Grant) é um pacato funcionário de uma loja de leilões que vê seu mundo ficar de ponta cabeça após se apaixonar por Gina Vitale (Jeanne Tripplehorn), a filha de um chefão da máfia italiana chamado Frank Vitale (James Caan). Agora ele terá que lidar com a delicada situação, lutando por aquela que ele pensa ser o amor de sua vida.

Comentários:
Comédia simpática que brinca com o mundo da máfia italiana. Obviamente o roteiro foi escrito especialmente para ser estrelado por Hugh Grant. Ao longo da carreira ele se especializou em interpretar ingleses tímidos e sofisticados que eram colocados em situações embaraçosas, constrangedoras. O roteiro desse filme segue essa mesma fórmula. De um lado o estilo mais refinado de Grant, aqui como um leiloeiro bem educado, que só lida em seu dia a dia com pessoas extremamente educadas e elegantes, do outro o modo de ser rude e muitas vezes violento do mafioso Frank Vitale (James Caan), um sujeito cujo caráter foi firmado nas ruas, na violência do cotidiano de uma grande cidade americana infestada de gangsters por todos os becos. E o filme é basicamente isso. Diverte e tem cenas até bem engraçadas, como a do restaurante chinês. Especialmente indicado para o fã clube de Hugh Grant, que hoje em dia anda bem sumido das telas de cinema (pois sua última aparição digna de nota foi em "O Agente da U.N.C.L.E.").

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Crime Verdadeiro

Título no Brasil: Crime Verdadeiro
Título Original: True Crime
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Larry Gross
Elenco: Clint Eastwood, James Woods, Isaiah Washington, LisaGay Hamilton, Denis Leary, Bernard Hill
  
Sinopse:
Condenado à pena de morte pela acusação de ter matado uma mulher branca que estava grávida, o prisioneiro negro Frank Louis Beechum (Isaiah Washington) está a poucos dias de sua execução na cadeira elétrica. É justamente nesse momento que o jornalista Steve Everett (Clint Eastwood) é indicado para cobrir sua morte. A questão é que Steve desconfia que Frank Louis na verdade é um homem inocente, acusado de um crime que nunca cometeu. Ele passa então a ir mais a fundo na elucidação do assassinato, descobrindo coisas escabrosas em sua matéria investigativa.

Comentários:
Mais um bom filme lançado por Clint Eastwood que de certa maneira foi esquecido. É curioso o fato de que, embora Eastwood tenha dirigido bons filmes anos anos 90 (inclusive algumas obras primas), nada dessa época parece ter ficado marcado na mente para o público em geral. Muitos filmes caíram no esquecimento rapidamente. Esse "True Crime" é um exemplo. A trama é ótima, muito bem escrita, com toques de suspense e tensão que vão até a última cena, mas nada parece ter salvo a produção de ter caído na vala comum do esquecimento dos cinéfilos. Pouca gente lembrará, até porque Clint não interpreta um personagem marcante como Dirty Harry, por exemplo. O seu protagonista é praticamente uma pessoa comum, um jornalista que descobre haver uma conspiração envolvendo muitas pessoas importantes. Por trás de tudo uma falsa acusação envolvendo um negro, condenado à morte com um crime que não cometeu. Por causa de seu roteiro o filme chegou a ser indicado a um prêmio no Black Reel Awards, uma premiação de cinema que visa premiar e reconhecer obras cinematográficas que trazem mensagens importantes para o movimento negro americano. Aliás o filme levanta um ponto bem relevante nesse aspecto: a maioria dos condenados à morte nos Estados Unidos são negros e pobres, muitos deles não ganham um julgamento justo, geralmente sendo defendidos por advogados pagos pelo Estado. O resultado é que a maioria dos que estão presos hoje na América são desamparados pelo sistema judiciário. Os próprios operadores do direito muitas vezes os tratam como seres humanos de segunda categoria. Clint Eastwood assim chama a atenção para esse fato social completamente condenável.

Pablo Aluísio.

Uma Carta de Amor

Título no Brasil: Uma Carta de Amor
Título Original: Message in a Bottle
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Luis Mandoki
Roteiro: Gerald Di Pego
Elenco: Kevin Costner, Robin Wright, Paul Newman, John Savage, Illeana Douglas, Robbie Coltrane
  
Sinopse:
Baseado no romance de Nicholas Sparks o livro conta a história de Theresa Osborne (Robin Wright). Ela encontra na praia, por mero acaso, uma garrafa com uma carta de amor dentro dela. Curiosa com o achado ela resolve descobrir quem seria o seu autor. Após muito investigar e com a ajuda de um amigo jornalista Theresa descobre que a carta foi escrita por Garret Blake (Kevin Costner), um americano que escreveu o texto em homenagem à sua mulher, recentemente falecida. Impressionada com seu romantismo ela então resolve viajar, para conhecê-lo pessoalmente.

Comentários:
É um bom filme, bem romântico, apelando para um sentimentalismo que para algumas pessoas poderá soar até meio exagerado. De minha parte acabei gostando principalmente por causa do elenco. O casal Kevin Costner e Robin Wright funciona muito bem em cena, passando mesmo uma situação real para o espectador. Costner é aquele tipo de ator que vale a pena, mesmo quando atua em filmes fracos ou até mesmo grandes bombas (como "Waterworld" que praticamente afundou sua carreira). Depois da queda ele procurou por filmes menores e melhores, o que fez muito bem para ele e seu público. Claro que Costner passou pela humilhação de ter sido indicado ao Framboesa de Ouro, mas credito isso a uma briga pessoal dele com a imprensa, nada tendo a ver na verdade com esse filme em si. Foi mesmo uma retaliação pelas coisas que tinham acontecido durante o lançamento de "Waterworld". Outro destaque que sempre merece citação é a presença do veterano e mito da sétima arte Paul Newman. Tudo bem que o peso dos anos sempre se faz presente, mas Newman se sobressai, principalmente por fazer de um pequenino papel um chamariz a mais para se conhecer esse filme. Então é isso, romantismo no fundo de uma garrafa para românticos inveterados incuráveis. Vale a pena conhecer.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de março de 2017

Regras da Vida

Título no Brasil: Regras da Vida
Título Original: The Cider House Rules
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio:  Miramax
Direção: Lasse Hallström
Roteiro: John Irving
Elenco: Tobey Maguire, Charlize Theron, Michael Caine, Paul Rudd, Kieran Culkin, Kathy Baker
  
Sinopse:
Homer Wells (Tobey Maguire) é um órfão, um rapaz que foi abandonado ainda nos primeiros anos de vida. Ele viveu assim toda a sua vida em um orfanato. E foi justamente lá que conheceu o Dr. Wilbur Larch (Michael Caine), um homem bem sábio em suas experiências de vida, que se torna um grande amigo próximo de Wells. Filme premiado pelo Oscar nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Caine) e Melhor Roteiro Adaptado (Irving).

Comentários:
Gostei bastante desse filme. O elenco é ótimo, com vários atores jovens trabalhando ao lado de grandes veteranos (como o sempre excelente Michael Caine). Caine aliás venceu o Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante, demonstrando que apesar da idade e dos problemas que enfrentou ao longo da carreira, seu talento continuava intacto. O outro Oscar que "Regras da Vida" levou foi o de Roteiro Adaptado. O roteirista John Irving adaptou para o cinema seu próprio romance, um livro que chamou bastante atenção quando foi lançado originalmente. Em minha opinião a categoria em que ele foi premiado foi equivocada, uma vez que como ele era o autor do livro que deu origem ao roteiro, deveria ser indicado ao prêmio de Melhor roteiro original. Mas enfim, coisas de Hollywood. No mais temos no elenco ainda a linda Charlize Theron (mais bonita do que nunca) e o "Homem-Aranha" Tobey Maguire, aqui tentando se distanciar um pouco da figura do super-herói. No geral é um filme muito bom, que anda injustamente esquecido nos dias de hoje.

Pablo Aluísio.

A Lei da Noite

Esse é o novo filme de Ben Affleck. Aqui ele fez praticamente tudo: dirigiu, escreveu o roteiro e atuou. É um projeto bem pessoal, baseado no romance policial escrito por Dennis Lehane. A ideia de Affleck foi reviver os antigos filmes clássicos de gângsters do passado. Assim se você lembrou da trilogia "O Poderoso Chefão", "Os Bons Companheiros" ou até mesmo "Cassino", é bem por aí. Só que obviamente esse novo filme jamais poderia ser comparado a todas essas obras primas. Na realidade o que temos aqui é um filme policial muito inócuo e fraco, praticamente sem rumo e direção. Ao invés de ir fundo no tema, Affleck resolveu amenizar tudo, deixando aquela sensação de coisa falsa no espectador. Até mesmo o personagem principal perde sua principal característica, deixando de ser um gângster do mundo do crime para ter um final bizarro, com excesso de bondadismo e bom mocismo. Afinal ele é um bandido ou não?

No texto original, na novela escrita por Lehane, ele é claramente um criminoso. O jovem irlandês Joe Coughlin (Ben Affleck) vai para a guerra e consegue sobreviver. De volta aos Estados Unidos ele decide nunca mais ser subordinado a alguém e nem tampouco seguir ordens. Ao invés disso resolve formar uma quadrilha de assaltantes de bancos. Seguindo seu modo de pensar ele não quer fazer parte nem da máfia irlandesa e nem da italiana que existem em Boston. É um freelancer que age por conta própria. Só que os mafiosos não vão deixar que ele continue assim. Dessa maneira Joe termina no meio do fogo cruzado entre os dois grupos, ora indo para um lado, ora para o outro. Nesse meio tempo ele tem duas grandes paixões, dois amores que acabam sendo prejudicados por causa de sua vida no crime.

Em termos de produção o filme é bem realizado. Tem uma ótima reconstituição de época, excelentes figurinos, carros antigos, etc. Tudo do bom e do melhor. O problema é que Ben Affleck praticamente errou em tudo. A direção não é boa, o que resultou em um filme disperso, sem muito foco. O roteiro não consegue amarrar bem a trama, nem tampouco desenvolver melhor o principal personagem. Agora pior de tudo mesmo é a atuação de Ben Affleck! Ele sempre foi criticado por ser um ator limitado em termos de dramaticidade. Aqui fica tudo muito evidente. Ben Affleck desfila uma única expressão por praticamente todo o filme e falha miseravelmente ao tentar passar alguma emoção. Muito ruim sua atuação. Assim no balanço geral esse não é um bom filme. Tirando a produção classe A tudo o mais deixa muito a desejar.

A Lei da Noite (Live by Night, Estados Unidos, 2016) Direção: Ben Affleck / Roteiro: Ben Affleck, baseado na novela policial escrita por Dennis Lehane/ Elenco: Ben Affleck, Elle Fanning, Chris Cooper, Zoe Saldana, Brendan Gleeson / Sinopse: Gângster irlandês de Boston se une com a máfia italiana para dominar o mundo do crime em Tampa, na Flórida. Eles ganham muito dinheiro com o contrabando de bebidas durante a lei seca. As coisas porém começam a dar errado quando decidem construir um cassino na região. Filme indicado ao Broadcast Film Critics Association Awards na categoria Melhor Design de Produção.

Pablo Aluísio.

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Oscar 2017

O Oscar 2017 não será esquecido tão cedo e não pelos motivos certos! A festa foi certamente uma das piores dos últimos anos. Infestada por um sentimento de revanche do partido democrata (do qual vários membros da Academia são filiados),  com um discurso politiqueiro em excesso (e não político, é bom frisar), a festa foi ofuscada por uma insistência em fazer propaganda partidária no lugar errado, tudo aliado a muita, muita desorganização.

O auge do caos foi, como todos já sabemos, quando "La La Land" foi anunciado como o filme vencedor da noite. A equipe do filme subiu ao palco, os emocionados discursos de agradecimento começaram e... de repente, descobriram que o verdadeiro vencedor foi "Moonlight"! Algo assim só havia acontecido no concurso de Miss Universo! Um papelão, um vexame, de uma festa que começou errada e terminou de forma desastrosa! Como eu escrevi, a insistência de fazer piadinhas e críticas ao presidente Trump saiu pela culatra, essa não deveria ser a tônica da cerimônia, mas foi! E então aquelas pessoas que supostamente sabiam tanto sobre o mundo e a política dos Estados Unidos cometeram o erro mais básico possível numa festa como essa: trocaram os envelopes dos prêmios! Não sabem nem dar o envelope certo ao apresentador e querem ditar regras e "verdades" sobre política para todos? Ridículo demais...

E nos demais prêmios houve muita contestação. Tudo bem que Casey Affleck, esteve bem em "Manchester À Beira-Mar", mas será que merecia mesmo o Oscar de Melhor Ator? Tenho minhas dúvidas! Denzel Washington certamente está bem melhor em "Um Limite Entre Nós", mas resolveram não premiá-lo porque ele já havia ganho duas vezes antes! Mas isso nunca foi motivo para não se premiar alguém! Atitude politiqueira (novamente!). Emma Stone, merecia por La La Land - Cantando Estações? A grande dama Isabelle Huppert esteve muito superior em Elle. Injustiça, vamos dizer a verdade!

Na direção também houve um equívoco. Barry Jenkins (Moonlight - Sob a Luz do Luar), Dennis Villeneuve (A Chegada) e até Kenneth Lonergan (Manchester À Beira-Mar) mereciam muito mais do que Damien Chazelle, por La La Land. Além disso a premiação de melhor direção sempre deve ser seguida da de melhor filme, para haver uma lógica na premiação. Não foi o que aconteceu. Um dos poucos prêmios merecidos foi o de melhor atriz coadjuvante dado a Viola Davis, por Um Limite Entre Nós. Não tanto por seu desempenho ter sido tão brilhante, mas sim porque não havia concorrentes à altura. Acertaram também na categoria de Melhor Ator Coadjuvante, com Mahershala Ali (Moonlight - Sob a Luz do Luar), muito embora eu preferisse que Jeff Bridges levasse o prêmio.

E as gafes não tiveram fim, colocaram até pessoas vivas na parte em que se homenageiam os falecidos. A figurinista Janet Patterson, mostrada como morta, está viva e reclamou do uso de sua imagem na sessão In Memorian! Que coisa absurdamente desorganizada! Um lixo! Então é isso. O Oscar que quis fazer de Donald Trump a piada da noite acabou virando ele próprio a piada. Politicagem em excesso e competência de menos marcaram a noite. Espero que melhorem para o ano que vem.

Pablo Aluísio.

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Filmes no Cinema - Edição IX

Nessa semana a maioria das salas de cinema do Brasil estão dominadas pelo filme "Guardiões da Galáxia Vol. 2". Dirigido por James Gunn essa continuação é mais uma aposta da Marvel em expandir seu império no mundo do cinema. O primeiro filme não me agradou muito. Esses personagens são de segundo escalão da editora e para quem não gosta muito desse estilo de aventuras espaciais adolescentes fica mesmo complicado gostar. Esse segundo tem sido recebido com reservas pelo público que mais interessa à própria Marvel: o dos leitores de quadrinhos. Críticas dessas pessoas estão pipocando em diversos meios pela internet. A opinião geral parece ser a de que as altas expectativas não foram satisfeitas. Como a Marvel já está em crise no mundo dos gibis, não me admira que as más notícias venham agora também para as telas.

Outra boa opção para quem estiver a fim de ir para o cinema nessa semana é o novo filme estrelado por Natalie Portman. O filme se chama "Além da Ilusão". O roteiro explora a história de duas irmãs americanas que dizem ter o poder de falar com os espíritos de pessoas mortas. Esse roteiro me lembrou bastante da história das irmãs Fox que diziam também ter poderes mediúnicos em Nova Iorque durante o século XIX. No caso real elas depois confessaram a farsa em jornais e revistas da época. Será que esse novo filme irá pelo mesmo caminho? Só conferindo para saber. De uma forma ou outra essa sinopse me chamou bastante a atenção e já coloquei em minha lista de filmes que quero assistir assim que for possível.

Essa semana é bem diferente pois existe um blockbuster americano dominando as telas (Guardiões da Galáxia 2) ao mesmo tempo em que vários filmes mais alternativos encontram espaço em determinadas cidades. Um exemplo vem com "Além das Palavras". Essa produção entre Inglaterra e Bélgica traz o melhor do cinema europeu dos dias atuais. Dirigido por Terence Davies, esse filme conta a história da poetista Emily Dickinson (Cynthia Nixon). O roteiro se propôs a ser bem abrangente, mostrando a vida da escritora desde os seus primeiros anos até seus momentos finais, quando se tornou uma mulher consagrada por sua obra, mas também reclusa por causa de sua personalidade introspectiva. O filme foi muito bem recebido pela crítica europeia e é certamente uma boa pedida para um público mais seletivo.

Para o público mais cult ainda há outras opções. Para quem gosta de cinema nacional valem as indicações de "Elon Não Acredita na Morte". Estrelado por Rômulo Braga o filme mostra a jornada desesperada de um homem em busca da mulher desaparecida. Já "Vermelho Russo" mostra duas atrizes brasileiras que vão até a gelada e distante Moscou para estudar arte dramática do famoso método Stanislavski. Um filme no mínimo curioso contando com as carismáticas e talentosas atrizes Maria Manoella e Martha Nowill.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Filmes no Cinema - Edição VIII

Fim de semana, hora de conferir os lançamentos nos cinemas. Essa, devo dizer, é uma semana bem fraca em termos de estreias nas telas. Dando um panorama bem geral poucos filmes despertaram meu interesse em pagar um ingresso para assistir. São filmes, de certa forma, de medianos para fracos. De qualquer forma vamos tecer alguns breves comentários sobre eles.

Como todos já sabem o grande lançamento da semana é o filme "A Bela e a Fera", versão convencional, com atores em carne e osso, em adaptação do famoso desenho da Disney. O filme virou alvo de uma polêmica muito chata e enfadonha lá fora por causa da atriz Emma Watson. Emma virou uma dessas feministas bem chatinhas e por isso pegaram no pé dela ao interpretar uma princesa da Disney nas telas. Para as feministas a figura das princesas nada mais é do que um estereótipo ofensiva para com as mulheres... Não disse que era uma polêmica bem chata? Pois é...

O curioso em relação a esse semana é que não há um segundo grande lançamento nas telas. Todos os demais filmes são pequenas produções, sem muitas chances no circuito comercial. O lançamento de "A Bela e a Fera" é tão massificante e massacrante que não sobrou espaço para mais ninguém. Mesmo assim há alguns filmes que valem a curiosidade. Há uma produção francesa chamada "Os Cowboys" que apesar do título não é um western. É um drama sobre um pai que fica desesperado quando a filha resolve fugir com seu namorado, um jovem muçulmano! Pelo visto a crise dos imigrantes islâmicos já adentrou os lares franceses!

Outro filme que explora a vida dos refugiados na França é "Fátima", a história de uma mãe de origem muçulmana que luta para criar suas duas filhas em uma grande cidade francesa. O choque cultural, o preconceito e as dificuldades dela fazem parte do roteiro desse drama socialmente consciente. E se você não estiver disposto a encarar esse tipo de drama francês mais pesado fica a dica da comédia americana "Tinha que Ser Ele?". Pessoalmente já perdi as esperanças no humor americano há muitos anos. Nunca mais consegui me divertir com uma comédia feita para o cinema que venha da indústria Made in USA. Os filmes em geral são imbecilizados demais. Meu único interesse aqui se resumiria na atuação de Bryan Cranston. Ele, que nunca fez comédia antes (que eu saiba) tenta um novo rumo em sua filmografia. Será que deu certo? Bom, isso só conferindo nos cinemas mesmo. Boa sorte!

Pablo Aluísio.

Filmes no Cinema - Edição VII

Um dos lançamentos que mais me chamaram a atenção nessa semana nos cinemas é a nova versão de "King Kong". Intitulado "Kong: A Ilha da Caveira", o filme tem tido boas reações por parte dos críticos de um modo em geral. Pelo visto teremos ao menos uma boa aventura para ver sem maiores preocupações. O único nome mais conhecido do elenco é Samuel L. Jackson, o que não faz grande diferença no final das contas pois nesse tipo de filme o que realmente importa são os efeitos especiais e, é claro, a presença do gorila gigante. Estou esperando coisa boa, vamos conferir.

Já "Fome de Poder" traz Michael Keaton no papel de um dos fundadores do império de fast food, o McDonald´s. Curioso que agora temos mais um razão para chamar o atual circuito comercial de cinema fast food, pois resolveram fazer um filme exatamente sobre isso. Para quem procura por conteúdo e não apenas por hambúrgueres nas telas deixo a recomendação de "Versões de um Crime", filme de tribunal estrelado pelo ator Keanu Reeves. Já fiz resenha desse filme aqui no blog. É bom, nada excepcional, mas um bom filme.

Para os católicos temos duas boas estreias nas telas. O primeiro é o novo filme de Martin Scorsese chamado "Silêncio". O filme mostra em seu ótimo roteiro a perseguição sofrida pela Igreja Católica no Japão do século XVII. No enredo dois padres jesuítas sofrem todos os tipos de intolerância religiosa por causa de sua fé. Um brilhante trabalho de Scorsese, praticamente uma declaração de amor para a sua religião. Já "Papa Francisco: Conquistando Corações" tem como objetivo contar parte da história desse grande Papa que hoje em dia está sentado no trono de Pedro. O tema, como não poderia de ser, é mais do que interessante. Pretendo assistir, com absoluta certeza.

Outro bom drama a chegar nas telas é "Negação". Outro filme que já assisti e escrevi resenha. Na estória vemos a luta travada nos tribunais entre uma historiadora e pesquisadora americana e um revisionista, um sujeito que nega o holocausto, afirmando que tudo não passaria de uma grande mentira da propaganda sionista. Filme de tribunal, mas muito além disso, explorando detalhes de um dos maiores crimes da humanidade. Excelente filme, que recomendo bastante. Para fechar a lista deixo enfim a indicação do filme "Personal Shopper", uma produção no mínimo interessante, estrelada por Kristen Stewart, que mostra a incomum profissão de uma americana em Paris cujo trabalho consiste em aconselhar celebridades a comprarem as roupas certas. Especialmente indicado para fashionistas em potencial.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

A Qualquer Custo

Título no Brasil: A Qualquer Custo
Título Original: Hell or High Water
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: David Mackenzie
Roteiro: Taylor Sheridan
Elenco: Jeff Bridges, Ben Foster, Chris Pine, Gil Birmingham, William Sterchi, Buck Taylor
  
Sinopse:
Uma dupla de policiais veteranos caça dois irmãos, assaltantes de bancos, no oeste texano. Tentando antecipar onde os próximos crimes serão cometidos, eles montam uma tocaia para aprisionar os criminosos. Filme indicado ao Cannes Film Festival. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Ator - Drama (Jeff Bridges) e Melhor Roteiro - Drama (Taylor Sheridan). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme,  Melhor Ator (Jeff Bridges), Melhor Roteiro (Taylor Sheridan) e Melhor Edição (Jake Roberts).

Comentários:
Ótimo filme! No enredo temos dois irmãos que se encontram após muitos anos por causa do falecimento de sua mãe. Ela morreu pobre e endividada, por causa de uma hipoteca feita para salvar seu rancho. O irmão mais velho Tanner (Ben Foster) passou muitos anos preso. De volta à liberdade acaba convencendo seu irmão mais jovem, Toby (Chris Pine), a realizar uma série de assaltos em pequenas agências bancárias de cidadezinhas perdidas no oeste do Texas. A ideia é roubar o dinheiro necessário para pagar a hipoteca do rancho da mãe, evitando assim que o banco fique com a propriedade. Após os primeiros assaltos entram em cena dois policiais veteranos. O xerife Marcus (Jeff Bridges) é um velho homem da lei, prestes a se aposentar. Seu parceiro, o mestiço Alberto (Gil Birmingham), é um excelente policial, com muita experiência em campo. O segredo para prender os dois ladrões de bancos é antecipar seus próximos crimes. Descobrir onde eles atacarão em seguida. Para isso os tiras procuram descobrir qual será a próxima agência a ser roubada. Inicia-se assim uma verdadeira caçada humana no meio da imensidão do Texas.

De certa forma esse novo filme estrelado pelo sempre ótimo Jeff Bridges é uma espécie de faroeste moderno, passado no oeste americano da atualidade. Todos os personagens são bem desenvolvidos e o filme conta com um excelente roteiro. Os dois irmãos criminosos são apresentados como pessoas comuns, que tentam sobreviver de alguma forma. O excelente ator Ben Foster interpreta o irmão mais velho, ex-presidiário, que gosta do que faz, dos crimes que comete. Ele parece adorar a adrenalina da perseguição policial, do perigo em se entrar em um banco com armas na mão anunciando um assalto. Seu irmão mais jovem, interpretado pelo ator Chris Pine (sim, o Capitão Kirk da nova franquia "Star Trek") faz o sujeito com ficha limpa que embarca nos planos alucinados de seu mano. O destaque porém vai para a ótima atuação de Bridges como o velho xerife. Experiente, com um sotaque todo característico da região, onde palavras são confundidas com resmungos ranzinzas, ele passa o filme inteiro trocando farpas com seu parceiro. Sendo ele um policial com origem mexicana, isso acaba rendendo ótimos momentos de humor, sem qualquer intenção de ser ofensivo, sendo apenas divertido. O filme tem um clímax muito bom, que me lembrou inclusive de velhos filmes de western, onde bandidos e mocinhos se enfrentam nas ingremes montanhas texanas. Um filme realmente muito bom, valorizado sobretudo por causa desse teor nostálgico de seu roteiro. Mais do que recomendado.

Pablo Aluísio.

Adeus, Minha Rainha

Título no Brasil: Adeus, Minha Rainha
Título Original: Les Adieux à la Reine
Ano de Produção: 2012
País: França, Espanha
Estúdio: GMT Productions, Les Films du Lendemain
Direção: Benoît Jacquot
Roteiro: Benoît Jacquot, Gilles Taurand
Elenco: Léa Seydoux, Diane Kruger, Virginie Ledoyen, Xavier Beauvois, Michel Robin
  
Sinopse:
Nos últimos dias de reinado do Rei Louis XVI, a rainha Marie Antoinette (Diane Kruger) tenta organizar sua fuga para a Áustria, sua terra natal. Dentro do Palácio de Versailles a movimentação se torna intensa, com a nobreza tentando escapar com vida da Revolução Francesa, tudo sendo visto sob a ótica de uma criada da rainha, a jovem Agathe-Sidonie Laborde (Léa Seydoux). Filme indicado ao Urso de Ouro no Berlin International Film Festival e vencedor do César Awards nas categorias de Melhor Fotografia (Romain Winding), Melhor Figurino (Christian Gasc) e Melhor Desenho de Produção (Romain Winding).

Comentários:
Esse é mais um filme que explora a figura da última rainha da França, Marie Antoinette. Muito badalado em seu lançamento essa produção tem aspectos positivos e negativos. Um dos seus maiores atrativos vem do fato de ter sido rodado nas locações reais onde tudo aconteceu, no Chateau de Versailles e no Le Trianon, o pequeno palacete privado e pessoal da Rainha. Apesar disso, de ter tido essa honraria de filmar em lugares tão especiais, o diretor Benoît Jacquot não conseguiu aproveitar bem isso em cena. Percebe-se que apesar de ter sido rodado em lugares tão exuberantes (o que custou grande parte do orçamento do filme), o filme nunca se torna especialmente belo. Muitas vezes o cineasta priorizou os closes e não os ambientes abertos, perdendo muito potencial. O roteiro explora um antigo boato, a de que a rainha teria uma paixão lésbica pela duquesa Gabrielle de Polignac (Virginie Ledoyen), uma fofoca que nunca conseguiu ser provada por historiadores. No filme isso surge como um fato. A rainha sofre mais pela separação de sua amada, do que por propriamente perder seu poder. Marie Antoinette é interpretada pela atriz alemã Diane Kruger (da série "The Bridge"). Ela não é parecida fisicamente com a verdadeira rainha, nem tem o tipo de personalidade adequada para interpretá-la. A rainha era pequenina, de gestos finos, Kruger tem uma presença mais opulenta, é alta demais, o que prejudica o filme como um todo. O roteiro tenta compensar isso realçando o lado mais frívolo de Antoinette, mas não funciona muito bem. A atriz Léa Seydoux interpreta a verdadeira protagonista do filme, a de uma criada da rainha. Ela seria a incumbida de ler livros importantes para Marie Antoinette, pois a rainha era conhecida por não gostar muito de ler, embora tivesse uma das melhores bibliotecas do mundo ao seu dispor. No saldo final temos que reconhecer que "Les Adieux à la Reine" tinha muito potencial, mas tudo fica de certa forma pelo meio do caminho. Poderia ter sido um filme bem melhor.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Manchester À Beira-Mar

Já que estamos perto do Oscar, nada mais interessante do que conferir os filmes que estão concorrendo na categoria de Melhor Filme do ano. Um deles é justamente esse drama sobre morte, recomeço e redenção. A história se passa em uma cidade chamada Manchester (não a cidade inglesa, mas sim a  americana). É justamente para lá que retorna Lee Chandler (Casey Affleck). Seu irmão falece, vítima de uma doença cardíaca, e ele precisa providenciar não apenas seu funeral, como também guiar o futuro de seu sobrinho daqui para frente. Lee não é exatamente o sujeito certo para ajudar na vida dos outros, já que sua própria vida é um caos desde que uma tragédia destruiu seu casamento alguns anos antes. Ele foi embora de Manchester justamente por causa dos traumas de um passado trágico, que ele prefere esquecer. Seu retorno assim não é algo que ele desejasse fazer. E para sua surpresa ele descobre no testamento de seu irmão que terá que, a partir de agora, cuidar do sobrinho pois se torna seu tutor legal. Como se isso não fosse ruim o bastante Lee ainda precisa lidar com sua ex-esposa, que ainda mora em Manchester, se casou novamente e tem um pequeno filho. Para ele, óbvio, tudo isso é péssimo!

Assim "Manchester by the Sea" se desenvolve. É um drama pesado, longo, mas também bastante humano, mostrando um sujeito comum, um trabalhador, que precisa superar um monte de coisas ruins que aconteceram em sua vida. O roteiro é bem escrito, ao estilo fragmentado. O espectador perceberá isso logo nas primeiras cenas. O diretor Kenneth Lonergan vai contando sua história usando vários flashbacks que vão surgindo sem aviso prévio. Tudo, de maneira em geral, vai se formando na própria mente de Lee, através de lembranças. Gostei desse estilo narrativo, pois é bem elegante. Esse filme foi produzido por Matt Damon que inclusive iria interpretar o personagem Lee. Isso só não aconteceu porque ele foi para a China filmar seu novo filme e não houve tempo suficiente para retornar aos Estados Unidos. Assim o próprio Damon escalou Casey Affleck para o papel, uma escolha que se mostrou muito acertada, por Casey tem esse estilo de cara comum, que nunca parece estar em paz consigo mesmo. Já Michelle Williams precisa repensar um pouco sua carreira. Não que ela esteja ruim em cena, pelo contrário, seu papel é um dos melhores dos últimos anos, o problema é que Michelle parece ter se especializado ultimamente em interpretar apenas mulheres sofridas, deprimidas, quase como uma imagem no cinema de sua vida real. Uma mudança de ares seria bem-vinda.

Manchester À Beira-Mar (Manchester by the Sea, Estados Unidos, 2016) Direção: Kenneth Lonergan / Roteiro: Kenneth Lonergan / Elenco: Casey Affleck, Michelle Williams, Kyle Chandler, Lucas Hedges / Sinopse: O filme "Manchester by the Sea" conta a história de Lee Chandler (Casey Affleck), um sujeito comum que precisa voltar para sua cidade natal Manchester para cuidar do funeral de seu irmão. Uma vez lá ele precisará enfrentar velhos traumas e fantasmas de seu próprio passado. Filme premiado no Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator - Drama (Casey Affleck). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Casey Affleck), Melhor Ator Coadjuvante (Lucas Hedges), Melhor Atriz Coadjuvante (Michelle Williams), Melhor Direção (Kenneth Lonergan) e Melhor Roteiro Original (Kenneth Lonergan).

Pablo Aluísio.

Ou Tudo, Ou Nada

Título no Brasil: Ou Tudo, Ou Nada
Título Original: The Full Monty
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Peter Cattaneo
Roteiro: Simon Beaufoy
Elenco: Robert Carlyle, Tom Wilkinson, Mark Addy
  
Sinopse:
Um grupo de seis trabalhadores comuns resolve montar um show de nudez, com homens normais, sem músculos, sem nenhum grande atrativo. A situação incomum logo chama a atenção da sociedade e a imprensa que começa a dar destaque ao estranho evento! Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical. Filme premiado pelo Oscar na categoria de Melhor Música (Anne Dudley). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção (Peter Cattaneo), Melhor Filme e Melhor Roteiro Original (Simon Beaufoy).

Comentários:
Filme que foi muito badalado, absurdamente badalado, pela crítica internacional. Isso levou o filme a ser indicado a prêmios importantes, sem nenhuma justificativa. E afinal do que se trata? Se trata basicamente de uma comédia muito simples, que explora apenas uma situação pretensamente divertida e engraçada: um bando de trabalhadores que resolvem ficar pelados para ganhar uma grana extra. Por serem totalmente diferentes dos profissionais strippers, com todos aqueles músculos e corpo cheio de óleo, eles acabam atraindo a atenção para si mesmos. É isso, nada mais, nada menos. No começo você ainda pode - fazendo muita força - dar algumas risadinhas amarelas. Depois vai ficando cansativo, cansativo e lá pelo final você vai ficar torcendo para o filme acabar logo. De bom mesmo apenas algumas cenas que exploram os problemas sociais da classe trabalhadora. Mesmo assim nem isso é muito trabalhado. Enfim, tudo muito fraco e muito superestimado. Pode ser dispensado sem maiores dificuldades.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Aliados

Casablanca, Marrocos. II Guerra Mundial. O agente canadense Max Vatan (Brad Pitt) desce de paraquedas no meio do deserto para uma missão importante: assassinar o embaixador nazista na região. Para isso ele precisa contar com um disfarce e se torna o "marido" de outra agente, a francesa Marianne Beauséjour (Marion Cotillard), que trabalha para os alemães. O primeiro obstáculo a vencer é conseguir ter acesso ao embaixador e para isso eles precisam ser convidados para a festa de recepção dele, a ser celebrada dentro de alguns dias. Será que conseguirão? Assim começa esse novo filme estrelado pelo ator Brad Pitt. Logo nas primeiras cenas descobrimos as reais intenções do diretor Robert Zemeckis. Veterano, colecionador de sucessos de bilheteria (tais como os filmes  da franquia "De Volta Para o Futuro"), ele aqui quis reproduzir o clima e o estilo dos antigos filmes clássicos de espionagem passados na II Guerra. A referência mais óbvia é justamente o próprio "Casablanca" de Michael Curtiz, considerado um dos melhores filmes de todos os tempos. Tentar atingir algo tão elevado? É óbvio que uma tentativa assim não teria muitas chances de dar certo.

E realmente o filme se perde em um aspecto essencial: seu roteiro! Desde o começo ficamos com aquela sensação ruim de que nada do que vemos na tela tem verossimilhança, nada é muito convincente. A paixão que nasce entre os dois protagonistas não convence, as cenas de ação (como o atentado ao embaixador alemão em Marrocos) também não convence e a guinada que o filme toma em determinado momento - de filme de espionagem para romance piegas - é ainda pior do que tudo isso. De repente o frio e objetivo agente interpretado por Pitt vira uma maridão apaixonado demais, piegas, bobão e... muito chato! Claro que haverá uma grande reviravolta para mudar isso, porém a que preço? A produção é luxuosa, os figurinos são realmente excelentes, porém isso é pouco para justificar esse roteiro cheio de problemas. Como eu escrevi, um dos problemas vem do fato do filme falhar ao tentar passar paixão entre os personagens interpretados pelo casal Brad Pitt e Marion Cotillard. Supostamente era para existir uma paixão avassaladora entre eles. O espectador porém nunca ficará convencido sobre isso. Ela ainda dá mostras de vivacidade, de ter uma personalidade mais envolvendo e cativante. Ele porém está muito mal em cena. Pitt desfila sua cara de tédio e preguiça por praticamente todos os momentos. Ele realmente está sorumbático. Na primeira parte do filme, quando ele precisa ser um agente mortal e calculista, isso até que ainda funciona, mas depois sua interpretação vai decaindo, ficando óbvio que ele não está muito interessado em atuar bem. O saldo final de tudo isso é que simplesmente não se consegue, nos dias atuais, se reviver o charme e a elegância daqueles antigos filmes. Isso é algo que se perdeu com o tempo. Não tem mais volta!

Aliados (Allied, Estados Unidos, 2016) Direção: Robert Zemeckis / Roteiro: Steven Knight / Elenco: Brad Pitt, Marion Cotillard, Jared Harris, Camille Cottin / Sinopse: Max Vatan (Brad Pitt) e Marianne Beauséjour (Marion Cotillard), dois agentes aliados no Marrocos ocupados por tropas nazistas, precisam cumprir uma missão perigosa: matar o embaixador alemão na região. Nesse meio tempo acabam se apaixonando um pelo outro. Filme indicado ao Oscar e ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Figurino (Joanna Johnston).

Pablo Aluísio.

Ouija: Origem do Mal

De tempos em tempos Hollywood consegue produzir bons novos filmes usando para isso apenas de velhas ideias. Um exemplo vem desse "Ouija: Origem do Mal". A premissa é simples: após a morte de seu marido, Alice Zander (Elizabeth Reaser) precisa ganhar a vida de algum jeito. Ela tem duas filhas para criar, um adolescente e uma garotinha de nove anos. Para isso ela arruma uma sala em sua casa para receber espíritos de pessoas falecidas, queridas de seus familiares. Claro que tudo é uma fraude, um "teatrinho" como ela gosta de dizer. O importante é ganhar dinheiro em cima das crenças dos outros.Os problemas começam quando ela compra um tabuleiro Ouija, muito popular nos Estados Unidos na década de 1960 (na mesma época em que a história do filme se passa). Esse "jogo" era usado para que os vivos pudessem se comunicar com os mortos. Só era necessário respeitar três regras básicas: 1. Nunca jogar sozinho. 2. Nunca jogar em um cemitério e 3. Sempre diga adeus no fim das sessões. Claro que uma vez colocadas as regras elas serão desrespeitadas pelos personagens, dando origem a um surto de manifestações sobrenaturais demoníacas que vão literalmente infernizar a vida de toda a família.

Para dar aquele jeitão de filme antigo, o diretor Mike Flanagan introduziu alguns pequenos elementos que vão passar até despercebidos por muitos espectadores. O logotipo da Universal Pictures que abre o filme é o mesmo que era utilizado antigamente pelo estúdio. Há "marcas" na película, algo comum em antigos projetores de cinema que informavam aos exibidores a hora de trocar os rolos dos filmes nos cinemas e por aí vai. Cinéfilos mais experientes certamente vão notar essas peculiaridades cinematográficas. No elenco eu destacaria, como não poderia deixar de ser, a atriz mirim Lulu Wilson que interpreta a garotinha possuída Doris! Ela impressiona ora parecendo inocente, ora mordaz, ora demoníaca, provando que talento realmente não tem idade. Ajudada por efeitos digitais bem oportunos (e nada gratuitos) para se contar esse enredo, ela se torna a alma do filme. O roteiro, como já escrevi, utiliza velhos elementos bem conhecidos dos fãs de terror (a casa com passado obscuro, a menina possuída, o padre exorcista, etc), mas tudo muito bem coordenado, nos lugares certos. Na parte final o filme derrapa um pouquinho, isso é verdade, mas quando isso acontece o espectador já foi presenteado com um dos bons filmes de terror do ano. Assim pude conferir que a boa recepção que teve por parte da crítica americana não foi em vão. É de fato um bom filme de horror, acima da média do que se vê por ai. Que venham outros com a mesma qualidade.

Ouija: Origem do Mal (Ouija: Origin of Evil, Estados Unidos, 2016) Direção: Mike Flanagan / Roteiro: Mike Flanagan / Elenco: Elizabeth Reaser, Lulu Wilson, Annalise Basso, Henry Thomas / Sinopse: Garotinha de nove anos é possuída por demônios após sua mãe comprar um tabuleiro Ouija e trazer para casa. Agindo de forma estranha, escrevendo em línguas estrangeiras, tendo surtos de possessão, ela chama a atenção do padre da escola católica onde estuda, dando origem a uma luta entre as forças do bem e do mal.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

O Nascimento de Uma Nação

O filme conta a história real de um escravo negro chamado Nat Turner. Ele viveu em Southampton, na Virgínia, sul dos Estados Unidos, no século XIX. Nascido e criado em uma fazenda de algodão ele poderia ter sido apenas um dos milhares de escravos que existiam nas extensas fazendas sulistas se não fosse por um detalhe que o diferenciava dos demais: ele aprendeu a ler e começou a estudar o evangelho. Naqueles tempos isso era extremamente raro pois a imensa maioria dos cativos eram analfabetos. Isso despertou a curiosidade dos demais fazendeiros brancos que começaram a pagar ao seu dono para levá-lo para pregar aos demais escravos da região.

Em um primeiro momento poderia até parecer que isso seria uma atitude caridosa dos donos de escravos, porém as intenções eram outras. Eles determinavam a Nat que ele apenas recitasse e ensinasse os trechos bíblicos que justificavam a escravidão, uma forma de amenizar e reprimir os desejos de rebelião dos escravos negros. Assim Nat nada mais era do que um instrumento a mais de dominação e repressão e não um verdadeiro pregador da mensagem bíblica. Aos poucos porém ele vai percebendo a deplorável situação de seus irmãos, muitos deles submetidos a torturas, castigos físicos e toda série de brutalidades que se possa imaginar. A partir desse ponto não é complicado imaginar o sentimento de revolta que acabou tomando conta de seus pensamentos e atos. Após ser brutalmente chicoteado, apenas por ter batizado um homem branco, Nat resolveu então liderar uma revolta de escravos, dando origem a um conflito sangrento que entrou para a história.

Esse é um excelente filme. Ele foi prejudicado nos Estados Unidos em seu lançamento porque o ator e diretor Nate Parker foi acusado de estupro, justamente na semana em que o filme chegava nos cinemas americanos. Isso fez com que a imprensa se concentrasse apenas nisso, deixando os méritos cinematográficos dessa produção completamente de lado. Uma pena. O filme conta uma história relevante, desconhecida até mesmo pelos negros americanos. Seria o resgate histórico da figura de Nat Turner, que apesar de ter escolhido os meios errados pela luta de sua causa, teve o importante papel de ser um dos pioneiros na busca pela liberdade dos escravos de sua época. Por fim um dado histórico estarrecedor: a história de Nat e sua rebelião serviram de justificativa para que uma lei fosse aprovada na Virgínia. Essa lei determinava que era proibido, a partir daquele momento, o ensino e aprendizado dos escravos negros, ou seja, era proibido ensinar a um escravo a ler e escrever. Tempos completamente obscuros eram aqueles.

O Nascimento de Uma Nação (The Birth of a Nation, Estados Unidos, 2016) Direção: Nate Parker / Roteiro: Nate Parker / Elenco: Nate Parker, Armie Hammer, Penelope Ann Miller / Sinopse: Nat Turner (Nate Parker) é um jovem escravo que decide liderar uma rebelião pela liberdade de seu povo no sul racista dos Estados Unidos do século XIX, dando origem a um verdadeiro banho de sangue entre negros e brancos. Filme indicado aos prêmios da African-American Film Critics Association (AAFCA) e Black Reel Awards.

Pablo Aluísio.

Garotas Selvagens

Título no Brasil: Garotas Selvagens
Título Original: Wild Things
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Mandalay Entertainment
Direção: John McNaughton
Roteiro: Stephen Peters
Elenco: Kevin Bacon, Matt Dillon, Neve Campbell, Denise Richards, Theresa Russell, Robert Wagner, Bill Murray
  
Sinopse:
O professor Sam Lombardo (Matt Dillon) é detido, acusado de ter estuprado uma aluna, Kelly Van Ryan (Denise Richards), de uma tradicional família da Flórida. O detetive Ray Duquette (Kevin Bacon) começa então a investigar o caso e encontra furos e histórias mal contadas. Mesmo com a testemunha de Suzie Toller (Neve Campbell), outra aluna, de origem humilde, ele acredita que a verdade não está com a versão que as garotas contam.

Comentários:
Nunca gostei muito desse filme, isso apesar de contar com um ótimo elenco, uma mistura esperta entre veteranos e estrelas jovens em ascensão. A tentativa de tornar tudo sensual em uma história de cobiça, luxuria e traição, só funciona em termos. Quando tudo desanda para a (quase) vulgaridade, o filme se perde bastante. É um filme curioso também porque foi produzido pelo ator Kevin Bacon que usou seu prestígio pessoal e amizades no meio cinematográfico para trazer gente como Robert Wagner e Bill Murray em pequenas pontas. Também foi o filme que transformou as gatinhas adolescentes Neve Campbell e Denise Richards em musas sensuais para os jovens dos anos 90. Pena que nenhuma delas acabou fazendo uma carreira mais consistente nos anos que viriam. Pelo visto, como costumava dizer John Lennon, um rostinho bonito só dura alguns anos, depois se não tiver talento dramático real a carreira entra em pane, levando todas elas para um ostracismo. Então é isso, hoje em dia "Wild Things" já nem parece mais tão selvagem, embora na época de seu lançamento tenha chamado bastante a atenção. Revisto, vale como mera curiosidade.

Pablo Aluísio.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Até o Último Homem

Título no Brasil: Até o Último Homem
Título Original: Hacksaw Ridge
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos, Austrália
Estúdio: Icon Productions
Direção: Mel Gibson
Roteiro: Robert Schenkkan, Andrew Knight
Elenco: Andrew Garfield, Hugo Weaving, Vince Vaughn, Sam Worthington
  
Sinopse:
O filme conta a história real do soldado Desmond Doss (Andrew Garfield). Ele é um jovem adventista do sétimo dia que se alista no exército americano durante a Segunda Grande Guerra Mundial. Alegando objeção de consciência (de natureza religiosa), ele acaba se dispondo a ajudar os companheiros no campo de batalha, trabalhando como assistente médico, porém se recusa a pegar em armas para matar o inimigo. Inicialmente sua postura lhe traz muitos problemas, inclusive quase o levando à corte marcial, porém uma vez no front ele acaba se destacando por causa de sua bravura e coragem. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Andrew Garfield), Melhor Direção (Mel Gibson), Melhor Edição (John Gilbert), Melhor Mixagem de Som (Kevin O'Connell e Andy Wright) e Melhor Edição de Som (Robert Mackenzie e Andy Wright). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Ator (Andrew Garfield) e Melhor Direção - Drama (Mel Gibson). Filme vencedor do BAFTA Awards na categoria de Melhor Edição (John Gilbert).

Comentários:
"Hacksaw Ridge" parece ser o filme da redenção da carreira de Mel Gibson. Após anos de brigas e desavenças em Hollywood ele retorno ao topo, com um filme que é sucesso de bilheteria e crítica. Além disso conseguiu uma grande leva de indicações ao Oscar, mostrando que seu prestígio na Academia está de volta. De fato Gibson, que nunca foi bobo, acertou no alvo ao escolher a história certa para filmar. O que temos aqui é um dos capítulos mais curiosos e desconhecidos da guerra, a história de um pracinha que se recusava a lutar por causa de suas convicções religiosas. Nascido no interior dos Estados Unidos, ele se via obrigado por questões morais e patrióticas a ir para a guerra, mas uma vez no exército não admitia a possibilidade de matar o inimigo no campo de batalha. Acabou sendo enviado para uma das maiores carnificinas da guerra, na ilha de Okinawa, a porta de entrada para a invasão do Japão. Esse filme tem dois aspectos que merecem a atenção do espectador. Ele é basicamente dividido em dois atos. No primeiro somos apresentados à história pessoal de Desmond Doss antes dele seguir para a guerra, mostrando detalhes de sua vida pessoal, quando era apenas um civil. Nesse ato vemos um momento crucial na sua infância que o levou a se tornar uma pessoa bem religiosa, os problemas de relacionamento com seu pai (um homem corroído pela bebida e pelo fracasso) e o grande amor de sua vida, uma enfermeira do hospital de sua cidade.

No segundo ato, Doss finalmente entra para o exército. Sob o treinamento de um sargento durão chamado Howell (em boa interpretação de  Vince Vaughn), ele tenta sobreviver aos desafios do campo de combate. A primeira parte do filme achei bem mediana, um tanto plastificada, principalmente pelos excessos de "bondadismo" (a síndrome do bonzinho) do protagonista. Ele não parece ser uma pessoa real (embora tenha existido de fato, como bem demonstrado nas cenas finais, onde há uma breve entrevista com ele). O grande mérito dessa produção vem no segundo ato, no campo de guerra, na dureza da batalha. Como diretor, Mel Gibson conseguiu produzir tomadas excelentes, cenas tão boas de combate assim não tinha visto desde "O Resgate do Soldado Ryan"! Não é à toa que o filme tem sido considerado um dos mais bem editados do ano, pois certamente a luta entre japoneses e americanos nas areias vulcânicas de Okinawa valem por todo o filme! Mesmo sob intenso bombardeio dos navios americanos, os soldados japoneses conseguiam sobreviver, por contar com uma extensa rede de túneis subterrâneos por toda a ilha. Tudo muito bem demonstrado em cena. Então é isso, certamente é um dos melhores filmes do ano, pois conta com excelente produção, direção e roteiro. Talvez fosse ainda melhor se Gibson tivesse investido ainda mais nas cenas de luta, mas do jeito que está passa longe de ser decepcionante. É sim um dos melhores trabalhos assinados por Gibson. Um dos filmes obrigatórios do próximo Oscar. Não deixe de assistir.

Pablo Aluísio.

Inimigo do Estado

Título no Brasil: Inimigo do Estado
Título Original: Enemy of the State
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Tony Scott
Roteiro: David Marconi
Elenco: Will Smith, Gene Hackman, Jon Voight
  
Sinopse:
Robert Clayton Dean (Will Smith) é um jovem advogado que trabalhando na capital dos Estados Unidos, Washington D.C, acaba descobrindo, sem querer, uma conspiração envolvendo altos membros do governo americano na morte de um senador da república. Depois que toma conhecimento dos fatos ele se torna um alvo, um "inimigo do Estado", pois todos querem encobrir o plano de assassinato.

Comentários:
Tony Scott foi um bom diretor, um cineasta talentoso que conseguia aliar inteligência com o pior do cinemão pipoca americano de verão. Eis aqui um exemplo. O roteiro é muito bom, bem desenhado, com uma trama que ficaria bem em qualquer tipo de gênero cinematográfico. Para falar a verdade "Enemy of the State" só não é melhor porque afinal de contas foi produzido por Jerry Bruckheimer! Quem conhece o estilo desse produtor de Hollywood já sabe o que encontrará pela frente: cenas e mais cenas de ação, cada uma mais espetacular do que a outra, mas também todas elas sem um pingo de criatividade, apelando para clichês em todos os momentos. Assim o filme acabou se tornando um cabo de guerra entre Tony Scott, tentando desenvolver uma boa trama, e seu produtor Bruckheimer, apelando o tempo inteiro para perseguições, correrias, explosões e tiroteios. No meio de tudo surge o astro Will Smith, que acaba sendo eclipsado pelos excelentes veteranos Gene Hackman e Jon Voight. Nesses momentos você percebe a diferença entre um ator de verdade e uma estrelinha popular. Smith, coitado, não chega nem aos pés da classe de um Gene Hackman. Chega até mesmo a ser uma covardia o encontro entre eles. Então é basicamente isso. Um bom filme de ação, prejudicado apenas pela ganância de seu produtor, tentando fazer do filme o mais comercial possível. Entre mortos e feridos porém ainda consegue ser uma boa diversão.

Pablo Aluísio.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Dominação

Título no Brasil: Dominação
Título Original: Incarnate
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Blumhouse Productions
Direção: Brad Peyton
Roteiro: Ronnie Christensen
Elenco: Aaron Eckhart, Carice van Houten, Catalina Sandino Moreno
  
Sinopse:
Dr. Ember (Aaron Eckhart) trabalha com exorcismos de pessoas possuídas pelo demônio. Só que ele não é um exorcista comum. Procurando expulsar essas entidades apenas com a ciência, ele não quer saber do lado religioso de sua função. No fundo ele nem acredita em deuses ou demônios. Quando um garotinho é possuído por um membro das fileiras de Satã, uma representante da Igreja Católica resolve contratar Ember para expulsar o diabo do corpo da criança. O que Ember não sabe é que o tal espírito demoníaco é um velho conhecido seu! 

Comentários:
"Incarnate" é uma enorme bobagem! Não tem outra definição. No filme os padres e os membros da Igreja Católica precisam contratar os serviços de um exorcista freelancer para fazer o que seria basicamente o trabalho deles! E o protagonista Dr. Ember é um sujeito mal encarado, cadeirante e com traumas, que literalmente entra na mente das pessoas possuídas para sair na porrada com os demônios que encontra pela frente! Nada é sutil, nada é bem trabalhado no roteiro, não existe lugar para o místico, para o suspense, tudo é feito assim, na base da pancadaria. Os dias de "O Exorcista" realmente ficaram para trás... O curioso é que o Dr. Ember perdeu mulher e filho em um acidente de carro causado justamente pelo demônio que agora reencontra, dominando a mente e a alma de uma criança. Usando de métodos científicos fora do comum (como as tais experiência de quase morte) ele consegue entrar na mente dos possuídos e uma vez lá dentro parte para a briga! Sinceramente, que bobagem sem tamanho. Quer dizer que para combater o diabo o exorcista tem que usar de ainda mais ódio e ira? Não me parece ser uma boa fórmula para expulsar a diabada, sinceramente. Aaron Eckhart é um ator bacana, mas nem ele resiste a tamanha bobagem! No saldo geral é realmente um dos filmes de terror mais decepcionantes do ano! O incrível é saber que esse filme encontrou espaço no circuito comercial de cinemas no Brasil, enquanto outros filmes, bem mais interessantes e bem feitos, jamais serão lançados nos cinemas brasileiros. Tem algo muito errado aí...

Pablo Aluísio.